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Anthony Giddens As consequências da modernidade. Introdução ● Giddens busca desenvolver uma análise institucional da modernidade com ênfases cultural e epistemológica para tentar obter uma nova caracterização da natureza da modernidade e da (emergente) ordem pós moderna. Busca assim, ir além da definição dominante que relaciona a modernidade a um período de tempo e de localização geográfica inicial. ● Ponto de origem da argumentação de Giddens se dá a partir de uma interpretação "descontinuísta" do desenvolvimento social moderno. Ou seja, as instituições modernas são únicas e é necessário capturar sua natureza a fim de analisar o que é a modernidade e quais suas consequências. As descontinuidades da modernidade ● O autor fala de um conjunto de descontinuidades associados ao período moderno. ● As transformações e as mudanças no modo de vida proporcionadas pela modernidade foram muito mais profundas que as mudanças dos períodos precedentes. ● Giddens diz que é preciso desconstruir o evolucionismo social, pois teorias evolucionárias constituem "grandes narrativas" e sua influência tem colocado de lado o caráter descontinuísta da modernidade. ○ "Desconstruir o evolucionismo social significa aceitar que a história não pode ser vista como uma unidade, ou como refletindo certos princípios unificadores de organização e transformação. Mas isto não implica que tudo é caos ou que um número infinito de 'histórias' puramente idiossincráticas pode ser escrito. Há episódios precisos de transcrição histórica, por exemplo, cujo caráter pode ser identificado e sobre os quais podem ser feitas generalizações." ● Características para identificar descontinuidades da modernidade ○ Ritmo de mudança — a rapidez da mudança em condições de modernidade é extrema ○ Escopo da mudança — a conexão entre países em larga escala proporciona ondas de transformação ○ Natureza intrínseca das instituições modernas — Segurança e perigo, confiança e risco ● Modernidade: "fenômeno de dois gumes" ● Giddens destaca que Max, Weber e Durkheim enfatizaram em suas obras o "lado da oportunidade" da modernidade. A sociologia desenvolvida naquele período embora tenha apontado as consequências degradantes do trabalho aos humanos, não chegou a prever os impactos ambientais destrutivos a que levariam o desenvolvimento industrial. ● Ainda nesse sentido, outro ponto apontado pelo autor diz respeito à crença do poder político, na qual seu uso arbitrário foi apontado pelos autores clássicos como tendo ficado no passado junto às eras pré-modernas, dando lugar a uma ordem industrial pacífica (Durkheim). Entretanto, o que se viu foi uma forma mais concentrada de poder político, agora combinado ao poder militar e ideológico, gerando os governos totalitários do século XX e uma industrialização da guerra. Giddens afirma que o século XX demonstra o lado sombrio da modernidade, tendo sido o século da guerra, com conflitos muito mais intensos e destrutivos do que em qualquer outra época anterior. Sociologia e modernidade Concepções que inibem uma análise satisfatória das instituições modernas: 1. Diagnóstico institucional da modernidade — tendência a cuidar de uma única e mais importante dinâmica de transformação ao interpretar a natureza da modernidade 1. Capitalismo p/ Marx 2. Divisão do trabalho p/ Durkheim 3. Capitalismo racional para Weber Giddens coloca que não se deve encarar essas caracterizações como mutuamente exclusivas, pois a modernidade é multidimensional no âmbito das instituições, e portanto, cada um dos elementos especificados pelas tradições clássicas representam algum papel. 1. Sociedade como foco principal da análise sociológica — é preciso "olhar com profundidade para como as instituições modernas tornaram-se situadas no espaço-tempo para identificar alguns dos traços distintivos da modernidade" 2. Conexões entre o conhecimento sociológico e as características da modernidade a que aquele se refere: A. Para compreender adequadamente a natureza da modernidade é preciso romper com as perspectivas sociológicas de que a sociologia proporciona informação sobre a vida social que pode nos dar uma espécie de controle sobre as instituições sociais semelhante àquela proporcionada pelas ciências físicas e a de "usar a história para fazer história". B. As instituições modernas são, segundo Giddens, dinâmicas e de escopo globalizante e é preciso compreender as características desse dinamismo. C. Segundo o autor, o dinamismo da modernidade deriva: a. Da separação do tempo e do espaço e de sua recombinação em formas que permitem o "zoneamento" tempo-espacial preciso da vida social b. Do desencaixe dos sistemas sociais c. Da ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos. Modernidade, tempo e espaço ● Invenção e difusão do relógio mecânico —> possui papel fundamental na separação entre o tempo e o espaço. ● Esvaziamento do tempo —> pré-condição para o esvaziamento do espaço ● A coordenação através do tempo é a base do controle do espaço ● Deslocamento do espaço do lugar —> desenvolvimento do espaço vazio ● Horário —> dispositivo de ordenação tempo-espaço Motivos pelos quais a separação entre tempo e espaço é crucial para o extremo dinamismo da modernidade: ● Condição principal do processo de desencaixe ● Proporciona os mecanismos de engrenagem para a organização racionalizada (traço distintivo da vida social moderna) ● A historicidade radical associada à modernidade depende de modos de "inserção" no tempo e no espaço que não eram disponíveis para as civilizações precedentes (sistema de datação padronizado). Desencaixe Desencaixe: deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas no tempo-espaço Mecanismos de desencaixe envolvidos no desenvolvimento das instituições sociais modernas: ● Criação de fichas simbólicas — meios de intercâmbio que podem ser circulados sem ter em vista as características específicas dos indivíduos. É o caso dos meios de legitimação política e do dinheiro. ○ O dinheiro é um meio de distanciamento tempo-espaço, pois possibilita a realização de transações entre agentes amplamente separados no tempo e no espaço ○ Se relaciona ao tempo como um meio de vincular espaço-tempo associando instantaneidade e adiamento, presença e ausência. ○ Confiança no dinheiro ● Estabelecimento de sistemas peritos — sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas do ambiente material e social que vivemos hoje. ○ Aeroportos, estradas, carros, prédios, cruzamentos, semáforos, etc. ○ Confiança na perícia (expert knowledge) de que os riscos são minimizados, pois a pessoa leiga tem conhecimento mínimo das técnicas aplicadas ali. ○ São mecanismos de desencaixe pois também removem as relações sociais das imediações do contexto Confiança Opera em ambientes de risco, nos quais podem ser obtidos níveis variáveis de segurança (proteção contra perigos) A reflexividade da modernidade A produção de conhecimento sistemático sobre a vida