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MEDICINA LEGAL POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 2 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. Copyright © 2019 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da Loja do Concurseiro. Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja do Concurseiro. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 3 PROGRAMA MEDICINA LEGAL: 1. Perícias e Peritos. 1.1. Documentos médico-legais. 1.2. Quesitos oficiais. 1.3. Perícias médicas. 1.4. Legislação sobre perícias médico-legais. 2. Traumatologia Médico- legal. 2.1. Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico. 2.2. Energias de Ordem Mecânica. 2.3. Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias. 2.4. Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, radiações, luz e som. 2.5. Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral. Asfixias em espécie: por gases irrespiráveis, por monóxido de carbono, por sufocação direta, por sufocação indireta, por afogamento, por enforcamento, por estrangulamento, por esganadura, por soterramento e por confinamento. 3. Tanatologia Médico-legal. 3.1. Tanatognose e cronotanatognose. 3.2. Fenômenos cadavéricos. 3.3. Necropsia, necroscopia. 3.4. Exumação. 3.5. “Causa mortis”. 3.6. Morte natural e morte violenta. 4. Sexologia Médico-legal. 1. TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL CONCEITO Estuda as lesões e os estados patológicos imediatos ou tardios produzidos por violência sobre o corpo humano, em estado de repouso ou em movimento. (França, 2008) ENERGIAS - Energias de ordem mecânica; - Energias de ordem física; - Energias de ordem físico-química; - Energias de ordem química; - Energias de ordem bioquímica; - Energias de ordem biodinâmica; - Energias de ordem mista. ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA (Instrumentos) INSTRUMENTOS MECÂNICOS E SUAS RESPECTIVAS LESÕES TIPOS DE ARMAS - Armas próprias (punhais, revólveres, soqueiras); - Armas impróprias (faca, navalha, foice, facão, machado); = Armas naturais (punhos, pés, dentes). (França, 2008) AÇÃO DOS INSTRUMENTOS - Perfurantes; - Cortantes; - Contundentes; - Pérfuro-cortantes; - Pérfuro-contundentes; - Corto-cortundentes. (França, 2008) I. INSTRUMENTO PERFURANTE 1. DEFINIÇÃO: É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória. 2. INSTRUMENTOS: Esses instrumentos propriamente ditos possuem forma cilíndrica-cônica, são alongados, finos e pontiagudos. 3. MECANISMO DE AÇÃO: Atuam por pressão através da ponta e afastamento das fibras do tecido. 4. LESÕES: As lesões produzidas por estes instrumentos são soluções de continuidade que se denominam feridas punctórias. 5. DIAGNÓSTICO: O tipo de instrumento será diagnosticado pela qualidade das lesões. 6. PROGNÓSTICO: É extremamente variável. 7. NATUREZA JURÍDICA: Geralmente homicídios, não é de se desprezar a possibilidade de acidente comum ou do trabalho. Como meio de suicídio não é muito frequente. 8. PERÍCIA: A perícia envolve sempre o exame das lesões em sua forma, aspecto, dimensões e demais caracteres que sirvam não só para a determinação diagnóstica, mais ainda para pesquisar o instrumento que as produziu. MEDICINA LEGAL POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 4 LESÃO PRODUZIDA POR AÇÃO PERFURANTE: (feridas punctórias). - Abertura estreita; - Pouca nocividade na superfície; - Afastando as fibras do tecido e, muito raramente, seccionando-as; - São de raro sangramento; - Quase sempre de menor diâmetro que o do instrumento causador, graças à elasticidade e à retratilidade dos tecidos cutâneos; - O estilete, a sovela, a agulha e furador de gelo. II. INSTRUMENTO CORTANTE 1. DEFINIÇÃO: É todo instrumento que atuando linearmente sobre o organismo. 2. INSTRUMENTOS: Navalha, bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado etc. 3. MECANISMO DE AÇÃO: Agem por pressão e deslizamento produzindo a secção uniforme dos tecidos. 4. LESÕES: Possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia geralmente abundante. 5. DIAGNÓSTICO: É necessário estudar cuidadosamente os caracteres da lesão, não sendo omitido o exame minucioso das vestes quando a região afetada era coberta por ela. 6. PROGNÓSTICO: Depende da sede comprometida, da extensão e profundidade do ferimento. 7. NATUREZA JURÍDICA: Podem variar, é homicida frequentemente, mas pode tratar-se de lesão de defesa (indicativo de luta) ou mesmo suicida. 8. PERÍCIA: Elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, regularidade, lesões de defesa. LESÃO PRODUZIDA POR AÇÃO CORTANTE: ferida incisa - Age por mecanismo de deslizamento sobre os tecidos; - As extremidades são mais superficiais e a parte mediana mais profunda; - Presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento; - Hemorragia quase sempre abundante; - Afastamento das bordas da ferida; - Predominância do comprimento sobre a profundidade; - A navalha, a lâmina de barbear e o bisturi. E MAIS: - Esquartejamento: dividir o corpo em partes (quartos), por amputação ou desarticulação. - Decapitação: separação da cabeça do corpo e pode ser oriunda de outras formas de ação além da cortante. - Degolamento: secção quase total do pescoço feita pela sua parte posterior. - Esgorjamento: secção das partes anteriores do pescoço. III. INSTRUMENTO CONTUNDENTE 1. DEFINIÇÃO: É todo instrumento ou objeto rombo agindo traumaticamente. 2. INSTRUMENTOS: São de natureza sólida, líquida, gasosa, naturais, usuais e eventuais. 3. MECANISMO DE AÇÃO: Ativo, Passivo e Misto. 4. LESÕES: A resultante da ação desses instrumentos depende da intensidade do seu movimento e de sua dinâmica traumatizante (Rubefação, Edema, Escoriação, Equimose, Hematoma, Bossa sanguínea, Bossa linfática, Luxação, Fratura e Ferida contusa). 5.DIAGNÓSTICO: Na apreciação detalhada das equimoses é preciso distingui-las das hipóstases, equimoses espontâneas post mortem, pseudo- equimoses e doenças. 6. PROGNÓSTICO: O prognóstico depende da lesão em si, conforme a região, ferida seccionando ou dilacerando órgãos importantes, e dependendo do peso da arma e força viva com que esta é acionada. 7. NATUREZA JURÍDICA: Essas lesões podem significar dependendo da sede, a natureza de uma violência. 8. PERÍCIA: A importância de realização de uma perícia bem feita, traduz a possibilidade da identificação do agente da lesão e também, o tipo ou natureza do crime. Lesão produzida por ação contundente: contusões abertas ou fechadas - Rubefação; - Edema traumático; - Escoriação; - Equimose; - Hematoma; - Bossa sanguínea; POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 5 - Ferida contusa; - Fratura; - Luxação; - Entorse; - Encravamento e empalamento. RUBEFAÇÃO Caracteriza-se pela congestãorepentina e momentânea de uma região do corpo atingida pelo traumatismo, evidenciada por uma mancha avermelhada, efêmera e fugaz, que desaparece em alguns minutos, daí sua necessidade de averiguação exigir brevidade. Como exemplo podemos citar a bofetada, em que muitas vezes ficam impressos os dedos do agressor. EDEMA TRAUMÁTICO Alteração circulatória que vai além da rubefação, e o líquido intercelular aumenta, produzindo distensão e elevação cutânea. ESCORIAÇÃO É a exposição da derme devido ao arrancamento da epiderme por ação tangencial de um instrumento mecânico. É o arrancamento da epiderme e o desnudamento da derme, das quais fluem serosidade e sangue. Nas escoriações post-mortem, não há formação de crostas; a epiderme é branca, não há serosidade e nem sangue. EQUIMOSE Infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos. Quando em pequenos grãos, recebem o nome de sugilação e, quando em forma de estrias, são denominadas víbice. Petéquias são pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAND ou SAULLE Avermelhada no primeiro dia; Violácea no segundo e terceiro dia; Azulada do quarto ao sexto dia; Esverdeada do sétimo ao décimo dia; Amarelada por volta do décimo segundo dia; Finalmente desaparece em 15-20 dias. HEMATOMA Extravasamento de sangue de um vaso bastante calibroso e a sua não difusão nas malhas dos tecidos moles, formando-se no interior do tecido verdadeiras cavidades, onde surge uma coleção sanguínea; Em geral faz relevo com a pele, tem delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais demorada que a equimose. BOSSA SANGUÍNEA A bossa sanguínea diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre sobre um plano ósseo e pela sua saliência bem pronunciada na superfície cutânea. É comum nos traumatismos de couro cabeludo. França, 2008 FERIDA CONTUSA Lesão aberta cuja ação contundente foi capaz de vencer a resistência e elasticidade dos planos moles. Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas; Presença de pontes de tecido íntegro ligando as vertentes; Pouco sangrantes. FRATURA Solução de continuidade dos ossos, podendo ser diretas, quando provêm do próprio local do traumatismo, e indiretas, quando provêm de violência numa região distante do local fraturado. Podem ser simples ou cominutivas, fechadas ou expostas, completas ou incompletas. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 6 LUXAÇÃO Deslocamento de dois ossos cujas superfícies de articulação deixam de manter suas relações de contato. Perda de contato entre as suas superfícies articulares. As articulações mais acometidas são as do ombro, cotovelo, joelho e tornozelo. ENTORSE Lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos, incidindo apenas sobre os ligamentos. (França, 2008) ENCRAVAMENTO Produzido pela penetração de um objeto afiado e consistente em qualquer parte do corpo de origem geralmente acidental. (França, 2008) EMPALAMENTO Essa forma especial de encravamento caracteriza-se pela penetração de um objeto de eixo longitudinal, na maioria das vezes, consistente e delgado, no ânus e na região perineal. As lesões são geralmente múltiplas e variadas, sua profundidade varia de acordo com o impacto e as dimensões do objeto contusivo. IV. INSTRUMENTO CORTO-CONTUNDENTE 1. DEFINIÇÃO: São instrumentos que possuem gume rombo, de corte embotado e que agindo sobre o organismo, rompe a integridade da pele, produzindo feridas irregulares. 2. INSTRUMENTOS: Machado, foice, facão, enxada, moto- serra, rodas de trem etc. 3. MECANISMO DE AÇÃO: Agem por pressão e percussão ou deslizamento. A lesão se faz mais pelo próprio peso e intensidade de manejo. 4. LESÕES: A forma das feridas varia conforme a região comprometida, a intensidade de manejo, a inclinação, o peso e o fio do instrumento. 5. DIAGNÓSTICO: Feito com base no tipo de lesão, depende da lesão em si. 6. PROGNÓSTICO: Geralmente grave quanto à vida ou em hipótese mais benigna, quanto à importância de um dano. 7. NATUREZA JURÍDICA: É mais frequente no homicídio e no acidente, sendo raro no suicídio. 8. PERÍCIA: o aspecto da escoriação é suficiente para indicar se o ferimento foi feito num indivíduo vivo ou num cadáver. LESÃO PRODUZIDA POR AÇÃO CORTO-CONTUNDENTE: FERIDA CORTO-CONTUSA. - São influenciados pela ação contundente, quer pelo próprio peso, quer pela força ativa de quem os maneja; - Não apresentam cauda de escoriação e nem pontes de tecidos íntegros; - Geralmente provoca mutilações; - Foice, o facão, o machado, a enxada, a guilhotina, a serra elétrica, as rodas de um trem, a tesoura, as unhas e os dentes. V. INSTRUMENTO PÉRFURO-CORTANTE 1. DEFINIÇÃO: São aqueles que além de perfurar o organismo exercem lateralmente uma ação de corte. 2. INSTRUMENTOS: Facas, punhais, canivetes, baionetas etc. 3. MECANISMO DE AÇÃO: Perfura = Pressão Corta = Secção 4. LESÕES: Variável, dependem do tipo de instrumento. 5. DIAGNÓSTICO: Deve ser orientado no sentido de se caracterizar a natureza da lesão, condicionada ao instrumento que a produziu. 6. PROGNÓSTICO: Depende do local, profundidade e largura da lesão. 7. NATUREZA JURÍDICA: - Lesão Corporal – Suicídio – Homicídio – Acidente 8. PERÍCIA: Dificilmente podemos calcular a largura do instrumento pelo tamanho do ferimento. Contudo o perito pode dar a idéia genérica do elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, regularidade, lesões de defesa etc. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 7 LESÃO PRODUZIDA POR AÇÃO PÉRFURO- CONTUNDENTE (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO): FERIDA PÉRFURO-CONTUSA. - Ferimento de entrada - Ferimento de saída - Trajeto Provocam as zonas de queimadura, esfumaçamento e tatuagem. TIRO ENCOSTADO EM CONTATO COM O CRÂNIO (DISTÂNCIA ZERO) - O projétil abre caminho para o cone de explosão; - Perfura a calota craniana; - Com a pressão a pele não resiste e estoura de dentro para fora; - Formação de uma ferida de forma estrelada; - “Buraco de mina” ou em “boca de mina” (câmara de mina Hoffmann); - Permite deixar impresso na pele o desenho da boca ou da massa de mira do cano (sinal de Werkgaertner), produzido por sua ação contundente ou pelo seu aquecimento. TIRO DADO À QUEIMA-ROUPA (GERALMENTE ATÉ 10CM) - Somam-se às lesões produzidas pelo projétil as alterações causadas pelo cone de explosão gases superaquecidos (queimadura), grãos de pólvora incombusta (tatuagem) e fuligem que circunscreve a ferida de entrada (esfumaçamento); - Zona de queimadura ou zona de chamuscamento; - Zona ou orla de esfumaçamento ou tisnado; - Zona ou orla de tatuagem. TIRO À CURTA DISTÂNCIA (GERALMENTE DE 10 A 50 CM) - Somam-se às lesões produzidas pelo projétil as zonas de esfumaçamento e tatuagem; TIRO À MÉDIA DISTÂNCIA (GERALMENTE DE 50CM ATÉ 60 A 70 CM) - Somam-se às lesões apenas a zona de tatuagem FERIMENTO DE ENTRADA: TIROS À LONGA DISTÂNCIA (GERALMENTE DE 60 A 70 CM EM DIANTE) - Zona de contusão ou orla de Chavigny; - Orla de escoriação; - Orla de enxugo ou de limpadura; - Forma circular (perpendicular) e ovalar (obliquo); - Orla equimótica; - Bordas invertidas; - Diâmetro geralmente menor em relação a saída. REVÓLVER E PISTOLA UTILIZADOS NO BRASIL FERIMENTO DE SAÍDA - Forma irregular; - Bordas reviradas para fora, ou seja, a derme e a epiderme são impelidas de dentro para fora; - Fragmentos de tecidos internos exteriorizam-se pela lesão; - São mais sangrantes, pelo maior diâmetro, pela irregularidade da forma e eversão das bordas; - Não exibem orla de enxugo nem de contusão. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 8 TRAJETO Caminho percorrido pelo projétil no interior do corpo. Teoricamenteé representado por uma reta interposta entre o ferimento de entrada e o de saída. Pode ser um canal fechado ou um canal aberto, dependendo de transfixa ou não o corpo. TRAJETÓRIA Percurso desenvolvido pelo projétil desde a saída do cano da arma até o seu repouso final, que pode ser ou não no corpo da vítima. PROJÉTEIS Baixa Energia: velocidades de 100 m/s até 500 m/s, na saída do cano da arma. Alta Energia: velocidades de 500 m/s até 1.200 m/s, na saída do cano da arma. CONCLUSÃO Um mesmo instrumento poderá ocasionar vários tipos de lesão, dependendo apenas do seu modo de ação. CONCEITOS BÁSICOS 1. TRAUMATISMO (trauma): Qualquer lesão, por ação de um agente exógeno. EX: FAF, FAB, etc. 2. LESÃO: a) Medicina Curativa: Alteração morfofuncional de um órgão. b) Medicina Pericial: Qualquer modificação de normalidade de origem externa, provocando dano pessoal em decorrência de culpa, dolo ou acidente. c) Doutrina Penal: Consequência de um ato violento. d) Lesão Corporal: Atingem a integridade física e psíquica de alguém. e) Lesão Pessoal: Atingem ao corpo, saúde e à mente. f) CONCEITOS BÁSICOS Classificação das lesões corporais: QUANTIDADE: Leves, Graves, Gravíssimas e Seguida de morte. QUALIDADE: 1º. Ofensa a integridade física, 2º. Incapacidade para ocupações habituais e 3º. Incapacidade laboral. 3. VIOLÊNCIA: É toda ação material ou pressão moral exercida contra uma pessoa, visando submetê-la a vontade de outrem (Física, Moral, Presumida). 4. CAUSA: É o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinada lesão, suscitando uma relação entre causa e efeito. CONCEITOS BÁSICOS 5. CONCAUSA: São os fatores que se associam para o agravamento ou melhora de uma lesão, geralmente são alegadas quando se produz agravamento. 6. FERIDA: É o retrato do ferimento e este é o ato, a ação de ferir. Ex: Pedro foi atropelado (ferimento) e sofreu as seguintes lesões (feridas). 7. SEDE DAS LESÕES: É a região anatômica da vítima onde foi aplicado o trauma. É de interesse médico e jurídico. 8. AGENTES TRAUMATIZANTES: São Energias Físicas, Mecânicas, Químicas, Físico-químicas, Bioquímicas, Biodinâmicas e Mistas. ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA CONCEITO Todas as lesões produzidas por uma modalidade de ação capaz de modificar o estado físico dos corpos e de cujo resultado podem surgir ofensa corporal, dano a saúde ou a morte. (França, 2008). ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA • Eletricidade; • Temperatura; • Pressão atmosférica; • Radioatividade; • Som; • Luz. ELETRICIDADE São frequentes as lesões e principalmente a morte por eletricidade. Atua, nestes casos, a eletricidade natural ou industrial. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 9 ELETRICIDADE NATURAL É a energia originada nas descargas elétricas provocadas pelos raios e pelos relâmpagos, resultantes de uma diferença de potencial entre a face inferior da nuvem e a terra. • “fulminação” descargas elétricas que produzem a morte. • “fulguração” quando apenas provoca lesões localizadas. EXAME DO CADÁVER • Atentar para o estado das vestes e presença de objetos metálicos fundidos e queimaduras da pele adjacente a esses objetos nos bolsos, cintos etc.; • O exame interno, em geral, evidencia apenas sinais gerais de asfixia. Nos que morrem dias depois do acidente, encontram-se focos de necrose no cérebro, na medula e em nervos periféricos. LESÕES ARBORIFORMES DE LICHTEMBERG Lesões na pele das vítimas, como desenhos ramificados de aspecto vermelho-escuro ou amarronzado, que são provocados, em função do efeito térmico sobre os vasos superficiais da pele, provocando uma paralisia vascular que pode desaparecer com a sobrevivência. Representa a área de entrada da energia elétrica no corpo da vítima. A lesão de saída, normalmente situada no pé, ponto de contato com o chão. MECANISMO DE MORTE As vítimas de fulminação morrem por parada cardiorrespiratória devido lesão dos neurônios dos centros respiratórios. ELETRICIDADE INDUSTRIAL A ação dela se chama eletroplessão. É a energia produzida por geradores e destinada às atividades humanas na vida cotidiana, em casa, no lazer, no trabalho, nas indústrias, etc. LESÃO DE ENTRADA • Marca elétrica de Jellinek. Resultante do contato do condutor da energia com o corpo da vítima. Neste local forma-se uma lesão de contornos nítidos, esbranquiçada, endurecida, com o centro deprimido, bordos elevados, por vezes, no formato do condutor. • Metalização metálica. Pode ocorrer metalização por deposição de partículas de fusão do metal, fazendo uma tatuagem superficial na área de contato do eletroduto. • Queimadura elétrica. Apresenta a forma de escara pardacenta ou escura, bordas nítidas e não apresenta flictenas, podendo ou não apresentarem as marcas do condutor, sendo resultantes da transformação da energia elétrica em térmica, que é o efeito Joule. SAÍDA Eventualmente pode haver, uma marca de saída, mas é de maior amplitude e de consistência mole, contrastando com a entrada. Quando a saída da eletricidade ocorre em uma extremidade que está imersa na água, diretamente inexiste marca de saída, haja vista que a área de difusão é muito grande. CORRENTES ELÉTRICAS • As correntes de baixa tensão, não passam de 120 volts; • As correntes de média tensão, entre 120 volts e 1.200 volts; • As correntes de alta tensão, acima de 1.200 volts. MECANISMO DE MORTE • Parada Cardíaca. Explicada pelo efeito da corrente elétrica sobre o coração, provocando fibrilação ventricular, que acontece preferencialmente no lar; • É quando a pessoa tem as mãos molhadas, está descalça e toca num condutor abaixo de 120 volts; • Na maioria das vezes ocorre no banheiro. Entre o choque e a queda inconsciente passam-se cerca de 15 segundos. • Insuficiência Respiratória. Pela asfixia secundária a tetanização dos músculos respiratórios, edema agudo pulmonar e morte; • A observação tem demonstrado que a parada da respiração antecede a parada do coração; • Ocorre nas tensões de 120 volts a 1.200 volts. • Morte Cerebral. Hemorragia intracraniana devido lesão encefálica; • Ocorre num condutor acima de 1.200 volts; • Devido a alta tensão, surgem as lesões mistas, ou seja, à marca elétrica e à queimadura elétrica. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 10 TEMPERATURA As modalidades: • O frio (hipotermia); • O calor (hipertermia). HIPOTERMIA • O frio pode atuar de maneira localizada ou difusa; • Admite-se que a compensação espontânea se dá, automaticamente, até que a temperatura retal atinja 30ºC; por vezes, até 25ºC; • Embora a forma acidental seja mais constante, não é raro o caráter doloso, principalmente em abandono de recém-nascidos. FRIO LOCALIZADO Lesão conhecida como geladura, muito parecida com as queimaduras pelo calor e tem classificação em graus. (França, 2008). QUEIMADURAS • Primeiro grau – palidez ou rubefação local e aspecto anserino da pele; • Segundo grau – eritema e formação de bolhas ou flictenas de conteúdo claro e hemorrágico; • Terceiro grau – necrose dos tecidos moles com formação de crostas enegrecidas; • Quarto grau - gangrena ou desarticulação. FRIO DIFUSO • Não existe uma lesão típica; • A perícia deve orientar-se aos fatores individuais da vítima, tais como: fadiga, depressão orgânica, idade, alcoolismo e certas perturbações mentais, para determinar a causa da morte; • O resfriamento do corpo inicialmente reduz, e em certos níveis inibe, a cessão do oxigênio, por parte das hemácias, aos tecidos. Esse fenômeno explica à alteração do sistema nervoso central. HIPERTERMIA O calor pode atuar de duas formas: Difusa • Insolação, em que a fonte de calor é natural, o sol; • Intermação, em que a fonte de calor é artificial (fornalha, caldeira, etc). Direta • Queimaduras.CALOR DIFUSO • A exposição de um indivíduo a ambiente de temperatura elevada pode levar ao aparecimento de distúrbios que são chamados genericamente de doenças relacionadas ao calor. Patologias preexistentes, principalmente as ligadas aos sistemas circulatórios e respiratórios, o metabolismo basal, hipofunção paratireoidiana e supra-renal do indivíduo. DIAGNÓSTICO DE MORTE • Distinguir as mortes por insolação das mortes relacionadas ao calor; • No caso de ser diretamente responsável pela morte, o diagnóstico deve ser o de insolação ou intermação. • Mas, quando o calor promove a descompensação de uma patologia prévia cardiovascular, cerebrovascular ou respiratória e leva ao óbito, sua ação é indireta. CALOR LOCALIZADO Tem por consequência as queimaduras, advindas das ações da chama, do calor irradiante, dos gases superaquecidos, dos líquidos escaldantes, dos sólidos quentes e dos raios solares. QUEIMADURAS • Primeiro grau – Eritema simples (Sinal de Chistinson); • Segundo grau – Além do eritema, apresentam flictenas (“bolhas”), existindo em seu interior líquido, rico em albumina e cloretos (sinal de Chambert); POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 11 • Terceiro grau – Escarificação (necrose) dos tecidos moles, geralmente ou chamas ou sólidos superaquecidos; • Quarto grau – Carbonização do plano ósseo. Podem ser locais ou generalizadas. LESÕES POR PRESSÃO ATMOSFÉRICA Quando a pressão atmosférica alterna para mais ou para menos do normal, pode importar em danos à vida ou à saúde do homem. Podemos chamar o conjunto dessas alterações de baropatias. (França, 2008). PRESSÃO ATMOSFÉRICA • Diminuição da pressão ou rarefação – ocorre nas grandes altitudes. As perturbações resultantes são denominadas “mal das montanhas”; • Aumento da pressão – ocorre abaixo do nível do mar, principalmente sob a água. Os mergulhadores expostos a descompressões bruscas podem sofrer perturbações denominadas “mal dos caixões”. RADIOATIVIDADE • Onda eletromagnética utilizada na medicina para fazer diagnósticos (caso dos raios-x) e para tratar câncer (radioterapia). Tem efeito cumulativo e provocam lesões denominadas radiodermites que em geral incidem sobre órgãos profundos, principalmente as gônadas. • Radiação de partículas (alfa, beta, prótons, deuteron, meson) provenientes de ondas explosivas. Os efeitos dessa modalidade de energia são de ordem traumática, térmica e radioativa. SOM A orelha humana suporta 90dB de ruído por 8 horas diárias, cinco dias por semana, necessitando de silêncio relativo no resto do tempo. Ultrapassando esses limites, haverá perda auditiva progressiva e irreversível (doenças ocupacionais, ruído urbano, discoteca, fones de orelha etc.)(França, 2008). LUZ A ação intensiva da luz sobre os órgãos da visão pode levar a consequências graves, como a cegueira total. • Infravermelho e ultravioleta; • O raio Laser. ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA CONCEITO São as energias de ordem química que, em contato com organismo, provocam lesões externas ou internas. São representadas pelos caústicos e venenos. DIVISÃO • Energias químicas externas (cáusticos); • Energias químicas internas (venenos). CÁUSTICOS • A lesão é destrutiva, de acordo com sua natureza química; • Ao cicatrizar, normalmente produz sequela, representada por deformidade permanente; • Se ingeridos, produzem lesões nas mucosas, ocasionando sequelas importantes o trato digestivo. AÇÃO • Coagulantes roubam água dos tecidos produzindo escaras de colorido diverso e endurecidas na região afetada(ácidos sulfúricos, nítrico, clorídrico) e sais metálicos cáusticos (nitrato de prata e cloreto de zinco). • Liquefacientes determinam escaras úmidas, moles pela deliquescência que realizam na região afetada (álcalis como a potassa, a soda e a amônia). VITRIOLAGEM Denominação genérica às lesões produzidas por todos os cáusticos químicos. VENENO São substâncias químicas que, na dependência da sua dose, produzem lesões graves, podendo determinar o óbito da pessoa. VIAS • Gastrointestinal; • Respiratória; • Subcutânea; • Intramuscular; • Venosa; • Arterial; • Pele; • Mucosas. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 12 IMPORTÂNCIA JURÍDICA O uso das energias químicas como ação vulnerante é uma agravante criminal, pois as substâncias venenosas são consideradas meio insidioso ou cruel na prática do crime. CÓDIGO PENAL Art. 61, II, “d” – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum NECROPSIA • Não abrir estômago ou os intestinos na cavidade abdominal; • Ligar as extremidades do tubo digestivo no cárdia, no piloro e na parte mais distal do colo; • Retirar sangue, sempre que possível, das cavidades cardíacas; • Não esquecer de descrever as lesões degenerativas do fígado e dos rins, quando houver. ÁLCOOL ETÍLICO E A INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA INTRODUÇÃO • É a substância depressora mais consumida no mundo. Tem muita importância médico-legal porque grande parte dos homicídios, suicídios e a maioria dos acidentes de trânsito estão relacionados com o seu uso. • Para os estudiosos das drogas, é uma das piores substâncias a causar dependência física e psíquica. CONCEITO Intoxicação, aguda ou crônica, pelas liberações imoderadas, ou discretas, das bebidas alcoólica, que produzem, por sua ação rápida ou lenta, depressão do sistema nervoso central, ação esta progressiva, dose dependente, variável ainda com fatores individuais. EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA AGUDA É o conjunto de manifestações somatoneuropsíquicas ou psiconeurosomáticas resultantes da intoxicação etílica imediata, de caráter episódico e passageiro. (França, 2008). ALCOOLISMO “Um elenco de perturbações resultantes do uso imoderado e contínuo do álcool, independendo, no momento do exame, de um maior ou menor consumo de bebida.” (França, 2008.) IMPORTÂNCIA • Problemas sociais, familiares, econômicos, e corrói o homem até anular sua própria dignidade; • Ao contrário do que se pensa, o álcool não é um estimulante, e sim um depressor do sistema nervoso central, um inibidor, uma droga psicolética; • Como causa, como concausa ou como mola propulsora nos acidentes industriais. EFEITOS DO ÁLCOOL • Redução dos reflexos; • Coordenação prejudicada; • Trabalho mental reduzido; • Aumenta a confiança em si mesmo; • Aumenta o desejo sexual, mas impede a realização. EXAME CLÍNICO • Manifestações físicas; • Manifestações neurológicas; • Manifestações psíquicas MANIFESTAÇÕES FÍSICAS • Congestão das conjuntivas e face; • Desalinho dos cabelos, vestes e aparência geral; • Frequência cardíaca e respiratória aumentadas; • Sudorese e palidez; • Hálito com odor etílico. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 13 MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS • Equilíbrio estático e dinâmico; • Marcha alterada; • Articulação das palavras alterada; • Diminuição da sensibilidade tátil, dolorosa e térmica; • Fenômenos vagais, como soluço, o vômito e o embotamento, baixo rendimento da visão, audição, gustação e olfação. MANIFESTAÇÕES PSÍQUICAS • Alterações do humor, do senso ético, da atenção, da senso-percepção, do curso do pensamento e da associação de ideias; • Manifesta impulsos homossexuais, exagero e o ridículo; • Falastrão, inconveniente, soltando a língua sobre fatos muitas vezes comprometedoras. FASES DA EMBRIAGUEZ • Excitação: o indivíduo se mostra loquaz, vivo, olhar animado, humorado e gracejador, dando às vezes uma falsa impressão de maior capacidade intelectual; • Confusão: surgem as alterações nervosas e psíquicas. O indivíduo pode cometer infrações e provocar acidentes. Há perda da atenção, memória, juízo. Nessa fase ocorrem os atentados sexuais e tendência àsagressões; • Sono ou Comatosa: o paciente não se mantém em pé. Caminha apoiando nos outros ou nas paredes e termina caindo sem poder erguer-se, mergulhando em sono profundo. GRAUS DE EMBRIAGUEZ Embriaguez incompleta: o bêbado perde a autocrítica e faz confissões comprometedoras, fica triste, melancólico, ou, ao contrário, excessivamente eufórico e desinibido; a memória embotada, o raciocínio lento e a atenção instável. GRAUS DE EMBRIAGUEZ Embriaguez completa: o bêbado torna-se confuso, desorientado, irritável, violento; a palavra é arrastada, os movimentos pesados e lentos, a marcha cambaleante, o pensamento ilógico, a memória embotada, os reflexos atrasados, musculatura hipotônica e há intensa sonolência. TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL Alguns se embriagam com pequenas quantidades e outros ingerem grandes porções, revelando uma estranha resistência ao álcool. Assim, tolerância é a capacidade maior ou menor que uma pessoa tem de se embriagar. ABSORÇÃO A absorção do álcool é rápida porque é muito solúvel em água. Começa já na mucosa oral, mais é no estômago que se intensifica, para se tornar máxima no intestino delgado. A velocidade de absorção varia na dependência de vários fatores. Para uns, em 30 a 60 minutos, cerca de 80 a 90% já foram absorvidos. Outros afirmam que são absorvidos 60% em uma hora e 90% em uma hora e meia. Contudo depende do estado de plenitude do estômago. (Hygino, 2005). SIMONIN Afirma que a eliminação da alcoolemia se dá de forma progressiva e de 15 a 20 horas após a última ingestão da bebida, dependendo do coeficiente de etiloxidação (quantidade de álcool oxidado por minuto e por quilo de peso), qualquer que seja o grau de concentração. FATORES • Quantidade de álcool ingerido; • Massa corporal; • Concentração do álcool contida na bebida; • Presença ou não de alimentos no estômago; • Capacidade maior ou menor de absorção do indivíduo; • Os estados emotivos, a estafa, o sono, a temperatura, o fumo, as doenças e os estados de convalescência. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 14 PESQUISA DO ÁLCOOL • Saliva; • Urina; • Humor vítreo; • Bile; • Ar expirado; • Sangue. LEI SECA • O motorista flagrado com a concentração igual ou acima de 0,3 miligramas de álcool por litro de ar expelido no teste do bafômetro é detido; • Abaixo desse índice, paga multa de R$ 1.915,40 e perde a carteira nacional de habilitação (CNH), por um ano, além de acumular sete pontos (infração gravíssima). Em caso de reincidência, a multa pode ser dobrada de forma cumulativa. DOSAGEM DE ÁLCOOL NO CADÁVER • Deve ser realizada antes do surgimento dos fenômenos putrefativos; • Nos casos de morte violenta, principalmente em acidentes de trânsito, de preferência no sangue venoso periférico; • Aconselha-se que, após 48 horas da morte, o sangue para dosagem alcoólica deve ser colhido na veia femoral. RECUSA A SUBMETER-SE A EXAME Ninguém está obrigado a depor contra si próprio, ou a oferecer provas que lhe condenem ou a confessar-se culpado. E mais: fere o princípio constitucional expresso no artigo 5º. II que se anuncia afirmando: “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. LEI SECA O condutor suspeito continua tendo o direito de recursar o teste do bafômetro,mas outras formas de provas são permitidas: vídeos, depoimentos, testes específicos e a própria fé pública garantida aos policiais ou agentes trânsito. Fazer o teste pode ser a prova de que o motorista não está bêbedo. NA PRÁTICA Um indivíduo poderá estar embriagado, porém, não alcoolizado, se ingeriu outra droga que não o álcool. Por outro lado poderá estar alcoolizado, porém, não embriagado, se, apesar de estar com a dosagem sanguínea acima do permitido, não apresentar sintomas ou sinais. Portanto, o ideal é a realização do exame clínico e a análise laboratorial. TIPOS DE EMBRIAGUEZ • Voluntária: a decisão de se embriagar tem um fim definido. • Preterdolosa: o agente não quer o resultado, mas sabe que, em estado de embriaguez, poderá vir a cometê-lo, assumindo, mesmo assim, o risco de produzi-lo. Não isenta de responsabilidade. • Culposa: decorrente da imprudência ou negligência de beber exageradamente e de não conhecer os efeitos reais do álcool. Também não isenta da responsabilidade. • Por força maior: capacidade humana é incapaz de prever ou resistir. É possível a redução da pena. • Fortuita: embriaguez ocasional, rara, em momentos especiais como: aniversário, formatura ou outras comemorações especiais, por isso pode isentar o agente da responsabilidade. • Acidental: surge diante de engano da ingestão de bebida de forte teor alcoólico, quando achava exatamente o contrário, poderá ter isenção da responsabilidade; • Habitual: surge sobre o agente já dependente do álcool, que necessita dele para se desinibir e tomar iniciativa. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 15 ALCOOLISMO Um elenco de perturbações resultantes do uso imoderado e contínuo do álcool, independendo, no momento do exame, de um maior ou menor consumo de bebida. Ou seja, a embriaguez é um estágio e o alcoolismo um estado. (França, 2008). OMS Segundo a OMS, alcoólatras (hoje alcoolistas) são “bebedores excessivos cuja dependência do álcool chega a ponto de acarretar-lhes perturbações mentais evidentes, manifestações afetando a saúde física e mental, suas relações individuais, seu comportamento socioeconômico ou pródromos de perturbações desse gênero e que por si só necessitam de tratamento” (esse enunciado procura diferenciar alcoólatra de embriagado). EMIL KRAEPELIN No começo do século, que há “alcoolismo crônico em perspectiva toda vez que alguém venha a ingerir uma nova dose de bebida alcoólica (qualquer que seja), sem que a anterior tenha sido devidamente eliminada”. IMPORTÂNCIA • Por apresentarem seus portadores transtornos de conduta e relativo perigo a si próprios e aos outros; • Por serem tendentes a outras formas de transtornos mentais; • Por apresentarem modificações do juízo crítico e da capacidade de administrar seus interesses. EXAME CLÍNICO • Manifestações somáticas: hepatomegalia, edemas palpebrais, tremores das mãos, ventre aumentado, pescoço fino, insegurança na marcha, congestão das conjuntivas, vermelhidão da face com rede venosa capilar. • Perturbações neurológicas: amnésia anterógrada e retrógrada. • Perturbações psíquicas: delírio de ciúmes (são mais constantes à noite, pela maior concentração de álcool no organismo, e a discórdia conjugal vai aumentando a ponto de levar ao crime). Delírium? ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICAS (Asfixias). ASFIXIA “É a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência do oxigênio no ar respirável por impedimento mecânico de causa fortuita, violenta e externa em circunstâncias as mais variadas. Ou a perturbação oriunda da privação, completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna, do oxigênio”. (França, 2008). EXAME NECROSCÓPICO • O exame do cadáver seguirá a regra centrípeta, isto é, do ambiente de encontro do cadáver até a necropsia; • Do exame externo geral, para o exame interno geral. CLASSIFICAÇÃO Afrânio Peixoto ASFIXIA PURA: resultante da anoxemia e hipercapnéia. a) Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis: Confinamento; Asfixia por monóxido de carbono; Asfixia por outros vícios de ambientes. b) Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias: Sufocação direta (obstrução dos orifícios respiratórios); Sufocação indireta (impedimentos da expansão pulmonar); CONTINUAÇÃO c) Transformação do meio gasoso em meio líquido (afogamento); d) Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento (soterramento). POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL -LEI 5.810/94 16 ASFIXIA COMPLEXA: determinada pela interrupção da circulação cerebral. a) Constrição cervical passiva do pescoço (enforcamento); b) Constrição cervical ativa do pescoço (estrangulamento). ASFIXIA MISTA: ocorre pela superposição dos fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos (esganadura). ASFIXIA POR CONFINAMENTO • Permanência de um ou mais indivíduos num ambiente restrito ou fechado, sem condições de renovação do ar respirável; • Além dos sinais encontrados nas asfixias em geral, podem ser vistas algumas lesões de defesa; • Na maioria das vezes é acidental, podendo, no entanto, ser homicídio ou suicida. ASFIXIA POR MONÓXIDO DE CARBONO • Provocada pela reação do monóxido de carbono com a hemoglobina dos glóbulos vermelhos, impedindo o transporte do oxigênio aos diversos tecidos; • O monóxido de carbono pode penetrar no sangue depois da morte; • É mais constante como forma suicida, e, mais raramente acidental ou homicida. OUTROS VÍCIOS A morte pode advir em ambientes saturados por outros gases, tais como de iluminação, gases de esgoto e fossas, gases do pântano etc. SUFOCAÇÃO Provocada pelo impedimento da passagem do ar respirável por meio direto ou indireto de obstrução. SUFOCAÇÃO DIRETA • Determinada pela oclusão da boca e das fossas nasais, com as mãos, travesseiro, papel molhado, sacos plásticos, goma de mascar, moedas, alimentos, vômitos e prótese dentária; • Há necessidade de acentuada desproporção de forças entre a vítima e o agente; • A natureza jurídica pode ser de caráter criminoso, acidental ou suicídio. SUFOCAÇÃO INDIRETA A compressão, em grau suficiente, do tórax e abdome impede os movimentos respiratórios, levando em consequência, à asfixia. SUFOCAÇÃO POSICIONAL • Pela posição em que o indivíduo se encontra no momento da morte, capaz de impedir ou dificultar seriamente a ventilação pulmonar, após a instauração da fadiga e da falência muscular respiratória; • Ausência de lesões traumáticas; • Um dos exemplos desse quadro seria a “crucificação” ou o posicionamento demorado do indivíduo de “cabeça para baixo”. SOTERRAMENTO • Obstrução das vias respiratórias por terra ou substâncias pulverulentas; • Presença de substâncias estranhas, no interior das vias respiratórias, na boca, no esôfago e estômago e, ainda, pelos sinais gerais de asfixia; • É na maioria, acidental e, muito raramente, homicida; • Presença de lesões traumáticas de várias espécies, pelo desabamento ou desmoronamento. AFOGAMENTO • A forma rápida, morrendo em cinco minutos; • A forma lenta, em que a vítima luta, reage, vai ao fundo, retorna à superfície várias vezes, morrendo depois de grande resistência. • O afogado passa por três fases: defesa, resistência e exaustão e posteriormente a morte. • Afogamento homicida é muito raro, a não ser que a vítima seja muito inferior em forças ao agressor. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 17 AFOGADO BRANCO DE PARROT OU AFOGADO SECO • O indivíduo, ao tocar na água, morre por inibição, necessitando para isso, de uma predisposição constitucional, lesões cardiovasculares agravadas pela ação térmica; • Não se encontra nenhum sinal de asfixia. SINAIS EXTERNOS • Temperatura baixa da pele: pelo contato com a água e o equilíbrio térmico; • Pele anserina: “pele de galinha”, pelas contrações dos delicados músculos erectores dos pêlos; • Retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis: pelos mesmos motivos da pele anserina; • Maceração da epiderme: principalmente nas mãos e nos pés devido à maior espessura da epiderme, destacando-se com se fossem verdadeiros dedos de luva, inclusive desprendendo-se junto com as unhas; • Livores cadavéricos mais claros: tonalidade rósea, devido as modificações hemáticas; SINAIS EXTERNOS • Cogumelo de espuma: bolhas sobre a boca e narinas. Sua formação depende da entrada de água no interior das vias respiratórias, do muco e do ar; • Erosão nos dedos e presença de corpos estranhos sob as unhas: na região palmar das extremidades dos dedos e sob as unhas; • Lesões post mortem produzidas por animais aquáticos: principalmente nas pálpebras, lábios, cartilagem do nariz e dos pavilhões auriculares. SINAIS INTERNOS • Hemorragia temporal: pelo extravasamento sanguíneo na orelha média; • Hemorragia etmoidal: pelo extravasamento sanguíneo do osso etmóide; • Diluição do sangue: devido a entrada de água no sistema circulatório; • Presença de líquido nas vias respiratórias: presença de corpos estranhos, fungos, lama ou material fecal, água doce ou salgada; • Presença de corpos estranhos no líquido das vias respiratórias dos afogados: vegetais ou animais que possam existir no líquido, cujo conjunto se chama plâncton; SINAIS INTERNOS • Lesões nos pulmões: pulmões aumentados, crepitantes e distendidos; as manchas de Tardieu são raras. As mais comuns são as manchas de Paltauf de tonalidade vermelho-escuro, explicada pela rotura das paredes alveolares e capilares sanguíneos; • Presença de líquido no sistema digestivo: principalmente no estômago e nas primeiras porções do intestino delgado; • Presença de líquido na orelha média: inclusive corpos estranhos podem ser encontrados. AFOGAMENTO Corpos estranhos na luz dos brônquios ENFORCAMENTO • Constrição por laço que produz sulco oblíquo situado na região cervical, há interrupção pelo nó; • A causa jurídica da morte é geralmente o suicídio, podendo ser acidental, o homicídio e a execução penal. ENFORCAMENTO Observa-se três períodos: a) Período inicial: sensação de calor, zumbidos, sensações luminosas na vista e perda da consciência. b) Segundo período: convulsões e excitação do corpo. c) Terceiro período: surgem sinais de morte aparente, até o aparecimento da morte real. SINAIS EXTERNOS • A sua maior importância está no sulco do pescoço; • Na maioria das vezes, o sulco é único, podendo, entretanto, apresentar-se duplo, triplo ou múltiplo quando esse laço envolve várias vezes o pescoço. • A consistência do sulco depende dos laços moles ou duros. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 18 SINAIS INTERNOS Lesões da artéria carótida: • Sinal de Amussat - secção transversal da túnica íntima principalmente nas proximidades de sua bifurcação. • Sinal de Étienne Martin - desgarramento da túnica externa. • Sinal de Friedberg - sufusão hemorrágica da túnica externa. • Lesão do aparelho laríngeo: fratura das cartilagens, tireóide e cricóide, e do osso hióide; • Lesões da coluna vertebral: nos casos de queda brusca do corpo, podem surgir fraturas ou luxações de vértebras cervicais, como acontece em alguns dos enforcamentos por suplício. ESTRANGULAMENTO • Constrição por laço cervical apertado pela força de terceiro, o sulco posiciona-se transversal. • A causa jurídica de morte é geralmente o homicídio, raramente suicídio e acidente. • Normalmente, o estrangulamento passa por três períodos: resistência, perda da consciência e convulsões, asfixia e morte aparente. Depois, a morte real. SINAIS EXTERNOS • Aspecto da face e do pescoço: a face se mostra tumefeita e violácea pela obstrução completa da circulação. A língua se projeta além das arcadas dentárias e é extremamente escura; • Equimoses pequenas na face, nas conjuntivas, pescoço e região anterior do tórax; • Sulco: pode ser único, duplo ou múltiplo; • O sulco se apresenta no sentido horizontal, podendo ser ascendente ou descendente. A sua profundidade é uniforme. SINAIS INTERNOS • Infiltração hemorrágica: nos tecidos moles do pescoço; • Lesões da faringe: podem acarretar lesões nas cartilagens tireóide e cricóide e no osso hióide; • Lesões das artérias carótidas: porém em ambos os lados, pelos sinais de Amussat, Friedberg e de Ètienne Martin. ESTRANGULAMENTOANTIBRAQUEAL • Estrangulamento através da constricção do pescoço pela ação do braço e do antebraço sobre a laringe, conhecida como “golpe de gravata”; • Em geral a morte se dá por oclusão das vias aéreas ou da obstrução da circulação das carótidas, por ação da prega do cotovelo sobre a região lateral do pescoço; • A morte pode ser também por inibição (reflexo laríngeo-pneumogástrico), síndrome conhecida por “estrangulamento branco de Claude Bernard- Lacassagne”, em que, por vezes, pressões menos significativas do pescoço podem resultar em parada cardíaca e em que não se encontram os sinais clássicos de asfixia; • Pode ainda ocorrer a morte por pressão de um objeto duro, como cassetetes, bastão ou outro objeto similar sobre o pescoço. CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS DO SULCO (BONNET) Enforcamento Estrangulamento Oblíquo ascendente Horizontal Variável segundo a zona do pescoço Uniforme em toda a periferia do pescoço Interrompido ao nível do nó Contínuo Em geral, único Frequentemente múltiplo Por cima da cartilagem tireóidea Por baixo da cartilagem tireóidea Quase sempre apergaminhado Excepcionalmente apergaminhado De profundidade desigual De profundidade uniforme ESGANADURA • Constrição cervical apertada pelas mãos do agressor. • A causa jurídica da morte é sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental. • A esganadura vem sempre acompanhada de outras lesões, principalmente as traumáticas, decorrentes da luta e, por isso, chamadas de lesões de defesa. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 19 SINAIS EXTERNOS • Os mais importantes são os produzidos pelas unhas do agressor, teoricamente de forma semilunar, conhecidas estigmas ungueais; • Podem ser encontradas pequenas equimoses arredondadas produzidas pelas polpas dos dedos; • Podem surgir escoriações, devido às reações da vítima ao defender-se; • As marcas ungueais podem não existir se o agente conduziu a constricção do pescoço protegido por objetos, como, por exemplo, lenços, toalhas ou luvas. • Se o criminoso usou a mão direita, aparecem essas marcas em maior quantidade no lado esquerdo do pescoço da vítima. SINAIS INTERNOS • Infiltrações hemorrágicas das estruturas profundas do pescoço. • Lesões do aparelho laríngeo por fraturas de cartilagens tireoide e crinoide e do osso hioide, mais frequentes que no enforcamento e estrangulamento. • Muito raramente ocorre fratura de cartilagens da traqueia. Lesões de vasos do pescoço: é muito raro, mas podemos encontrar roturas da túnica íntima da carótida comum em forma de meia-lua (Marcas de França). LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO LESÕES CORPORAIS À LUZ DO ART. 129 CP Lesão Corporal: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. a) Ofensa à integridade corporal: ocorrência de dano anatômico como: escoriação - equimose - ferida incisa - luxação - fratura - cicatriz - mutilação - amputação b) Ofensa à saúde: ocorrência de perturbações funcionais: - motricidade = articulações - funções vegetativas = digestão, respiração, circulação. - atividade sexual - psiquismo CLASSIFICAÇÃO a) Lesões Leves (pena de até 01 ano) b) Lesões Graves (pena de até 05 anos) c) Lesões Gravíssimas (pena de até 08 anos) d) Lesões Seguidas de Morte (pena de até 12 anos) LESÃO LEVE Não implica em grandes consequências para a vítima. O conceito de lesão corporal de natureza leve é estabelecido por exclusão, uma vez que as tipificações de agravantes da lesão estão contidas nos parágrafos 1º, 2º e 3º do Art. 129 do CPP. Danos superficiais aos tecidos - ex: ferimentos em tecidos moles, escoriações, hematomas, equimoses, contusões, edemas, luxações, fraturas dentárias de pequena extensão, entre outros. Lesões de menor monta que não comprometam as funções de caráter permanente e que não acarretem maiores riscos ou recuperação demorada. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 20 LESÃO GRAVE Incapacidade (física ou psíquica) para ocupação habitual por mais de 30 dias - não exige incapacidade absoluta - em 30 dias deverá ser reavaliada a necessidade de um período maior, para o retorno da vítima às suas ocupações habituais - atividade profissional ou social (passeio, escola: não somente o trabalho-conceito funcional e não econômico) Perigo de vida - Deve ser atestado mediante sintomas, como perda de consciência, desaparecimento do reflexo - As lesões com maior probabilidade de colocar em risco a vida da vítima são: feridas penetrantes do abdômen e do tórax, hemorragias abundantes, estados de choque, queimaduras generalizadas, fraturas do crânio e da coluna vertebral, traumatismo crânioencefálico, infecções. Debilidade permanente (definitiva frente ao tratamento habitual) de membro, sentido ou função. Membro: anquilose, paralisia muscular Sentido: tato, visão, audição, paladar e olfato (redução ou diminuição da capacidade sensorial) Função: rins, coração, mastigação - perda de dente = função mastigatória - perda de testículo = função reprodutiva Aceleração do Parto - Compreende traumas de toda ordem (física ou psíquica) que pode antecipar o parto, não ocorrendo a morte do feto LESÃO GRAVÍSSIMA Incapacidade permanente para o trabalho - Dificilmente curada ou reparada. Ex.: um motorista de ônibus perdeu a visão: (impossibilidade de trabalhar) Enfermidade incurável - Estado patológico que tende a evoluir para a morte ou que permaneça indefinidamente estacionário sem possibilidade de cura: lepra, tuberculose, epilepsia. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Ex.: perda da fala pela amputação da língua, perda da audição, da visão, de uma mão, de um pé Deformidade permanente - Dano estético irreversível, visível e permanente (Visibilidade, permanência e extensibilidade da lesão) Aborto - Morte fetal ou sua expulsão e morte consequente como resultado do dano (agressão à integridade física ou à saúde da mãe) LESÃO CORPORAL MORTAL Lesão corporal seguida de morte - O agente, sem a intenção de matar, produz uma lesão corporal dolosa e, esta, determina à morte da vítima - A morte da vítima agrava a pena, pois se trata de uma ação dolosa com resultado culposo. Quesitos para Exame de Corpo de Delito Lesões Corporais a) Houve lesão? b) Qual instrumento ou meio a produziu? c) Há quanto tempo foi produzida? d) Resultou debilidade de membro, sentido ou função? e) Resultou perda ou inutilização de membro, sentido ou função? f) Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel? g) Resultou perigo de vida? h) Impediu as atividades habituais por mais de trinta dias? i) Resultou deformidade permanente, enfermidade incurável, aceleração de parto ou aborto? POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 21 QUESTÕES SOBRE ART. 129 CP - Consideram-se lesões corporais graves, se ocorrer algum dos seguintes resultados: R. Debilidade permanente de membro, sentido ou função, aceleração de parto ou perigo de vida. - Uma mulher, grávida de oito meses, sofreu uma agressão, em consequência da qual ocorreu a expulsão do feto, que morreu minutos após esta. Do ponto de vista jurídico, verificou-se: R. Lesão corporal com aceleração de parto. - Contém somente características de lesões graves: R. Perigo de vida, aceleração de parto, debilidade permanente de órgão. 1. Em consequência de uma agressão, a vítima teve perda de visão do olho direito. De conformidade com o art. 129, parágrafos e incisos do CP, a vítima sofreu lesão corporal de natureza: R. Grave, por debilidade permanente de sentido. - Um indivíduo agrediu uma gestante no oitavo mês de gravidez, provocando a expulsão prematura do feto pesando 2.700 gramas, que, por falta de cuidados médicos, faleceucinco minutos após a expulsão. Diante disso, o agressor será indiciado por: R. Lesão corporal com aceleração de parto. - As lesões deformantes, caracterizadas como de natureza gravíssima no Código Penal, para que possam ser definidas pelo perito médico-legista como tal, deverão apresentar elementos essenciais como: R. Extensibilidade, permanência e visibilidade. - As lesões deformantes, caracterizadas como de natureza gravíssima no Código Penal, para que possam ser definidas pelo perito médico-legista como tal, deverão apresentar elementos essenciais como: R. Extensibilidade, permanência e visibilidade. - Indivíduo que perdeu completamente a visão do olho direito, em decorrência de uma agressão, sofreu lesão corporal da qual resultou: R. Debilitação permanente de sentido. TANATOLOGIA MÉDICO LEGAL TANATOLOGIA “É a parte da Medicina Legal que estuda a morte e o morto, e as suas repercussões na esfera jurídica-social.” França, 2008. MORTE REAL Caracterizada pela suspensão total e definitiva de todas as atividades vitais. - Cessação da respiração. - Cessação da circulação. - Cessação de atividade encefálica. MORTE APARENTE A tríade de Thoinot define, clinicamente, o estado de morte aparente: - Imobilidade; - Ausência aparente da respiração; - Ausência da circulação. Historicamente, surgiram opiniões das mais dispares, indo desde alguns minutos até dias de morte aparente, inclusive em Belém do Pará. MORTE SÚBITA OU RÁPIDA - É aquela que ocorre de forma inesperada e brusca, em um indivíduo de aparente bom estado de saúde, sempre de causa interna ou patológica, sem, portanto qualquer influência externa ou violenta. - É aquela que, pela brevidade de instalação do processo, desde segundos até horas, não possibilita que seja realizada uma pesquisa profunda. MORTE AGÔNICA OU TARDIA - É aquela que se arrasta por dias ou semanas após a eclosão de sua causa básica. - É aquela que, em geral, vem de maneira esperada, devagar, significando a culminação de um estado mórbido, isto é, de uma doença ou da evolução de um traumatismo, ponto final de uma longa agonia, tal o caso da emaciação, da caquexia, da presença de extensas escaras de apoio, entre outros. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 22 DOCIMASIA HEPÁTICA QUÍMICA Baseia-se na pesquisa do glicogênio e da glicose. A conclusão leva ao seguinte: um homem que morreu com o fígado funcionalmente espoliado teve o organismo sob o efeito da morte agônica. Se o fígado apresenta toda a reserva de glicogênio, atribui-se-lhe uma morte instantânea. DOCIMASIA HEPÁTICA HISTOLÓGICA Tem sua efetivação na identificação microscópica do glicogênio no tecido hepático. A presença de glicogênio, que poderá ser intra ou extracelular em função dos fenômenos transformativos que tenha sofrido o cadáver, ainda que em pequena quantidade, em todos os campos observados, será um indicativo de que a morte se deu em forma rápida ou repentina (súbita), pois que de outra forma, a longa duração do processo agônico permitiria que esta substância de reserva tivesse se exaurido. DOCIMASIA SUPRA-RENAL QUÍMICA Baseia-se na identificação da adrenalina presente nas cápsulas suprarrenais do cadáver. A presença expressiva, em quantidade, de adrenalina oferecerá fortes indícios de que a morte se deu em forma rápida. DOCIMASIA SUPRA-RENAL HISTOLÓGICA A presença, ou não, de adrenalina nos casos de sobrevivência, principalmente das mortes violentas, mostra a maior ou menor solicitação às supra-renais numa morte súbita ou agônica, constatada pela reserva hormonal possivelmente encontrada nessas glândulas. MORTE NATURAL É aquela que sobrevém como consequência de um processo esperado e previsível. Isto pode acontecer, por exemplo, com o decorrer do tempo, quando é de se prever que o envelhecimento natural, com o esgotamento progressivo das funções orgânicas, que se acompanham de processos de involução, esclerose e atrofia de órgãos e sistemas, levará à extinção da vida. MORTE VIOLENTA Oposto das mortes naturais, encontramos as mortes de causa violenta: - homicídios, suicídios e acidentes. MORTE SUSPEITA Rotula-se como morte suspeita aquela que, mesmo com testemunhas, e com alguns dados de orientação diagnóstica, se mostra duvidosa quanto à sua origem, desde a investigação policial sumária, quer por atitudes estranhas do meio ambiente, quer por indícios que impeçam descartar de plano a violência (possibilidade de intoxicação, presença de ferimentos etc.). MORTE PARA TRANSPLANTES Com os modernos processos de transplantação de órgãos e tecidos, criou-se um novo conceito: morte encefálica, que vem substituindo dia a dia os critérios cardíaco e circulatório, para todos os médicos, seguindo o Conselho Federal de Medicina através da Resolução 1480/97. HOJE (Lei 10.211/2001) - Através de uma Medida Provisória, o Governo sanou esta distorção, tornando a doação post mortem um ato facultativo da família; - Quanto a ordem de inscrição dos receptores, a prioridade será dada aos casos de comprovada urgência. TANATOGNOSE (Diagnóstico da realidade da morte) A Declaração de Óbito fornecida pelo médico, por ocasião do preenchimento do formulário oficial, só é possível quando este, após examinar pessoalmente o corpo, constata que a morte é uma realidade inquestionável. CERTEZA DA MORTE - Sinais de cessação da vida ou sinais abióticos; - Sinais positivos de morte ou fenômenos cadavéricos. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 23 FENÔMENOS ABIÓTICOS IMEDIATOS - Perda da consciência; - Perda da sensibilidade; - Abolição da mobilidade e do tônus muscular; - Cessação da respiração; - Cessação da circulação; - Cessação da atividade cerebral. PERDA DA CONSCIÊNCIA Principalmente quando se dispõe de um eletroencefalograma no ponto isoelétrico. PERDA DA SENSIBILIDADE Estão abolidas das sensações táteis, térmicas e dolorosas. ABOLIÇÃO DA MOTILIDADE E DO TONO MUSCULAR Injetar 1 ml de éter na região lateral da coxa. Quando estamos diante de um caso de morte real, o éter é expelido pelo orifício produzido pela agulha, e caso contrário, será absorvido pelo tecido. CESSAÇÃO DA RESPIRAÇÃO A abolição da respiração pode ser evidenciada pela ausculta pulmonar com ausência dos murmúrios vesiculares. Atualmente essa constatação é feita através da radioscopia e com mais precisão por meio da eletromiografia com registro gráfico das incursões respiratórias. CESSAÇÃO DA CIRCULAÇÃO Na prática, é um sinal fácil e de grande valor. A ausculta do coração (Bouchut), a radioscopia do coração (Piga) e a eletrocardiografia com ou sem ativação adranalínica (Guérin e Freche). CESSAÇÃO DA ATIVIDADE CEREBRAL O eletroencefalograma não deve ser o único meio capaz de definir esse diagnóstico. Midríase bilateral. FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS - Desidratação cadavérica; - Resfriamento do corpo; - Livores cadavéricos ou de hipóstase; - Rigidez muscular. DESIDRATAÇÃO CADAVÉRICA - Decréscimo de peso; - Pergaminhamento da pele; - Dessecamento das mucosas dos lábios; - Modificações dos globos oculares; - Nos cadáveres adultos a perda de peso, por desidratação, oscila entre 10, 0 e 18,0 g/kilo de peso por dia. RESFRIAMENTO CADAVÉRICO - Com a morte, a tendência do corpo é equilibrar sua temperatura com o meio ambiente. Os órgãos internos mantêm-se aquecidos por 24 horas em média. Quanto maior o panículo adiposo apresentado pelo indivíduo, mais resistência oferece à baixa de temperatura. - Na prática, admite-se que o esfriamento se faz, em média, à razão de 1,5ºC por hora. MANCHAS DE HIPÓSTASE - São encontradas de preferência, na parte de declive dos cadáveres e por isso chamadas de manchas de hipóstase, variando logicamente, com a posição do corpo.- Via de regra, começam a aparecer em torno de 2 a 3 horas após a morte. Durante as primeiras 12 horas após a morte, estas manchas podem mudar de posição conforme a situação do cadáver, para, depois, se fixarem definitivamente. RIGIDEZ CADAVÉRICA - Atualmente, acredita-se que a rigidez cadavérica é resultante de muitos fatores, todos eles decorrentes a supressão de oxigênio celular, impedindo a formação de ATP, fonte imediata de energia muscular. - A rigidez começa entre 1 a 2 horas depois da morte, chegando ao máximo após 8 horas e desaparece com o início da putrefação depois de 24 horas, iniciando-se o processo inverso: a resolução da rigidez, que se completa entre 48 e 72 horas (dois ou três dias). POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 24 ESPASMO CADAVÉRICO Caracteriza-se pela rigidez abrupta generalizada e violenta, sem relaxamento muscular que precede a rigidez comum. Os cadáveres guardam a posição com que foram surpreendidos pela morte, uma atitude especial fixada da vida para morte. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS - Destrutivos; - Conservadores. FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS DESTRUTIVOS - Autólise; - Putrefação; - Maceração. AUTÓLISE Processo autodestrutivo de células e tecidos, que se opera sem interferência externa, decorrente do aumento da permeabilidade das membranas plasmáticas e que possibilita a liberação de enzimas proteolíticas contidas nos lisossomos. Isto leva a uma acidez temporária que, pela putrefação, se neutraliza e inverte pela alcalinização progressiva com valores de pH da ordem de 8,0 a 8,5. PUTREFAÇÃO Depois da autólise, começa a se verificar a desordenação do corpo provocada pela participação ativa de bactérias cujas enzimas, em condições favoráveis, produzem a desintegração do material orgânico. Daí que, nas condições térmicas que impeçam a proliferação bacteriana, ou pela ação de substâncias antissépticas, o cadáver não se putrefaz. As bactérias encarregadas da putrefação do cadáver, na sua maioria, são as mesmas que, em vida, formam parte da flora intestinal do indivíduo. FASES DA PUTREFAÇÃO - Período cromático ou coloração: tem início com a mancha verde de tonalidade verde-enegrecida da pele, originada pela combinação do hidrogênio sulfurado nas cente com a hemoglobina, formando a sulfometemoglobina, entre 18 e 24 horas após a morte, durando em média 7 dias. - Período enfisematoso: inicia-se por volta da 24ª hora, sendo certo que o edema de face, genitália e circulação póstuma de Brouardel aparecem entre as 48 e 72 horas. - Período coligativo: dissolução pútrida das partes moles do cadáver pela ação conjunta das bactérias e da fauna necrófaga, tendo o início no fim da primeira semana e se prolonga de maneira diversa, conforme o local em que se encontra o cadáver. - Período de esqueletização: A ação do meio ambiente e da fauna cadavérica destrói os resíduos tissulares, inclusive os ligamentos articulares que começa entre a 3ª e 4ª semanas, podendo ocorrer muito mais rapidamente nos cadáveres expostos. Este período vai de 3 a 5 anos. MACERAÇÃO - É um processo de transformação destrutiva em que ocorre o amolecimento dos tecidos e órgãos quando submersos em um meio líquido e nele se embebem. - Os fetos retirados do útero post mortem sofrem a maceração asséptica. Os cadáveres mantidos em meio líquido sob a ação de germes, como os afogados, marcham para maceração séptica. FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS CONSERVADORES - Mumificação; - Saponificação ou Adipocerca; - Calcificação; - Corificação; - Congelação. MUNIFICAÇÃO É uma dessecação rápida, seu aparecimento depende exclusivamente das condições em que o corpo seja colocado. - Ambiente seco; - Temperatura elevada; - Abundante ventilação. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 25 SAPONIFICAÇÃO Fenômeno cadavérico que depende de que o corpo, ou parte dele, seja colocado em um meio que obedeça a duas exigências: - Ambiente muito úmido; - Ausência de ar ou ventilação escassa. CALCIFICAÇÃO - Ocorre mais frequentemente nos fetos mortos e retidos na cavidade uterina, constituindo-se nos clamados litopédios (criança de pedra). - O esqueleto começa assimilar uma grande quantidade de sais de calcários, tomando essa parte do corpo uma aparência pétrea. CORIFICAÇÃO Ocorre em cadáveres conservados em urnas metálicas. A pele do cadáver assume o aspecto, a cor e a consistência uniforme de couro recentemente curtido. CONGELAÇÃO - Um cadáver submetido a baixíssima temperaturas e por tempo prolongado vai-se conservar integralmente por muito tempo. - Autores consideram que em temperatura de -40 graus podemos obter uma preservação quase indefinida, inclusive permitindo a conservação de alguns materiais orgânicos como ossos, tecidos e espermatozóides. CRONOTANATOGNOSE Estimativa do momento da morte ESTIMATIVA DO TEMPO DE MORTE - Resfriamento do cadáver; - Manchas de hipóstase; - Rigidez cadavérica; - Crescimento dos pêlos; - Gases de putrefação; - Conteúdo gástrico; - Fauna entomológica; - Mancha verde abdominal. RESFRIAMENTO DO CADÁVER Sabe-se que o corpo, uma vez cessadas as funções vitais, passa a perder calor, por diversos mecanismos (convecção, condução, irradiação e evaporação), à razão de 1,5ºC por dia, igualando em termos gerais a temperatura do ambiente, no máximo, até 24 horas após o decesso. MANCHAS DE HIPÓSTASE - Quanto ao aparecimento - surgem na primeira meia hora, após o óbito, mas apenas se tornam evidentes entre a 2ª e 3ª horas, sendo que podem não aparecer nas regiões comprimidas; - Quanto à fixação - tornam-se fixas, isto é, não mudam de localização quando se muda a posição do cadáver, após decorridas 12 horas. RIGIDEZ CADAVÉRICA - Regra de Bonnet: a rigidez se inicia logo após a morte, atingindo o seu total desenvolvimento até a 15ª hora, e depois desaparece lentamente; - Regra de Fávaro: o processo se inicia logo na primeira hora e se generaliza entre 2 e 3 horas, atingindo o seu máximo após 5 a 8 horas; - Regra de Niderkon: rigidez precoce que ocorre até a 3ª hora; é normal entre 3ª e 6ª horas e tardia, quando ocorre depois da 9ª hora. COMPRIMENTO DOS PÊLOS - Mesmo após a morte, alguns fâneros, como pêlos e unhas, continuam a crescer. Os primeiros crescem à razão de 21 micra por hora, daí utilizar-se sua medição para determinar a hora do óbito; - Os pêlos da barba crescem 0,021 mm/h, bastaria dividir o comprimento encontrado depois da morte por esta cifra. CONTEÚDO GÁSTRICO - Verificar em que estado da digestão se encontram os alimentos; - Os glicídios e carboidratos são os que apresentam uma permanência mais breve; - As proteínas ocupam um lugar intermediário; - Os lipídios os que oferecem um trânsito mais demorado. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 26 FAUNA ENTOMOLÓGICA - O estágio da metamorfose dos dípteros cujas larvas têm atividade necrofagia permite estabelecer uma cronologia da morte. - Existem estudos adaptando as observações dos autores europeus para o Brasil, mas são pouco usados. MANCHA VERDE ABDOMINAL - Quase sempre se localiza na fossa ilíaca direita, sendo atribuída à sulfoxiemoglobina. Justifica-se esta região devido ao ceco ser o segmento intestinal de maior proporção, mais distendido e mais próximo à parede abdominal e, ainda, pela maior concentração gasosa nesta parte do intestino; - Em média surge entre 24 e 36 horas depois da morte; - Estende-se a todo corpo depois do 3º. ao 5º. dia. NECROPSIA MÉDICO-LEGAL É a maior de todas as perícias médico-legais “A PERÍCIA DAS PERÍCIAS” Oscar Castro. NECROPSIA FACULTATIVA A necropsia facultativa depende de autorização prévia dos representantes legais do “de cujos” e só deve ser realizada por médico patologista. NECROPSIA OBRIGATÓRIANão depende da autorização dos representantes legais do “de cujos” quando resulta de morte violenta ou suspeita de crime. FINALIDADES - Identificação do morto; - A causa mortis; - A causa jurídica da morte; - Tempo decorrido da morte. REQUISIÇÃO - Identificação; - Justificativa do exame; - A história do caso, a hora, o local e as condições da morte; - O atendimento hospitalar, se houver; - Tudo em subsídio para o médico-legista. INSPEÇÃO EXTERNA - Exame das vestes; - Elementos de identidade; - Sinais de morte; - Exame da cabeça; - Exame do pescoço; - Exame do tórax; - Exame do abdome; - Exame do ânus; - Exame dos órgãos genitais; - Nos membros superiores; - Exame dos membros inferiores; - Dorso. EMBALSAMAMENTO A prática mais simples de conservação artificial e permanente do cadáver, constituindo-se em lavagens e fricções com substâncias aromáticas ou balsâmicas. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 27 DESTINOS DO CADÁVER Inumação simples - Em caixões próprios, é inumado o cadáver em sepultura comuns de 1,75cm de profundidade e 0,80cm de largura, distantes umas das outras de pelo menos 0,60cm em todos os sentidos, ou em túmulos ou jazigos que obedeçam às condições do Código Sanitário. - O sepultamento não deve ocorrer antes de 24h nem depois de 36h, a não ser por motivos especiais. DESTINO DO CADÁVER Cremação - O cadáver é transformado em cinzas, em fornos elétricos especiais que suportam uma temperatura de 800 a 1.000 C, constituído de uma grelha rotatória e de um coletor de cinzas, operação essa que varia de 1 a 2h o máximo. - Prévia manifestação da vontade do morto ou no interesse da saúde pública, sendo necessário, ainda, que o atestado de óbito seja firmado por dois médicos ou por um médico-legista, e no caso de morte violenta, após autorização da autoridade judiciária. EXUMAÇÃO “A exumação é a mais árdua e repulsiva das perícias médico-legais” França. 2008. CONCEITO Consiste no desenterramento do cadáver e geralmente tem como finalidade atender aos reclamos da Justiça na averiguação de uma exata causa de morte passada despercebida, no esclarecimento de um detalhe, numa identificação, numa grave contradição ou na confirmação de um diagnóstico. ADMINISTRATIVOS - Ser transferidos por razões sanitárias; - Ser transferidos de local de sepultamento, para uma quadra diferente; - Ser mudados de urna funerária, uma vez completada a fase de esqueletização. JUDICIÁRIOS Realizada por ordem judicial, diretamente, ou através de determinação da Polícia Judiciária. Visando: - O reconhecimento e identificação; - A realização da necropsia médico-legal; - A apuração de uma grave contradição entre os fatos; - A confirmação de um diagnóstico; - A recuperação de projéteis não localizados na necropsia. PROCEDIMENTO - Solicitação do exame; - Cientificar a administração do cemitério quanto à hora e data da realização do exame; - A identificação da cova, que será apontada pelo administrador do cemitério; - Abrir o local de sepultamento; - Retirar o esquife e sua colocação sobre o local apropriado; - Abrir o ataúde; - Certificar-se de que se trata, verdadeiramente, do cadáver a que se propõe a perícia requisitada; - Tudo deve ser descrito e fotografado. QUEM PARTICIPA DE UMA EXUMAÇÃO? - Autoridade Policial; - Os Peritos; - O Administrador do cemitério público ou particular para indicar o local da sepultura, sob pena de responder pelo crime de desobediência, conforme art. 330 do CP; - Familiares do “de cujos”; e - Testemunhas que estiveram presentes quando da inumação. NECROPSIA PÓS-EXUMAÇÃO - Retira-se o cadáver; - Examina-se com a mesma técnica do exame cadavérico a céu aberto ou em necrotério anexo ao cemitério, quando houver; - Deve-se utilizar a fotografia e, quando necessário, os raios X; - O exame interno deve ser completo, tendo o cuidado de distinguir com clareza as modificações post-mortem; - Se necessário retirar material para exame; - Terminada a perícia, o cadáver é novamente dado à sepultura. POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL - LEI 5.810/94 28 CONCLUSÃO A exumação, por ser uma perícia extremamente complexa, porquanto não é apenas um ato médico-legal, mas envolve a Polícia Científica como um todo. Somente deve ser solicitada em caráter excepcional, quando exauridos todos os outros meios de prova, sendo executada, no dizer do Mestre Genival Veloso de França (2001), “somente por sérias e imperiosas razões.” EXERCÍCIO 01. O Sr. Francisco foi agredido por um vizinho com um soco no olho esquerdo que lhe causou uma retinopatia, resultando na perda de visão do referido olho. Não houve alteração estética do globo ocular. Neste caso, o agente cometeu, segundo o artigo 129 do C.P.B., crime de lesão corporal de natureza: A) Leve B) Grave C) Gravíssima D) Seguida de morte E) Tentativa de homicídio culposo 02. O Sr. J.A.S., foi agredido por elementos desconhecidos e teve como resultado das lesões, cicatriz queloideana de 8 cm na hemiface direita. Este crime de lesões corporais é de natureza: A) Leve B) Grave C) Gravíssima D) Seguida de Morte E) Média 03. A incapacidade permanente para o trabalho e o perigo de vida caracterizam, espectivamente, lesões corporais de natureza: A) Gravíssima e grave B) Leve e gravíssima C) Grave e gravíssima D) Gravíssima e leve E) Grave e média 04. O Geólogo V.S.I., doente de AIDS, entrou num transporte coletivo e com uma seringa cheia de seu próprio sangue injetou violentamente em quatro pessoas. Estas foram encaminhadas ao I.M.L. para exame de lesões corporais e posteriormente realizaram exames complementares de lesões corporais quando ficou constatado que as pessoas vítimas estavam portadoras do vírus da AIDS. Neste caso, trata-se de lesão corporal de natureza: A) Leve B) Grave C) Gravíssima D) Seguida de morte E) Contágio venéreo 05. A faca é um instrumento cortante: A) Em qualquer circunstância B) Sempre que seu gume participa na produção de um ferimento C) Sempre que seu gume atua por deslizamento e pressão sobre uma linha D) Apenas se tiver ponta e gume muito afiado 06. As lesões denominadas figuras de LICHTEMBERG são encontradas nas pessoas vítimas de: A) Asfixia B) Fulguração C) Eletroplessão D) Envenenamento E) Explosão 07. A lesão produzida por um instrumento que agindo tangencialmente arranca a epiderme, denomina-se: A) Equimose B) Rubefação C) Escoriação D) Ferida contusa E) Impressões epidérmicas POLÍCIA CIVIL DO PARÁ MEDICINA LEGAL 29 08. As incrustações de pólvora incombusta na pele, em torno do orifício de entrada do projétil de arma de fogo, denomina-se: A) Enxugo B) Contusão C) Tatuagem D) Chamuscamento E) Zona equimótica 09. Os sulcos oblíquos, descontínuos, de profundidade desigual localizados no pescoço, são características das asfixias por: A) Sufocação B) Esganadura C) Confinamento D) Enforcamento E) Estrangulamento 10. São características das feridas contusas, exceto: A) Pontes dérmicas B) Cauda de saída ou cauda terminal C) Sinais de contusão D) Profundidade irregular ao longo da ferida E) Bordas irregulares 11. São características das feridas incisas, exceto: A) Bordas regulares B) Geralmente maior profundidade no centro C) Cauda de saída ou cauda terminal D) Secção de vasos E) Pontes dérmicas 12. No exame cadavérico da vítima de instrumento pérfuro-contundente (projétil de arma de fogo), localizado na região torácica com ferida de entrada tipo boca de mina. Constatamos disparo: A) A curta distância B) A queima roupa C) A média distância D) A cano encostado E) A longa distância 13. Chama-se vitriolagem as lesões produzidas por: A) Calor B) Veneno C) Agentes
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