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História Livro do professor © Sh ut te rs to ck /S pe ct ra l-D es ig n 8 7 6 5 8o. ano Volume 2 Livro didático Brasil: emancipação política 39 América Latina: lutas pela emancipação política 28 Independência dos Estados Unidos da América 14 Ideias iluministas na América 2 Livro do professor 5 © Co le çã o pa rti cu la r Com um colega, analise a obra e: • destaque elementos que podem ser relacionados ao Iluminismo; • identifique o filósofo que aparece na cena; • relembre uma das principais obras desse filósofo. Ideias iluministas na América Louis de Girardin foi um dos últimos alunos do filósofo Rosseau e se tornou um grande paisagista. JEAN-JACQUES Rousseau e René Louis de Girardin, Marquês de Vauvray, no Castelo de Ermenonville. Século XIX. 1 óleo sobre tela, color., 46,5 cm × 55,8 cm. Acervo particular. 2 Justificativa da seleção dos conteúdos.1 Orientação para a realização da atividade e gabarito.2 Objetivos O Iluminismo, movimento ocorrido durante o século XVIII na Europa, defendia a autonomia do indivíduo, a liberdade de pensamento e o fim de governos absolutistas. As ideias dos filósofos franceses ecoaram em sociedades que ainda viviam sob alguma forma de controle – da Igreja e dos regimes absolutistas – e eram organizadas com base em distinções sociais determinadas pelo nascimento. A difusão das ideias iluministas extrapolou as fronteiras europeias e chegou à América colonial. Assim, a divulgação de tais ideias levou colonos da América a questionar ainda mais as imposições metropolitanas. Organize as ideias A seguir, relembre o que defendiam os iluministas europeus. 1. A Enciclopédia (Encyclopédie), obra composta de 35 volumes e organizada por Diderot e D’Alembert, é considerada símbolo do pensamento iluminista do século XVIII. Editada entre 1751 e 1780, a Enciclopé- dia chegou a ser proibida pela monarquia francesa. Por usarem os princípios da razão para questionar os fundamentos da sociedade em que viviam, os enciclopedistas: a) Defendiam o desenvolvimento intelectual dos integrantes da nobreza apenas. b) Eram representantes da classe burguesa, a qual desejava instrução exclusivamente para desenvolver o comércio. X c) Defendiam um pensamento revolucionário. d) Eram favoráveis apenas à instrução dos súditos que tinham uma profissão. e) Desejavam a difusão de informações, sem, entretanto, promover o desenvolvimento do espírito crítico. 2. O Iluminismo também está relacionado ao surgimento de um pensamento econômico chamado libera- lismo, antagonista do mercantilismo. Assinale a alternativa em que consta uma característica do mercantilismo e uma característica do liberalismo: a) liberdade de comércio – protecionismo b) metalismo – tributação das exportações c) livre comércio – controle do comércio d) balança comercial favorável – monopólio de comércio X e) metalismo – liberdade de comércio 3 Objetivos • Resgatar o pensamento dos filósofos iluministas. • Confrontar os conceitos iluministas com o contexto colonial da América, especialmente da América portuguesa. • Identificar as causas que motivaram a Conjuração Mineira, destacando os objetivos dos conjurados. • Compreender os fatores que motivaram a Conjuração Baiana em 1798, destacando os obje- tivos dos integrantes desse movimento. • Relacionar os movimentos ocorridos em Minas Gerais e na Bahia, identificando semelhanças e diferenças. • Compreender os elementos que fizeram esses movimentos terem grande importância para o Brasil Colônia. Objetivos O Iluminismo chega à América Na Europa, o século XVIII foi denominado Século das Luzes em decorrência das ideias liberais que se propa- garam e influenciaram movimentos contra a permanência do Antigo Regime. Durante esse mesmo século, as ideias do Iluminismo atravessaram o Oceano Atlântico e repercutiram entre os colonos da América, sendo bem recebidas por alguns grupos sociais que utilizaram esse pensamento como base para pedir mudanças na sociedade colonial. Influência iluminista no Brasil Durante o século XVIII, o Brasil Colônia não contava com universidades ou escolas superiores de qualquer tipo. A primeira instituição de ensino superior foi criada apenas em 1808, diferente- mente do que ocorreu na América espa- nhola, onde as primeiras universidades foram fundadas no século XVI. Nas co- lônias inglesas, elas surgiram durante o século XVII. A falta ou escassez de escolas e universidades no Brasil Colônia levou os filhos da elite a estudar na Europa. Geralmente, esses indivíduos iam para Coimbra, onde cursavam Direito, ou para Paris, onde cursavam Medicina. Muitos deles, influenciados pelas ideias iluministas, voltavam para a Colônia questionando as determinações metropolitanas e a falta de liberdade. Em muitos casos, eles se tornavam também difusores de publicações consideradas proibidas por conterem críticas ao governo metropolitano, além de ideias liberais. Leia este texto acerca do controle que Portugal exercia sobre os colonos. BERTICHEM, Pieter Godfred. Alfândega do Rio de Janeiro. Século XIX. 1 gravura, color. In: RENSBURG, E. (Pub.). O Brasil pitoresco e momumental. Rio de Janeiro. 1856. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. A alfândega do Rio de Janeiro controlava e tributava os produtos que eram exportados e importados. Até mesmo a circulação de cultura era controlada pela Coroa portuguesa. Interpretando documentos Nos séculos XVII e XVIII, o governo central português colocou-se como um sólido muro entre o Brasil e o resto do mundo. Todos os intercâmbios oficiais exigiam baldeação em Lisboa. [...] havia apenas um caminho oficial entre o Brasil e o mundo exterior: os produtos brasileiros precisavam passar pela alfândega, e as pessoas, pela burocracia da Corte – até mesmo para se educar. Os mes- mos mecanismos funcionavam na direção inversa. Mercadorias de diversas praças chegavam ao Brasil, num fluxo sempre controlado de perto pelos agentes metropolitanos. Como no interior do continente as fronteiras terrestres eram extensas e escapavam ao controle efetivo das autoridades centrais, pelo sertão sempre ocorreram trocas com outros governos e com vizinhos, sobretudo os espanhóis da região platina. CALDEIRA, Jorge. História da riqueza do Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017. p. 203. © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, R io d e Ja ne iro 8o. ano – Volume 24 Aprofundamento de conteúdo para o professor.3 Sugestão de abordagem de atividade e gabarito. 4 Após a leitura do texto, responda no caderno às questões a seguir. 1. De que maneira a Coroa portuguesa exercia controle sobre a economia e a educação no Brasil Colônia? 2. Por que Portugal estabelecia esses controles? 3. De que maneiras os colonos buscavam fugir do controle da Metrópole? A emancipação política das Treze Colônias Inglesas da América, em 1776, serviu de incentivo para aqueles que lutavam pelo fim da exploração econômica imposta por Portugal. No Brasil, ocorreram diversas revoltas de caráter colonial nos três séculos de dominação portuguesa. Entre- tanto, de maneira geral, esses movimentos não buscavam ou propunham o fim dos laços coloniais. Ao contrá- rio, lutavam pela melhoria de algum aspecto da vida, mas sem manifestar falta de lealdade ou de afetividade para com o soberano português. Esses são alguns dos motivos que tornaram os movimentos que estudaremos a seguir tão importantes na história colonial. Conjuração Mineira Na Capitania das Minas Gerais, estava a maior concentração populacional da Colônia – cerca de 300 mil habitantes na segunda metade do século XVIII. A produção aurífera foi responsável por atrair grande parte desses moradores. Essa população era formada por mineiros, comerciantes, profissionais liberais (advogados e médicos, por exemplo), escravizados e trabalhadores livres. A Conjuração Mineira, que ocorreu em 1789, não foi a primeira revolta da Capitania das Minas Gerais. Entre 1707e 1709, a região foi palco da Revolta dos Emboabas e, em 1720, ocorreu a Revolta de Vila Rica. Essa capi- tania tinha tanta riqueza concentrada, que despertava interesses diversos e, muitas vezes, contraditórios entre seus habitantes e autoridades. ENDER, Thomas. Mineiros em uma loja do Rio de Janeiro. 1817-1818. 1 lápis aquarelado, 18,2 cm × 28,3 cm. Academia de Belas-Artes de Viena, Viena. © Fu nd aç ão C as a de R ui B ar bo sa , R io d e Ja ne iro SCHMIDT, H. Gold. Carro de boi transportando escravos. 1895. 1 aquarela. Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro. No século XVIII, a sociedade mineira era formada por um grupo de colonos que havia enriquecido com a mineração (ou ainda com a intensa atividade comercial) após a descoberta de ouro na Capitania das Minas Gerais no fim do século XVII. A maioria da população da Região das Minas era de africanos ou afrodescendentes, escravizados ou livres. Estes não foram incluídos nos objetivos do movimento que desejava liberdade em relação à Metrópole. ©Shutterstock/Fokin Ihor © Ac ad em ia d e Be la s- Ar te s d e Vi en a, Áu st ria História 5 Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 Aprofundamento de conteúdo para o professor.6 Sugestão de abordagem do conteúdo. 7 Leia este texto sobre as condições da sociedade mineira às vésperas da Conjuração Mineira. Minas Gerais foi, por um período de 50 a 100 anos, o lugar mais rico de todas as Américas. Muito mais do que qualquer província espanhola, do que as colônias francesas, ou mesmo, de algum daqueles 13 estados de língua inglesa recém-declarados independentes. [...] Ainda assim, quase todos os impostos iam para a Coroa. Literalmente. Para que sua majestade decidisse o que fazer. O Estado não era formado pelo povo. O Estado era a rainha e, o povo, súdito. Obediente. DORIA, Pedro. 1789: a história de Tiradentes e dos contrabandistas assassinos e poetas que lutaram pela independência do Brasil. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017. E-book. A extração do ouro recebeu grande atenção da Coroa portugue- sa, que organizou uma rigorosa estrutura de tributação. A extração de diamantes era monopolizada pela Coroa e ocorria sob o controle direto dos administradores metropolitanos. A segunda metade do século XVIII foi marcada pelo declínio da produção aurífera na região. O ouro e os diamantes extraídos dos rios escasseavam, e as jazidas localizadas há vários metros do solo demandavam maiores investimentos e tecnologia, dificultando a extração. A Coroa portuguesa, no entanto, suspeitava que a diminuição dos tributos recolhidos era causada pelo contrabando de ouro e de diamantes. A solução encontrada por Portugal foi intensificar ainda mais a fiscalização sobre a região. Na busca por aumentar a dependência da Colônia em relação aos produtos que vinham da Metrópole, em 1785, um alvará proibiu indústrias ou manufaturas na Região das Minas, com exceção das que produziam tecidos grosseiros, que eram utilizados como embalagem de mercadorias ou para a confecção de vestimentas para os escravizados. Em 1788, chegou à região um novo governador, o Visconde de Barbacena, com a tarefa de garantir a cobran- ça anual de 100 arrobas de ouro (equivalente a 1 500 quilos). Essa cobrança, conhecida como derrama, muitas vezes ocorria de forma violenta. A respeito dos habitantes da Colônia, um documento do Conselho Ultramarino, de 1732, afirmava: “As riquezas fazem aqueles homens soberbos, inquietos, mas sofridos e desobedientes, e este dano é inevitá- vel”. Por sua vez, o então governador das Minas, Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar, descreveu a população da região mineradora do país como pessoas tão intratáveis que até mesmo as nuvens daquela localidade “vomitavam insolências”. De acordo com a leitura, responda às questões: 1. De que forma os moradores da Colônia eram vistos por integrantes da administração portuguesa? Eram vistos como arrogantes e desobedientes. 2. A administração portuguesa considerava a possibilidade de ocorrerem movimentos de revolta na Colônia? Por quê? Sim, porque a visão da Coroa era a de que os colonos mineiros eram desobedientes e esse dano era “inevitável”, ou seja, havia uma perspectiva de que a região poderia ser palco de revoltas contra a Metrópole. Interpretando documentos alvará: resolução assinada pelo soberano. VOLK, Vanessa. Museu da Casa dos Contos, em Ouro Preto. 2014. 1 fotografia, color. Nesse edifício funcionava a Casa de Fundição de Vila Rica (Ouro Preto), onde ocorria a quintagem do ouro e a arrecadação de impostos para a Coroa portuguesa. © Fo to ar en a/ Va ne ss a V ol k 8o. ano – Volume 26 As ideias iluministas de crítica ao poder absolutista, que visavam ao benefício de alguns grupos (nobreza e clero) em detrimento dos interesses da população, atingiram um grupo particularmente sensível a esse pensa- mento, que vivia na cidade de Vila Rica (Ouro Preto, na atualidade). A conjuração, portanto, foi iniciada com a pretensão de estabelecer um governo formado pelo povo e, para isso, seria necessário conseguir a emancipação política em relação a Portugal. 1. Procure no dicionário as seguintes palavras e anote os respectivos significados no caderno. Organize as ideias conjuração – emancipação – inconfidência 2. Após conhecer os significados desses três vocábulos, responda a estas questões: a) Muitos autores utilizam o termo “inconfidência” para se referir a um movimento iniciado na Região das Minas Gerais. Qual a diferença entre utilizar a expressão “conjuração mineira” e a expressão “inconfidência mineira”? b) Para os integrantes da elite de Vila Rica, o que significaria se emancipar de Portugal? Os conjurados Os conjurados formavam um grupo bem variado – havia integrantes das milícias, da Igreja e da administração colonial. A maior parte deles tinha em comum o fato de ter enriquecido com a atividade mineradora. Entre eles, destacaram-se o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, principal comandante militar da Capitania das Minas Gerais. Em sua casa, foi realizada a maioria das reuniões do grupo. Ou- tros participantes eram Tomás Antônio Gonzaga, poeta e ouvidor-geral de Vila Rica, Cláudio Manuel da Costa, poeta e advogado, e Joaquim Silvério dos Reis, contratador. Também pertencente ao movimento era o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes. Ele foi o único integrante condenado à morte e, posteriormente, foi transformado em mártir. Tiradentes era dono de uma fazenda de gado entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais e pro- prietário de cinco escravizados. Não estudou, mas sabia ler e escrevia com desenvoltura. De- senvolveu habilidades na extra- ção de dentes e no uso de ervas medicinais, as quais vendia em uma botica de sua propriedade. MUSEU Casa dos Inconfidentes, Ouro Preto. 1 fotografia, color. A “casa dos inconfidentes” é apontada como local de encontro dos insurgentes mineiros no fim do século XVIII. Atualmente, o local abriga o Museu Casa dos Inconfidentes com documentos e objetos da época. ©Ministério Público de Minas Gerais História 7 Sugestão de abordagem de conteúdo e gabarito. 8 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 9 Os motivos que levaram esses indivíduos a se colocarem contra Portugal foram a rigorosa política metropo- litana que ignorava a realidade local, os altos impostos e a derrama, além da penúria em que viva grande parte da população. Os conjurados desejavam estabelecer uma comunidade de Estados independentes na Região das Minas Gerais, com autonomia legislativa. Eles almejavam a formação de uma República livre e politicamente autônoma no território da Colônia, com capital na cidade de São João del-Rei. Além disso, queriam o fim do monopólio sobre a exploração dos dia- mantes e o cancelamento das dívidas dos mineiros com a Coroa portuguesa. Visavam ainda à criação de uma universidade na cidade de Vila Rica,principal sede do movimento. As ideias defendidas por eles foram propagadas por toda a Capitania – Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, destacou-se como propagandista das ideias emancipatórias. Os conjurados planejavam deflagrar o movimento na ocasião da cobrança da derrama, marcada para feve- reiro de 1789, em Vila Rica. Entretanto, foram frustrados em decorrência do recuo de um dos membros do mo- vimento, Joaquim Silvério dos Reis, que acabou delatando às autoridades os planos de revolta. Com a delação, o movimento foi sufocado. A esse respeito, leia o fragmento a seguir. OSVALD, Carlos. Bandeira da Inconfidência – 1789: os inconfidentes. 1939. 1 óleo sobre tela, color., 130 cm × 76 cm. IEPHA de Minas Gerais, Belo Horizonte. Os conjurados elaboraram uma bandeira para a República que queriam formar. Essa bandeira continha um triângulo no centro, que simbolizava as ideias de liberdade, fraternidade e igualdade. No entorno do triângulo, a inscrição Libertas, quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia), versos de Virgílio, poeta romano do século I a.C. O início da derrama estava marcado para fevereiro de 1789. Os inconfidentes aguardavam-na ansiosamente para iniciar a revolta. Mas o governador da capitania decidira esperar um pouco mais antes de determinar a cobrança dos impostos atrasados. Preocupado com o atraso, Tiradentes viajou para o Rio de Janeiro. Durante sua viagem, conti- nuou a fazer propaganda para convencer as pessoas a participarem do movimento que estava para © In st itu to E st ad ua l d o Pa tri m ôn io H ist ór ic o e Ar tís tic o de M in as G er ai s 8o. ano – Volume 28 Sugestão de atividades. 10 explodir. Uma das pessoas que encontrou pelo caminho foi Joaquim Silvério dos Reis. Tiradentes passou-lhes as últimas informações. [...] Em 15 de março, Joaquim Silvério dos Reis revelou ao governador todos os detalhes e prepa- rativos da revolta. [...] Sabendo de tudo, Barbacena resolveu dar um golpe de morte na conspiração: passada uma semana, suspendeu a derrama. [...] Suspensa a cobrança dos impostos atrasados, o movimento perdeu sua força. E sem a mobili- zação do povo, não era possível levar adiante os planos elaborados. A revolta chegara ao fim sem ter começado. PARREIRAS, Antônio. Jornada dos mártires. 1928. 1 óleo sobre tela, color., 200 cm × 365 cm. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora. • A obra retrata a derrota dos envolvidos na Conjuração Mineira pela Coroa portuguesa, levados em marcha pelas ruas de Minas Gerais sob os cuidados de membros das tropas reais. ANASTASIA, Carla. Inconfidência mineira. São Paulo: Ática, 1997. p. 32. Após a delação, a Coroa portuguesa mandou prender todos os envolvidos e iniciou um processo de investi- gação. Após três anos de interrogatórios, as sentenças foram dadas pela rainha D. Maria I de Portugal. As punições variaram de acordo com o acusado. Alguns foram degredados (banidos) para a África, outros foram enviados à prisão perpétua em Portugal. Tiradentes, que se declarou líder do movimento, foi condenado à forca e ao esquartejamento. Enforcado no Largo da Lampadosa (atual Praça Tiradentes), no Rio de Janeiro, em 1792, a pena dada a Tiradentes deveria servir de alerta a outros que tentassem revoltas contra a Metrópole. ©Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora História 9 Aprofundamento de conteúdo para professor. 11 Conexões Observe a reprodução desta obra de arte: FIGUEIREDO, Aurélio de. Martírio de Tiradentes. 1893. 1 óleo sobre tela, color., 57 cm × 45 cm. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro. O alferes Tiradentes, envolvido na Conjuração Mineira, recebeu a pena mais severa. Os momentos que antecedem sua execução foram retratados cem anos depois pelo artista Aurélio de Figueiredo. Você já parou para pensar sobre a origem de alguns feriados do Brasil, como o do dia 21 de abril, quando se comemora o Dia de Tiradentes? Entender a origem e os motivos da inclusão de alguns feriados no calendário nacional nos auxilia a compreender determinados epi- sódios da história brasileira. A respeito desse tema, busque informações sobre os questiona- mentos a seguir. 1. Como são escolhidos os feriados no Brasil? Os feriados são datas em que são comemorados acontecimentos (ou fatos) de ordem cultural, histórica ou social e relevantes para a sociedade. Eles podem ser nacionais, estaduais e municipais – de maneira que eventos importantes apenas para determinadas localidades possam ser celebrados e valorizados. Os feriados podem ser civis (declarados em lei federal) ou religiosos (como Natal e Páscoa). As datas podem ser propostas pela sociedade civil e então aprovadas pelos representantes políticos. 2. Em que ano foi criado o feriado do dia 21 de abril em homenagem a Tiradentes? O que acontecia na história política do país nesse período? A data se refere ao dia da morte de Tiradentes, que ocorreu em 21 de abril de 1792. O feriado foi criado em 1890, um ano após a Proclamação da República no Brasil. 3. De que forma os acontecimentos políticos no Brasil da época influenciaram na criação desse feriado? A Proclamação da República era vista como a implantação de uma forma de governo mais moderna e voltada para os anseios dos brasileiros. Assim, a ideia de mostrar Tiradentes – o homem que sofreu uma severa punição por participar de um movimento emancipacionista na Região das Minas Gerais – como um mártir da nação visava reforçar a ideia de separação em relação a Portugal. Com isso, também se pretendia criar um sentimento de unidade entre os brasileiros, que passavam a ter em comum um herói, que havia morrido em defesa da emancipação. © M us eu H ist ór ic o Na ci on al , R io d e Ja ne iro 8o. ano – Volume 210 Sugestão de abordagem de conteúdo e gabarito. 12 Conjuração Baiana O fim da Conjuração Mineira não representou o fim dos ideais republicanos no Brasil Colônia, muito menos o fim das ideias separatistas em relação a Portugal. No ano de 1798, outra revolta contra a Metrópole ocorreu no Brasil, dessa vez em Salvador, e contou com a participação de escravizados, comerciantes, artesãos, membros de baixa patente dos Corpos de Ordenanças, além de afrodescendentes livres. Por haver alguns alfaiates na liderança do movimento, recebeu também o nome de Revolta dos Alfaiates. Os conjurados baianos tomaram como inspiração a Revolução Francesa, iniciada em 1789 e que havia aca- bado com o regime absolutista na França, e a luta pela independência da colônia francesa do Haiti, que teve início em 1791 e foi liderada pelos escravizados. Internamente, o movimento foi motivado pela crise econômica pela qual passava a capitania, em especial depois da transferência da capital da Colônia de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Além disso, a popu- lação sofria com os altos impostos e com o predomínio de portugueses no comércio da Bahia. O descontenta- mento social aumentou com a falta de alimentos na região, ocasionada pela redução do cultivo de alimentos de subsistência para a plantação de cana-de-açúcar, produto mais valorizado naquele momento. Diante de toda essa situação, em 1798, panfletos começaram a aparecer em Salvador, colados na porta de igrejas e casas comerciais, defendendo um governo republicano. DECLARAÇÃO dos princípios revolucionários [...] e a relação dos que compartilham deles. 1798. 1 panfleto. Arquivo Público da Bahia. Os panfletos foram usados para promover ideias entre a população durante a Conjuração Baiana. Eles eram muito diferentes dos materiais impressos que conhecemos na atualidade. Muitas vezes, eram manuscritos e pregados em locais públicos. Arquivo Público da Bahia. Aviso ao Povo bahiense Ó vós Homens cidadãos; ó vós Povos curvados, e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus Ministros. Ó vós Povo que nascestes para seres livres e para gozardes dos bons efeitos da liberdade, ó vós povos que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado,esse mesmo Rei que vós criastes; esse mesmo Rei tirano é quem se firma no trono para nos vexar, para nos roubar e para vos maltratar. Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição, sim, para ressuscitar- des do abismo da escravidão, para levantardes a Sagrada Bandeira da Liberdade. DEL PRIORE, Mary. Ao sul do corpo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p. 38. Os panfletos se valiam de uma linguagem fácil e direta, com o objetivo de incitar o povo a aderir à ideia de separação da Metrópole. De acordo com os integrantes do movimento, o povo deveria ter atuação política. Um dos diferenciais do movimento foi a reivindicação da libertação dos escravizados. © Ar qu iv o Pú bl ic o do E st ad o da B ah ia (A PE B) História 11 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 13 Sugestão de abordagem do conteúdo.14 Hora de estudo 12 Cotidiano Você estudou que os panfletos eram um dos meios de garantir a propagação de ideias entre as pessoas. Quando impressos, isso era feito clandestinamente, uma vez que a imprensa não era permitida no Brasil, o que só ocorreu no começo do século XIX. • Atualmente, quais são os meios e os recursos usados no convencimento e na mobilização de pessoas acerca de alguma ideia ou causa? • Como é possível fazer uso desses recursos de forma responsável e em prol do bem? 1. (ENEM) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contestação política na América portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua decorrência. JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000. A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de a) eliminar a hierarquia militar. X b) abolir a escravidão africana. c) anular o domínio metropolitano. d) suprimir a propriedade fundiária. e) extinguir o absolutismo monárquico. Os conjurados baianos estavam preparados para uma ação armada, a qual não aconteceu. A circula- ção dos panfletos fez com que as autoridades agis- sem para conter a revolta. Tal qual a Conjuração Mineira, o levante foi conti- do pelo governo metropolitano, que prendeu parte significativa dos conjurados durante uma reunião. Luís Gonzaga das Virgens e Domingos da Silva Lis- boa foram presos e delataram outros envolvidos. Os indivíduos considerados líderes do movimen- to, todos afrodescendentes, foram condenados à morte por enforcamento em novembro de 1799. Al- guns membros, provenientes de classes mais altas, tiveram penas mais brandas, como a prisão. PRAÇA da Piedade, Salvador. Século XIX. 1 fotografia, p&b. • Nessa praça da cidade, os condenados da Conjuração Baiana fo- ram executados ©Wikimedia Commons/Fotógrafo desconhecido 12 Sugestão de abordagem da atividade e sugestão de atividades. 15 Orientações para a resolução.16 2. Neste capítulo, você estudou as relações entre o Iluminismo e os dois movimentos que ocorreram no Brasil – a Conjuração Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). Sobre esse conteúdo, complete a cruzadinha a seguir. a) Os filósofos iluministas acreditavam no uso da razão para a resolução dos problemas da humanidade. b) A liberdade de pensamento e de ação era um dos valores defendidos pelos iluministas. c) Os filósofos iluministas eram contrários aos governos absolutistas europeus. d) O contato de colonos com os ideais iluministas se deu por meio do estudo dos filhos das famílias da elite colonial nas metrópoles europeias. e) As revoltas coloniais brasileiras do fim do século XVIII diferenciavam-se de movimentos anteriores porque visavam ao rompimento definitivo com a Coroa portuguesa. f) Um dos motivos do início da Conjuração Baiana foi uma crise na produção de gêneros alimentícios que atingiu a região. g) Entre as reivindicações da Conjuração Mineira, estava a proclamação de uma república . h) O membro da Conjuração Mineira mais severamente punido pelas autoridades portuguesas foi Tiradentes . i) Diferentemente da Conjuração Mineira, em que a maioria dos envolvidos pertencia à elite, a Conjura- ção Baiana foi realizada pelos mais humildes . j) A Conjuração Mineira foi chamada de Inconfidência Mineira pelas autoridades portuguesas. a) F I L Ó S O F O S b) L I B E R D A D E c) A B S O L U T I S T A S d) M E T R Ó P O L E S e) R O M P I M E N T O f) A L I M E N T í C I O S g) R E P Ú B L I C A h) T I R A D E N T E S i) H U M I L D E S j) I N C O N F I D Ê N C I A 3. Retome a página inicial deste capítulo e responda a esta questão: Por que as ideias iluministas contradi- ziam a organização política e econômica do Brasil Colônia? As ideias iluministas se contrapunham à organização administrativa da Colônia, visto que tal administração estava embasada em um poder monárquico e centralizado, na desigualdade social e no estabelecimento de monopólios comerciais. 13 6 © Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s A chegada dos peregrinos às Treze Colônias foi marcada por dificuldades. Muitas vezes, essas pessoas são retratadas de maneira quase heroica, com ênfase no esforço e no sacrifício que fizeram ao partir da Europa para uma terra estranha. Observe essa reprodução de uma obra de Peter Frederick Rothermel e, com o auxílio de um colega, responda a esta questão: • Para os peregrinos, era uma decisão fácil iniciar uma nova vida na América? Justifique a sua resposta destacando elementos presentes na obra. Independência dos Estados Unidos da América • Essa obra retrata os peregrinos chegando em Plymouth Rock, Massachusetts, em 1620 ROTHERMEL, Peter F. O desembarque dos peregrinos. Século XIX. 1 gravura, color. Biblioteca do Congresso, Washington, D.C. 14 Justificativa da seleção de conteúdos.1 Orientação para a realização da atividade e gabarito.2 Objetivos Para iniciarmos os estudos sobre a emancipação política das Treze Colônias, é necessário relembrarmos a colonização inglesa na América e a organização dessas colônias a partir do século XVII. Organize as ideias O mapa a seguir representa as Treze Colônias inglesas. Colônias inglesas na América Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 62-63. Adaptação. As Treze Colônias e o Comércio Triangular Como você já estudou, as Treze Colônias Inglesas apresentaram uma colonização bastante diferente das colônias espanhola e portuguesa na América. Se para os ibéricos era importante controlar as terras coloniais e extrair riquezas e bens, nas Treze Colônias a situação foi outra e, de maneira geral, a relação com a Metrópole era muito mais branda, com pouca interven- ção inglesa nos assuntos coloniais. Sendo assim, os colonos puderam se organizar, econômica e politicamente, de forma mais livre no território colonial. Com base na leitura do mapa e nos estudos a respeito da colonização inglesa na América, re- lacione as principais ca- racterísticas econômicas, políticas e sociais das: a) Colônias do Norte; b) Colônias do Sul. Lu ci an o Da ni el Tu lio 15 Objetivos • Resgatar as diferenças políticas, econômicas e sociais entre as Colônias inglesas do Norte e do Sul. • Identificar os fatores que fizeram a Metró- pole aumentar a vigilância sobre as Treze Colônias durante o século XVIII. • Relacionar as ideias iluministas ao processo de emancipação política das Treze Colônias. • Compreender as principais características e as etapas do processo de emancipação política das Treze Colônias Inglesas da América. • Destacar a importância da Declaração da Independência e os resultados obtidos pelos colonos com o fim da guerra pela independência. Objetivos Orientaçõesao professor. 3 Sugestão de abordagem de atividade e gabarito. 4 Apesar de estarem sujeitos ao Pacto Colonial, os colonos realizavam comércio entre as Colônias e também com o Caribe e com a África. Esse tipo de comércio, desenvolvido pelas Colônias do Norte, ficou conhecido como Comércio Triangular. Fontes: ALBUQUERQUE, Manuel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 63-64. Adaptação. KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008. Adaptação. O Comércio Triangular pode ser descrito, simplificadamente, como a compra de cana e mela- do das Antilhas, que seriam transformadas em rum. A bebida obtinha fáceis mercados na África, para onde era levada por navios da Nova Inglaterra e trocada, usualmente, por escravos. Esses escravos eram levados para serem vendidos nas fazendas das Antilhas ou nas colônias do sul. Após a venda, os navios voltavam para a Nova Inglaterra com mais melado e cana para a produ- ção de rum. Era uma atividade altamente lucrativa, entre outros motivos por garantir que o navio sempre estivesse carregado de produtos para vender em outro lugar. O Comércio Triangular também poderia envolver a Europa, para onde os navios levavam açú- car das Antilhas, voltando com os porões repletos de produtos manufaturados. KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2017. p. 56-57. 1. Sobre o Comércio Triangular, leia as afirmativas e assinale as corretas. a) O Comércio Triangular era regulado pela Inglaterra, que se beneficiava com as taxas cobradas dos comerciantes. X b) O nome Comércio Triangular deriva do fato de que envolvia três pontos do Atlântico: as Antilhas, a África e a América do Norte. X c) As rotas dos navios formavam um triângulo comercial no Atlântico. d) Tal comércio favorecia apenas as Colônias do Sul que necessitavam de mão de obra escravizada para o trabalho na monocultura. e) O Comércio Triangular era um dos objetivos da Metrópole inglesa desde o início da chegada dos primeiros colonos. Organize as ideias O Comércio Triangular Ta lit a Ka th y Bo ra 8o. ano – Volume 216 Sugestão de análise do mapa. 6 Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 Antecedentes da independência As Treze Colônias Inglesas, apesar de administradas por representantes indicados pela Metrópole, dispu- nham de certa autonomia política e econômica. Contudo, desde o fim do século XVII, a Inglaterra se envolveu em uma série de conflitos na Europa, que exigiram do governo inglês mais dinheiro para a manutenção dos exércitos. Um desses conflitos foi a Guerra dos Sete Anos. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) envolveu França e Inglaterra, além de vários outros reinos europeus que se aliaram a franceses ou a ingleses. A causa fundamental foi a disputa por territórios entre as potências europeias no próprio continente, na América, na África e na Ásia. A disputa pelas principais rotas comerciais também contribuiu para a ampliação do conflito. A Inglaterra saiu vencedora e tomou terras americanas que anteriormente pertenciam à França, loca- lizadas onde na atualidade é o Canadá. Na América, os colonos lutaram ao lado dos soldados ingleses e comemoraram a vitória da Inglaterra. © Ga le ria N ac io na l d o Ca na dá , O tta w a WEST, Benjamin. A morte do general Wolfe. 1770. 1 óleo sobre tela, color., 151 cm × 213 cm. Galeria Nacional do Canadá, Ottawa. Nessa obra, Benjamin West retrata a morte do major-general inglês James Wolfe nas Planícies de Abraão, próximas a Quebec. O tenente Henry Browne empunha a bandeira britânica acima do moribundo. O nativo retratado no lado esquerdo da tela reforça a ideia de participação de grupos de nativos, que lutaram ao lado de franceses ou ingleses no conflito entre as metrópoles. Outro ponto a destacar foi a semelhança entre o combalido James Wolfe e Cristo após ter sido retirado da cruz. Com isso, o artista tentou mostrar o major-general britânico não só como um herói de guerra, mas como alguém que lutou pelo bem e pagou o preço. Mesmo sendo vencedora do conflito e ampliado seu império colonial, a Inglaterra teve sua economia abala- da. Os cofres ingleses contavam com uma dívida de 128 milhões de libras esterlinas. Esse contexto levou a Metrópole a exigir das Treze Colônias o cumprimento do Pacto Colonial, além de aumentar os impostos. As imposições metropolitanas para o cumprimento desse pacto aumentaram o descon- tentamento no território colonial. História 17 A decisão de manter exércitos ingleses nas Treze Colônias após o fim da Guerra dos Sete Anos marcou o início definitivo dos conflitos entre Inglaterra e América colonial inglesa. Além de ocorrer um aumento da fis- calização e da vigilância, os colonos foram obrigados a arcar com uma despesa de 400 mil libras para sustentar os soldados ingleses. As ideias defendidas por John Locke a respeito de um governo justo alertaram os colonos sobre a exploração metropolitana que estavam sofrendo. Leis inglesas e a reação colonial Visando sanar o déficit na economia, o governo britânico resolveu efetivar as determinações do Pacto Co- lonial, colocando em prática a proibição do Comércio Triangular. Além disso, aumentou o valor dos impostos e criou novas taxações com o objetivo de diminuir os problemas financeiros da Metrópole. A primeira dessas taxações foi a Lei do Açúcar, de 1764, que reduzia em 50% o imposto sobre o melaço estrangeiro. Essa notícia seria boa para os colonos se não fosse o fato de que, em contrapartida, estabelecia impostos adicionais sobre vários outros produtos, como açúcar, café, roupas brancas, sedas, vinho e artigos de luxo. Tal lei ainda previa que mercadorias produzidas pelos colonos deveriam ser vendidas exclusivamente para a Inglaterra, respeitando o monopólio de comércio. Para fazer valer a lei, a Inglaterra instituiu uma corte na América com o intuito de fazer fiscalizações, o que desagradou aos colonos mais uma vez. Como forma de protesto à Lei do Açúcar, os colonos boicotaram os produtos ingleses, ou seja, passaram a não comprá-los. No ano seguinte, em 1765, foi a vez da Lei do Selo, que exigia o uso de papel timbrado especial para todos os documentos públicos (jornais, cartazes, contratos e até mesmo cartas de baralho). Assembleias coloniais foram convocadas e declararam ilegal a nova lei. Após intensos protestos dos colonos, que se autodenomina- ram Filhos da Liberdade, a lei foi revogada pelo Parlamento em 1766. Em 1767, o ministro inglês Charles Townshend impôs uma nova série de impostos que ficou conhecida como Atos Townshend. Eles determinaram taxações sobre a tinta, o chumbo, o vidro, o papel e o chá (cujo consu- mo era um hábito arraigado entre os colonos). Esses atos previam até mesmo o direito do confisco de cargas de qualquer mercador que infringisse a tributação. Previam ainda mudan- ças políticas para as Colônias, incluindo o pa- gamento dos governadores locais diretamente pelo governo britânico, o que reforçava a auto- ridade inglesa na região. Cada vez mais, os colonos evitavam os produtos ingleses em favor dos produzidos localmente. Além da atuação dos Filhos da Li- berdade, as mulheres organizaram o grupo das Filhas da Liberdade e produziram panos caseiros para evitar a compra de tecidos de lã ingleses. © M us eu B rit ân ic o, Lo nd re s DAMAS da sociedade de senhoras patriotas de Edenton, Carolina do Norte. 1775. 1 gravura sobre papel, color., 35,5cm × 25,4 cm. Museu Britânico, Londres. A participação das mulheres em todo o processo de luta contra o aumento da política mercantilista inglesa foi marcante. Elas criaram grupos que promoviam reuniões para propagar os ideais de liberdade, confeccionavam propagandas para difusão desses ideais e, ainda, boicotavam os produtos ingleses. 8o. ano – Volume 218 Aprofundamento de conteúdo para o professor.7 Diante da reação dos colonos, as leis foram novamenterevogadas poucos anos depois, exceto a do chá. A Lei do Chá (1773) prejudicava de forma significativa o comércio interno, já que muitos comerciantes se ocupavam em comercializá-lo entre as colônias inglesas. Para demonstrar desprezo por essa medida, além de boicotar o chá trazido à América pela Companhia de Comércio das Índias Orientais, manifestantes do grupo Filhos da Liberdade organizaram, em 16 de dezembro de 1773, uma invasão aos navios dessa companhia que estavam atracados no Porto de Boston. Ali, fantasiados de indígenas, os manifestantes despejaram todo o car- regamento de chá inglês no mar. Reflita sobre as questões a seguir e anote as respostas no caderno. 1. Qual é a relação entre a Guerra dos Sete Anos e a mudança na administração das Treze Colônias Inglesas? 2. Quais as consequências para os colonos da obrigatoriedade do cumprimento do Pacto Colonial? 3. Qual foi o posicionamento do governo britânico diante dos protestos dos colonos? 4. Qual foi a reação dos colonos à decretação da Lei do Chá em 1773? Organize as ideias A imagem representa o protesto dos colonos contra o monopólio do comércio do chá concedido à Companhia de Comércio das Índias Orientais. Esse fator elevou substancialmente o preço do produto, que era bastante consumido em especial durante o inverno. Esse episódio ficou conhecido como Boston Tea Party (Incidente de Boston). Os ingleses consideraram esse protesto uma grande provocação e prometeram revidar ao insulto. Como resultado, em 1774, os ingleses decretaram as Leis de Coerção, que os colonos apelidaram de Leis Intoleráveis. Por meio delas, ordenou-se o fechamento do Porto de Boston. Os colonos foram obrigados a res- sarcir o prejuízo do chá e sofreram restrições quanto ao direito de reunião. A Inglaterra também estabeleceu as Leis de Aquartelamento, que determinavam que os soldados britânicos, responsáveis por garantir os direitos dos ingleses nas Treze Colônias, deveriam receber alimentação e acomodação dos colonos. Tal reação foi a forma que a Metrópole encontrou para mostrar que não aceitaria mais a insubordinação dos colonos. © W ik im ed ia C om m on s/ Na th an ie l C ur rie r CURRIER, Nathaniel. A destruição do chá no porto de Boston. 1846. 1 litografia, color. Arquivos Nacionais, Washington, D.C. História 19 Gabarito.8 Interpretando documentos Observe a ilustração a seguir, produzida por Paul Revere em 1774. Com base na imagem e no conteúdo estudado, responda a estas questões: a) O que representa a mulher contida no chão? b) O que representam as pessoas que seguram essa mulher? c) A que episódio a ilustração faz referência? d) Que crítica é feita nessa ilustração? © Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s REVERE, Paul. A América engolindo o chá amargo. 1774. 1 gravura sobre papel, p&b, 10,3 cm × 16,8 cm. Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. • Nessa representação, uma mulher é forçada a tomar chá Se as Treze Colônias estavam sob controle inglês, por que os colonos eram tão contrários às demandas e às decisões da Metrópole? Um fato que legitimava os protestos dos colonos era a ausência de representantes deles no Parlamento inglês. A expres- são “Sem representação não há tributação” passou a fundamentar esses protestos. As ações e as reivindicações dos colonos foram pautadas nas ideias do inglês John Locke, que, de modo irônico, ha- via influenciado a Revolução Gloriosa (1688) na Inglaterra. No século XVII, Locke vivenciou o fim do Absolutismo e a passagem para a monarquia constitucional e parlamentar na Inglaterra. Seus escritos, como a obra Tratados sobre o governo, foram de significativo impacto entre os séculos XVII e XVIII, em especial porque o autor defendia a ideia de que o governo devia estar a serviço do povo. Assim, a população seria efetivamente soberana e, caso fosse desrespeitada pelo governo, poderia destituí-lo. Além disso, Locke também pregava que um povo só poderia ser taxado caso tivesse elegido um representante que compactuasse com tal cobrança. Ou seja, sem representatividade legal, a cobrança de impostos sobre uma população não era vista como legítima. Os colonos da América inglesa basearam suas reclamações em grande parte nessa ideia. Para eles, era imprescindível terem assentos no Parlamento inglês e o direito de se oporem às decisões tomadas pela Metrópole quando injustas ou desfavoráveis a eles. 8o. ano – Volume 220 Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito. 9 Processo de emancipação política Em 1774, foi organizado o Primeiro Congresso Continental, na Filadélfia, reunindo 12 das 13 colônias (apenas a Geórgia não mandou representantes). Nessa ocasião, foi direcionada ao rei inglês uma petição contra as medidas inglesas. Contudo, o documento declarava, por fim, a lealdade dos participantes ao rei. Tratava-se de um claro indício de que a separação não era ainda um objetivo. A Inglaterra rejeitou a proposta do documento, e os colonos então organizaram grupos armados, chamados minutemen, que se prepararam para lutar. Realizado em 1775 também na Filadélfia, o Segundo Congresso Continental contou com a par- ticipação das Treze Colônias. Os integrantes chegaram à conclusão de que a separação era a única via possível. A decisão foi toma- da em 4 de julho de 1776, quan- do foi divulgada a Declaração da Independência. Independência declarada não era uma independência garantida. Havia um grande número de sol- dados ingleses entre os colonos, e a Inglaterra não estava disposta a perder suas colônias facilmente. A guerra pela independência se es- tendeu até meados da década de 1780. As tropas coloniais foram li- deradas por George Washington. Essa luta foi bastante difícil, levan- do-se em consideração a força da marinha britânica e a experiência dos ingleses em combate. Os colonos contaram também com a ajuda de espanhóis e fran- ceses. Os dois reinos europeus, inimigos da Inglaterra, auxiliaram os colonos com soldados e armas e mudaram os rumos do conflito, selando a vitória dos colonos em outubro de 1781. Em 1783, foi assinado o Trata- do de Paris, que finalizou as rela- ções coloniais entre os territórios estadunidenses e a Inglaterra. Esta reconheceu a independência dos Estados Unidos da América. LEUTZE, Emanuel G. George Washington atravessando o Rio Delaware. 1851. 1 óleo sobre tela, color., 378,5 cm × 647,7 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque. Nessa obra, George Washington é retratado de maneira heroica em meio à guerra pela independência dos Estados Unidos. Após o fim do conflito, Washington foi escolhido primeiro presidente do novo país. © M et ro po lit an M us eu m o f A rt, N ov a Io rq ue © W in te rth ur M us eu m , G ar de n an d Li br ar y, De la w ar e WEST, Benjamin. Comissários do acordo de paz preliminar com a Grã-Bretanha. 1783-1784. 1 óleo sobre tela, color., 72,3 cm × 92,0 cm. Museu Winterthur, Delaware. • Nessa imagem, vemos os representantes das colônias: John Jay, John Adams, Benjamin Franklin, Henry Laurens, William Temple Franklin. A obra ficou inacabada, pois os representantes da Inglaterra se recusaram a posar para o pintor. História 21 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 10 Sugestão de aborda- gem do conteúdo. 11 Interpretando documentos Leia o texto inicial da Declaração da Independência dos Estados Unidos, de 1776. Consideramos estas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são iguais, que são dotados pelo criador de certos Direitos Inalienáveis, que entre estes estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade. Que para garantir esses direitos são instituídos entre os Ho- mens Governos que derivam os seus justos poderes do consentimento dos governados; Que toda vez que uma forma qualquer de Governo ameace destruir esses fins, cabe ao Povo o Di- reito de alterá-la ou aboli-la e instituir um Novo Governo, assentando sua fundação sobre tais princípiose organizando-lhes os poderes de forma que pareça mais provável de proporcionar Segurança e Felicidade. DRIVER, Stephanie S. A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Tradução de Mariluce Pessoa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 61. Após a leitura do texto, faça o que se pede a seguir. 1. O que motivou os colonos a lutar por independência? 2. Que preceitos guiam a Constituição da nova nação formada com a independência? 3. Segundo o fragmento da Declaração de Independência, qual é a origem dos poderes dos governos? 4. Estabeleça a relação entre as ideias defendidas por John Locke e os ideais contidos na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Troca de ideias Leia o texto a seguir e observe a reprodução de uma obra de John Trumbull. Esses dois registros são documentos sobre a Declaração da Independência dos Estados Unidos. “Consideramos estas verdades au- toevidentes: que todos os homens são criados iguais, dotados pelo seu Cria- dor de certos Direitos inalienáveis, que entre estes estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”. Com essa única frase, Jefferson transformou um típico documento do século XVIII sobre in- justiças políticas numa proclamação duradoura dos direitos humanos. HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história. Tradução de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 13, 18. © Ya le U ni ve rs ity A rt Ga lle ry , N ew H av en • Essa obra de John Trumbull retrata a assinatu- ra da Declaração de Independência dos Estados Unidos, no dia 4 de julho de 1776. Nela, estão representadas as principais lideranças coloniais, como George Washington, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e John Adams TRUMBULL, John. Assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos. 1819. 1 óleo sobre tela, color., 30 cm × 45 cm. Galeria de Arte da Universidade de Yale, New Haven. 8o. ano – Volume 222 Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito. 12 Sugestão de abordagem da atividade e aprofundamento de conteúdo para o professor.13 © Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s Em grupo, discuta as seguintes questões com os colegas e elaborem um pequeno texto com suas conclusões. 1. O grupo representado na obra de Trumbull era integrado por todos os segmentos sociais presentes nas Treze Colônias? Justifique a sua resposta. 2. Os direitos fundamentais presentes na Declaração de fato tornaram todos iguais? Justifique a sua resposta. A fundação de uma nação A Declaração da Independência é um documento de suma importância para a história dos Estados Unidos e apresenta uma série de intenções dos colonos. Era preciso promover instrumentos que garantissem a forma- ção da nação com base na representação popular, ainda que, naquele momento, a palavra “povo” não tivesse o mesmo significado verificado na atualidade. O povo nesse período era formado por brancos e proprietários. Além da escolha da bandeira (na época com 13 estrelas), foi dada atenção à elaboração de uma Constitui- ção para o país. A Carta, ratificada em 1790 pelo Congresso, determinou a criação de uma república federalista presidencial, em que os agora estados tinham autonomia e mantinham a tradição vivida no território até então. Os debates a respeito da Constituição foram muitos e questionavam, principalmente, o papel do governo e sua centralização ou não quanto à autonomia dos territórios que até então formavam as Treze Colônias. Em 1791, foram feitas as primeiras 10 emendas na Carta e desde então a Constituição estadunidense per- manece a mesma até a atualidade. Ainda que a democracia estadunidense fosse seletiva e não universal, como se propunha, foi vista como uma das mais avançadas do mundo no final do século XVIII. MORAN, Edward P. O nascimento da nação. 1917. 1 gravura. Biblioteca do Congresso, Washington, D.C. • Essa imagem retrata o momento em que Betty Ross apresenta sua versão da bandeira estadunidense (com as estrelas de cinco pon- tas) ao então presidente George Washington História 23 Sugestão de abordagem do conteúdo. 14 Cotidiano Produto Imposto Agenda escolar 43% Água mineral 44% Batata 11% Borracha escolar 43% Chocolate 39% Feijão 17% Leite 19% Macarrão 18% Fonte: FIEP et al. Disponível em: <http:// www.fiepr.org.br/sombradoimposto/ veja-o-quanto-voce-paga-de- imposto-1-14466-115735.shtml>. Acesso em: 18 jul. 2018. Estudamos o impacto que o estabelecimento de impostos pela Metrópole inglesa causou para os colonos. Na atualidade, os governos determinam uma carga tributária sobre produtos e serviços e, no Brasil, isso não é diferente. Vamos calcular como alguns impostos incorrem no país? Sobre todos os produtos que consumimos incidem impostos, que são recolhidos pelo governo. Observe na tabela ao lado uma relação de alguns produtos de uso bastante frequente e o valor do imposto que recai sobre eles. 1. Para verificar o valor dos impostos que incidem sobre os pro- dutos do seu cotidiano, faça o que se pede. a) Escolha três produtos, entre os indicados, que sua família consuma com frequência. b) Pesquise o preço desses produtos. c) Anote a porcentagem de imposto que incide sobre cada produto escolhido. d) Calcule o valor do imposto que incide sobre o valor de cada produto. e) Anote o valor dos produtos sem o imposto. Produto Valor do produto Porcentagem do imposto Valor do imposto Valor do produto sem o imposto 2. Qual é objetivo da cobrança de impostos? O objetivo é arrecadar verba para manter a administração do Estado, o pagamento dos funcionários públicos e os servi- ços essenciais para a população (saúde, educação, segurança, infraestrutura, etc.). 3. A quantia arrecadada com os impostos é de fato utilizada para os fins que você citou na questão anterior? Justifique a sua resposta. Esperamos que os alunos afirmem que certamente parte da quantia é usada para os devidos fins. Entretanto, muito do valor arrecadado acaba sendo não empregado nos serviços essenciais à população e se perde. O emprego não racional do dinheiro público e as interrupções de projetos e benfeitorias também consomem o dinheiro arrecadado sem que ele seja revertido em prol da sociedade. É importante suscitar o debate a respeito do tema, tomando o cuidado para que questões político-partidárias não causem desavenças. 8o. ano – Volume 224 Sugestão de abordagem do conteúdo. 15 Nova Amsterdã As Treze Colônias foram fundadas por colonos vindos da Inglaterra, mas eles não foram os únicos a se insta- larem no território que seria posteriormente os Estados Unidos da América. Os holandeses também ocuparam terras no território colonial, sendo a mais conhecida a que daria origem à cidade de Nova Iorque, chamada na época de Nova Amsterdã. As vitórias dos holandeses sobre os portugueses, no século XVII, garantiram a eles que se instalassem no Nordeste brasileiro e ainda controlassem os pontos de tráfico de escravizados na África, antes nas mãos dos ibéricos. Com isso, os holandeses levaram africanos escravizados para as colônias inglesas. Os escravizados trazidos nesse primeiro momento – vindos de Angola e do Congo – vivenciaram uma experiência completamente diferente das gerações posteriores que os sucederam, como descreve o histo- riador Ira Berlin. Os homens e mulheres negros que entraram na Nova Holanda entre 1626 e a conquista in- glesa em 1664 exemplificavam a capacidade das pessoas de origem africana para se integrar na sociedade do continente durante o primeiro século de colonização, a despeito de sua condição de escravos e do desprezo dos governantes da colônia. [...] Os escravos da companhia usufruíam assim de uma grande margem de independência, que usavam para dominar a língua holandesa, comerciar livremente, acumular bens, identificar-se com o cristianismo reformado holandês e – o mais importante – estabelecer famílias. Durante a primeira geração, cerca de 25 casais se casaram na Igreja ReformadaHolandesa em Nova Amster- dã. Quando nasciam os filhos, seus pais também os batizavam. A participação na vida religiosa da Nova Holanda fornece apenas um indicador de como os crioulos do Atlântico dominavam rapidamente os labirintos sociais do novo continente. BERLIN, Ira. Gerações de cativeiro: uma história da escravidão nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 47-48. De acordo com o historiador Ira Berlin, os primeiros escravizados que foram levados às colônias inglesas tinham certa liberdade, autonomia e até mesmo alguns direitos. Com o passar do tempo e o aumento dessa mão de obra nas grandes plantações de tabaco e algodão, o tratamento dispensado a essas pessoas se modificou e se tornou muito mais desumano. © Fo to ar en a/ In te rfo to Outras histórias TAYLOR, Zachary. Escravos africanos durante a colheita de algodão nos Estados Unidos. 1 gravura em madeira, 1852. Biblioteca do Congresso, Washington, D.C. História 25 Sugestão de abordagem do conteúdo. 16 Hora de estudo 1. Preencha a linha do tempo do material de apoio com os principais acontecimentos do processo de independência das Treze Colônias Inglesas na América. 2. Explique o que foi o fechamento do Porto de Boston e de que maneira esse ato também incitou os co- lonos a lutar pela independência. O fechamento do Porto de Boston foi uma reação dos soldados britânicos a uma manifestação dos colonos contra as taxações impostas pela Inglaterra. O episódio serviu para desencadear uma propaganda abertamente contra as imposições metropolitanas. 3. Podemos afirmar que os ideais iluministas foram aplicados integralmente na Carta Constitucional dos Estados Unidos, promulgada em 1787? Justifique a sua resposta. Os ideais de liberdade e igualdade do movimento iluminista estavam totalmente presentes na Carta Constitucional. Porém, na prática esses direitos ficaram restritos aos homens brancos proprietários. 4. Elabore uma frase que relacione os seguintes acontecimentos históricos: Lei do Chá, Incidente do Porto de Boston e Leis de Coerção (Leis Intoleráveis). Os alunos devem contemplar nas respostas que o estabelecimento do monopólio do chá à Companhia de Comércio das Índias Orientais elevou o preço do produto. Esse elemento levou os colonos a invadir o Porto de Boston e lançar ao mar o carregamento do produto. A Inglaterra, sentindo-se desobedecida, instituiu as Leis de Coerção (Leis Intoleráveis). 5. Assinale a alternativa que completa corretamente as frases de cada item. a) Durante o Primeiro Congresso Continental,... ( ) ... os colonos buscavam a separação imediata da Metrópole. ( ) ... os colonos queriam o fim do Comércio Triangular. ( X ) ... foi elaborado um documento contra medidas e leis inglesas. b) As leis impostas pela Inglaterra às Treze Colônias durante a segunda metade do século XVIII... ( ) ... foram todas abolidas logo após a imposição delas, pois a Metrópole não queria se indispor com os colonos. ( X ) ... demonstravam a tentativa de os ingleses estabelecerem laços coloniais mais tradicionais com os colonos após anos de relações mais brandas. ( ) ... geraram como reação dos colonos a súbita declaração de independência e o fim dos laços coloniais. 26 Gabarito.17 c) A luta pela independência das Treze Colônias... ( X ) ... se tornou um evento de proporções internacionais quando Espanha e França ajudaram os colonos a fim de prejudicar os ingleses. ( ) ... foi uma vitória fácil para os colonos, que tinham um exército preparado, bem equipado e liderado por George Washington. ( ) ... foi resolvida por meio de acordos diplomáticos, em que os colonos se comprometiam a pagar uma indenização para os ingleses por meio do Tratado de Paris. 6. (FGV – SP) A conquista colonial inglesa resultou no estabelecimento de três áreas com características diversas na América do Norte. Com relação às chamadas “colônias do sul” é correto afirmar: a) Baseava-se, sobretudo, na economia familiar e desenvolveu uma ampla rede de relações comerciais com as colônias do Norte e com o Caribe. b) Baseava-se numa forma de servidão temporária que submetia os colonos pobres a um conjunto de obrigações em relação aos grandes proprietários de terras. X c) Baseava-se numa economia escravista voltada principalmente para o mercado externo de produtos, como o tabaco e o algodão. d) Consolidou-se como o primeiro grande polo industrial da América com a transferência de diversos produtores de tecidos vindos da região de Manchester. e) Caracterizou-se pelo emprego de mão de obra assalariada e pela presença da grande propriedade agrícola monocultora. 7. Com o pretexto de recuperar as finanças do Estado, abaladas pela guerra com a França, os ingleses ado- taram diversas leis coercitivas. Sobre os Atos Townshend, assinale a alternativa correta. X a) Determinou a cobrança de altas taxas alfandegárias para os produtos importados pelas Treze Colônias. b) Determinou que o julgamento de oficiais ingleses seria realizado na Inglaterra. c) Determinou a redução da autonomia política da colônia de Massachusetts. d) Determinou a instalação de tropas do exército inglês nas Colônias, até mesmo em domicílios particulares. e) Determinou a cobrança de indenização pelo carregamento de chá destruído. 8. Sobre as características do processo de independência das Treze Colônias Inglesas, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( V ) A proibição do Comércio Triangular e os altos impostos cobrados pela Metrópole foram alguns dos fatores que provocaram o descontentamento dos colonos. ( V ) As ideias iluministas defendidas por John Locke serviram de base ideológica para os líderes do movimento. ( F ) Após a emancipação política, ocorreu a divisão territorial em treze Estados independentes. ( F ) O processo de emancipação política das Treze Colônias Inglesas ocorreu sem haver luta armada, pois as autoridades inglesas concederam a independência de forma pacífica. ( F ) Após a emancipação política, os Estados Unidos da América adotaram a monarquia como forma de governo e aboliram a escravatura. 9. Aponte uma semelhança e uma diferença entre o processo colonizador ocorrido na América inglesa e o ocorrido na América portuguesa. 27 © Sh ut te rs to ck /G w oe ii 7 Analise os dois documentos e faça o que se pede a seguir. • Quem é o autor do texto? Que insatisfações ele demonstra? • Identifique alguns dos grupos que compunham a sociedade colonial mexicana. [...] Nós fomos tolhidos e, de certo modo, removidos do mundo com relação à ciência do governo e à administração do Estado. Nunca fomos vice-reis nem governadores, com exceção de raríssimos casos; poucas vezes arcebispos e bispos; diplomatas nunca; como militares, apenas subordinados; como nobres, sem privi- légios reais. Em síntese, não fomos nem magistrados nem financistas e raramente comerciantes. BOLÌVAR, Simon. 1815. In: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente x Oriente. Tradução de Janaína Marcoantonio. São Paulo: Planeta, 2016. p. 154. © Bi bl io te ca d o M us eu F ra nz M ay er , C id ad e do M éx ic o RUGENDAS, Johann M. México e mexicanos. 1859. Biblioteca do Museu Franz Mayer, Cidade do México. ddoos ddo o mumundndo oo cocococococ m m mmm reeerereelalalalalaaaaaaaaaaaçãçãçãçãççãçççãçççççççç ooo NuNuncnca a fofofomomos s viviv cece-r-rreieieeiis s neneneenem mm mm N ff ii ii aas s vevezezz s s arara ceec bibibib spspsppososooo eee bbbbisisisisispopopoos;s;s;;s; oos;s; ccomommo nonobrbreses, , seseseseemm m m prprprpriviviviviiii--- nenem m fifinaananncncisiissistatas s ee rararararamemem ntnte e dução de Janaína Marcoantonio. São Paulo: América Latina: lutas pela emancipação política 28 Sugestão de abordagem do conteúdo.1 Orientação para a realização da atividade e gabarito.2 A partir do século XVIII, ocorreram diversas revoluções sociais e políticas na Europa influenciadas pelo Ilumi- nismo. As ideias iluministas chegaramàs colônias da América, inspirando as conjurações mineira e baiana e o processo de libertação das colônias inglesas na América, além de repercutirem na América espanhola. Organize as ideias 1. Para prosseguirmos com os estudos sobre a independência das colônias espanholas na América, vamos relembrar a organização da sociedade colonial espanhola. Para isso, utilize as palavras destacadas e com- plete as frases a seguir. Atenção: nem todas as palavras disponíveis serão utilizadas. maia – indígena – encomienda – adelantados – mita – cabildos – chapetones – Inca a) Os cabildos eram órgãos administrativos dos quais os criollos podiam fazer parte. De maneira geral, a administração colonial ficava quase toda a cargo de espanhóis enviados pela Coroa espanhola. b) A mão de obra indígena era utilizada em abundância na América espanhola. Em algu- mas colônias, os grupos nativos eram submetidos ao sistema da mita , por meio do qual eles eram obrigados a trabalhar por determinado período na retirada dos metais preciosos ou em outros serviços. c) A administração das colônias espanholas era realizada pelos chapetones . d) A colonização espanhola dizimou povos como o Asteca e o Inca . Acredita-se que, dos 20 milhões de nativos do México, apenas um décimo desse total sobreviveu no decorrer do pri- meiro século de contato com os europeus. 2. A respeito da América Latina, faça o que se pede a seguir. a) Defina a expressão “América Latina”. A expressão “América Latina” designa os países formados após o processo de independência das colônias em relação aos países latinos europeus (Portugal, Espanha e França). b) Consulte um mapa político atual da América e cite três países que fazem parte da América Latina. Os alunos poderão citar Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela, República da Guiana, Suriname, Costa Rica, Honduras, Panamá, Guatemala, Nicarágua, Cuba, El Salvador, Belize, México, Haiti e mais algumas ilhas do Caribe. 29 • Relacionar a difusão das ideias iluministas aos processos de emancipação política ocorridos na América durante os séculos XVIII e XIX. • Analisar a influência dos processos revolucionários ocorridos na Europa, especialmente na In- glaterra e na França durante os séculos XVII e XVIII, sobre as colônias americanas. • Compreender as principais características dos processos de emancipação política de colônias espanholas e francesas da América. • Identificar a importância e o impacto do processo emancipatório do Haiti (São Domingos) para a América. • Compreender os motivos da fragmentação da América espanhola após os processos de eman- cipação política. Objetivos Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente trabalhados.3 América Latina espanhola no século XVIII No final do século XVIII, o grande império colonial espanhol na América estava prestes a se desintegrar. Foram vários os motivos que contribuíram para que isso acontecesse, entre eles a falência do sistema colonial. Fontes: PAZZINATO, Alceu L.; SENISE, Maria H. V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática, 1993. p. XV. Adaptação. SCHWARTZ, Stuart B.; LOCKHART, James. A América Latina na Época Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 481. Adaptação. Colônias espanholas da América Os vários séculos de domínio espanhol sobre determinados territórios do continente americano modifica- ram completamente a estrutura social da região. No lugar dos indígenas que ocupavam esses espaços quando os espanhóis chegaram, havia uma população formada pela miscigenação entre espanhóis, nativos e africanos escravizados. Em meio a essa população, formou-se uma elite social composta de descendentes de espanhóis que colonizaram a região. Os criollos, como eram denominados, questionavam algumas leis impostas pelo sistema colonial. O princi- pal motivo de descontentamento era o monopólio de comércio – os bens extraídos ou fabricados nas colônias espanholas só poderiam ser comercializados com a Metrópole, que também determinava o valor a ser pago por essas mercadorias. Os criollos desejavam ocupar cargos na administração das colônias, que, em geral, eram destinados aos nascidos na Espanha, nomeados pelo rei. Em virtude dessas situações, os conflitos entre a elite colonial e a Coroa espanhola se tornaram inevitáveis. Os grupos menos favorecidos também se rebelaram con- tra a Metrópole. Lu ci an o Da ni el Tu lio 8o. ano – Volume 230 Orientação para o trabalho com mapas. 4 Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 Além dos conflitos internos entre Espanha e suas colônias, a emancipação política das Treze Colônias Inglesas (1776) e o iní- cio da Revolução Francesa em 1789 serviram de incentivo para que os colonos latino-america- nos também lutassem pelo fim da dominação metropolitana. É importante salientar ainda a in- fluência dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade, um governo moderado e a igualdade. Esses ideais já circulavam entre as colônias espanholas da América Latina, sendo apenas uma ques- tão de tempo para que começassem a produzir revoluções nesses locais. No entanto, o acontecimento que desencadeou as lutas pela emancipação política das colônias espanholas na América ocorreu na Europa, mais precisamente na Espanha em 1807. Foi quando o imperador francês Napoleão Bonaparte invadiu o território espanhol e retirou o rei Fernando VII do poder, entregando o trono ao próprio irmão, José Bonaparte. Enfraquecida e direcionando todos os seus esforços para a situação da Europa, a monarquia espanhola ficou sem meios de manter o controle sobre suas colônias. Os criollos aproveitaram o momento e deram início aos conflitos que resultaram nas independências. 1. Qual é a relação entre a invasão de Napoleão Bonaparte ao território espanhol e os movimentos de emancipação política das colônias espanholas da América? A invasão da Península Ibérica por Napoleão Bonaparte foi determinante para o enfraquecimento das monarquias da região, prin- cipalmente a espanhola. Destituída do poder por Bonaparte, a Espanha perdeu seu controle sobre as colônias, fato que favoreceu a eclosão dos movimentos de independência desejados há algum tempo na região. 2. Nas sociedades estabelecidas nas colônias espanholas, quem eram os criollos? Qual a importância deles nos processos de emancipação política? Filhos de pais espanhóis, os criollos eram homens brancos nascidos na América. Por terem nascido na América, eram impedidos de participar dos cargos mais altos da administração colonial. Eles desejavam ampliar seu poder econômico ocupando importantes cargos políticos e acabando com o monopólio comercial. Por esses motivos, estavam entre os líderes dos movimentos pela emancipação política. © W ik im ed ia C om m on s/ Jo Ja n/ Ve rn et a nd S w eb ac h VERNET, Carle; SWEBACH, Jacques F. Rendição de Madri. [Século XIX]. 1 litografia, color. In: LAS CASES, Emmanuel-Auguste-Dieudonné. Mémorial de Sainte-Hélène. Paris: E. Bourdin, 1842. Organize as ideias O monopólio de comércio, uma das determinações do Pacto Colonial imposto pelas metrópoles às colônias, era fator de grande descontentamento para os colonos porque elevava significativamente o preço dos produtos comercializados na América. Para os produtores e os exportadores coloniais, a perda era muito maior, pois eles só poderiam vender seus produtos para a Metrópole, a qual estabelecia o preço das mercadorias e impedia a livre concorrência. História 31 Sugestão de retomada de conteúdo. 6 Emancipação política das colônias espanholas A seguir, vamos estudar como se deram as lutas pela independência nos diferentes vice-reinos e nas capita- nias que, até aquele momento, compunham o império colonial espanhol na América. Vice-Reino da Nova Espanha O atual México era o centro do governo espanhol na América. O movimento de independência no México, diferentemente do ocorrido nasdemais colônias espanholas, teve como característica uma intensa participação popular no início. A rebelião, que reuniu indígenas e mestiços, começou em 1810 e foi liderada pelos padres Miguel Hidalgo y Costilla (capturado e morto em 1811) e José María Morelos y Pavón (morto em 1815) e pelo camponês Vicente Guerrero. As reivindicações do movimento iam além da emancipação política. Seus participantes também al- mejavam reformas sociais, como o fim da exploração da mão de obra indígena, a reforma agrária e o fim das distinções jurídicas entre as pessoas. Essas mudanças, no entanto, contrariavam os interesses da elite criolla, que desejava se tornar independente da Espanha, mas sem alterar a estrutura social na região. Assim, os membros dessa elite manteriam a propriedade da terra e o direito de explorar a mão de obra indígena. O general Agustín de Iturbide, criollo, combateu a revolta indígena. Em 1821, Iturbide proclamou a independência do México e assumiu para si o título de imperador. Embora sua atitude assegurasse a permanência dos criollos no poder, gerou um problema nesses grupos, já que vários criollos eram republicanos e, portanto, contrários à implantação de uma monarquia no país. Em meio a esse embate, Iturbide foi assassinado pelos republicanos, que conseguiram eleger seu primeiro presidente, o general Guadalupe Victoria, em 1824. Interpretando documentos Observe a obra reproduzida a seguir, do artista mexicano Diego Rivera, e leia as informações a respeito dela. © Fl ic kr /k at ie bo rd ne r RIVERA, Diego. A guerra de independência do México. 1929-1935. 1 pintura em mural, color., 8,59 m × 12,87 m. Palácio Nacional, Cidade do México. Detalhe. 8o. ano – Volume 232 Sugestão de aprofundamento do conteúdo.7 Aprofundamento de conteúdo para o professor.8 Essa obra narra a trajetória de exploração dos espanhóis sobre os povos da atual região do México. Foi produzida mais de um século após a emancipação política mexicana e, portanto, pode ser considerada uma releitura do artista acerca da história do país. Observe que, na parte inferior, Rivera registrou a chegada dos espanhóis e a luta pela posse das terras com os astecas e os maias. Outro elemento importante pode ser notado ao lado das figuras dos padres, onde há um guerreiro de armadura segurando um pé de milho (símbolo da terra) e uma espada (símbolo da luta armada). O guerreiro discursa para um grupo de camponeses e também para o observador da obra. Ele parece pregar a luta pela reforma agrária e o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária, ideologias defendidas pelo artista Rivera em sua militância política. Com base em suas observações, responda no caderno às seguintes perguntas: 1. Qual é o tema retratado por Rivera? 2. A obra de Rivera apresenta as características pictóricas e os simbolismos do trabalho do artista. Apesar dessas particularidades, é possível observar, na cena central da obra, dois padres. De acordo com o que você já estudou, quem seriam esses padres? 3. Quais eram os principais objetivos pretendidos pelos padres retratados? Que elemento presente na obra pode comprovar a sua resposta? Capitania-Geral da Venezuela e Vice-Reino de Nova Granada Na Capitania-Geral da Venezuela, o processo de emancipação iniciou-se em 1806, com conflitos entre os colonos e a Metrópole. A independência foi proclamada em 1811 pelo general Francisco de Miranda. A Espanha não aceitou a independência e enviou tropas para combater o movimento separatista. Miranda foi capturado e acabou morrendo na prisão. Em seu lugar, assumiu Simón Bolívar, que já liderava o movimento pela independência no Vice-Reino de Nova Granada. Simón Bolívar é um dos nomes mais importantes do processo emancipatório espanhol. Ele fez alianças com membros da elite criolla, em especial grandes proprietários de terras. Em 1817, reiniciou a guerra pela inde- pendência, liberando a Venezuela em 1819. Seu desejo, no entanto, era acabar com o domínio espanhol sobre todo o Vice-Reino de Nova Granada, o que o levou a iniciar uma marcha pela região, promovendo lutas em prol da libertação da Colômbia e do Equador, conseguidas, respectivamente, em 1819 e em 1822. Esses três países formaram, em 1823, a Grã-Colômbia. No entanto, romperam essa unidade, tornando-se Estados soberanos. Vice-Reino do Rio da Prata O Vice-Reino do Rio da Prata, localizado na extremidade sul do continente, também iniciou sua campanha de libertação em 1810. A elite criolla, porém, reuniu-se em um cabildo, cujos membros entraram em conflito entre si. Como em outras colônias que lutavam pela emancipação, a elite criolla e os demais grupos de colonos discordavam a respeito da manutenção ou não da estrutura social colonial após a emancipação política. Alguns queriam mantê-la, garantindo a permanência da elite criolla no poder. Outros acreditavam que o momento da independência era ideal para acabar com qualquer vestígio do colonialismo. Essa ideia, considerada radical, foi derrotada. Entre os vencedores, surgiram mais divergências. As discussões a respeito de um governo centralizado ou não duraram seis anos até que, em 1816, mesmo sem haver um acordo, os argentinos declararam oficialmente sua independência da Espanha e formaram as Províncias Unidas do Rio da Prata, às quais desejavam anexar o Paraguai, empreitada na qual não tiveram sucesso. História 33 Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.9 Em 1811, os próprios paraguaios tomaram o governo das mãos de Velasco, representante da Coroa es- panhola na região, e instituíram uma junta governativa composta de cinco membros. No entanto, em 1813 o poder se concentrou nas mãos do criollo Gaspar Francia, que estabeleceu uma política isolacionista para o Paraguai por 26 anos. O Uruguai, por sua vez, enfrentou as maiores dificuldades para conseguir a independência. Ele perma- neceu sob poder espanhol até 1817, quando foi incorporado à colônia brasileira com o nome de Província Cisplatina. O Uruguai declarou a sua emancipação do Brasil em 1825, com o apoio da Argentina, e formou a República Oriental do Uruguai, que só foi reconhecida pelo Brasil em 1828. Capitania-Geral do Chile e Vice-Reino do Peru Na região oeste da América do Sul, o processo pela independência da Capitania-Geral do Chile foi iniciado por volta de 1810. O Chile se tornou independente em 1826. A conclusão desse processo demorou porque as tropas espanholas conseguiram abafar os primeiros levantes pela independência em 1811. A demora na conclusão do processo de independência também se deu em relação ao Peru. De fato, os dois vice-reinos mais importantes, o da Nova Espanha e o do Peru, eram localidades de intensa resistência espa- nhola. Nova Granada era o centro administrativo, e o Vice-Reino do Peru reunia fontes de riquezas, das quais a Espanha não estava disposta a abrir mão. A primeira derrota na luta pela independência do Chile representou apenas uma batalha no conflito, que logo foi reiniciada sob o comando dos militares Bernardo O’Higgins, chileno, e José de San Martín, argentino, que já havia combatido pela emancipação política da Argentina. San Martín, assim como Bolívar, sabia que era decisivo que o Vice-Reino do Peru fosse libertado, pela im- portância econômica à Metrópole espanhola. Desse modo, Martín e O’Higgins planejavam derrotar os exércitos espanhóis que se concentravam no Chile e, depois, atacar Lima, capital do Vice-Reino do Peru. Em 1818, efetiva- ram a primeira parte do plano e tornaram o Chile independente. O’Higgins assumiu a presidência do país, mas ainda era preciso libertar o Vice-Reino do Peru. © M us eu H ist ór ic o Na ci on al , S an tia go SUBERCASEAUX, Pedro. Batalha de Maipú. 1904. 1 óleo sobre tela, color., 150 cm × 249 cm. Museu Histórico Nacional, Santiago. A Batalha de Maipú, ocorrida em 5 de abril de 1818 e retratada por Subercaseaux, foi o conflito entre as forças espanholas e os insurgentes liderados por José de
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