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FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM DIREITO FERNANDA CABRAL PEREIRA DE BRITTO, GABRIEL MAGALHAES, RACHEL ABREU, MATHEUS DE OLIVEIRA HORTÉLIO PUBLICIDADE BENETTON Salvador 2019 Maniqueísmo. Discriminação. Racismo. Será mesmo possível dissociar o antagonismo e os paradigmas católicos da imagem em questão? Não. Afinal, o contexto religioso apenas enfatiza uma problemática torpe e nefasta da sociedade hodierna: a intolerância racial. Destarte, configura-se imperioso destacar que, lamentavelmente, esta retrógrada publicidade, não é um fato pontual na existência da empresa, visto que a United Colors of Benetton está categoricamente maculada, devido às suas inúmeras propagandas abusivas. A publicidade em questão da marca United Colors of Benetton, assim conhecida atualmente, foi lançada na década de 80 e desde então vem causando polêmica por suas escolhas na campanha publicitária. Na campanha em comento se observa duas crianças de raças distintas, com caracterizações distintas, onde a criança branca se parece com a imagem de um anjo, tida como santidade, ao passo que a criança negra se assemelha a imagem da maior representação vil da crença católica: o diabo. Desta forma, enaltecendo o teor maniqueísta das raças, pautando-se no contexto católico para basear toda a lôbrega e taciturna problemática. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor ao caso em tela, uma vez que está caracterizada a relação de consumo, já que existe a presença do fornecedor (a empresa de moda Benetton), de consumidores equiparados (aqueles expostos à prática da publicidade abusiva), e de produtos (as roupas vendidas pela Benetton). É possível identificar a prática de publicidade abusiva, uma vez que esta parece apelar explicitamente para o público infantil, pelo fato de buscar uma comoção por meio do uso da imagem de menores, enquadrando-se no Art. 37, §2° ao se aproveitar da deficiência de julgamento e inexperiência da criança no momento em que explora na figura da criança em sua figura uma questão essencialmente relacionada a estereótipos raciais e religiosos. CDC - 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. É evidente que as escolhas feitas pela marca na publicidade em questão são, minimamente, duvidosas, pelo fato de que qualquer indivíduo com o mínimo de conhecimento e senso crítico poderá perceber o apelo feito de modo pejorativo ao associar a cor da pele de ambas as crianças com os estereótipos religiosos do bem e do mal, principalmente se considerarmos que, como uma empresa canadense, a Benetton tem como principal mercado o ocidente, região essencialmente associada ao cristianismo. Com o exposto, salienta-se que o previsto no CDC como consequência para tal publicidade será o positivado no art. 67. Veja-se: CDC - Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Conclui-se ser repudiável toda prática abusiva que diminua ou discrimine outra pessoa por qualquer motivo de raça, cor ou classe social. Espera-se então que as marcas mais antigas se atualizem e renovem o pensamento sobre questões como essa e que as novas marcas do mercado não repitam esse tipo de erro em suas publicidades.
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