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Matheus de Oliveira Hortélio Turma 5A Fichamento do texto: Contratos Eletrônicos e Consumo A fim de de desenvolver o tema dos contratos eletrônicos, Schreiber tem a preocupação de apontar as categóricas dificuldades que o consumidor brasileiro enfrenta, em decorrência do surgimento do e-commerce, muito embora movimente bilhões de reais por ano, no Brasil. Afinal, há de se notar que onde o tratamento entre B2B e B2C deveria ser célere, ágil, facilitado, o que realmente acontece é bem distinto: existem diversas violações do Código de Defesa do Consumidor. Deste modo, o autor ainda sinaliza de que o quadro de reclamações, com este advento da globalização, é proporcionalmente superior às vendas tradicionais do comércio. Destarte, o texto indica também os problemas jurídicos, emergentes com o e-commerce, a partir dos contratos eletrônicos. Tratado com novo gênero, por algumas doutrinas, o autor se diz contra essa nova nomenclatura. Afinal, assevera que estes contratos nada mais são do que contratos celebrados via internet, não necessitando - portanto - um novo gênero, dentro do direito civil, para tratá-los. Todavia, sinaliza que esta revolução contratual foi capaz de abalar as principais fundamentações jurídicas da matéria contratos: quem contrata, onde contrata, quando contrata, como contrata, o quê contrata. Ademais, o autor vai dedicando cada capítulo para desenvolver as problemáticas em cada uma dessas premissas contratuais. As implicações processuais destas inovações são acachapantes, até porque, esses cinco preceitos contratuais são de incomensurável relevância para o desenvolvimento de uma relação contratual. Desta maneira, Schreiber inicia o levantamento dos problemas, dissertando sobre a falta de elementos que comprovem a legitimidade da representação, entre contratante e contratada, dentro de uma relação comercial eletrônica. Além de que, acentua-se quando o domínio do site é estrangeiro, pois a maioria dos países não revela quem são os titulares daquele domínio. Por conseguinte, lamentavelmente, em território brasileiro, vale-se também uma regra de semianonimato nos comércios eletrônicos. Noutro giro, no âmbito do lugar onde contrata, o autor disserta sobre a extirpação, em decorrência da internet, das referências físicas e geográficas. Desta forma, Schreiber alerta que o cenário jurídico brasileiro ainda não despertou para um dos mais latentes adventos da internet: a supressão de distâncias. Outrossim, não se aplica mais o art. 9º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, que tutela sobre as leis que regem a obrigação devem ser do país em que se constituírem. Portanto, esta impossibilidade de aplicação nota-se justamente pelo encurtamento de distâncias já citado. Além do mais, este imbróglio desenvolve-se ainda mais com a sujeição, por parte da contratante, às regras do país - muitas vezes desconhecido - da contratada, a partir de singelo gesto de aceitar termos e condições, a um click de distância. Além de que, poderia resultar em um cabal estímulo para fornecedores transferissem sua sede para países com inferiores tratativas normativas, no que tange o comércio. Portanto, a jurisprudência brasileira começa a caminhar em direção à utilização do Código de Defesa do Consumidor, em relações entre fornecedores estrangeiros e consumidores brasileiros. Por outro lado, ao se tratar do momento da contratação, o autor trata sobre a ausência de vestígios, acerca da aceitação e - em corolário - do momento da contratação. Afinal, como já dito, com um mero “clique” o contrato, em tese, seria firmado. Entretanto, dois dispositivos, que deveriam auxiliar na resolução deste impasse, são contraditórios, pois enquanto o Enunciado 173 da Jornada de Direito Civil afirma que: “A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente”, o art. 434 já assevera algo distinto, alegando que: “os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida”. Destarte, evidencia-se uma frontal discordância, que resulta em uma insignificante redução da insegurança comercial. Contudo, o decreto 7.962, de 15 de março de 2013, faz-se bastante preciso, ao obrigar que o fornecedor deixe de adicionar uma aceitação imediata oferta, em seus termos de serviço. Além de que, aquele que se valer desta assertiva, incorreria em infração. Já na forma da contratação, Schreiber disserta sobre a exibição de uma tela virtual em que o consumidor pode acabar por imprimir, receber um SMS ou ainda receber um e-mail, como forma de contratação. Além de que, cita o art. 225, CC/2002, que tutela sobre as reproduções fotográficas, mecânicas ou eletrônicas, acerca de fatos, constituem-se como prova. Deste modo, há de se alertar sobre a excessiva celeridade em que se contrata serviços ou se compra produtos, por intermédio da internet, até porque, por vezes, perde-se a seriedade e a importância daquele vínculo. No que se refere ao quê se contrata, o autor lembra que em contratos tradicionais, o contratante, em sua maior parte, detém um contato maior com aquilo que está sendo ofertado, podendo se valer de manuseio, a fim de assegurar uma qualidade ou deficiência daquele produto. Além de que, faz-se possível esclarecer eventuais dúvidas, já com algum preposto do fabricante ou do comerciante, de modo imediato. Todavia, ao tratar do e-commerce, nota-se que o contratante não possui acesso físico ao bem ofertado, valendo-se exclusivamente de avaliações - não necessariamente verdadeiras. Afinal, não há qualquer procedência qualitativa daquela avaliação. Por conseguinte, o consumidor, quase sempre, não dimensiona as condições contratuais a que está se sujeitando, até porque, são termos e condições elaborados em um formato de constante desestímulo, ao leitor. Portanto, Schreiber disserta sobre a maior desinformação - acerca do produto ofertado - em relações virtuais de comércio, do que em contratações convencionais e tradicionais. Ademais, há de se ressaltar a contribuição pujante da publicidade por pop-ups e banners, que não se limitam a espaços destinados a isso, mas encontram-se em um fluxo perene e constante, nas abas de navegação. Além de que, o autor denota a árdua tarefa de resistir às tentações cada vez mais personalizadas, a partir do seu histórico de busca, e em decorrência de cookies, da publicidade daqueles produtos. Desta forma, para o autor, esta coleta de dados que, segundo ele, são de “transparência reduzida e legalidade duvidosa” acabam por influenciar plenamente na reflexão da contratação. Afinal, não resta tempo ao contratante de pensar se realmente aquilo é um item que ele precisa, resultando em uma severa compulsão. Portanto, em decorrência de todas as implicações supracitadas, o autor faz-se cirúrgico, ao tratar do direito de arrependimento, por fim. Afinal, este direito trata justamente sobre a necessária reflexão, acerca da compra do produto, instituída no art. 49, CDC (Lei nº 8.078/1990). Contudo, nãoera dogmatizada, em lei, para o comércio eletrônico, até 2013, quando fora instituída no Decreto 7.962, de cunho presidencial, observando a base do art. 49 do CDC, além de adicionar algumas especificidades, para tutelar o e-commerce. Por conseguinte, o autor ressalta o relevante avanço, oriundo do art. 5º do decreto mencionado, a partir do momento que reitera aquele direito para o comércio eletrônico. Por fim, Anderson Schreiber volta a dissertar sobre a possibilidade de enquadramento de um novo gênero para os contratos virtuais. Contudo, mostra-se contra esta parte doutrinária, alegando que os contratos eletrônicos não representam um mundo à parte. Afinal, são contratos comuns, ainda que dotados de algumas particularidades.
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