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Abdome Agudo

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Abdome Agudo 
 
- Queixa muito frequente em urgências e emergências 
- Importante causa de morbimortalidade 
Dor abdominal aguda é definida como dor abdominal 
aguda cuja intensidade é variável, súbita ou não, que 
leva o indivíduo a procurar ajuda médica. 
 
Conceitos Fundamentais da Dor 
 
Toda e qualquer percepção da dor é captada por 
neurônios sensitivos (nociceptores). Eles têm diversas 
terminações nervosas relacionadas com órgãos 
específicos e tecidos em geral. 
Existem dois tipos de fibras que vão conduzir a 
mensagem da dor: 
 
Fibras A-delta (fibra somatossensorial) 
- É mielinizada (tende a fazer a condução de maneira 
mais rápida, o que leva no paciente uma dor súbita e 
bem localizada/caracterizada) 
- Ex.: pele e músculos 
 
Fibras C (fibras viscerais) 
- Amielinizadas (condução mais lenta que leva a sensação 
de dor mais difusa, menos caracterizada, mais vaga) 
- Ex.: vísceras intra-abdominais, peritônio, mesentério. 
 
Particularidades da dor Abdominal 
 
Dor visceral – Dor que vai ser propagada pelas fibras C 
(vísceras intra-abdominais - dor vaga, mal caracterizada), 
promove a sensibilização de mecanorreceptores de 
distensão de musculatura lisa. 
Sendo que esse estímulo ele para ser levado até o SNC 
ele passa pelas cadeias e gânglios do sistema simpático, 
fazendo sinapse com outras fibras do sistema nervoso e 
promovendo a dificuldade do paciente de caracterizar 
sua dor. Além disso, o pcte pode referir náuseas, 
vômitos, sudorese e palidez por conta de uma ativação 
do sistema autônomo indireta. 
 
Dor parietal – Ela vai ser inervada pela fibra A 
(mielinizada, mais rápida, mais característica). Paciente 
por exemplo que tem uma peritonite parietal ele sabe 
indicar exatamente onde ele está sentindo a dor. Em 
contrapartida, a dor será muito mais intensa. 
 
Dor referida – É como uma mistura entre as duas. Isso 
porque algumas vísceras tem confluência de aferências 
viscerais e parietais em alguns gânglios comuns, por isso 
o paciente pode sentir dor em um sítio diferente da 
origem do estímulo.Ex.: Abscesso subhepático pela 
irritação do nervo frênico você pode sinalizar uma dor 
supraclavicular. E o oposto também é verdadeiro, 
existem estruturas extra-abdominais e que referem dor 
no abdome. Por exemplo o infarto agudo no miocárdio, 
pode referir epigastralgia, vômito, não raro. 
 
A peritonite é um dos importantes causadores dessa dor 
por conta de extravasamento de conteúdo visceral (suco 
gástrico, urina, bile, suco pancreático...) e progressão à 
inflamação e infecção. 
 
Como investigar: colher a anamnese da melhor maneira 
possível, caracterizar a dor de forma completa. Analisar o 
quadro clínico (dor e distensão abdominal, febre, 
náuseas, vômitos) e atentar à instabilidade 
hemodinâmica (risco de choque) 
Exame físico: normal, valorizando o estado geral do pcte 
(eupneico, hidratado, corado, nível de consciência...) 
investigar peritonismo afundo com manobras 
abdominais. 
Exame complementar: Rx de abdome, mas também USG 
e Tc. 
 
Classificação 
-Abdome agudo inflamatório, obstrutivo, perfurativo, 
hemorrágico e vascular. 
 
O termo abdome agudo é amplo e 
compreende inúmeras situações clínicas. Alguns 
autores têm definido abdômen agudo como uma 
dor na região abdominal, não traumática, de 
aparecimento súbito e de intensidade variável 
associada ou não a outros sintomas. Geralmente 
com duração de horas até quatro dias, não 
ultrapassando sete dias. Em geral, necessita de 
intervenção médica imediata, cirúrgica ou não. 
Com esta definição, podemos afirmar 
que a incidência deste quadro clínico nas unidades 
de pronto atendimento é grande, e todos os 
profissionais de saúde devem ter treinamento 
adequado para atuar corretamente diante destes 
casos. 
Uma grande série de doenças 
musculares, gastrointestinais, ginecológicas, 
urológicas, vasculares, psicossomáticas, cardíacas, 
parasitárias, pulmonares e intoxicações exógenas, 
dentre outras podem causar dor abdominal e até 
simular abdômen agudo. 
No ano de 2002 nos EUA, cerca de 7 
milhões de pacientes procuraram serviços de 
emergência com quadro de dor abdominal, 7,5% do 
total de atendi- mentos​, e cerca de ​50% destes 
necessitaram de intervenções médicas. ​Os ​dados 
brasileiros são imprecisos, principalmente devido à 
ausência ​de ​sistematização e ​informatização do 
sistema de saúde público, aliado à ausência de 
dados do sistema de saúde privado. 
 
Etiologia: 
 
Anatomia: pela localização da dor se pode indicar 
as possíveis causas ou órgãos acometidos (Quadro 
I). 
 
​Causas abdominais e 
extra-abdominais​(Quadros II e III). 
 
Processo desencadeante: ​geralmente utilizada 
pela cirurgia de urgência. 
 
No entanto, habitualmente os 
cirurgiões classificam o abdômen agudo segundo a 
natureza do pro- cesso determinante, em: 
Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, 
pancreatite aguda, diverticulite, doença inflamatória 
pélvica, abscessos intra-abdominais, peritonites 
primárias e secundárias, dentre outros. 
Perfurativo: úlcera péptica, neoplasia gastrointestinal 
perfurada, amebíase, febre tifóide, divertículos do 
cólon, dentre outros. 
Obstrutivo: aderências intestinais, hérnia estran- 
gulada, fecaloma, obstrução pilórica, volvo, intus- 
suscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de 
áscaris, dentre outros. 
Vascular: isquemia intestinal, trombose mesenté- rica, 
torção do omento, torção de pedículo de cisto 
ovariano, infarto esplênico, dentre outros. 
Hemorrágico: ​gravidez ectópica rota, ruptura do baço, 
ruptura de aneurisma de aorta abdominal, cisto 
ovariano hemorrágico, necrose tumoral, endometriose, 
dentre outros. 
 
Diagnostico: 
 
Diante da diversidade etiológica da dor 
abdominal e do abdômen agudo, é fundamental 
termos uma metodologia investigativa adequada, para 
obtermos, do paciente, as informações necessárias 
para o diag- nóstico correto. Todo processo semiótico 
é indispen- sável nesta avaliação. 
Como podemos observar há muitas 
variáveis a serem consideradas, porém, até o 
momento, foram apresentadas as diretrizes para o 
diagnóstico, ainda não tendo sido discutido as opções 
terapêuticas espe- cíficas. Freqüentemente, o 
tratamento específico se refere a uma intervenção 
cirúrgica. Contudo, em algumas situações de abdômen 
agudo, o trata- mento especifico é eminentemente 
clínico como na pancreatite aguda. 
Na anamnese alguns dados são de 
extrema importância, tais como o tempo de evolução 
do quadro, as características da dor (em aperto, 
fisgada, queimação, respiratório dependente, 
intensidade, etc.), localização da dor, fatores de alívio 
ou piora dos sintomas, sintomas associados (ênfase 
em sintomas gastrointestinais, urinários e 
respiratórios), idade, doenças associadas, uso de 
medicações, cirurgias prévias, data da última 
menstruação e histórico gineco-obstétrico. 
● ONDE ​dói (localização)?
 
● IRRADIA ​para algum lugar (irradiação)? 
● QUANDO ​começou e ​POR QUANtO 
TEMPO ​durou (cronologia)? 
● COMO ​é a dor (qualidade da dor)? 
QUANTO ​dói (intensidade da dor)? 
● Fatores de ​MELHORA/PIORA​? ​OUTRAS 
MANIFESTAÇÕES​? 
 
DOR ABDOMINAL LOCALIZADA em geral a dor 
ocorre sobre ou perto da víscera envolvida, por 
exemplo, a dor no quadrante inferior direito de 
apendicite ou a dor no quadrante superior direito da 
colecistite. 
 
IRRADIACAO OU MUDANCA DA LOCALIZACAO 
DA DOR: 
 
DOR NO OMBRO ocasionada por irritação 
diafragmática ipsilateral por ar, sangue ou infecção 
da cavidade peritoneal sendo o exemplo mais 
clássico a colecistite, podendo estar associada à dor 
no ombro direito.DOR DIFUSA PERIUMBILICAL OU EPIGASTRICA: 
na apendicite inicial, apenas o peritônio visceral, que 
circunda o apêndice, está inflamado, e a localização 
é, portanto, incerta. Após a inflamação se espalhar 
para o peritônio parietal, a dor localiza-se no 
quadrante inferior direito. 
 
DOR IRRADIADA PARA O FLANCO: dor que irradia 
do flanco para a virilha ou genitália, geralmente 
significa cólica ureteral, como ocorre na urolitíase. 
 
SINTOMAS ASSOCIADOS: 
 
ANOREXIA, NAUSEAS E VOMITOS são comumente 
associadas à dor abdominal, especialmente quando 
a dor tem origem no abdome superior; no entanto, 
graves processos intra-abdominais podem ocorrer 
sem qualquer um desses sintomas. 
 
NAUSEAS E VOMITOS são, pouco frequentemente, 
os sintomas iniciais ou dominantes no abdome agudo 
cirúrgico. Assim, quando esses sintomas precedem a 
dor abdominal, são mais um indicativo de condições 
menos agudas, como intoxicação alimentar, 
gastrenterite, gastrite aguda ou pancreatite aguda. 
No entanto, esses sintomas já podem ter se 
desenvolvido após a instalação 
 
FEBRE é comumente associada a muitas causas de 
dor abdominal, e é geralmente sugestiva de infecção. 
A febre continua com calafrios é mais comum em 
infecções das vias biliares e do sistema urinário 
(colangite e pielonefrite). Febre com calafrios e 
icterícia sugere colangite e hipotensão supurativa, 
uma emergência cirúrgica. Febre alta com sinais 
peritoneais em um paciente do sexo feminino, sem 
doença sistêmica aparente, é sugestiva de salpingite 
aguda com peritonite pélvica. 
 
DIARREIA, CONSTIPAÇÃO E OBSTIPAÇÃO: A 
constipação e a obstipação podem sugerir obstrução 
ou íleo paralitico, mas geralmente não são os 
principais sintomas de doença aguda intra-abdominal 
cirúrgica. A diarreia embora seja comum com 
gastrenterite, é um sintoma inespecífico que pode 
estar associado a colite, diverticulite, apendicite e 
salpingite. 
 
No exame físico os sinais vitais devem ser 
observados e, caso alterados, devem servir de alerta 
para provável gravidade do quadro. O exame 
abdominal deve seguir a sequência ​inspeção, 
ausculta, percussão e palpação. Na ​inspeção 
devem ser observadas a forma do abdome, alterações 
cutâneas, alterações vasculares e cicatrizes. A 
ausculta ​dos ruídos hidroaéreos fornece um 
importante dado sobre o peristaltismo abdominal com 
atenção na distribuição, frequência e timbre. A 
percussão fornece dados sobre densidade do 
conteúdo abdominal, ou seja, timpânico (gasoso) ou 
maciço (denso). A ​palpação deve ser realizada com o 
paciente em decúbito dorsal e com a bexiga vazia, 
iniciando pelas áreas indolores até as áreas álgicas. A 
palpação superficial fornece dados sobre regiões de 
dor, massas superficias e possíveis defeitos de parede 
abdominal. A ​palpação profunda fornece dados sobre 
irritação peritoneal, distribuição e tamanho dos orgãos 
e estimativa do conteúdo das alças intestinais. Pode 
fornecer importantes dados sobre massas abdominais 
(tamanho, mobilidade, densidade, sensibilidade, 
movimentação). Alguns sinais que devem ser 
investigados durante o exame físico: 
 
● Sinal de Blumberg: Dor a compressão com piora a 
descompressão do quadrante inferior direito
do abdome, relacionado com apendicite 
aguda. 
● Sinal de descompressão brusca: Dor a 
descompressão brusca do abdome, relacionado 
com peritonite no local da dor. 
● Sinal de Giordano: Dor a punho percussão lombar 
à direita ou esquerda, indicativo de processo 
inflamatório renal. 
● Sinal de Jobert: Timpanismo a percussão em toda 
região hepática, indicativo de pneumoperitônio. 
● Sinal de Muphy: Consite na dor à palpação do 
bordo inferior do figado durante uma inspiração 
forçada, indicativo de colecistite aguda. 
● Sinal do Psoas: Dor em quadrante inferior do 
abdome direito a elevação contra resistência da 
coxa ipsilateral, relacionado com apendicite, 
pielonefrite e abceso em quadrante inferior do 
abdome. 
● Sinal de Rovsing: Compressão do quadrante 
inferior esquerdo do abdome com dor no quadrante 
inferior direito, indicativo de apendicite aguda. 
● Sinal de Torres-Homem: percussão dolorosa em 
região hepática, relacionado com abscesso 
hepático. 
 
Os ​exames laboratoriais que auxiliam no 
diagnóstico do abdômen agudo em geral são 
simples, rápidos e de fácil obtenção. A avaliação 
inicial deve consistir de ​hematológico completo​, 
exame qualitativo de urina (urina rotina), 
amilase e teste de gravidez (mulheres em idade 
fértil)​. 
 
● Hemograma completo 
● Eletrólitos 
● Pesquisa de cetoacidose 
● (glicemia, anion gap e cetonemia). 
● Uréia, creatina 
● Amilase e lipase 
● Bilirrubina,fosfatase 
alcalina,transaminase. 
● EAS 
● B-HCG 
● Fosfato e lactato 
 
Após esta primeira avaliação, se não foi 
confirmação diagnóstica, devemos iniciar uma 
avaliação ​radiológica, partindo da radiografia 
abdominal em decúbito dorsal e ortostático​. 
Avançando-se para a ​ultrassonografia de 
abdômen, tomografia computadorizada (TC)​, e 
em alguns casos ​arteriografia e ressonância 
magnética. ​A videolaparoscopia e a laparotomia 
exploradora constituem-se nos meios diagnósticos 
definitivos, para aqueles casos onde toda a 
seqüência de exames anteriores não foi suficiente, 
ou como meio terapêutico, para os casos onde os 
exames definiram uma patologia cirúrgica como 
causa da dor abdominal. Outro aspecto importante 
sobre a videolaparoscopia em situações de 
emergência é a necessidade de equipes treinadas e 
cirurgiões experimentados, habituados com esta 
técnica. Caso não exista esta disponibilidade, 
devemos optar pela laparotomia exploradora como 
técnica mais segura, tanto para o diagnóstico 
quanto para o tratamento. 
Localizacao: 
DOR EPIGÁSTRICA ​- doenças gastroduodenais. 
DOR SUBCOSTAL DIREITA ​- doenças 
hepatobiliares. 
DOR PÉLVICA ​- doenças ginecológicas. 
Você já viu que as fibras sensitivas que inervam o 
peritônio visceral e o intestino caminham junto 
com as artérias que vão irrigar essas regiões. 
Portanto: 
• Regiões irrigadas pelo tronco celíaco 
(esôfago, estômago e duodeno proximal) = 
dor na região epigástrica​. 
 
• Regiões irrigadas pela artéria mesentérica 
superior (duodeno distal, jejuno, íleo, 
apêndice e ceco) = ​dor na região 
periumbilical​. 
 
• Regiões irrigadas pela artéria mesentérica 
inferior (metade do transverso até o reto) = 
dor na região suprapúbica​. 
 
Avaliar intensidade, inicio, qualidade, 
gravidade e periodicidade, irradiação , fatores de piora, 
outras manifestações relatadas pelo paciente. 
 
Abordagem no abdome agudo 
 
● Antes de tudo, verificar sinais vitais e nível 
de consciência. 
● Descartar hemorragia ou hipovolemia, 
Avaliar sinal de instabilidade 
hemodinâmica. 
 
Hipotensão, taquicardia ou rebaixamento de 
consciência, obter prontamente acesso venoso 
periférico, monitorização cardíaca, suplemento de 
oxigénio, iniciar reposição, caso necessário, vias 
aréas pervias, chamar o especialista, seja 
cirurgião geral, ginecologista, radiologista 
intervencionista. 
 
 
 
 
● Proporcionar alivio sintomatico, atraves de 
analgesia e antiemeticos( opioids, AINES e 
metoclopramina, em caso de confusao 
mental, dar preferencia para 
ondansetrona). 
● Excluir gravidez ou doencas pelvicas em 
mulheres 
● Definir o tratamento é clinico ou cirurgico? 
 
1.1 DIAGNÓSTICODIFERENCIAL​: 
 
 DISTÚRBIOS INTESTINAIS: 
 
I. APENDICITE​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
 
- Dor no abdome inferior. 
 
- O sintoma inicial é uma dor mal 
localizada, ao redor do epigástrio ou do 
umbigo que está relacionada com a 
distensão do apêndice (peritônio visceral) 
devido a obstrução do lúmen apendicular. 
Mais tarde, cerca de 12- 24 horas após o 
início do quadro doloroso, a dor muda da 
região periumbilical ou da região epigástrica 
para a fossa ilíaca direita relacionada à 
inflamação (peritônio parietal) sobre o ponto 
de McBurney. 
- Náuseas, febre baixa, anorexia e 
vômitos são típicos, mas não sintomas 
obrigatórios. 
 
- Sensibilidade abdominal e defesa à 
palpação do quadrante inferior direito são 
característicos ao exame físico. 
 
- Em casos de apendicite retrocecal a 
dor geralmente permanece mal localizada. 
 
- Testes laboratoriais podem mostrar 
uma contagem leucocitária moderadamente 
elevada. 
 
- TC abdominal é uma ferramenta de 
alta sensibilidade e especificidade. 
 
- Tratamento: o paciente deve ser 
hospitalizado e preparado para cirurgia. Em 
casos de deficit de volume, é necessário a 
administração de analgésicos e solução de 
cristaloides intravenosos. Para apêndices 
intactos, somente antibióticos 
perioperatórios são necessários. No entanto, 
um apêndice rompido exigirá terapia 
antimicrobiana intravenosa continuada 
durante a internação. 
 
II. OBSTRUÇÃO INTESTINAL​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- O paciente se queixa de uma dor 
intermitente, mal localizada, em cólica, que 
tende a ser associada a função intestinal 
alterada. A mudança no caráter da dor para 
constante e intensa pode ser um sinal de 
perfuração ou isquemia do intestino. 
 
- Ao exame físico o abdome é 
geralmente distendido, com ausculta de 
ruídos agudos do intestino. 
 
- Os ruídos hidroaéreos podem estar 
ausentes na obstrução ou no íleo paralitico 
distal. 
- Em geral, os achados radiográficos estão 
ausentes, e o diagnóstico é baseado na suspeita 
clinica ou na TC abdominal com contraste oral. 
 
- Tratamento: sucção nasogástrica e 
hidratação intravenosa, com monitoramento de 
eletrólitos. Alguns casos se resolvem sem 
cirurgia. 
 
 
I. ÚLCERA PÉPTICA PERFURADA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Dor no abdome superior é acompanhada 
pela rigidez do abdome em tabua, sendo ela 
reduzida quando as secreções peritoneais 
diluírem o vazamento do conteúdo gástrico. No 
entanto, ela retorna mais tarde, piorando de 
forma progressiva. 
 
- O paciente está geralmente, em angustia 
importante, com respiração superficial e com os 
joelhos flexionados até o peito, em um esforço 
para minimizar a dor. 
 
- Tratamento: sonda nasogástrica para a 
drenagem do ácido gástrico, administração de 
solução de cristaloides intravenosos para corrigir 
a depleção de volume e antibioticoterapia de 
amplo espectro. 
 
II. PERFURAÇÃO INTESTINAL​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Instalação súbita de dor do abdome médio 
e inferior, podendo em alguns casos a presença 
de choque. Náuseas e vômitos são comuns e o 
abdome é rígido e doloroso. 
 
- A febre é alta e é frequentemente, 
acompanhada por leucocitose. 
 
- Tratamento: administração de cristaloides 
para controlar o choque e antimicrobianos, 
obtenção de hemo e uroculturas. 
 
III. DIVERTICULITE​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- É causada pela perfuração de um 
divertículo, resultado da ação erosiva de fecálito 
ou do aumento demasiado da pressão 
intraluminal, levando ao quadro de peritonite​. 
 
- A dor tende a se localizar no quadrante 
inferior esquerdo, mas que pode irradiar para a 
região suprapúbica, flanco e coluna. A febre é 
normalmente baixa e pode ser acompanhada de 
uma leve leucocitose. 
 
- Podem estar presentes sensibilidade 
abdominal, massa abdominal palpável, alterações 
na função intestinal (constipação ou defecação 
frequente), e fezes com sangue oculto positivo. 
 
- As radiografias simples, geralmente são 
normais ou inespecíficas, e o procedimento 
diagnostico de escolha é a tomografia 
computadorizada. 
 
Tratamento: a maioria dos pacientes deve ser 
hospitalizada para a administração de líquidos 
intravenosos e antimicrobianos. 
 
IV.ESTRANGULAMENTO INTESTINAL​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Ocorre, mais frequentemente, no 
vólvulo ou na hérnia femoral e, 
ocasionalmente, na hérnia inguinal. O início 
da dor é, geralmente, rápido. A dor aumenta 
em gravidade e pode ser intermitente e em 
cólica. O paciente pode queixar- se de 
vontade de defecar e o abdome é 
distendido, rígido e difusamente doloroso. 
Extrema sensibilidade está presente na 
região do estrangulamento e o choque 
aparece rapidamente. Outros achados 
incluem, geralmente, náuseas e vômitos, 
febre alta e leucocitose. 
 
- TTO: o paciente deve ser 
hospitalizado e preparado para cirurgia 
imediatamente. 
 
V. GASTRENTERITE​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- O paciente queixa-se de cólicas, que 
podem ser leves ou intensas, surgindo de 
forma gradual ou abruptamente. Pode haver 
náuseas, vômitos e diarreia. Esses sintomas 
precedem, geralmente, o aparecimento da 
dor, diferentemente das condições que 
necessitam de cirurgia, em que a dor é 
geralmente o primeiro sintoma. 
 
- Exame abdominal revela desconforto 
generalizado. Em situações que não exigem 
cirurgia, a defesa involuntária, a 
sensibilidade localizada e a irritação 
peritoneal estão ausentes. A febre 
geralmente não está presente ou é baixa, 
embora os pacientes com ​shigelose ​possam 
apresentar febre alta e calafrios. 
 
- O paciente pode estar desidratado. 
Se o paciente estiver com diarreia 
prolongada ou intensa associada a febre, as 
fezes deverão ser testadas para sangue 
oculto, examinadas por microscopia para 
leucócitos e enviadas para coprocultura. 
 
- TTO: pacientes gravemente 
enfermos ou desidratados devem ser 
hospitalizados. Pacientes leve a 
moderadamente doentes podem ser 
mandados para casa com instruções para a 
reidratação. Se os sintomas persistirem ou 
se agravarem, os pacientes devem ser 
reavaliados. 
 
VI. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Paciente relata cólicas abdominais 
(que podem ser desenvolver gradual ou 
subitamente) e diarreia com sangue 
intermitente. Perda ponderal, febre e anemia 
podem estar presentes. O exame abdominal 
varia de acordo com a etiologia e gravidade 
da doença. 
- 
- TTO: (PACIENTES GRAVES) tratar a hipotensão 
ou o choque com a administração de cristaloides 
intravenosos. A sucção nasogástrica pode ser útil 
se o paciente estiver vomitando, além dos 
antieméticos. Radiografias ou tomografia 
computadorizada abdominal podem prover 
informações importantes sobre possíveis 
complicações como perfuração, obstrução 
intestinal, megacolo tóxico ou abscesso 
intraperitoneal. Hospitalize o paciente para obter 
diagnóstico definitivo e conduzir o tratamento. 
 
(PACIENTE AMBULATORIAL COM 
DIAGNOSTICO 
CONFIRMADO) 
tratamento ambulatorial com antibióticos orais, 
esteroides e outros fármacos anti-inflamatórios 
como sulfassalazina. Pacientes com doença leve 
a moderada podem ter a terapia de manutenção 
reiniciada ou ter sua terapia atual modificada. 
 
DISTÚRBIOS HEPATOBILIARES: 
 
I. CÓLICA BILIAR​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
 
- A cólica biliar é causada pela obstrução 
intermitente da árvore biliar, geralmente no ducto 
cístico, por cálculos.A dor ocorre em episódios 
distintos (frequentemente após a ingestão de 
alimentos), que geralmente começam de forma 
abrupta e desaparecem gradualmente ao longo 
de algumas horas. Durante um ataque, a dor 
abdominal persistente se estende por todo o 
abdome superior, mas tende a ser mais grave à 
direita. Pode haver dor referida na escápula. Uma 
história cuidadosa frequentemente revela crises 
de dor similar prévias. O exame abdominal do 
quadrante superior direito mostra dor e, 
ocasionalmente, a vesícula biliar palpável. A 
ultrassonografia do quadrante superior direito 
mostra cálculos biliares ou uma vesícula biliar ou 
ducto cístico dilatados. A dilatação do ducto biliar 
comum geralmente é vista com coledocolitíase. 
 
- TTO: Na ausência de colecistite aguda, de 
colangite ascendente, de coledocolitíase ou 
pancreatite, nenhum tratamento específico é 
necessário. No entanto, a dor deve ser sempre 
mantida sob controle. 
 
II.COLECISTITE AGUDA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- A colecistite aguda (inflamação da 
vesícula biliar) se apresenta de forma muito 
semelhante a cólica biliar, mas os sintomas 
do paciente se tornam persistentes e mais 
graves. O desconforto pode ser moderado a 
grave e a prostração se associa com 
anorexia, náuseas e vômitos. Febre baixa e 
leucocitose estão geralmente presentes. Em 
alguns casos, a vesícula biliar é palpável. A 
ultrassonografia do abdome, demonstrando 
cálculos, dilatação dos ductos biliares intra 
ou extra-hepáticos, espessamento da 
parede da vesícula biliar e líquido 
pericolecístico (se houver) confirma o 
diagnóstico de colecistite aguda. A 
ultrassonografia é a técnica preferida de 
diagnóstico, pois é sensível, específica, 
rápida, barata e sem efeitos colaterais. 
 
III.COLANGITE AGUDA SUPURATIVA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- A colangite supurativa aguda, uma 
complicação da colecistite, é uma 
emergência cirúrgica comumente 
acompanhada por choque séptico e 
bacteriemia. Os sintomas incluem dor 
abdominal, icterícia, febre, confusão mental 
e choque. A clássica tríade de Charcot, 
composta por febre, icterícia e dor no 
quadrante superior direito é vista em 50-70% 
dos pacientes. A adição de choque e 
confusão mental (Pêntade de Raynaud) é 
rara, com uma incidência de apenas 
3,5-7,7%. A ultrassonografia do quadrante 
superior direito é o procedimento diagnóstico 
de escolha e pode mostrar ductos 
intra-hepáticos biliares obstruídos e 
dilatados. 
 
- TTO: A gravidade foi recentemente 
dividida em três graus. O paciente em grau I 
responde ao tratamento médico inicial. No 
grau II não responde, mas não mostra sinais 
de disfunção orgânica. O grau III está 
associado a disfunção em pelo menos um 
sistema de órgãos (i.e., exigindo um 
vasopressor para suporte hemodinâmico). 
Tratar o choque com cristaloides por via 
intravenosa. Administrar antimicrobianos de 
amplo espectro por via intravenosa. Inserir 
um cateter de Foley para monitorar a 
produção de urina. A consultoria cirúrgica 
emergencial também deve ser obtida. 
 
IV.ABCESSO HEPÁTICO​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Quando o abscesso de fígado resulta 
de outras infecções intra-abdominais (um 
abscesso piogênico) estão presentes 
toxicidade crescente com febre alta, 
calafrios, náuseas, vômitos, icterícia e um 
quadro de deterioração clínica. Dor no 
quadrante superior direito pode estar 
presente. O quadro inicial costuma ser 
agudo, mas eventualmente pode se instalar 
cronicamente. 
 
- Com abscessos primários 
(amebianos) do fígado (causado por ​E. 
histolytica), ​o início é insidioso e podem 
transcorrer várias semanas antes que a 
doença se torne fulminante. Febre alta e 
leucocitose muitas vezes acompanham o 
abscesso. O fígado fica aumentado e muitas 
vezes é doloroso. Muitos pacientes com 
abscesso hepático amebiano não têm 
amebíase intestinal; assim, o exame 
parasitológico de fezes não é útil. A 
ultrassonografia do quadrante superior 
direito, a tomografia computadorizada de 
abdome ou a varredura tomográfica do 
fígado são diagnósticas. 
 
V.HEPATITES​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Na maioria dos casos é assintomática, 
mas quando sintomática, manifesta-se com 
anorexia, dor abdominal, mal-estar, náuseas, 
vômitos, urina escura, febre, icterícia e 
hepatomegalia. 
 
- Testes de função hepática mostram 
bilirrubina elevada e enzimas hepáticas (TGO, 
TGP e fosfatase alcalina). A contagem 
leucocitária é baixa ou normal. Estudos de 
coagulação também devem ser solicitados, uma 
vez que a hepatite pode levar a coagulopatias. 
 
- TTO: A maioria dos casos de hepatite é 
tratada sintomaticamente, administrando fluidos e 
antieméticos, bem como corrigindo qualquer 
desequilíbrio eletrolítico. 
 
DISTÚRBIOS VASCULARES: 
I. ANEURISMA DE AORTA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- É acompanhada por dor intensa de início 
súbito, muitas vezes irradiada dorsalmente. Em 
alguns pacientes a dor é confinada ao flanco, à 
região lombar ou à virilha. 
 
- A síncope, geralmente secundária à perda 
de sangue e à falta de perfusão cerebral, ocorre 
também frequentemente. 
 
- Após a hemorragia inicial, a dor pode 
diminuir e os desmaios desaparecem, mas esses 
sintomas se repetem e progridem até o choque. 
 
- Caso a ruptura ocorra no retroperitônio, 
uma sensação mal definida de plenitude 
abdominal e equimose periumbilical (sinal de 
Culen) ou no flanco (sinal de Grey- Turner) 
podem ser notados. 
 
- A USG à beira do leito pode rapidamente 
confirmar o diagnóstico. 
 
- TTO: Obter acessos venosos com 
cateteres periféricos de grande calibre ou um 
cateter venoso central. Coletar os estudos 
laboratoriais necessários, incluindo a tipagem e 
as provas cruzadas para o concentrado de 
hemácias. O tratamento do choque com 
cristaloides intravenosos, seguido de sangue 
total, assim que disponível. Obtenha consulta 
cirúrgica imediata, já que mortalidade é de 
praticamente 100% sem intervenção cirúrgica. 
 
II.COLITE ISQUÊMICA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Dor de início abrupto, com diferentes 
graus de gravidade, e pode ser localizada ou 
difusa. Uma história de casos semelhantes é 
frequentemente relatada. 
 
- O exame físico pode revelar leve a 
moderada sensibilidade à palpação sobre a área 
afetada e o exame retal mostra fezes positivas 
para sangue oculto. 
- Casos mais graves é geralmente 
acompanhada de diarreia sanguinolenta, e 
pode se apresentar com sinais de irritação 
peritoneal. 
 
- Áreas isquêmicas podem progredir 
para gangrena se a isquemia for 
suficientemente grave; se a isquemia é mais 
amena, as áreas podem curar, com a 
formação de estenose como uma 
complicação comum. Os exames 
laboratoriais de rotina não mostram 
anormalidades específicas. Estudos 
confirmatórios incluem a sigmoidoscopia ou 
colonoscopia, o enema opaco e angiografia 
visceral. A TC é a modalidade de imagem 
mais frequentemente utilizada. 
 
- TTO: tratar o choque e a 
hemoconcentração com cristaloides por via 
intravenosa. Administrar antibióticos 
adequados. Hospitalizar para mais testes de 
diagnóstico e possível cirurgia​. 
III. ISQUEMIA MESENTÉRICA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Dor abdominal difusa (pelo 
mesogástrio e abdome inferior), intensa, de 
início súbito, mal localizada e muitas vezes 
não sendo aliviada por meio de narcóticos.- Náuseas, vômitos e diarreia, com 
sangue vivo ou oculto nas fezes, podem 
estar presentes. Inicialmente, os achados 
físicos podem estar ausentes, conforme a 
doença progride, a distensão abdominal e os 
sinais de toxicidade sistêmica surgem. 
Leucocitose marcante, hemoconcentração, 
azotemia e acidose são comumente 
associadas à isquemia mesentérica. Embora 
a angiografia tradicional seja o padrão-ouro 
histórico, a angiografia por TC aumentou em 
popularidade. 
 
IV.RUPTURA ESPLÊNICA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- O baço é o órgão intra-abdominal 
sólido mais comumente ferido em um 
traumatismo contuso, com ruptura 
geralmente causada pelo traumatismo do 
gradil costal inferior esquerdo. 
 
- O sangramento para a cavidade 
peritoneal causa dor abdominal que pode 
irradiar para o lado esquerdo do pescoço ou 
para o ombro esquerdo (sinal de Kehr). No 
entanto, os pacientes ocasionalmente se 
apresentam sem sintomas abdominais. 
 
- A taquicardia, a hipotensão e a 
queda do hematócrito acontecem, e o 
choque pode se desenvolver. A palpação do 
quadrante superior esquerdo ou da 9ª e da 
10ª costela esquerda revela dor. A 
esplenomegalia é, também, uma 
característica comum. A TC do abdome é 
útil para o diagnóstico e classificação da 
gravidade da lesão esplênica em pacientes 
estáveis. A TC pode demonstrar 
extravasamento em curso quando há 
sangramento ativo. 
 
DISTÚRBIOS URINÁRIOS: 
I. CÓLICA RENAL​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Geralmente caracterizada por súbita dor 
no flanco, intensa, muitas vezes irradiada 
lateralmente e para a virilha, seguida por 
hematúria. Uma dor constante pode estar 
presente entre os episódios mais intensos. 
Náuseas, vômitos e agitação são comuns, 
podendo ocorrer a passagem de cálculos 
expelidos na urina. 
 
- Deve-se solicitar um exame de urina para 
avaliar se há presença de sangue, cristais e/ou 
infecção. 
 
- A tomografia computadorizada é útil na 
identificação do tamanho e da localização dos 
cálculos ureterais, sendo também importante nos 
diagnostico diferencial em casos de apendicite ou 
diverticulite. 
 
II.PIELONEFRITE​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Geralmente os pacientes apresentam dor 
no flanco que se instala de maneira gradual, 
disúria, urgência miccional, polaciúria, febre, 
calafrios e, às vezes mal-estar, náuseas e 
vômitos. 
 
​PANCREATITE AGUDA​: 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- Dor no abdome superior​. 
 
- Processo inflamatório agudo caracterizado 
por uma dor abdominal intensa, localizada no 
epigástrio, que geralmente irradia para o dorso e 
que tende a ser pior quando em posição supina, 
quando se inclinam para frente ou quando 
assumem decúbito lateral com o joelhos fletidos 
(posição genitopeitoral). 
 
- De acordo com a extensão do processo 
inflamatório, pode ser classificada em leve que 
representa 80 a 90% dos casos ou grave que 
representa de 10 a 20% dos casos (necrosante). 
 
- Possui como principais etiologias a litíase 
biliar, sendo responsável por 30 a 60 % dos 
casos, e o consumo excessivo de álcool 
responsável por 15-30% dos casos (sendo esse o 
principal fator da pancreatite crônica). Além 
desses dois principais fatores, drogas, causas 
metabólicas, obstrução, trauma abdominal 
fechado, genética, hipotermia, infecções e 
intoxicação por organofosforados também podem 
ocasionar pancreatite aguda. 
 
- Náuseas e vômitos (continuam 
mesmo após o esvaziamento do estômago) 
estão geralmente presentes, sendo que em 
casos graves, o paciente apresenta 
rebaixamento do nível de consciência devido 
ao choque hipovolêmico. Além disso, o 
paciente pode apresentar alteração cutânea 
denominada paniculite. Condições 
predisponentes (alcoolismo, cálculos 
biliares, uso de glicocorticoides ou diabetes) 
devem ser investigadas. 
 
- O exame abdominal revela 
diminuição do peristaltismo, decorrente do 
íleo paralítico. A amilase sérica elevada 
(apresenta baixa especificidade e não 
possui relação com a gravidade da 
pancreatite) e os níveis de lipase (possui 
maior especificidade quando comparada a 
amilase), a febre, leucocitose, e 
trombocitopenia frequentemente estão 
presentes. 
 
- Para diagnosticar a pancreatite 
aguda é necessário, segundo os critérios de 
Atlanta, pelo menos dois dos seguintes 
achados: 
 
 
 
 
 
 
 
DISTÚRBIOS GINECOLÓGICOS: 
I. GRAVIDEZ ECTÓPICA ROTA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
- O diagnóstico de gravidez ectópica 
deve ser considerado em qualquer mulher 
de idade fértil que se apresente com dor 
abdominal. A tríade clássica dos sintomas 
da gravidez ectópica (dor abdominal, 
amenorreia e sangramento vaginal ou 
spotting) ​não está sempre presente. Os 
fatores de risco devem ser incluídos na 
história, incluindo gravidez ectópica prévia, 
história de doenças sexualmente 
transmissíveis (especialmente DIP), 
tabagismo, uso de DIU, pílulas e implantes 
anticoncepcionais de progestina sem 
associações. 
 
- Antes do rompimento, a dor pode ser 
vaga ou intermitente e, possivelmente, difícil 
de localizar. Uma vez que a gravidez 
ectópica se rompa, a paciente experimentará 
uma súbita, continua e intensa dor 
abdominal ou pélvica unilateral que pode ser 
referida no ombro. Pode haver náuseas e 
vômitos ocasionais, mas geralmente não há 
febre. Hipotensão postural ou choque podem 
ser encontrados no exame inicial. O exame 
pélvico, muitas vezes, revela uma massa 
pastosa unilateral e desconforto ao 
movimento do colo do útero. 
 
II.SALPINGITE AGUDA​: 
 
● ACHADOS CLÍNICOS​: 
As pacientes relatam, normalmente, um 
início gradual de dor abdominal e pélvica 
associada, frequentemente, com corrimento 
vaginal e/ou sangramento. Cefaleias, 
náuseas e vômitos, lassidão com febre alta 
e taquicardia podem estar presentes. 
Extremo desconforto ao exame bimanual é 
algo comum, especialmente com o 
movimento da cérvice. A plenitude anexial 
ou massa (abscesso tubo-ovariano) pode 
estar presente. No entanto, esses sinais não 
são nem altamente sensíveis, nem 
específicos. A ultrassonografia pélvica 
mostrando um abscesso tubo-ovariano é 
diagnóstica. Um teste de gravidez deve ser 
realizado em todas as pacientes. 
III​. CISTO FOLICULAR OVARIANO ROTO: 
• ACHADOS CLÍNICOS: 
- Repentina e intensa dor pélvica ou 
abdominal inferior. Os sintomas 
gastrintestinais estão, geralmente, ausentes, 
e a paciente está afebril, sem leucocitose. 
Dor pode ser provocada sobre o ovário 
afetado. Não deve haver massas no exame 
pélvico, e o teste de gravidez deve ser 
negativo. 
IV. TORSÃO OVARIANA: 
• ACHADOS CLÍNICOS: 
- É caracterizada por dor repentina inferior 
unilateral, abdominal ou de intensidade 
moderada a grave, que muitas vezes é 
agravada por uma mudança de posição. A 
dor pode irradiar para a virilha, para as 
costas ou para o flanco. Náuseas e vômitos 
podem ser relatados. 
Uma história de anormalidades ovarianas 
como cistos ou massas pode ser relatada. 
Nenhuma modalidade de imagem tem 
sensibilidade ou especificidade excelente. 
Atualmente, a ultrassonografia com Doppler 
é a abordagem mais comumente utilizada. 
→PERITONITE PRIMÁRIA: 
• ACHADOS CLÍNICOS: 
- A peritonite primária ocorre quase que 
exclusivamente em pacientes com ascite de 
grande volume preexistente, especialmente 
naqueles com cirrose ou síndrome nefrótica. 
Os sinais e sintomas variam, mas a febre,a 
dor abdominal e o desconforto são comuns. 
Os testes mais úteis são a hemocultura e a 
paracentese com esfregaço bacterioscópico 
e cultural, além do hemograma. A contagem 
de células polimorfonucleares (PMN) maior 
que 250/ mm3 é altamente sugestiva de 
peritonite bacteriana espontânea e é uma 
indicação de antibióticos. 
→​HEMORRAGIA RETROPERITONEAL: 
• ACHADOS CLÍNICOS: 
- É uma condição rara que pode ocorrer com 
o politraumatismo ou ser secundária a 
traumatismo menor em indivíduos com 
fatores de coagulação deficientes por 
medicação ou doença. Também pode 
ocorrer após procedimentos invasivos 
femorais, tais como a cateterização da 
artéria coronária. Dor nas costas e dor 
abdominal podem estar presentes, e o sinal 
psoas é muitas vezes positivo. A TC 
abdominal localiza o sangramento na 
maioria dos casos.

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