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ENSINO FUNDAMENTAL 8º ANO _GEOGRAFIA_VOLUME 4 (PROFESSOR)

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8o. ano
Volume 4
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Geografia
Livro do professor
Livro
didático
Identidades e 
interculturalidades 
regionais da América 2
10
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12
Identidades e 
interculturalidades 
regionais da África 24
Polos 42
Representação artística
Imagem ampliada
Fora de escala numérica
Escala numérica
Formas em proporção
Imagem microscópicaColoração artificial
Coloração semelhante à natural
Fora de proporção
O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, 
os diagramas e as figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e 
estimulam um envolvimento ativo com os temas de estudo. Sendo assim, fique atento 
aos seguintes ícones:
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De América 
[Versão original]
De América, de América
Quechuas, Tamoios, Mapuches, Tabajaras, Guaranis
Incas, Astecas e Maias, Aimarás e Tupis
De América, de América
Por sus mujeres y tierras, sus flores y amores
Quiere ser mi canto alegre frente a los dolores
De América, de América
Da América 
[Tradução]
Da América, da América
Quéchuas, Tamoios, Mapuches, Tabajaras, Guaranis
Incas, Astecas e Maias, Aimarás e Tupis
Da América, da América
Por suas mulheres e terras, suas flores e amores
Quer ser o meu canto alegre diante das dores
Da América, da América
VANDRÉ, Geraldo. De América. In: ______. Das terras de Benvirá. Rio de Janeiro: PolyGram, 
p1973. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 5. Tradução nossa.
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Abertura do capítulo.1
Leia com atenção a letra da canção de Geraldo Vandré, músico brasileiro que fez sucesso nas décadas 
de 1960 e 1970. Em seguida, responda às questões propostas.
1. A canção menciona, no segundo parágrafo, dez diferentes povos nativos do continente americano. 
Você já ouviu falar de algum deles? Se sim, qual ou quais? 
2. Pesquise na internet e escreva a origem de três desses povos, considerando as fronteiras e os países atuais. 
3. Por que, na sua interpretação, o compositor inicia a canção mencionando esses povos, suas terras e 
suas dores? 
jaras, Guaranis
pis
amores
s dolores
Identidades e 
interculturalidades 
regionais da América
2
• Reconhecer as diferenças socioculturais existentes entre os países e as regiões americanas.
• Identificar as similaridades e particularidades que caracterizam a diversidade cultural no con-
tinente americano.
Objetivos
Saiba +
As ilhas caribenhas ou Antilhas se dividem em duas principais porções: as Grandes Antilhas, 
compostas de ilhas maiores, como Cuba, Jamaica, Porto Rico e Hispaniola (que abriga Haiti e 
República Dominicana); e as Pequenas Antilhas, compostas de ilhas menores, como Guadalupe, 
Martinica, Granada e Antilhas Holandesas, entre outras.
Antilhas ou ilhas do Caribe
Fonte: IBGE. 
Atlas geográfico 
escolar. 7. ed. Rio 
de Janeiro, 2016. 
Adaptação.
O termo insular se refere a uma ou 
mais ilhas. A América Central insular 
corresponde, portanto, ao conjunto 
de ilhas dispostas entre as costas da 
Venezuela e da Colômbia, ao sul, e a 
Península da Flórida, ao norte. Essa re-
gião é denominada, tal como o mar 
que as banha, de Caribe ou, ainda, 
Antilhas. 
Do Cabo Horn, no Chile, na extremidade meridional da América, ao Cabo Colúmbia, na ilha Ellesmere, ex-
tremo norte do Canadá, situado além da latitude 80º norte, o continente americano se estende por mais de 
42 milhões de km². Nessa vastidão territorial, são diversificadas tanto as paisagens naturais quanto as sociedades 
que nela se estabelecem. 
Neste capítulo, veremos as culturas e sociedades que povoam a América. Primeiramente vamos estudar as 
semelhanças e particularidades dos aspectos sociais, econômicos e culturais, bem como suas implicações. Na 
segunda parte do capítulo, focaremos os estudos nas identidades regionais do continente. 
Américas: diferenças sociais, econômicas e políticas
Do ponto de vista físico, a configuração do continente americano, resul-
tante da dinâmica das Placas Tectônicas por centenas de milhões de anos, 
é regionalizada em América do Norte, América Central (que, por sua vez, 
apresenta uma parte continental e outra insular, o Caribe) e América do 
Sul. Cada uma dessas partes pode ser classificada como um subcontinente. 
Contudo, como já vimos anteriormente, sob o aspecto histórico, geo-
político e, principalmente, cultural, o continente americano pode ser re-
gionalizado em: América Anglo-Saxônica e América Latina e Caribe. 
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Uma América Latina, outra Anglo-Saxônica
Os territórios do Canadá e dos Estados Unidos compõem a América Anglo-Saxônica. A região que se estende do 
México até a Argentina e o Chile, incluindo as ilhas da América Central, é conhecida como América Latina e Caribe.
Essa regionalização associa-se à origem da língua dos principais colonizadores do continente: ingleses ao 
norte; espanhóis e portugueses ao sul. No conjunto de idiomas latinos, também se encontra o francês, uma 
das línguas oficiais da região de Quebec, no Canadá. Se, por um lado, temos na América Anglo-Saxônica o caso 
de Quebec, simbólico por conta do sentimento separatista, conforme veremos mais adiante, por outro lado, a 
região da América Latina e do Caribe conta com diversos países falantes do inglês, como algumas ilhas caribe-
nhas, a Guiana e Belize, além do Suriname, cuja língua oficial é o holandês. Portanto, há notórias exceções em 
ambos os casos. Além disso, conforme visto no início do ano, o mapa dos idiomas oficiais oculta uma grande 
diversidade de idiomas e dialetos nativos ou miscigenados, que existem às centenas ou mesmo aos milhares, 
espalhados por diversas regiões do continente americano. 
Em relação às paisagens naturais, a localização da América Anglo-Saxônica totalmente ao norte do Trópico 
de Câncer a caracteriza como predominantemente temperada, contendo ainda paisagens naturais frias e até 
mesmo glaciais, parcialmente ocupadas por diferentes grupos humanos.
A América Latina e o Caribe, por sua vez, se localizam majoritariamente na faixa intertropical. O Cone Sul, 
como é denominada a porção meridional e estreita da América do Sul, situa-se na zona temperada. Florestas 
equatoriais, tropicais e subtropicais, savanas, pradarias e os vales andinos abrigaram populações de diferentes 
culturas.
Em relação à forma de governo, o modelo republicano se faz presente na maior parte dos países america-
nos. A maioria deles se caracteriza como república presidencialista. Estados que foram colônias britânicas ou 
holandesas na América apresentam como sistema de governo uma monarquia constitucional parlamentarista. 
Regionalização da América
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
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8o. ano – Volume 44
Confira, no mapa a seguir, a diversidade cultural e linguística do continente americano e, caso necessite, 
consulte a internet para responder às questões propostas. 
Cartografar
 1. Os termos “América Anglo-Saxônica” e “América Latina” expressam a diversidade linguística do continen-
te? Justifique sua resposta com base no mapa acima. 
 2. O que explica a existência de exceções, como países com idiomas oficiais saxônicos na América Latina e 
regiões com idiomas oficiais latinos na América Anglo-Saxônica? 
 
América: diversidade linguística 
e línguas ameaçadas
Fontes: SIMONS, Gary F.; FENNIG, Charles D. (Ed.). Ethnologue: languages of the world. 
21. ed. Dallas, Texas: SIL International, 2018; ENDANGERED LANGUAGES PROJECT. 
Disponível em: <endangeredlanguages.com/>. Acesso em: 29 maio 2019; UNESCO. 
Investing in Cultural Diversity and Intercultural Dialogue. Disponível em: <https://
unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000185202/PDF/185202eng.pdf.multi>. Acesso em: 
29 maio 2019. Adaptação.
Gabaritos.2
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 Geografia 5
A Comunidade das Nações é constituída por países que 
foram colônias britânicas, entre os quais Austrália e Nova 
Zelândia. Na América, além do Canadá, há uma série de 
países centro-americanos que pertencem à Comunidade 
dasNações ou Commonwealth: Belize, Antígua e Barbuda, 
Bahamas, Barbados, Granada, Jamaica, Santa Lúcia, São Cris-
tóvão e Nevis e São Vicente e Granadinas (nas Antilhas).
• Cerimônia de troca de guarda em frente ao parlamento canadense, 
em Ottawa, 2013
• Agente de segurança em frente à Casa Branca, moradia do presidente do 
país, em Washington, Estados Unidos 
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América Anglo-Saxônica: questões políticas e econômicas
A América Anglo-Saxônica é composta basicamente dos Estados Unidos e do Canadá, que sustentam his-
toricamente estreita parceria política e econômica. Apesar da proximidade e das semelhanças, como grande 
dimensão territorial e alto nível de renda, há grandes diferenças entre os dois países mais setentrionais, e tam-
bém mais extensos, da América.
Em primeiro lugar, há diferença no sistema de 
governo: enquanto os Estados Unidos constituem 
uma república presidencialista, o Canadá é uma 
monarquia parlamentar. Assim, a chefia de Estado 
canadense, assim como a de outros 14 países que 
compõem a Comunidade das Nações, cabe ao rei 
ou à rainha do Reino Unido. O monarca do Reino 
Unido, por sua vez, é representado no Canadá pelo 
governador-geral, enquanto a chefia de governo ca-
nadense é exercida pelo primeiro-ministro. 
Muito dessa estrutura, no entanto, tem mais va-
lor simbólico, por representar os laços históricos e de 
amizade entre o Reino Unido e sua antiga colônia, 
que propriamente consequências práticas, uma vez 
que o Canadá é governado de fato pelo seu primei-
ro-ministro, alçado ao cargo por meio de eleições 
diretas. 
Como acontece nos sistemas parlamentaristas em 
geral, o primeiro-ministro canadense é o líder do par-
tido político com maior número de membros eleitos 
pelos cidadãos para compor a Câmara dos Comuns, 
como é denominado o parlamento do país. Ele co-
manda o Poder Executivo representado pelo Conselho 
de Ministros ou gabinete, enquanto a Câmara dos Co-
muns é mais influente do que o Senado nas decisões 
políticas e legislativas. A Suprema Corte do Canadá, constituída por oito juízes e um chefe de justiça, tem as 
principais responsabilidades do Poder Judiciário do país.
Já nos Estados Unidos, berço do sistema 
presidencialista no mundo, o Poder Execu-
tivo é de responsabilidade do presidente, 
eleito por um colégio eleitoral. Esse colégio 
eleitoral é formado por delegados definidos 
em cada estado pelo candidato mais votado 
pela população. Assim, a eleição do presi-
dente ocorre de forma indireta, ou seja, por 
meio de representantes escolhidos pela po-
pulação, e não por ela diretamente. Como 
presidente da república, ele assume o co-
mando do Estado e do governo do país, no 
exercício do Poder Executivo. Os tribunais 
se responsabilizam pelo Poder Judiciário e 
o Congresso, pelo Poder Legislativo. 
8o. ano – Volume 46
Saiba +
• Arquitetura colonial francesa em 
rua de Quebec, 2015
No entanto, pode-se identificar certa semelhança na organização política do Canadá e dos Estados Unidos 
pelo fato de ambos serem Estados federativos. Embora submetidos ao governo federal, cujas sedes se localizam 
respectivamente em Ottawa e Washington, as províncias canadenses e os estados dos Estados Unidos têm 
certa autonomia política. Determinadas leis nos Estados Unidos, como a polêmica pena capital ou pena de 
morte, por exemplo, são válidas para alguns estados e não para outros. O mesmo ocorre com as leis de trânsito, 
o porte de armas, etc. No Canadá, há grande autonomia das províncias no que diz respeito a recursos naturais, 
educação, saúde e justiça.
A estabilidade política e econômica vivida pela população canadense não impede que as divergências cul-
turais internas floresçam no país, em especial entre a minoria francófona da província de Quebec e a maioria 
anglófona que predomina no restante do país. Conforme vimos no início do ano (consultar material de apoio 
do primeiro volume), a manutenção de seu extenso território e de sua unidade política já foi contestada em 
referendos de independência. Isso ocorreu em 1980 e em 1995, quando a população optou pela permanência 
da província de Quebec no país.
Região pioneira no povoamento europeu do Canadá, 
ocorrida em princípios do século XVII, Quebec é uma das 
dez províncias e três territórios do país. A colonização foi 
promovida inicialmente por franceses. No entanto, após 
o fim da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o controle da 
província foi passado ao Reino Unido. A preservação da 
cultura francesa e, em especial, do idioma, é decorrente 
dos acordos da época e contribui para sentimentos na-
cionalistas de parte da população de Quebec. Conces-
sões de autonomia à província e a oficialização do país 
como bilíngue foram meios que o governo canadense 
encontrou para evitar o separatismo dessa que é uma 
das mais prósperas regiões do país. 
A difícil integração regional: 
Nafta e USMCA
O bloco econômico do subcontinente norte-americano, efetivado em 1994, passou por recentes trans-
formações. Inicialmente denominado Nafta (sigla em inglês para Acordo de Livre Comércio da América do 
Norte, ou North American Free Trade Agreement), o acordo foi renegociado em meados de 2018, passando a 
se chamar Acordo Estados Unidos-México-Canadá ou USMCA, sigla que reúne as iniciais dos países-membros 
em inglês (por isso inicia com “US” de United States). Para entrar em vigor, no entanto, o acordo, apelidado 
Nafta 2.0, precisa ser aprovado pelos congressos dos três países, o que deve levar tempo de tramitação e não 
é certo que ocorra. 
Como o nome original informava, trata-se de um acordo de livre comércio, em que muitas mercadorias são 
livres de taxas e tarifas para importação e exportação. A parceria estratégica entre Estados Unidos e Canadá é 
antiga e fortalecida pela grande estabilidade política e prosperidade econômica de ambos os países. O México, 
no entanto, é um país tipicamente latino-americano, com força econômica bem mais modesta, além de ser 
vizinho dos Estados Unidos e relativamente distante do Canadá. 
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 Geografia 7
Complete os quadros abaixo de acordo com o que você estudou.
Questões políticas e 
econômicas específicas dos 
Estados Unidos
Questões políticas e 
econômicas específicas do 
Canadá
Questões políticas e 
econômicas comuns 
a ambos
Por essas características, a integração econômica entre os três países sempre apresentou obstáculos e forte 
centralidade nos Estados Unidos. Enquanto o México pode expor seus setores industriais a uma concorrência 
desigual com indústrias mais tecnológicas dos vizinhos ao norte, a mão de obra relativamente barata do país 
atrai muitas empresas e indústrias transnacionais que, em outras circunstâncias, produziriam suas mercadorias 
internamente e com mão de obra de seus próprios países. 
O resultado prático mais conhecido da implementação do 
Nafta em 1994 é a multiplicação das empresas denominadas 
maquiladoras no território mexicano, em especial nas áreas 
fronteiriças com os Estados Unidos. Trata-se de indústrias que 
recebem peças e materiais principalmente originários dos Esta-
dos Unidos, para montar e finalizar o produto. Para as empresas 
dos Estados Unidos e do Canadá, a montagem final de merca-
dorias, como automóveis e computadores, no México torna-se 
lucrativa, sobretudo devido ao valor inferior de sua mão de obra. 
Com a renegociação do acordo e a mudança de nome em 
2018, algumas regras foram reajustadas para amenizar essas 
discrepâncias e desequilíbrios comerciais, principalmente no 
que se refere às vendas de automóveis e laticínios, à resolução 
de controvérsias comerciais, ao estabelecimento do prazo de 16 
anos para revisar o acordo novamente, à propriedade intelectual 
(como patentes e direitos autorais) e aos limites de exportações 
sem aplicação de taxas. 
Organize as ideias 
Texto complementar.3
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• Operário mexicano manuseiamáquinas em empresa 
maquiladora no estado de Tlaxcala, México, 2013
Milhares de empresas maquiladoras no México, a maioria no 
setor automotivo, empregavam, até a metade da década de 
2010, mais de dois milhões de trabalhadores.
8o. ano – Volume 48
América Latina e Caribe: questões políticas e econômicas
Quase todos os países continentais da América são repúblicas presidencialistas. Entre os países insulares, ou 
seja, os Estados caribenhos, predominam as monarquias parlamentaristas, como a do Canadá, em razão das 
influências coloniais britânica e holandesa.
Assim, a maioria das ex-colônias britânicas no Caribe tem como chefe de Estado o monarca do Reino Unido, 
representado por governadores-gerais em cada Estado, e sua função é mais simbólica que prática. O comando 
do governo, contudo, é atribuído ao primeiro-ministro que, como vimos, é quem de fato detém os poderes para 
governar. 
As ilhas que formam as Antilhas Holandesas 
têm seu primeiro-ministro ou, em alguns casos, 
um administrador como chefe de governo. O 
chefe de Estado, por sua vez, é o rei dos Países 
Baixos (nome oficial da Holanda), representado 
nas Antilhas por um governador.
Muitas das repúblicas centro-americanas e 
sul-americanas, entre as quais o Brasil, passa-
ram por experiências relativamente recentes de 
regimes ditatoriais e, desde a década de 1980, 
a maioria vem passando por processos de de-
mocratização. Para isso, adotam eleições diretas 
para presidente e promulgam novas constitui-
ções, em que os poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário são independentes, a imprensa é livre 
e o voto, secreto e universal, com eleições regu-
lares a gerir uma alternância de grupos políticos 
no poder. 
De modo geral, a primeira década do século XXI se caracterizou como um cenário de estabilidade política e 
otimismo da população pouco frequentes nessa região do mundo. O crescimento econômico, acompanhado 
de alternância pacífica de governos eleitos pelo voto direto, refletia a onda de otimismo latino-americana. Esse 
período foi marcado por governos que, por meio de estratégias diferentes, procuraram atender às demandas 
sociais de suas populações. Os países da Amé-
rica Latina e do Caribe, no entanto, sofreram 
forte abalo após a crise econômica desenca-
deada nos setores imobiliário e financeiro dos 
Estados Unidos em 2008.
Assim, nos primeiros dez anos do atual 
século, a média de crescimento da economia 
latino-americana foi de 6% ao ano. A entrada 
de capital externo, a queda da inflação, a es-
tabilidade das moedas e a redução da dívida 
externa justificavam o momento favorável da 
economia e da política. O Chile, por exemplo, 
teve grande avanço como local de investi-
mento seguro para empresas internacionais. 
O Brasil expandiu sua atuação na diplomacia 
mundial, exemplificando um novo protagonis-
mo internacional a ser exercido pela região. 
• Willemstad, capital de Curaçao, nas Antilhas Holandesas, 2017
• Guindastes e contêineres em um porto de Valparaíso, Chile, 2015
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 Geografia 9
A crise econômica, porém, aumentou as dificuldades de integrar diferentes partidos políticos e setores da 
economia na Argentina, no México e no Brasil. Interesses distintos e denúncias de corrupção somaram-se ao 
crescimento do desemprego e da recessão econômica e a instabilidade política ressurgiu nesses países e em 
outros da região. Como é possível observar na tabela abaixo, os três principais países de economia emergente da 
América Latina tiveram, na década iniciada em 2011, um crescimento econômico bem discrepante dos primeiros 
anos do século. Um dos problemas frequentemente apontados é o de que esses países não aproveitaram os 
anos de maior dinamismo econômico para modernizar os setores econômicos exportadores, continuando a se 
destacar como países exportadores de commodities, conforme já vimos em outros capítulos. 
CRESCIMENTO ANUAL DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ENTRE 2010 E 2017, 
NO MÉXICO, NA ARGENTINA E NO BRASIL (EM %)
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
México 5,1 3,7 3,6 1,4 2,8 3,3 2,9 2
Argentina 10,1 6 –1 2,4 –2,5 2,7 –1,8 2,9
Brasil 7,5 4 1,9 3 0,5 –3,5 –3,5 1
Fonte: REAL GDP growth: annual percent change. Disponível em: <https://www.imf.org/external/datamapper/NGDP_RPCH@WEO/ARG/MEX/
BRA>. Acesso em: 17 dez. 2018.
Com esses desdobramentos nas últimas décadas, a instabilidade política ainda se faz presente na região da 
América Latina e do Caribe. Por um lado, em países como Nicarágua e Venezuela, disputas políticas transformaram 
suas cidades em palcos de crise humanitária, com perseguições e elevado índice de desemprego e de emigrações. 
Por outro, há casos mais esperançosos, como o da Colômbia, que conseguiu interromper o crescimento do nar-
cotráfico e a ação de organizações criminosas que chegaram a influenciar o cenário político do país nas décadas 
de 1980 e 1990. Em 2016, o principal grupo guerrilheiro, denominado de Forças Armadas Revolucionárias da 
Colômbia (Farc), e o governo do país selaram um acordo de paz após cerca de meio século de conflito.
Atividades
Na página 1 do seu material de apoio, elabore um gráfico do crescimento anual do PIB de México, Ar-
gentina e Brasil. Para isso, considere os passos a seguir.
 1. Marque no gráfico os pontos correspondentes ao crescimento de cada um por ano, de acordo com os 
dados da tabela. 
 2. Pesquise na internet os dados relativos aos anos posteriores a 2017. 
 3. Conecte os pontos relativos a cada país. 
• Manifestantes em meio a gás lacrimogênio em protesto 
contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas, 
Venezuela, 2017
• Evento a favor do acordo de paz com as Farc na Praça 
Bolívar, em Bogotá, Colômbia, 2016
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8o. ano – Volume 410
Integração na América Latina
Assim como os países da América do Norte mantêm uma sólida parceria política e, principalmente, comer-
cial por meio do Nafta, os países da América Latina têm se agrupado em blocos para fortalecer suas economias 
diante da competição global. Entretanto, por ser muito mais numerosa e heterogênea, a América Latina é palco 
de diversos blocos e não apenas um. 
Os dois mais importantes blocos econômicos latino-americanos são: o Mercado Comum do Sul (Mercosul) 
e a Comunidade Andina ou Comunidade Andina de Nações (CAN). Ambos são uniões aduaneiras, ou seja, per-
mitem a livre circulação de produtos entre os países-membros e a implantação de uma “tarifa externa comum” 
(TEC), ou seja, uma tarifa única em relação às mercadorias importadas de países que não compõem o bloco.
• O Mercosul foi criado em 1991 pelo Tratado 
de Assunção e era originalmente integra-
do por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. 
Logo na primeira década de existência, o 
Mercosul transformou-se e intensificou as 
parcerias econômicas de seus integrantes. 
Brasil e Argentina, por exemplo, estreitaram 
suas relações bilaterais, em especial as expor-
tações e importações de produtos industria-
lizados, como automóveis. As parcerias com 
outros mercados, como a África e, sobretudo, 
a China, somaram-se às tradicionais relações 
estabelecidas pelos países do Mercosul. Em 
2012, a Venezuela ingressou no bloco, mas 
quatro anos mais tarde os membros originais 
a suspenderam por tempo indeterminado. Para isso, alegaram que o país não implementou normas 
acordadas para sua adesão ao grupo, mas o contexto de crise política e o crescente autoritarismo do 
governo venezuelano é considerado pelos analistas como o principal motivo desse isolamento. 
• A Comunidade Andina de Nações (CAN) busca promover, por meio de integração e cooperação eco-
nômica e social, o desenvolvimento equilibrado de seus países-membros: Bolívia, Colômbia, Equador 
e Peru. A origem desse bloco se deu no Acordo de Cartagena, celebrado em 1969, com o intuito de 
estreitar a integração econômica e social. Outrora denominada de Pacto Andino, em seusprimeiros anos 
a organização contava com a presença do Chile, que, com o golpe de Estado de 1973, se retirou, a fim 
de abrir sua economia para o mercado externo. Embora tenham economias menores do que Brasil e 
Argentina, os países da Comunidade Andina vêm apresentando níveis de crescimento de seu PIB mais 
elevados, em torno de 5% ao ano entre 2010 e 2015.
Com as atenções focadas no novo protagonista do mercado mundial, a China, e em outras forças econômi-
cas, como Coreia do Sul, Japão e Cingapura, quatro países latino-americanos com costa no Pacífico formaliza-
ram em 2012 a Aliança do Pacífico. Esse bloco de integração econômica é composto de Chile, Colômbia, México 
e Peru e visa fortalecer os vínculos econômicos com países do eixo Ásia-Pacífico. 
Por outro lado, a China vem ampliando sua presença como parceiro comercial nos demais países do conti-
nente, com destaque para o Brasil, com o qual tem participação em iniciativas multilaterais. A principal delas é 
o BRICS, sigla em inglês para as iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa), participantes 
do grupo formalizado em 2009 e que promove desde então encontros entre líderes e diplomatas (as “cúpulas”), 
nos quais estabelecem metas e objetivos comuns. Além de incentivar o fluxo comercial no Atlântico Sul, o BRICS 
reúne grandes produtores agrícolas e instituiu o Novo Banco do Desenvolvimento (NBD) em 2014, que pode vir 
a afetar os intercâmbios financeiros mundiais, fortemente dominados pelos Estados Unidos e pela sua moeda, 
o dólar.
• Fachada da sede do Mercosul em Montevidéu, Uruguai, 2011FFa hch dad dda ded ddo MM ll MM tte iidédé UU iai 20201111
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Diferenças socioeconômicas
Ainda que oscilante, o ritmo de desenvolvimento econômico estabelecido pela América Latina desde o final 
do século passado vem possibilitando relativos avanços socioeconômicos para a maioria dos países. Contudo, 
realidades muito opostas no interior de cada sociedade e ainda distantes da vivenciada nos países da América 
Anglo-Saxônica revelam as contradições do continente americano como um todo.
Entre as estatísticas que medem o grau de desenvolvimento socioeconômico de um país ou outra divisão 
territorial, os principais são o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), cujos dados são pesquisados e calcula-
dos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), e o Coeficiente de Gini, critério adotado 
internacionalmente para medir as desigualdades sociais.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Os valores resultantes do IDH de um país apresentam uma média da realidade socioeconômica predominan-
te em seu território. Assim, ao tratar de componentes que ajudam a qualificar saúde, educação e renda média da 
população, os valores medidos permitem tanto comparar o desenvolvimento de uma sociedade quanto traçar 
metas por parte dos respectivos governos, almejando avanços.
Desde que se iniciaram os levantamentos do PNUD, em 1993, Canadá e Estados Unidos sempre sustentaram 
posições de destaque no continente e no mundo. Na América Latina, a estabilidade da economia e política do 
Chile, país de maior IDH na região, ajuda a garantir sua posição de maior atratividade econômica aos investi-
dores externos. Argentina, Uruguai, Bahamas e Barbados também alcançaram um nível de desenvolvimento 
humano muito alto. Destaca-se, ainda, o desenvolvimento socioeconômico revelado pelos índices de Equador, 
Bolívia e Paraguai. Ao mesmo tempo, a comparação entre os resultados dos últimos relatórios do PNUD atesta 
certa estagnação no desenvolvimento socioeconômico do Brasil entre 2014 e 2018 e queda acentuada da qua-
lidade de vida na Venezuela.
• Casas históricas em área 
rural de Perce, no Quebec, 
Canadá, 2012
• Santiago com os Andes ao fundo, Chile, 2017
Área rural em Quebec, no Canadá, 
e vista do centro financeiro de 
Santiago, no Chile, destaques na 
qualidade de vida entre os países 
da América Anglo-Saxônica e da 
América Latina, respectivamente.
8o. ano – Volume 412
Consulte a lista com o IDH dos países latino-americanos e caribenhos na página 1 do seu material de 
apoio para responder às questões a seguir. 
 1. Em que nível de desenvolvimento se encontra a maioria dos países americanos? 
 2. Quais são os países americanos que apresentam IDH muito alto? Quais desses países são da América 
Anglo-Saxônica e quais são da América Latina e Caribe?
 3. Um país latino-americano está entre os que apresentam baixo desenvolvimento humano. Qual é o país? 
Com base no que estudou ao longo do ano, cite duas diferentes razões que justificam a situação socioe-
conômica desse país. Se for preciso, pesquise na internet. 
 4. Por que o Brasil, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, se encontra apenas em 79 .º lugar 
no ranking global do IDH? 
Olhar geográfico
Gabaritos.4
Coeficiente de Gini 
Outro importante critério que mede a desigualdade das condições socioeconômicas em determinada so-
ciedade é o Coeficiente de Gini. Ele avalia a diferença de renda da população. O índice varia de zero a um e, 
quanto mais próximo de zero, mais igualitária é a sociedade e, quanto mais próximo de um, mais contrastes são 
verificados na renda obtida pela população. 
Na América Anglo-Saxônica, de acordo com dados do Banco Mundial, entre 1991 e 2015, o Coeficiente de 
Gini no Canadá oscilou entre 0,310 e 0,340 e, nos Estados Unidos, o coeficiente variou de 0,380 a 0,415. Em 2018, 
a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (Cepal) publicou um relatório que 
confirmou a América Latina como a região mais desigual do planeta, com Coeficiente de Gini 0,5. O Uruguai 
apresenta a melhor marca da região, com 0,397. 
Aplicando o Coeficiente de Gini, os oito países mais desiguais da América Latina, de acordo com o PNUD e 
com base em dados de 2018, são:
Brasil – 0,513
Colômbia – 0,508
Panamá – 0,504
Honduras – 0,500
Costa Rica– 0,487
Guatemala – 0,483
Paraguai – 0,479
Chile – 0,477
México – 0,434
Fonte: PNUD. Human development indices and indicators – 2018 statistical update. Disponível em: <http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_
human_development_statistical_update.pdf>. Acesso em: 29 maio 2019. 
• Pessoas desfrutam de um dia ensolarado em 
parque da cidade de Montevidéu, Uruguai, 2017
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 Geografia 13
Índice de Desenvolvimento Regional
A Cepal criou o Índice de Desenvolvimento Regional (IDR) para avaliar os contrastes socioeconômicos latino-
-americanos, comparando as realidades de oito países da região. Ele permite comparar o desenvolvimento de 
cada território destacado em relação à média regional. Esse índice considera dez variáveis: porcentagem de po-
pulação rural, taxa de ocupação (proporção da população ocupada em relação ao total da força de trabalho), PIB 
per capita, taxa de analfabetismo, população com educação superior, taxa de mortalidade infantil, esperança de 
vida, taxa de homicídios, habitação sem água encanada e domicílios com computador. 
Apesar da maior complexidade desse cálculo, uma vez que ele envolve um número maior de variáveis do 
que os demais índices apresentados, o IDR oferece uma ideia mais precisa do quadro social dos países de uma 
mesma região, proporcionando uma melhor comparação entre eles. O principal objetivo da obtenção desse 
índice é auxiliar na superação das principais diferenças regionais. São levados em conta indicadores que consi-
deram localização, aspectos econômicos, educação, saúde, saneamento e inserção no mundo globalizado por 
meio de inclusão digital.
Observe o mapa do IDR dos oito países pesquisados pela Cepal em 2015. Ele apresenta uma divisão das 
unidades federativas dos países (como os estados do Brasil e do México e as províncias de Argentina, Chile e 
Bolívia), que foram avaliadas de acordo com o IDR. 
América Latina (8 países):IDR 2015
Fonte: CEPAL. A ineficiência da desigualdade. Disponível em: <https://repositorio.cepal.org/bitstream/
handle/11362/43569/4/S1800303_pt.pdf>. Acesso em: 29 maio 2018. Adaptação.
Trabalho e desigualdade na América Latina
Mesmo nos países mais industrializados do subcontinente (Brasil, Argentina, México e Chile) 
registra-se a persistência de problemas sociais graves. Entre eles, está a exploração de contingentes 
de mão de obra que trabalham em condições extremamente precárias e degradantes, em alguns 
casos análogas àquelas que caracterizam o trabalho escravo. Uma importante instituição britânica, a 
Fundação Walk Free, divulga periodicamente o relatório intitulado Índice Global de Escravidão, que 
apresenta estatísticas sobre trabalhos similares à escravidão na Era Moderna. Segundo o relatório de 
2016, a América Latina contabiliza 2,16 milhões de trabalhadores escravizados. No Brasil, somente 
no período entre 1995 e 2015, 49 816 pessoas foram libertadas da escravidão. 
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Outra mazela recorrente é a exploração do trabalho infantil. 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, há 11 mi-
lhões de crianças entre 5 e 17 anos submetidas ao trabalho 
infantil na América Latina, conforme dados de 2017. 
Exploração do trabalho infantil e condições semelhan-
tes ao trabalho escravo são problemas persistentes que 
afligem a realidade interna da sociedade de um país e, 
muitas vezes, a de diferentes países. Além disso, esses pro-
blemas afetam tanto o espaço rural quanto o urbano. Em 
áreas rurais mais afastadas e mesmo nos grandes centros, 
ainda é possível encontrar trabalhadores, muitas vezes imi-
grantes de países mais pobres da África ou da América Latina, 
que exercem suas funções em condições muito precárias e sob 
pagamentos excessivamente baixos. Isso viola a legislação voltada 
à regulação das relações trabalhistas e configura, muitas vezes, traba-
lho análogo à escravidão. 
Enquanto a desigualdade implica grandes custos econômicos, pela ineficiência a ela associada, a igualdade, 
ao contrário, além de garantir bem-estar social, contribui para um sistema econômico mais favorável à inovação 
e ao aumento da produtividade. Observe, no gráfico, como se deu a evolução dos índices de pobreza e pobreza 
extrema na América Latina entre 2002 e 2017. 
Fonte: CEPAL. Panorama 
social de América Latina 
– 2017. Disponível em: 
<https://repositorio.
cepal.org/bitstream/
handle/11362/42716/4/
S1800002_es.pdf>. 
Acesso em: 11 dez. 2018. 
América Latina: proporção de pessoas em situação 
de pobreza e pobreza extrema entre 2002 e 2017 (%)
50
40
30
20
10
0
45,9
12,4
34,1
9,6
29,3
8,4
28,5
8,2 9,0
29,8 30,7
10,0
30,7
10,2
2002 2008 2012 2014 2015 2016 2017
pobreza
pobreza extrema
Atividades
 1. Por que a desigualdade constitui um limitador ao desenvolvimento latino-americano?
 2. A junção de informações fornecidas pelo IDH e pelo Coeficiente de Gini permite uma visão mais com-
pleta ou aprofundada do contexto socioeconômico de um país. Por quê? 
 3. Baseando-se no mapa da página anterior, escreva quais são as macrorregiões com maiores defasagens relati-
vas em matéria de desenvolvimento econômico e social na América Latina. Para tanto, utilize-se de referên-
cias como as direções dos pontos cardeais e colaterais (exemplo: sudoeste da Bolívia, nordeste do Peru...). 
Gabaritos.5
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ntil. 
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oltada 
s, traba- • Trabalhadores em plantações de quinoa, em 
Challapata, Bolívia, 2016
 Geografia 15
A questão das identidades culturais
A diversidade de experiências e espaços no mundo proporciona uma das maiores riquezas da humanida-
de: as múltiplas culturas que se distribuem pelos territórios nacionais. Por isso, a preservação e o respeito pela 
diversidade cultural é, atualmente, uma das preocupações que tomam diversos países, em particular os da 
América. Nesse sentido, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco), os Estados-membros da ONU se comprometeram, em 2002, a implementar medidas da “Declaração 
Universal sobre a Diversidade Cultural”. Esse documento propõe reforçar o entendimento de que a cultura “[...] 
deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que 
caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, 
as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”.
As identidades culturais são fruto das experiências acumuladas por determinada sociedade no meio natural, 
social e político em que vivem. A diversidade de culturas é considerada um patrimônio comum da humanidade, 
bem como traço importante da construção da paz e da prosperidade no mundo. Na América, em particular, o 
mosaico cultural reflete tanto os componentes trazidos pelos diversos povos que habitaram esse espaço há mi-
lênios quanto a conflituosa dinâmica de imposição de valores e poderes aos quais cada uma dessas sociedades 
foi submetida no processo de colonização e, posteriormente, no de construção nacional. Os países americanos 
são essencialmente multiculturais e as relações entre as diferentes culturas refletem parcerias e tensões que se 
deram ao longo dos últimos séculos.
Entre as extremidades da América, da tundra ártica ao norte até as ilhas da Patagônia ao sul, diferentes agrupamentos humanos se 
estabeleceram ao longo dos últimos milênios. Nas relações com o meio, com outros grupos e entre si, desenvolveram milhares de 
culturas, com línguas, técnicas e espaços geográficos próprios. A essa diversidade inicial foi somada, nos últimos cinco séculos, a 
vinda de milhões de migrantes provenientes de outras dezenas de países com culturas próprias, o que resultou na miscigenação e 
diversidade étnica e cultural que caracterizam o continente como um todo. 
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• Homem da etnia maia na Guatemala, 2015 • Mulher peruana nativa, da etnia quéchua, com traje tradi-
cional, em Cusco, Peru, 2018
• Menina da etnia tupi-guarani em aldeia de Maricá, RJ, 2018 • Criança canadense de etnia inuit, Gjoa Haven, Canadá, 2017
8o. ano – Volume 416
Confira a seguir, na seção Conexões, como os povos nativos de vários países americanos têm proporcio-
nado aos cientistas valiosas revelações a respeito da história do povoamento do continente pelos ameríndios, 
como são chamados os indígenas nativos do continente. Com isso, as origens étnicas, genéticas e culturais dos 
povos nativos americanos são cada vez mais bem compreendidas e valorizadas. 
Conexões
LOPES, Reinaldo J. Análise de DNA reescreve saga dos primeiros habitantes do Brasil. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/
ciencia/2018/11/analise-de-dna-reescreve-saga-dos-primeiros-habitantes-do-brasil.shtml>. Acesso em: 11 dez. 2018.
Dois estudos monumentais, ambos com participação de cientistas brasileiros, estão reescrevendo a 
história dos primeiros habitantes das Américas com a ajuda do DNA.
Os novos dados revelam uma saga complicada, que inclui idas e vindas entre as diferentes regiões do 
continente, o desaparecimento do grupo ao qual pertencia a célebre Luzia, “brasileira” de 11,5 mil anos de 
idade, e um possível parentesco de alguns indígenas do passado e do presente com povos da Oceania.
Uma das pesquisas está na edição mais recente da revista científica Cell, enquanto a outra sai no periódico 
especializado Science. Entre os marcos dos estudos estão as primeiras análises do genoma completo de 
vários seres humanos pré-históricos do Brasil.
A maioria deles viveu na região de Lagoa Santa (MG), perto de Belo Horizonte, sendo, portanto, membros 
da população à qual pertencia Luzia, com idades entre 10,4 mil e 9.600 anos. Os pesquisadores também 
obtiveram o DNA de pessoas sepultadasnos sítios arqueológicos de Laranjal e Moraes, em São Paulo 
(com 6.700 e 5.800 anos de idade, respectivamente), e do sítio Jabuticabeira2, em Santa Catarina (cerca 
de 2.000 anos).
“Esse tipo de estudo de grande escala com DNA humano antigo já tinha sido feito em praticamente todas 
as regiões do mundo. Faltava o continente americano, em especial a América do Sul”, diz André Menezes 
Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
[...]
De modo geral, as conclusões de ambos os grupos de cientistas batem. A primeira, já bastante 
fundamentada graças a pesquisas arqueológicas, é a da origem comum de todos os indígenas atuais. 
Eles descendem de uma população ancestral asiática que se fixou, por volta de 20 mil anos atrás, na parte 
leste da chamada Beríngia – a língua de terra que unia a Sibéria ao Alasca no fim da Era do Gelo.
Tudo indica, no entanto, que se tratava de uma população relativamente diversificada do ponto de vista 
genético, que passou por uma série de divisões e expansões populacionais, num ritmo relativamente 
rápido, ao longo dos milênios seguintes. Exemplo disso é o parentesco considerável entre a criança 
conhecida como Anzick-1, do Estado americano de Montana, com quase 13 mil anos de idade, e os 
antigos habitantes de Minas Gerais, do Chile e de Belize, na América Central, todos com mais de 9.000 
anos [veja o mapa da página a seguir]. 
[...]
Isso porque, de fato, os dados genômicos mostram que os paleoamericanos de Lagoa Santa e outros 
lugares foram substituídos por outras linhagens de ameríndios, que se espalharam mais tarde pelo 
continente. Alguns desses grupos relativamente mais recentes parecem ter vindo da América do Norte e 
da América Central, incluindo uma “invasão” da América Central para os Andes há 4.200 anos.
ANÁLISE DE DNA REESCREVE SAGA DOS PRIMEIROS HABITANTES DO BRASIL
Estudos mostram idas e vindas no continente, o desaparecimento do grupo ao qual pertencia Luzia e 
possível parentesco com povos da Oceania
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/11/analise-de-dna-reescreve-saga-dos-primeiros-habitantes-do-brasil.shtml
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 Geografia 17
Após ler atentamente as informações do texto da página anterior, observe o mapa a seguir para visualizar 
como se deu a ocupação do continente, de acordo com os estudos realizados em torno dos DNAs de indígenas 
atuais e de antigos fósseis de nativos do território brasileiro. 
Povoamento da América conforme DNA de antigos nativos
Fonte: LOPES, Reinaldo J. Análise de DNA reescreve saga dos primeiros habitantes do Brasil. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/
ciencia/2018/11/analise-de-dna-reescreve-saga-dos-primeiros-habitantes-do-brasil.shtml>. Acesso em: 11 dez. 2018. Adaptação.
De acordo com os estudos relatados, responda às questões propostas. 
 1. Há quanto tempo e por onde vieram os primeiros habitantes do continente? 
 2. E na América do Sul, há quanto tempo e de onde vieram os primeiros habitantes? 
 3. Quanto tempo os humanos levaram para atravessar a América do Norte e chegar à América do Sul? 
 
Cartografar
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Culturas nativas e culturas nacionais
Com base em dados de 2010, estima-se que vivam na América Latina cerca de 45 milhões de indígenas, 
distribuídos em mais de 800 povos, somando ao todo 8,3% da população da região. Calcula-se que outros 200 
povos vivam em isolamento voluntário.
As populações indígenas que atualmente se espalham por praticamente toda a América são, portanto, parte 
integrante e essencial da modernidade no continente, como mostra o mapa a seguir. Longe de comunidades 
características de um passado distante, trata-se de sociedades contemporâneas complexas, que, sendo as mais 
antigas dessa região, contêm em suas histórias algumas das chaves para compreendermos a própria ocupação 
continental, conforme vimos. 
América Latina: povos indígenas (proporção e quantidade)
Fonte: CEPAL. Os povos indígenas na América Latina: avanços na última década e desafios pendentes para a garantia de seus direitos. 
Disponível em: <https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37773/1/S1420764_pt.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018. Adaptação.
A ONU tem sido atuante na defesa dos direitos dos povos indígenas por meio de diversos mecanismos 
e normativas especiais para eles, por exemplo a “Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos 
Indígenas”, formalizada em 2008, com relevante contribuição do Brasil. A Comissão Econômica para a América 
Latina e o Caribe (Cepal), órgão também vinculado à ONU, estimula políticas públicas orientadas para a garantia 
dos direitos básicos desses povos, respeitando suas perspectivas próprias e seus ideais de desenvolvimento. 
Para isso, é necessário construir sociedades pluriculturais que beneficiem a todos, consolidando melhorias no 
bem-estar geral e nas condições de vida dos povos indígenas, promovendo, inclusive, a representação e par-
ticipação política e respeitando, em especial, seus direitos territoriais históricos. A esse respeito, leia a matéria 
citada a seguir. 
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 Geografia 19
TV peruana agora tem um noticiário em quéchua. 
Por que isso é um gesto político e social 
Além de levar informação na língua originária de milhões de pessoas, 
‘Ñuqanchik’ busca a legitimação do idioma no espaço público
As plataformas de imprensa estatal peruanas “TV Perú” e “Radio Nacional” passaram a contar, desde o dia 
12 de dezembro, com um noticiário conduzido totalmente em quéchua – língua originária da região andina. 
O programa é o primeiro do tipo no país a ter abrangência nacional. 
Seu nome, “Ñuqanchik”, já dá dicas de sua proposta, como explicou o antropólogo Luis Mujica ao “El País”. 
O termo, em quéchua, pode ser traduzido para português com o significado de “nós”. [...]
Ao criar o noticiário, o governo indica que pretende legitimar a língua no espaço público, historicamente 
excluída tanto no Peru quanto em outros países da América Latina castelhana. [...]
O quéchua não é a única língua a dividir espaço com o castelhano trazido pela colonização espanhola. De 
acordo o Instituto Nacional de Estatística e Informação do Peru, existem 47 idiomas diferentes no país – a 
maioria deles na região amazônica. A contagem ainda pode ser maior, dado que o próprio quéchua, como 
explica Yataco, se divide em diferentes línguas derivadas que conseguem se comunicar entre si. Isso também 
acontece com outros idiomas. [...]
Exclusão linguística
O estabelecimento de uma língua oficial europeia, em um país que tem grande parte de sua população 
ainda falando línguas pré-hispânicas, é considerado uma forma de exclusão social por meio do idioma. 
No caso peruano, essa imposição se manteve por séculos, tendo deixado marcas importantes na forma 
como se dá a organização social no país até hoje. De acordo com Yataco, quem “nasce com uma língua materna 
diferente do espanhol, já nasce com a exclusão da cidadania”. 
“[Exclusão linguística] significa que há um sistema que coloca algumas línguas como mais privilegiadas. 
No caso da América Latina que fala castelhano, o privilégio discursivo é só de uma língua – o espanhol. Dessa 
maneira se exclui não apenas as muitas línguas que existem, mas também os seus falantes. É uma forma de 
criar subalternos” [afirma Miryam Yataco, professora da Universidade de Nova York]. [...]
Embora a proibição tenha acabado ao longo do tempo, o impacto social de ter o quéchua como língua ma-
terna permaneceu em duas principais formas – na dificuldade de acesso à estrutura pública e no preconceito. 
Acesso 
Dados do Banco Mundial apontam que dentre todos os peruanos que não têm acesso a serviços básicos de 
saúde, 60% falam quéchua. Outros estudos mostram como existe uma relação direta entre língua e acesso a 
todo o tipo de serviço público peruano, como educação, ao fornecimento de água, eletricidade, saneamento e 
meios de comunicação. 
Antes do reconhecimento do direitode falar quéchua no país, quem não falasse espanhol não poderia se 
comunicar com o médico no hospital público e nem ter acesso ao sistema de Justiça do país. Embora as leis 
tenham mudado, Yataco diz que a criação de uma estrutura que insira o quéchua no serviço público “está fun-
cionando muito lentamente” e que “ainda não é de conhecimento geral que existe esse direito”. 
IANDOLI, Rafael. TV peruana agora tem um noticiário em quéchua. Por que isso é um gesto político e social. Disponível em: <https://www.nexojornal.
com.br/expresso/2016/12/17/TV-peruana-agora-tem-um-notici%C3%A1rio-em-qu%C3%A9chua.-Por-que-isso-%C3%A9-um-gesto-pol%C3%ADtico-
e-social>. Acesso em: 31 maio 2019.
Considerações complementares.7
8o. ano – Volume 420
Questão racial
Entre as questões sociais e culturais mais preocupantes dos países americanos, em especial do Brasil e dos 
Estados Unidos, está a questão racial, que muitas vezes se manifesta em episódios envolvendo racismo, isto é, 
preconceito ou discriminação por conta da cor da pele. A influência cultural africana, contudo, é uma das marcas 
das culturas nacionais tanto brasileira quanto estadunidense – muitos elementos culturais africanos acabaram 
sendo adotados, admirados e, de certa forma, incorporados como traços típicos dessas sociedades. Ambos os 
países, por conta de questões históricas ligadas à escravidão, foram construídos com forte desvantagem inicial 
para as populações afrodescendentes, que, ainda hoje, apresentam índices socioeconômicos nitidamente mais 
precários que os das populações gerais. Por essa razão, movimentos sociais afrodescendentes reivindicando 
maior igualdade racial influenciaram a história política de Brasil e Estados Unidos. 
Os Estados Unidos aboliram a escravidão em 1863 – mais de duas décadas antes do Brasil, que o fez em 1888. 
Entretanto, isso se deu em meio a uma guerra civil que dividiu o país entre 1861 e 1865: a Guerra de Secessão. Os 
estados mais ao sul, escravistas e de economia predominantemente agrária, voltaram-se contra os estados do 
norte, antiescravistas e de economia predominantemente industrial, buscando se separar, mas foram derrotados. 
O fim da escravidão nos estados sulistas, porém, não se deu de forma integral com a abolição de 1863, uma 
vez que vários sistemas legislativos estaduais discriminatórios permaneceram vigentes nesses estados, onde 
diversas leis institucionalizavam uma espécie de apartheid, semelhante ao caso sul-africano, que veremos mais 
adiante. Somente em 1964, portanto um século após o fim da escravidão, os Estados Unidos enfim aboliram as 
leis de segregação racial com as Leis dos Direitos Civis, fruto de forte mobilização popular. Para a maioria dos 
estudiosos atuais, somente a partir de então o país pode ser considerado uma democracia plena.
• Martin Luther King 
e outros líderes 
marcham pelos 
direitos civis em 
Washington, 
Estados Unidos, 
1963
• Protesto contra racismo do movimento Black Lives Matter, Nova Iorque, 
Estados Unidos, 2016
As tensões por conta da desigualdade ra-
cial ainda hoje são fortes nos Estados Unidos, 
como evidencia um dos movimentos sociais 
de maior notoriedade no país recentemente 
– o Black Lives Matter (Vidas Negras Impor-
tam). Esse movimento surgiu em 2014, como 
decorrência de protestos das populações 
afrodescendentes contra ações policiais, que, 
com frequência, resultam em morte de jovens 
negros de bairros periféricos – problema re-
corrente também no Brasil, em quantidade 
bem maior. 
Leia, a seguir, uma matéria a respeito da 
questão racial nos Estados Unidos. 
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 Geografia 21
 1. No primeiro parágrafo, a reportagem menciona a segregação racial em uma cidade dos Estados Unidos 
apontada por Martin Luther King, na década de 1960. Você já ouviu falar desse líder popular? Escreva 
quem foi ele e qual a sua importância histórica (se necessário, pesquise na internet). 
 2. Com base na resposta anterior, justifique por que sua afirmação é relevante para iniciar a reportagem. 
 3. Com base no texto, quais semelhanças você pode observar, de forma geral, entre a realidade do Brasil e 
dos Estados Unidos no que diz respeito à questão racial? 
Chicago é vista como a cidade 
que mais separa brancos de negros nos EUA
No começo dos anos 60, Birmingham, no Alabama, foi batizada por Martin Luther 
King (1929-1968) de a cidade mais segregada dos EUA.
Hoje, é Chicago que ocupa esse lugar, com uma separação não oficial entre brancos e 
negros, mas, nem por isso, menos evidente.
O título vem da análise feita pelo estatístico Nate Silver sobre o mapa criado pelo pes-
quisador Dustin Cable, onde cada ponto representa a raça de uma pessoa mapeada pelo 
último censo. Depois de Chicago, estão Atlanta, Milwaukee e Filadélfia.
No caso de Chicago, a região sul da cidade é praticamente dominada por pontos negros, 
enquanto o centro é predominantemente branco. Em alguns bairros, como Englewood, 97,5% 
são negros.
A separação tem início nas primeiras décadas do século 20, quando famílias negras 
migraram dos estados do sul para os do norte, e, em Chicago, foram empurradas pelos 
valores dos imóveis para o chamado “Cinturão Negro”.
“Hoje, o que a segregação racial e econômica faz é tirar a chance de oportunidades 
iguais de educação e emprego. Onde você mora influencia 100% na sua possibilidade de 
acesso”, diz Stephanie Schmitz Bechteler, vice-presidente da organização Chicago Urban 
League.
A disparidade de pobreza entre brancos (14,7%) e negros (33,6%) na cidade evidencia o 
impacto da segregação por bairros. “O problema não é que brancos e negros não vivam nos 
mesmos bairros; é a disparidade entre as áreas negras e brancas”, afirma Carl Nightingale, 
autor de “Segregation: A World History of Divided Cities” (Segregação: uma história mundial 
de cidades divididas).
Segundo o especialista, essa realidade pode começar a mudar se houver uma intenção 
de investir em comércio e infraestrutura nas áreas negras e pobres. “Mas, tendo em vista 
que muitas empresas privadas não veem isso como algo lucrativo, provavelmente teria de 
haver incentivo do governo e um planejamento dirigido pelo bairro”, diz.
FLECK, Isabel. Chicago é vista como a cidade que mais separa brancos de negros nos EUA. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/
mundo/2017/09/1915412-chicago-e-vista-como-a-cidade-que-mais-separa-brancos-de-negros-nos-eua.shtml>. Acesso em: 11 dez. 2018.
Gabaritos.8
Olhar geográfico
8o. ano – Volume 422
Hora de estudo
 1. Quais são as principais diferenças sociais e econômicas entre a América Anglo-Saxônica e a América 
Latina? 
 2. Quais as principais dificuldades na integração econômica entre os países da América do Norte? 
 3. Qual é a situação da América Latina em relação ao Coeficiente de Gini? 
 4. Quais são os principais reflexos políticos decorrentes das profundas diferenças socioeconômicas exis-
tentes na América Latina? 
 5. Quais são as principais questões relativas às identidades culturais enfrentadas atualmente pelos países 
da América? 
 6. Qual a importância da iniciativa do governo peruano de transmitir um noticiário em uma língua nativa, 
o quéchua?
 
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 Atualmente, muitos países africanos apresentam regimes democráticos com eleições periódicas. Na 
maioria deles, o governo e as populações convivem pacificamente. Embora existam conflitos internos 
e situações de autoritarismo, isso tem se restringido cada vez mais a realidades pontuais. 
 Com base no próprio exemplo das eleições do Zimbábue em 2018, cujo histórico e resultados você 
pode pesquisar, é possível afirmar que a redução da violência e a existência de eleições significam 
a prevalência de total respeito às diferenças? Na sua opinião, a representatividade dos diferentes 
grupos socioeconômicos no país está garantida? 
Abertura docapítulo.1
Identidades e 
interculturalidades 
regionais da África
• Pessoas comemorando a renúncia do presidente zimbabuano Robert Mugabe, que governou o país ditatorialmente entre 1980 e 2017, 
Harare, Zimbábue, 2017
24
Mais de quatro décadas após a independência da maioria dos países africanos, cujos processos de 
descolonização ocorreram principalmente entre as décadas de 1950 e 1970, observa-se que a estabilidade 
política, ainda que de maneira tímida, parece, aos poucos, se consolidar no continente. No decorrer de 
praticamente toda a segunda metade do século XX, mazelas sociais derivadas de fatores como o longo 
processo de colonização, a recente descolonização, na maior parte das vezes desordenada, ou o estabe-
lecimento de elites políticas corruptas, dificultaram a construção de identidades nacionais mais amplas, 
que pudessem conciliar rivalidades étnicas preexistentes. Para as décadas vindouras do século XXI, há 
grandes expectativas sobre as possibilidades de superação desses problemas pela maior parte dos países 
da África. 
Apesar dos recentes avanços socioeco-
nômicos, a superação das adversidades que 
limitam o desenvolvimento africano ainda 
está longe de ocorrer. A consolidação da es-
tabilidade política no continente depende 
não só da resolução de problemas como as 
disparidades econômicas e o autoritarismo 
político, mas principalmente do combate à 
pobreza, que ainda assola boa parte da popu-
lação africana. 
Neste capítulo, vamos abordar os prin-
cipais aspectos socioculturais e políticos do 
continente, a fim de aprofundar a compreen-
são da dinâmica econômica que o caracteriza. 
Em um primeiro momento, serão enfatizados 
a economia e a política do continente neste 
século. Em seguida, vamos nos debruçar so-
bre as identidades culturais que permeiam os diversos povos africanos.
Economia e política na África do século XXI
As esperanças que a economia e a política des-
pertam entre analistas e cidadãos africanos no século 
XXI são desdobramentos de fatos ocorridos ainda no 
século XX. Entre eles, destaca-se o fim do regime do 
apartheid na África do Sul, no ano de 1993. 
Nelson Mandela (1918-2013), que alcançou a pre-
sidência do país após ter passado décadas na prisão 
por lutar em prol de ideais igualitários, foi um dos prin-
cipais opositores do apartheid. Veja, a seguir, como a 
luta de Mandela e a superação desse regime inspiram 
a atuação de jovens contemporâneos no continente. 
O apartheid foi o regime político de segregação racial 
que predominou na África do Sul entre 1948 e 1993. 
Ao impor leis que tratavam brancos como uma clas-
se de privilegiados, distinta das demais etnias do país, 
às quais legava tratamento inferior e discriminatório, o 
regime foi acumulando desgastes internos e rejeição 
internacional. Nos anos 1980, o país tornou-se alvo das 
mais diversas campanhas, restrições (como a exclusão 
de eventos esportivos) e pressões de líderes políticos 
mundiais. Finalmente, em 1994, concedeu tratamento 
igualitário a todos os seus cidadãos, passando então a 
ser considerado um país democrático.
 vindouras: que estão por vir.
• Estudantes em sala de aula na Suazilândia, 2008
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Objetivos
• Investigar as discrepâncias entre as realidades socioeconômicas dos países e regiões africanas.
• Reconhecer as diferenças socioculturais existentes entre os países e regiões da África.
• Identificar particularidades que caracterizam a diversidade cultural no continente africano.
Ícone da luta pela liberdade, Mandela inspira 
jovens africanos
Nelson Mandela estaria completando cem anos. Ele acabou com o racismo institucionalizado 
na África do Sul e foi o primeiro presidente negro do país. Sua postura reconciliadora continua 
inspirando as novas gerações.
[...] Em 1988, Mandela começou a ser preparado para a libertação. Três anos antes, ele recusara um 
perdão da pena em troca do abandono da violência por parte do ANC. Seguiram-se negociações secretas 
com as autoridades, e em 11 de fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão, Nelson Mandela, o ícone da 
liberdade sul-africana, foi libertado.
Sua vontade de protagonizar mudanças sempre foi acompanhada de grande humildade. Suas primei-
ras palavras pronunciadas em público foram, novamente, uma confissão: “Estou aqui diante de vocês não 
como um profeta, mas como um servo do povo”. [...]
Após sua libertação, Mandela pressionou pelo fim da segregação racial, o que levaria às primeiras elei-
ções livres de seu país, em abril de 1994. Em 10 de maio daquele ano, ele foi empossado como primeiro 
[...] presidente [negro] da África do Sul.
A partir daí, concentrou-se sobretudo na reconciliação entre as raças. Juntamente com o arcebispo 
Desmond Tutu, da Cidade do Cabo, impulsionou a revisão dos crimes do apartheid na Comissão da Ver-
dade e da Reconciliação.
Após encerrar o mandato presidencial e despedir-se da política ativa, em 1999, Madiba [apelido de 
Mandela] dedicou-se às funções sociais de sua fundação. O trabalho é voltado principalmente às crianças 
especiais e aos portadores de aids. “Os sul-africanos travaram uma nobre luta contra o apartheid. Hoje 
estão diante de uma ameaça muito maior”, declarou Mandela, cujo segundo filho, Makgatho, morreu da 
doença em 2005.
Entre todos os louros que colheu na carreira política, Mandela sabia que não era perfeito, chegando 
a admitir que não tinha feito o suficiente para impedir a epidemia de aids de se alastrar durante seu go-
verno. [...]
Mas, apesar das críticas, muitos o admiram como um homem fiel aos próprios valores. “Sua imparcia-
lidade, seu combate por direitos iguais e justiça são fundamentais para mim e são um guia para a minha 
visão de mundo”, diz Pamela Getcheu, de 33 anos, dos Camarões. “A associação Coeur d’Enfance (Cora-
ção da infância), que eu cofundei, é o meu jeito de não ignorar as desigualdades na nossa sociedade, mas 
de lutar pelos direitos das crianças”, afirma.
Mandela passou os últimos anos de sua vida longe da vida pública em seu povoado natal, Qunu, de-
dicando mais tempo à família. Quando faleceu, no dia 5 de dezembro de 2013, líderes políticos africanos 
e mundiais expressaram seu luto. Mas muitos jovens sul-africanos destacam que a liderança de Mandela 
era especial e que os encarregados do poder no continente hoje em dia estão longe de alcançar.
“Mandela representa um desafio para a próxima geração de líderes africanos: eles deveriam concentrar 
todos os seus esforços no povo”, diz a empreendedora e ex-Miss Libéria, Patrice Juah. Já o queniano Don 
Adrian Ingutia, de 26 anos, de Nairóbi, acredita: “Se nossos líderes africanos fossem como Mandela, a 
África poderia mudar”.
Conexões
SCHADOMSKY, Ludger; SANDNER, Philipp. Ícone da luta pela liberdade, Mandela inspira jovens africanos. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-
br/%C3%ADcone-da-luta-pela-liberdade-mandela-inspira-jovens-africanos/a-44710855>. Acesso em: 11 dez. 2018.
8o. ano – Volume 426
A libertação de Nelson Mandela da prisão da ilha Robben em 1990 ocorreu durante o governo do presidente 
Frederick Willem de Klerk. De Klerk, que governou entre 1989 e 1994, também tornou legal o partido de Man-
dela, o Congresso Nacional Africano, e outros que estavam na clandestinidade.
Em 1993, por esses gestos de concilia-
ção, Frederick de Klerk e Nelson Mandela 
foram agraciados com o Prêmio Nobel da 
Paz. No ano seguinte, Mandela se tornaria 
o primeiro presidente negro da África do 
Sul. Com mais de 60% dos votos, o Con-
gresso Nacional Africano, partido de Man-
dela, compôs a maior parte das vagas da 
Assembleia Nacional. 
Mais do que o crescimento econômico, 
a África do Sul se destacou internacional-
mente no período do governo Mandela 
(1994-1999), tanto pelas relações exterio-
res e o carisma do líder sul-africano quan-
to por ter garantido a paz dentro do país. 
Grande habilidade política e também di-
plomática é atribuída a Nelson Mandela, 
principalmente pela capacidade que de-
monstrou ao dialogar e negociara contenção dos setores mais exaltados da sociedade sul-africana 
no período imediatamente pós-apartheid. Com isso, ele é considerado o principal responsável 
por evitar a repetição de um roteiro comum entre vizinhos da África do Sul: o da revolta popular 
contra as elites, em grande parte descendentes de europeus, e posterior guerra civil entre grupos 
de etnias nativas. Em vez disso, apesar dos problemas socioeconômicos, o país se tornou um caso 
de raro sucesso na transição de um regime autoritário e excludente para um país politicamente mais livre e 
inclusivo, com a reconciliação dos diferentes grupos da sociedade em moldes democráticos e pacíficos.
Atividades
Um dos grandes desafios na administração sul-africana, sobretudo após décadas de um regime que segre-
gou a maior parte da população, é atender a interesses de grupos étnicos e sociais diversos e conseguir integrá-
-los em uma grande sociedade nacional. Uma das medidas tomadas foi o reconhecimento das línguas faladas 
pelas etnias como idiomas oficiais do país. Para compreender melhor essa configuração étnico-social, faça uma 
pesquisa na internet e responda às questões a seguir.
 1. Quantas línguas oficiais existem na África do Sul? 
 2. Quais são as duas línguas faladas pelas etnias brancas no país? 
 3. Qual é o grupo étnico majoritário no país?
 4. A qual grupo étnico pertencia Nelson Mandela? 
 
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• Premiação do Nobel da Paz para os sul-africanos Nelson 
Mandela e Frederick W. de Klerk, em Oslo, Noruega, 1993
 Geografia 27
Principais polos econômicos
Como você já pôde constatar ao longo do ano, a África é um continente de fortes contrastes e disparidades 
regionais. Apesar disso, despontam polos econômicos até certo ponto promissores quanto ao crescimento e 
desenvolvimento futuro, ainda que a depender de diversos fatores, em especial melhorias na política, na edu-
cação e na governança. Os três principais polos são a África do Sul, líder na industrialização, a Nigéria, o país de 
maior população, e o Egito, maior PIB do continente. 
África do Sul
A sociedade sul-africana ainda hoje enfrenta consequências da enorme desigualdade social, com forte traço 
étnico, legada pelo regime do apartheid, conforme vimos. Embora as leis racistas tenham sido abolidas em sua 
totalidade e se observe atualmente a ascendência de diversos empresários e políticos negros à elite do país, 
as diferenças socioeconômicas entre brancos e as diversas outras etnias continuam muito grandes. Se, por um 
lado, verifica-se a formação de uma classe média rica e negra, por outro, ainda que muitas famílias brancas em-
pobrecidas tenham migrado para bairros mais simples em anos recentes de crise econômica e desemprego no 
país, os habitantes das periferias empobrecidas permanecem sendo majoritariamente de etnias negras. 
• Desigualdade sul-africana expressa 
em vista aérea da geografia urbana 
em Johanesburgo, África do Sul, 2018
A renda média das famílias brancas é muito superior à dos demais grupos étnicos e essa diferença tem au-
mentado no século XXI. Não por acaso, a África do Sul registra o pior Coeficiente de Gini do planeta (de 0,634 
em 2016), o que o converte no país mais desigual do mundo. Dados como esses revelam que a ascensão eco-
nômica de uma parcela da população negra não implica a efetiva redução das disparidades sociais.
Em 2017, após acumular nove anos no poder, o presidente Jacob Zuma se viu pressionado a renunciar por 
conta da degradação da economia do país, do alto índice de desemprego, que atingiu 27% da força de trabalho, 
do envolvimento em escândalos de corrupção e da pressão de seu próprio partido, o CNA. Cyril Ramaphosa, 
empresário, ativista anti-apartheid e ex-líder sindical, assumiu o governo em fevereiro de 2018, prometendo 
travar uma luta contra a corrupção, iniciando pela fiscalização do estilo de vida dos ministros de seu governo. 
Em setembro do mesmo ano, pressionado pela recessão econômica que afetou o país, Ramaphosa deter-
minou mudanças nos investimentos das finanças do país. Visando impulsionar o crescimento da economia, 
destinou verbas a setores da periferia urbana e ao meio rural, como subsídio para os cultivos destinados à ex-
portação. Ramaphosa foi reeleito em 2019, mas, com 62% dos votos válidos, seu partido, o CNA, teve a menor 
votação desde o fim do apartheid. 
Outro desafio ao governo sul-africano está em conter as ondas de violência nas principais cidades do país, 
em que se expressa a xenofobia contra imigrantes. Isso porque há um número elevado de pessoas oriundas de 
outros países africanos, desde os mais próximos, como Zimbábue e Moçambique, até outros mais distantes, 
como Camarões e Somália, em geral, exercendo diferentes atribuições nas áreas urbanas e nas minas do país. 
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8o. ano – Volume 428
Nigéria
A Nigéria, país mais populoso da África, é também um dos grandes produtores de petróleo do mundo. En-
tretanto, assim como o Brasil e muitos outros exportadores de commodities, exporta a maior parte do produto 
cru, em vez de processado e refinado. Além disso, concentra mais de 90% do comércio exterior apenas em dois 
produtos de origem mineral: petróleo e gás. Portanto, a dependência econômica é um dos maiores desafios 
que a Nigéria enfrenta para seu desenvolvimento. 
Recentemente, o governo nigeriano tem atraído o investimento de empresas estrangeiras por meio da 
isenção de taxas fiscais a empresas de bens de exportação. Além disso, outro grande atrativo na Nigéria é a 
numerosa mão de obra. Com um crescimento demográfico que logo a tornará o quarto ou mesmo o terceiro 
país mais populoso do mundo, a Nigéria tem um promissor mercado interno, tanto de mão de obra quanto 
de consumo, desde que a população 
adquira poder aquisitivo suficiente. O 
investimento privado na Nigéria tem 
procurado diversificar a economia por 
meio do agronegócio, da indústria ma-
nufatureira e da mineração.
Outro desafio que o país enfrenta 
no século XXI é o controle sobre as 
tensões geradas pela enorme multi-
plicidade étnica interna. Na região nor-
deste do país, uma das mais pobres, o 
governo precisa enfrentar o fortaleci-
mento do grupo islâmico radical “Boko 
Haram”, além de outras organizações 
de menor expressão.
Há cerca de 250 diferentes etnias 
na Nigéria. Entre elas, destacam-se os 
grupos hauçá-fulani, iorubá e igbo, 
que juntos correspondem a quase 
70% do total da população do país. 
Os laços culturais entre a Nigéria e o 
Brasil são bastante fortes por conta do 
grande contingente de nigerianos que 
foi trazido na condição de população 
escravizada nos tempos da escravidão. 
Nigéria: diversidade étnica 
Fonte: NIGERIA elections: mapping a nation divided. Disponível em: <https://www.bbc.
com/news/world-africa-31101351>. Acesso em: 20 nov. 2018. Adaptação.
• Complexo de Petróleo e Gás na Nigéria, 2014
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 Geografia 29
Egito
O Egito foi um dos países mais afetados pelos eventos que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, uma 
onda de protestos populares que tomou diversos países do norte da África e do Oriente Médio em janeiro e 
fevereiro de 2011. A dimensão e a intensidade das manifestações, que chegavam a reunir centenas de milhares 
de pessoas nas maiores cidades, como Cairo, Alexandria e Suez, levaram a uma situação insustentável para o 
então presidente Hosni Mubarak. Após governar o país por 30 anos, Mubarak finalmente renunciou ao cargo, 
sendo preso em seguida. Um conselho militar assumiu o comando do governo e pouco mais de um ano depois, 
em meados de 2012, o Egito passou pela primeira eleição democrática de sua história. De forma inédita, a po-
pulação foi às urnas tendo mais de uma opção de voto e, também pela primeira vez em sua história, elegeram 
um presidente não militar. 
No entanto, a experiência foi curta. Mohamed Morsi, o presidente eleito, pertencia ao Partido da Liberdade 
e da Justiça,que tinha laços históricos com o grupo internacional Irmandade Muçulmana, considerado radical. 
Mesmo se desligando do grupo, o presidente também deparou-se com enorme oposição e protestos populares 
que se espalharam pelo país, fazendo grande pressão pela renúncia. 
Diante de sua recusa em abandonar o cargo, um golpe militar em junho de 2013 depôs e prendeu o pre-
sidente, encerrando o curto período de governo não militar desde a fundação moderna do Egito, em 1952. 
Desde então, Abdel Al-Sisi, ou general Sisi, governa o país de maneira severa e autoritária, tendo sido reeleito 
em 2014 e 2018, em ambos os casos com cerca de 97% dos votos, o que sinaliza provável manipulação sobre os 
resultados dos pleitos. Mohamed Morsi, por sua vez, morreu na prisão em 2019 sob circunstâncias pouco claras. 
• Egípcios protestam contra o governo durante 
a Primavera Árabe no Cairo, Egito, 2011
• Militares tomam o poder após 
golpe de Estado, Cairo, Egito, 
2013
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8o. ano – Volume 430
Apesar desse conturbado contexto político, o Egito tem uma economia relativamente forte, com significa-
tivo setor industrial, em especial automotivo, refino de petróleo, produtos químicos e produtos agroindustriais, 
como alimentos processados, tecidos e açúcar. A indústria mineral do Egito também é relativamente bem de-
senvolvida, sendo impulsionada recentemente por descobertas importantes de gás natural no delta do Nilo e 
ricas reservas de petróleo, ferro, fosfato, manganês, gesso, mármore e sal. As atividades associadas ao turismo, 
que têm enorme importância no país, são prejudicadas pela proliferação de organizações islâmicas radicais, que 
de forma recorrente atacam diversos pontos do país – inclusive infraestruturas turísticas.
Algumas cidades do Egito estão entre as mais superpovoadas do mundo e, por conta da aridez que predo-
mina em quase todo o território do país, tanto a população quanto as atividades econômicas se concentram 
nas proximidades do Rio Nilo. Pouco menos da metade da população egípcia vive nas cidades, o que significa 
que as áreas urbanas ainda tendem a crescer bastante em número de habitantes. A maior delas, a capital Cairo, 
apresenta severos problemas populacionais, o que tem mobilizado inclusive esforços por parte do governo para 
amenizar sua superlotação. 
A agricultura do país é relativamente produtiva, mas tem seu espaço de cultivo limitado a menos de 4% do 
território, o que intensifica as disputas históricas por terras entre camponeses e grandes proprietários. 
Saiba +
A cidade ainda sem nome, conhecida por enquanto apenas como a “nova capital administrativa” do 
país, foi anunciada em março de 2015 como uma das principais iniciativas do governo do general Abdel 
Fattaf al Sisi [...]. O plano é ter uma cidade completa, para cerca de 5 milhões de habitantes. 
O projeto prevê ainda lagos artificiais, um parque com o dobro do tamanho do Central Park, de 
Nova York, escolas e universidades, hospitais, centenas de mesquitas, a maior igreja do país, um parque 
temático e um aeroporto. 
A tudo isso, se somarão as instalações do governo, como palácios presidenciais, embaixadas e as 
sedes do Parlamento e de 18 ministérios. [...]
De acordo com o serviço de informação do governo, a principal razão por trás do projeto é aliviar 
a superlotação do Cairo, uma megacidade com quase 20 milhões de habitantes e que deve chegar aos 
40 milhões em 2050, além de “ajudar a fortalecer e a diversificar o potencial econômico do país com a 
criação de novos locais para se viver, trabalhar e visitar”.
ESPARZA, Pablo. Como será a grandiosa e polêmica capital que o Egito está construindo no meio do deserto. Disponível em: <https://www.bbc.com/
portuguese/internacional-44320974>. Acesso em: 8 jan. 2019. 
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Imagem panorâmica parcial do território 
egípcio, gerada por satélite; mostra a 
concentração das terras agricultáveis nas 
proximidades do Rio Nilo e de seu delta 
no norte do país.
 Geografia 31
SAKR, Beshir. A contrarreforma agrária egípcia. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/a-contra-reforma-agraria-egipcia/>. Acesso em: 8 jan. 
2019. 
De acordo com o que diz o trecho mencionado, assinale as alternativas corretas.
( ) Os pequenos produtores egípcios estão entre os mais produtivos do Hemisfério Sul, portanto não 
precisam se preocupar com a venda de seus produtos no mercado. 
( X ) Os pequenos produtores egípcios têm boas condições de garantir sua subsistência, mas precisam 
diversificar sua produção para obter lucro e poder investir em melhorias.
( X ) Para investir nas terras que cultivam, mas que não lhes pertencem, os pequenos produtores locatá-
rios precisam ter garantias contratuais de que poderão usufruir das melhorias. 
( X ) Produzir para o mercado traz lucros mas também riscos, já que a concorrência pela demanda dos 
consumidores gera variação nos preços das mercadorias. 
Olhar geográfico
[...] as pequenas propriedades egípcias praticam uma agricultura extremamente intensiva; seus 
rendimentos estão entre os melhores do Hemisfério Sul; e cada parcela dedicada à horticultura 
pode fornecer até três colheitas por ano. Se os pequenos proprietários procuram prioritariamente a 
autossubsistência, para garantir o alimento indispensável à família, eles também têm a preocupação 
de maximizar os lucros por meio da diversificação da produção destinada à venda – o que implica 
assumir os riscos daí decorrentes, notadamente aqueles provocados pelas flutuações do mercado. 
Em contrapartida, constata-se facilmente que os locatários investem trabalho e insumos na melho-
ria das terras, quando se sentem garantidos por contratos de arrendamento de longo prazo.
Leia, a seguir, o trecho de uma reportagem sobre o espaço rural no Egito. 
Complete os quadros a seguir com duas potencialidades e duas dificuldades econômicas, políticas ou 
sociais que você encontrou em cada um dos países estudados. 
África do Sul Nigéria Egito
Organize as ideias 
Gabarito.3
8o. ano – Volume 432
Comércio e integração entre os países africanos
Assim como ocorre em outros continentes, os países africanos também se agrupam em torno de blocos 
econômicos com o intuito de aprimorar o comércio entre eles e promover a integração econômica do conti-
nente, em especial no que diz respeito à infraestrutura. Observe, nas páginas 2 e 3 do material de apoio, seis 
mapas que representam os principais blocos econômicos do continente.
Como é possível perceber, a União Africana, que 
substituiu a antiga Organização da Unidade Africa-
na em 2002, é a mais abrangente delas. Sua atuação 
já se fez presente na mediação de conflitos como 
os da Somália e do Sudão. Para tanto, há o Conse-
lho de Paz e Segurança, principalmente para atuar 
nas situações mais graves envolvendo seus países-
-membros, como crimes contra a humanidade.
Em sua vertente econômica, denominada de 
Comunidade Econômica Africana, a União Africana 
busca a cooperação internacional entre seus Esta-
dos e entre eles e os mercados de países de outros 
continentes. O Brasil participa dos principais even-
tos da União Africana como observador. 
A Comunidade Econômica Africana se baseia em vários “pilares”, isto é, em várias comunidades econômicas 
regionais, entre as quais se destacam: Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC); Mercado 
Comum da África Oriental e Austral (Comesa); Comunidade da África Oriental (EAC); e Comunidade Econômica 
dos Estados da África Ocidental (Cedeao ou Ecowas, em inglês).
Um encontro da União Africana em 2015, próximo a Cairo, no Egito, estruturou a Área Tripartida de Livre Co-
mércio, com o propósito de integrar os mercados de SADC, Comesa e EAC. Essa integração de blocos regionais 
africanos visa criar uma união aduaneira, com o estabelecimento de tarifas

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