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Tutorial: Biomecânica da Articulação Talocrural e do Pé

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Módulo: Locomoção e Preensão
Problema 06: “Dor no pé”
· Objetivo 01: Descrever a biomecânica da articulação talocrural e do pé, relacionando com as estruturas anatômicas
Articulação talocrural 
A articulação talocrural (articulação do tornozelo) é sinovial do tipo gínglimo. Está localizada entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e a parte superior do tálus. A articulação talocrural pode ser palpada entre os tendões na face anterior do tornozelo como uma pequena depressão, cerca de 1 cm proximal à extremidade do maléolo medial.
Faces Articulares Da Articulação Talocrural 
As extremidades distais da tíbia e da fíbula (junto com a parte transversal inferior do ligamento tibiofibular posterior) formam um encaixe maleolar no qual se encaixa a tróclea do tálus, que tem formato de polia. A tróclea é a face articular superior arredondada do tálus. A face medial do maléolo lateral articula-se com a face lateral do tálus. A tíbia articula-se com o tálus em dois lugares: 
1. A face inferior forma o teto do encaixe maleolar, transferindo o peso do corpo para o tálus 
2. O maléolo medial articula-se com a face medial do tálus. 
Os maléolos seguram o tálus firmemente quando este gira no encaixe durante os movimentos da articulação. A preensão dos maléolos na tróclea é mais forte durante a dorsiflexão do pé (quando uma pessoa “se apoia no calcanhar” ao descer uma ladeira íngreme ou no cabo de guerra) porque esse movimento força a parte anterior, mais larga, da tróclea posteriormente entre os maléolos, afastando um pouco a tíbia e a fíbula. Esse afastamento é limitado principalmente pelo forte ligamento tibiofibular interósseo e também pelos ligamentos tibiofibulares anterior e posterior que unem a tíbia e a fíbula. O ligamento interósseo está posicionado profundamente entre as faces quase congruentes da tíbia e da fíbula, o ligamento só pode ser realmente observado quando roto ou em corte transversal. A articulação talocrural é relativamente instável durante a flexão plantar porque a tróclea é mais estreita na parte posterior e, portanto, está relativamente frouxa no encaixe. É durante a flexão plantar que ocorre a maioria das lesões do tornozelo (geralmente em virtude da inversão súbita, inesperada – e, portanto, sem resistência adequada – do pé).
Cápsula Da Articulação Talocrural 
A cápsula da articulação talocrural é fina nas partes anterior e posterior, mas é sustentada de cada lado pelos fortes ligamentos colaterais medial e lateral ( áreas finas da cápsula foram removidas, deixando apenas as partes reforçadas – os ligamentos – e uma prega sinovial). A camada fibrosa está fixada superiormente às margens das faces articulares da tíbia e maléolos, e inferiormente ao tálus. A membrana sinovial é frouxa e reveste a camada fibrosa da cápsula. A cavidade sinovial costuma estender-se superiormente entre a tíbia e a fíbula até o ligamento tibiofibular interósseo.
Ligamentos Da Articulação Talocrural 
A articulação talocrural é reforçada lateralmente pelo ligamento colateral lateral, uma estrutura composta formada por três ligamentos completamente separados. 
1. Ligamento talofibular anterior, uma faixa plana e fraca que se estende em sentido anteromedial do maléolo lateral até o colo do tálus 
2. Ligamento talofibular posterior, uma faixa espessa, bastante forte, que segue em trajeto horizontal, em sentido medial e ligeiramente posterior a partir da fossa do maléolo até o tubérculo lateral do tálus 
3. Ligamento calcaneofibular, um cordão redondo que segue em sentido posteroinferior da extremidade do maléolo lateral até a face lateral do calcâneo. 
A cápsula articular é reforçada medialmente pelo grande e forte ligamento colateral medial (ligamento deltóideo) cuja fixação proximal é no maléolo medial. O ligamento medial abre-se em leque a partir do maléolo, fixando-se distalmente ao tálus, calcâneo e navicular por meio de quatro partes adjacentes e contínuas: a parte tibionavicular, a parte tibiocalcânea e as partes tibiotalares anterior e posterior. O ligamento medial estabiliza a articulação talocrural durante a eversão e impede a subluxação da articulação. 
Vascularização Da Articulação Talocrural 
As artérias são derivadas de ramos maleolares das artérias fibular e tibiais anterior e posterior. 
Inervação Da Articulação Talocrural 
Os nervos são derivados do nervo tibial e do nervo fibular profundo, uma divisão do nervo fibular comum.
Movimentos Da Articulação Talocrural 
Os principais movimentos da articulação talocrural são dorsiflexão e flexão plantar do pé, que ocorrem em torno de um eixo transversal que passa pelo tálus. Como a extremidade estreita da tróclea do tálus situa-se frouxamente entre os maléolos quando o pé encontra-se em flexão plantar, é possível algum “balanço” (pequenos graus de abdução, adução, inversão e eversão) nessa posição instável. 
· A dorsiflexão do tornozelo é produzida pelos músculos no compartimento anterior da perna. A dorsiflexão geralmente é limitada pela resistência passiva do músculo tríceps sural ao estiramento e por tensão nos ligamentos colaterais medial e lateral
· A flexão plantar do tornozelo é produzida pelos músculos no compartimento posterior da perna. Quando os bailarinos dançam na ponta dos pés, por exemplo, o dorso do pé está alinhado com a face anterior da perna.
O eixo de rotação do tornozelo é essencialmente frontal, embora levemente oblíquo, e sua orientação muda um pouco conforme a rotação na articulação. O movimento no tornozelo ocorre principalmente no plano sagital, com o tornozelo funcionando como uma articulação em gínglimo que move o eixo de rotação durante a fase de apoio da marcha. A flexão e a extensão do tornozelo são chamadas de dorsiflexão e de flexão plantar, respectivamente. Durante o movimento passivo, as superfícies articulares e os ligamentos orientam a cinemática da articulação, com as superfícies articulares deslizando uma sobre a outra sem deformação apreciável de tecido. Os maléolos medial e lateral funcionam como polias direcionando os tendões dos músculos que cruzam o tornozelo posterior ou anteriormente ao eixo de rotação, favorecendo suas contribuições para a dorsiflexão ou para a flexão plantar. O M. tibial anterior, o M. extensor longo dos dedos e o M. fibular terceiro são os principais dorsiflexores do pé. O M. extensor longo do hálux ajuda a dorsiflexão. Os principais flexores plantares são as duas cabeças do potente M. gastrocnêmio biarticular e o M. sóleo, que fica abaixo do M. gastrocnêmio. Os Mm. flexores plantares acessórios incluem o M. tibial posterior, o M. fibular longo, o M. fibular curto, o M. plantar, o M. flexor longo do hálux e o M. flexor longo dos dedos.
Articulações do pé 
As muitas articulações do pé envolvem os ossos tarsais, os metatarsais e as falanges. As articulações intertarsais importantes são a articulação talocalcânea e a articulação transversa do tarso (articulações calcaneocubóidea e talocalcaneonavicular). A inversão e a eversão do pé são os principais movimentos dessas articulações. As outras articulações intertarsais (p. ex., articulações intercuneiformes) e as articulações tarsometatarsais e intermetatarsais são relativamente pequenas e estão unidas tão firmemente por ligamentos que só há pequenos movimentos entre elas. No pé, a flexão e a extensão ocorrem no antepé, nas articulações metatarsofalângica e interfalângica. A inversão é potencializada por flexão dos dedos (sobretudo o hálux e o 2° dedo), e a eversão por sua extensão (sobretudo dos dedos laterais). Todos os ossos do pé proximais às articulações metatarsofalângicas são unidos pelos ligamentos dorsais e plantares. Os ossos das articulações metatarsofalângicas e interfalângicas são unidos pelos ligamentos colaterais lateral e medial.
A articulação talocalcânea situa-se no local onde o tálus se apoia e articula com o calcâneo. A articulação talocalcânea anatômica é uma articulação sinovial única entre a face articular calcânea posterior do tálus, ligeiramente côncava, e a face articular posterior convexa do calcâneo. A cápsulaarticular é fraca, mas é sustentada por ligamentos talocalcâneos medial, lateral, posterior e interósseo. O ligamento talocalcâneo interósseo situa-se dentro do seio tarsal, que separa as articulações talocalcânea e talocalcaneonavicular e é bastante forte. Os ortopedistas usam o termo articulação talocalcânea para designar a articulação funcional composta formada pela articulação talocalcânea anatômica mais a parte talocalcânea da articulação talocalcaneonavicular. Os dois elementos separados da articulação talocalcânea clínica “cavalgam” o ligamento interósseo talocalcâneo. Estruturalmente, a definição anatômica é lógica porque a articulação talocalcânea anatômica é uma articulação distinta, que tem suas próprias cápsula articular e cavidade articular. Do ponto de vista funcional, porém, a definição clínica é lógica, porque as duas partes da articulação composta funcionam como uma unidade; seu funcionamento independente é impossível. A articulação talocalcânea (por qualquer definição) é o local onde ocorre a maior parte da inversão e eversão, ao redor de um eixo que é oblíquo. A articulação transversa do tarso é uma articulação composta formada por duas articulações separadas alinhadas transversalmente: a parte talonavicular da articulação talocalcaneonavicular e a articulação calcaneocubóidea. Nessa articulação, as partes média e anterior do pé giram como uma unidade sobre a parte posterior do pé, em torno de um eixo longitudinal (AP), aumentando os movimentos de inversão e eversão que ocorrem na articulação talocalcânea clínica. A transecção da articulação transversa é um método padronizado para amputação cirúrgica do pé. 
	Articulações do Pé
	Movimentos do Pé
· Flexão e extensão dos dedos do pé 
A flexão envolve a curvatura dos dedos para baixo. Os flexores dos dedos do pé são os Mm. flexor longo dos dedos, flexor curto dos dedos, flexor acessório, lumbricais e interósseos. Os Mm. flexores longo e curto do hálux produzem a flexão do hálux. Do mesmo modo, os Mm. extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos e extensor curto dos dedos são responsáveis pela extensão dos dedos do pé. 
· Inversão e eversão 
Os movimentos rotacionais do pé nas direções medial e lateral são chamados de inversão e de eversão, respectivamente. Esses movimentos ocorrem principalmente na articulação subtalar, embora também contribuam as ações de deslizamento entre as articulações intertarsais e tarsometatarsais. A inversão resulta em rotação medial da região plantar, na direção da linha média do corpo. O tibial posterior e o tibial anterior são os principais músculos envolvidos. O movimento de levar a planta do pé lateralmente é chamado de eversão. Os músculos principais responsáveis pela eversão são os Mm. fibulares longo e curto, ambos com tendões longos que contornam o maléolo lateral. O M. fibular terceiro auxilia. 
· Pronação e supinação 
Durante a caminhada ou a corrida, o pé e o calcanhar sofrem sequências cíclicas de movimentos. Conforme o calcanhar entra em contato com o solo, a porção posterior do pé tipicamente se inverte em algum grau. Quando o pé se inclina para a frente e o antepé entra em contato com o solo, ocorre a flexão plantar. A combinação de inversão, flexão plantar e adução do pé é conhecida como supinação. Enquanto o pé sustenta o peso do corpo durante o apoio médio, há tendência a ocorrer eversão e abdução conforme o pé se movimenta em dorsiflexão. Esses movimentos são conhecidos coletivamente como pronação. A pronação serve para reduzir a magnitude da força de reação do chão durante a marcha por aumentar o intervalo de tempo durante o qual a força é sustentada.
Arcos Do Pé 
Se os pés fossem estruturas mais rígidas, cada impacto no solo produziria forças enormes de curta duração (choques) que seriam propagadas através do sistema esquelético. Como o pé é formado por muitos ossos unidos por ligamentos, tem considerável flexibilidade, o que permite sua deformação a cada contato com o solo e a absorção de grande parte do choque. Além disso, os ossos tarsais e metatarsais são dispostos em arcos longitudinais e transversos sustentados passivamente e contidos ativamente por tendões flexíveis que aumentam a capacidade de sustentação de peso e a resiliência do pé. Desse modo, forças musculares muito menores e de maior duração são transmitidas através do sistema esquelético. Os arcos distribuem o peso sobre o pé, agindo não apenas na absorção de choque, mas também como trampolins para impulsioná-lo durante a marcha, a corrida e o salto. Os arcos resilientes aumentam a capacidade do pé de se adaptar a alterações no contorno da superfície. O peso do corpo é transmitido da tíbia para o tálus. Então, é transmitido posteriormente ao calcâneo e anteriormente à “bola do pé” (os sesamoides do metatarsal I e a cabeça do metatarsal II), e o peso/pressão é compartilhado lateralmente com as cabeças dos 3o a 5o metatarsais quando necessário para equilíbrio e conforto. Entre esses pontos de sustentação de peso estão os arcos relativamente elásticos do pé, que são ligeiramente achatados pelo peso do corpo na posição de pé. Normalmente reassumem sua curvatura quando não estão sustentando o peso do corpo. 
· O arco longitudinal do pé é formado pelas partes medial e lateral. Do ponto de vista funcional, as duas partes atuam como uma unidade com o arco transverso do pé, distribuindo o peso em todas as direções. O arco longitudinal medial é mais alto e mais importante do que o arco longitudinal lateral. O arco longitudinal medial é formado pelo calcâneo, tálus, navicular, três cuneiformes e três metatarsais. A cabeça do tálus é o elemento principal do arco longitudinal medial. O músculo tibial anterior, que se fixa ao 1° metatarsal e ao cuneiforme medial, ajuda a fortalecer o arco longitudinal medial. O tendão do músculo fibular longo, que segue da região lateral para a medial, também ajuda a sustentar esse arco. O arco longitudinal lateral é muito mais plano do que a parte medial do arco e apoia-se no solo na posição de pé. É formado pelo calcâneo, pelo cuboide e pelos dois metatarsais laterais. 
· O arco transverso do pé segue de um lado ao outro. É formado pelo cuboide, cuneiformes e bases dos metatarsais. As partes medial e lateral do arco longitudinal atuam como pilares para o arco transverso. Os tendões dos músculos fibular longo e tibial posterior, que cruzam sob a planta do pé como um estribo, ajudam a manter a curvatura do arco transverso. A integridade dos arcos ósseos do pé é mantida por fatores passivos e suportes dinâmicos. Os fatores passivos que participam da formação e manutenção dos arcos do pé são: 
· O formato dos ossos unidos (os dois arcos, mas principalmente o arco transverso) 
· Quatro camadas sucessivas de tecido fibroso que contêm o arco longitudinal (da região superficial para a profunda): 
· Aponeurose plantar 
· Ligamento plantar longo 
· Ligamento calcaneocubóideo plantar 
· Ligamento calcaneonavicular plantar. 
As sustentações dinâmicas que contribuem para a manutenção dos arcos do pé são: 
· Ação de sustentação ativa (reflexa) dos músculos intrínsecos do pé (arco longitudinal) 
· Contração ativa e tônica dos músculos com tendões longos que se estendem até o pé: 
· Flexores longos do hálux e dos dedos para o arco longitudinal 
· Fibular longo e tibial posterior para o arco transverso.
Desses fatores, os ligamentos plantares e a aponeurose plantar suportam a maior tensão e são mais importantes na manutenção dos arcos do pé. 
· Objetivo 02: Explicar o mecanismo de edema nos processos inflamatórios
A inflamação aguda tem três componentes principais: 
1. Dilatação de pequenos vasos levando a aumento no fluxo sanguíneo; 
2. Aumento de permeabilidade da microvasculatura, que permite que as proteínas do plasma e os leucócitos saiam da circulação e 
3. Emigração de leucócitos da microcirculação, seu acúmulo no foco da lesão e sua ativação para eliminar o agente agressor. 
Quando um organismo encontra um agente lesivo, como um microrganismo infeccioso ou células mortas, os fagócitos queresidem em todos os tecidos tentam eliminar esses agentes. Ao mesmo tempo, os fagócitos e outras células do tipo sentinela nos tecidos reconhecem a presença da substância estranha ou anormal e reagem por meio da liberação de citocinas, mensageiros lipídicos e outros mediadores da inflamação. Alguns desses mediadores agem nos pequenos vasos sanguíneos no entorno, promovendo o efluxo de plasma e o recrutamento de leucócitos circulantes para o sítio no qual o agente agressor está localizado. 
Reações dos Vasos Sanguíneos na Inflamação Aguda 
As reações vasculares da inflamação aguda consistem em alterações no fluxo sanguíneo e na permeabilidade dos vasos, ambas destinados à maximização do movimento das proteínas e leucócitos do plasma para fora da circulação, em direção ao local da infecção ou lesão. O deslocamento de fluidos, proteínas e células sanguíneas do sistema vascular para dentro do tecido intersticial ou das cavidades corporais é conhecido como exsudação. Exsudato é o fluido extravascular que apresenta uma elevada concentração proteica e contém resíduos celulares. Sua presença implica que há aumento de permeabilidade dos pequenos vasos sanguíneos provocada por algum tipo de lesão tecidual e uma reação inflamatória contínua. Em contraste, um transudato é um fluido com baixo conteúdo proteico (a maior parte composta de albumina), pouco ou nenhum material celular e baixa gravidade específica. Trata-se, essencialmente, de um ultrafiltrado de plasma sanguíneo que resulta de desequilíbrio osmótico ou hidrostático ao longo da parede do vaso sem aumento correspondente na permeabilidade vascular. O edema denota excesso de fluido no tecido intersticial ou das cavidades serosas, que pode ser ou um exsudato ou um transudato. O pus, um exsudato purulento, é um exsudato inflamatório rico em leucócitos (principalmente neutrófilos), restos de células mortas e, em muitos casos, microrganismos.
Alterações no Fluxo e no Calibre Vascular 
As mudanças no fluxo e no calibre vascular se iniciam logo após a lesão e consistem no seguinte: 
· A vasodilatação é induzida pela ação de vários mediadores, sobretudo a histamina, nos músculos lisos vasculares. É uma das primeiras manifestações de inflamação aguda. Inicialmente, a vasodilatação envolve as arteríolas e, então, leva à abertura de novos leitos capilares na área. O resultado é o fluxo sanguíneo aumentado, que é a causa do calor e da vermelhidão (eritema) no local da inflamação. 
· A vasodilatação é rapidamente seguida por aumento de permeabilidade da microvasculatura, com extravasamento de fluido rico em proteína nos tecidos extravasculares; esse processo é descrito em detalhes a seguir. 
· A perda de fluido e o diâmetro aumentado do vaso levam a fluxo sanguíneo mais lento, concentração de hemácias em pequenos vasos e aumento de viscosidade do sangue. Essas alterações resultam na obstrução dos pequenos vasos com hemácias se movimentando lentamente, uma condição denominada estase, que é vista como congestão vascular e vermelhidão localizada do tecido envolvido. 
· À medida que a estase se desenvolve, os leucócitos sanguíneos, principalmente os neutrófilos, se acumulam ao longo do endotélio vascular. Ao mesmo tempo, as células endoteliais são ativadas por mediadores produzidos nos locais de infecção e dano tecidual, expressando níveis aumentados de moléculas de adesão. Os leucócitos, então, aderem ao endotélio e, logo depois, migram através da parede vascular para dentro do tecido intersticial, em uma sequência que é descrita adiante. 
Permeabilidade Vascular Aumentada (Extravasamento) 
Vários mecanismos são responsáveis pelo aumento de permeabilidade das vênulas pós-capilares, marca característica da inflamação aguda:
1. A contração das células endoteliais resultando no aumento dos espaços interendoteliais é o mecanismo mais comum de extravasamento. É deflagrada por histamina, bradicinina, leucotrienos e outros mediadores químicos. É chamada resposta transitória imediata, pois ocorre rapidamente após a exposição ao mediador e, em geral, tem vida curta (15 a 30 minutos). Em algumas formas de lesão leve (p. ex., após queimaduras, irradiação ou radiação ultravioleta e exposição a certas toxinas bacterianas), o extravasamento tem início após um atraso de 2 a 12 horas e dura por várias horas ou mesmo dias; esse extravasamento atrasado e prolongado pode ser causado pela contração das células endoteliais ou por dano endotelial leve. A queimadura de sol com aparecimento tardio é um bom exemplo desse tipo de extravasamento. 
2. A lesão endotelial, resultando em necrose e separação das células endoteliais. O dano direto ao endotélio é encontrado em lesões graves, como, por exemplo, em queimaduras, ou é induzido pela ação de microrganismos e suas toxinas, que têm como alvo as células endoteliais. Os neutrófilos que aderem ao endotélio durante a inflamação também podem lesar as células endoteliais e, portanto, amplificar a reação. Na maioria dos exemplos, o extravasamento se inicia imediatamente após a lesão e é mantido por várias horas até que os vasos danificados sejam trombosados ou reparados. 
3. Aumento no transporte de fluidos e proteínas, denominado de transcitose, através da célula endotelial. Esse processo pode envolver canais intracelulares que são estimulados por determinados fatores, como, por exemplo, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que promove o extravasamento vascular. No entanto, a contribuição desse processo para a permeabilidade vascular da inflamação aguda é incerta.
Embora esses mecanismos de permeabilidade vascular aumentada sejam descritos separadamente, é provável que todos contribuam, em vários graus, para as respostas à maioria dos estímulos. Por exemplo, em diferentes estágios de queimadura térmica, o extravasamento resulta da contração endotelial quimicamente mediada e de dano endotelial direto e dependente de leucócitos. O extravasamento induzido por esses mecanismos pode causar perda de fluido, com risco de morte, em vários pacientes queimados. 
Respostas de Vasos Linfáticos e Linfonodos 
Além dos vasos sanguíneos, os vasos linfáticos também participam da inflamação aguda. O sistema linfático e os linfonodos filtram e policiam os fluidos extravasculares. Normalmente, os vasos linfáticos drenam a pequena quantidade de fluido extravascular que saiu dos capilares. Na inflamação, o fluxo linfático é aumentado e ajuda a drenar o fluido do edema que se acumula devido ao aumento de permeabilidade vascular. Além do fluido, os leucócitos e os resíduos celulares, bem como os microrganismos, podem encontrar o caminho até a linfa. Os vasos linfáticos, assim como os vasos sanguíneos, se proliferam durante as reações inflamatórias a fim de lidar com o aumento da carga. Os vasos linfáticos podem tornar-se inflamados de maneira secundária (linfangite), da mesma forma que os linfonodos de drenagem (linfadenite). Com frequência, os linfonodos inflamados são aumentados por causa da hiperplasia dos folículos linfoides e do aumento no número de linfócitos e macrófagos. Essa constelação de alterações patológicas recebe o nome de linfadenite reativa ou inflamatória. Para os clínicos, a presença de estrias vermelhas perto de uma ferida na pele é sinal revelador de infecção. Essas estrias seguem o curso dos canais linfáticos e são diagnósticas de linfangite; podem estar acompanhadas de aumento doloroso dos linfonodos de drenagem, indicando linfadenite. 
· Objetivo 03: Diferenciar a fascite plantar do esporão de calcâneo
A fascite plantar é considerada a causa mais comum de dor na região plantar do calcanhar. Estima-se que 10% da população terá dor na região subcalcânea ao longo da vida. A fáscia plantar tem pouca elasticidade. Durante a fase de apoio da marcha ocorre compressão na planta do pé e uma força de tração é gerada ao longo da fáscia e a cada passo a fáscia é submetida a repetitivas forças de tração. Considera-se que microtraumas repetitivos na origem da fáscia plantar resultam em inflamação e dor crônica.
O esporão do calcâneo, localizadona origem dos músculos flexores curtos do pé, foi inicialmente associado como causa da dor subcalcânea . Entretanto, essa associação nunca foi firmemente estabelecida. Ele está presente em aproximadamente 50% dos pacientes com síndrome dolorosa subcalcânea mas apenas 5% dos pacientes com esporão do calcâneo referem sintomas relacionados com dor no calcanhar. Apesar de esse estar presente em alguns pacientes portadores de dor crônica no calcanhar, ele não é considerado como agente causador da síndrome dolorosa. Provavelmente, o esporão de calcâneo é consequência da inflamação crônica provocada por tração traumática repetitiva na origem da fáscia plantar e do músculo flexor curto dos dedos. Alguns autores acreditam que a causa da dor no calcanhar esteja associada com a degeneração própria do processo de envelhecimento envolvendo o coxim gorduroso do calcanhar, responsável pela absorção do choque durante o apoio do calcanhar no solo. Vários estudos associam o peso corpóreo como causa da dor subcalcânea e observa-se uma alta incidência nos pacientes obesos ou acima do peso.
· Referência:
MOORE, Keith. Moore Anatomia Orientada para Clínica. 7 ed, 2014
HALL, Susan. Biomecânica Básica. 7 ed, 2016
KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; ASTER, J.C. Robbins & Cotran: Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9ª ed, 2016
Site de Ortopedia e Traumatologia. Fascite plantar e “Esporão” de calcâneo
Ricardo Cardenuto Ferreira. Talalgias: Fascite Plantar. Rev. Brasileira de Ortopedia, 2014
Site da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé. Fascite plantar e o esporão do calcâneo.

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