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TRABALHO, ENTRE PRAZER E SOFRIMENTO, CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO
· Ambiguidade do trabalho
O trabalho é um fenômeno ambíguo, é um fator de prazer e sofrimento, criação e destruição do planeta. 
· Trabalho humano: 
Consiste em atividade física ou intelectual de transformação da natureza que envolve esforço e uso de instrumento, dotada de consciência, intencionalidade e certo grau de liberdade (ALBORNOZ, 1986) – inclui trabalhos braçais, de estudantes, de professores, todas as classes. 
A origem da palavra trabalho decorre de tripalium, do latim, um instrumento de tortura. Vem envolto de algo que sacrifica a pessoa, não que liberta. Remete ao peso, com o “suor do próprio rosto”, que é uma expressão que vem da bíblia, no Gênesis, onde o trabalho é usado como modo de castigo ao trabalho.
Na visão cristianismo associada a modificações greco-romanas temos uma visão negativa e preconceitos do trabalho braçal, que permanece até hoje. Isso refletia o tratamento do período de trabalho escravista, que dividia o trabalho entre senhores de escravos e escravos e artesãos, que eram considerados de menor nobreza, já que eram braçais. Braçais eram os que tinham “apenas” força física para fornecer a sociedade, aproximando o homem do animalesco. Já os senhores de escravos, aqueles ligados a políticas, artes, estudo eram mais dignos da atividade do ser humano, era mais próximo do divino. Mulheres, nesse mesmo contexto, eram desvalorizadas, tendo trabalhos domésticos. 
É uma visão que parece permanecer até hoje, quando vemos cargos intelectuais mais “desejados” que os braçais. Infelizmente, o que não se vê é que vivemos em um ciclo em uma sociedade dependente dos serviços uns dos outros, onde a ausência de um serviço, significa a perda para todos. Exemplo disso ocorreu na greve dos caminhoneiros, em 2018, onde todos os outros servidores ficaram dependentes da volta ao serviço desses trabalhadores. 
Nesse sentido, deve ser superada a dicotomia preconceituosa entre o trabalho braçal e intelectual. Um exemplo é sugerido por Thomas More no livro Utopia (1516), que se esperava a superação da dicotomia com uma sociedade imaginária do futuro, em que pessoas desenvolviam trabalhos alternados periodicamente, ora na linha da cultura, ora na linha da agricultura, unindo os dois pilares dessa dicotomia, de modo que todos os preconceitos fossem superados. 
· Trabalho como uma visão positiva ou alienada:
Para Karl Marx (1818-1883), o trabalho poderia ter uma visão positiva – já que o trabalho é uma dimensão essencial do ser humano. Pelo trabalho o ser humano constrói um mundo e a si mesmo, sendo um modo de realização de identidade. É uma transformação da natureza, em que os seres humanos modificam o meio em que vivem. Tudo o que o ser humano constrói é uma forma de trabalho, que acaba por construir a si mesmo. Isso porque ao trabalhar o indivíduo desenvolve suas capacidades.
Por outro lado, o trabalho alienado no ambiente capitalista, também proposto por Marx, sugere que quando o ser humano é separado do meio de produção, o trabalhador não reconhece o produto do trabalho que realiza e nem se reconhece como construtor do mundo, como acontece em fábricas. O meio fordista de produção em massa, em que o trabalhador é apenas um componente de um todo de trabalhadores que tem sua força de trabalho vendida como mercadoria e ao final da linha de processo, não se sabe como é a linha toda de produção. Nesse modelo, os empregados passam a “pertencer” ao dono de meio de produção. O empregado não é dono de nada, ele trabalha fazendo o que o patrão manda. A ele não pertence o ritmo, a maneira de fazer, porque a força de trabalho é vendida e todo o trabalho é fruto do dono do meio de produção que é o seu patrão.
É importante lembrar que quando os trabalhadores não são envolvidos no meio de pensar e na maneira de trabalhar, eles fazem mecanicamente as atividades, passando a ser um sacrifício e uma opressão, onde só cumprem tarefas de outros e não se reconhecem. Isso causa uma frustração que favorece a doença, apresentadas como marcas do sofrimento, frustração, tédio, peso da repetição e opressão psicológica dos chefes sobre empregados. Podemos ver isso, por exemplo, na síndrome de Burnout, caracterizada como esgotamento profissional gerado por exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. 
Em contrapartida, o sociólogo Durkheim defendia que a especialização crescente do trabalho na idade moderna acabou originando uma nova forma de coesão social, que ele denominou de solidariedade orgânica. Diferente da solidariedade mecânica, presente em povos mais primitivos, a solidariedade orgânica criada na idade moderna com a divisão social do trabalho, daria uma característica de coesão social que se assemelharia à coesão do funcionamento das partes de um corpo humano.
· Tecnologia e sociedade de consumo:
Marx acreditava que a tecnologia nos libertaria de trabalho escravizante, nos fazendo trabalhar menos. O trabalho pesado repetitivo seria feito pelas máquinas. O que vemos na atualidade, porém, é que a tecnologia nos fez reféns de ter um trabalho. Isso porque, vivemos em uma sociedade de consumo: nas últimas décadas, especialmente depois da segunda guerra mundial, vivemos em anos de consumismo exacerbado, no seu nível mais alto. O trabalho vira refém do consumo, trabalha-se mais para construir mais. A estratégia econômica do consumismo é baseada na estratégia de consumo. Isso porque nos abrem o apetite por consumo voraz desde pequenos: nossos bens de consumo já são feitos com vida útil, tem obsolescência programada. Para sustentar nossa vida, comprar vira necessidade para garantir emprego, porque se não comprarmos, para quem as fabricas vão vender? E se não vender, para que precisariam dos trabalhadores?
Se torna um ciclo vicioso de consumo que por fim, gera a destruição ambiental.
O impacto do trabalho humano tem que mudar. Isso porque esse ciclo gera 3 aspectos graves para a sociedade de consumo, envolvendo o consumismo (felicidade por poder comprar, que leva ao sentido da vida), lixos e bens como automóveis. Entretanto, o trabalho excessivo é mais sofrimento que realização (SANDEL, 2012). Consumismo
Sofrimento
Impacto ambiental
· Teoria do decrescimento:
Trabalhar menos e viver mais é a base das teorias ecológicas, que há décadas discutem o ideal de trabalhar menos, vivendo pelo avanço tecnológico e uma nova visão sobre o que é uma vida boa, com bem estar, trabalhando menos para ter mais coisas importantes, produzir menos, excluir o desnecessário, consumir menos, selecionando o que realmente é necessário e vivem melhor, conviver, estudar e acessar mais cultura e artes. 
Os movimentos sociais fazem parte dessa teoria por anunciarem um novo tempo, que elege que menos trabalho, mais vida. Explicando que trabalhar menos é uma boa alternativa para que todos possam trabalhar e viver bem. É um ideal que todos devem pensar em seguir. É conhecido também como “O direito a preguiça”, proposto por Paul Lafargue, que diz que o trabalho só é uma paixão útil quando for regulamentado e limitado a um máximo de 3 horas por dia. Entretanto, não é a realidade vista em grande parte do mundo. Estima-se que um brasileiro trabalhe mais que países membros da OCDE, em que são predominantemente países ricos. 
Outra teoria que aborda o descanso e o trabalho regulado é a do “Ócio criativo”, proposta pelo sociólogo Domenico de Masi, em 2000. Nela o autor busca mostra que Ao contrário do que muitos acreditam, ócio criativo não significa não fazer nada. Por ócio criativo entende-se a união entre trabalho, estudo e lazer, de forma que alguém possa experimentar o valor gerado pelo trabalho, o conhecimento ocasionado pelo estudo e a alegria proporcionada pelo lazer.
A Teoria do decrescimento, bate de frente com aquilo que pensamos sobre desenvolvimento/crescimento. A maioria das pessoas pensam em crescimento como mais trabalho, tornando os indivíduos com toxicodependência ao crescimentoe vicio em trabalho. A teoria propõe que é preciso crescer para se desenvolver. A proposta de decrescimento envolve crescer menos, mas não por exemplo em pesquisa/arte/educação, mas sim em aspectos supérfluos. Por exemplo, eliminar embalagens ou consumir bens de produção local, que precisem de menos trabalho para chegar até o consumidor final. Precisamos de uma revolução cultural, sintetizada por Serge Latouche (2009) em 8 erres: reavaliar, reconceituar, reestruturar, redistribuir, relocalizar, reduzir, reutilizar e reciclar. Acrescentaria reeducar nessa colocação, porque seria necessário que a população fosse reeducada para decrescer sem perder qualidade de vida. 
Hoje é preciso pensar no presente e no futuro, defendendo trabalho descente, que inclui: favorecer a saúde e a segurança do trabalho ser compatível com a vida familiar, promover igualdade de gênero, reforçar a produtividade e facilitar a escolha e influência do trabalhador no seu total de horas de trabalho. 
Trabalhar excessivamente
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