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AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SERVIDORES PUBLICO FEDERAIS APOSENTADOS, inscrita no CNPJ XXXX, com sede em XXXX, representada por seu Presidente XXXX, inscrito no CPF n° XXXX, vem a presença de Vossa Excelência, por meio do seu advogado XXXX, endereço para intimações XXXX, com base nos arts. 102, I, alínea “a” e “p”, e 103 da CF, e no art. 2 e seguintes da Lei 9.868/99, propor a seguinte AÇÃO DIRETA DE INCONSTUTICIONADE COM PEDIDO CAUTELAR Contra a Ilegalidade prevista na Medida Provisória n° x, que foi editada pelo o Presidente da República. A MP dispõe sobre a redução e cancelamento de aposentadoria de servidores públicos federais, verifica-se que a norma padece de inconstitucionalidade por afrontar diretamente dispositivo da Constituição Federal como será demostrado a seguir. I. FATOS Foi editada a Medida Provisória n° x pelo Presidente da República com texto de matéria inconstitucional, na qual, primeiro reduz a aposentadoria dos servidores públicos federais e depois cancela totalmente após três anos de sua vigência. A Confederação Sindical ASBSPFA (Associação Brasileira de Servidores Públicos Federais Aposentados), órgão legitimado taxativamente pela Constituição Federal para a propositura de ADI conforme seu artigo 103, IX, decidiu tomar providências contra tamanho ato danoso recorrendo ao socorro judicial. II. DA LEGITIMIDADE ATIVA E DA PERTINECIA TEMÁTICA A ASSSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS APOSENTADOS (ASBSPFA), possui legitimidade ativa para, pois está presente no rol taxativo dos legitimados a propor ação direta de inconstitucionalidade do Art.103, IX da Constituição Federal e do Art. 2o da Lei 9.868/1999 e é entidade de âmbito nacional. Dessa forma, observa-se que A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SERVIDORES PÚBLIOCOS FEDERAIS APOSENTADOS preenche os requisitos de pertinência temática, pois este é constituído pelo interesse dos servidores públicos em âmbito nacional, e a Medida Provisória no XXXX irá prejudicar em âmbito nacional os servidores, os quais possuem seu direito assegurado, não devendo assim tal medida vir a reduzir ou extinguir sua aposentadoria. III. DO CABIMENTO E DO FORO COMPETENTE O artigo 102, I, a, da Constituição Federal expressa que: “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (...)”. Desse modo, tem a Suprema Corte a competência para processar e julgar esta ação de forma originária. IV. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A Medida Provisória W, objeto da presente ação traz em seu bojo disposições relacionadas aos dispositivos da Constituição Federal em que podemos observar total afronta ao texto constitucional, pois segundo o art. 6º, da CF, é garantido a assistência previdenciária universal aos cidadãos, de modo que os servidores públicos federais jamais podem ter seus vencimentos previdenciários suprimidos por tal medida, in verbis: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o sistema de Seguridade Social, como objetivo a ser alcançado pelo Estado brasileiro, atuando simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e previdência social, de modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três áreas, e não mais somente no campo da Previdência Social, segundo a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal. Os servidores públicos tem regime próprio de Previdência Social (RPPS) em que é estabelecido no âmbito de cada ente federativo, que assegura a todos os servidores titulares de cargo efetivo, pelo menos os benefícios de aposentadoria e pensão por morte previstos no art. 40 da Constituição Federal. São intitulados de Regimes Próprios porque cada ente público da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) pode ter o seu, cuja finalidade é organizar a previdência dos servidores públicos efetivos tanto daqueles em atividade, como daqueles já aposentados e também dos pensionistas, cujos benefícios estejam sendo pagos pelo ente estatal. De modo que a medida provisória ora atacada afronta o texto da CF em que pese todas as disposições estabelecidas por ela. Ademais, está previsto na Lei 8.213/91 as disposições para o plano de benefícios da previdência social e de outras previdências que estabelece a irredutibilidade salarial a fim de preservar o seu poder aquisitivo, outro dispositivo confrontado por essa medida, e do mesmo modo é tradado o art. 37 da Constituição Federal, vejamos: LBPS - Lei nº 8.213 de 24 de Julho de 1991 Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: I - universalidade de participação nos planos previdenciários; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios; IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente; V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo; VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo; VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional; VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados. Parágrafo único. A participação referida no inciso VIII deste artigo será efetivada a nível federal, estadual e municipal. A redução de salário dos servidores públicos não tem previsão constitucional, esbarrando, outrossim, no princípio da irredutibilidade de subsídios e vencimentos, a teor da regra do artigo 37, XV, da Constituição da República, anota: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Tal medida é matéria jurisprudencial e muito bem mencionada pelo Ministro Fachin com relação a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo contrário a constituição: “Decerto, diante de desafiante quadro de recessão econômica nacional e de sistêmico desajuste das contas estaduais e municipais, notadamente no que tange à folha de salários, reconheço um pleito legítimo por parte dos Chefes do Poderes Executivos dos diversos entes federativos em ganhar espaço fiscal para a efetivação de investimentos e cumprimento de plataforma político-eleitoral sufragada pelas urnas, o que, no curto prazo, poderia ser feito pela redução do peso das dotações com pessoal e seus encargos no ciclo orçamentário. No entanto, firmo convicção de que esse objetivo deve ser realizado conforme a Constituição, e não apesar dela. Tenho buscado manter em linha de coerência em meus posicionamentos exarados neste E. Plenário, como é dever de todo magistrado brasileiro. Nesses termos, iterativamente tenho me posicionado por não transigir com os valores sociais do trabalho na condição de fundamento do Estado, à luz da matriz trabalhista consagrada em Assembleia Nacional Constituinte. A meu ver, eventual panorama econômico que tornasse imprescindível a adoçãode receituário de austeridade somente reforça a função da Corte Constitucional como locus específico para impedir retrocessos sociais na seara dos direitos e da Ordem Social, identificando o núcleo de intangibilidade do direito fundamental ao trabalho e equilibrando a delicada relação entre o capital e o trabalho, sempre à luz dos ditames constitucionais. Por isso, rogando as mais respeitosas vênias a quem se posiciona em sentido diverso, declaro que não me gera desassossego confirmar a correção do juízo de plausibilidade jurídica das alegações dos Requerentes efetuado por este Supremo Tribunal Federal em sede cautelar, com base nos parâmetros protetivos esculpidos na Constituição da República de 1988. Igualmente, na esteira de brocardo a maiori, ad minus segundo o qual quem pode mais, pode o menos, não compreendo uma relação de proporcionalidade entre o vínculo empregatício e o direito à percepção da contraprestação pecuniária ao trabalho. Esse raciocínio cuja premissa não subscrevo levaria a supor que diante da possibilidade concreta de medida mais gravosa, como a exoneração de servidores estáveis, a redução de jornada de trabalho e do salário por medida unilateral do Chefe de cada instituição autônoma seria dos males o melhor. A esse propósito, entendo que são grandezas incomensuráveis em consonância à dicção expressa da Constituição da República. Com efeito, por mais inquietante e urgente que seja a necessidade de realização de ajustes nas contas públicas estaduais, a ordem constitucional vincula, independentemente dos ânimos econômicos, a todos, inclusive a este Juiz em atividade de interpretação constitucional. Assim, caso repute-se conveniente e oportuna a redução das despesas com folha salarial no funcionalismo público como legítima política de gestão da Administração Pública, o receituário está previamente fixado nos §§3º e 4º do art. 169 do Texto Constitucional, pelo menos desde a Reforma Administrativa de 1998. Não cabe ao magistrado flexibilizar o mandamento constitucional para gerar alternativas menos onerosas do ponto de vista político aos líderes públicos devidamente eleitos para tomar decisões difíceis desse jaez. Por esse motivo, a Primeira Turma do Tribunal assentou que “[o] STF tem entendimento no sentido de que o art. 37, XV, da Constituição, impossibilita que retenção salarial seja utilizada como meio de redução de gastos com pessoal com o objetivo de adequação aos limites legais ou constitucionais de despesa.” (excerto da emenda do RE-AgR 836.198, de relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso, j. 23.03.2018) Pela mesma razão, manifestei-me pela incorreção do parcelamento de remuneração como expediente lícito para geração de disponibilidade de caixa no Tesouro no bojo da SL 883, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, antes da perda superveniente do objeto dessa demanda suscitada por questão de ordem levantada pelo Ministro Dias Toffoli em voto-vista. Feitas essas considerações sobre o ethos deste Supremo Tribunal Federal em tempos desafiadores sob a perspectiva econômica, ao meu juízo, a jurisprudência da Corte inviabiliza de qualquer forma interpretação diversa da que foi conferida na ADI-MC 2.238, de relatoria do Ministro Ilmar Galvão, à cláusula de irredutibilidade dos vencimentos. Isto porque é entendimento iterativo do STF considerar a irredutibilidade do estipêndio funcional como garantia constitucional voltada a qualificar prerrogativa de caráter jurídico-social instituída em favor dos agentes públicos, conforme se depreende da ementa da ADIMC 2.075, de relatoria do Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJ 27.06.2003, reproduzida no que interessa: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - REMUNERAÇÃO, SUBSÍDIOS, PENSÕES E PROVENTOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS, ATIVOS E INATIVOS, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FIXAÇÃO DE TETO REMUNERATÓRIO MEDIANTE ATO DO PODER EXECUTIVO LOCAL (DECRETO ESTADUAL Nº 25.168/99) - INADMISSIBILIDADE - POSTULADO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI EM SENTIDO FORMAL - ESTIPULAÇÃO DE TETO REMUNERATÓRIO QUE TAMBÉM IMPORTOU EM DECESSO PECUNIÁRIO - OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IRREDUTIBILIDADE DO ESTIPÊNDIO FUNCIONAL (CF, ART. 37, XV) - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. REMUNERAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS E POSTULADO DA RESERVA LEGAL (…) A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IRREDUTIBILIDADE DO ESTIPÊNDIO FUNCIONAL QUALIFICA-SE COMO PRERROGATIVA DE CARÁTER JURÍDICO-SOCIAL INSTITUÍDA EM FAVOR DOS AGENTES PÚBLICOS. - A garantia constitucional da irredutibilidade do estipêndio funcional traduz conquista jurídico-social outorgada, pela Constituição da República, a todos os servidores públicos (CF, art. 37, XV), em ordem a dispensar-lhes especial proteção de caráter financeiro contra eventuais ações arbitrárias do Estado. Essa qualificada tutela de ordem jurídica impede que o Poder Público adote medidas que importem, especialmente quando implementadas no plano infraconstitucional, em diminuição do valor nominal concernente ao estipêndio devido aos agentes públicos. A cláusula constitucional da irredutibilidade de vencimentos e proventos - que proíbe a diminuição daquilo que já se tem em função do que prevê o ordenamento positivo (RTJ 104/808) - incide sobre o que o servidor público, a título de estipêndio funcional, já vinha legitimamente percebendo (RTJ 112/768) no momento em que sobrevém, por determinação emanada de órgão estatal competente, nova disciplina legislativa pertinente aos valores pecuniários correspondentes à retribuição legalmente devida.” No âmbito do Tema 514 da sistemática da repercussão geral, cujo paradigma é o ARE 660.010, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJe 19.02.2015, reafirmou-se expressamente que a redução da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária é medida inconstitucional: “Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Servidor público. Odontologistas da rede pública. Aumento da jornada de trabalho sem a correspondente retribuição remuneratória. Desrespeito ao princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos (…) 3. A violação da garantia da irredutibilidade de vencimentos pressupõe a redução direta dos estipêndios funcionais pela diminuição pura e simples do valor nominal do total da remuneração ou pelo decréscimo do valor do salário-hora, seja pela redução da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária, seja pelo aumento da jornada de trabalho sem a correspondente retribuição remuneratória.” Enfim, por apuro técnico, verifico ser desnecessária e, por isso, desproporcional a suspensão da eficácia da expressão “quanto pela redução dos valores a eles atribuídos” da forma como foi feita em sede preambular. Na verdade, o que se almeja evitar é infligir o inciso XV do art. 37 da Constituição da República, o que é alcançável pela exclusão da possibilidade interpretativa de reduzir-se o vencimento de função ou cargo que estiver provido. A esse respeito, a diretriz jurisprudencial é assente no sentido de que a irredutibilidade de vencimentos dos servidores também alcança àqueles que não possuem vínculo efetivo com a Administração Pública. Confiram-se os seguintes precedentes: “MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. CARGO EM COMISSÃO. VANTAGEM DENOMINADA "DIFERENÇA INDIVIDUAL". LEI N. 9.421/96. RESOLUÇÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL DETERMINANDO O PAGAMENTO DA PARCELA. IMPOSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO ANTE O PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS [ART. 37, XV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A Lei n. 9.421/96 instituiu o Plano de Cargos e Salários do Poder Judiciário, dando lugar, no momento da implementação dos novos estipêndios nela fixados, a decréscimo remuneratório com relação a alguns servidores. 2. Os que sofressem o decréscimo receberiam a diferença a título de "Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI", que seria absorvida pelos reajustes futuros. 3. A Resolução TSE n. 19.882, de 1.7.97, determinou o pagamento da parcela aos servidores sem vínculo com a Administração. 4. A irredutibilidade de vencimentosdos servidores, prevista no art. 37, XV, da Constituição do Brasil, aplica-se também àqueles que não possuem vínculo com a Administração Pública. 5. Segurança concedida.” (MS 24580, Rel. Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, DJe 23.11.2007, grifos nossos) “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. 1. GRATIFICAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR. REDUÇÃO DE VENCIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO LOCAL E DO REEXAME DAS PROVAS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 279 E 280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2. IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS: APLICAÇÃO TAMBÉM AOS SERVIDORES QUE EXERCEM CARGO EM COMISSÃO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.” (RE 599411 AgR, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, DJe 20.11.2009, grifos nossos) Por outro lado, a ordem constitucional preconiza como primeira solução a ser adotada em caso de descontrole no limite de gastos com pessoal a “redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança,” nos termos do inciso I do §3º do art. 169 da Constituição. Por isso, dou procedência ao pedido tão somente para declarar parcialmente a inconstitucionalidade sem redução de texto do art. 23, §1º, da LRF, de modo a obstar interpretação segundo a qual é possível reduzir valores de função ou cargo que estiver provido. Quanto ao §2º do art. 23 da LRF, declaro a inconstitucionalidade do dispositivo, ratificando a medida cautelar nesse ponto.” O que precisa ficar claro que é inegável que os Direitos Sociais, estão no rol dos Direitos e Garantias Fundamentais previstos no Título II da Constituição da República de 1988, anunciam que o legislador constituinte ao instituir um Estado Democrático de Direito baseado na promoção e efetivação dos valores sociais e individuais à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, que assim, os direitos sociais, em toda a sua extensão (art.7º. da Constituição Federal), constituem cláusula pétrea constitucional implícita, não sendo possível assim ser atingidos por medida provisória com objetivo da sua modificação prejudicial ou extinção. Assim, a medida provisória de nº W editada pelo Presidente da República que trata da redução das aposentadorias e de sua extinção padece de vicio de inconstitucionalidade devendo-se ser declarada inconstitucional e urgentemente torna-se sem efeito jurídico. V. MEDIDA CAUTELAR O art. 102, I, p, da Constituição Federal e o art. 10 da Lei 9.868/99 expressam que: Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; Requer-se concessão de medida cautelar para a antecipação de tutela jurisdicional, dispondo para isso, seus dois principais requisitos: fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo da demora). É evidente o primeiro requisito, em face da afronta dessa medida provisória as previsões constitucionais e infraconstitucionais já mencionadas nesta petição, que por sua vez, até fere o princípio do direito adquirido, art. 5, inc. XXXVI, considerado cláusula pétrea diante do art. 60, inc. IV. Constata-se o periculum in mora que, para o direito brasileiro é o receio que a demora da decisão judicial cause danos graves ou de difícil reparação. Nesse caso, por meio do enorme déficit previdenciário que já existe e tem grande impacto nas aposentadorias dos servidores federais. VI. PEDIDO Diante de todo o exposto, requer-se: a) A concessão da medida cautelar, com base no art. 10 da Lei n° 9.868/99, afim de determinar a suspensão da eficácia da Medida Provisória n° w, até o julgamento do mérito; b) A citação do Advogado Geral da União para manifesta-se sobre o mérito da presente ação, no prazo de 15 dias, nos termos do art. 8° da Lei n° 9.868/9; c) Que sejam solicitadas informações do Presidente da República, pelo ato normativo impugnado; d) A juntada dos documentos anexos; e) A oitiva do Procurador Geral da República; f) Que seja julgada procedente a presente demanda e declarada a inconstitucionalidade da Medida Provisória n° W; Dá se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais. Nestes termos, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB...
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