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TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL ● Conceito de Norma Constitucional: Todas as disposições jurídicas previstas implícitas ou explicitamente nas constituições. Tudo que está na constituição é norma constitucional, elas não devem ser chamadas de normas legais, pois estas são as que estão presentes na lei. ● Uma Constituição pode ser compreendida como um sistema jurídico aberto de regras e princípios. Esta deve intervir com a realidade político-social de onde ela provém. ○ Sistema dinâmico de normas (sistema jurídico) ○ Possui uma estrutura que dialoga (sistema aberto) ROBERT ALEXY ● Espécie de Norma Constitucional: Tanto princípios quanto regras são normas, mas se distinguem (deve-se ao neoconstitucionalismo). Distinções qualitativas de acordo com Robert Alexy: ○ Princípios: Normas que determinam (caráter impositivo/mandamental) que algo (valor/interesse) seja realizado na maior medida possível, de acordo com as condições fáticas (social, econômica e política) e jurídicas. ■ São mandamentos ou mandados de otimização. Ou seja, podem ser concretizados em diversos graus/níveis, apesar de almejar o grau máximo. ■ Dispõe sobre algum valor/interesse jurídico. ■ Aplica plenamente ■ Ex.: O princípio (norma) da dignidade da pessoa humana(valor) e um princípio na Alemanha e no Brasil, mas no país europeu e realizado, em razão das condições fáticas mais favoráveis. O princípio é concretizado em maior grau no Brasil. ○ Regras: Normas jurídicas que prescrevem imperativamente uma obrigação, proibição ou faculdade, que devem ser realizadas plenamente na exata medida de suas prescrições. Ou se aplica inteiramente ou não se aplica em nada; deve incidir inteiramente sobre o fato. ○ Conflitos entre regras e princípios: Não são aplicadas as mesmas regras no caso de colisões (antinomia) entre eles. ■ COLISÃO ENTRE DOIS PRINCÍPIOS: Os princípios, quando em colisão, devem ser solucionados na dimensão da importância/valor que ele prevê a partir da técnica ou interesse da técnica da ponderação. Verifica-se a luz da situação qual é aquele mais importante do que o outro. ➢ Ex.: Qual o princípio mais importante de ser protegido o da privacidade ou o da liberdade de imprensa? Dependerá da hipótese em que essa colisão ocorrer. ■ COLISÃO ENTRE DUAS REGRAS: Conflito entre duas regras podem ser resolvidos a partir de duas modalidades a depender da situação: ➢ Ex: Ninguém pode sair da sala de aula, exceto se houver um alarme de incêndio. 1. Validade: Observa-se qual regra é válida e qual não é (que será excluída). 2. Inserindo em uma das regras uma cláusula de exceção. DIFERENCIAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL PRINCÍPIO E REGRA POR CRITÉRIO DE GRAU ● ABSTRAÇÃO E GENERALIDADE: Tanto os princípios como as regras são normas gerais e abstratas que se distingue. Enquanto o princípio são normas de alto grau de abstração e generalidade, as regras possuem um grau bem menor. ○ Os princípios veiculam idéias e estabelece valores que se estendem a todos os cidadãos. Ex: Princípio da Pessoa Humana, Princípio da Solidariedade, etc. ○ As regras não se estendem a todos. Elas definem situações fáticas e trazem, no seu relato, o seu antecedente e o seu consequente. Ex: Sobre a aposentadoria compulsória do servidor público (Art. 40, inc. 2, §1) ● CRITÉRIO DE GRAU DE INDETERMINAÇÃO: Importante para identificar se o conteúdo da norma é determinado ou indeterminado. Se o conteúdo seja determinado previamente determinado, está diante de uma regra. Caso contrário, se for indeterminado, será um princípio. ○ Regras: Semanticamente específico, determinado, conteúdo fechado. Este não precisa de integração. ○ Princípios: Indeterminado, conteúdo aberto. Este precisa ser mediado para determinar o seu conteúdo. ■ Na maioria das vez quem realiza a mediação para determinar o conteúdo dos princípios são as regras. ■ Na ausência de uma regra mediadora, é possível convocar o juiz para decidir e determinar o conteúdo do princípio. ● GRAU DE FUNDAMENTALIDADE: Enquanto os princípios veiculam valores, as regras descrevem as situações hipotéticas. ○ Os princípios são dotados de maior fundamentalidade para o sistema jurídico. Ex: Princípio do Estado Democrático de Direito, Princípio da Livre Iniciativa, Princípio do Pluralismo. ○ Já as regras não possuem esse papel. ● GRAU EM FUNÇÃO NORMOGENÉTICO ○ Os princípios têm e as regras não. ○ Os princípios são a origem/início do direito, são as fontes mais importantes do direito. É a partir deles que se produz o sistema jurídico. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO SUA EFICÁCIA E APLICABILIDADE ● Não existe norma constitucional desprovida de eficácia (possibilidade da norma de produzir efeitos no direito) ● Nem todas as normas constitucionais possuem o mesmo grau de eficácia ● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA PLENA: São as normas que reúnem todos os elementos e condições necessários para sua aplicabilidade direta (não depende de nenhum ato posterior), imediata (não se sujeita a nenhum prazo) e integral (se aplica produzindo todos os efeitos que ela deseja). Autoaplicáveis (bastante por si mesma). Ex: Normas que definem os Direitos Fundamentais. ● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA: Assemelha-se às anteriores porque reúnem todos os elementos em condições necessárias para terem aplicabilidade direta, imediata, porém nem sempre integral. Os seus efeitos podem ser contidos (impede a aplicação integral das normas). Autoaplicáveis (aplicação direta e imediata). Ex: Direito Fundamental à Liberdade de Profissão. ● NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADA: Normas incompletas, não reúnem os elementos e condições necessárias para sua aplicabilidade direta e imediata. Possui uma aplicabilidade indireta e mediata. Depende de posterior complemento. Não auto-aplicáveis. ■ Normas Programáticas: Aquelas que estabelecem os programas de governo. Ex: Bolsa Família. ■ Normas Institutivas: Prevê a criação de determinados órgãos, organismos e instituições. Ex: Norma que prevê a Criação do Conselho de Defesa Nacional. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL CONCEITO E OBJETO ● HERMENÊUTICA JURÍDICA x INTERPRETAÇÃO JURÍDICA ○ Um dos primeiros a conceituar o tema, Carlos Maximiliano disse que Hermenêutica seria uma teoria científica da arte de interpretar (dizer que o Direito é uma ciência não é tão consensual hoje em dia). Na hermenêutica há toda uma preocupação sistemática do conjunto de conhecimentos voltado para um objeto que é a interpretação. ○ A Hermenêutica Jurídica é uma parte da ciência do direito que procura formular e sistematizar as referências teóricas para a interpretação do direito. Plano meramente especulativo. ■ A existência da hermenêutica depende da interpretação ○ A Interpretação Jurídica consiste em uma atividade prática, e não teórica, de se revelar ou se construir sentidos ou significados dos textos jurídicos a vista da realidade a eles subjacentes, com a finalidade de resolver problemas da vida real. ■ Não ocorre de maneira assistemática, ela é referenciada na medida que possui um sistema de referência que lhe é dado pela hermenêutica. ■ A interpretação depende da hermenêutica. ■ É uma atividadede descoberta/extração do sentido/alcance de enunciados, onde a doutrina do Direito tem que se basear na diferenciação de textos e normas , onde Texto é o material a ser interpretado e a Norma é o produto da interpretação de um texto ou um conjunto de textos. ● A interpretação jurídica é o gênero do qual a interpretação constitucional é espécie. Com isso, o que se pretende dizer é que a interpretação da Constituição insere-se no âmbito da interpretação jurídica em geral, de modo que compartilha de seus traços comuns. ● A interpretação constitucional e a interpretação jurídica da constituição. Atividade de se identificar o significado da constituição com o propósito de resolver algum caso concreto. ○ Tem por objeto a compreensão e aplicação das normas constitucionais ○ Apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado ● Luís Roberto Barroso: A Constituição deve ser interpretada levando em conta o conjunto de peculiaridades que singularizam seus preceitos, destacando-se a supremacia de suas normas, a natureza da linguagem que adota, o conteúdo específico e o seu forte caráter político. ● As normas constitucionais são normas de organização e estrutura, que traçam as competências orgânicas e os fins do Estado, e disciplinam, inclusive, o processo legislativo de elaboração das normas legais, distinguindo-se, mais uma vez, destas últimas, que são normas prescritivas de condutas humanas. ○ Dotadas de forte carga política A INTERPRETAÇÃO ESPECIFICAMENTE CONSTITUCIONAL ● Nem sempre existiu, até a metade do século XX não se fazia diferença entre a lei e a Constituição, contudo, a partir do neoconstitucionalismo iniciou-se o processo de diferenciação da interpretação das legislações anteriormentes mencionadas, devido a supremacia da Constituição. MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ● Cumpre advertir, com base nas lições de Canotilho, que a questão do ‘‘método justo’’ em direito constitucional é um dos problemas mais controvertidos e difíceis da moderna doutrina juspublicista. Para ele, não há apenas um método de interpretação constitucional, podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em critérios ou premissas. ● Distinguem-se em face de suas premissas ideológicas. a) JURÍDICO OU HERMENÊUTICO CLÁSSICO ○ Remonta a Escola Histórico do Direito da primeira metade do século XIX, com o destaque para Savigny. ○ Considera que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei (tese da identidade entre a interpretação constitucional e interpretação legal). ○ A interpretação da lei envolve alguns elementos hermenêuticos, envolvendo o elemento literal, sistemático e finalístico; cada elemento conduz a um modo de interpretar a lei e a constituição: 1. Elemento gramatical/literal: É aquela que explora as palavras contidas no enunciado, se atentando para o verbo. Como as palavras são postas e construídas a partir de sua concordância. Dá primazia às palavras, o verbo, a gramática, a redação. ■ Ex.: Quando a Constituição faz referência a idade da aposentadoria compulsória a servidores públicos aos 75 anos. ■ Mas nem sempre o que está escrito está no sentido literal. Ex.: Bigamia. 2. Elemento histórico: É aquela que captura as razões históricas do legislador. 3. Elemento sistemático: Garante uma unidade de interpretação, uma coerência interpretativa. 4. Elemento teleológico: Na interpretação jurídica da lei ou da constituição deve-se observar os fins, privilegiá-los. b) TÓPICO PROBLEMÁTICO ○ Defendido pelo autor Theodor Viehweg que em 1953 publicou seu livro: ‘‘Tópica e Jurisprudência’’, apresentando como método específico da Constituição. ○ Partindo da premissa que a interpretação constitucional tem natureza prática porque se propõe a resolver problemas práticos. A CF é composta de conteúdo aberto, prático. ○ Em face disso e pela abertura material existe uma dificuldade de obter a solução, para facilitar deve inverter o caminho do intérprete; primeiro deve discutir o problema e após disso recorrer à CF. ○ Deve-se dar primazia não ao texto, mas o problema que se deseja resolver interpretando a CF. Para isso deve-se utilizar a tópica na análise do problema, ou seja, a tópica aristotélica. ○ Motivando os indagadores da produção e solução das respostas endereçadas. Processo aberto de argumentação. A vagueza impede que a partir da norma se obtenha uma solução, por isso parte do problema pela norma aristotélica. c) HERMENÊUTICO CONCRETISTA ○ Sustentado pelo autor Konrad Hesse ○ Defende que a interpretação da Constituição deve partir do texto para a solução do problema. ○ Não discorda das premissas dadas por Theodor Viehweg, parte de uma atividade de pré-compreensão (antecedente) da interpretação constitucional, através da sua criativo, tendo que produzir o sentido daquele conteúdo com o objetivo de limitá-lo. ○ Para ele o intérprete não teria um poder absoluto, pois sua habilidade de criar se submete a parâmetros e critérios, sendo a consciência coletiva e geral que compreende na comunidade que dita os valores comunitários às escolhas fundamentais dessa comunidade, ao lado da doutrina e do entendimento das cortes e dos tribunais. d) CIENTÍFICO ESPIRITUAL ○ O Rudolf Smend defendeu a Constituição como instrumento de unificação social. ○ Para ele é fundamental que o intérprete revele uma ordem axiológica da Constituição, capturando esse espírito constitucional, identificando os valores que a formam. e) NORMATIVO ESTRUTURAL ○ Seu maior expoente foi Friedrich Muller apresenta uma contribuição ajustada às demais, para ele a interpretação é concretista pois deve se concretizar a CF para a resolução de problemas. ○ O intérprete deve levar em consideração os elementos do texto (programa normativo), tendo que extrair os dados da realidade (domínio normativo); concluindo que a partir desses dados o intérprete irá produzir o sentido da norma; trazendo a solução para o problema. ○ Para ele não se confunde norma com texto e nem sempre a norma está inteiramente no texto, sendo resultado de uma confluência do texto a realidade contemporânea. ○ A norma não é o objeto da interpretação, é o resultado dela. ○ Ex.: Dado por Vará, imagine em 1910 placa proibindo o uso biquine - biquine é indecente; hoje em dia - praia de nudismo. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ● Servem como guias para a interpretação da Constituição, integrando o Sistema de Referência da Constituição. I. UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição representa um sistema único de normas de uma multiplicidade de normas, por essa razão na interpretação constitucional orientasse que ao interpretar as normas assim o faça sempre considerando que a Constituição representa uma unidade, para evitar conflitos nos resultados. Confrontando as normas com todo o sistema constitucional. II. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE: Recomenda-se ao intérprete que na interpretação da Constituição entre os significados obtidos dê primazia aquele sentidocom o qual ele possa dar maior efetividade (satisfação) aos preceitos constitucionais. III. INTEGRAÇÃO SOCIAL OU EFEITO INTEGRADOR: Vem da proposta de Rudolf S (espiritual) a interpretação deve ser utilizada como uma ponte para a integração social reforçando a unidade político e social da comunidade a partir dos valores comunitários. IV. JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: Se orienta que o intérprete deve garantir a integridade do sistema de organização funcional do poder para evitar que esse sistema seja comprometido, sendo fundamental que ele garanta a conformidade, a estabilização do sistema de divisão do poder. V. CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU DA HARMONIZAÇÃO: Orienta-se ao intérprete quando se depara com conflito de interesses tutelados constitucionalmente ele promova uma solução que promova a harmonia desses interesse e valores contrapostos, já que são protegidos pela mesma constituição. VI. PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS: Presume-se que as leis editadas estão respeitando a Constituição. É uma presunção relativa. A presunção da menoridade é absoluta e de relações sexuais com menores de catorze anos. VII. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: Não pode ser interpretado na interpretação de qualquer lei, mas somente daquelas leis de natureza plurissignificativa ou polissêmica, ou seja, uma lei que permite diversos significados (mais de um). O intérprete deve adotar somente um significado, aquele que possibilite conformar a lei com a Constituição. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCEITO ● A supremacia da Constituição é a base da sustentação do próprio Estado Democrático de Direito, seja porque assegura o respeito à ordem jurídica, seja porque proporciona a efetivação dos valores sociais. ● No sistema jurídico positivado, a Constituição, ao possuir supremacia diante das leis, deve garantir equilíbrio, a coerência e a integridade de todo o ordenamento jurídico. ● Todas as normas jurídicas devem compatibilizar-se, formal e materialmente, com a Constituição.Caso contrário, a norma lesiva a preceito constitucional, através do controle de constitucionalidade, é invalidade e afastada do sistema jurídico positivado, com meio de assegurar a supremacia do texto magno. ● O controle de constitucionalidade das leis vem para apurar e verificar se a lei viola ou não a Constituição (reconhecimento ou inconstitucionalidade da lei). Esta revela-se como uma importante garantia da supremacia da Constituição, haurindo daí a sua própria razão de ser. ○ Atividade de fiscalização, pela qual se afere se as normas jurídicas fiscalizadas estão em consonância/harmonia ou não com a Constituição ○ Princípio da presunção da constitucionalidade da lei: As normas são presumidas como compatíveis com a Constituição. ○ Aspecto Estrutural: O controle constitucional funciona como um sistema de defesa das Constituições. ○ Aspecto Funcional: Atividade de fiscalização das leis/atos normativos PRESSUPOSTOS ● A CONSTITUIÇÃO FORMAL E ESCRITA: ○ A chamada Constituição costumeira ou histórica (não escrita), por ser juridicamente uma constituição flexível, não dispõe de um controle de constitucionalidade, já que, nos países que a adotam, vige o princípio da supremacia do parlamento, não se aceitando a fiscalização dos atos dele decorrentes . ● A CONSTITUIÇÃO COMO NORMA FUNDAMENTAL, RÍGIDA E SUPREMA ○ É necessário compreendê-la como uma norma jurídica fundamental, rígida e suprema, a fim de que se possa distingui-la das leis comuns. ○ O controle de constitucionalidade só se manifesta nos lugares que adoram Constituições rígidas. ○ A Constituição só pode ser alterada através de uma emenda constitucional. ● A PREVISÃO DE UM ÓRGÃO COMPETENTE ○ Cada país irá indicar seus órgãos (podendo ser um ou vários). ○ Na França, o controle de constitucionalidade é político e não judicial. O Conselho Constitucional Francês (órgão político)tem a missão de garantir a supremacia da Constituição, exercendo a fiscalização das leis.. ○ Na primeira metade do séc. XX, na Europa, surgiu um debate em torno da questão: Quem deve garantir a supremacia da Constituição? Quem deve exercer o Controle de Constitucionalidade das leis? ■ Hans Kelsen sustentava que o guardião da Constituição deveria ser os tribunais (tribunais constitucionais), portanto uma garantia judicial atribuída aos tribunais constitucionais. A ele confiando toda supremacia da Constituição. ■ Carl Schmitt sustentava que o guardião da constituição deveria ser o próprio chefe de Estado (presidente), na época o presidente era Hitler. ■ Neste debate prevaleceu a ideia de HANS KELSEN. ○ Os EUA adotaram a garantia judicial. Já o Brasil, seguindo o modelo norte americano da Judicial Review, adotou a garantia judicial que deve ser prevista na Constituição. Não há controle de constitucionalidade faltando um desses pressupostos, todos são fundamentais para a existência de um controle. MODELOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ● Critérios fundamentais para o exercício do controle de constitucionalidade. Esses modelos foram criados para responder três indagações: 1) Qual(s) o(s) órgão(s) responsável(s) pelo controle de constitucionalidade e garantia da constituição? ■ Essa primeira pergunta tenta descortinar o aspecto subjetivo(sujeito/órgão) do controle 2) Como se exerce o controle de constitucionalidade? De forma concreta ou abstrata? Aspecto modal ou procedimental. 3) Quais os efeitos da decisão que declara a inconstitucionalidade de lei? Aspecto consequencial ou funcional. ■ O órgão de controle, ao exercer o controle, decide declarando a inconstitucionalidade da lei controlada. E quais sãos os efeitos jurídicos desta lei? Ex tunc ou Ex nunc? Nulidade ou Anulabilidade da lei? ● O modelo americano e europeu são referências mundiais, que procuraram oferecer resposta a essas perguntas. ● MODELO AMERICANO ○ De matriz norte americana, surgindo a partir de uma decisão judicial da Suprema Corte dos Estados Unidos no Caso de Marbury versus Madison em 1803. ■ The nine justices cujo presidente era John Marshall, que definiram as premissas teóricas do Modelo Difuso de Constitucionalidade, reconhecendo a supremacia da Constituição ■ No julgamento deste caso, coube a John Marshall, como presidente da Suprema Corte, definir os primeiros passos desse modelo. ■ Foi ele que firmou as premissas do modelo norte americano. 1) Reconhecimento da Supremacia da Constituição. ➢ No julgamento deste caso estava em jogo dois interesses que invocavam normas diferenciadas: uma norma legal e outra constitucional (lei x constituição). ➢ A Suprema Corte se deparou com uma antinomia jurídica entre uma norma legal e uma norma constitucional, a norma que fosse aplicada em detrimento de outra seria considerada superior. ➢ Para John Marshall a Constituição seria o direito supremo do país, se baseado no artigo II da Constituição Norte Americana. Surgindo o dogma da supremacia constitucional. 2) O controle de constitucionalidade para garantir a supremacia da Constituição competia ao judiciário recaindo sobre todos os seus órgãos, magistrados e tribunais; sendo um Controle Judicial Difuso. O juiz, ao julgar um caso, não pode aplicar leis e normas que violem a Constituição. 3) O controle se dáconcretamente; sempre à luz de um caso concreto. ➢ Aprecia a constitucionalidade da lei, como um incidente (aquele que emerge de um caso concreto) ➢ A inconstitucionalidade da lei não se confunde com o caso. 4) As decisões que declaram a inconstitucionalidade da lei ou do ato estatal, no julgamento do caso, são decisões meramente declaratórias (que reconhecem uma situação preexistente, no caso a inconstitucionalidade da lei), tendo efeito ‘ex tunc’. Retroagem a sua origem, enseja o pronunciamento da nulidade da lei ou do ato declarado inconstitucional (eliminando todas as situações jurídicas constituídas, por ventura, pela aquela lei), produzindo efeitos inter partes (entre as partes do caso concreto), dessa forma a lei continua valendo fora do caso; exceto se a decisão for da Suprema Corte seus efeitos serão erga omnes (cujos efeitos são para todos), ocorrendo uma Legal Death (semelhante a revogação, pois a lei deixa de existir). ■ A decisão da Suprema Corte respeita o Princípio de Stare Decisis tornando a decisão obrigatória para todos (non quieta movere), não se altera o que está pacificado pela decisão. Adotado pelo Sistema de Common Law. Podendo se valer do over rule podendo superar seu próprio precedente, criando um novo. ○ JUDICIAL REVIEW OF LEGISLATION ■ Trata de um controle: Judicial, Difuso, Concreto (se dá no julgamento de caso concreto) e Controle Incidental (Pois a inconstitucionalidade é incidental; um mero incidente; é meio, não é fim; resulta da controvérsia. Serve de julgamento para o caso que é a questão principal) ● EUROPEU ○ Kelsen concebeu um sistema de jurisdição constitucional concentrada no qual o controle de constitucionalidade confiado, exclusivamente, a um órgão jurisdicional especial, conhecido por Tribunal Constitucional. ○ O Modelo Europeu foi consagrado na Constituição da Áustria de 01/10/1920, cujo o controle de constitucionalidade foi concebido para ser exercido em via principal e abstratamente, por meio de uma ação especial e direta. tabela comparativa entre os modelos EM RESUMO: Premissas consagradas no case Marbury vs Madison: ■ Supremacia jurídica da Constituição ■ Controle Judicial das leis (Judicial Review of Legislation), pois somente os órgãos do Poder Judiciário podem realizá-lo ■ Controle difuso, porque todos os órgãos do poder judiciário (juízes e tribunais) podem exercê-lo. Mas a Suprema Corte desempenha um papel determinante e hegemônico no domínio do sistema da judicial review, pois lhe cumpre, em razão do princípio da stare decisis, a última palavra. ■ Controle concreto e incidental, pois somente no curso de uma demanda concreta, pressupondo controvérsia, pode ser efetivada, como condição para a solução da vexata quaestio (caráter prejudicial). As decisões dos Juízes são inter partes. MODELO AMERICANO MODELO EUROPEU Controle difuso; aberto Controle concentrado Os juízes e tribunais exercem o Controle de Constitucionalidade no julgamento dos casos concretos. O tribunal examina de forma abstrata os conflitos meramente normativos; não examina isso a luz de um caso concreto. Os juízes no caso concreto, vão examinar a inconstitucionalidade como questão incidental (prévio) e não principal. A inconstitucionalidade e a própria razão de ser do controle (objeto principal do controle). As decisões dos juízes produzem efeitos inter partes. As decisões dos juízes produzem efeitos erga omnes (contra todos) ○ Premissas do Modelo Europeu: 1. É um controle concentrado de constitucionalidade, cuja jurisdição constitucional está confinada a um só órgão, o TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, o único habilitado para declarar a inconstitucionalidade de uma lei. 2. É um controle abstrato de constitucionalidade, pois é realizado independentemente de qualquer controvérsia na vinculação com casos ou situações concretas. Cuida-se de um controle cuja finalidade é resolver um conflito normativo, não de interesses. 3. É um controle principal de constitucionalidade, na medida em que a constitucionalidade é erguida como perdido, situa-se na própria pretensão. 4. A decisão tem efeitos erga omnes. ● EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL ○ A Constituição de 1824: Não adotou o Controle. ○ A Constituição de 1891: Adotou o Controle Difuso- Concreto-Incidental (matriz americana). ○ A Constituição de 1934: Adotou o Controle Difuso-Concreto-Incidental. Inseriu três novidades: 1. A competência do Senado para suspender a execução da lei 2. A regra da reserva do plenário 3. A representação interventiva. ○ A Constituição de 1937: Adotou o Controle Difuso-Concreto-Incidental ○ A Constituição de 1946: Modelo misto pois adotou o Controle Difuso-Concreto-Incidental (matriz americana) e o Controle Concentrado-Abstrato-Principal (matriz europeia), este a partir das Emendas Constitucionais 16/65. ○ A Constituição de 1967/69: Modelo misto pois manteve o Controle Difuso-Concreto-Incidental e o Controle Concentrado-Abstrato-Principal. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CF/88 - MODELO MISTO- ● ADI (ação direta de inconstitucionalidade): Tem uma finalidade mais genérica. Função: Suprimir/Excluir do Sistema Jurídico leis ou atos normativos que violem a Constituição. Seja formal ou material. Ação supressiva. Controle Difuso-Concreto-Incidental ■ Todo juiz ou tribunal ■ Em caso concreto: ação ou recurso (por via de exceção ou defesa), como argumento de defesa ■ Decisão com efeitos inter partes Controle Concentrado-Abstrato-Principal ■ Só o STF (garantia da CF) ou TJ’s dos Estados e do DF (garantia da CE). ■ Abstratamente: Ações Diretas (ADI, ADO, ADC, ADPF), como pedido principal ■ Decisão com efeitos erga omnes ● ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão): Finalidade de suprir a omissão da lei ou do ato que o Estado estava obrigado a produzir, mas não o fez. Ação supridora. Busca suprimir a ausência da norma. ● ADC (ação declaratória de constitucionalidade): Busca reconhecer a constitucionalidade da lei e preservá-la no sistema jurídico. ● ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental): Tem finalidade de suprimir um ato que viole a Constituição, mas só atua em norma qualificada como preceito fundamental, ou seja, imprescindível ao Estado e a sociedade. Ex.: Norma que trata qual é a forma do Estado, o tipo de governo e o regime político, sobre os direitos humanos. Diferenças entre a ADPF e ADI ADPF ADI Suprimir apenas norma qualificada como preceito fundamental Suprimir qualquer lei Ação subsidiária Ação principal Pode ser proposta à leis anteriores a constituição (pré constitucionais) Pode ser proposta à leis posteriores à CF Requerentes: ■ Presidente da República ■ Mesa do Senado Federal ■ a Mesa da Câmara dos DEputados ■ Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal ■ Procurador-Geral da República ■ Conselho Federal da OAB
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