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O impacto da Engenharia no Meio Ambiente

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1 - INTRODUÇÃO
Os resultados das ações humanas normalmente geram alguma agressão a natureza de alguma forma. O Desenvolvimento mundial e humano tem seu preço e é cobrado diretamente no meio ambiente.
Uma das áreas mais importantes da atividade humana é a construção civil. Ela é essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Essa pesquisa tem como objetivo apresentar os impactos desse desenvolvimento na natureza e possibilidades de crescimento responsável que possam minimizar esses impactos.
2 - ENGENHARIA CIVIL E SEU IMPACTO DIRETO NO MEIO AMBIENTE
2.1- Geração de resíduos
Entre diversas atividades produtivas, o setor de construção civil é um dos que mais geram resíduos. Isso, muitas vezes, está relacionado à falta de processos adequados e aos materiais disponibilizados para cada serviço. Um melhor gerenciamento nesse quesito, além de representar um ganho para o meio ambiente, também gera economia para a obra.
Uma das maneiras de conseguir isso é dar aos operários apenas a quantia necessária de recursos para o seu trabalho, contando com uma porcentagem de desperdício, que sempre existirá devido a quebras e imperfeições. Além disso, é possível diminuir a geração de resíduos com o uso de materiais reutilizáveis, como escoras metálicas em vez de um escoramento de madeira, por exemplo.
2.2 - Ruídos (poluição sonora)
Impactos sonoros podem ser nitidamente percebidos durante as obras, mas não se resumem a elas. A construção de uma casa de shows, um estádio de futebol, um terminal de ônibus ou um shopping são exemplos de edificações que podem causar ruídos durante seu funcionamento e levar a perturbações nas vizinhanças diariamente.
É por isso que observar o Plano Diretor de uma cidade é tão importante, visando entender as limitações de cada tipo de construção e seus impactos ambientais locais.
2.3 - Aumento do consumo de energia
De forma isolada, uma única edificação não parece fazer diferença no consumo de energia de um município. Mas se pensarmos em todo um novo bairro, ou na evolução de uma cidade durante os anos, podemos perceber que esse gasto aumenta consideravelmente com a chegada de novas edificações.
Além disso, há muito desperdício de energia nos canteiros de obras, com maquinário ligado enquanto não está sendo usado, por exemplo. Um gestor preocupado com esses impactos ambientais pode obter uma economia fundamental no final da construção, quando os orçamentos costumam ficar apertados.
2.4 - Desperdício de água
Como é difícil de ser controlado e quantificado, esse é um dos impactos ambientais mais sentidos nessa indústria. Devido a isso, as edificações devem ser preparadas para a reutilização de água da chuva, amenizando o desperdício hídrico que frequentemente acontece.
Antes mesmo das obras ficarem prontas, é comum que haja um grande uso de água para diversos serviços, como a limpeza do canteiro, que comumente tem muita poeira e sujeira, e até para o cuidado com a saúde dos trabalhadores.
2.5 - Mudanças em depósitos hídricos naturais
O gasto hídrico também pode ser notado em obras hidráulicas que não foram bem executadas e em tubulações que apresentam problemas. Como os canos estão sempre embutidos em alvenaria ou escondidos em mochetas, alguns vazamentos só são percebidos pelo aumento na conta de água ou por complicações que podem demorar a aparecer.  
Além disso, dependendo da localização da obra, ela pode ser responsável por afetar os lençóis aquáticos ou até a impermeabilização do solo. É importante que esses lugares sejam muito bem avaliados e que os impactos ambientais sejam os menores possíveis, já que essas intervenções podem levar a desastres.
2.6- Poluição
A construção civil pode ser responsável pelo crescimento da poluição quando as leis e normas não são respeitadas e as edificações são feitas sem o cuidado necessário com o meio ambiente. Um exemplo são sistemas de tratamento de esgoto construídos de forma errada. Além disso, o armazenamento incorreto de materiais pode acabar poluindo o solo, a água e o ar.
Por outro lado, o setor pode contribuir para a diminuição desses impactos ambientais com a criação de sistemas de tratamento de esgoto. Ou, de maneira mais indireta, com a construção de parques, por exemplo.
2.7 - Aquecimento global
O segmento pode ter impacto direto sobre o aquecimento global, grande preocupação mundial. Principalmente devido a legislações e práticas que ainda não preveem, por exemplo, o replantio de árvores para minimizar os danos gerados durante uma obra.
Apesar disso, muitas empresas já têm adotado medidas e repaginado seus projetos para que contenham mais áreas verdes, como uma forma de melhorar o bem-estar ambiental e atrair clientes. Em certas edificações, esses locais podem ser vistos no último pavimento, de modo que as corporações conseguem beneficiar a natureza otimizando o espaço da construção.
3 - CENÁRIO BRASIL
A construção civil é responsável pelo consumo de até 50% dos recursos naturais extraídos e de 40% de toda a energia produzida. 
 Para se ter uma ideia, informações da Comunidade Europeia, divulgadas pela Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (Anab), revelam alguns dos impactos das atividades da construção civil no meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida da população, entre eles, poluição urbana, emprego de produtos cada vez mais sintéticos à base de substâncias petroquímicas tóxicas; uso exorbitante dos recursos naturais, como água e derivados de petróleo; consumo maciço de energia de origem fóssil; e poluição atmosférica com consequências para o efeito estufa.
No Brasil, o cenário não é diferente. A construção civil é responsável pelo consumo de 40% dos recursos naturais, de 50% da energia elétrica, de 55% de toda a madeira produzida não certificada, por 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos e por 50% do volume total de resíduos produzido.
Tendo em vista estes dados, fica evidente que as decisões tomadas pela cadeia da construção, envolvendo engenharia civil, elétrica, hidráulica, arquitetura e automação devem ser mais criteriosas e apresentarem uma postura de responsabilidade ética sob o ponto de vista humano e ambiental.
Conforme manifesta a Anab em um dos artigos publicados em sua página na internet, “construir de maneira sustentável impõe a todos os envolvidos, do projetista ao usuário, do administrador público ao empresário, do produtor ao varejista, um forte empenho ético e um profissionalismo adequado”.
Sobre esta temática trata a reportagem que se segue, que apurou que uma construção sustentável implica a adesão de comportamento, técnica e escolhas voltadas para as práticas sustentáveis e que devem passar por todas as fases do ambiente construído, desde o planejamento e elaboração do projeto até a sua construção, instalação e eventual demolição. 
4 - EXECUÇÃO PRÁTICA 
4.1- Construções sustentáveis
É ultrapassado dizer que sustentabilidade é uma tendência. A preocupação com processos e práticas sustentáveis é condição primordial para o desenvolvimento. E este conceito está cada vez mais presente no dia a dia de qualquer pessoa. Basta observar os novos hábitos da população, que está usando mais a bicicleta e as sacolas ecológicas. Além disso, os novos condomínios residenciais, ou mesmo comerciais, passaram a usar as características que priorizam a conservação ambiental como argumentos de venda. Muitos já utilizam aquecimento solar (inclusive, por força de Lei) e já existem, ainda que em pouca quantidade, projetos que preveem o uso de energia fotovoltaica e eólica e pontos para carregamento de veículos elétricos e híbridos.
Os novos edifícios já vêm se utilizando da tecnologia disponível e da mentalidade ecológica que aos poucos ganham todos os setores da economia para melhor utilizar a água, a energia elétrica, por meio de técnicas de tratamento da água ou de coleta da água da chuva, da instalação de aquecimento solar, do uso de geradores a gás natural, do aproveitamento da luz natural, entre outras medidas, como reciclagem do lixo e redução da emissão de
gases de efeito estufa.
A construção sustentável dá seus primeiros passos no Brasil, mas, nos dias de hoje, especialistas entendem que esta é uma ferramenta que deve ser adotada por qualquer empresa que deseje continuar existindo. “Não haverá mais lugar para empresas poluentes, que degradam e exploram o meio ambiente, que não aperfeiçoam os seus fluxos de produção e que não oferecem condições de trabalho justas”, afirmou a arquiteta Daniela Corcuera em seu artigo “Produção de empreendimentos sustentáveis”.
Segundo a arquiteta, muitos construtores, engenheiros e arquitetos não entenderam que esta é uma necessidade do planeta e encaram o assunto como modismo, ficando à margem da sustentabilidade. “Muito provavelmente, construções sustentáveis não irão reverter de imediato os prejuízos causados pelo homem ao meio ambiente, mas contribuirão para não piorar o quadro. Construções sustentáveis dão aos seus usuários mais autonomia, pois não dependem tanto dos sistemas públicos de abastecimento de água e energia, não sobrecarregam estes sistemas e podem funcionar de forma autônoma, mesmo diante de uma pane na rede pública”, justifica.
4.2 - Integração das engenharias
Presente em todos os setores da economia, a sustentabilidade está inserida – e não haveria de ser diferente – em todos os campos da engenharia. Com a experiência de ter trabalhado durante cinco anos com projetos sustentáveis em metodologias de Certificação LEED®, Procel e AQUA nos empreendimentos do mercado imobiliário, o gerente de energia e sistemas prediais do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), Eduardo Yamada, entende que existem, basicamente, quatro premissas básicas que devem ser consideradas no desenvolvimento de um projeto de engenharia:
(1) evitar e eliminar desperdícios;
(2) otimizar a eficiência dos sistemas;
(3) aproveitar os recursos naturais disponíveis;
(4) recuperar insumos e fontes.
 A partir das premissas apresentadas ficam mais claras, para o engenheiro, quais as principais preocupações visando à sustentabilidade e à eficiência energética dos projetos. “No caso dos elétricos, analisando o primeiro princípio, “Evitar e eliminar desperdícios”, entendemos, por exemplo, porque o LEED® e o Procel impõem a aplicação de sistema de iluminação com desligamento automático em função da ocupação. Entendemos, também, porque o LEED® obriga a ter menos queda de tensão (perda de tensão ao longo da distribuição de energia) nos trechos de maior passagem de corrente (circuitos alimentadores), induzindo o projetista a criar subestações transformadoras próximas aos grandes centros de carga. E o mais interessante é que, analogamente aos exemplos dos projetos elétricos citados, podemos aplicar essa e as outras premissas nos demais projetos de sistemas prediais (ar condicionado, hidráulico, luminotécnico, elevadores, etc.)”, explica Yamada, que também é professor do curso de “Eficiência Energética nos Empreendimentos” organizado pela Poli-Integra e pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).
Nesse sentido, os fornecedores de materiais para construção e instalação também estão atentos a colocar no mercado produtos com maior comprometimento ambiental, o que vem ajudando a baratear este tipo de edificação. Equipamentos com maior eficiência energética, produtos fabricados com materiais menos agressivos, reciclagens ou que emitem menos gases tóxicos quando queimados (como fios e cabos livres de halogênio) são exemplos de preocupações com o equilíbrio entre o desenvolvimento e a prudência com o meio ambiente.
Outra estratégia importante é usufruir dos recursos naturais disponíveis, implantando soluções que aproveitem fontes e recursos da natureza, reduzindo o consumo e a geração “artificial”, como: energia solar para aquecimento de água ou geração de energia elétrica por placas fotovoltaicas; a luz natural que ingressa nos ambientes para reduzir (dimerizar) a iluminação artificial das luminárias; a energia cinética dos ventos para geração elétrica (usinas eólicas); a geração de energia elétrica por fonte de calor solar através de turbinas a vapor (usinas solares); a energia geotérmica para gerar ou rejeitar calor; a energia mecânica de movimentação das ondas do mar para gerar elétrica, etc.
Se o engenheiro vai se acostumar a ter pensamentos sustentáveis e aplicá-los em seus projetos é praticamente uma questão de sobrevivência no mercado que se configura nos dias de hoje. Para Eduardo Yamada, o engenheiro precisa abrir a mente para a nova realidade de mercado. “O engenheiro precisa sair da zona de conforto e do comodismo, achando que projetos de sistemas prediais devem ser feitos para atender às necessidades dos clientes e às normas técnicas somente. Ele precisa ter discernimento e bom senso técnico na escolha e na especificação dos fornecedores, entender os conceitos de sustentabilidade e aplicá-los nos projetos”, avalia.
 4.3 - Mudança de paradigmas
A construção civil está efetivamente começando a demonstrar que está se adequando cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade. Principalmente, os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o consumo consciente.
No sentido de formação, as escolas de engenharia têm trabalhado para inserir o tema na grade curricular. “As universidades têm introduzido em várias disciplinas estes conceitos aplicados a projetos de engenharia e desenvolvido análises de estudos de casos de projetos reais considerando esta abordagem”, informa o professor Aquiles, da Politécnica da USP.
A preparação do engenheiro do futuro passa pela formação multidisciplinar, buscando compreender a atuação de demais disciplinas envolvidas no projeto. A realização de projetos integrados garante menor retrabalho e desperdício em fases de execução da obra. “Contudo, existem alguns empecilhos que dificultam sua execução como a multiplicidade de ferramentas utilizadas pelas diferentes disciplinas de engenharia, a descentralização de informação e a necessidade de maior esforço de gerenciamento de informação e coordenação técnica do projeto. Modelos eletrônicos em sistemas 3D e 4D auxiliam muito nesta tarefa”, finaliza Carlos Zink.
4.4- Estímulos às construções verdes
Diante do novo contexto global, que está exigindo das empresas e dos profissionais mais consideração pelos fatores ambientais como medida de equilíbrio para suas ações, algumas medidas foram criadas por organizações institucionais e pelo governo com o propósito de incentivar a prática sustentável em construções.
Um exemplo disso é a certificação Leed para construção sustentável, que, criada pelo U.S. Green Building Council (USGBC), chegou ao Brasil em 2007, e completa, neste ano, cinco anos de atuação no País.
O gerente técnico do Green Building Brasil, Marcos Casado, explica em um de seus artigos que, para receber a certificação, o empreendimento deve atender pré-requisitos e recomendações que avaliam o tipo de terreno, a localização, a infraestrutura local, o uso racional de água, eficiência energética, qualidade do ar interno, reciclagem e diversas outras medidas que garantam eficiência operacional ao usuário e preservação do meio ambiente, antes, durante e após a obra. “Todos estes critérios começam a impulsionar e a transformar o mercado da construção civil e têm se tornado uma importante ferramenta educacional e de comunicação com o consumidor, além de criar parâmetros de qualidade para o mercado”, escreveu.
Há menos de 50 dias do fim do ano, o Green Building Council Brasil comemora o crescimento do setor que superou a meta projetada no ano passado. “Enquanto em 2011, 17 edifícios receberam a certificação LEED, esse ano o número já é de 32. Outros 620 estão registrados no sistema e receberão o selo se comprovarem o atendimento a critérios como: eficiência energética; uso racional de água; qualidade ambiental interna; uso de materiais, tecnologias e recursos ambientalmente corretas entre outras
ações que minimizem os impactos ao meio ambiente”, informa a instituição. Com esse avanço, o Brasil mantém a posição de quarta nação no ranking mundial de empreendimentos LEED, atrás apenas dos Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis, seguido pela China, com 869, e o Emirados Árabes Unidos, com 767.
Outro exemplo é o Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel Edifica), instituído em 2003 pela Eletrobras/Procel, e que atua de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as universidades, os centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil.
A proposta do Procel Edifica é justamente ampliar as ações do Procel de maneira a incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente.
5- CONCLUSÃO
Com isso, chega-se à conclusão que, embora o século 20 tenha trazido grandes aparatos tecnológicos, esse desenvolvimento veio acompanhado por uma conseqüência ecológica desastrosa. O nosso desafio, nesse sentido, é conciliar o desenvolvimento tecnológico com a preservação dos recursos naturais, garantindo o progresso, mas com práticas sustentáveis. Fazendo mais com menos.
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