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- Direito Constitucional - Dirley da Cunha

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TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL 
 
● Conceito de Norma Constitucional: ​Todas as disposições jurídicas previstas implícitas ou 
explicitamente nas constituições. Tudo que está na constituição é norma constitucional, elas 
não devem ser chamadas de normas legais, pois estas são as que estão presentes na lei. 
● Uma Constituição pode ser compreendida como um sistema jurídico aberto de ​regras ​e 
princípios​. Esta deve intervir com a realidade político-social de onde ela provém. 
○ Sistema dinâmico de normas (sistema jurídico) 
○ Possui uma estrutura que dialoga (sistema aberto) 
 
ROBERT ALEXY 
 
● Espécie de Norma Constitucional: ​Tanto princípios quanto regras são normas, mas se 
distinguem (deve-se ao neoconstitucionalismo). Distinções qualitativas de acordo com 
Robert Alexy: 
○ Princípios: ​Normas que determinam (caráter impositivo/mandamental) ​que algo 
(valor/interesse) ​seja realizado na maior medida possível, de acordo com as condições 
fáticas ​(social, econômica e política) ​e jurídicas. 
■ São mandamentos ou mandados de otimização. Ou seja, podem ser 
concretizados em diversos graus/níveis, apesar de almejar o grau máximo. 
■ Dispõe sobre algum valor/interesse jurídico. 
■ Aplica plenamente 
■ Ex.: O princípio (norma) da dignidade da pessoa humana(valor) e um 
princípio na Alemanha e no Brasil, mas no país europeu e realizado, em razão 
das condições fáticas mais favoráveis. O princípio é concretizado em maior 
grau no Brasil. 
○ Regras: ​Normas jurídicas que prescrevem imperativamente uma obrigação, proibição 
ou faculdade, que devem ser realizadas plenamente na exata medida de suas 
prescrições. ​Ou se aplica inteiramente ou não se aplica em nada; deve incidir 
inteiramente sobre o fato. 
○ Conflitos entre regras e princípios: ​Não são aplicadas as mesmas regras no caso de 
colisões (antinomia) entre eles. 
■ COLISÃO ENTRE DOIS PRINCÍPIOS: ​Os princípios, quando em 
colisão, devem ser solucionados na dimensão da importância/valor que ele 
prevê a partir da técnica ou interesse da técnica da ponderação​. Verifica-se a 
luz da situação qual é aquele mais importante do que o outro. 
➢ Ex​.: Qual o princípio mais importante de ser protegido o da 
privacidade ou o da liberdade de imprensa? Dependerá da hipótese 
em que essa colisão ocorrer. 
■ COLISÃO ENTRE DUAS REGRAS: ​Conflito entre duas regras podem ser 
resolvidos a partir de duas modalidades a depender da situação: 
➢ Ex​: Ninguém pode sair da sala de aula, ​exceto se houver um alarme 
de incêndio. 
1. Validade​: Observa-se qual regra é válida e qual não é (que 
será excluída). 
2. Inserindo em uma das regras uma ​cláusula de exceção​. 
 
DIFERENCIAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL PRINCÍPIO E REGRA POR 
CRITÉRIO DE GRAU 
 
● ABSTRAÇÃO E GENERALIDADE: ​Tanto os princípios como as regras são normas gerais 
e abstratas que se distingue. Enquanto o princípio são normas de alto grau de abstração e 
generalidade, as regras possuem um grau bem menor. 
○ Os ​princípios ​veiculam idéias e estabelece valores que se estendem a todos os 
cidadãos. ​Ex: ​Princípio da Pessoa Humana, Princípio da Solidariedade, etc. 
○ As ​regras ​não se estendem a todos. Elas definem situações fáticas e trazem, no seu 
relato, o seu antecedente e o seu consequente. ​Ex: ​Sobre a aposentadoria compulsória 
do servidor público (Art. 40, inc. 2, ​§1) 
 
● CRITÉRIO DE GRAU DE INDETERMINAÇÃO: ​Importante para identificar se o 
conteúdo da norma é determinado ou indeterminado. Se o conteúdo seja determinado 
previamente determinado, está diante de uma ​regra​. Caso contrário, se for indeterminado, 
será um ​princípio​. 
○ Regras: ​Semanticamente específico, determinado, conteúdo fechado. Este não 
precisa de integração. 
○ Princípios: ​Indeterminado, conteúdo aberto. Este precisa ser mediado para 
determinar o seu conteúdo. 
■ Na maioria ​das vez quem realiza a mediação para determinar o conteúdo dos 
princípios são as regras. 
■ Na ausência de uma regra mediadora, é possível convocar o juiz para decidir 
e determinar o conteúdo do princípio. 
 
● GRAU DE FUNDAMENTALIDADE: ​Enquanto os princípios veiculam valores, as regras 
descrevem as situações hipotéticas. 
○ Os ​princípios ​são dotados de maior fundamentalidade para o sistema jurídico. ​Ex: 
Princípio do Estado Democrático de Direito, Princípio da Livre Iniciativa, Princípio 
do Pluralismo. 
○ Já as ​regras ​não possuem esse papel. 
 
● GRAU EM FUNÇÃO NORMOGENÉTICO 
○ Os princípios têm e as regras não. 
○ Os ​princípios ​são a origem/início do direito, são as fontes mais importantes do 
direito. É a partir deles que se produz o sistema jurídico. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO SUA EFICÁCIA E 
APLICABILIDADE 
 
● Não existe norma constitucional desprovida de eficácia (possibilidade da norma de produzir 
efeitos no direito) 
● Nem todas as normas constitucionais possuem o mesmo grau de eficácia 
 
● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA ​PLENA: ​São as normas que reúnem todos 
os elementos e condições necessários para sua aplicabilidade direta (não depende de nenhum 
ato posterior), imediata (não se sujeita a nenhum prazo) e integral (se aplica produzindo todos 
os efeitos que ela deseja). ​Autoaplicáveis ​(bastante por si mesma). ​Ex: ​Normas que definem 
os Direitos Fundamentais. 
 
● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA ​CONTIDA: ​Assemelha-se às anteriores 
porque reúnem todos os elementos em condições necessárias para terem aplicabilidade direta, 
imediata, porém nem sempre integral. Os seus efeitos podem ser contidos (impede a aplicação 
integral das normas). ​Autoaplicáveis ​(aplicação direta e imediata). ​Ex: ​Direito Fundamental 
à Liberdade de Profissão. 
 
● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA ​LIMITADA: Normas incompletas, não 
reúnem os elementos e condições necessárias para sua aplicabilidade direta e imediata. Possui 
uma aplicabilidade indireta e mediata. Depende de posterior complemento. ​Não 
auto-aplicáveis. 
■ Normas Programáticas: ​Aquelas que estabelecem os programas de governo. ​Ex​: 
Bolsa Família. 
■ Normas Institutivas: ​Prevê a criação de determinados órgãos, organismos e 
instituições. ​Ex​: Norma que prevê a Criação do Conselho de Defesa Nacional. 
 
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
CONCEITO E OBJETO 
 
● HERMENÊUTICA JURÍDICA ​x​ INTERPRETAÇÃO JURÍDICA 
○ Um dos primeiros a conceituar o tema, ​Carlos Maximiliano disse que Hermenêutica 
seria uma teoria científica da arte de interpretar (dizer que o Direito é uma ciência não 
é tão consensual hoje em dia). Na ​hermenêutica ​há toda uma preocupação 
sistemática do conjunto de conhecimentos voltado para um objeto que é a 
interpretação. 
○ A ​Hermenêutica Jurídica ​é uma parte da ciência do direito que procura formular e 
sistematizar as referências teóricas para a interpretação do direito. Plano meramente 
especulativo. 
■ A existência da hermenêutica ​depende ​da interpretação 
○ A ​Interpretação Jurídica ​consiste em uma atividade prática, e não teórica, de se 
revelar ou se construir sentidos ou significados dos textos jurídicos a vista da 
realidade a eles subjacentes, com a finalidade de resolver problemas da vida real. 
■ Não ocorre de maneira assistemática, ela é referenciada na medida que possui 
um sistema de referência que lhe é dado pela hermenêutica. 
■ A interpretação ​depende ​da hermenêutica. 
■ É uma atividadede ​descoberta/extração do sentido/alcance de enunciados, 
onde a doutrina do Direito tem que se basear na diferenciação de textos e 
normas , onde ​Texto ​é o ​material a ser interpretado e a ​Norma ​é o 
p​roduto da interpretação de um texto ou um conjunto de textos. 
● A ​interpretação jurídica ​é o gênero do qual a interpretação constitucional é espécie. Com 
isso, o que se pretende dizer é que a interpretação da Constituição insere-se no âmbito da 
interpretação jurídica em geral, de modo que compartilha de seus traços comuns. 
● A ​interpretação constitucional e a interpretação jurídica da constituição. Atividade de se 
identificar o significado da constituição com o propósito de resolver algum caso concreto. 
○ Tem por objeto a compreensão e aplicação das normas constitucionais 
○ Apresentam um ​conteúdo material aberto e fragmentado 
● Luís Roberto Barroso​: A Constituição deve ser interpretada levando em conta o conjunto de 
peculiaridades que singularizam seus preceitos, destacando-se a supremacia de suas normas, a 
natureza da linguagem que adota, o conteúdo específico e o seu forte caráter político. 
● As ​normas constitucionais ​são normas de organização e estrutura, que traçam as 
competências orgânicas e os fins do Estado, e disciplinam, inclusive, o processo legislativo de 
elaboração das normas legais, distinguindo-se, mais uma vez, destas últimas, que são normas 
prescritivas de condutas humanas. 
○ Dotadas de forte carga política 
 
A INTERPRETAÇÃO ESPECIFICAMENTE CONSTITUCIONAL 
 
● Nem sempre existiu, até a metade do século XX não se fazia diferença entre a lei e a 
Constituição, contudo, a partir do neoconstitucionalismo iniciou-se o processo de 
diferenciação da interpretação das legislações anteriormentes mencionadas, devido a 
supremacia da Constituição. 
 
MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
● Cumpre advertir, com base nas lições de ​Canotilho​, que a questão do ‘‘método justo’’ em 
direito constitucional é um dos problemas mais controvertidos e difíceis da moderna doutrina 
juspublicista. Para ele, não há apenas um método de interpretação constitucional, podendo-se 
afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um 
conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em 
critérios ou premissas. 
● Distinguem-se em face de suas premissas ideológicas. 
 
a) JURÍDICO OU HERMENÊUTICO CLÁSSICO 
○ Remonta a Escola Histórico do Direito da primeira metade do século XIX, 
com o destaque para Savigny. 
○ Considera que a Constituição é uma lei, ​de modo que a interpretação da 
Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei (tese da identidade 
entre a interpretação constitucional e interpretação legal). 
○ A interpretação da lei envolve alguns elementos hermenêuticos, envolvendo o 
elemento literal, sistemático e finalístico; cada elemento conduz a um modo 
de interpretar a lei e a constituição: 
1. Elemento gramatical/literal​: É aquela que explora as palavras 
contidas no enunciado, se atentando para o verbo. Como as palavras 
são postas e construídas a partir de sua concordância. Dá primazia às 
palavras, o verbo, a gramática, a redação. 
■ Ex​.: Quando a Constituição faz referência a idade da 
aposentadoria compulsória a servidores públicos aos 75 anos. 
■ Mas nem sempre o que está escrito está no sentido literal. 
Ex​.: Bigamia. 
2. Elemento histórico: É aquela que captura as razões históricas do 
legislador. 
3. Elemento sistemático: Garante uma unidade de interpretação, uma 
coerência interpretativa. 
4. Elemento teleológico: Na interpretação jurídica da lei ou da 
constituição deve-se observar os fins, privilegiá-los. 
 
b) TÓPICO PROBLEMÁTICO 
○ Defendido pelo autor Theodor Viehweg que em 1953 publicou seu livro: 
‘‘Tópica e Jurisprudência’’, apresentando como método específico da 
Constituição. 
○ Partindo da premissa que a interpretação constitucional tem natureza prática 
porque se propõe a resolver problemas práticos. A CF é composta de 
conteúdo aberto, prático. 
○ Em face disso e pela abertura material existe uma dificuldade de obter a 
solução, para facilitar deve inverter o caminho do intérprete; primeiro deve 
discutir o problema e após disso recorrer à CF. 
○ Deve-se dar primazia não ao texto, mas o problema que se deseja resolver 
interpretando a CF. Para isso deve-se utilizar a tópica na análise do problema, 
ou seja, a tópica aristotélica. 
○ Motivando os indagadores da produção e solução das respostas endereçadas. 
Processo aberto de argumentação. A vagueza impede que a partir da norma se 
obtenha uma solução, por isso parte do problema pela norma aristotélica. 
 
c) HERMENÊUTICO CONCRETISTA 
○ Sustentado pelo autor Konrad Hesse 
○ Defende que a ​interpretação da Constituição deve partir do texto para a 
solução do problema​. 
○ Não discorda das premissas dadas por Theodor Viehweg, parte de uma 
atividade de pré-compreensão (antecedente) da interpretação constitucional, 
através da sua criativo, tendo que produzir o sentido daquele conteúdo com o 
objetivo de limitá-lo. 
○ Para ele o intérprete não teria um poder absoluto, pois sua habilidade de criar 
se submete a parâmetros e critérios, sendo a consciência coletiva e geral que 
compreende na comunidade que dita os valores comunitários às escolhas 
fundamentais dessa comunidade, ao lado da doutrina e do entendimento das 
cortes e dos tribunais. 
 
 
 
 
 
d) CIENTÍFICO ESPIRITUAL 
○ O Rudolf Smend d​efendeu a Constituição como instrumento de unificação 
social. 
○ Para ele é fundamental que o intérprete revele uma ordem axiológica da 
Constituição, capturando esse espírito constitucional, identificando os valores 
que a formam. 
 
e) NORMATIVO ESTRUTURAL 
○ Seu maior expoente foi Friedrich Muller apresenta uma contribuição ajustada 
às demais, para ele a interpretação é concretista pois deve se concretizar a CF 
para a resolução de problemas. 
○ O intérprete deve levar em consideração os elementos do texto (programa 
normativo), tendo que extrair os dados da realidade (domínio normativo); 
concluindo que a partir desses dados o intérprete irá produzir o sentido da 
norma; trazendo a solução para o problema. 
○ Para ele ​não se confunde norma com texto e nem sempre a norma está 
inteiramente no texto, sendo resultado de uma confluência do texto a 
realidade contemporânea. 
○ A norma não é o objeto da interpretação, é o resultado dela. 
○ Ex​.: Dado por Vará, imagine em 1910 placa proibindo o uso biquine - 
biquine é indecente; hoje em dia - praia de nudismo. 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
● Servem como guias para a interpretação da Constituição, integrando o Sistema de Referência 
da Constituição. 
 
I. UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO​: A Constituição representa um sistema único de 
normas de uma multiplicidade de normas, por essa razão na interpretação 
constitucional orientasse que ao interpretar as normas assim o faça sempre 
considerando que a Constituição representa uma unidade, para evitar conflitos nos 
resultados. Confrontando as normas com todo o sistema constitucional. 
 
II. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE​: Recomenda-se ao intérprete que na 
interpretação da Constituição entre os significados obtidos dê primazia aquele sentidocom o qual ele possa dar maior efetividade (satisfação) aos preceitos constitucionais. 
 
III. INTEGRAÇÃO SOCIAL OU EFEITO INTEGRADOR: Vem da proposta de 
Rudolf S (espiritual) a interpretação deve ser utilizada como uma ponte para a 
integração social reforçando a unidade político e social da comunidade a partir dos 
valores comunitários. 
 
IV. JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL​: Se orienta que o intérprete 
deve garantir a integridade do sistema de organização funcional do poder para evitar 
que esse sistema seja comprometido, sendo fundamental que ele garanta a 
conformidade, a estabilização do sistema de divisão do poder. 
V. CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU DA HARMONIZAÇÃO: Orienta-se ao 
intérprete quando se depara com conflito de interesses tutelados constitucionalmente 
ele promova uma solução que promova a harmonia desses interesse e valores 
contrapostos, já que são protegidos pela mesma constituição. 
 
VI. PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS​: Presume-se que as 
leis editadas estão respeitando a Constituição. É uma presunção relativa. A presunção 
da menoridade é absoluta e de relações sexuais com menores de catorze anos. 
 
VII. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: Não 
pode ser interpretado na interpretação de qualquer lei, mas somente daquelas leis de 
natureza plurissignificativa ou polissêmica, ou seja, uma lei que permite diversos 
significados (mais de um). O intérprete deve adotar somente um significado, aquele 
que possibilite conformar a lei com a Constituição. 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
CONCEITO 
 
● A supremacia da Constituição é a base da sustentação do próprio Estado Democrático de 
Direito, seja porque assegura o respeito à ordem jurídica, seja porque proporciona a 
efetivação dos valores sociais. 
● No sistema jurídico positivado, a Constituição, ao possuir supremacia diante das leis, deve 
garantir equilíbrio, a coerência e a integridade de todo o ordenamento jurídico. 
● Todas as normas jurídicas devem compatibilizar-se, formal e materialmente, com a 
Constituição.​Caso contrário, a norma lesiva a preceito constitucional, através do controle de 
constitucionalidade, é invalidade e afastada do sistema jurídico positivado, com meio de 
assegurar a supremacia do texto magno. 
● O ​controle de constitucionalidade das leis vem para apurar e verificar se a lei viola ou não a 
Constituição (reconhecimento ou inconstitucionalidade da lei). Esta revela-se como uma 
importante garantia da supremacia da Constituição, haurindo daí a sua própria razão de ser. 
○ Atividade de fiscalização, pela qual se afere se as normas jurídicas fiscalizadas 
estão em consonância/harmonia ou não com a Constituição 
○ Princípio da presunção da constitucionalidade da lei​: As normas são presumidas 
como compatíveis com a Constituição. 
○ Aspecto Estrutural: O controle constitucional funciona como um sistema de defesa 
das Constituições. 
○ Aspecto Funcional​: Atividade de fiscalização das leis/atos normativos 
 
 
PRESSUPOSTOS 
 
● A CONSTITUIÇÃO FORMAL E ESCRITA: 
○ A chamada Constituição costumeira ou histórica (não escrita), por ser juridicamente 
uma constituição flexível, não dispõe de um controle de constitucionalidade, já que, 
nos países que a adotam, vige o princípio da supremacia do parlamento, não se 
aceitando a fiscalização dos atos dele decorrentes 
. 
● A CONSTITUIÇÃO COMO NORMA FUNDAMENTAL, RÍGIDA E SUPREMA 
○ É necessário compreendê-la como uma norma jurídica fundamental, rígida e suprema, 
a fim de que se possa distingui-la das leis comuns. 
○ O controle de constitucionalidade só se manifesta nos lugares que adoram 
Constituições rígidas. 
○ A Constituição só pode ser alterada através de uma emenda constitucional. 
 
● A PREVISÃO DE UM ÓRGÃO COMPETENTE 
○ Cada país irá indicar seus órgãos (podendo ser um ou vários). 
○ Na França, o controle de constitucionalidade é político e não judicial. O Conselho 
Constitucional Francês (órgão político)tem a missão de garantir a supremacia da 
Constituição, exercendo a fiscalização das leis.. 
○ Na primeira metade do séc. XX, na Europa, surgiu um debate em torno da questão: 
Quem deve garantir a supremacia da Constituição? Quem deve exercer o 
Controle de Constitucionalidade das leis? 
■ Hans Kelsen sustentava que o guardião da Constituição deveria ser os 
tribunais (tribunais constitucionais), portanto uma ​garantia judicial 
atribuída aos tribunais constitucionais​. A ele confiando toda supremacia da 
Constituição. 
■ Carl Schmitt sustentava que o guardião da constituição deveria ser o próprio 
chefe de Estado (presidente), na época o presidente era Hitler. 
■ Neste debate prevaleceu a ideia de HANS KELSEN. 
○ Os EUA adotaram a garantia judicial. Já o Brasil, seguindo o modelo norte americano 
da ​Judicial Review​, adotou a garantia judicial que deve ser prevista na Constituição. 
 
Não há controle de constitucionalidade faltando um desses pressupostos, todos são 
fundamentais para a existência de um controle. 
 
MODELOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
● Critérios fundamentais para o exercício do controle de constitucionalidade. Esses modelos 
foram criados para responder três indagações: 
1) Qual(s) o(s) órgão(s) responsável(s) pelo controle de constitucionalidade e 
garantia da constituição? 
■ Essa primeira pergunta tenta descortinar o aspecto subjetivo(sujeito/órgão) do 
controle 
2) Como se exerce o controle de constitucionalidade? De forma concreta ou 
abstrata? Aspecto modal ou procedimental. 
3) Quais os efeitos da decisão que declara a inconstitucionalidade de lei? Aspecto 
consequencial ou funcional. 
■ O órgão de controle, ao exercer o controle, decide declarando a 
inconstitucionalidade da lei controlada. E quais sãos os efeitos jurídicos desta 
lei? ​Ex tunc ou Ex nunc?​ Nulidade ou Anulabilidade da lei? 
● O modelo americano e europeu são referências mundiais, que procuraram oferecer resposta a 
essas perguntas. 
● MODELO AMERICANO 
○ De matriz norte americana, surgindo a partir de uma decisão judicial da Suprema 
Corte dos Estados Unidos no ​Caso de Marbury versus Madison ​em 1803. 
■ The nine justices cujo presidente era John Marshall, que definiram as 
premissas teóricas do Modelo Difuso de Constitucionalidade, reconhecendo a 
supremacia da Constituição 
■ No julgamento deste caso, coube a John Marshall, como presidente da 
Suprema Corte, definir os primeiros passos desse modelo. 
■ Foi ele que firmou as ​premissas ​do modelo norte americano. 
1) Reconhecimento da Supremacia da Constituição. 
➢ No julgamento deste caso estava em jogo dois interesses que 
invocavam normas diferenciadas: uma norma legal e outra 
constitucional (lei x constituição). 
➢ A Suprema Corte se deparou com uma ​antinomia jurídica 
entre uma norma legal e uma norma constitucional, a norma 
que fosse aplicada em detrimento de outra seria considerada 
superior. 
➢ Para John Marshall a Constituição seria o direito supremo do 
país, se baseado no artigo II da Constituição Norte 
Americana. Surgindo o dogma da supremacia constitucional. 
2) O controle de constitucionalidade para garantir a supremacia da 
Constituição competia ao judiciário ​recaindo sobre todos os seus 
órgãos, magistrados e tribunais; sendo um ​Controle Judicial 
Difuso​. O juiz, ao julgar um caso, não pode aplicar leis e normas que 
violem a Constituição. 
3) O controle se dáconcretamente; sempre à luz de um caso 
concreto. 
➢ Aprecia a constitucionalidade da lei, como um incidente 
(aquele que emerge de um caso concreto) 
➢ A inconstitucionalidade da lei não se confunde com o caso. 
4) As decisões que declaram a inconstitucionalidade da lei ou do ato 
estatal, no julgamento do caso, são decisões meramente 
declaratórias ​(que reconhecem uma situação preexistente, no caso a 
inconstitucionalidade da lei), tendo efeito ‘​ex tunc’. ​Retroagem a sua 
origem, enseja o pronunciamento da ​nulidade da lei ou do ato 
declarado inconstitucional (eliminando todas as situações jurídicas 
constituídas, por ventura, pela aquela lei), produzindo efeitos ​inter 
partes ​(entre as partes do caso concreto), dessa forma a lei continua 
valendo fora do caso; ​exceto ​se a decisão for da Suprema Corte seus 
efeitos serão ​erga omnes ​(cujos efeitos são para todos), ocorrendo 
uma ​Legal Death ​(semelhante a revogação, pois a lei deixa de 
existir). 
■ A decisão da Suprema Corte respeita o Princípio de ​Stare 
Decisis ​tornando a decisão obrigatória para todos (​non quieta 
movere​), não se altera o que está pacificado pela decisão. 
Adotado pelo Sistema de Common Law. Podendo se valer do 
over rule ​podendo superar seu próprio precedente, criando 
um novo. 
○ JUDICIAL REVIEW OF LEGISLATION 
■ Trata de um controle: ​Judicial, Difuso, Concreto (se dá no julgamento de 
caso concreto) e ​Controle Incidental (Pois a inconstitucionalidade é 
incidental; um mero incidente; é meio, não é fim; resulta da controvérsia. 
Serve de julgamento para o caso que é a questão principal) 
 
 
 
● EUROPEU 
○ Kelsen ​concebeu um sistema de jurisdição constitucional ​concentrada no qual o 
controle de constitucionalidade confiado, exclusivamente, a ​um órgão jurisdicional 
especial, conhecido por ​Tribunal Constitucional. 
○ O Modelo Europeu foi consagrado na Constituição da Áustria de 01/10/1920, cujo o 
controle de constitucionalidade foi concebido para ser exercido em ​via principal e 
abstratamente​, por meio de uma ação especial e direta. 
 
tabela comparativa entre os modelos 
 
EM RESUMO: 
 
Premissas consagradas no case Marbury vs Madison: 
■ Supremacia​ jurídica da Constituição 
■ Controle ​Judicial ​das leis (Judicial Review of Legislation), pois somente os órgãos do Poder Judiciário 
podem realizá-lo 
■ Controle ​difuso​, porque todos os órgãos do poder judiciário (juízes e tribunais) podem exercê-lo. Mas a 
Suprema Corte desempenha um papel determinante e hegemônico no domínio do sistema da judicial 
review, pois lhe cumpre, em razão do princípio da ​stare decisis​, a última palavra. 
■ Controle ​concreto e incidental, ​pois somente no curso de uma demanda concreta, pressupondo 
controvérsia, pode ser efetivada, como condição para a solução da ​vexata quaestio ​(caráter prejudicial). 
As decisões dos Juízes são inter partes. 
MODELO AMERICANO MODELO EUROPEU 
Controle ​difuso​; aberto Controle ​concentrado 
Os juízes e tribunais exercem o Controle de 
Constitucionalidade ​no julgamento dos casos 
concretos. 
O tribunal examina de ​forma abstrata os conflitos 
meramente normativo​s; não examina isso a luz de um 
caso concreto. 
Os juízes no caso concreto, vão examinar a 
inconstitucionalidade ​como questão ​incidental 
(prévio) e não principal. 
A ​inconstitucionalidade ​e a própria razão de ser do 
controle (objeto ​principal ​do controle). 
As decisões dos juízes produzem efeitos​ inter partes. As decisões dos juízes produzem efeitos ​erga omnes 
(contra todos) 
○ Premissas do Modelo Europeu: 
1. É um controle ​concentrado​ de constitucionalidade, cuja jurisdição 
constitucional está confinada a ​um só órgão​, o TRIBUNAL 
CONSTITUCIONAL, o único habilitado para declarar a 
inconstitucionalidade de uma lei. 
2. É um controle ​abstrato ​de constitucionalidade, pois é realizado 
independentemente de qualquer controvérsia na vinculação com casos ou 
situações concretas. Cuida-se de um controle cuja finalidade é resolver um 
conflito normativo, não de interesses. 
3. É um controle principal de constitucionalidade, na medida em que a 
constitucionalidade é erguida como perdido, situa-se na própria pretensão. 
4. A decisão tem efeitos ​erga omnes​. 
 
● EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 
○ A Constituição de 1824: ​Não adotou o Controle. 
○ A Constituição de 1891: ​Adotou o Controle Difuso- Concreto-Incidental (matriz 
americana). 
○ A Constituição de 1934: ​Adotou o Controle Difuso-Concreto-Incidental. Inseriu três 
novidades: 
1. A competência do Senado para suspender a execução da lei 
2. A regra da reserva do plenário 
3. A representação interventiva. 
○ A Constituição de 1937: ​Adotou o Controle Difuso-Concreto-Incidental 
○ A Constituição de 1946: ​Modelo misto pois adotou o Controle 
Difuso-Concreto-Incidental (matriz americana) e o Controle 
Concentrado-Abstrato-Principal (matriz europeia), este a partir das Emendas 
Constitucionais 16/65. 
○ A Constituição de 1967/69: ​Modelo misto pois manteve o Controle 
Difuso-Concreto-Incidental e o Controle Concentrado-Abstrato-Principal. 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CF/88 - MODELO MISTO- 
 
● ADI ​(ação direta de inconstitucionalidade)​: Tem uma finalidade mais ​genérica​. ​Função​: 
Suprimir​/Excluir do Sistema Jurídico leis ou atos normativos que violem a Constituição. Seja 
formal ou material.​ Ação supressiva. 
Controle ​Difuso-Concreto-Incidental ■ Todo ​juiz ​ou ​tribunal 
■ Em caso ​concreto​: ação ou recurso (por via de 
exceção ou defesa), como ​argumento de defesa 
■ Decisão com ​efeitos inter partes 
Controle ​Concentrado-Abstrato-Principal ■ Só o ​STF ​(garantia da CF) ou ​TJ’s ​dos Estados e do 
DF (garantia da CE). 
■ Abstratamente: Ações Diretas (ADI, ADO, ADC, 
ADPF), como ​pedido principal 
■ Decisão com ​efeitos erga omnes 
● ADO ​(ação direta de inconstitucionalidade por omissão)​: ​Finalidade de ​suprir ​a omissão da 
lei ou do ato que o Estado estava obrigado a produzir, mas não o fez. ​Ação supridora. Busca 
suprimir a ausência da norma. 
● ADC (​ação declaratória de constitucionalidade): ​Busca ​reconhecer ​a constitucionalidade da 
lei e ​preservá-la ​no sistema jurídico. 
● ADPF ​(arguição de descumprimento de preceito fundamental): ​Tem finalidade de ​suprimir 
um ato que viole a Constituição, mas só atua em norma qualificada como preceito 
fundamental, ou seja, imprescindível ao Estado e a sociedade. Ex.: Norma que trata qual é a 
forma do Estado, o tipo de governo e o regime político, sobre os direitos humanos. 
 
Diferenças entre a ADPF e ADI 
 
ADPF ADI 
Suprimir ​apenas ​norma qualificada como 
preceito fundamental 
Suprimir ​qualquer​ lei 
Ação subsidiária Ação principal 
Pode ser proposta à leis anteriores a 
constituição (pré constitucionais) 
Pode ser proposta à leis posteriores à CF 
 Requerentes: 
■ Presidente da República 
■ Mesa do Senado Federal 
■ a Mesa da Câmara dos DEputados 
■ Mesa de Assembleia Legislativa ou 
da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal 
■ Procurador-Geral da República 
■ Conselho Federal da OAB

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