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Resenha Torre de Babel

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Introdução: 
 
Desta forma, na célebre obra escrita por Rodolfo Pamplona: A Torre de Babel das 
Novas Adjetivações de Dano, ele começa a dissertar e comparar a história da Torre de 
Babel, da dificuldade de comunicação entre os homens, com a seara de danos na 
responsabilidade civil. Inclusive, acaba por criticar a classificação sem critérios pacíficos, 
para esta modalidade. Afirma que tanto a doutrina quanto a jurisprudência criam novas 
modalidades de danos todos os dias. 
Além de que, com seu artigo, a intenção do autor é justamente sanar estas dúvidas. 
Deste modo, Pamplona disserta acerca dos desdobramentos do princípio da dignidade 
humana, afirmando que só é possível dimensionar seus fundamentos, a partir de uma 
análise categórica e aprofundada, a partir de crenças, valores e vivências de cada indivíduo. 
Portanto, é possível destacar que a dignidade humana não tem sua concepção plena, 
tornando-se assim, difícil de ser conceituada. Por fim, ressalta que qualquer dano à 
dignidade humana, somente poderá ser reparado, por intermédio da responsabilidade civil. 
Destarte, Pamplona disserta acerca da constitucionalização do Direito Civil, 
destacando sua utilidade para a valorização dos conceitos jurídicos de dignidade da pessoa 
humana, tornando-se, inclusive, fator integrante do sistema jurídico, tornando a pessoa 
como valor mor do direito civil. Portanto deixando como cerne não mais o patrimônio, mas 
sim a pessoa humana, sendo gravitada pelos valores sociais da Constituição Federal, 
irradiando seus conceitos no setor privado. 
Neste sentido, Pamplona disserta sobre o princípio da dignidade humana ser base 
valorativa de sustentação para toda e qualquer situação jurídica de Direito Privado, citando 
Caitlin Sampaio. Em corolário dessa repaginação do setor privado, em face da 
constitucionalização, hão de surgir - de modo inevitável - novos bens jurídicos a serem 
merecedores de tutela e, desta forma, hão de surgir também “novos danos”, influenciado 
cabalmente os ramos da responsabilidade civil, bem como a sua matriz. Desta forma, tanto 
à reparação de danos de ordem patrimonial, como de cunho extrapatrimonial. O autor, 
inclusive, cita algumas das modalidades de danos apresentados pela jurisprudência, como 
dano estético, dano sexual, dano de férias arruinadas, dano-morte, etc. 
Destarte, urge destacar a característica multifacetada da dignidade humana, visto 
que é fato gerador de incontáveis fontes de dano. Em contrapartida, Pamplona versa acerca 
das três espécies de dano hoje presentes na Constituição Federal/88, presentes no art. 5º, 
V: dano material, dano moral e dano à imagem, sendo estes autônomos e independentes. 
Outrossim, o autor volta a destacar a dicotomia entre o dano patrimonial e o dano 
extrapatrimonial. No primeiro, ofendem-se os bens ou interesses que possam ser 
quantificados monetariamente, cabendo divisão entre danos emergentes e lucros 
cessantes, este é tido como o que o indivíduo deixou de ganhar, a partir do dano. Enquanto 
que, no dano patrimonial, é de fácil quantificação, até porque se trata do efetivo prejuízo 
suportado pelo ofendido. Dito isso, vale mencionar o dano extrapatrimonial: aquele dano 
que ofende bens ou valores desprovidos de correspondência pecuniária, ofensa à honra, 
imagem, dignidade, etc. 
Portanto, Pamplona disserta acerca das formas de dano mencionadas no artigo já 
citado da carta magna, subdividindo o dano extrapatrimonial entre o dano à honra e o dano 
à imagem, como bem dispostos no art. 5º, V, CF/88. A partir desta subdivisão, o escritor 
passa a caracterizar os aspectos de cada uma das modalidades daquela espécie de dano. 
Primeiramente, apontando o dano moral como violação da dignidade da pessoa humana em 
qualquer de seus aspectos, sem necessidade de a lesão ser direcionada a um direito 
subjetivo específico. Por conseguinte, na seara do dano à imagem, o estudioso versa sobre 
a imagem ser um direito da personalidade. Deste modo, com os avanços dos meios de 
comunicação, tem-se o direito da personalidade como mais comercializado, sendo o 
atributo físico e moral que é capaz de individualizar cada ser humano. Além de que, é 
passível também de subdivisão: imagem-retrato (aspecto físico da pessoa) e a 
imagem-atributo (arcabouço moral da pessoa). 
Por conseguinte, recorrendo às comparações iniciais com a Torre de Babel, 
Pamplona versa acerca das adjetivações dos novos danos, como o dano estético. Este, 
configura-se por ofensas que agridam a integridade física da pessoa, causando-lhe 
deformidade, sendo esta modalidade de dano dotada de autonomia. Portanto, a sua 
fundamentação não é pautada no dano moral, surgindo uma nova espécie de dano 
extrapatrimonial, diverso do dano moral. Além de que, o próprio entendimento do STJ já 
reconhece esta modalidade de dano. Neste sentido, é mencionado e conceituado o dano 
psicológico, quando a ofensa é direcionada à integridade psíquica do ofendido, também 
conferindo autonomia à esta modalidade. Assim como a modalidade de dano existencial, 
cuja fundamentação é calcada no terrorismo psicológico e degradação deliberada da 
integridade, dignidade, das condições físicas e psícoemocionais do trabalhador mediante 
conduta de conteúdo vexátorio. Além de que, esta modalidade é exemplificada por uma 
conduta que inviabilize o projeto de vida da vítima, impedindo-a de alcançar as suas 
aspirações. 
Além do mais, é tido como dano biológico aquele dano que decorra de ofensa à 
saúde do sujeito, sem necessidade que transpareça em aspectos externos e - portanto - 
visíveis da vítima. Desta forma, Pamplona destina um capítulo para a infinidade de 
possibilidades de danos, restando - portanto - à imaginação, a incubência de designar todas 
as modalidades. Como por exemplo a possibilidade de dano-morte e dano sexual, gerados 
pela doutrina. Denota-se, deste modo, que tem-se uma profusão de ordem ilimitada de 
possibilidades de danos. 
Por fim, visando “arrumar a casa”, a fim de solucionar esta seara caótica, como bem 
dito pelo festejado autor: faz-se categoricamente peremptório destacar que a dignidade 
humana não é passível de fragmentações, e que cada ofensa dirigida a seus aspectos não 
devem significar novas modalidades de danos. Afinal, ao direcionar cada forma de ofensa à 
uma parcela da dignidade, é impreterível que esta será fragmentada, acabando por tratar 
como se existissem vários interesses distintos, quando - na verdade - a dignidade da 
pessoa humana é um valor unitário. Além de que, o dano moral é tido como qualquer 
ofensa à dignidade, e a prática de adjetivar os novos danos - para o autor - parece carecer 
de apuro técnico e - sobretudo - aparenta ser perigosa, servindo, para ele, como uma forma 
da redução da proteção à pessoa, ensejando a possibilidade de quando houver um dano 
que não esteja dentre o rol criado pela doutrina, este não seja tão valorizado quanto 
deveria.

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