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ARQUITETURA SUSTENTÁVEL Agatha Muller de Carvalho Definição e princípios da arquitetura sustentável Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o clima como influenciador dos projetos de arquitetura. Analisar o impacto ambiental causado pelas construções. Conceituar a arquitetura sustentável. Introdução O ser humano vive há milhões de anos no planeta Terra, e suas intera- ções com o ambiente geram impactos. De lá para cá, muita coisa mu- dou. Vivemos em sociedades cada vez mais desenvolvidas por avanços industriais e tecnológicos, cultuamos uma sociedade do consumo e, consequentemente, do descarte. Os efeitos dessa nova forma de viver são ainda maiores e, por isso, é necessário desenvolver uma nova forma de pensar nossos impactos ambientais. Neste capítulo, você vai estudar sobre a arquitetura sustentável e vai conferir a relação entre clima e arquitetura e como os fatores climáticos interferem nas edificações. Você também vai conhecer os variados impac- tos ambientais de uma edificação, desde seu projeto até a sua utilização, e vai adentrar pelo conceito da arquitetura sustentável. A relação entre clima e arquitetura A Terra é um planeta com muitas particularidades. Sua forma, seus movimentos e sua relação com o Sol fazem com que existam climas variados em torno do mundo. Ou seja, as variações de condições atmosféricas, como temperatura, umidade, precipitação, são regionais. Os climas infl uenciam as condições de vida de cada região e determinam a fauna e a fl ora do local. As variações climáticas são responsáveis pela diversidade de fauna e fl ora que há eras vem moldando-se e adaptando-se às condições atmosféricas regionais. Em uma região com clima muito seco e quente, é comum a existência de plantas que têm reservatórios de água para passar por longos períodos sem chuva, como os cactos. Em regiões secas, as plantas têm porte pequeno, assim como suas folhas, de modo a reduzir a perda de água natural. O contrário ocorre em regiões com alta umidade, onde há ocorrência de árvores de grande porte e com grandes folhas. As peculiaridades climáticas permitiram não só a disseminação de faunas e floras variadas em torno do mundo, mas também a diversidade de povos e culturas. Assim como os animais e as plantas, o ser humano se adaptou às condições climáticas regionais, e isso moldou sua cultura. O clima acabou influenciando os hábitos culturais, como a alimentação e as vestimentas, assim como as formas de morar, estando diretamente relacionado com as edificações. A temperatura é um fator climático que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Não importa se a região é fria ou quente, a temperatura é um elemento influenciador de projetos de arquitetura, que devem levar em consideração o conforto térmico (ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009). São diversas as estratégias arquitetônicas para garantir esse conforto. Em regiões muito frias, as edificações são projetadas visando maior isola- mento térmico, evitando a troca de calor entre o ambiente interno e o externo. Isso é feito por meio de paredes mais espessas, com uso de menores aberturas nas fachadas e com a utilização de materiais de vedação que auxiliam no isolamento térmico, como vidros duplos, tijolos e pedras (MÄHLMANN et al., 2018) (Figura 1). Os projetos arquitetônicos de climas frios também se utilizam de outros elementos climáticos para melhorar o conforto térmico, como no caso da insolação. Em regiões frias, o posicionamento da edifica- ção priorizando maior exposição ao sol é fundamental (ROAF; FUENTES; THOMAS-REES, 2014), e é comum o uso de janelas zenitais ou inclinadas para otimizar a incidência solar e, ainda, aumentar a iluminação natural (Figura 1). Definição e princípios da arquitetura sustentável2 Leitores do material impresso, para visualizar as figuras deste capítulo em cores, acessem o link ou o código QR a seguir. https://qrgo.page.link/g1kbz Figura 1. Edificações em climas frios com materiais que acumulam maior calor e com esquadrias inclinadas e zenitais, permitindo maior entrada da luz solar. Fonte: Stouhi (2019, documento on-line). 3Definição e princípios da arquitetura sustentável Em climas mais quentes, o cuidado com o posicionamento da edificação em relação ao sol também é importante, porém, neste caso, o excesso de expo- sição solar não é um aliado do conforto térmico. Muitas são as estratégias dos projetos arquitetônicos para amenizar a temperatura interna das edificações. A vegetação pode ser um bom exemplo de bloqueio solar com o sombreamento (MÄHLMANN et al., 2018). Além disso, também é comum em projetos arquitetônicos de climas quentes o uso de varandas no entorno da edificação. A projeção dos beirais do telhado fornece sombra e protege o núcleo da incidência solar (Figura 2). Os brises e os cobogós também são elementos de fachada utilizados como recursos para diminuir a incidência solar — os cobogós têm a vantagem de serem vazados e permitirem a ventilação, outra questão importante na arquitetura de climas quentes. Figura 2. Esquema demonstrando estratégias arquitetônicas que buscam melhorar o conforto térmico das edificações em climas quentes. Fonte: Roaf, Fuentes e Thomas-Rees (2014, p. 47). Definição e princípios da arquitetura sustentável4 O cogobó é um elemento vazado muito utilizado nas fachadas das edificações bra- sileiras para unir proteção solar e ventilação. No artigo do link a seguir, você pode conferir uma breve história e os usos desse elemento criado em 1920 aqui no Brasil. https://qrgo.page.link/zRYQW Na Figura 2, é possível perceber a associação de recursos relativos à venti- lação e à incidência solar em projetos de arquitetura de climas quentes. Além das varandas que protegem o núcleo da edificação dos raios solares diretos, a arquitetura de climas quentes também proporciona sua ventilação (ROAF; FUENTES; THOMAS-REES, 2014). Isso é feito por meio do posicionamento das aberturas de forma a gerar ventilação cruzada ou, ainda, por meio de telhados inclinados e ventilados. Em alguns casos, os climas quentes estão associados com alta umidade, ge- rando grandes quantidades de chuva. É o clima comum de florestas equatoriais, cujo projeto arquitetônico deve estar preparado para receber o grande volume de água e de umidade. As edificações costumam ter telhados inclinados para o melhor escoamento da água, evitando acúmulos e infiltrações (Figura 3a). Além disso, é comum que as edificações sejam elevadas do solo (Figura 3b), diminuindo as chances de umidade ascendente e protegendo de possíveis alagamentos. 5Definição e princípios da arquitetura sustentável A umidade é um elemento climático que também apresenta o outro lado da moeda. É o caso da escassez de umidade: em climas secos, a precipitação e a umidade do ar são baixas e a arquitetura não necessita de telhados com inclinações consideráveis. Além disso, é comum o uso de espelhos d’água para fornecer umidade para o ambiente e, em locais quentes, ainda proporcionam o resfriamento por evaporação (Figura 3b) (MÄHLMANN et al., 2018). Figura 3. (a) Edificação característica de clima quente e úmido. (b) Uso de espelho d’água em clima quente e seco. Fonte: Mumemories/Shutterstock.com; Mendes (2018, documento on-line). Definição e princípios da arquitetura sustentável6 Com foi possível perceber, a arquitetura e o clima são elementos que estão associados. O clima é um agente de grande influência nos projetos de edificações. Cabe ao arquiteto, portanto, saber interpretar os fatores climá- ticos predominantes de cada região para desenvolver uma arquitetura mais coerente com essas condições, proporcionando ambientes mais confortáveis para seus usuários. As construções e os impactos ambientais O ser humano, ao se relacionar com o ambiente, acaba gerando impactos. Essas relações são necessárias para o desenvolvimento da nossa espécie em sociedade, porém, os impactosambientais precisam ser analisados para que se busque alternativas para sua diminuição. São muitos os vieses dos impactos ambientais de uma construção, e eles se iniciam antes mesmo da execução da edifi cação e perduram durante toda sua vida útil. Uma construção significa a substituição de algo preexistente por uma nova edificação. Essa preexistência pode ser uma área de vegetação ou até mesmo outra edificação. No caso das áreas de vegetação que estão sendo substituídas por construções, o impacto ambiental está diretamente relacio- nado à redução de áreas verdes e à degradação da flora e da fauna, o que gera, também, a redução da permeabilidade do solo (Figura 4a). Quando uma edificação é demolida para dar lugar a uma nova construção, o impacto ambiental está relacionado com a produção de resíduos dessa demolição, que, muitas vezes, não tem destino adequado para um possível reuso (Figura 4b) (MÄHLMANN et al., 2018). 7Definição e princípios da arquitetura sustentável Figura 4. Impacto ambiental: (a) redução da permeabilidade do solo; (b) resíduos de demolição. Fonte: Jornal da EPTV (2015, documento on-line); Visual Intermezzo/Shut- terstock.com. Durante o processo de projeto de uma edificação, os impactos ambientais também ocorrem. A escolha dos materiais de construção e de acabamento, bem como os elementos de decoração, estão diretamente relacionados com o impacto da construção. Pode ser um impacto difícil de perceber, pois não ocorre necessariamente na edificação. Esse impacto ambiental também pode ser denominado energia incorporada, que é a energia gasta para fabricação e transporte dos materiais da construção (KEELER; VAIDYA, 2018). Cada tipo de material tem uma energia incorporada específica e cabe aos projetistas avaliar esses impactos no momento das decisões de projeto. Definição e princípios da arquitetura sustentável8 Durante sua construção, os impactos ambientais de uma edificação são variados e referentes a fatores diversos. Esses impactos são apresentados por Mählmann et al. (2018, p. 21): [...] a geração de resíduos sólidos, material de aterro e poeira, na terraplanagem e no descarte do material de obra; a geração de ruídos (poluição sonora devido ao uso de maquinário pesado; o aumento do consumo de água e energia para a execução dos serviços; o aumento da geração de esgoto durante a execução da obra; as mudanças em depósitos hídricos naturais e fluxos de águas superficiais devido à terraplanagem e ao preparo do terreno; a emissão de poluentes atmosféricos devido ao transporte dos materiais e do maquinário. Após construída, a edificação continua gerando impactos que têm efeitos a longo prazo. É o caso, por exemplo, do adensamento populacional (MÄHL- MANN et al., 2018). Se mal planejado, esse adensamento pode ser prejudicial para a região da construção e pode gerar problemas de trânsito e poluição. Além disso, pode ocorrer, também, uma sobrecarga de produção de resíduos e consumo de energia. Quer conhecer um impacto ambiental peculiar de uma edificação? Confira no link a seguir o vídeo de uma reportagem sobre uma edificação em Londres que reflete a luz do sol e chegou a derreter a lataria de um carro. https://qrgo.page.link/9exah O uso de uma edificação também gera impactos ambientais, pois diaria- mente ela consome energia, produz resíduos e gera calor. Além disso, os ma- teriais utilizados em sua construção sofrem desgastes e necessitam de reparos ou substituições. O conceito de energia acumulada está relacionado com a energia gasta na produção dos materiais. Aqui, tem-se, então, o entendimento de ciclo de vida de um produto ou edificação, ou seja, fatores envolvidos em todo o processo de produção, consumo e descarte que necessitam de avaliação de impactos (Figura 5). 9Definição e princípios da arquitetura sustentável Figura 5. Fatores do ciclo de vida. Fonte: Keeler e Vaidya (2018, p. 318). Arquitetura sustentável A sustentabilidade é uma questão discutida mundialmente e que busca a conservação do planeta Terra a partir da redução dos impactos ambientais causados pelo ser humano. A sustentabilidade vem sendo pensada e abordada há poucas décadas e a partir de diversos conceitos, como o desenvolvimento sustentável, criado no fi nal dos anos 1980 por comissão da Organização das Nações Unidas. Naquela época, pensava-se na sustentabilidade como: “[...] uma questão da população do presente poder satisfazer as suas necessidades, mas sem comprometer as próximas gerações de também serem capazes de satisfazerem suas próprias necessidades” (CARVALHO, 2019, p. 14). O conceito de sustentabilidade vai além das questões ambientais, permeando também outras dimensões. Nos anos 1990, um entendimento de sustentabi- lidade mais integrado foi pensado por John Elkington, que criou o conceito triple bottom line, traduzido para o português como tripé da sustentabilidade (OLIVEIRA et al., 2012). Nesta visão integrada, a sustentabilidade é fruto da relação entre as dimensões econômicas, ambientais e sociais. Cada dimensão do tripé pode ser analisada separadamente, sendo: [...] Econômico, cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis, atra- entes para os investidores; Ambiental, cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes; e Social, que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade (OLIVEIRA et al., 2012, p. 73). Para Elkington, a sustentabilidade de empresas, entidades ou empreendi- mentos deve abranger os três vieses, sendo a interseção dessas três dimensões (Figura 6). Definição e princípios da arquitetura sustentável10 Figura 6. Dimensões da sustentabilidade. Fonte: Adaptada de Oliveira et al. (2012). A arquitetura é um elemento muito presente e conectado com a sociedade. O avanço das civilizações e de suas cidades também diz respeito ao avanço da arquitetura. A tecnologia e os fatores políticos e econômicos fizeram com que as cidades pudessem se tornar grandes centros urbanos, tomando cada vez mais o espaço do meio ambiente e alterando os climas locais. Nesse sentido, a arquitetura é uma das ferramentas dos seres humanos responsável por consideráveis impactos ambientais. Em um mundo capitalista, o viés econômico, na maioria das vezes, so- bressai-se em relação às questões sociais e ambientais. A lógica do lucro visa o maior aproveitamento do espaço disponível e permitido, tanto em planta quanto em altura (Figura 7a). Nesses casos, os impactos da arquitetura são marcantes. Um empreendimento arquitetônico preocupado prioritariamente com o lucro tem sua preocupação reduzida em aproveitar o potencial solar do terreno em seu projeto. A decisão dos materiais empregados também segue a mesma lógica de custo versus lucro e não há uma preocupação com as certificações ambientais. Apesar de o viés econômico poder ser um grande problema quando é tomado como prioridade no momento das tomadas de decisões em relação à arquitetura, não podemos nos iludir com uma sustentabilidade sem pensar nesse fator. As civilizações consideradas mais simples, como os índios no Brasil, vivem em sociedades com maior respeito e relação com o meio ambiente (Figura 7b). São situações nas quais há uma prioridade na dimensão ambiental, mas são populações reduzidas e de crescimento estável. Não é possível copiar a 11Definição e princípios da arquitetura sustentável forma de viver dos povos indígenas para as grandes cidades já consolidadas, mas isso não quer dizer que não é possível se inspirar no respeito que eles têm com a fauna e a flora. Figura 7. (a) Condomínio de prédios desenvolvidos a partir da lógica econômica. (b) Construção indígena. Fonte: GuoZhongHua/Shutterstock.com; Frontpage/Shutterstock.com. A arquitetura também pode e deve ser sustentável, buscando não apenas a preservação ambiental, mas também a valorização social e a viabilidade econômica de suas construções e empreendimentos. O entendimento daarqui- tetura ou edificação sustentável é múltiplo e com diversas facetas, mas alguns fatores são comuns, como o fato de que a arquitetura sustentável, ainda que não possa solucionar todos os problemas ambientais, deve solucionar mais do que um deles (KEELER; VAIDYA, 2018). Definição e princípios da arquitetura sustentável12 A sustentabilidade de uma edificação inicia com o seu projeto. Keeler e Vaidya (2018) acreditam que isso é possível com o desenvolvimento de um projeto integrado ou integrativo, ou seja, que se preocupa “[...] com os recursos de energia, água e materiais e com as decisões relacionadas à qualidade do ambiente interior” (KEELER; VAIDYA, 2018, p. 1). Além disso, esse projeto integrativo envolve muitos atores em seu processo, como os usuários, a comu- nidade e vizinhança, os proprietários, os projetistas (arquitetos e engenheiros), as equipes de consultoria. Um projeto de arquitetura sustentável deve, então, preocupar-se com a redução dos impactos ambientais, mas também deve levar em consideração as questões da comunidade e de seus usuários. Além disso, um projeto de arquitetura sustentável deve ser economicamente viável. Veja, na Figura 8, um exemplo de integração entre terreno, clima e projeto em um projeto. Figura 8. Esboço de projeto para praça cívica em Seattle (Foster + Partners) mostrando questões entre terreno, clima e projeto. Fonte: Keeler e Vaidya (2018, p. 2). 13Definição e princípios da arquitetura sustentável CARVALHO, A. Ecodesign. Porto Alegre: Sagah, 2019. DELAQUA, V. Cobogós: breve história e usos. ArchDaily, 9 jun. 2015. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/768101/cobogo. Acesso em: 30 jul. 2019. JORNAL DA EPTV. Derrubada de árvores para fazer loteamento revolta moradores de Boa Esperança (MG). G1, 30 out. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/ jornal-da-eptv/videos/t/edicoes/v/derrubada-de-arvores-para-fazer-loteamento- -revolta-moradores-de-boa-esperanca-mg/4575170/. Acesso em: 30 jul. 2019. KEELER, M.; VAIDYA, P. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. MÄHLMANN, F. G. et al. Conforto ambiental. Porto Alegre: Sagah, 2018. MENDES, A. Visita ao palácio da Alvorada é suspensa a partir desta quarta-feira. O Globo, dez. 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/visita-ao-palacio- -da-alvorada-suspensa-partir-desta-quarta-feira-23328877. Acesso em: 7 ago. 2019. OLIVEIRA L. et al. Sustentabilidade: da evolução dos conceitos à implementação como estratégia nas organizações. Revista Produção, v. 22, n. 1, p. 70-82, 2012. ROAF, S.; CRICHTON, D.; NICOL, F. A adaptação de edificações e cidades às mudanças climáticas. Porto Alegre: Bookman, 2009. ROAF, S.; FUENTES, M.; THOMAS-REES, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. STOUHI, D. Como projetar para atingir conforto térmico (e por que isso é importante). ArchDaily, 31 jan. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/910400/como- -projetar-para-atingir-conforto-termico-e-por-que-isso-e-importante. Acesso em: 30 jul. 2019. Definição e princípios da arquitetura sustentável14
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