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NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 – INFECÇÕES DO SNC Infecções do SNC Meningites * Bactérias piogenicas * Agente etiológico varia com a idade: Em RN: estreptococos do grupo B e Escherichia coli (via de entrada oral) Crianças: Haemophilus influenzae e meningococo (Neisseria meningitidis) Adulto jovem: pneumococo (Streptococus pneumoniae) e meningococo Idosos: Listeria, E.coli OBS:. Em pacientes esplenectomizados a vacinação é extremamente necessária, são grupos de risco por não mais conseguirem responder às bactérias encapsuladas * Bactérias chegam ao SNC por disseminação hematogênica: A partir da infecção de vias aéreas superiores ou pneumonia (+ frequente) Flebite retrograda 2ª à otite média ou mastoidite purulenta Extensão de osteomielite 2ª à sinusite paranasal e a mastoidite Implantação direta – ex. fraturas de base do crânio Iatrogênicas – ex. em neurocirurgias, punção lombar/ ventricular OBS: Em RN as bactérias entram via oral (líquido amniótico contaminado, durante parto vaginal / contato com mãe/ pessoas * Sinais/ sintomas: cefaleia, febre, prostração (queda do estado geral), vomito em jato, meningismo (fotofobia, rigidez de nuca...), sinal de Kernig e Brudzinski + * Análise do líquido cefalorraquidiano (LCS) coloração: amarelado / turvo proteína: aumentada glicose: reduzida (bactéria consome glicose) pressão: aumentada celularidade: aumentada – PMN neutrófilos (milhares) microrganismos: depende da faixa etária acometida → meningococo, estreptococo * OBS: bactérias identificadas por Gram ou por cultura * OBS: nas primeiras 24 horas o LCS ainda não está francamente purulento * Consequências Tromboflebites/ arterites / Trombose / Infartos corticais / déficit cognitivo Ventriculites purulentas Hidrocefalia aguda (dificuldade na absorção do LCS) Fibrose e oclusão das granulações aracnóideas (fase de reparo) → hidrocefalia tardia – não comunicante Efusão subdural * O exsudato no espaço subaracnóideo pode levar a arterite ou flebite dos vasos da superfície cerebral → necrose do endotélio → formação de trombos → tromboêmbolos → isquemia → infartos corticais Figura 26.71 Leptomeningite purulenta. Congestão da pia-aracnoide e exsudato purulento que recobre a convexidade cerebral, impedindo a visualização dos giros. O baço atua na produção de opsoninas (substâncias que se ligam ao antígeno e facilitam a fagocitose) bem como IgM necessário para a RI contra as bactérias encapsuladas LEPTOMENINGITE AGUDA PURULENTA NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 – INFECÇÕES DO SNC * Nas primeiras 24/48 h há apenas uma hiperemia mista do encéfalo (hiperemia passiva mais nítida – veias congestas) → passadas 24 horas há o início da opalescência da meninge pelo exsudato → após 48 h vê-se um exsudato purulento nítido * OBS: Edema cerebral associado – alteração de permeabilidade dos vasos no encéfalo (congestão vascular) * OBS: Na neurotuberculose (infecção crônica) as tromboflebites e arterites são mais graves porque acometem vasos da base do encéfalo – polígono de Willis * SÍNDROME DE WATERHOUSE FRIDERICHSEN / FORMA SEPTICÊMICA AGUDA FULMINANTE – Agente: principal é o meningococo grande liberação de LPS e resposta inflamatória exacerbada → poucos sinais meníngeos Necrose hemorrágica maciça e bilateral do córtex das suprarrenais Hemorragias petequiais cutâneas Coagulação intravascular disseminada e colapso circulatório * É chamada “asséptica” pois NÃO HÁ EVIDENCIA DE AGENTE INFECCIOSO EM EXAMES DE ROTINA - Esse nome caiu em desuso pois sabe-se que a maior parte delas é provocada por vírus * A infecção é autolimitada – melhoria sem sequelas – condição aguda, benigna, acompanhada de febre sintomas/ sinais de meningismo (não são tão exacerbados) * Tratamento de suporte, dos sintomas * Etiologia: Enterovírus não pólio (>80%) Outros vírus: HIV, varicela-zoster, caxumba Bactérias, riquétzias, fungos parasitos Agentes não infecciosos (ex: medicamentos) Injeções intratecais e anestesia espinal * Macro: congestão dos vasos, edema (aplainamento dos giros e estreitamento dos sulcos) * Micro: exsudato linfocítico característico * Análise do Líquido cefalorraquidiano (LCS) coloração: límpido/ claro proteína: pouco aumentada glicose: normal ou pouco diminuída pressão: normal celularidade: aumentada – linfócitos microrganismos: Vírus não pólio (>80%) - PCR * Micobactérias, fungos e outros * Predomina o exsudato na base * Subagudas 2-3 semanas de evolução sintomática arrastada – cefaleia, febre baixa, meningismo * Mais comum em pacientes imunossuprimidos – AIDS, transplantados, pacientes em tratamento quimioterapia e radioterapia - não há formação de granuloma – aspecto friável é maior * Em pacientes imunocompetes esses tipos de meningites podem levar a formação de granulomas verdadeiros – ACM * Consequências: principalmente na TB – pode levar a arterite infecciosa de vasos da base, levando a infartos de vasos do Polígono de Willis Hidrocefalia não comunicante: oclusão das aberturas mediana e laterais do IV ventrículo (tuberculose) Micobacterium tuberculose – infecção crônica granulomatosa do tipo necrose caseosa (1) LEPTOMENINGITE TUBERCULOSA Forma + comum de neurotuberculose Imunossupressão (ex. AIDS) e crianças Atinge o SNC por via hematogênica Pode haver disseminação miliar (em outros órgãos) Exsudato gelatinoso, brancacento, mais intenso na base do encéfalo – como consequência pode levar a: HIC Hidrocefalia – bloqueio das cisternas basais Infartos macroscópicos – núcleos da base Comprometimento das raízes nervosas e paralisia de nervos cranianos Crises convulsivas OBS: Ziehl-Neelsen (ZN) – coloração para bacilo da TB (2) TUBERCULOMA Forma de tuberculose cerebral comum em pacientes imunocompetentes Massa de inflamação crônica granulomatosa do tipo necrose caseosa – ( “tumoração” – tuberculoma) O micobacterium é difícil de ser visualizado na histoquímica em imunocompetentes porque a infecção tenta ser combatida pelo SI – mas o padrão de infecção crônica granulomatosa epitelióide com necrose caseosa associado à clínica auxilia o diagnóstico MENINGITE AGUDA LINFOCÍTICA (ASSÉPTICA) MENINGITES SUBAGUDAS E CRONICAS NEUROTUBERCULOSE NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 – INFECÇÕES DO SNC * Líquido cefalorraquidiano coloração: aspecto em água de coco proteína: aumentada glicose: pouco diminuida pressão: muito aumentada celularidade: macrófagos e linfócitos microrganismos: ✓ TB (bacilos no interior de macrófagos) – Ziel nilsen ✓ Outras lesões * Abcesso: Coleção neoformada contendo exsudato purulento * Staphylococcus aureus e estreptococo * 2ª infecção purulenta mais frequente no SNC * Em imunocompetentes é a infecção que mais provoca lesões expansivas com sinais de HIC * Clínica Febre <50% dos casos Sinais de HIC Crises convulsivas Déficits focais * Podem chegar ao SNC por alguns caminhos: (1) via hematogênica → decorrentes de endocardites infecciosas/ focos primários em pulmão/ êmbolos sépticos → geralmente os abcessos são múltiplos e acometem o território da ACM quase sempre na substancia branca cortical (2) Contiguidade (via de extensão direta) – por ex. em mastoidites infecciosas, otites médias, sinusites, abcessos dentários (3) Implantação direta – traumatismos cranianos abertos e neurocirurgias * Fases de evolução do abcesso: INICIAL – cerebrite– dura poucos dias – área mal delimitada irregular de necrose hemorrágica associada à edema ABCESSO RECENTE – 1ª 2 semanas – necrose liquefativa central, purulenta envolvida por tecido nervoso e de granulação ABCESSO CRONICO (antigo) > 2 semanas – coleção purulenta é envolta por cápsula fibrosa * OBS: fungos também podem levar a abcessos (necrose liquefativa) – aspergillus e murcomicose – necrose de parede vascular → fungos advindos de formas invasivas pulmonares ou sinusites fúngicas em pacientes diabéticos (naturalmente imunossuprimidos) * Flebite retrógrada – parede de vasos * Contiguidade – ex. sinusites, otites, mastoidite * É A INFECÇÃO CEREBRAL MAIS COMUM EM AIDÉTICOS!! * Pode ocorrer também em imunocompetentes, contudo é rara! NÃO ESQUECER! * Nódulos multifocais e destruição neuronal principalmente hemisfério cerebral (transição substancia branca e cinzenta) e núcleos da base * Necrose periaquedutal e periventricular 2ª a vasculite– toxoplasmose congênita * Intenso infiltrado inflamatório perivascular de linfócitos, macrófagos e plasmócitos – obliteração de vasos e infartos * OBS: TOXOPLASMOSE AGUDA: indivíduos intensamente imunocomprometidos como aidéticos – afecção generalizada – comprometimento de pulmões, fígado, muscular, vasos, coração e cérebro - prognóstico muito ruim! Figura 26.75 Leptomeningite tuberculosa. Exsudato fibrinoso denso na base do encéfalo. ABCESSOS CEREBRAIS Figura 26.74 Abscesso cerebral antigo no lobo frontal direito. NEUROTOXOPLASMOSE EMPIEMA SUBDURAL NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 – INFECÇÕES DO SNC Agente etiológico: Treponema pallidum * A bactéria se dissemina para o SNC logo no início da infecção (fase 1ª) – autolimitada * FASE 2ª: Cancros moles de mucosa, meningite sifilítica (autolimitada, cefaleia leve, náusea, rigidez nucal – sintomas são raros) OBS: em alguns pacientes há o acometimento da parede arterial (arterites) levando a trombose, isquemia, infarto cerebral dos vasos do córtex e base cerebrais * FASE 3ª: formas nervosas mais graves – neurossífilis é uma complicação tardia da sífilis não tratada! (surge na idade adulta): (1) NEUROSSÍFILIS MENINGOVASCULAR Envolvimento da leptomeninge e de artérias - 5 a 12 anos após a infecção 1ª Podem ser assintomáticas, ou sintomáticas (cefaleia) A lesão da via óptica explica a ausência do reflexo pupilar, enquanto a acomodação é conservada Hemiparesia, distúrbios da linguagem, manifestações focais Fibrose da leptomeninge basal → bloqueio do LCS (hidrocefalia) e paralisia de NC (2) NEUROSSÍFILIS PARÉTICA (PARALISIA GERAL DO INSANO) Encefalite crônica difusa – comprometimento cortical e atrofia cerebral (destruição neuronal) Estado demencial progressivo, alterações psiquiátricas, convulsão, perda do controle motor Lesões meningovasculares – 15-20 anos após infecção 1ª (3) TABE DORSAL (tabe= devastação) Comprometimento das raízes e dos funículos posteriores da medula – inflamação e perda axonal e da bainha de mielina 20-25 anos após infecção 1ª Interrupção da via sensitiva ascendente – perda de sensibilidade dolorosa, vibratória e postural, ataxia estática e dinâmica, ausência de reflexos tendíneos, perda de sensibilidade dolorosa * Micose oportunista mais comum na AIDS * Imunossuprimidos → C. neoformans * Imunocompetentes → C.gatti * O SNC é acometido por disseminação hematogênica a partir de foco pulmonar, o qual pode ter manifestações clinicas ou involuir sem o aparecimento do quadro. Admite-se que o fungo pode atravessar a BHE * Aspecto gelatinoso visto nas meninges (produção de polissacarídeos) – se difunde por vasos cerebrais, há a formação de espaços (pequenas cavéolas ao redor dos vasos) PAS com diástase, grocot Duas formas clinicas de criptococose no imunossuprimido: ✓ Meningite criptococócica – espessamento opalescente da pia- aracnoide com superfície externa escorregadia – afeta convexidades e base ✓ Meningoencefalite disseminada pseudocística – formam-se falsos cistos perivasculares que se disseminam para córtex, tálamo, núcleos da base e tronco encefálico (aspecto de bolha de sabão) Com o surgimento da penicilina e o tratamento mais acessível, a neurossífilis era rara na década de 20. Contudo, desde o advento da AIDS o numero de casos vem aumentando – as duas doenças compartilham o mesmo grupo de risco – aidéticos tem risco de desenvolver neurossífilis mais precocemente e progressão mais rápida NEUROSSÍFILIS NEUROCRIPTOCOCOSE Figura 26.77 Neurossífilis. Tabe dorsal. Medula lombar. Desmielinização dos funículos posteriores (método de Weigert para mielina). NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 – INFECÇÕES DO SNC * HSV-1 / HSV-2 * HSV-1 (mais comum): vírus da herpes labial * HSV-2: herpes genital – agente da meningite asséptica – infecções neonatais adquiridas no parto vaginal * Causa mais comum de encefalite aguda necrosante * Vírus fica em latência no gânglio trigeminal – quando em estado de imunossupressão há reativação do vírus e possível manifestação por ex. em mucosa labial * Em 1% dos casos o vírus segue por via retrograda (fluxo axonal retrogrado), acometendo o SNC no sistema límbico * Necrose difusa e assimétrica que compromete os hemisférios cerebrais, tipicamente: porção anterior do giro para-hipocampal, temporal médio e inferior, giro do cíngulo e córtex orbitofrontal posterior ENCEFALITE HERPÉTICA PACIENTES AIDÉTICOS o NEUROTOXOPLASMOSE o VIRAL MAIS COMUM: CMV o INFECÇÃO FÚNGICA: CRIPTOCOCOSE
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