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1 Natália Giacomin Lima Medicina UFES 101 Esôfago • Liga a faringe ao estômago • 25 cm - de C6 (músculo cricofaríngeo) ao estômago • É dividido em três regiões: 1. superior (cervical) 2. média (torácica) * relaciona-se anatomicamente com a traqueia, o pericárdio e o brônquio esquerdo * anteriormente: grandes vasos da base do coração 3. inferior * supradiafragmática * infradiafragmática • Histologicamente é formado por 4 camadas: 1. mucosa * epitélio estratificado pavimentoso não ceratinizado 2. submucosa * tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e elásticas * vasos (plexo venoso submucoso) * plexo nervoso submucoso (Meissner)- rede de nervos interligada a gânglios 3. muscular * principal responsável pela função motora * é dividida em duas camadas: muscular interna (circular) muscular externa (longitudinal) * na porção superior a camada muscular é constituída predominantemente por músculo estriado esquelético que progressivamente é substituído por musculatura lisa (é única na metade inferior) * plexo nervoso mioentérico – movimentos peristálticos 4. adventícia * Tecido conjuntivo rico em nervos e vasos sanguíneos • São raras (1:1000 RN) • São importantes pois: * São graves * Apresentam sintomatologia precoce (disfagia, vômitos após alimentação, regurgitação, sialorreia, emagrecimento, dificuldades respiratórias, tosse, infecções pulmonares, etc) * Algumas são passiveis de correção cirúrgica * ~50% dos casos estão associadas a outras malformações * ~30% ocorrem em prematuros ATRESIA DE ESÔFAGO • É a anomalia congênita mais importante do esôfago - >80% das malformações do órgão • Resulta da falta de septação normal do intestino anterior em esôfago e traqueia na embriogênese • Normalmente estão associadas a outras malformações congênitas • Pode ser de dois tipos: * Atresia pura (sem fístula esofagotraqueal) * Atresia com fistula esofagotraqueal (comunicação entre esôfago e traqueia) • O tipo C é o mais frequente (85-90% dos casos) Porção proximal do esôfago termina em fundo cego e a porção distal se comunica com a traqueia ou com o ramo brônquio principal D. • Manifestações clínicas: * Poli-hidrâmnio – na gestação, bebê não consegue deglutir o líquido amniótico * Bebê vai apresentar sialorreia, vômito, regurgitação, ... * Refluxo do conteúdo gástrico para pulmões e traqueia → lesão química → pneumonia por aspiração, atelectasia pulmonar, cianose, etc. ANOMALIAS CONGÊNITAS DO ESÔFAGO 2 Natália Giacomin Lima Medicina UFES 101 • A mais comum consiste na presença de mucosa gástrica no terço distal do esôfago • Lesão apresenta-se como área oval, plana, rosa ou vermelha, com limites precisos de poucos milímetros ou ocupando toda a circunferência do órgão, e tem características de mucosa gástrica – glândulas mucosas e fúndicas • OBS: as vezes pode ulcerar • Aspectos clínicos: * Em geral é assintomática – achado ocasional em 4% das endoscopias * Pode estar associada a disfagia * Em alguns casos ocorre inflamação intensa com proliferação ativa e distorção da arquitetura glandular, simulando neoplasia * OBS: há casos de adenocarcinoma de esôfago associados a heterotopia da mucosa • Dilatações circunscritas da parede esofágica – congênitas ou adquiridas que se comunicam com a luz do órgão • As principais sedes são: * Abaixo do esfíncter esofágico superior, na porção mediana e posterior da hipofaringe (divertículo de Zenker ou faringoesofágico) • O divertículo de Zenker (pseudodivertículo) é o mais comum e o mais frequentemente visto em idosos. Tem forma sacular ou de garrafa * A lesão se deve ao enfraquecimento da camada muscular, em consequência do aumento da pressão intraluminal que pode estar associado a: Hérnia de hiato Acalasia Incoordenação motora da musculatura Espasmos, dobras, etc. • Manifestações clínicas * Regurgitação * Disfagia * Aspiração pulmonar * Sensação de corpo estranho * Sialorreia * “cacarejo de galinha” • Divertículo de Rokinski (epibrônquico) * Divertículo verdadeiro * Pequeno (1-1,5 cm * Arredondado e assintomático – sintomático apenas quando há complicações * Acomete crianças e adultos – porções anterior e lateral * “divertículo por tração” – associação com processos inflamatórios como tuberculose dos linfonodos do hilo pulmonar • Obs: diverticulose intramural * Numerosos e pequenos divertículos (1-3mm) * Formato de frascos * Terço superior do esôfago * Revestidos por epitélio escamoso * Origem incerta – possível relação com alterações motoras * As vezes estão associados a infecção por Candida albicans e estenose esofágica • Passagem de parte do conteúdo abdominal para a cavidade torácica através do hiato diafragmátic o • O relaxamento do órgão após a morte dificulta sua identificação • É mais comum em mulheres e a frequência aumenta com a idade • Há quatro tipos de hérnia de hiato: 1) TIPO 1 (esôfago curto) Congênito Adquirido (2º) – neoplasias de esôfago, esofagites crônicas 2) TIPO 2 (paraesofágica / por rolamento) Adquirida Parte do fundo gástrico e as vezes omento penetra no tórax Pode levar a dor semelhante a IAM – dor anginosa Quando volumosa pode ocorrer encarceiramento as vezes letal 3) TIPO 3 – (esofagogástrica/ por deslizamento) Adquirida É a mais comum Porção subdiafragmática do esôfago e parte do estomago entram no tórax 4) TIPO 4 Além do estomago ocorre herniação de outros órgãos, como: baço, intestinos HETEROTOPIA DIVERTÍCULOS ✓ Divertículo verdadeiro – quando acomete todas as camadas do órgão ✓ O principal divertículo esofágico verdadeiro é o epibrônquico ✓ O divertículo de Zenker (mais comum) na verdade é um pseudodivertículo pois acomete apenas mucosa e submucosa HÉRNIA DE HIATO 3 Natália Giacomin Lima Medicina UFES 101 • HERNIAS DOS TIPOS 2 E 3: * Fator primário associado Enfraquecimento em torno dos músculos do hiato diafragmático ✓ avançar da idade – 40 anos ou mais ✓ Associado a doenças crônicas * Fator secundário associado Aumento da pressão intra-abdominal, que pode se dar por: ✓ Obesidade ✓ Tosse ✓ Vômitos ✓ Ascite ✓ Gravidez ✓ Cifoescoliose • Aspectos clínicos * Sintomáticas ou não * Esofagite de refluxo (complicação) * Pirose * Dor retroesternal * Disfagia – casos mais graves * Hemorragia discreta ou acentuada → hematêmese e anemia * Doença pulmonar crônica – regurgitação/ aspiração • Dilatações das veias esofágicas principalmente dos plexos venosos submucoso e adventicial periesofágico, quase sempre por razões adquiridas secundárias a hipertensão portal • Mais comuns no terço médio e distal do esôfago – comunicação com a veia gástrica esquerda (anastomoses no fundo e corpo gástrico com as veias esofágicas inferiores) • Hipertensão portal – fluxo de sangue pelo sistema porta fica comprometido sangue reflui para as veias hepatofugas veia mesentérica superior + veia gástrica esquerda (ramo esplênico) → veia porta veias esofágicas inferiores (plexo venoso esofágico) → veia gástrica esquerda + mesentérica superior → veia porta Hipertensão portal → refluxo do sangue → sistema porta → gástrica esquerda → esofágicas inferiores → congestão (hiperemia passiva)→ dilatação veias esofágicas → varizes • Varizes esofágicas podem ser vistas na endoscopia • As causas mais comuns de varizes esofágicas (Brasil) 1. Doenças fibrosantes do fígado Cirrose hepática Forma hepato-esplênica da esquistossomose → fibrose periportal 2. Outras causas: ICC, trombose de veia hepática, trombose de veia porta, compressão de veia portapor tumores • Em cadáveres são pouco visíveis – colabamento das veias pós-mortem • Varizes – dilatações saliências, tortuosidades e irregularidades das veias submucosas ou periesofágicas • Mucosa adquire aspecto azulado, delgado predisposta a ulcerações e trombose • Aspectos clínicos e complicações * Relacionados na maior parte a rotura dos vasos varicosos → pode se dar por trauma (ex. alimentos sólidos), elevação súbita da pressão portal, RGE, erosão péptica, etc. Rotura de vasos da mucosa (pequeno calibre) – hemorragias digestivas altas de pequena amonta → melena, anemia crônica Rotura de vasos da submucosa (maior calibre) – hemorragias digestivas altas extensas/ profusas → hematêmese → choque hipovolêmico → podendo levar a morte • Podem ser causadas por agentes físicos ou químicos • Origem infecciosa ou extensão de doença sistêmica • Quando de origem infecciosa: * Bactérias * Vírus VARIZES DE ESÔFAGO INFLAMAÇÕES DO ESÔFAGO (ESOFAGITES) 4 Natália Giacomin Lima Medicina UFES 101 * Fungos ESOFAGITES AGUDAS: • Bactérias * Estafilococo * Estreptococo * salmonelas, etc. • Vírus * Influenza * Herpes * CMV • Fungos * Candida * Aspergillus • Alimentos quentes / irritantes • Substancias cáusticas (corrosivas) • Traumatismos (sondas) * Inflamação Circunscrita ou difusa Aspecto: catarral, fibrinoso, purulento (pouco comum) e ou ulcerativo 1. ESOFAGITE POR CÂNDIDA * Principal agente: Candida albicans * Está relacionada a: Antibioticoterapia prolongada (alteração da microbiota) Imunossupressão ✓ Pacientes submetidos a quimio/ radioterapia ✓ Portadores de doenças do colágeno ⎯ LES ⎯ AR (artrite reumatoide) ✓ SIDA (aidéticos) ✓ Uso de imunossupressores ✓ Diabéticos * Candidíase pode estar acompanhada de infecção viral (CMV e ou herpes) * Aspecto macroscópico: Forma pseudomembranosa (mais comum) ✓ Placas/ pseudomembranas brancacentas destacáveis (“sapinho”) – nos terços distal e médio Forma ulcerada ✓ Placas se destacam formando pequenas ulceras na mucosa, circundadas por halo hiperêmico → pode causar dúvida ou confusão (padrão semelhante ao CMV) * Aspectos clínicos: Assintomática – maior parte dos casos Sintomática – disfagia, odinofagia, dor retroesternal * DD: esofagite de refluxo, esofagite herpética, esofagite por CMV – somente com a sintomatologia do paciente e a macroscopia (vista endoscopicamente) não é possível dar o diagnóstico → o ideal é fazer a biópsia SEMPRE! Só assim podemos confirmar o diagnostico * Na biópsia → identificação dos esporos e hifas (PAS) 2. ESOFAGITE POR CMV
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