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Exclusão do sócio em uma S.A.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – DIURNO
DIR2022 – DIREITO EMPRESARIAL II
Prof. Luis Felipe Spinelli
Carolina Justo da Silva (00309039)
Márcia Rejane de Lemos da Costa (00246661)
POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DE SÓCIO EM UMA SOCIEDADE
ANÔNIMA
Porto Alegre
2020
Introdução
Antes de analisarmos a possibilidade de exclusão de um sócio da Sociedade Anônima é
necessário primeiro analisar brevemente o conceito de S/A. Uma Sociedade Anônima é uma forma
jurídica de constituição de empresas, está regida pela Lei nº 6404/76, conhecida como Lei das
Sociedades Anônimas (LSA) que em seu artigo 1º define a Sociedade Anônima como sendo uma
companhia com seu capital divido em ações, com responsabilidade limitada dos sócios, ou seja, só
assumem o risco de perder o valor investido, não pondo em risco o seu patrimônio.
As sociedades anônimas se dividem em companhias abertas, que negociam seus valores no
mercado mobiliário e em companhias fechadas, que não o fazem. As ações, (valores mobiliários)
das companhias, de regra, circulam livremente, conforme disposto no artigo 36 da LSA. As ações
das companhias abertas, por serem emitidas e negociadas no mercado de capitais, tem a circulação
dessas ações facilitada. As companhias fechadas, por sua vez, podem estabelecer restrições para a
circulação das ações, mas não podem a proibir.
Todo aquele que integralizar o capital social de uma companhia torna-se acionista e adquire
deveres e direitos, que devem ser observados. Seus direitos essenciais estão previstos no artigo 109
da LSA, há também direitos não essenciais e direitos da minoria. Para o presente estudo o que
importa mesmo analisar são os deveres dos acionistas, que em regra, tem um único e exclusivo
poder, que é o de realizar o capital subscrito.
Deveres dos acionistas
Em regra, os sócios de uma S/A possuem um único e esclusivo dever que é o de realizar o
capital subscrito. Este dever está previsto nos artigos 106 e 107 da LSA.
Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de
subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas.
§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data
do pagamento, caberá aos órgãos da administração efetuar chamada, mediante avisos publicados
na imprensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias, para o
pagamento.
§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no estatuto ou boletim, ou na
chamada, ficará de pleno direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da
correção monetária e da multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cento)
do valor da prestação.
O artigo 115 da LSA prevê também o dever de lealdade, que é uma cláusula geral qual
somente se consegue aferir caso a caso, mas que impõe uma série de deveres aos acionistas. É
decorrência lógica da boa fé objetiva, prevista nos artigos 184 e 422 do Código Civil, que incide
com força máxima diante do dever do acionista servir a companhia e não se servir dela.
Exclusão do acionista
O próprio Código Civil, em seu artigo 1.089, dispõe que a sociedade anônima rege-se por lei
especial, sendo aplicável, nos casos em que a Lei se omitir, as disposições do Código. A Lei das
S/As, em seu artigo 120, prevê a suspensão dos direitos dos acionistas em função de não
cumprimento de seus deveres e essa exclusão nada depende da relação ou da proximidade entre os
sócios, nem do valor de suas ações¹. Em geral exclusão do acionista se opera judicialmente, com
exceção da exclusão extrajudicial do acionista remisso.
O acionista remisso é aquele que deixa de cumprir com sues deveres e a hipótese de exclusão
dele encontra-se prevista no artigo 107 da LSA:
Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha:
I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108),
processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o
aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou
II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista.
§ 1º Será havida como não escrita, relativamente à companhia, qualquer estipulação do estatuto ou
do boletim de subscrição que exclua ou limite o exercício da opção prevista neste artigo, mas o
subscritor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela estipulação, para haver perdas e danos
sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que no caso couber.
§ 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa de valores do lugar da sede social, ou, se não
houver, na mais próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três) vezes, com antecedência mínima
de 3 (três) dias. Do produto da venda serão deduzidos as despesas com a operação e, se previstos
no estatuto, os juros, correção monetária e multa, ficando o saldo à disposição do ex-acionista, na
sede da sociedade.
§ 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada a cobrança judicial, mandar vender a ação em
bolsa de valores; a companhia poderá também promover a cobrança judicial se as ações oferecidas
em bolsa não encontrarem tomador, ou se o preço apurado não bastar para pagar os débitos do
acionista.
§ 4º Se a companhia não conseguir, por qualquer dos meios previstos neste artigo, a integralização
das ações, poderá declará-las caducas e fazer suas as entradas realizadas, integralizando-as com
lucros ou reservas, exceto a legal; se não tiver lucros e reservas suficientes, terá o prazo de 1 (um)
ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o qual, não tendo sido encontrado comprador,
a assembléia-geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente.
O Código Civil, no artigo 1.004 parágrafo único dispõe que a maioria dos demais sócios
podem preferir a indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante
realizado.
As possibilidades de exclusão judicial dos acionistas não estão previstas na Lei das
Sociedades Anônimas, mas sim no Código Civil. O artigo 1.030 e seu parágrafo único do CC dispõe
¹ SPINELII, Luis. FADANELLI, Vinicius. Exclusão de acionista por falta grave. Souto Correa 
Advogados, 2018. Disponível em: <https://www.soutocorrea.com.br/artigos/exclusao-de-acionista-
por-falta-grave/>. Acesso em: 24 de novembro de 2020. 
sobre a exclusão do sócio mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no
cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade superveniente.
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento
de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele
cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.
A exclusão do sócio por incapacidade superveniente é mais fácil de se provar em uma ação
específica e é geralmente evidente em atos ou fatos relacionados ao sócio. Já a exclusão do sócio
por falta grave deve ser sustentada pelo maior número de documentos possível que justifiquem a
atitude dos demais sócios, incluindo as comunicações expressas ao sócio de seus deveres.
Considera-se falta grave do sócio ir contra o estabelecido no Contrato Social, ou ainda a falha do
mesmo em integralizar o capital.
O artigo 1085 do Código Civil complementa a hipótese da exclusão do sócio por falta grave.
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de
mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a
continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da
sociedade, mediante alteração do contrato social, desdeque prevista neste a exclusão por justa
causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de
um sócio somente poderá ser determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada
para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do
direito de defesa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019).
Conclusão
A exclusão de acionistas da Sociedade Anônima devem basear-se nos conceitos legais, sendo
compatível com qualquer espécie societária. Essa possibilidade evita a adoção de outros
mecanismos ou institutos, impróprios, para afastar sócios indesejados e que possam causa algum
tipo de prejuízo para a companhia.
	Introdução
	Deveres dos acionistas

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