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introdução à imunologia • Imunologia é o estudo das defesas do organismo contra infecção. Sua origem costuma ser atribuída a Edward Jenner que, no fim do século XVIII, observou que a doença da varíola bovina (vaccínia), relativamente branda, conferia proteção contra a doença da varíola humana, em geral fatal. Em 1796, ele demonstrou que a inoculação com varíola bovina poderia proteger contra a varíola humana. Jenner deu a esse procedimento o nome de vacinação. • No final do século XIX, Robert Koch provou que as doenças infecciosas eram causadas por microrganismos patogênicos. São reconhecidas 4 grandes categorias de microrganismos causadores de doença, ou patógenos: vírus, bactérias, fungos patogênicos e parasitas. • Nos anos 1880, Louis Pasteur projetou uma vacina contra o cólera aviário, e desenvolveu uma vacina antirrábica que obteve sucesso espetacular em sua primeira aplicação em um rapaz mordido por um cão raivoso. • No início da década de 1890, Emil von Behrlng e Shibasaburo Kitasato descobriramque o soro de animais imunes à difteria ou ao tétano continha uma "atividade antitóxica" específica que poderia conferir proteção em curto prazo contra os efeitos das toxinas de difteria ou tétano em pessoas. Essa atividade era devida ao que agora se chama de anticorpos. • As células e moléculas responsáveis pela imunidade constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e coordenada à entrada de substâncias estranhas é denominada resposta imune. Uma resposta imune pode ser classificada de 2 formas: » Resposta imune específica: é desenvolvida durante a vida de um indivíduo como uma adaptação à infecção pelo patógeno. também resulta em um fenômeno conhecido como memória imune, o que confere uma imunidade protetora por toda a vida contra reinfecções pelo mesmo patógeno. Ex: produção de anticorpos contra um patógeno em particular ou seus produtos. » Resposta imune inata ou imunidade inata: Está imediatamente disponível para combater uma grande gama de patógenos, mas não conduz a uma imunidade duradoura e não é específica para nenhum patógeno individual. • Na época dos estudos de von Behring, a imunidade inata era conhecida principalmente pelos trabalhos do russo Elie Metchnikoff, que descobriu que muitos microrganismos poderiam ser engolfados e digeridos por células fagocíticas, as quais ele chamou de "macrófagos''. Essas células estão sempre presentes e prontas para atuar, e são componentes da linha de frente da resposta imune inata. • Em contrapartida, uma resposta imune adaptativa leva tempo para se desenvolver e é altamente específica. Rapidamente tornou-se claro que os anticorpos poderiam ser induzidos contra um grande número de substâncias. Essas substâncias foram chamadas de antígenos. • Proteínas, glicoproteínas e polissacarídeos de patógenos são os antígenos aos quais o sistema imune normalmente responde, mas é possível reconhecer e desenvolver resposta para um número muito maior de estruturas químicas, por isso sua capacidade de produzir resposta imune alérgica contra metais como níquel, fármacos como a penicilina e outros compostos orgânicos. Juntas, as respostas imunes adaptativa e inata proporcionam um sistema de defesa extraordinariamente eficaz. • Muitas infecções são controladas com sucesso pela imunidade inata e não causam nenhuma doença; para as que não podem ser solucionadas, as atividades do sistema imune inato desencadeiam uma resposta imune adaptativa e, se a doença for superada, essa resposta em geral é seguida por uma memória imune duradoura, o que impede o desenvolvimento da doença caso ocorra reinfecção. • Embora os leucócitos conhecidos como linfócitos possuam poderosa capacidade de reconhecer e atacar os microrganismos patogênicos, eles necessitam da participação do sistema imune inato para iniciar e desenvolver sua defesa. Na verdade, a resposta imune adaptativa e a imunidade inata utilizam muitos mecanismos destrutivos comuns para, finalmente, destruir os microrgan1smos invasores. respostas protetoras • O corpo é protegido de agentes infecciosos e dos danos que eles causam, e de outras substâncias nocivas, por uma variedade de células efetoras e moléculas, que juntas constituem o sistema imune. Para proteger o indivíduo de maneira eficaz contra uma doença, o sistema imune deve realizar 4 principais tarefas: » Reconhecimento imune: A presença de uma infecção deve ser detectada. Essa tarefa é realizada pelos leucócitos do sistema imune inato, os quais proporcionam uma resposta imediata, e pelos linfócitos do sistema imune adaptativo. » Funções imune efetora: Momento de conter a infecção e, se possível, eliminá-la por completo. Isso traz à ativa as funções imunes efetoras, os anticorpos produzidos por alguns linfócitos e a capacidade destrutiva dos linfócitos e outros leucócitos. Ao mesmo tempo, a resposta imune deve ser mantida sob controle para que não cause nenhum prejuízo ao próprio organismo. » Regulação imune: É a capacidade que o sistema imune tem para autorregulação, sendo, portanto, um aspecto importante nas respostas imunes, e a falha de tal regulação contribui para o desenvolvimento de condições alérgicas e doenças autoimunes. » Memória imune: Consiste na proteção do indivíduo contra a recorrência de uma doença devida a um mesmo patógeno. Assim, tendo sido exposta uma vez a um agente infeccioso, uma pessoa produzirá uma resposta forte e imediata contra qualquer exposição subsequente ao mesmo patógeno, isto é, ela terá imunidade protetora contra ele. • Quando um indivíduo encontra um agente infeccioso pela primeira vez, as defesas iniciais contra a infecção são barreiras físicas e químicas, como proteínas antimicrobianas secretadas na superfície das mucosas, que impedem a entrada de microrganismos no corpo. Entretanto, se essas barreiras são superadas ou evadidas, outros componentes do sistema imune iniciam sua ação. • O sistema do complemento pode reconhecer e destruir imediatamente os organismos estranhos, e os leucócitos fagocíticos, como macrófagos e neutrófilos do sistema imune inato, podem ingerir e matar os micróbios pela produção de químicos tóxicos e poderosas enzimas de degradação. A resposta imune inata ocorre rapidamente no momento de exposição a um organismo infeccioso. • Em contrapartida, as respostas pelo sistema imune adaptativo levam dias para se desenvolver. O sistema imune adaptativo é capaz de eliminar as infecções de maneira mais eficiente devido às funções de reconhecimento únicas dos linfócitos. Essas células podem reconhecer e responder a antígenos individuais por meio de receptores de antígenos altamente especializados em sua superfície. Assim, o sistema imune reconhece e responde praticamente a qualquer antígeno ao qual a pessoa possa estar exposta. • Ambas as respostas imunes, inata e adaptativa, dependem de atividades das células sanguíneas brancas, os leucócitos. Essas células são originárias da medula óssea, onde muitas delas se desenvolvem e maturam. • Quando maduras, elas migram para cuidar dos tecidos periféricos: algumas residem dentro dos tecidos, enquanto outras circulam na corrente sanguínea e em um sistema especializado de vasos chamado de sistema linfático, que drena líquidos extracelulares e células livres dos tecidos, transportando-os pelo corpo como linfa e, finalmente, as devolvendo ao sistema sanguíneo. • Todos os elementos celulares do sangue, incluindo as hemácias, as plaquetas e os leucócitos do sistema imune, derivam de células- tronco hematopoiéticas da medula óssea (HSCs). Como essas células podem dar origem a todos os diferentes tipos de células sanguíneas, elas são em geral conhecidas como HSCs pluripotentes. Elas dão origem a células de potencial de desenvolvimento mais limitado, as quais são progenitoras imediatas de hemácias, plaquetas, e às duas principais categorias de leucócitos, as linhagens linfoide e mieloide. » O progenitormieloide comum é o precursor de macrófagos, granulócitos, mastócitos e células dendríticas do sistema imune inato. » O progenitor linfoide comum da medula óssea dá origem aos linfócitos antígeno-específicos do sistema imune adaptativo e também a um tipo de linfócito que responde à presença de infecção, mas não é específico para antígeno e, portanto, é considerado parte do sistema imune inato. Este último é uma grande célula com citoplasma granular distinto e é chamado de célula natural killer (célula NK).
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