Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P2 Vet 362 1. FUNÇÕES HEPÁTICAS As funções do fígado envolvem uma variedade de processos biológicos essenciais à vida. Essas funções incluem participação: No metabolismo de carboidratos, lipídios, proteínas plasmáticas (ppt albumina), hormônios e vitaminas; Na desintoxicação (depuração de compostos tóxicos como a amônia); Na excreção de catabólitos (principal função) e de outras substâncias tóxicas; Na digestão e absorção (especialmente de gordura); Na produção da maioria dos fatores de coagulação. Via de excreção do fígado Bile: Medicamentos e outras substâncias são metabolizadas e armazenadas na forma de bile. Além de ser uma forma de excreção, também possui função de emulsificação/digestão (ácidos biliares promovem a solubilização) e absorção gordurosa no intestino. Importante para evitar acúmulo de gordura e quadros de diarreia. Os ácidos/sais biliares são reabsorvidos no íleo e retornam ao fígado pela veia porta (circulação portal). Além disso, os hepatócitos inativam uma série de toxinas de origem gastrointestinal, como a amônia (microrganismos intestinais agem sobre compostos nitrogenados produzindo amônia, liberada no lúmen intestinal), que é incorporada e transformada em ureia nos hepatócitos (ciclo da ureia), facilitando a excreção via urina, pois a ureia é mais hidrossolúvel (a função renal deve estar adequada). Por isso, alterações hepáticas graves levam a acúmulo de amônia (hiperamoniemia) e sinais neurológicos de disfunção cerebral (invasão de toxinas de origem no TGI leva a encefalopatia de origem hepática, convulsão e depressão). Esses pacientes não podem ingerir excesso de proteína, pois irá gerar produção excessiva de amônia, que não será convertida em ureia. Devido a função depurativa, o sangue que sai do fígado através da veia hepática é livre de toxinas gastrointestinais e microrganismos e vai para a circulação através da veia cava caudal. A circulação portal é um mecanismo de proteção! O fígado também exerce o papel de proteção do organismo a partir da presença de macrófagos intestinais (células de Kupffer), responsáveis pela fagocitose de toxinas geradas pelo próprio metabolismo de bactérias no intestino ou até mesmo agentes patológicos que podem ultrapassar a mucosa intestinal e chegar ao fígado. 2. ANATOMIA E FISIOLOGIA Fígado Órgãos altamente vascularizado que possui dupla circulação, recebendo sangue arterial através da artéria hepática e sangue venoso oriundo da veia porta (intestinos, pâncreas e baço). Na verdade, a maior parte (70 a 75%) do fluxo sanguíneo do fígado é proveniente da circulação porta devido a capacidade do fígado de remover vários solutos do sangue portal, fundamental para muitas de suas funções. Possui organização histológica bem característica composta por lobos e lóbulos hexagonais (6 em pequenos animais), dentre os quais se localiza a tríade portal (ducto biliar, ramo da veia porta e ramo da artéria hepática), veia centrolobular e hepatócitos. Entre os hepatócitos corre sangue por capilares sinusóides e à medida que o sangue corre os hepatócitos realizam suas funções. Vias biliares Canalículos biliares possuem fluxo inverso ao fluxo sanguíneo e a bile é escoada lateralmente; Pequenos ductos ou túbulos biliares (epitélio próprio) Ductos biliares Ducto colédoco Duodeno. Antes de ir para o duodeno, pode ir para a vesícula biliar através do ducto cístico, funcionamento como saída alternativa que tem como objetivo armazenar a bile e auxiliar na excreção, digestão e absorção de gorduras. Apesar da função de armazenamento a vesícula não é um órgão essencial, porém, em casos de retirada devido à hepatopatia é importante ajustar a dieta do paciente. 3. DOENÇAS HEPÁTICAS HEPATOPATIAS Testes laboratoriais detectam hepatopatias, principalmente a partir da mensuração sérica de enzimas. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Indica que as funções do órgão estão extremamente prejudicadas. O fígado possui capacidade de reserva muito grande, por isso, não é qualquer doença que leva a uma insuficiência, apenas as que provocam destruição maciça do fígado (70% a 80%) e, consequentemente, comprometimento de suas funções. Essas levam a risco de morte. Doenças hepáticas crônicas muitas vezes são silenciosas por um tempo devido a capacidade de reserva do fígado, porém, quando chega a um nível mais crítico os sinais de insuficiência aparecem. A principal toxina que gera insuficiência hepática é o AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO FÍGADO álcool, que leva a cirrose hepática (fase terminal – fibrose intensa). Para animais, o álcool não é a principal toxina, mas sim vírus (hepatites), bactérias, doenças autoimunes e metabólicas. 4. TESTES LABORATORIAIS Mensuração sérica de enzimas que detectam alterações no fígado e teste de função, que tem como objetivo avaliar as funções do fígado através da [ ] de substâncias do metabolismo que são excretadas ou produzidas pelo órgão (nos casos de problema na excreção ou doença hepática, as substâncias ficam retidas no organismo). 4.1 ENZIMAS Extravasamento (ALT/TGP, AST/TGO) – enzimas que estão localizadas no citoplasma dos hepatócitos e são extravasadas para a corrente sanguínea, indicando lesão na membrana celular; Indução (FA - ALP, GGT – gama GT) – enzimas que são produzidas em maior quantidade devido a estímulo, levando a um aumento de sua [ ] na corrente sanguínea. OBS.: Enzimas que são rotineiramente mensuradas sericamente devido a estarem relacionadas e serem indicativas de lesões hepáticas. 4.2 TESTES DE FUNÇÃO Tem como objetivo avaliar as funções do fígado. Geralmente são substâncias próprias do metabolismo, excretadas pelo fígado, por isso, problemas na sua excreção levam a retenção dessas substâncias e aumento da sua [ ] na corrente sanguínea. Bilirrubinas – teste que mais avaliar a função hepática (perda da capacidade de excreção da bile = aumento da [ ] de bilirrubinas). São fracionadas em bilirrubina conjugada, indireta e direta, porém não têm importância na veterinária, onde só se usa o teor de bilirrubina total; Ácidos biliares – excretados do fígado para o lúmen intestinal e posteriormente reabsorvidos; Albumina – sintetizada única e exclusivamente no fígado pelos hepatócitos a partir dos aminoácidos (di-peptídeos) dietéticos. Compõe as proteínas totais e a tendência são valores baixos de [ ] sanguínea; Glicose/Colesterol/Ureia – não são confiáveis, pois sofrem maior influência de fatores interferentes: glicose e colesterol podem estar alto ou baixo, para ureia espera-se baixas [ ]. IMPORTANTE.: Os principais testes de função hepática são bilirrubinas, ácidos biliares e albumina; Todos esses testes sofrem influência de fatores interferentes, porém para alguns esses são mais importantes na alteração dos valores obtidos nos exames laboratoriais; Todos os fatores de coagulação são produzidos pelo fígado, por isso, doenças hepáticas podem estar associadas a quadros hemorrágicos. 4.1 ENZIMAS ENZIMAS DE EXTRAVASAMENTO TESTE ALT ou TGP (Alanina amino- transferase) o Origem Específica do fígado com origem hepatocelular (alta [ ] no interior de hepatócitos). Lesão leva a necrose e descontinuidade da membrana do hepatócito. o Espécies Cães: bastante específica, ou seja, aumentos em sua [ ] sanguínea indicam lesão hepatocelular (possui meia- vida longa de 48h, ou seja, fica 2 dias circulando); Gatos: meia vida menor de 6h, ou seja, após lesão hepática estará aumentada por menos tempo; Outras espécies. o Interpretação (valor de referência: 20-80) Valores aumentados (aumento exorbitante): Indica lesão hepatocelular geralmente por doenças de curso rápido/quadros agudos. Exemplo: animal exposto a Leptospira (sorotipo mais tóxico) tem aumento dos valores, pois a Leptospira é um agente hepatotóxico que age lesando a membrana celular, liberando ALT para o espaçointersticial e consequentemente para o sangue. Outras causas: agentes infecciosos, medicamentos, aflatoxina (toxina fúngica de alimentos), erva hepatotóxica, metais pesados, vírus. IMPORTANTE.: - Em doenças/lesões crônicas pode estar ligeiramente aumentada ou normal (não gera aumento exorbitante devido a lenta destruição dos hepatócitos), ppt nas espécies com menor meia vida, pois as lesões ocorrem mais lentamente. Já em doenças agudas há aumento exorbitante do extravasamento e, consequentemente, da [ ] sanguínea; - Valor alto: acima 10x mais do valor de referência do limite superior; Moderado: 5-10x; Grau leve: 1-5x; - Outros tecidos produzem ALT, porém a meia-vida é muito curta (minutos), por isso, é um bom indicador hepático. Valores diminuídos: Não possuem significado clínico. TESTE AST OU TGO (Aspartato amino- transferase) o Origem Menos específica, pois também é sintetizada em outros tecidos: Hepatocelular – indica lesão apenas se a ALT também estiver elevada; Muscular – lesão na fibra muscular (rabdomiólise): animais expostos a exercício extenuante ao qual não está acostumado que leva a necrose muscular. OBS.: CPK ou CK (creatinina fosfoquinase): enzima de extravasamento específica de fibra muscular Dosagem e associação com AST confirma a origem muscular. Interior de hemácias (lise) – hemólise (exemplo: anemia hemolítica). OBS.: Hemólise iatrogênica ocorre no momento da coleta devido a erro laboratorial. IMPORTANTE.: - O aumento isolado pode ter várias interpretações ALT normal: fígado descartado (ppt em cães, devido a menor meia-vida); - Testes associados para aumentar a validade do resultado, já que a AST é menos específica. o Espécies: Cães, gatos, outras espécies. o Interpretação: Valores aumentados: lesão hepatocelular, lesão muscular ou hemólise. Valores diminuídos: não possuem significado clínico. ENZIMAS DE INDUÇÃO TESTE FA OU ALP (Fosfatase alcalina) o Origem Produzida nos ductos biliares (alta [ ] na membrana das células epiteliais); FA possui várias isoenzimas de origem hepática (colestática), óssea ou induzida por glicocorticoide. Isso a torna mais sensível e menos específica (múltiplas origens) a alterações. o Espécies: Cães, gatos e outras espécies (para grandes animais é menos estável). OBS.: Em cães, as doenças colestáticas podem variar em um aumento marcante (acima de 10x da atividade sérica de FA), em gatos mesmo um aumento pequeno já é significativo. o Interpretação: Valores aumentados: Colestase (bloqueio do fluxo biliar) – principal mecanismo indutor, pois a maior pressão da bile sobre o epitélio leva a uma solubilização mais fácil das enzimas presentes no local e sua liberação para a corrente sanguínea. Colestase intra-hepática: doenças no parênquima hepático (fibrose, inflamação, depósito de gordura e glicogênio) que levam a aumento do tamanho dos hepatócitos e a obstrução do lúmen do ducto biliar, reduzindo o fluxo da bile. Doenças de armazenamento, como esteatose ou lipidose (aumento do acúmulo de gordura nos hepatócitos e consequentemente do seu tamanho com redução do lúmen do ducto biliar) que no gato leva a insuficiência hepática grave; Colestase extra-hepática: alterações na vesícula biliar e obstruções no ducto colédoco levam a acúmulo de bile na vesícula. Cortisol – glicocorticoide exógeno ou endógeno (doenças endócrinas como o hiperadrenocorticismo) induz a maior produção de liberação FA isoladamente elevada; Óssea – liberada a partir de alterações ósseas: lesões como osteomielite, fraturas e doenças ósseas metabólicas e, inclusive em situações de rápido crescimento tecidual (aumento fisiológico em animais jovens); Neoplasias; Anticonvulsivantes – fenobarbital (Gardenal), ppt na espécie canina. Valores diminuídos: Não possuem significado clínico. TESTE GGT OU GAMA GT (Y- glutamiltransferase) o Origem Membrana das células do epitélio de ductos biliares. o Espécies Todas as espécies animais. OBS.: Espécie canina sofre maior indução. o Interpretação Valores aumentados: Colestase – intra ou extra-hepática; Cortisol e anticonvulsivantes – em menor frequência. OBS.: Mais específica para as doenças hepatobiliares, ppt no gato ou grandes animais (ruminantes), no cão pode ter interferência do cortisol ou anticonvulsivantes. Neoplasias não aumentam seus valores. Valores diminuídos: Não possuem significado clínico. 4.2 TESTES DE FUNÇÃO TESTE BT (bilirrubina total: frações indireta e direta) o Origem: Destruição das hemácias (hemocaterese): liberada após a quebra da hemoglobina. OBS.: Depois de lisada a hemoglobina vai para o fígado junto da albumina onde é metabolizada em bilirrubina, excretada nas fezes, onde sofre redução microbiana em estercobilina e estercobilinogênio (dar cor as fezes). o Espécies: Todas. o Interpretação Valores aumentados: A hiperbilirrubinemia (aumento da concentração sérica de bilirrubina) possui 3 origens: Pré-hepática: hemólise – doença hemolítica (Babesiose ou Anemia hemolítica autoimune). O fígado mesmo normal não dá conta de fazer glicoconjugação da bilirrubina na mesma velocidade em que ela é liberada. Como reconhecer? Exames laboratoriais como hemograma (hematócrito, anemia regenerativa), icterícia (plasma mais amarelado); Hepática: insuficiência hepática/deficiência dos hepatócitos que não conseguem metabolizar a bilirrubina (ocorre em todas as hepatopatias dependendo do grau de magnitude). Animal não possui anemia; Pós-hepática: obstrução do colédoco leva a alta [ ] de bilirrubina plasmática: paciente ictérico e com fezes acinzentadas/esbranquiçadas (sem a presença de estercobilina). IMPORTANTE.: - Bilirrubina se conjuga a proteínas plasmáticas, ppt albumina, para ser excretada em estercobilinogênio (fezes) ou urobilinogênio (urina) Avaliar a função excretora; - Há valores aumentados de bilirrubina que não causam icterícia, passando despercebidos pelo exame físico; - Quando não ocorre anemia ou ocorre anemia não regenerativa, sem hemólise: causa hepática ou pós- hepática; - Iluminação altera o exame, portanto, deve-se evitar a exposição à luz. Valores reduzidos: Não possuem significado clínico. OBS.: Fracionamento em indireto ou direto não tem significado na medicina veterinária. TESTE ÁCIDOS BILIARES Teste mais específico que o de [ ] de bilirrubina. o Origem: Produzidos no fígado, excretados no colédoco, reabsorvidos e re-excretados pelo fígado: São sintetizados nos hepatócitos a partir do colesterol, armazenados e concentrados na vesícula biliar (nas espécies que a possuem). No momento da alimentação, há contração da vesícula e passagem dos ácidos para o intestino delgado, onde provocam a emulsificação da gordura e, desse modo, propiciam a digestão e a absorção de lipídios e vitaminas lipossolúveis. A maior parte dos ácidos biliares é absorvida no íleo e alcança a circulação porta (< 5% do total de ácidos biliares se perde pelas fezes diariamente). Normalmente, o fígado é muito eficiente na remoção dos ácidos biliares da circulação porta em sua primeira passagem pelo órgão, como resultado, em animais sadios, nota-se apenas discreto aumento pós-prandial na concentração sérica de ácidos biliares. Os ácidos biliares depurados pelos hepatócitos são secretados no sistema biliar e recirculam (uma molécula de ácido biliar recircula várias vezes após a refeição). o Espécies Cães, gatos, bovinos e equinos. o Interpretação: Dosagens pré-prandial (antes da alimentação, em jejum de 12h) e pós-prandial (2h após a alimentação) Duas amostras para comparar Animais normais: valores normais nas duas situações (fígado com função preservada). Animais com doença hepática: aumento de ácidos biliares no sangue, ppt na amostra pós-prandial, pois o fígado não os re-excreta Teste sensível e específico. OBS.: Para pacientes ictéricos nãoé necessário fazer esse teste. Shunts portossistêmicos: derivações anômalas da veia-porta antes de chegar ao intestino presentes em pequenos animais Os ácidos são desviados e não se dirigem ao fígado; Valores aumentados: Na amostra em jejum já indica lesão hepática. O aumento pode indicar também shunt portossistêmico, colestase, cirrose, necrose, hepatite, lipidose hepática, neoplasias, hepatopatia por glicocorticoide. TESTE DE ALBUMINA o Origem: O fígado é o local de síntese de toda a albumina. Em geral, não se constata hipoalbuminemia até que ocorra perda de 60 a 80% da função hepática. No entanto, parece haver algumas diferenças entre as espécies em relação à ocorrência de hipoalbuminemia na doença hepática. Hipoalbuminemia é muito comum em cães que apresentam doença hepática crônica (> 60% dos animais têm hipoalbuminemia), mas não parece ser um achado comum em equinos com hepatopatia crônica (cerca de 20% dos animais manifestam hipoalbuminemia). Vários fatores extra-hepáticos podem influenciar a concentração sanguínea de albumina. o Interpretação: Albumina baixa: doença hepática crônica (meia vida 10-12 dias). Em doença aguda não ocorrem alterações, pode apresentar [ ] normais. OBS.: Manifestações clínicas de hipoalbumenia: edemas e ascite. 1. ANATOMIA/FISOLOGIA O pâncreas é uma glândula mista: 90% do ácino é parte exócrina; 2-3% é parte endócrina. Endócrino Células endócrinas concentradas nas ilhotas de Langerhans correspondem a 2% do pâncreas e são responsáveis pela produção de insulina e glucagon. As secreções dessa porção vão para a corrente sanguínea. A doença endócrina mais frequente é o diabetes mellitus por deficiência da produção de insulina. Exócrino Responsável pela produção de enzimas que participam da digestão (amilase, lipase, tripsina etc.), além de bicarbonato. Estas substâncias são produzidas nos ácinos pancreáticos pelas células acinares pancreáticas, que compreendem cerca de 90% do pâncreas, na forma inativa (zimogênio), sendo carreadas pelos ductos pancreáticos como pró- enzimas inativas até o duodeno, onde são ativadas. Após serem ativadas fazem a hidrólise (digestão química) dos alimentos (proteínas, carboidratos e gorduras). Sem as enzimas exócrinas a digestão ainda ocorre, porém não se aproveita quase nada quimicamente. 2. DOENÇAS PÂNCREAS EXÓCRINO Insuficiência pancreática exócrina (uma das principais doenças) – significa que o pâncreas não está produzindo adequadamente as enzimas, resultando em má digestão e não absorção dos nutrientes com saída destes nas fezes, causando diarreia, desnutrição e emagrecimento/caquexia progressiva; Pancreatites – inflamação do tecido pancreático que podem ser agudas ou crônicas e são doenças graves com potencial de mortalidade significativo, pois além das alterações locais também podem causar peritonite (dor abdominal intensa) em casos AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO PÂNCREAS EXÓCRINO graves. Causa vômito e diarreia em humanos. Possui alta frequência, principalmente nos pequenos animais, onde pode evoluir para a morte. IMPORTANTE.: - Doenças pancreáticas tem maior importância em humanos e pequenos animais; - Testes dosam as quantidades séricas das enzimas. 3. TESTES LABORARTORIAIS AMILASE/LIPASE Exame mais comum: dosagem das enzimas. o Origem Amilases podem ter origem gástrica, intestinal e pancreática (pâncreas exócrino), por isso, não serve para definir que há insuficiência pancreática. Os valores alterados sugerem pancreatite, pois as enzimas estão armazenadas nas células acinares, por isso, quando há inflamação, há extravasamento e aumento da [ ]. IMPORTANTE.: Teste mais barato e comum – porém causa muita dúvida e não serve para confirmar ou excluir diagnóstico; A metodologia interfere muito Laboratório humano x Laboratório veterinário; Teste de sensibilidade e especificidade baixas, o que dá muitos falsos positivos e negativos: Baixa sensibilidade (40%): nem sempre que a doença está presente ela é detectada; Baixa especificidade (40%): teste dá alterado, mas o animal não tem a doença Falso positivo. o Espécies Todas, porém tem maior valor em pequenos animais. o Interpretação Valores aumentados: pancreatite – como as enzimas são armazenadas nas células acinares estarão aumentadas devido a destruição celular; Valores diminuídos: sem significado. LIPASE ESPECÍFICA (CPL E FPL): TESTE DA LIPASE DE ORIGEM PANCREÁTICA Diferencia a lipase pancreática da gástrica ou sintetizada em outros tecidos, por isso, tem um peso maior no diagnóstico de pancreatite. É um teste de triagem/exclusão. o Origem Pâncreas exócrino. o Espécies Mais importante em pequenos. o Interpretação Valores aumentados: pancreatite; Valores diminuídos: sem significado. Teste lipase específico possui dois métodos: o SNAP TESTE Qualitativo (teste rápido): Testa o sangue do paciente. o CPL (lipase específica canina) e FPL (lipase específica felina) Quantitativo (varia de 0-400); Usa-se sangue + reagente Resultado rápido. Para o cão: Letra C: controle (valor normal = 200); Linha T: sangue do paciente em teste – se corar mais intenso que o controle significa que o valor é >200 Teste qualitativo/triagem/valor de exclusão. Se corar menos intenso que o controle significa que o valor é <200: Coloração menos intensa que o controle: valor normal (abaixo de 200); Zona cinza: entre 200-400 (pode ou não ter a doença); Coloração mais intensa que o controle: pode ser pancreatite (acima de 400). OBS.: Zonas da pancreatite: 0-200: normal; 200-400: zona cinza Animal pode ou não ter pancreatite; Acima de 400: pancreatite. IMPORTANTE.: - São exames complementares geralmente utilizados para exclusão de doenças. OBS.: Para gatos o teste é específico, mas também pode ser usado para cães. - Outros diagnósticos de pancreatite: ultrassom, cirurgia e necropsia; - Animais in vivo nem sempre apresentam boas condições para se sujeitar a anestesia; - Teste da lipase é mais sensível para pancreatite, por isso, é o melhor teste para essa doença. TRIPSINOGÊNIO/TRIPSINA SÉRICA (TPL) Dosa o tripsinogênio no sangue. OBS.: O tripsinogênio é exclusivamente de origem pancreática exócrina, enquanto lipase e amilase podem ser sintetizadas em outros locais; Feito quando se suspeita de IPE (enzima proteolítica) o Origem Pâncreas exócrino. o Espécies Cães e gatos – espécie específico, portanto, existe metodologia específica para cão e outra para gato. o Interpretação Valores aumentados: pancreatite – lesão celular aumenta a liberação de tripsinogênio; Valores diminuídos: IPE – cães com diarreia, todas as características de má digestão e fezes volumosas. IMPORTANTE.: - Abaixo de 2,5: sinal patognomônico de IPE – animal com diarreia e caquético; - Valor mais alto indica pancreatite, embora não seja um teste específico para essa patologia; - Analisar enzima tripsina nas fezes (atividade proteolítica fecal): não é muito confiável Filme de raio-X em copo com fezes Película digerida (halo de digestão) indica atividade da enzima nas fezes. CASOS CLÍNICOS Schnauzer: possui hiperlipidemia familiar e são predispostos a pancreatites Soro lipêmico Suspeitas: Erro no jejum prandial; Aumento de colesterol e triglicérides (ppt). OBS.: Colesterol pode se alterar caso haja insuficiência/alteração hepática, mas não é um teste de rotina para avaliar o fígado. INTERPRETAÇÕES o NUS (nitrogênio ureico sanguíneo) Quando elevado indica baixa excreção renal; Causa mais comum: desidratação (pré-renal); Hepatócitos realizam o ciclo da ureia, ou seja, sintetizam ureia. o PT (proteína total) Albumina + fração de globulinas A albumina é sintetizada pelos hepatócitos, por isso, uma insuficiência hepática pode diminui-la, mas a alimentação pobre em proteína também (causa nutricional) e outras doenças, comoperda renal e intestinal também podem reduzir sua [ ]. A meia vida da albumina é 10 dias, uma insuficiência hepática aguda é inferior a 10 dias, por isso, o animal morre sem ter redução da albumina. A diminuição relacionada a falta de síntese só é percebida nas doenças hepáticas crônicas (mínimo de 10 dias para ter redução de albumina no sangue). OBS.: A doença hepática crônica tem o seu estágio terminal denominado cirrose – albumina baixa e presença de edemas, ascite). o BT (bilirrubina) Acima de 2,5 é possível verificar icterícia no exame físico; Os valores normais são de 0-0,4; Uma hiperbilirrubinemia pode ser devido a causas pré hepáticas (hemólise: olhar Ht anemia regenerativa é patognomônico de causa pré-hepática), hepáticas ou pós-hepáticas. Estas últimas são difíceis de diferenciar bioquimicamente, por isso, normalmente usa-se cirurgia; o ALT e AST ALT: hepatoespecífica, principalmente para o cão, onde sempre indica lesão hepatocelular; Enzimas de extravasamento aumentadas no sangue em processos inflamatórios e degenerativos, quando são liberadas na corrente sanguínea; AST: pode indicar lesão hepatocelular (processo inflamatório levando a alteração hepatocelular), lesão muscular ou hemólise. OBS.: Nesse paciente descarta-se lesão muscular e hemólise; o ALP Enzima de indução: a principal causa do aumento de sua [ ] é a colestase (intra-hepática: degeneração e inflamação ou extra-hepática: obstrução de vias biliares). o Gama GT Também estaria aumentada, pois a estase da bile em contato com as células da membrana (hepatócitos), solubiliza a enzima que se espalha no interstício e vai para a corrente sanguínea. CONCLUSÃO Exame indica lesão hepatocelular (ALT e AST aumentadas), colestase (ALP está aumentada) e hiperbilirrubinemia (se o Ht estiver normal, descarta-se causa pré-hepática). CASO CLÍNICO PÁGINA 1470 Fenobarbital pode levar ao aumento de ALP e gama GT devido a insuficiência hepática crônica: o exame confirma a indução medicamentosa, mas também podem estar aumentadas devido a colestase. OBS.: Fenobarbital leva a indução de enzimas hepáticas na espécie canina. Albumina baixa: marcador de doença crônica. IMPORTANTE Diabetes Doença mais comum em situações de hiperglicemia em jejum. Ureia Produzida no fígado pelos hepatócitos e excretada nos rins. Aumentada: problema na excreção pelos rins (exemplo: desidratação); Diminuída: menor produção pelo fígado. Albumina - Produzida pelos hepatócitos; - Geralmente, níveis baixos são indicativos de doença hepática crônica; SISTEMA HEMOSTÁTICO Eventos fisiológicos e bioquímicos Dinâmica de fluxo sanguíneo: - Controle da hemorragia; - Manutenção da fluidez do sangue nos vasos. Componentes do endotélio vascular; Fatores de coagulação; Plaquetas; Mecanismos fibrinolíticos. HEMOSTASIA Sangramento x Distúrbio hemostático Hemostasia - Controle da hemorragia; - Manutenção da fluidez do sangue nos vasos. Divisão didática: o Primária Vasos sanguíneos; Plaquetas. o Secundária Fatores de coagulação. o Terciária Fibrinólise; Reparação e limpeza do vaso sanguíneo. AULA PRÁTICA HEMOSTASIA VETERINÁRIA Vasos sanguíneos Vasoconstrição reflexa – diminui o sangramento; Secreção de substâncias trombogênicas – atraem as plaquetas para o local, permitindo a formação do coágulo; Lesão/perda do endotélio – redução de mediadores que controlam a reatividade plaquetária Formação de trombo em excesso/de forma desnecessária. Plaquetas Trombopoiese: Origem Megacariócitos – são fragmentos do citoplasma, por isso, não possuem núcleo, apenas as organelas Produção por endomitose ou trombopoetina – TPO; 1 megacariócito = 1.000 a 3.000 plaquetas; Meia vida na circulação: 7 a 10 dias – tempo de resposta após distúrbios que levam a redução do número; 1/3 armazenado no baço. IMPORTANTE.: - Célula indiferenciada Megacariócito imaturo (mediado por citocinas); - Trombopoetina: diferenciação e maturação do trombócito, fragmentação do megacariócito HEMOSTASIA PRIMÁRIA (PLAQUETAS) o Funções: Adesão plaquetária; Agregação plaquetária – forma e estabilidade; Ativação plaquetária – entra cálcio nas plaquetas e ocorre o desenvolvimento da hemostasia secundária por parte dos fatores de coagulação. IMPORTANTE.: Plaquetas possuem receptores que ficam expostos, permitindo a ligação com o colágeno; Fator de Von Willebrand (FvW): ponte com a plaqueta/adesão da plaqueta com o vaso sanguíneo Vaso sanguíneo + Fator de Willebrand + Coágulo; Além da função na coagulação sanguínea, as plaquetas também possuem função na reparação tecidual (aumentadas no pós-cirúrgico) e em processos inflamatórios. Importante: anti-inflamatório não esteroidal prejudica a hemostasia e favorece o sangramento, pois age sobre COX1 e COX2 impedindo a formação de Tromboxano A2. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Cascata de coagulação o 3 vias Intrínseca – ativada quando há exposição do colágeno do vaso sanguíneo após ruptura do endotélio vascular (as plaquetas se ligam ao colágeno); Extrínseca – a ruptura de vaso leva a lesão tecidual (fora do vaso) Ativada pelo fator tecidual tromboplastina tecidual; Via comum – encontra das vias intrínseca e extrínseca levando a ativação de uma série de fatores de coagulação. OBS.: O cálcio entra em várias etapas para permitir a ativação dos fatores de coagulação. Hipocalcemia leva a hemorragia? Não, pois mesmo sendo necessário para várias etapas a quantidade necessária é pequena. Por isso, outros mecanismos sofrem interferência antes da coagulação sanguínea ser afetada; No final da via comum o fibrinogênio é transformado em fibrina pela ação da trombina para dar estabilidade ao coágulo formado; Fator XIII: depois da transformação de fibrinogênio em fibrina promove a estabilização do local a partir do fortalecimento dos fatores e da plaqueta com ligações covalentes para que o coágulo retraia. Finaliza a hemostasia secundária. OBS.: Esses fatores são produzidos pelo fígado (a maioria são proteínas). Lesão hepática importante (cirrose) leva a redução da produção dos fatores e o animal fica propenso a hemorragia o Coagulação Importante: vitamina K promove a ativação dos fatores IX (intrínseca), VII (extrínseca), X e II (comum). OBS.: Cumarínicos (rodenticidas) são antagonistas da vitamina K, por isso, promovem sangramento. Seu efeito é revertido a partir da aplicação de vitamina K. HEMOSTASIA TERCIÁRIA Conversão do plasminogênio em plasmina – modela o coágulo quebrando a fibrina dando origem aos produtos de degradação da fibrina, que são fagocitados por monócitos. o Funções Papel importante na dissolução dos coágulos; Manutenção do sistema vascular; Comprometimento do sistema fibrinolítico: Trombose – obstrução e impedimento do fluxo sanguíneo; Hiperfibrinólise – quebra excessiva do coágulo lesiona o vaso novamente. Ocorre nos casos de coagulação intravascular disseminada (CID). o Plasminogênio Proteína plasmática; Ativação em plasmina (enzima proteolítica); Digestão de fibras de fibrina (ppt), fibrinogênio, fator V, VIII e XII e protrombina. o Proteínas anticoagulantes Controlam a cascata de coagulação; Inibição das proteínas procoagulantes (3 vias) – equilíbrio entra coagulação e destruição do trombo para evitar coagulação exacerbada; Necessárias para o equilíbrio de fatores anti e pró- coagulantes – evita coagulação exacerbada; Antitrombina III (AT-III) é a mais importante, mas existem outras, como proteínas C e S, α macroglobulina, lipoproteína sintetizada pelo fígado e células endoteliais. Importante: sangramento excessivo = hemorragias subcutâneas (petéquias, equimoses, sufusões). ALTERAÇÕES HEMOSTÁTICAS Podem aparecem em qualquer fase. 1. HEMOSTASIA PRIMÁRIA (ERLIQUIOSE): Defeitos vasculares - Estruturaisou inflamatórios; - Deposição de imunocomplexos. Alterações plaquetária quantitativas Deficiência de produção, destruição (processos imunomediados), sequestros (baço: até 75% - esplenomegalia) e consumo (lesão e CID). Plaquetas Consequências de alterações morfológicas e funcionais adquiridas ou congênitas: o Adquiridas Processos imunomediados (drogas, Erlichia e transfusões incompatíveis). Trombocitopenia Diminuição da produção: Drogas – Cloranfenicol, Griseofulvina e Trimetropim; Leucemias; Causas infeciosas. Destruição e consumo: Trombocitopenia imunomediada; Lúpus eritematoso sistêmico (LES); Anemia hemolítica autoimune (AHAI); CID; Infeciosas (exemplo: Erlichia – fica dentro dos monócitos causando infecção que faz com que o organismo destrua as plaquetas de forma imunomediada). Sequestro: Esplenomegalia; Neoplasias – muito vascularizadas. o Congênitas Deficiência no estoque de substâncias plaquetárias (Ca, FvW, ADP etc.) – impede a ligação da plaqueta com o colágeno, mesmo possuindo os fatores; AINES inibidores da cicloxigenase: - Bloqueiam a síntese de TXA2; - Potente vasoconstritor e estimulador de adesão. Redução da função plaquetária: Uremia (doença renal crônica) – diminui a adesão plaquetária e promove vasculites (compostos nitrogenados são toxinas que promovem lesão no endotélio vascular); AINES; ATB (penicilinas e Cefalotina); Bloqueadores dos canais de cálcio – barbitúricos e drogas cardiovasculares; Erlichia canis e doenças infecciosas em geral – hiperproteinemia (hiperglobulinemia – produção de anticorpos) aumenta a viscosidade do sangue e inibe a adesão e agregação plaquetária; Acidente ofídico; Doenças hepáticas. Importante: as lesões provocadas levam a formação de hematoma traumático, não relacionados aos fatores de coagulação. Trombocitose Contagem de plaquetas acima de 500.000/µl (cão): Reatividade – hemorragias: consumo x feedback; Esplenectomia – plaquetas não armazenadas vão para a circulação; Leucemia megacariocítica – aumento da produção dos megacariócitos; Indução por drogas – Vincristina e corticoides em quantidades baixas estimulam a medula óssea a produzir plaquetas. 2. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Alterações congênitas (raras) Hemofilia A (entre as raras é a mais comum nos animais domésticos) – deficiência do fator VIII, hemartrose (claudicação), hematoma pós-cirúrgico persistentes, TTPA aumentado e TP normal; Hemofilia B – deficiência do fator IX. Alterações adquiridas o Deficiência ou falha na síntese Hepatopatias; Rodenticidas – inibidores da vitamina K (fitomenadiona). o Rodenticidas anticoagulantes Anemia – depende da quantidade de veneno ingerido, do tempo de intervenção; Hemorragia no local de punção; Dispneia por hipovolemia; Hemoperitôneo, hematúria, epistaxe, melena, hematoquesia, hemartrose, taquipneia. Diagnóstico: sinais clínicos, tempo de coagulação, TP (via extrínseca – intoxicação aguda?), TTPA (via intrínseca). o Doenças hepáticas Alterações: cirrose ou hepatite grave. Síntese de fatores de coagulação excessiva; Comumente não apresentam hemorragias espontâneas, mas sim sangramentos menores (melena). Importante: em alguns casos, ppt agudos, o fígado pode aumentar a produção dos fatores. o Acidente ofídicos Dependem de alguns fatores: Gênero da serpente – Bothrops (jararaca) ou Crotalus (cascavel); Espécie a cometida; Tempo de atendimento; Quantidade de veneno e local do inóculo; Movimentação – causa maior circulação do veneno. Ações do veneno: Ação proteolítica – lesão tecidual; Ação hemorrágica – veneno possui hemorraginas (toxinas com ação vasculotóxica); Agregação plaquetária e diminuição das plaquetas pelo consumo; Ação tipo trombina: converte fibrinogênio em fibrina Aumenta o consumo de fibrinogênio e quando há necessidade de uso dele pela cascata ele falta. Diagnóstico: sinais clínicos, tempo de coagulação (TTPA, TP). 3. HEMOSTASIA TERCIÁRIA Papel importante na dissolução dos coágulos e manutenção do sistema vascular. Por isso, o comprometimento do sistema fibrinolítico leva ao descontrole da fibrinólise: Hiperfibrinólise – fibrinólise em excesso estimula o sangramento; Trombose – inibição da fibrinólise. Causas: Síndrome nefrótica – leva a perda da antitrombina III; Cardiomiopatias – alteração do fluxo sanguíneo; CID (envolve os 3 mecanismos de hemostasia) – hemorragia + trombose Ocorre nos casos de sepse (Piometra). AVALIAÇÃO CLÍNICO LABORATORIAL Quantidade e duração x Grau da lesão; História clínica: tipo de sangramento, idade/sexo/raça, incidentes anteriores, drogas/tóxicos, transfusões, ectoparasitas, doenças intercorrentes. EXAME FÍSICO Lesão hemorrágica Localização; Tamanho. Esplenomegalia (palpação abdominal) e icterícia (doença hepática). Importante: realizar avaliação das mucosas (olhos e boca), sangramento. Coleta e acondicionamento das amostras Anticoagulante ideal, tubos plásticos ou siliconados (cuidado na coleta); Citrato de sódio 3,8% - quelante de cálcio que impede que a cascata de coagulação aconteça (por pouco tempo – exame até 4h) Utilização de plasma para os exames laboratoriais, pois os fatores do soro já foram consumidos devido a formação de coágulo; 1:9 de sangue; Processamento rápido e armazenamento refrigerado. TESTES LABORATORIAIS o Hemostasia primária Contagem de plaquetas; Avaliação do esfregaço corado; Tempo de sangramento; Exame de medula óssea. o Hemostasia secundária Tempo de coagulação; Tempo de protrombina (TP – VE e VC); Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA – VI e VC); Trombina – quantidade de fibrinogênio convertido em fibrina (não é muito utilizada na prática. o Hemostasia terciária Produtos da degradação da fibrina (PDF). Sangramento: hemostasia primária e secundária (sangramento pode voltar, indicando alterações na cascata de coagulação); Fibrinogênio: hemostasia secundária, mas também influencia a terciária; TP: via extrínseca e comum; TTPA: intrínseca e comum; Teste do fibrinogênio: 56-60 graus/3 minutos – temperatura de desnaturação do fibrinogênio Fibrinogênio aumentado indica inflamação, pois é proteína de fase aguda. O QUE É URINÁLISE? Método importante de avaliação do estado geral do paciente, principalmente naqueles com suspeita de enfermidades urinárias – como cálculos, infecções urinárias (cistites, nefrites e pielonefrites –, doenças metabólicas – diabetes mellitus: hiperglicemia e glicosúria; Urina deve ser coletada e armazenada corretamente para ter valor diagnóstico – se feitos de maneira errada comprometem o exame. IMPORTANTE.: Exame fundamental para avaliar vários sistemas, além do urinário, e barato; Usado ppt na medicina humana; Análises físicas, químicas e de sedimento. FORMAÇÃO DA URINA A constituição do ultrafiltrado é completamente diferente da urina, tanto em densidade, concentração de eletrólitos etc.; Filtração, secreção e reabsorção de diferentes substâncias Só no final se tem a urina formada. COLETA E CONSERVAÇÃO DA AMOSTRA Deve ser adicionada em frascos próprios (de boca larga) e analisada o mais breve possível – refrigerada (ideal até 6 horas), porém deve-se restabelecer a temperatura no momento da análise. OBS.: Quando mais tempo se demora para realizar o exame, maior a concentração de bactérias (bacteriúria) e cilindros, o que prejudica a interpretação. o Principais métodos de coleta Micção espontânea – deve-se despejar os primeiros jatos (limpeza da uretra); Compressão vesical – compressão da bexiga do animal método livre de bactérias (assepsia do local e retirada direto da bexiga); Cistocentese – punção do abdômen e aspiraçãode urina com agulha direto da bexiga; Sondagem uretral – sonda da uretra até a bexiga. IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA Dados fundamentais a serem identificadas para encaminhar a amostra ao laboratório: Referente ao animal: nome, espécie, raça, sexo, idade, proprietário; Referente a amostra: método de coleta e momento (data e hora) – muito importante para quem vai interpretar o exame, pois nem sempre quem coleta é quem vai interpretar, e às vezes é necessário considerar possíveis artefatos de coleta. Suspeita clínica – técnico dá atenção especial! Exemplo.: Suspeita de urolitíase (técnico dá maior atenção ao sedimento, presença de cristais e pH da urina), avaliação de rotina, leptospirose (técnico tem maior cuidado com a amostra), IRC etc. ETAPAS DA URINÁLISE ANÁLISE FÍSICA: AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA COR E TURBIDEZ Varia de quase incolor ao amarelo escuro (urocromos: pigmentos normais) – a intensidade do amarelo está diretamente relacionada a concentração da urina, porém, nem sempre essa relação é verdadeira, pois pode haver outros pigmentos dando cor a urina mesmo que ela esteja diluída. Exemplo: pacientes recebendo Tetraciclina possui urina alaranjada – pigmentos derivados do antibiótico são liberados na urina devido a metabolização renal. A turbidez varia conforme a espécie: cães (clara), felinos (ligeiramente turva) e equinos (turva). OBS.: Essa informação é importante, pois quando se tem uma urina mais turva do que o normal isso PRÁTICA TESTES LABORATORIAIS URINÀLISE indica que há mais sedimentos/substâncias em suspensão causando a turbidez, como fibrina. Modificação da cor e turbidez o Grau de concentração urinária Amarelo claro (diluída)/amarelo escuro (concentrada); Indicador grosseiro – não pode ser levado em consideração em todas as situações, pois existem outros pigmentos. o Presença de pigmentos Hemoglobina (hemoglobinúria – doenças hemolíticas, hemólise intravascular), mioglobina (mioglobinúria – lesões musculares extensas), bilirrubina (bilirrubinúria – doenças hepáticas graves). OBS.: Hemoglobina e mioglobina: urina escura (tipo Coca-Cola). Bilirrubina: urina amarelada até alaranjada. o Presença de células e substâncias diversas Muco, cristais, hemácias (hematúria – presença de hemácia na urina), cilindros, medicamentos. OBS.: Hematúria: dependendo de onde é a lesão no trato pode ocorrer no início, meio ou final da micção. IMPORTANTE.: - A presença de pigmentos na urina leva a uma alteração mais homogênea, pois ele tende a se espalhar mais. Diferente disso, a presença de hemácias pode causar apenas pontos avermelhados e não mudar toda a cor da urina para vermelha; - Avaliação subjetiva: urina colocada na frente de uma cartilha de gradiente de cores – ppt nas cores claras, quando pode haver diferentes interpretações pelo examinador. AVALIAÇÃO DO ODOR Principalmente odor fétido – indica infecções intensas; Odor amoniacal na uremia (doenças hepáticas graves e algumas vasculares). AVALIAÇÃO DA DENSIDADE Avaliação da capacidade de concentrar ou diluir a urina – varia muito de acordo com as espécies e do estado de hidratação; Variação normal entre 1.015 e 1.035 (animal saudável com boa função renal): Hipostenúria: <1.007; Isostenúria: 1.007-1.015; Hiperstenúria: >1.015. Importante: avaliar junto com o estado de hidratação do animal. OBS.: Levam em consideração a concentração plasmática. IMPORTANTE.: - A melhor amostra é a primeira urina da manhã; - Existem achados comuns de serem achados em densidade alta e outros em que a simples presença, mesmo em densidade baixas, indica lesões graves. Exemplos.: Animal saudável e com boa função renal pode entrar em estado de leve desidratação devido a condições ambientais, como calor. Nesse caso, a boa função renal é constatada pela concentração devido a perda de fluidos; Animal hiperhidratado durante anestesia: normal que a urina esteja bem diluída (densidade baixa), pois é a maneira fisiológica do rim agir visando a eliminação do excesso de fluidos; Animal com poliúria mesmo desidratado: o que se esperaria era que o animal tivesse urina mais concentrada, indica que não está ocorrendo concentração da urina e perda de função renal. AVALIAÇÃO QUÍMICA É geralmente semi-quantitativa, utilizando fita reagente – valor aproximado, não é preciso; Testes de valor na veterinária: proteína, glicose, cetona, bilirrubina, sangue e pH – com exceção do pH, todos variam como 1 + a 4 +. Importante: na interpretação de cada variável levar sempre em consideração a densidade urinária. Duas formas: Dosar cada variável de interesse isoladamente; Fitas de urinálise – possui vários quadradinhos e cada um indica uma variável diferente após reação química que gera coloração (comparada com padrão) muito simples e feito rotineiramente. OBS.: As fitas utilizadas são humanas, por isso, existem variáveis que possuem pouco valor diagnóstico para os animais. Exemplos.: o Glicose 1 +: Em urina muito diluída: problema, pois deveria ser menor do que a presente na urina concentrada; Em urina muito concentrada: valor normal. o Proteinúria: É normal ter leve quantidade de proteína na urina muito concentrada. Já na diluída não. pH urinário Varia conforme a dieta Herbívoros Alcalino; Carnívoros Ácido. IMPORTANTE.: - Alguns cálculos podem aparecer em urina alcalina, enquanto outros surgem em urina ácida – a urolitíase é dependente não só do cristal que vai formar o urólito, mas também do pH (determina a precipitação do urólito); - A avaliação pode ser feita por fitas reagentes (rotineiramente utilizadas) ou por medidores de pH (pHmetros de bancada). Proteína (Proteinúria) Normalmente são vistos traços (pequenas [ ]), mas existem doenças que levam a proteinúria; Importante: deve sempre ser interpretada junto com o sedimento urinários e densidade urinária. Glicose (Glicosúria) Importante: deve ser realizada simultaneamente à avaliação da glicemia Toda a glicose é reabsorvida pelos túbulos, porém, em excesso no plasma, acarretará uma reabsorção falha (>170 mg/dl). OBS.: Glicose volta para os túbulos por reabsorção Em pacientes com diabetes a alta [ ] de glicose excede a capacidade de reabsorção tubular Glicosúria. Glicosúria + hiperglicemia: diabetes. Glicosúria na ausência de glicemia: injúria tubular; Pode ser de origem fisiológica (estresse), farmacológica (adrenalina, corticosteroides, glicose etc.) ou patológica (diabetes, hiperadrenocorticismo, intoxicações etc.). OBS.: Normalmente a presença de glicosúria indica alguma lesão. Cetonas (Cetonúria) A cetona é proveniente da degradação de gorduras; Cetonúria é importante principalmente nos casos onde há perda de peso importante (inanição), mal balanceamento nutricional, jejum prolongado e diabetes. Bilirrubina (Bilirrubinúria) Em cães, os túbulos podem conjugar uma pequena quantidade de bilirrubina, por isso, é comum identificar uma pequena fração de bilirrubina na urina; A bilirrubinúria precede a formação de icterícia; Situações como hemólise, doença hepática ou obstrução biliar podem gerar hiperbilirrubinemia e hiperbilirrubinúria. Sangue (hematúria) Atenção: alguns pigmentos aparecem na fita como sangue! Hemoglobinúria e Mioglobinúria x Hematúria – é importante diferenciar pela interpretação conjunta do sedimento urinário. OBS.: Hemoglobina e mioglobina podem reagir na variável sangue, por isso, sempre deve-se olhar o sedimento urinário: se houver hemácias no sedimento é hematúria; se não houver hemácias no sedimento é hemoglobina ou mioglobina. Causas de hemoglobinúria: hemólise (causas pré- renais) ou lise eritrocitárias (causas pós-renais); A fita não diferencia hemácia, hemoglobina e mioglobina! – Exemplos.: Animal anêmico: presença de hemoglobina,pois está perdendo hemácias; Fazer outros testes, como a precipitação com o sulfato de amônio – se liga a hemoglobina impedindo sua precipitação Resultado positivo indica a presença de mioglobina. ANÁLISE DO SEDIMENTO URINÁRIO É realizada por microscopia após a centrifugação da urina em baixa velocidade (2.000-2.500 rotações por 5 minutos); É extremamente importante para identificar substância presentes na urina e localizar a lesão no trato urinário: Proteinúria (perda renal x infecção urinária); Hematúria x Hemoglobinúria. Preparação adequada da amostra e uso correto do microscópio; Levar em consideração o método realizado para a coleta da urina. OBS.: Se feita após a análise de sedimento, a análise física poderia ser comprometida. IMPORTANTE.: Infecções urinária: Presença de células de descamação da bexiga: infecção na bexiga; Presença de células do epitélio tubular: infecção nos rins. Tipos celulares na urina Existem três tipos celulares: Células epiteliais; Hemácias; Leucócitos. Células epiteliais Podem aparecer em pequeno número e não são vistas em todos os campos de observação – Exemplo: contagem de 100 células em 10 campos Resultado: 10 células epiteliais por campo; Causas inflamatórias e neoplásicas; O número varia também conforme o tipo de coleta – Cistocentese (trauma mínimo se feito de forma adequada, não favorece a descamação) x Sondagem uretral (atrito pode promover descamação e sangramento); Em caso de aumento substancial, pode-se corar para avaliação morfológica. o O formato da célula epitelial indica sua origem: Caudatas (cauda): pelve renal; Transicionais (células grandes, com grande núcleo): bexiga; Escamosas (grandes com núcleo pequeno): vaginais ou prepuciais; Renais (menores que as transicionais e relação núcleo-citoplasma muito próxima): rins. Hemácias (Hematúria) De 0 a 3 eritrócitos/campo – valor normal: animal não tem hematúria; Seu aumento representa inflamação (lesão de mucosa, vasodilatação, mediadores inflamatórios favorecem a translocação de células do meio intra para o extravascular – pequeno grau de hemorragia) e/ou hemorragia; Presença de cilindros (cilindros hemáticos) representa lesão hemorrágica renal; Coleta por sondagem pode causar um leve aumento dos eritrócitos na urina. Leucócitos (Piócitos/Piúria) De 0 a 3 leucócitos/campo – valor normal; Em número aumentado presenta processo inflamatório – localização varia de acordo com outros achados. Não se utiliza corantes, por isso, são identificados pela presença de grânulos. Importante: piócitos são maiores que os eritrócitos e não é possível distinguir núcleo e citoplasma (lâmina não corada). Hemorragias extensas: impossível contar a quantidade de hemácias por campo Informa como incontável ou campo cheio. OBS.: Também serve para piócitos e células epiteliais. OUTRAS ESTRUTURAS Cilindros (Cilindrúria) Formados no interior dos túbulos renais – células se aglomeram e ganham formato cilíndrico dentro do néfron (túbulos); Em situações normais são pouco observados; Normalmente avaliados em conjunto com a análise química. OBS.: Cilindro composto por hemácia: cilindro hemático – Pode-se dizer com certeza que a hemorragia veio do rim; Cilindro composto por células epiteliais: cilindro epitelial; Cilindro composto por proteína: cilindro hialino – Indica perda de proteína de origem renal. Cristais (Cristalúria) Precipitação dos sais urinários quando sua solubilidade está afetada (pH, temperatura e concentração); Representante de processos intoxicantes ou de insuficiência de outros órgãos; CUIDADO: diferenciar cristais de cálculos urinários! – a presença de cristais não indica a presença de cálculos, porém, se o animal tiver cálculos, muito provavelmente o cristal encontrado está participando da formação e faz parte da constituição do mesmo. Exemplos.: Cristais de amônia indicam hiperamorinemia; Cristais de oxalato são extremamente comuns em pequenos animais. Bactérias (Bacteriúria) Ausentes em coleta por Cistocentese, porém, presentes em coletas por sondagem ou micção espontânea; Sua presença é indicativa de infecção, mas deve-se tomar cuidado com o método de coleta! – associar com outros sinais clínicos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Todas as etapas da urinálise (análises física, química e do sedimento) devem ser interpretadas juntamente; Muitas vezes são necessários outros testes laboratoriais para avaliar o sistema urinário. ELETRÓLITOS Alterações nos eletrólitos estão presentes em 93% dos casos de tratamento médico (cólica médica) e em 98% dos casos cirúrgicos (cólica cirúrgica). Desequilíbrio eletrolítico Viroses são responsáveis por grande porcentagem dos casos, pois geram os 2 principais sinais que desencadeiam desequilíbrio eletrolítico, hídrico e ácido-básico: vômito e diarreia (podem estar associados ou não); Principais elementos alterados em equinos com cólica: cálcio (principal alterado nos quadros de cólica equina), magnésio, potássio (responsável pelo tônus muscular), cloreto e sódio. Importância clínica dos eletrólitos Estão envolvidos nas atividades metabólicas e são essenciais para a função normal de todas as células, exercendo função vital; Os efeitos de um desequilíbrio eletrolítico não se restringem a um órgão em particular, são sistêmicos. Exemplos: - Equino com refluxo perde água + grande quantidade de eletrólitos pela sonda, por isso, o animal morre devido a desidratação ou desequilíbrio ácido-básico. Devido à grande perda (15L/h), o animal não sobrevive por 24h se os eletrólitos não forem repostos; - Cães e gatos com diarreia de origem infecciosa ou não morre devido ao desequilíbrio eletrolítico, hídrico e ácido-básico e não devido a ação do agente. SÓDIO (Na+) Elemento mais abundante em algumas espécies; O LEC pode conter de 50 a 75% do sódio do organismo. OBS.: LEC composto por sangue, interstício (líquido nos tecidos) e compartimento transcelular (articulações, LCR); Responsável por 86% da osmolaridade sérica. o Osmolaridade - Quantidade de partículas em determinado solvente, dadas em mOsm/L; - A fisiológica varia de 200-300 mOsm/L e todos os compartimentos têm a mesma quantidade; - Menor quantidade de Na+ = Menor osmolaridade sérica (força responsável por manter a água dentro da veia, pois o Na+ é responsável por 86% dessa força) = Menor volemia = Hipóxia Morte. o Pressão osmótica Força do soluto que atrai o solvente, ou seja, puxa a água para dentro do vaso e a mantém. Não difere entre os compartimentos, mantendo o equilíbrio (homeostase), por isso, quando os elementos são perdidos do interior dos vasos a homeostase é alterada. o Osmolaridade x Volemia Para o sangue fluir dentro dos vasos é necessário ter volume, mas além disso, substância em [ ] adequadas. Distribuição da água nos diferentes compartimentos LEC (20-25% do PC): plasma, interstício e líquido transcelular; LIC (40% do PC): água intracelular. Osmolaridade em equilíbrio: 280-300 mOsm/L. Sódio controla o volume do LEC (volemia): Redução da [ ] sanguínea de Na+ (hiponatremia) Diminuição do LEC; Aumento da [ ] sanguínea de Na+ (hipernatremia) Aumento do LEC. OBS.: Animais com choque hipovolêmico Utilizar soluções salinas hipertônicas. [ ] do Na+ sérico x Grau de hidratação do paciente Muitas vezes as alterações que aparecem no exame não indicam o que está ocorrendo com o paciente, por isso, o clínico tem uma visão melhor do que o laboratorista. O Ht é um bom indicador, pois é alterado nos quadros de desidratação (hemoconcentração). Anormalidades de Na+ Exercício e sudorese; Privação hídrica; Hidratação IV – quando utilizada solução sem Na+, que promovea diluição do LEC e redução da osmolaridade; Uso de diuréticos; Doenças do TGI (vômito e diarreia) – principal alteração. o Hiponatremia BO e EQ: <132 mmol/L; Cão: <140 mmol/L; Gato: <149 mmol/L. Causas: diarreia e vômito, sequestro de líquido do TGI, colites (principal causa em cavalos), Furosemida (diurético de Alça – atua nos rins) e hidratação com soluções sem sódio. Sinais clínicos (<120 mmol/L): letargia, fraqueza, incoordenação, convulsão, coma (ppt animais jovens que perdem os reflexos de interação com o meio), edema pulmonar, hipotermia. OBS.: Nos casos de desidratação e hiponatremia intensas EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE o animal pode entrar em choque hipovolêmico, por isso, deve-se sempre medir a [ ] de Na+. Importante: para valores <120 mmol/L indica-se o tratamento com reposição lenta e gradual, ou seja, não deve-se jogar a [ ] para 140 mmol/L de uma só vez, pois poderia causar desmielinização dos neurônios; o Hipernatremia BO e EQ: Cão: Gato: >162 mmol/L. Causas (perda de fluido hipotônico): jejum, refluxo, diarreia e vômito, obstruções intestinais, peritonite (secreta água e eletrólitos e o líquido pode ser hipo ou hipertônico), diuréticos, IRC, diabetes mellitus. Déficit de água: Ganho de solutos: solução salina hipertônica e solução salina de HCO3-. Importante: não usar nenhuma das duas sem ter exame que caracterize a situação do animal; Importante: o fluido que sai pela boca, narinas ou ânus do animal pode ser hipertônico ou hipotônico, dependendo do agente patogênico. Por exemplo, Salmonella aumenta a secreção de eletrólitos, fazendo com o que o LEC fique hiponatrêmico. Outros aumentam a secreção de água, com isso, o LEC fica hipernatrêmico; Efeito adverso: sódio administrado rapidamente causa desmielinização osmótica com desintegração da mielina (mielinólise). POTÁSSIO (K+) Maior [ ] intracelular nos cavalos; Valores de referência: 3,5-4,5 (até 5 no gato); Hipocalemia: valores inferiores a 2,5 mmol/L É necessário suplementar o animal via alimentação devido a baixa [ ] de potássio no soro (NaCl 0,9%, glicose e ringer simples não possuem potássio; ringer lactato possui baixa [ ] e precisaria ser utilizado por tempo prolongado). Nesses casos, deve-se manter aferições periódicas para controlar as [ ]; A aferição de eletrólitos é feita baseada no sangue (LEC), por isso, não demonstra o que está dentro da célula. Apesar de usualmente as [ ] estarem associadas, em algumas situações o K+ é alterado no sangue devido a mecanismos de compensação, por exemplo, em quadros de acidose, quando é expulso da célula devido a maior entrada de H+ promovida pelo mecanismo de tamponamento. o Hipocalemia Causas: vômito, diarreia, obstrução intestinal, refluxo, íleo (ausência de motilidade intestinal), sudorese excessiva (equinos têm 10x mais K+ no suor e podem perder até 20L/h de suor quando em exercício no calor extenuante), IRC em gatos, alcalose e diuréticos (pouco utilizados em grandes animais). Sinais clínicos (<1,8 mmol/L): fraqueza muscular, íleo e arritmias cardíacas (taquiarritmias). o Hipercalemia (valores >6,5 mmol/L) Hemólise – fornece resultados alterados; Cetoacidose diabética; Acidose metabólica – alta [H+]: organismo joga para fora rins (micção) ou tampona Como os animais estão desidratados, o rim não funciona como auxiliador, por isso, geralmente o organismo tampona, ou seja, 60% do H+ vai para dentro da célula. Uma vez que a célula é carregada positivamente, toda vez que um H+ entra, um K+ sai (aumento da [ ] sanguínea) e o animal perde o tônus muscular. Causada por: Administrações contínuas e rápidas de soluções com K+; Obstrução uretral (RU); Ruptura de bexiga (gatos). CLORETO (Cl-) Importante relação com o HCO3- São os dois principais ânions do sangue (Cl- é o primeiro em [ ]: 100 mmol/L e HCO3- o segundo: 24 mmol/L). o Hipocloremia Íleo, vômito (estômago), diuréticos, exercício, acidose respiratória crônica, obstruções intestinais, diarreias, deslocamentos de abomaso (atonia: Cl- secretado no abomaso não é liberado para ser absorvido no intestino e ocorre redução da sua [ ] plasmática), refluxo, administração de NaHCO3; Valores de referência: BO e EQ: 90 a 105 mmol/L. Equilíbrio ácido-base Cl- demonstra a situação do equilíbrio ácido-base (promovido pelas [ ] de H+/HCO3-), pois, usualmente, quando ocorrem mudanças nos valores de Cl- ocorrem mudanças opostas nos valores de HCO3- e toda vez que esses valores se alteram o equilíbrio está alterado. Nos casos de hipocloremia, o rim percebe a diferença de cargas (perda de ânions) e começa a sequestrar todo o HCO3- que seria eliminado, levando a alcalose metabólica (base). Os valores normais ficam na faixa de 70-120 mmol/L e a partir de valores menores que 80 mmol/L o animal já entra em alcalose. É importante saber a intensidade da hipocloremia que está levando a alcalose para saber a quantidade a ser reposta para que o animal não morra. Já nos quadros de hipercloremia, o rim percebe que a alta [ ] de ânions e começa a excretar mais HCO3-, gerando acidose metabólica devido a maior [ ] de Cl- (ácido). Quando as alterações nas [ ] de Cl- são desproporcionais as do Na+ também ocorre alteração no equilíbrio ácido-base. Algumas diarreias podem expulsar muito Na+, levando a um aumento relativo de Cl-. Cl- x HCO3- Hipocloremia Aumento da [ ] de HCO3- (alcalose metabólica); Hipercloremia Redução da [ ] de HCO3- (rim joga para fora) Acidose metabólica. Exemplo: Animais com deslocamento de abomaso devem receber reposições de Cl- antes de irem para a cirurgia de correção devido à baixa [ ] plasmática resultante da não liberação do Cl- para ser absorvido no intestino. Por isso, após a cirurgia não é necessário fazer reposição, mesmo que o organismo demore para voltar ao mecanismo normal; Em equinos com Íleo (parada intestinal) deve- se utilizar pró-cinéticos (lidocaína e cálcio são os mais utilizados). HEMOGASOMETRIA Exame complementar aos bioquímicos. Mede as concentrações de pH, pO2, pCO2, HCO3- e cBase no sangue (arterial ou venoso), caracterizando quadros de acidose ou alcalose respiratória e/ou metabólica. Os valores de referência variam entre as espécies, mas geralmente variam na faixa de 7,4 para pH, 90-100 para pO2, 30-40 para pCO2, 18-24 para HCO3- e 0-6 e -2-4 para cBase. A partir desses valores detecta-se as alterações: pH Valores : alcalinemia; Valores ↓: acidemia. 𝒑𝑯 = 𝒑𝑲𝒂 + 𝐥𝐨𝐠 𝑩𝒂𝒔𝒆 ([𝑯𝑪𝑶𝟑]) Á𝒄𝒊𝒅𝒐 ([𝑪𝑶𝟐]𝒙 𝟎, 𝟎𝟑) OBS.: pKa (constante) = 6,1. Importante: essa equação possibilita saber se os dados obtidos na hemogasometria batem. Exemplo: pO2 Valores ↓: hipoxemia. pCO2 Valores : acidose respiratória (bradipneia) – nos casos de broncopneumonia difusa ocorre acidose metabólica devido a impossibilidade dos pulmões liberarem CO2 e acúmulo do mesmo; Valores ↓: alcalose respiratória (taquipneia). HCO3- Valores : alcalose metabólica; Valores ↓: acidose metabólica. cBase Valores : alcalose metabólica; Valores ↓: acidose metabólica. Importante: Os valores de pH geralmente acompanham os de cBase, apesar de poder haver alcalose ou acidose metabólica sem alcalinemia ou acidemia. Já os valores de pCO2 são contrários a cBase. Quadros de acidose metabólico são compensados pela respiração (taquipneia) através do mecanismo de transformação de H+ para liberação do mesmo forma de CO2 via expiração: H+ + HCO3- H2CO3 CO2 + H2O Nos casos de broncopneumonia difusa ocorre acidose metabólica devido a impossibilidade de os pulmões liberarem CO2 e acúmulo do mesmo. Exemplo: Cão atropelado Hemogasometria: alcalinemia, hipoxemia e alcalose respiratória Pelo exame dá para induzir que o animal está com taquipneia. A concentração de íons também pode ser feita através de eletroforese para dar umavisão mais específica do animal junto com a hemogasometria. Exemplos: Vaca com deslocamento de abomaso Hemogasometria: alcalinemia, hipoxemia, alcalose respiratória Eletroforese: hiponatremia, hipocloremia e hipocalcemia Nesses casos, geralmente só se repõe o Cl-, pois os outros íons se compensam com o tempo sem precisar de reposição. FISIOLOGIA RENAL Essenciais na manutenção da homeostase: Excreção de substâncias indesejadas; Homeostase iônica – regula a absorção e excreção de íons; Homeostase ácido-básica; Homeostase osmótica – regula a absorção e excreção de água; Regulação da pressão arterial; Endócrinas Produção de Eritropoetina; Hidroxilação (ativação) da vitamina D Calcitriol (forma ativa); Metabolismo da gastrina (40%) – doente renal crônico: vômito; Degradação de polipeptídeos – insulina e hormônio de crescimento. PRÁTICA EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Gliconeogênese Faz reabsorção de glicose, porém há limiar de reabsorção renal: Cão: 180-200 mg/dL; Gato: 250-290 mg/dL; Equinos e bovinos: 150 mg/dL. Importante: se ultrapassar esse nível Glicosúria. Metabolismo de proteínas Tamanho, forma e carga da superfície permitem ou impedem a passagem; < 70 kDa Filtrado glomerular; Endocitose nos túbulos proximais. Exemplo: albumina não passa, apesar do menor tamanho, devido a possuir carga negativa, por isso, mantém nível alto no plasma. Se houver alguma lesão renal a permeabilidade glomerular estará aumentada, permitindo sua passagem e diminuindo sua [ ] plasmática A maioria das proteínas é reabsorvida nos túbulos, por isso, a proteinúria indica alguma lesão renal. ANATOMOFISIOLOGIA RENAL Aparelho urinário: - Par de rins e ureteres; - Bexiga e uretra. Morfologia Cães e gatos: forma de “grão de feijão”); Equinos: rim direito em forma de triângulo equilátero; Bovinos: rim lobulado. Importante: borda caudal e medial (hilo renal). o Duas regiões Córtex – mais externa e abaixo da cápsula renal); Medula – central. o Néfron (unidade funcional) Rede de capilares fenestrados envolvidos por uma cápsula (“Bowman”); Glomérulo e túbulo renal Composto por 6 partes: glomérulo cápsula de Bowman túbulo contorcido proximal alça de Henle túbulo contorcido distal túbulo coletor. Filtração glomerular o Capilar glomerular Endotélio, membrana basal e epitélio visceral. o Aparelho justaglomerular Mácula densa – células sensíveis a diminuição da concentração de NaCl; Células justaglomerulares – síntese de renina, que transforma o angiotensinogênio do fígado em angiotensina I, que é transformada em angiotensina II pela enzima conversora de angiotensina (ECA), presente em endotélios, ppt o vascular pulmonar. Células mesangiais – formato irregular com capacidade de contração, produzem endotelinas que são responsáveis pela contração das arteríolas eferentes e aferentes, servem de suporte estrutural ao glomérulo, são contráteis (contração das arteríolas aferente e eferentes) e promovem a fagocitose de substâncias estranhas retidas na barreira de filtração. Importante: regulador da pressão sanguínea através da maior ou menor absorção de Na+ e água. Formação da urina Soma de 3 processos renais: Filtração glomerular; Reabsorção de substância nos túbulos para o sangue; Secreção de substância do sangue para os túbulos. Intensidade de excreção urinária = Intensidade de filtração – Intensidade de reabsorção + Intensidade de secreção o Filtração seletiva do sangue Filtração glomerular (FG): H2O e constituintes não-proteicos (cápsula de Bowman); Elementos figurados do sangue e proteínas de alto peso molecular – retidos nos capilares. Dinâmica Túbulo contorcido proximal: absorção de 60-85% de água, Cl- e Na+. Absorve toda a glicose, aa’s e proteínas; Alça de Henle: responsável pelo gradiente de hipertonicidade da medular renal A parte descendente é MUITO PERMEÁVEL a água, Na+ e Cl- e a parte descendente é IMPERMEÁVEL a água, mas transporta Cl- e Na+ para o interstício; Importante: Podem indicar o local de lesão, exemplos: Passagem de proteínas de alto peso molecular Problema na cápsula de Bowman; Urina muito diluída Problema no túbulo contorcido proximal. AVALIAÇÃO CLÍNICO LABORATORIAL DO SISTEMA RENAL Ureia Síntese hepática e excreção renal. Importante: parte é absorvida para recircular e participar do mecanismo de contracorrente que ajuda na promoção da concentração da urina. Creatinina Metabolismo muscular; Avaliação da TFG (taxa de filtração glomerular); Totalmente filtrado e não reabsorvido. Importante: indicadores do funcionamento renal amplamente utilizados na rotina. Marcadores tardios, pois é necessário cerca de 75% de perda de função renal para que haja elevação dos níveis. Azotemia = Elevação dos compostos nitrogenados no sangue devido a lesão renal X Uremia = Sinais clínicos (vômito) que ocorrem devido a azotemia AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO GLOMERULAR Essencial em suspeitas de doença ou insuficiência renal; TFG está diretamente relacionada com a massa renal funcional; Parâmetros: ureia, creatinina e fósforo. 1. Creatinina Formada a partir da degradação da creatinina; Produção diária relativamente constante; Excretada pelos rins (FG); Determinada pela massa muscular: Caquexia; Machos: valores de normalidade maior do que fêmeas. INFLUENCIADO PELA MASSA MUSCULAR, GERANDO MUITOS ERROS DE INTERPRETAÇÃO! Importante: - Aumento na [ ] plasmática de creatinina indica redução na excreção renal; - Concentração sérica é inversamente proporcional a taxa de filtração glomerular. Afetada por: Fatores pré-renais (hipovolemia e desidratação) Níveis aumentados devido a hemoconcentração; Fatores pós-renais (obstrução uretral por urólito) Níveis aumentados devido a redução da excreção. Avaliação o Método colorimétrico: Amostras ictéricas possuem nível de creatinina menor. Falso aumento Diabetes cetoacidóticas; Fármacos (exemplo: Salicilatos, Cimetidina, Trimetropim). Não sofre interferência do tipo de dieta. Parâmetros: Cão: 0,5 a 1,5 mg/dL; Gato: 0,8 a 18 mg/dL; Equino: 1,2 a 1,9 mg/dL. Importante: mede melhor a função renal, pois é totalmente eliminada. 2. Ureia Sintetizada no fígado (ciclo da ornitina); Excreção renal: envolve filtração glomerular, reabsorção e secreção tubular; Concentração sérica é inversamente proporcional a velocidade de filtração glomerular; Não tem produção constante – níveis aumentados devido a dietas ricas de PTN, jejum, caquexia, inflamação (febre) Aumentam o catabolismo proteico Outras causas de aumento: Afetam o catabolismo proteico: inanição, pirexia e infecção (relacionada a febre); Desidratação: hemoconcentração; Drogas: Tetraciclinas e Glicocorticoides. Importante: Pacientes com caquexia Ureia aumentada; Pacientes muito musculosos Creatinina aumentada. 3. Dimetilarginina simétrica (SDMA) “Subproduto da metilação de proteínas intracelulares, seguida da degradação proteica que possui eliminação primária renal”; Determinação indireta da taxa de filtração glomerular; Indicador PRECOCE – pois a elevação se inicia a partir de 25% de comprometimento renal (marcante a partir de 40% de lesão renal) Permite a instituição mais rápida do tratamento e a menor progressão da doença; Ausência de influência da massa muscular; Limitações: necessidade de mais estudos. Importante: não é influenciado pela massa muscular como a creatinina, por isso, detecta melhor a gravidade da doença. URINÁLISE Densidade urinária Densidade do plasma: >1,040; Densidade do Ultrafiltrado glomerular: 1,007-1,015 (isostenúrica); Densidade da Alça de Henle: 1,001; Densidade do Ducto coletor: 1,045(mecanismo de contracorrente da ureia, Na+ e ação do ADH). o Doente renal crônico 1,006-1,020: urina isostenúrica 1,008-1,012 Animal pode ter problema tanto no glomérulo como no túbulo. Importante: urina com densidade baixa indica que os túbulos não estão funcionando, ou seja, não está concentrando a urina. o Diabetes insípidus 1,001 a 1,012 (< 1,008) Sem ação do ADH: urina diluída (hipoistenúrica); Problema na adenohipófise ou no hipotálamo; Teste de privação hídrica: mesmo tirando água do animal a urina não se concentra (no animal normal o ADH agiria reabsorvendo água e concentrando a urina para manter o equilíbrio hídrico). o Sedimentos Cilindrúria: granulosos (IRA – perda de células epiteliais e de defesa, bactérias etc.), hialinos (proteinúria) e céreos (IRA com formação de supernéfron); Cistite (inflamação) Até 30% em doentes renais crônicos. Importante: urina muito diluída reduz a quantidade de proteínas e células relacionadas a proteção das vias urinárias, promovendo cistite. Glicosúria Importante: ocorre em lesões muito graves. o Síndrome de Fanconi Não é comum; Alteração da função tubular – impede a reabsorção de glicose; Paciente hipo ou normoglicêmico – quando o mais comum é encontrar em paciente diabético. Proteinúria persistente Considerada diagnóstico precoce para doença renal, pois há liberação de células sanguíneas e leucócitos (proteína); 2-3 exames no período de 1-2 meses (pelo menos 3 exames de 15-15 dias) – urina muito concentrada causa falsa proteinúria Alteração deve persistir; Ausência de sedimento urinário ativo. Microalbuminúria o Microalbuminúria persistente Diagnóstico precoce de doença renal crônica; Detecta perda da permeabilidade seletiva glomerular e/ou da diminuição de reabsorção pelos túbulos proximais. Relação proteína/Creatinina urinária Relação da quantidade de proteína (baixa) que passa em relação em a quantidade de creatinina (alta); Primeiro marcador de doença glomerular; Indicador de lesão tubular; Ausência de sedimento urinário ativo; Auxilia no tratamento. o Paciente normal Proteína: passa pouco; Creatinina: passa tudo. Valor bem baixo (< 0,2). o Paciente com lesão renal Proteína: passa mais (aumento da permeabilidade glomerular); Creatinina: passa menos (problema na filtração). Valor aumentado Quanto pior a lesão maior o valor. Importante: - A própria proteinúria leva a lesão glomerular, pois aumenta sua função para maior filtração e algumas são tóxicas; - Não diferencia se é lesão glomerular ou tubular (na maioria das doenças renais ocorrem as duas). Gama Glutamil Transferase (GGT) urinário Enzima presente na membrana das células epiteliais tubulares proximais – borda em escova; Indicativo de dano tubular epitelial proximal: Dano no túbulo proximal Extravasamento Alta [ ] na urina Importante: mais utilizado para detectar o local de lesão; A amostra não deve ser congelada, pois o descongelamento prejudica a atividade da enzima (inativa). CASOS CLINICOS 1. Cão Macho, 2 anos, vômito, diarreia, desidratação, prostração, oligúria, início agudo. Não vacinado. Proprietária relata ter aplicado gentamicina por conta própria (NEFROTÓXICA). Exames solicitados? Ureia e creatinina: Azotemia. Densidade urinária: >1,050 (hiperstenúrica). OBS.: Geralmente quando está alta indica lesão renal aguda (necrose, degeneração e perda de proteína, aumentando a densidade urinária). Relação proteína creatinina urinária: > 0,5 Proteinúria. GGT urinário: Elevado – Gentamicina é tóxica (causa lesão tubular). Diagnóstico: Insuficiência renal aguda secundária a fármaco com nefrotóxica. 2. Gato Macho, 20 anos, Persa, emagrecimento, poliúria, polidipsia, vômito e fezes ressecadas. Exames solicitados? Hemograma completo: Anemia não regenerativa – não há produção de EPO no doente renal crônico; Leucocitose, neutrofilia, monocitose, linfopenia – leucograma de estresse (doença renal crônica causa estresse). Creatinina (1,5 mg/dL): Não azotêmico. SDMA: 22 µg/dL (elevado). Densidade urinária: 1,018 (limite da hiperestenúria). Relação proteína/creatinina urinária 0,6 Proteinúria. Diagnóstico: Doença renal crônica, estágio 2. 3. Equino Macho, 5 anos, Mangalarga marchador, animal sedentário, saiu para uma cavalgada intensa no final de semana. Exame clínico: Desidratação, sensibilidade muscular, dor em região lombar, urina enegrecida. Exames solicitados? Urinálise: Mioglobinúria; Densidade – hiperstenúrica. Creatinina: 9,59 (1,2-1,9 mg/dL). Ureia: 263 (21,4-51,36 mg/dL). Hipernatremia e hipercalemia. Diagnóstico: Rabdomiólise com IRA Exercício intenso Músculo trabalha em anaerobiose Produz ácido-lático Destrói miofibrilas Libera mioglobina Atinge a corrente sanguínea Passa pelos rins Lesão Declínio abrupto e sustentado da filtração glomerular Azotemia IRA.
Compartilhar