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RELATÓRIO FINAL- HOSPITALAR

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25
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS - UNIPAM
ESTÁGIO SUPERVISIONADO PROFISSIONALIZANTE III
Relatório Final
Psicologia Hospitalar
Estagiário: Suellen Cristina da Silva
Professor(a) Orientador(a): Joana Darc dos Santos
Curso: Psicologia 		Período: 10º		Ano letivo: 2/2020
Total de horas: 100 horas.
Patos de Minas, dezembro de 2020.
	SUELLEN CRISTINA DA SILVA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO PROFISSIONALIZANTE III
Relatório Final
Psicologia Hospitalar
Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado Profissionalizante III, do 10º período do curso de Psicologia do Centro Universitário de Patos de Minas, sob supervisão da professora Joana Darc dos Santos. O estágio de Psicologia Hospitalar foi realizado no período de 30 de julho a 14 de dezembro de 2020, com duração de 100 horas.
Patos de Minas, dezembro de 2020.
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	5
1.1	O estágio	5
1.2	A psicologia hospitalar	5
1.3	Objetivos gerais e específicos	6
2	REFERENCIAL TEÓRICO	6
2.1	A inserção do psicólogo no contexto hospitalar	6
2.2	A abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde	8
2.3 Atuação da psicologia nos hospitais	........................................................................... 10
2.3.1 Processos culturais (trabalho realizado com as diversas formas de produção cultural, incluídas as formas de expressão artística) ........................................................................... 10
2.3.2 Processos educativos (formação/capacitação/ orientação de professores; planejamento educacional; elaboração de projetos educacionais; avaliação de processos educativos; orientação profissional/vocacional; planejamento e acompanhamento de medidas socioeducativas) ...................................................................................................... 10
2.3.3 Processos formativos (formação de profissionais de diferentes áreas; capacitação de trabalhadores de campos diversos) ....................................................................................... 11
2.3.4 Processos formativos de psicólogas(os) (formação profissional em nível de graduação, pós-graduação stricto sensu e especialização) .................................................. 11 
2.3.5. Processos grupais (desenvolvimento de grupos em situações diversas; condução de dinâmicas de grupo; avaliação de processos grupais) ......................................................... 11
2.3.6. Processos de mobilização social (organização de grupos para atividades de participação social; desenvolvimento comunitário) ............................................................ 12
2.3.7. Processos organizativos (atuação em organizações ou trabalho, cujas ênfases sejam as diversas formas de processos organizativos) ................................................................... 12
2.3.8. Processos de orientação e aconselhamento (de indivíduos ou grupos) .................... 12
2.3.9. Processo de planejamento e gestão pública (identificação e avaliação de demandas; elaboração e avaliação de planos de ação) ............................................................................ 12
2.3.10. Processos investigativos ............................................................................................. 13
2.3.11. Processos terapêuticos (Práticas terapêuticas envolvendo indivíduos ou grupos) 13
2.4 Cuidados paliativos e morte ........................................................................................ 13
2.5 Notificações compulsórias em casos de violência ..................................................... 14
3	ATIVIDADE DESENVOLVIDA ............................................................................... 14
3.1	Leituras	14
3.2	Orientações	14
3.3	Práticas/Atendimentos	14
3.3.1 Saúde Menaal ................................................................................................................ 15 
3.3.2 Sobrecarga no Trabalho ............................................................................................... 16
3.3.3 Síndrome de Burnout .................................................................................................... 17
3.3.4 Luto ................................................................................................................................ 19
3.3.5 Ansiedade e Depressão .................................................................................................. 20 
2.5.6 Valorização do Trabalho .............................................................................................. 24
3.3.7 Autocuidado .................................................................................................................. 25 
4	AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO	26
REFERÊNCIAS	27
1. INTRODUÇÃO
1.1. O estágio
O Estágio Supervisionado Profissionalizante III, dentro da grade curricular do curso de Psicologia do Centro Universitário de Patos de Minas, faz parte da ênfase Bem-Estar Biopsicossocial e Contextos Educacionais e Organizacionais, pertencendo ao eixo estruturante Práticas Profissionais, cuja finalidade está voltada para assegurar um núcleo básico de competências que permitam a atuação profissional e a inserção do graduado em diferentes contextos institucionais e sociais, de forma articulada com profissionais de áreas afins. 
Também é caracterizada como tendo o objetivo de fundamentar no aluno a capacidade de desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde psicológica e psicossocial do indivíduo, realizando seus serviços dentro do mais alto padrão de qualidade e dos princípios da ética/bioética. 
O Estágio Supervisionado Profissionalizante III acontece no 10º período do curso de Psicologia do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM. Essa modalidade de estágio permite ao aluno um contato mais próximo e profissional com alguma área de atuação do psicólogo. Permitindo a aquisição de um conjunto básico de competências que possibilite atuação e inserção do aluno em diferentes contextos institucionais, clínicos e sociais. O estágio profissionalizante em questão se refere a área da Psicologia Hospitalar.
1.2 A psicologia hospitalar
Segundo Simonetti (2004) “A psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento”. Esse adoecimento se dá principalmente quando um sujeito repleto de subjetividade esbarra em real de natureza patológica (a doença), presente em seu corpo, produzindo variados aspectos psicológicos, evidenciado em si, na sua família ou até na equipe profissional. 
Os aspectos psicológicos são as manifestações da subjetividade frente ao adoecimento. Essas manifestações podem se dar pela fala, sentimentos, desejos, pensamentos, comportamentos, fantasias, conflitos, entre outros. Assim, percebe-se que a psicologia hospitalar não trata somente das doenças com gêneses psíquicas, tradicionalmente conhecidas como psicossomáticas, mas, de todos os aspectos psicológicos de qualquer doença, de todo o adoecimento de modo geral (SIMONETTI, 2004).
Assim, o objetivo principal da Psicologia Hospitalar é a análise da subjetividade e como ela foi afetada pelo adoecimento. O psicólogo hospitalar se oferece principalmente para escutar o sujeito e dar voz a essa subjetividade, não estabelecendo uma meta ideal para o paciente ou para o tratamento, mas, auxiliando no processo de elaboração simbólica daquele momento, sendo um auxiliador na travessia do adoecimento e não o guia. Esse auxílio pode ser bastante significativo para uma boa elaboração e enfrentamento desse adoecimento. Assim, é possível perceber que a psicologia hospitalar é um campo de atuação importante e que traz vários benefícios para paciente, familiares e equipe (SIMONETTI, 2004). 
1.3 Objetivos gerais e específicos 
Reconhecendo a importância e os benefícios dessa atuação, o Estágio Supervisionado Profissionalizante III em Psicologia Hospitalar permite uma proximidade desses conceitos e dessa modalidade terapêutica. 
Devido aos recentes acontecimentosda Pandemia da Covid-19 ocorreram as suspensões das práticas presenciais no hospital por medidas de proteção e isolamento social, logo as atividades práticas do estágio foram realizadas de forma remota e flexibilizadas, no entanto, seguindo os princípios que fundamentam as atividades acadêmicas.
Para tanto, os objetivos do estágio foram a produção de uma cartilha informativa sobre temas ligados ao trabalho e à saúde mental dos profissionais de saúde diante da pandemia- covid19, seguindo os referenciais estudados ao longo do período. 
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
2.1 A INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR 
Segundo Ismael (2010), a psicologia é uma ciência baseado em analise, predição e a modificação dos fatores que modificam o comportamento. A psicologia da saúde, por sua vez, tem sido definida como um agregado de contribuições para as áreas educacionais, cientificas, profissionais e institucionais. Além disso busca a promoção e a manutenção da saúde física e emocional, também a prevenção, tratamento, identificação e diagnostico.
Ainda com a autora, um dos objetivos da psicologia hospitalar é de minimizar o sofrimento do paciente e de sua família. Assim, o trabalho é focado no sofrimento e nas repercussões que o paciente sofre com a doença e com a hospitalização, além de considerar sua história de vida, a forma como o mesmo relaciona a doença e seu perfil de personalidade. No processo de hospitalização não deve ser desconsiderado os aspectos emocionais e sociais no diagnóstico e desenvolvimento da doença. O tratamento de doenças traz algumas ameaças para o paciente como a integridade física, autoimagem, equilíbrio emocional e ao ajustamento ao novo meio físico e social.
O psicólogo deve adaptar sua adaptação nesse contexto, já que sua atuação é muito diferente da clínica. Na maioria das vezes, não há um lugar para que possam conversar sem que o sigilo seja ameaçado. Em razão disso, o psicólogo deve ter bom senso, bom preparo teórico e prático, respeitar a equipe multiprofissional e tolerância a frustração. Ainda, o profissional deve conhecer a doença, sua evolução e prognostico. Outro trabalho importante do psicólogo nesse contexto são os grupos educativos, facilitando a conscientização da família e do paciente perante a doença e tratamento. E por fim, pode auxiliar na relação equipe/paciente/família. A primeira tarefa do psicólogo hospitalar é definir se a reação do paciente é patológica ou não. Esse tipo de reação é caracterizado por distúrbios de comportamento com predisposição a reações psicóticas ou neuróticas (ISMAEL, 2010).
Ismael (2010) traz que no ambulatório o paciente geralmente chega após passar pelo médico, trazendo queixas sobre sua doença, problemas pessoais adjacentes, familiares e profissionais. A aceitação da doença é uma fase difícil para o paciente já que prevalece a revolta ou o conformismo com a doença.
Alguns estudos concluem que a negação consiste em um estado psicológico presente após o diagnóstico da doença, na tentativa de rejeita-lo, diminuindo o impacto e a ansiedade causados em decorrência da notícia. A negação pode ser muito nociva já que desafiam a existência da doença e se expõe a riscos desnecessários. Já a regressão é considerada positiva já que ajuda o paciente a se reorganizar diante a doença e tratamento. No entanto pode ocorrer atitudes egocêntricas, aumento da dependência, redução de interesses diversos e até mesmo a depressão devido ao vazio, desvalorização e falta de objetivo para o futuro (ISMAEL,2010)
Já nas unidades de internação o psicólogo aborda a hospitalização com o paciente e sua paciente. O profissional tenta conhecer sua história de vida, já que nesse período o paciente perde sua individualidade e se sente agredido pela rotina e rigidez de horários do hospital, ocasionando a despersonalização. O paciente tende a ter comportamentos passivos ou agressivos buscando preservar a integridade do seu eu. Além disso se torna mais introspectivo e reavalia seus valores e sua vida (ISMAEL,2010).
E por fim, na unidade de Terapia intensiva (UTI), unidade coroniana (UCO) e pronto socorro (PS) o psicólogo deve ser o elo entre paciente/equipe/família. De forma geral, o psicólogo auxilia o paciente na aceitação da doença e acompanha a família nessa adaptação (ISMAEL,2010)
A entrevista psicológica é de extrema importância nesse contexto, já que ela busca investigar a demanda do paciente, de seus familiares e da própria equipe. Deve ser colhido informações como diagnostico, história de vida, situação atual de vida, problemas psicológicos existentes, atitudes em relação ao tratamento e a motivação do paciente. A entrevista inicial busca a compreensão do significado da psicoterapia para o paciente e tem o objetivo de aliviar a ansiedade e o medo do mesmo (ISMAEL,2010).
Ainda, a entrevista pode ser o meio pelo qual a paciente ira expressar o problema e cabe ao psicólogo ajudar na evolução para melhor adaptação. Autores ressaltam a importância do não julgamento, da escuta ativa e da linguagem compreensível para o paciente (ISMAEL,2010).
Sabe se ainda que o psicólogo foi o último profissional da saúde a ser inserido no contexto hospitalar. No entanto é necessário que busque cada vez mais aprofundar estudos na área, visando a melhoria da compreensão sobre os casos e das relações dos envolvidos. (ISMAEL,2010).
 2.2. A ABORDAGEM PSICANALÍTICA DO SOFRIMENTO NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
Moretto (2019), cita que dentro da psicanálise é falado que entre inconsciente, subjetividade e cultura há uma ligação particular, onde se acredita que tanto a formação individual quanto a transformação individual acontecem num local denominado alteridade, ou seja, através da ligação com o outro. Dessa forma, é através dos laços sociais que as individualidades se formam. 
Devido existir essa ligação entre clínica e cultura, métodos psíquicos e atualidade, que para a psicanálise se torna importante a ligação existente entre as alterações sociais, econômicas e políticas e a particularidade de seu tempo. Dessa maneira, deve ser observado a forma como indivíduo lida com seus ideais de sucesso e também com a felicidade de acordo com a cultura do nosso tempo (MORETTO, 2019).
De acordo com Moretto (2019), em nossa sociedade acredita-se que existe uma felicidade coletiva e que nos faz acreditar que aquele indivíduo que ainda não é feliz, não o é por algum problema dentro de si. Agora, a felicidade passa de um nível de sonho para um nível ideal, impondo-se que “é preciso ser feliz”. 
Agindo como uma direção para as pessoas, as suas convicções são importantes. Porém passa a ser um problema quando o sujeito passa a interpretar de uma forma que esses ideais se tornam imprescindíveis. Essa subordinação nos mostra as ligações entre ela e os sentimentos incapacidades criados dentro dos indivíduos, gerando assim, sujeitos tristes e fracassados (MORETTO, 2019).
A mesma autora coloca que o adoecimento pode ser compreendido como uma linha que gera um antes e um depois na vida de uma pessoa. Esse adoecimento pode ter um significado para o indivíduo como também pode não ter. É comum que o sujeito tente dar algum sentindo para tudo que está acontecendo. 
Tornando-se algo normal, que quando frente ao adoecimento, que até então é algo novo para o paciente, ele fique sem saber o que falar, e se sinta diferente e vazio. Esse adoecimento pode gerar efeitos de espanto e também de fraqueza, onde se torna importante trabalhar com o paciente maneiras de defrontação e construção do luto (MORETTO, 2019).
Cada indivíduo lidará com o adoecimento de uma forma a qual estará ligada não só ao acontecimento, como também com as particularidades desse sujeito em sua conexão ao adoecimento. Na psicanálise se terá como foco desde a circunstância até a experimentação. A narrativa é importante pois faz a transição do acontecimento para a experiência e através dela que para o sujeito esse adoecimento se torna uma vivência real (MORETTO, 2019).
É sabido que o adoecimento pode vir a ser um trauma na vida do sujeito, porém é importantecompreender que o trauma conferido a esse adoecimento está relacionado como a forma que ele é vivido no âmbito de suas conexões. Entende-se que toda experiência que gera um trauma precisa ser elaborada, num processo individual do sujeito. Nesse momento, o terapeuta ajuda o indivíduo no processamento de formação de seu luto (MORETTO, 2019).
Percebe-se que quando o outro não está disponível para ouvir sobre o adoecimento faz com que o sujeito adoecido se sinta imperceptível. Dessa forma, o cuidado se faz necessário em contextos onde há traumas gerados pelo adoecimento (MORETTO, 2019). 
Assim, é entendido a importância de o terapeuta deixar o paciente abeto a fala, para que ele mesmo crie sua narrativa, sendo assim o autor da sua própria história, fugindo da passividade. Isso gera um reconhecimento por parte do paciente sobre a relevância de sua fala, e também reconhecimento de suas chances e limites para batalhar (MORETTO, 2019).
Segundo a autora supracitada acima, as narrativas dos pacientes sobre seu adoecimento estão relacionadas com o corpo, porém é importante que o terapeuta dê atenção também para a vivência do fiasco pessoal. 
Durante sua fala, o sujeito vai dando indicações da forma como ele sente essa vivência relacionando com o fiasco pessoal, se mostrando através de falas onde mostra seus sentimentos de inatividade, constrangimento e remorso, mostrando que ele acredita que ao adoecer faz com que ele seja um fracasso (MORETTO, 2019).
Para Moretto (2019), quando o indivíduo passa pela vivência de um adoecimento faz com que ele perca a ideia de imortalidade e passa a entender que morrer é possível. Acredita-se que a morte passa para um âmbito possível, de forma que faz com o indivíduo passe a batalhar pela sua vida. Nesse momento, a construção do luto passa ser relacionado com a perdas de suas ideologias e não mais com a crença de imortalidade.
De acordo com Moretto (2019), existe contextos onde há uma surpresa do paciente quando o mesmo percebe que não tem sempre o controle do que acontece com seu corpo. Há momentos também em que se chocam por ter adoecido e se questionam o porquê aquilo aconteceu com ele. 
Portanto, quando o indivíduo acredita que seu adoecimento está relacionado com seu fracasso pessoal ele sofre. É necessário que se compreenda que o que está em jogo é a conexão do indivíduo com o impossível e não com vivência de incapacidade. “Frente ao impossível, cabe o luto; frente o possível cabe a luta” (MORETTO, 2019, p. 36).
2.3 ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NOS HOSPITAIS
2.3.1 Processos culturais (trabalho realizado com as diversas formas de produção cultural, incluídas as formas de expressão artística)
No campo da saúde, conhecer a diversidade cultural representa um dispositivo disparador de alternativas e possibilidades para auxiliar na solução de problemas e atendimento das demandas da população.
Há muitos grupos que somente conseguem ser acessados e promovida sua adesão ao serviço através de manifestações culturais. Particularmente nos trabalhos voltados a saúde mental é bastante comum uso do teatro, dança, música, artesanato como produtores de vínculos e restabelecimento de coesão social e comunitária.
2.3.2 Processos educativos (formação/capacitação/ orientação de professores; planejamento educacional; elaboração de projetos educacionais; avaliação de processos educativos; orientação profissional/vocacional; planejamento e acompanhamento de medidas socioeducativas)
A educação em saúde pode ser entendida como uma forma de abordagem que, enquanto um processo amplo na educação, proporciona construir um espaço muito importante na veiculação de novos conhecimentos e práticas relacionadas.
Nos serviços de transplantes, os processos educativos passam a ser parte do papel do profissional de saúde que ali trabalha, incluindo o psicólogo. Esse procedimento pode provocar inúmeras implicações psicológicas capazes de afetar todas as pessoas envolvidas. O tempo de espera, a insegurança quanto ao sucesso do procedimento e a aceitação da ideia sobre a necessidade do transplante são questões emocionais presentes nas pessoas assistidas que se encontram nesta condição e podem ser minimizados quando o trabalho educativo for efetivo e constante.
Existem outras intervenções que também exigem os processos educativos: na prevenção das IST/HIV/aids, na prevenção oncológica, na gravidez na adolescência, no incentivo a amamentação, dentre outros.
2.3.3. Processos formativos (formação de profissionais de diferentes áreas; capacitação de trabalhadores de campos diversos)
O psicólogo está envolvido na formação de novas equipes, ou na implantação de novos serviços. São requisitados a participar de treinamentos para profissionais de saúde, agente comunitários ou grupos profissionais específicos, como técnicos de enfermagem, pessoal da higienização, enfermeiros, médicos, equipes multidisciplinares.
O princípio da integralidade do SUS indica ações que envolvam diferentes saberes e com a interdisciplinaridade tentamos superar as barreiras da fragmentação do homem e dos fenômenos apresentados pela subjetividade.
Uma nova concepção que envolve subjetividade, vínculos de confiança e diálogo nas relações interpessoais, no caso, do paciente, da família e equipe de cuidados. Teremos como resultado deste desafio uma equipe mais sensível e coesa, espontânea e criativa que agrega conhecimento técnico favorecendo a qualidade do atendimento.
2.3.4 Processos formativos de psicólogas (os) (formação profissional em nível de graduação, pós-graduação stricto sensu e especialização)
A preceptoria no SUS é uma das atividades mais importantes na construção do sistema de saúde que desejamos. Uma das principais funções da supervisão é a de desenvolver no supervisionando a capacidade de perceber suas próprias dificuldades. Essa seria a forma de conquistar a independência, seguindo ele sozinho, através de sua autocrítica no processo de aprendizagem.
Quando o psicólogo é contratado para trabalhar em um hospital, nem sempre ele apresenta um amplo conhecimento das especificidades de manejo clínico utilizados em uma instituição hospitalar. 
Com isto, uma das formas de se dar continuidade ao aprimoramento e a possibilidade de aquisição de novos conhecimentos na área de atuação é a manutenção da prática supervisionada.
Devolver o compromisso de propiciar o atendimento mais qualificado possível e comprometendo-se no desenvolvimento da profissão é um atestado de compromisso social, solidariedade e amor a profissão.
2.3.5. Processos grupais (desenvolvimento de grupos em situações diversas; condução de dinâmicas de grupo; avaliação de processos grupais)
Um dos pontos importantes do atendimento grupal é a possibilidade de troca de experiências entre os membros do grupo. No hospital, geralmente, os grupos são abertos e com duração de um encontro. A cada semana os grupos são formados com os pacientes ou familiares que se encontram na instituição e são focados em orientações e trocas de experiências. Devido a esta característica, cada encontro do grupo deve ter começo, meio e fim.
No entanto, na assistência a pacientes ambulatoriais, pode-se propor grupos semanais fechados, com um número limitado de participantes com o objetivo de catalisar as necessidades dos membros e promover uma reflexão para possíveis mudanças e com maior efeito psicoterapêutico.
2.3.6. Processos de mobilização social (organização de grupos para atividades de participação social; desenvolvimento comunitário)
No exercício profissional do psicólogo hospitalar muitas ações são de caráter de mobilização social. Seja uma campanha para doação de lei ao Banco de Leite Humano, sejam as campanhas internas para assepsia de mãos ou para aceitação da presença do acompanhante no parto ou na UTI neonatal. São diversas ações de mobilização social a serem implementadas, tanto para o público interno de colaboradores, ou externo voltados para a comunidade.
2.3.7. Processos organizativos (atuação em organizações ou trabalho, cujas ênfases sejam as diversas formas de processos organizativos)
Apesardo psicólogo hospitalar não se envolver com as questões específicas da Psicologia Organizacional, sejam elas recrutamento, seleção, avaliação de desempenho, acompanhamento da vida funcional, sempre haverá atividades de treinamento em serviço que dizem mais respeito ao psicólogo hospitalar que está na assistência do que o serviço da Psicologia Organizacional.
2.3.8. Processos de orientação e aconselhamento (de indivíduos ou grupos)
O aconselhamento auxilia a pessoa a lidar com as questões emocionais decorrentes do seu problema de saúde; provê informações sobre a doença, informando de forma mais personalizada e encorajando o cliente a verbalizar suas dúvidas e receios e desenvolve a capacidade pessoal do usuário para reconhecer situações de risco e tomar decisões sobre as opções de prevenção mais convenientes para si.
A pessoa idosa hospitalizada necessita do acolhimento e identificação de suas ansiedades, angústias e medos. A mesma ou seu acompanhante pode ter dúvidas sobre seu estado físico, em níveis que precisam ser detectados, observados e respeitados a oferta de uma orientação adequada e o aconselhamento pode suprir as necessidades detectadas. 
2.3.9. Processo de planejamento e gestão pública (identificação e avaliação de demandas; elaboração e avaliação de planos de ação)
As atribuições de um gestor não são específicas de nenhuma profissão em particular, mas também não desresponsabiliza nenhum profissional de saber sobre planejamento e gestão. No setor saúde, as práticas de planejamento estão presentes em todo o processo que é conhecido como Gestão do SUS.
O profissional de Psicologia que deseja, ou seja, convidado a ocupar um espaço de gestão deve buscar conhecimento técnico necessários para ocupar este espaço.
2.3.10. Processos investigativos
Em geral, os grandes hospitais e serviços possuem sua própria Comissão de Ética em Pesquisas, alguns chegam a possuir grupos de pesquisas registrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), havendo mesmo algum incentivo para publicação dos trabalhos ali realizados. 
Para definir o tipo de pesquisa científica mais apropriada é importante que vários pontos sejam observados quanto a sua execução, investigação e propostas, além da amostra ou população que farão parte desse processo. 
2.3.11. Processos terapêuticos (Práticas terapêuticas envolvendo indivíduos ou grupos)
O psicólogo hospitalar faz uso das intervenções psicoterápicas, mas essa é uma dentre tantas possibilidades de intervenção existentes no escopo do exercício profissional. Geralmente, utiliza a psicoterapia breve pelas características institucionais e de tempo de internação, salvo alguns serviços que permitem acompanhamento longitudinal de longo tempo, como os serviços de renais crônicos ou de assistência a pacientes com HIV/Aids, dentre outros.
É importante e necessário que o enfoque dos profissionais da área da saúde não esteja centrado somente na doença, mas, na experiência de vida destas pessoas, bem como a maneira como eles entendem, respondem e lidam com sintomas e problemas decorrentes da doença e tratamento.
2.4 CUIDADOS PALIATIVOS E MORTE
Cuidados Paliativos (CP) é definido pela Organização Mundial de Saúde como: O cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes (adultos e crianças) e suas famílias que enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida. Previne e alivia o sofrimento através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas, físicos, psicossociais ou espirituais. O CP é uma parte crucial dos serviços de saúde integrados e centrados nas pessoas, em todos os níveis de cuidados: visa a aliviar o sofrimento seja qual for a causa.
Competências centrais em cuidados paliativos são parte da nossa prática e o psicólogo estará presente em todas as fases do tratamento até o momento final. Os programas de cuidados paliativos incluem, ao longo do tratamento: clínica-dia, assistência domiciliar, internação, serviços de consultoria e suporte para o luto.
2.5 NOTIFICAÇÕES COMPULSÓRIAS EM CASOS DE VIOLÊNCIA
É de fundamental importância para o psicólogo conhecer a rede de atendimentos e compreender a política púbica de saúde em todas as esferas, municipal, estadual e federal, pois precisa entender que os atendimentos hospitalares podem e muitas das vezes vão para além da intervenção no momento da internação daquela pessoa. 
Um serviço de saúde ou hospitalar que receber uma mulher em alguma situação que “sugira algo nebuloso”, “não dito” ou contraditório na informação verbal, seja a mulher, criança, adolescente ou idoso, deve tomar as providências necessárias e realizar um atendimento que elucide a situação e, constatada a situação de violência, devem preencher a ficha de notificação compulsória e informar a Secretaria Estadual de Vigilância, além de realizar os encaminhamentos necessários para a rede de serviços existentes para essa demanda.
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
3.1 - LEITURAS
As leituras foram realizadas anteriormente e discutidas em orientações. Cada estagiário apresentou um tema ligado á prática hospitalar, sendo apresentado em formado de seminários teóricos. Foram momentos oportunos para a aquisição de conhecimento técnico-teórico, o desenvolvimento de um olhar mais crítico sobre os dispositivos clínicos e a prática profissional em intervenções breves no campo da saúde e hospitalar. 
3.2 - ORIENTAÇÕES
As orientações ocorrerão semanalmente, após as leituras, aos seminários teóricos e às práticas. As orientações são momentos de troca de experiências, de pontuações e de reflexões, visto que cada caso/situação é ouvido e analisado através de diferentes percepções, o que amplia e acrescenta o entendimento sobre o atendimento no contexto hospitalar. Portanto, colaborando para que, enquanto profissionais, tenhamos uma visão ampla do trabalho do psicólogo no campo hospitalar, ou seja, uma visão que aborde os diferentes aspectos que envolvem o indivíduo: biopsicossocial.
3.3 - PRÁTICAS/ATENDIMENTOS
O estágio em Psicologia hospitalar- décimo período- do curso de Psicologia, foi realizado em pleno período de pandemia da Covid-19. Devido a suspensão das práticas presenciais e as medidas de proteção e isolamento social, as atividades práticas do estágio foram realizadas de forma remota e flexibilizadas, no entanto, seguindo os princípios que fundamentam as atividades acadêmicas.
Para tanto, foi produzido uma cartilha com temas ligados ao trabalho e à saúde mental dos profissionais de saúde diante da pandemia- covid19. 
A justificativa da realização dessa atividade é o cuidado com os profissionais que estão na linha de frente do trabalho com pacientes que estão no hospital em tratamento. Verifica-se que estes profissionais se encontram sobrecarregados, e as vezes, fragilizados.
Esclarecemos que tal prática foi autorizada em reunião pelo colegiado de Curso de Psicologia- UNIPAM e segue em consonância com as orientações do Conselho Federal de Psicologia por meio do Caderno de “Práticas e Estágios Remotos em Psicologia no Contexto da Pandemia da Covid-19”. Este documento trata das recomendações sobre o ensino Emergencial Remoto nas Práticas e Estágios em Psicologia. 
A produção da cartilha abordou os seguintes temas:
3.3.1 Saúde mental
A definição de saúde proposta pela OMS como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças" tem sido alvo de inúmeras críticas, pois defini-la desta forma faz dela algo ideal, inatingível. Alguns autores sustentam que a definição teria possibilitado uma medicalização da existência humana, assim como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde (OMS, 2001; CAPONI, 2003; CARVALHO, 2005).
Como resultado, o conceito brasileiro de saúde começou a ser entendido de forma mais complexa, considerando os princípios de universalidade, integralidade e equidade no cuidado à saúde. Esses princípios, contudo, coexistem com abordagens claramente ligadas à antiga visão.
De acordo com Gaino et al. (2018) o termo‘bem-estar’, presente na definição da OMS, é um componente tanto do conceito de saúde, quanto de saúde mental, é entendido como um construto de natureza subjetiva, fortemente influenciado pela cultura. A OMS define saúde mental como "um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade”.
Definições de saúde mental é objeto de diversos saberes, porém, prevalece um discurso psiquiátrico que a entende como oposta à loucura, denotando que pessoas com diagnósticos de transtornos mentais não podem ter nenhum grau de saúde mental, bem-estar ou qualidade de vida, como se suas crises ou sintomas fossem contínuos. (GAINO et al., 2018)
Nos anos 1960, o psiquiatra italiano Franco Basaglia propôs uma reformulação no conceito de loucura, mudando o foco da doença e expandindo-o com questões de cidadania e inclusão social. Tal ideia ganhou adeptos e acendeu um movimento que influenciou o conceito de saúde mental no Brasil e resultou na Reforma Psiquiátrica Brasileira. (GAINO et al., 2018)
Para Gaino et al. (2018) há dois paradigmas principais para discussão dos conceitos de saúde e saúde mental, ou seja, o paradigma biomédico e o da produção social de saúde. No primeiro, o foco é exclusivamente na doença e em suas manifestações, a loucura como sendo essencialmente o objeto de estudo da psiquiatria. No segundo, a saúde é mais complexa que as manifestações das doenças e inclui aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Neste paradigma, loucura é muito mais que um diagnóstico psiquiátrico, pois os pacientes com um transtorno psiquiátrico podem ter qualidade de vida, participar da comunidade, trabalhar e desenvolver seus potenciais.
Por conseguinte Correia et al. (2011) mostra que para adquirir a cidadania e estar incluído socialmente, o indivíduo deve ter um poder de contratualidade e está se apresenta sobre três cenários. O primeiro seria o habitat (casa), que é o espaço onde se vive e onde se tem poder contratual elevado na relação organizacional e na relação afetiva com os outros. O segundo seria o cenário da rede social, onde estaria empobrecida, com poucos vínculos. E o terceiro cenário seria o trabalho, onde tem valor social, num contexto da economia solidária (cooperativa) superando, assim, o referencial do trabalho protegido. 
3.3.2 Sobrecarga no trabalho
Existe um número expressivo de doenças relacionadas a sobrecarga de trabalho, umas das mais conhecidas pela sociedade são: LER/DORT, lesão por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, como também outros sinais de sintomas de estresse, depressão, ansiedade e doenças do trato intestinal.
De acordo com Grazziano (2008, p.18), “As exigências da vida moderna e do mercado de trabalho nas últimas décadas vem consumindo a energia física e mental dos trabalhadores, minando seu compromisso, sua dedicação e tornando-os descrentes quanto às suas conquistas e ao sucesso no trabalho”. Afirma ainda que essas mudanças trazem consequências negativas para o trabalhador como: aumento da carga de trabalho, insegurança pela instabilidade do emprego, redução de ganhos e perda de benefícios. Além das situações de estresse o profissional de saúde, ainda enfrenta tensões decorrentes da própria profissão, como afirma Batista (2011, p. 26).
Nessa atividade, há uma estreita ligação entre o trabalho e o trabalhador, com a vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas pelo processo doença.
 No entanto, os profissionais de saúde enfrentam, situações conflituosas como controle supervisionado, excesso de trabalho e acúmulo de tarefas, isso pode causar desgaste físico e mental do profissional comprometendo a sua saúde. O cansaço diminui sua capacidade de prestar um serviço de excelência, com uma possibilidade maior de estresse na resolução de problemas e convivência social com outros funcionários.
A longa jornada de trabalho é um fator que contribui para que o aparecimento do estresse, este profissional exposto a estes estressores pode sofrer consequências graves, prejudicando a si e aqueles que necessitam de seu trabalho.
No momento em que a situação já não era das melhores o COVID-19 se faz presente, sem nenhuma previsão de ser erradicado, momento em que pandemia requer maior atenção ao trabalhador de saúde também no que se refere aos aspectos que concernem à sua saúde mental, aumentando sintomas psicossomáticos e medo de se infectarem ou transmitirem a infecção aos membros da família.
Assim, a fim de garantir um atendimento de qualidade aos pacientes, observa-se que funcionários da área hospitalar necessitem buscar uma assistência de acordo com suas necessidades e dificuldades. Por outro lado, fortalecer os vínculos entre estes funcionários, organizar reuniões com seus supervisores, na tentativa de encontrar uma forma de trabalho que os deixem menos sobrecarregados, só assim poderá exercer um serviço de qualidade, e ao final do expediente sentir que o foi prazeroso o trabalho realizado naquele dia.
3.3.3 Síndrome de Burnout 
Segundo Trigo et al. (2007) o trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade. Dejours (1992) afirmava que o trabalho nem sempre possibilita realização profissional. Pode, ao contrário, causar problemas desde insatisfação até exaustão.
Freudenberger (1974) apud Trigo et al. (2007) criou a expressão staff burnout para descrever uma síndrome composta por exaustão, desilusão e isolamento em trabalhadores da saúde mental. O termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia. Logo a Síndrome de Burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse (tensão) no trabalho.
O mesmo foi reconhecido como um risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos (GOLEMBIEWSKI, 1999; MASLACH, 1998; MUROFUSE et al., 2005 apud TRIGO et al., 2007). 
No Brasil, o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. E na tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças – CID-10) cita a "Sensação de Estar Acabado" ("Síndrome de Burnout", "Síndrome do Esgotamento Profissional") como sinônimos do burnout, que, na CID-10, recebe o código Z73.0. A Organização Mundial da Saúde (1998) compreende o burnout como um grande problema no mundo profissional da atualidade (TRIGO et al., 2007).
De acordo com Kestenberg (2018) o Burnout também está ligado ao fato das pessoas trabalharem em empregos que exigem bastante delas, isso faz com que se tornem exageradamente perfeccionistas. A cobrança exacerbada de si mesmo, e pelos superiores, acaba impactando de forma negativa na vida pessoal e profissional.
A autora cita que algumas das profissões mais afetadas pela síndrome são: profissionais da saúde em geral, principalmente médicos e enfermeiros; jornalistas; advogados; professores; psicólogos; policiais; bombeiros; carcereiros; oficiais de Justiça; assistentes sociais; atendentes de telemarketing; bancários e executivos.
Os primeiros estudos sobre a síndrome foram realizados na Europa, seguido nos EUA. As estatísticas demonstram que as principais causas envolvem a relação do trabalho com o estresse, ansiedade e nervosismo intenso, no qual chegam ao esgotamento emocional, mental e físico (TRIGO et al., 2007).
Outros fatores de rico acabam influenciando no desenvolvimento da Síndrome de Burnout, como os problemas com o chefe, com familiares, no relacionamento etc. Tudo isso cria um desequilíbrio interno, impactando de negativamente na forma com que suas energias são utilizadas (KESTENBERG, 2018).
Os principais sintomasenvolvem: distúrbios do sono; dores musculares e de cabeça; irritabilidade; alterações de humor; falhas de memória; dificuldade de concentração; falta de apetite; agressividade; isolamento; depressão; pessimismo e baixa autoestima; sentimento de apatia e desesperança (KESTENBERG, 2018).
A Síndrome associada ao suicídio leva em conta quatro fatores: propensão ao suicídio, qualidade do trabalho, ambiente de trabalho negativo e burnout/depressão. A correlação entre esses fatores sugeriu que o ambiente de trabalho, quando negativo, estava associado a burnout/depressão, que, por sua vez, estavam relacionados a maior probabilidade de ideação suicida e tentativa de suicídio (SAMUELSSON et al., 1997 apud TRIGO et al., 2007). Entre os estudos sobre Burnout e abuso/dependência ao álcool e outras substâncias ilícitas relata que o estresse causado pelo seu trabalho pode levar ao burnout e à dependência química. O aumento do consumo de álcool estava associado, entre outros, a tabagismo, uso de benzodiazepínicos, estresse e burnout, pensamentos de morte, insatisfação geral (TRIGO et al., 2007).
Como medidas preventivas, Kestenberg (2018) cita a prática de exercícios físicos, alimentação adequada, momentos de lazer, reorganização, cultivação de relacionamentos saudáveis, psicoterapia, meditação dentre outros benéficos a saúde mental, física e emocional. 
3.3.4 Luto
Será que é possível dizer que todos os profissionais, que atuam na área hospitalar está realmente preparado para lidar com situações de luto?
É provável que irá depender do estado psicológico de cada profissional, por isso à necessidade de estar realmente preparado para estes momentos, com a saúde na melhor forma possível dentro das possibilidades de cada um, para emprestar seus conhecimentos, sem que nenhuma outra perturbação externa de seu tralho que lhe incomode. 
A morte ainda é vista como um tabu, cercada de mistérios e de crenças, e as pessoas, frequentemente, não se encontram preparadas para lidar com a finitude humana. Ela chega de várias formas, e quando ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de outros, sendo familiares, cuidadores e até mesmo profissionais da saúde, acarretando muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente no funcionamento emocional e cognitivo.
As mais de três décadas os teóricos vêm construindo explicações cada vez mais inovada na tentativa de explicar o quando é difícil de lidar com este mistério chamado de morte. Em seus estudos sobre a morte, Ariès (1990) refere que, por algum tempo, a morte foi considerada como natural ao ser humano, tranquila e resignada. Esta experiência ocorria no âmbito familiar, os rituais se davam numa cerimônia pública. Corroborando o autor referido, Araújo & Vieira (2001) apontam que, na Idade Média, as mortes eram vividas com mais tranquilidade, eram mais familiares, por isso eram consideradas como um fato natural, e os moribundos pressentiam suas partidas e também faziam seus próprios rituais de despedidas.
Desta forma, existiram muitas explicações sobre este tema, até que no século XX, a medicina e seus estudiosos, com o avanço da tecnologia aumenta a capacidade humana para adiar a morte. Por tanto, Ariès (1990) enfatiza que a sociedade impossibilita a expressão da dor por morte, então ela passa a ser reprimida, escondida e solitária. Assim, contribui para o aumento do desconforto das repercussões da perda, pois, perante a sociedade, a morte, o feio e o diferente não têm mais espaço (Rabelo, 2006).
O luto é um processo natural instalado para a elaboração da perda, que pode ser superado após algum tempo, de forma individual, e por mais que tenha um caráter patológico, não é considerada doença, sendo assim, interferências tornam-se prejudiciais.
O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a incapacidade de substituição com a adoção de um novo objeto de amor (FREUD, 1915).
Na travessia do processo de luto, a inibição de qualquer atividade que não esteja ligada ao objeto perdido e à perda de interesse no mundo externo ocorre por causa da catexia do objeto que continua a aumentar e tende, por assim dizer, a esvaziar o ego. Para Freud (1915), essa inibição é expressão de uma exclusiva devoção ao luto, devoção que nada deixa a outros propósitos ou a outros interesses.
Por tanto, percebe-se a necessidade que o indivíduo deve voltar ao estado em que se encontrava antes da perda, ou o mais próximo possível, seja com o ego desinibido para novos investimentos no mundo externo, seja com o mundo interno harmonioso e bem estabelecido de objetos bons. A perda de algum objeto amado traz, ainda que momentânea, a fragmentação e desestruturação do sujeito. Desta maneira, é possível concluir que o luto é um processo de reconstrução e reorganização diante de uma perda, desafio psíquico com o qual o sujeito tem de lidar.
 3.4.5 Depressão e Ansiedade
De acordo com Castillo et al. (2000) a ansiedade é um sentimento impreciso e desagradável de medo, apreensão, que consiste em tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.
	É compreendida como um sentimento comum a qualquer ser humano, porém, conforme, a intensidade dos sintomas e prejuízos causados na vida do indivíduo, ela poderá ser considerada patológica, podendo manifestar preocupação excessiva com eventos cotidianos de vida, tais como: trabalho, saúde, finanças, ou questões menores (APA, 2014).
	Os transtornos relacionados a ansiedade compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto a ansiedade consiste na antecipação de ameaça futura (APA, 2014). 
	Além disso, na ansiedade podem haver sintomas como, tremores, contrações, abalos e dores musculares e irritabilidade excessiva associada a tenção muscular. Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada também experimentam sintomas somáticos como, sudorese, náusea, diarreia, além de resposta de sobressalto exagerado, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tonturas, bem como cefaleia (APA, 2014). 
	Braga, Carvalho e Binder (2010) citaram algumas vulnerabilidades que podem favorecer o desenvolvimento do transtorno em determinados grupos, como em trabalhadores da área dos serviços de saúde, visto que estão constantemente submetidos a eventos estressores e se deparam diretamente com o sofrimento, medo, conflito, tensões, disputa de poder, estresse, convivência com a morte, longas jornadas de trabalho, entre outros fatores inerentes ao cotidiano de tais trabalhadores.
	O trabalho dos profissionais de saúde também exige destes, alguns domínios para lidar com a prática diária voltada a assistência de sua população de abrangência, como: pensamento acelerado, ser ágil, ter capacidade de liderar, resolver situações problemáticas, pressão do tempo, dentre outras habilidades, quando o trabalhador não consegue desempenhar esses domínios, pode apresentar sentimentos de tensão e sofrimentos no trabalho (MARTINS; ROBAZZI; BOBROFF, 2010).
	Nesse sentido, diante de tudo que foi apresentado pode-se perceber que a preocupação excessiva, pode tomar tempo e energia, os sintomas associados de tensão muscular e sensação de nervos à flor da pele, cansaço, dificuldade em concentrar-se e perturbação do sono contribuem para o prejuízo tanto no ambiente de trabalho, quanto nas situações sociais e familiares (APA, 2014). 
Saúde mental e COVID-19 
	Werneck e Carvalho (2020) dizem que a pandemia da COVID-19 pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) apresenta-se como um dos maiores desafios sanitários em escala global do século. Em meados de abril, poucos meses, após o início da epidemia na China no fim de 2019, já haviam ocorrido mais de 2 milhões de casos e 120 mil mortes no mundo por COVID-19. O conhecimento científico escassosobre o novo coronavírus, sua alta velocidade de propagação e capacidade de provocar mortes em populações vulneráveis, geram incertezas sobre as melhores estratégias de combate à epidemia em diferentes países do mundo. No Brasil, os desafios são maiores, visto os contextos de desigualdades social, com populações vivendo em condições precárias de habitação e saneamento, sem acesso sistemático a água e em situação de aglomeração.
	Tendo em vista que não existe ainda uma vacina, ou tratamento comprovadamente eficaz, as estratégias de distanciamento social têm sido consideradas os mais importantes meios de intervenção para o controle do vírus. Porém, considerando, as equipes de assistência a saúde, público alvo desta cartilha, principalmente os profissionais que estão no cuidado direto à pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de COVID-19, em serviços de atenção primária, nas unidades de pronto atendimento e nos hospitais, a recomendação de permanecer em casa não se aplica (TEIXEIRA, et al., 2020). 
	Nesse sentido os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a COVID-19 por extarem diretamente expostos aos pacientes infectados, o que acarreta uma alta carga viral, além de submetê-los a enorme estresse ao atender esses pacientes, muitos em situação grave, geralmente em condições de trabalho inadequadas. Estes profissionais, envolvidos direta ou indiretamente no enfrentamento da pandemia, estão expostos ao risco de adoecer pelo coronavírus. Problemas como cansaço físico e estresse psicológico, insuficiência e ou negligência com relação as medidas protetivas e cuidados com a saúde destes profissionais estão presentes no âmbito da saúde.
	Pensando no contexto da pandemia é fundamental prestar uma atenção diferenciada ao trabalhador de saúde em relação a aspectos da saúde mental. Tem sido recorrente relatos de aumento de sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono, aumento do consumo de drogas, sintomas psicossomáticos e medo de se infectarem ou transmitirem a doença para algum membro da família (BRASIL, 2020).
O medo de ser infectado, a proximidade com o sofrimento dos pacientes ou a morte destes, bem como a angustia dos familiares associada a falta de suprimentos médicos, informações incertas, solidão e preocupação com entres queridos também são aspectos que colaboram para o sofrimento mental dos profissionais de saúde (TEIXEIRA et al., 2020). Além disso verificou-se a presença de transtorno de ansiedade generalizada, estresse crônico, a exaustão ou o esgotamento dos trabalhadores frente à intensa carga de trabalho, que tende a piorar num contexto de carência de mão-de-obra caso um dos profissionais de saúde necessitem se isolar devido ao fato de contraírem o COVID-19. Por fim, alguns trabalhos chamam a atenção para o sentimento de impotência diante da gravidade e a complexidade dos casos face à falta de leitos ou equipamentos de suporte à vida (TEIXEIRA, et al.).
	Concluindo os fatores que contribuem para o sofrimento psicológico de enfermeiros, médicos, terapeutas respiratórios, auxiliares e outros profissionais de saúde que prestam atendimento direto à pacientes com COVID-19 são em síntese: 
· Esforço emocional e exaustão física ao cuidar de um número crescente de pacientes com doenças agudas de todas as idades que têm o potencial de se deteriorar rapidamente;
· Cuidar de colegas de trabalho que podem ficar gravemente doentes e, às vezes, morrer de COVID-19;
· Escassez de equipamentos de proteção individual que intensificam o medo de exposição ao coronavírus no trabalho, causando doenças graves;
· Preocupações em infectar membros da família, especialmente os mais velhos, os imunocomprometidos ou com doenças crônicas;
· Escassez de ventiladores e outros equipamentos médicos cruciais para o atendimento dos pacientes graves;
· Ansiedade em assumir papéis clínicos novos ou desconhecidos e cargas de trabalho expandidas no atendimento a pacientes com COVID-19;
· Acesso limitado a serviços de saúde mental para gerenciar depressão, ansiedade e sofrimento psicológico.
É possível pensar em algumas intervenções possíveis. No que se refere a reorganização de trabalho, pode-se adotar turnos de 6 horas de trabalho para enfermeiros, com superposição de uma hora e implantação da monitoria online ou presencial do trabalho desses profissionais, bem como a divisão da equipe entre cuidadores e não cuidadores de COVID-19 reduzindo assim o risco de transmissão, outro fator importante capacitação dos profissionais. Outra intervenção relevante é a criação de redes colaborativas voltadas para a disponibilização de suporte técnico à capacitação dos profissionais, através de material institucional, palestras, disseminação de diretrizes e regulamentos, bem como desenvolvimento de estudos de caso como estratégia pedagógica para capacitar os profissionais (TEIXEIRA, et al.).
Já sobre a saúde mental dos profissionais, ações de promoção e proteção da saúde, como a criação de equipes de suporte psicológico aos profissionais de saúde, oferecendo cursos on line e outras estratégias. Além disso, grande parte dos cuidados de saúde mental pode ser fornecido por meio de serviços de telemedicina, incluindo vídeo com telemedicina, incluindo vídeo com profissionais de saúde mental, aplicativos móveis, recursos online e suporte virtual por pares. Tais serviços requerem o treinamento de psicólogos, psiquiatras e demais profissionais para atendimento, assim como a disponibilização de infraestrutura com telefones e dispositivos para interação. A rede de Atenção Psicossocial também poderá ser utilizada para atender a situações de crise seja da população, familiares e acompanhantes, como dos profissionais de saúde (TEIXEIRA, et al.).
Depressão 
	Dentre as características mais comuns presentes no transtorno depressivo encontra-se a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. O que difere entre eles são aspectos relacionados a duração, momento ou etiologia presumida (APA, 2014).
De acordo com Schimidt, Dantas e Marziale (2011) as evidências científicas mostram que existem diversos fatores que podem desencadear a depressão tais como: desequilíbrios químicos cerebrais, características de personalidade, vulnerabilidade genética e eventos situacionais. Entre trabalhadores da enfermagem, a literatura mostra que os fatores desencadeantes estão associados a fatores internos do ambiente e processo de trabalho como: os setores de atuação profissional, o turno, o relacionamento interpessoal, a sobrecarga de serviço, os problemas na escala, a autonomia na execução de tarefas, a assistência a clientes, o desgaste, o suporte social, a insegurança, o conflito de interesses, e as estratégias de enfrentamento desenvolvidas; e a fatores externos ao trabalho, como: sexo, idade, carga de trabalho doméstico, suporte e renda familiar, estado de saúde geral do trabalhador, e as características individuais.
Gomes et al. (2015) diz que a depressão é uma doença incapacitante com maior prevalência entre trabalhadores de saúde como médicos residentes, enfermeiros, estudantes de medicina e médicos graduados. Tal fato tem relação com os diversos desafios diários e a grande responsabilidade com a vida do outro, onde falhas e inseguranças não são permitidas, tal senso de responsabilização constitui fator de risco acrescido para o desenvolvimento de depressão entre estes profissionais. 
Além disso, nem todos os profissionais possuem a mesma capacidade para lidar com a proximidade com a morte, a impossibilidade do erro, o convívio com a dor e o sofrimento. Nesse sentido há uma tendência de que a exposição de sentimentos conflitantes seja encarada como fraqueza emocional e falta de profissionalismo. Assim sendo, acabam por não buscar a ajuda adequada (GOMES et al., 2015). 
Dentre as possíveis intervenções podem ser destacadas em muitos casos, oferecer melhores condições de trabalho (condições salubres), valorização dasrelações interpessoais, subsídios durante a fase do academicismo de elementos que forme um profissional mais capacitado para agir nas adversidades e não apenas acumular conhecimentos técnicos (GOMES et al., 2015). 
3.4.6 Valorização do trabalho
Segundo Sprandel e Vanghetti (2012) por muitos anos o serviço de saúde revestiu se de aspectos assistencialista e caritativos, bem mais que humanistas. Com a promulgação da lei 8080 buscaram a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos. Em 2001, o Ministério da Saúde criou o programa de humanização da assistência hospitalar com o intuito de melhorar a qualidade e a eficácia dos serviços prestados e da valorização do trabalho dos profissionais da área.
No entanto, ainda existe instituições que desvalorizam os profissionais de saúde e precarizam as relações de trabalho. Os profissionais de saúde lidam diariamente com as fragilidades e dificuldades de outras pessoas expostas as expectativas de vida, saúde, doença e a morte. Em consequência disso acontece uma organização e desorganização mental, física e afetiva para enfrentar essas situações.
“(...) a valorização profissional encontra-se fortemente atrelada à motivação, sendo decisiva na dinâmica da mobilização subjetiva da inteligência e da personalidade no trabalho, o que também é encontrado em investigações que estabelecem essa correlação. ” (SPRANDEL; VANGHETTI, 2012, p. 795)
Ainda com as autoras citadas anteriormente, quando há sofrimento e este pode ser modificado através da criatividade, acontece uma mudança benéfica a identidade do trabalhador, e ainda aumenta a resistência ao risco de desestabilização psíquica e somática. A partir disso o trabalho passa a ser um mediador para a saúde.
 “No entanto, estudos apontam que a valorização e o reconhecimento obtidos através de ações realizadas junto à comunidade e ao paciente, a fim de melhorar as condições de saúde, surgem como fontes de prazer e de satisfação pessoal na profissão. Nesse sentido, o trabalho em ambiente hospitalar e na saúde pública é rico, estimulante e heterogêneo, mas engloba simultaneamente atividades insalubres, penosas e difíceis para todos os trabalhadores inseridos nesse meio.” (KESSLER; KRUG, 2012, p.50)
3.4.7 Autocuidado
“O autocuidado é um conceito estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tratando-se da forma como a população estabelece e mantém a própria saúde, e como previne e lida com as doenças” (MONTEIRO, 2018).
Segundo Monteiro (2018) “o conceito é amplo e envolve questões fundamentais como higiene, nutrição, estilo de vida, fatores ambientais e socioeconômicos”.
Para Silva et al. (2009) o autocuidado é uma atividade aprendida do próprio indivíduo e tem como objetivo uma ação que o indivíduo dirige para si mesmo ou para regular questões do seu próprio desenvolvimento, atividades em benefício da vida, saúde e bem-estar. 
De acordo com Neves (1987) essas atividades aprendidas têm relação com crenças, hábitos e práticas que caracterizam a maneira cultural de vida do grupo ao qual o indivíduo pertence. O desempenho de tais atividades envolve uma decisão, uma escolha.
O modelo de autocuidado formulado por Orem é composto de três teorias inter-relacionadas: Teoria do autocuidado, Teoria do déficit de autocuidado e Teoria dos sistemas de enfermagem (LOPES; FREITAS; GALVÃO; LOPES, 2015). “Também são três os requisitos de autocuidado apresentados por Orem: universais, de desenvolvimento e de desvio de saúde” (SILVA, 2009).
“A Teoria do Autocuidado engloba o autocuidado, a atividade de autocuidado e a exigência terapêutica de autocuidado” (Tomey & Alligood, 2002 apud QUEIRÓS; VIDINHA; FILHO, 2014). “A demanda terapêutica de autocuidado é uma entidade de caráter humano, com uma base objetiva na informação que descreve o indivíduo desde o ponto de vista estrutural, funcional e de desenvolvimento” (SILVA, 2009).
“A ideia central da Teoria do Défice de Autocuidado é que a necessidade de cuidados de enfermagem está associada à subjetividade da maturidade das pessoas em relação às limitações da ação relacionadas com a saúde ou com os cuidados de saúde” (Tomey & Alligood, 2002 apud QUEIRÓS; VIDINHA; FILHO, 2014).
“A Teoria dos Sistemas de Enfermagem sugere que a enfermagem é uma ação humana, pois estes são sistemas de ação concebidos e produzidos por enfermeiros através do exercício da sua prática com pessoas que apresentam limitações de autocuidado” (Tomey & Alligood, 2002 apud QUEIRÓS; VIDINHA; FILHO, 2014).
Segundo Silva (2009) “os requisitos universais do autocuidado são comuns para todos os seres humanos e incluem a conservação do ar, água, alimentos, eliminação, atividade e descanso, solidão e interação social, prevenção de risco e promoção da atividade humana”.
“Os requisitos de desenvolvimento são todos aqueles que promovem os processos de vida e maturação e previnem as condições perniciosas que a possam dificultar” (Tomey & Alligood, 2002), “ou seja, estão associados a um evento particular como seja o casamento ou um novo trabalho” (QUEIRÓS; VIDINHA; FILHO, 2014).
“Os requisitos de desvio de saúde existem para as pessoas que estão doentes ou lesionadas, que têm formas específicas de situações ou desordens patológicas, incluindo defeitos ou incapacidades, e que estão submetidas a um diagnóstico ou tratamento médico” (QUEIRÓS; VIDINHA; FILHO, 2014).
São vários os benefícios do autocuidado. Estudos mostram que 80% das doenças do coração, acidente vascular cerebral e diabetes, além de um terço dos cânceres poderiam ser evitados se o autocuidado fosse uma prática adotada pelos países como parte de uma política pública de saúde (MONTEIRO, 2018).
4. AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO 
O Estágio Supervisionado Profissionalizante III – Psicologia Hospitalar, consistiu em um desafio significativo dentro da graduação do curso de Psicologia. Transformar uma prática, enfrentar as frustrações do inesperado, e ressignificar tanto as emoções que permeavam as expectativas em relação ao estágio, quanto a forma de aprender singular e remota, exigiu do aluno muito manejo de situações adversas. Nesse sentido contribuiu muito para a formação e experiência profissional na área da Psicologia Hospitalar, na qual não temos controle sobre questões primordiais como vida e morte, saúde e doença. 
Além disso, este estágio possibilitou ampliar os conhecimentos técnicos e teóricos em relação a Psicologia Hospitalar em si, mas não só a ela, como também possibilitou desenvolver técnicas de prevenção e promoção de saúde para profissionais que atuam na área hospitalar. Fato relevante uma vez que as intervenções se concentram no binômio paciente/família.
Por fim, os objetivos do estágio foram alcançados no que se propuseram, dentro das limitações presentes, por causa da pandemia da COVID-19, para tanto a orientação da professora Joana Darc dos Santos, foi primordial para que o aprendizado não fosse prejudicado, gratidão por todo o conteúdo compartilhado e pelo acolhimento prestado neste momento de tantas emoções emaranhadas.
Como uma sugestão futura para estágios posteriores, mesclar práticas dentro do hospital e de construção de material para profissionais, familiares e pacientes seria muito significativo.
REFERÊNCIAS
MORETTO, Maria Lívia Tourinho. Na Vertente Clínica: A Abordagem Psicanalítica do Sofrimento nas Instituições de Sáude. In: ABORDAGEM Psicanalítica do Sofrimento nas Instituições de Saúde. 1. ed. [S. l.]: Zagodoni, 2019. cap. Capitulo 4, p. 57-75. ISBN 978-85-5524-103-1. Disponível em: <file:///C:/Users/GABRIELA/Downloads/Pa%CC%81ginas%20digitalizadas%20(1).pdf>. Acesso em: 23 out. 2020.
CORREIA, Valmir Rycheta; BARROS, Sônia; COLVERO, Luciana de Almeida. Saúde mental na atenção básica: prática da equipe de saúde da família. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 45, n. 6, p. 1501-1506, Dec. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342011000600032&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 nov. 2020.
GAINO, Loraine Vivian et al . O conceito de saúde mental para profissionais de saúde: um estudo transversale qualitativo. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto, v. 14, n. 2, p. 108-116, 2018. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762018000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29 nov. 2020.  
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