Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA QUEIMADURAS Frequente em meio urbano e rural. Todas as faixas etárias. Lesões pequenas até catastróficas. Grandes queimaduras – lesões extensas e multissistêmicas. Causa mais comum de morte em vítima de incêndio – complicações da insuficiência respiratória. OBS.: O que mata mais em incêndios é a inalação de fumaça. CARACTERÍSTICAS DA QUEIMADURA Queimadura (temperatura elevada ou congelante, radiação ou agentes químicos) – lesão grave das proteínas com sua desnaturação. Três zonas de lesão tecidual: o Zona de estase: São lesadas mas não de maneira irreversível (tratamento preserva o fluxo sanguíneo). Uso de gelo agrava mais a vasoconstrição. o Zona de hiperemia: Mais externa, lesão celular mínima. Aumento do fluxo sanguíneo secundário a reação inflamatória iniciada pela queimadura. QUEIMADURA DE PRIMEIRO GRAU Afeta apenas a epiderme. São avermelhadas e dolorosas. Raramente têm significado clínico (exceto em grandes áreas de queimadura solar). Saram dentro de uma semana. Não deixam cicatriz. OBS.: No atendimento pré e intra-hospitalar não classifica desta forma, mas em área de superfície corpórea queimada. O ESTIMATIVA DIFÍCIL. O PRIMEIRO GRAU – TERCEIRO GRAU EM 24-48H. O RETARDAR O JULGAMENTO DA PROFUNDIDADE POR ATÉ 48H. Com o passar das horas uma queimadura que aparentemente é de primeiro grau com o passar das horas pode ser de maior gravidade, sendo classificada por área de superfície corpórea queimada. QUEIMADURA DE SEGUNDO GRAU Envolve a epiderme e partes variáveis da derme subjacente. Podem ser superficiais ou profundas. São dolorosas e formam bolhas ou áreas queimadas sem epiderme (com base brilhante e úmida). Saram em duas a três semanas. O ESPESSURA PARCIAL – ZONA DE COAGULAÇÃO ENVOLVE TODA A EPIDERME E DERME SUPERFICIAL. O ESPESSURA PROFUNDA – EXIGE CORREÇÃO CIRÚRGICA. Não é recomendado estourar as bolhas. Elas são ricas em proteínas e vão puxando mais líquido pela ação coloidosmótica que vai puxar o líquido para a região da bolha, comprimindo as terminações nervosa livres e aumentando a intensidade da dor do paciente. Romper apenas em centro cirúrgico ou unidade de queimados PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA (semelhante ao centro cirúrgico no quesito assepsia). Apresenta muita dor. QUEIMADURA DE TERCEIRO GRAU Pode apresentar várias aparências. Espessas, secas, esbranquiçadas e com aspecto de couro. Casos graves – aparência carbonizada com trombose visível dos vasos sanguíneos. A dor é decorrente da queimadura de 2° grau circunvizinha. A de terceiro grau mesmo apresenta pouca ou nenhuma dor por destruição das terminações nervosas livres. O PODEM SER INCAPACITANTES. O NECESSÁRIA EXCISÃO CIRÚRGICA IMEDIATA E REABILITAÇÃO INTENSIVA. QUEIMADURA DE QUARTO GRAU Ultrapassa todas as camadas da pele: o Tecido adiposo. o Músculos. o Ossos. o Órgãos interno subjacentes. ESTIMATIVA DO TAMANHO DA QUEIMADURA Importante para reanimar o paciente de maneira adequada. Evita complicações como o choque hipovolêmico. Regra dos nove em adultos: o Grande regiões do corpo = 9%. o Períneo ou área genital = 1%. o Palma da mão = 1%. Não tem como se fazer uma estimativa correta do nível de queimadura no atendimento inicial e nem nas primeiras horas. Regra dos nove: divide as áreas corpóreas em porcentagem e vai somando. Crianças: a quantidade de líquido na criança é maior, a contagem é feita para mais. Importante! Saber calcular a área de superfície corpórea queimada do paciente. Atenção! Atendimento inicial do paciente queimado continua sendo o ABCDE. O corpo de um paciente queimado se comporta como um “balde vazando”, a medida que vai hidratando ele vai perdendo líquido em grande quantidade o que pode levá-lo ao choque. REANIMAÇÃO VOLÊMICA Imperiosa administração de grande volume de líquido. Evitar choque hipovolêmico. Após queimadura – perda de líquido na forma de edema corporal total obrigatório e evaporação. “Balde vazando”. Objetivos: o Reposição das perdas intravasculares previstas. o Ringer lactato – de escolha. PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA Não existe consenso entre os tipos de soro, porém o mais utilizado é o ringer lactato. A partir daí faz-se o cálculo da área de superfície corpórea queimada do paciente- Regra de Parkland. Regra de Parkland: 4 ml x Kg x % de área queimada. Metade do resultado final vai infundir nas primeiras 8h após a queimadura do paciente. E o restante do cálculo vai repor nas 16h seguintes. Atenção! Ter cuidado com o tempo de deslocamento até o incidente. Caso tenha perdido 1h faz o cálculo para 7h. A hidratação deve ser feita em cima do tempo de queimadura do paciente. Etapa inicial: tirar do paciente adornos. Caso esteja com roupa grudada na pele, só poderá ser retirada no hospital sob anestesia geral. TRATAMENTO INICIAL DA QUEIMADURA Etapa inicial – PARAR A QUEIMADURA. Irrigação com grande quantidade de água à temperatura ambiente. Água fria e gelo são contraindicados. Remover toda a roupa e adornos. Administrar água em temperatura ambiente, jamais água fria ou gelada para não expandir a área de lesão máxima porque vai levar a vasoconstricção e o tecido que estava viável vai morrer. EXAME PRIMÁRIO E REANIMAÇÃO ABCDE: o Vias aéreas: Permeabilidade de via aérea – mais alta prioridade. Edema de VA acima das cordas vocais. Avaliação cuidados e contínua. Intubação difícil e perigosa. Paciente intubado – cuidado com a fixação. o Respiração: Queimaduras circunferenciais da parede torácica. Complacência pulmonar. Excarotomia imediata da parede torácica. o Circulação: PA difícil ou impossível (queimadura de espessura total e o edema de membros). PA “normal” – perfusão distal reduzida. Queimaduras > 20% ASCT – obter 2 acessos venosos de grosso calibre. o Incapacidade/estado neurológico: Pacientes queimados podem ter outras lesões. Avaliar as lesões com risco de morte. o Exposição: Expor completamente o paciente (avaliar cada cm). Controlar o ambiente. Não se verifica a PA. Não tem problema em pegar acesso venoso no braço queimado e caso a área seja >20% são necessários dois acessos venosos calibrosos curtos e grossos (jelco 14). EXAME SECUNDÁRIO Idêntico a qualquer paciente traumatizado. Curativo – evitar continuação da contaminação e impedir fluxo de ar sobre as feridas. Não se passa nenhum tipo de pomada no pré-hospitalar. No intra-hospitalar toda pele inviável é retirada e posto sobre ele pomada, gases e compressas envolvendo toda a região e todo dia ele vai ser submetido a uma nova anestesia até melhora da lesão. É necessário sempre colocar lençol limpo na área queimada PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA para evitar que o próprio vento aumente a dor devido as terminações livres estarem expostas. O FAZER ANALGESIA DO PACIENTE. MENSURAR A DOR PELA ESCALA DA DOR. O ESCALA 3-4: ANALGÉSICO MAIS LEVE DIPIRONA 30- 50MG/KG. O ESCALA >6: ANALGÉSICOS DERIVADOS DA MORFINA, FENTANIL. OBS.: O transporte deve ser feito para hospital apropriado. QUEIMADURAS ELÉTRICAS Devastadoras – subestimadas. Destruição tecidual e necrose extensas em comparação com trauma aparente. Lesão de entrada e saída. Destruição maciça de massa muscular: Rabdomiólise: liberação de potássio e mioglobina. Desenvolvimento de insuficiência renal pela liberação de mioglobina e pode desenvolver hiperpotassemia. Por isso que nesse paciente não pode usar o ringerlactato (contém potássio), usa-se o soro fisiológico. Ruptura da membrada timpânica. Contração muscular intensa - fratura de coluna. Coluna vertebral imobilizada. Todo paciente vítima de choque elétrico é considerado grande queimado até que se prove o contrário. OBS.: Paciente vítima de choque elétrico é considerado politraumatizado. QUEIMADURAS CIRCUNFERENCIAIS Efeito semelhante a torniquete – membros. Constrição da parede torácica. Emergência médica. Escarotomias. Perda da funcionalidade da musculatura esquelética, fica rígida. Realizar escarotomia (semelhante a síndrome compartimental). INALAÇÃO DE FUMAÇA Principal causa de morte em incêndios. Queimadura na face ou fuligem no escarro – risco para uma lesão por inalação de fumaça. Auto índice de suspeição. Três elementos da inalação de fumaça: o Lesão térmica. o Asfixia. o Lesão pulmonar tardia induzida por toxina. Exemplo da boate kiss: inalação de cianeto. Ar seco: lesões de queimaduras nas partes superior das vias aéreas (cavidade oral e parte superior da faringe), jamais vai até as regiões inferiores. Edema de VA em progressão resultante de queimadura por ar seco quente: dificuldade respiratória, queimadura de bigode, queimadura de vibrissas nasais, tosse, escarro carbonáceo (cor de cinza, marrom escuro), rouquidão, estridor inspiratório. Mesmo estando com 15 na escala de coma de Glasgow ele precisa ser intubado imediatamente. PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA Caso a VA esteja fechada fazer cricotireoidostomia por punção ou cricotireoidostomia cirúrgica. OBS.: Atenção! Traqueostomia não é um procedimento de emergência (raras as exceções), é eletivo e realizado no centro cirúrgico. Inalação de vapor: capacidade > 4000x de transportar calor até as VA mais inferiores (alvéolos), paciente terá insuficiência respiratória grave por lesão alveolar. Monóxido de carbono (CO): letal, 300x mais afinidade pela hemoglobina do que o oxigênio. “Engana” a oximetria de pulso, resultado falso positivo. Tratamento intoxicação CO: ofertar oxigênio à 100%. Quadro clínico: cefaleia, taquicardia, hipertensão, dependendo do grau pode apresentar rebaixamento do nível de consciência, letargia. Se estiver falando com boa FR e regularidade pode colocar máscara de Hudson. Se não, unidade de bolsa máscara acoplado ao oxigênio, alguns casos necessário intubar. Gás Cianeto (CN): produz uma intoxicação a nível intracelular, intramitocondrial no citocromo aa3. Ele se liga à essa porção do citocromo impedindo que haja produção de ATP e as células morrem. Mesmo recebendo 100% de oxigênio, pode ser letal. “Kit Lilly”: utilização do nitrato de amila e nitrato de sódio que vai transformar a hemoglobina em metemoglobina deslocando o citocromo aa3 e depois utilizar o nitrato de sódio em gás cianeto. LESÃO PULMONAR INDUZIDA POR TOXINAS Pode não se manifestar por vários dias. Evolui com insuficiência respiratória leve podendo chegar à óbito. “Período de lua-de-mel”. Gravidade da lesão – tempo de exposição e componentes da fumaça (dióxido de enxofre, amônia, cloreto de hidrogênio). Lesam as células que revestem as VA e os pulmões. PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Mudança no caráter da voz, dificuldade em manusear secreção, salivação excessiva – obstrução das VA. Transportados para centros de queimados mesmo sem queimaduras. Atenção! Não pode prender o tubo com esparadrapo, mas com fita, porque o rosto incha e pode empurrar o tubo para frente e exturbar o paciente. ABUSO INFANTIL 20% dos casos de abuso infantil – queimaduras intencionais. Idade: 1 a 3 anos. Imersão forçada. Queimaduras na mão e pés em “luva”. Simétricas e sem respingo. Escaldadura – poupa as pregas (flexão excessiva). Fazer o atendimento e depois avisar às autoridades sem que o agressor tenha conhecimento. OBS.: Atenção! Saber tratamento do manual. Três zonas: o Quente: bombeiros (com roupa e cilindro de oxigênio). Obs.: se for pó químico, bater e escovar para depois jogar água. o Morna. o Fria: equipe médica. Paciente vindo da zona quente já descontaminado realiza o ABCDE primário e secundário e transporta paciente para hospital. OBS.: Ler todas as substâncias químicas do capítulo de queimaduras do PHTLS. Classificação dos agentes: ÁCIDOS PH entre o 0 e 7,0. Necrose de coagulação. Impede a penetração mais profunda do ácido. PHTLS THAYNÁ FIGUEIRÊDO - MEDICINA BASE Necrose de liquefação. Liquefaz os tecidos. Permite que as substâncias penetrem mais profundamente. Exposição do olho- irrigação abundante. Lente de Morgan: irriga o olho do paciente abundantemente. TRATAMENTO Segurança da cena. Cuidado com a contaminação da ambulância. Remover as roupas do paciente – descartada com cuidado. Retirar substâncias particulada na pele – escovação/lavar com água abundantemente. Cuidado com o escoamento do líquido – recolher a água contaminada. Evitar agentes neutralizantes – produzem calor. CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO Exposição – riscos importantes para socorristas e profissionais da saúde. Zonas de controle: o Zona quente: Ninguém entra sem EPI apropriado. Região imediatamente adjacente ao incidente. Evacuar os pacientes contaminados sem atendimento. o Zona morna: Os pacientes são descontaminados antes de ir para zona fria. o Zona fria: Prestado atendimento pelos profissionais de saúde. A maca é desnivelada, a cabeceira é bem mais alta do que a parte das pernas porque a água vai escorrendo para ela ser descartada. Água na temperatura ambiente ou morna, jamais água fria. Todos os dias são anestesiados para trocar curativos. Banho, cremes antibióticos e depois envolvem eles com gases estéreis, compressas estéreis e depois faixas estéreis.
Compartilhar