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MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 1 Proteínas Plasmáticas O que são? → As proteínas plasmáticas são um grupo especializado de proteínas que constituem a parte sólida do plasma. Sangue: formado por elementos figurados (hemácias, plaquetas e leucócitos) e pelo plasma (parte líquida que contém proteínas plasmáticas que fazem o arcabouço sólido). Elementos figurados do sangue: * Eritrócitos: resultado da eritropoese que ocorre na medula óssea, a qual é controlada pela eritropoetina produzida pelos rins. A hemoglobina é sintetizada nas células precursoras de eritrócitos, os eritroblastos e reticulócitos, sob controle regido pela concentração de heme. Os eritrócitos têm a função de transportar oxigênio e remover dióxido de carbono. Tem meia vida de 120 dias antes de serem capturados e degradados no baço. * Leucócitos: produzidos na medula óssea em grande maioria, alguns são produzidos no timo e outros se tornam maduros no interior de tecidos. Controlam a sua própria síntese pela secreção no sangue de peptídios sinalizadores que agem nas células-tronco da medula óssea. Têm a capacidade de migrar para fora da corrente sanguínea penetrando em tecidos circundantes. * Trombócitos: se localizam na medula óssea e tem papel chave na coagulação sanguínea. *Imagem acerca dos eritrócitos MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 2 *Imagem acerca dos leucócitos Características → Modificações nessas proteínas podem desenvolver problemas clínicos ou doenças e caso esses não sejam tratados imediatamente, podem ser incompatíveis com a vida. → Estão em concentração plasmática na ordem de 6 a 8g/dl no sangue. → Há um grande número de albumina e gamaglobulinas, mas do montante principal, 4/5 g/dl são de albumina (proteína de estrutura terciária). → A grande parte dessas proteínas é sintetizada no fígado, com exceção das gamaglobulinas (anticorpos) que são sintetizadas nos plasmócitos da medula óssea como parte da resposta imunológica. → A separação de proteínas plasmáticas acontece através de um procedimento chamado eletroforese (passagem de carga elétrica do pólo positivo para o negativo). As proteínas vão migrando através de seu peso, de sua carga elétrica, de forma que no polo positivo fique principalmente a albumina e depois teremos outras frações que formam grandes grupos de proteínas plasmáticas e dentro desses grupos existem diversos tipos dessa proteína (entre cada uma dessas frações existem inter frações, ex: inter alfa, inter alfa beta, inter beta gama, que são proteínas intermediaárias). → Nos hepatócitos, o retículo endoplasmático rugoso sintetiza a proteína e ela é empacotada MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 3 no complexo de Golgi, local em que recebe a glicose (*exceção: a albumina, que não é uma glicoproteína), e sai dentro de vesículas pelos capilares hepáticos ou sinusóides. → As proteínas plasmáticas têm a função de transformar algo insolúvel em solúvel. Exames que devem ser pedidos → Proteínas totais e frações: mostra a presença da albumina e da gamaglobulina (análise simples). → Eletroforese de proteínas plasmáticas: mostra de forma mais detalhada que mostra doenças mais sérias causadas por essas proteínas. Tipos de proteínas plasmáticas PRÉ-ALBUMINA → Aparece somente em eletroforese mais complexas. → Fica à esquerda da albumina, ou seja, mais próxima do anódio. → Chamada também de transtirretina. → Possui várias funções, uma delas é estabilizar a ligação retinol (precursor alcoólico da vitamina A) com uma alfa1 globulina. Sem a transtirretina, o complexo é muito pequeno, saindo facilmente na urina. Porém, a pré- albumina aumenta o tamanho do complexo, evitando que se perca no rim. → Outra função é apoiar a ligação à tiroxina (T4). MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 4 → Também faz o papel de fazer uma parte, uma fração do transporte dos hormônios tireoidianos. ALBUMINA → Valores normais: 3,5-5,5 g/dl → É a proteína plasmática mais importante do ponto de vista qualitativo e quantitativo. → Compõe-se de 585 aminoácidos. → Possui 17 pontes dissulfeto, 200 cargas elétricas e uma meia-vida de 20 dias. → É um regulador osmótico e a principal proteína de transporte. → Função principal: estabelecer um equilíbrio osmótico dentro do nosso plasma sanguíneo. Evitar que a água plasmática saia de dentro do vaso, fazendo o equilíbrio colóido-osmótico ou oncótico. Assim, na parte arterial dos capilares, a pressão hidrostática é maior do que a pressão oncótica, fazendo a água sair para as células. Já no retorno venoso, embora a pressão oncótica se mantenha (pela mesma quantidade de albumina), a pressão hidrostática é menor, fazendo a água ir para a veia. Pressão hidrostática: pressão realizada pela bomba propulsora de sangue, o coração. O sangue sai do coração pela aorta descendente, vai para as artérias mesentéricas, depois para a aorta abdominal, renal e por fim chega aos capilares arteriais, aonde distribui o sangue. Esses capilares possuem buracos (aberturas no endotélio) por onde passa oxigênio, nutrientes, glicose, aminoácidos e ácidos graxos que vão para as células, as quais ficam entre os tecidos (espaço esse chamado de interstício). Depois de um tempo esse líquido é distribuído e o gás carbônico, a uréia, a amônia e outros nutrientes são trazidos de volta aos capilares venosos, os quais levam esse líquido à veia cava e através dessa chega-se ao coração. Essa rodada entre artéria e veia acontece a todo instante no organismo e como mantemos esse equilíbrio? Por que a artéria não fica cheia de líquido e nem o insterstício? Quando o sangue vem do coração pela artéria e chega até o tecido, a pressão que vem do coração é alta, chamada de hidrostática. Essa pressão hidrostática é muito forte, a ponto de extravasar líquido para o tecido. Na parte arterial, essa pressão é mais forte do que a pressão oncótica a qual segura o plasma dentro do sangue. Pressão oncótica: segura o plasma dentro do sangue. Nas veias a pressão oncótica é maior do que a pressão hidrostática, com isso o líquido volta para veia sendo puxado pela albumina. → Outra função: carrear a bilirrubina (resto de hemácias vermelhas), ácido graxos, esteróis, zinco, cobre e fármacos → Quando se perde albumina nos rins há formação de edemas, bem como por lesão hepática. → Algumas doenças são causadas pela deficiência de albumina, como a ileíte (inflamação no íleo), pois a albumina sai do íleo e se perde nas fezes, ocorrendo a diminuição de sua meia-vida, junto com sua concentração. → No alcoolismo (o álcool destrói o fígado, o qual produz a albumina) há diminuição do parênquima, com menor produção de albumina, gerando a ascite (acúmulo anormal de líquido rico em proteínas no abdômen). MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 5 ALFA 1 GLOBULINA → Constituem-se de alfa 1 antitripsina e alfa1 glicoproteína ácida, apolipoproteínas e alfa 1 microglobulina. A. Alfa 1 antitripsina ou alfa 1 proteinase • É uma proteína que evita que as proteases (enzimas que hidrolisam proteínas) invadam o plasma e hidrolisem as proteínas plasmáticas. • A alfa1 proteinase que não combate apenas a tripsina, por exemplo, pode atuar numa infecção onde as células de defesa produzem enzimas como elastase e colagenase, na tentativa de defender nosso organismo. • A função da alfa 1 antitripsina de proteção é desligar o sítios ativos das enzimas que podem matar as proteínas plasmáticas. • Quando a pessoa fuma, a metionina da alfa 1 antitripsinase torna sulfóxido demetionina e perde a sua função, causando então o remodelamento pulmonar (enfisema). B. Alfa 1 glicoproteína ácida • Não se sabe ainda o seu papel e função. C. Apolipoproteína A • Exemplo de carreador de lipídeos em água. D. Alfa 1 microglobulina • Função de antiproteases INTER ALFA 1 – ALFA 2 → Trata-se de uma faixa entre a alfa 1 e alfa 2, possuindo as proteínas alfa 1 quimiotripsina, glonulina ligante de tiroxina, ceruloplasmina e trnascortina. A. Alfa 1 quimiotripsina • Também é uma antiprotease. B. Globulina ligante da tiroxina • Carreia a tiroxina, assim como a albumina. C. Ceruloplasmina • Antes se achava que ela carreava cobre, porém o cobre se liga a ela por ligantes fortes e quem carreia o cobre é a albumina. Ultimamente, descobriu-se que ela tem papel enzimático na conversão do Fe+2 em Fe+3 para ser carreado pela transferrina. • Sua função é converter ferro+2 que está solto no sangue (depois de uma célula/ hemácia morrer) em ferro +3, fazendo com que esse seja distribuído pelo corpo através de um ´´ônibus``, que é a transferrina (proteína que carrega ferro pelo corpo). • A ferritina é a principal proteína de armazenamento de ferro encontrada em quase todas as células do organismo, agindo como um reservatório de ferro no fígado e na medula. A ferritina no plasma é proporcional à quantidade de ferro armazenado, assim a dosagem de ferritina plasmática indica a deficiência de ferro. D. Transcortina • Transporta o cortisol, que é um corticóide com função de proteger contra MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 6 uma inflamação e é importante como hiperglicemiante. ALFA 2 GLOBULINA → Representado pela afla2 macroglobulina e a haptoglobina. A. Alfa 2 macroglobulina • Tem papel de antiprotease. B. Haptoglobina • Possui função de receber a hemoglobina que saiu da hemácia, evitando que a hemoglobina entre no parênquima renal e o lese, assim como no aproveitamento do ferro da dieta (pouco). As mulheres menstruadas perdem mais ferro e, além disso, quando ocorre a hemólise, a haptoglobina diminui, pois aumenta o complexo hapto-Hb. • A hemácia carrega oxigênio pelo nosso corpo e dentro dela há hemoglobina. A hemácia dura 120 dias e quando ela morre ou é lesionada, ela perde uma fração de hemoglobina, o que é um perigo se essa hemoglobina ficar solta no sangue porque ela é filtrada pelo rim e entope o mesmo, causando uma lesão hepática renal que pode ser fatal. Essa proteína, a haptoglobina, é especializada em fazer a vigilância das hemoglobinas que podem estar soltas no sangue por algum motivo. BETA 1 GLOBULINA → Constituída de transferrina, ligante dos hormônios sexuais e apolipoproteína B. A. Transferrina • Carreia o ferro +3 pela ceruloplasmina. B. Ligante dos hormônios sexuais • Carreia androgênios (testosterona e outro androgênios) e estrogênios femininos, cujo mais importante é o estradiol 17. C. Apolipoproteína B • Carreia lipídeos. *Essa imagem mostra o papel do ferro no nosso intestino. Ele é absorvido no intestino e uma parte dele vai para dentro do intestino e depois para o sangue para ser transportada (sempre na forma de ferro +3). A transferrina carrega o ferr e quando ele chega para ser guardado, é na forma de ferro +2. BETA 2 GLOBULINA → Constituída de fibrinogênio, mas somente no plasma, além da beta 2 microglobulina. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 7 A. Fibrinogênio • Fator de coagulação (imagem abaixo: cascata de coagulação) B. Beta 2 microglobulina • Papel de antiprotease. INTER BETA E GAMA → Temos a imunoglobulina G, A e a proteína C reativa. A. Imunoglobulinas G.A • Anticorpos que nos protegem contra infecções e processos infecciosos. Os anticorpos são secretados pelos linfócitos B. B. P C Reativa • Trata-se de uma proteína de fase aguda, aumentando quando há infecção como cânceres. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 8 Doenças KWASHIORKOR (relacionada com a albumina) → Doença com dificuldade na produção de albumina, com isso o líquido sai e não volta aos capilares, gerando o inchaço devido à presença do líquido no interstício. → Existe uma circulação que ocorre simultaneamente a sanguínea: a circulação linfática. Essa circulação pega uma fração desse líquido que está sendo circulado nos capilares e faz uma limpeza com anticorpos. Logo, uma parte desse líquido é corrigida por uma destruição pelos linfócitos. DOENÇA DE WILSON (relacionada a cerulopasmina, um tipo de inter alfa1-alfa2) → Doença de herança autossômica recessiva. É devida as mutações no gene situado no cromossomo 13q.14-3 que codifica a proteína ceruloplasmina. → Em conseqüência desse defeito, há deposição anormal de cobre nos tecidos, em particular no fígado, encéfalo e córnea. → Clinicamente, quando o início é precoce (antes do sétimo ano de vida), há apenas comprometimentos visceral com insuficiência hepática progressiva. Às vezes, em crianças maiores ou adolescentes, a doença manifesta-se com a insuficiência hepática sub aguda ou mesma aguda, que na ausência de história familiar, pode tornar difícil o diagnóstico. → Esta desordem ocorre pela interrupção no fluxo da bile, que contém cobre e está no parênquima hepático esperando a ceruloplasmina ser produzida. Esse atraso na saída gera a cirrose. → O tratamento geralmente é transplante hepático. → Diagnóstico através de eletroforese ou dosagem de ceruloplasmina. Através do exame do olho (ao redor fica com uns anéis pretos), xixi preto e fígado preto. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 9 *Imunoglobulinas monoclonais estão associadas a patologias malignas, como mieloma e macroglobulinemia de Waldenstrom e também a transformações mais benignas que são denominadas gamopatias monoclonais de significado indeterminado. Essas imunoglobulinas monoclonais resultam da proliferação de um único clone de célula B, o qual produz anticorpos idênticos. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58 – 2025.2 BIOQUÍMICA – CHARBELL 10 *Durante a resposta de fase água, há um aumento da síntese de algumas proteínas predominantemente no fígado, junto com o decréscimo de outras no plasma. O aumento da síntese de proteínas inibidoras de protease (alfa 1 antitripsina), proteínas de coagulação , proteínas do complemento e a proteína C reativa proporciona benefício clínico evidente. A síntese de albumina, transtiretina e transferrina decresce durante a resposta da fase aguda, sendo chamadas de reagentes negativos da fase aguda. *A proteína C reativa é o principal componente da resposta da fase aguda e um marcador de infecção bacteriana. Ela é sintetizada no fígado. A dosagem da concentração dessa proteína no plasma é um teste laboratorial essencial no diagnóstico e no monitoramento da infecção e da sepse.
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