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Prévia do material em texto

Raça Ovina 
Churra do Campo
Caraterização da população atual
Carlos de Sousa Coutinho Rebelo de Andrade
 
Carlos de Sousa Coutinho Rebello de Andrade termi-
nou a Licenciatura em Engª Zootécnica pela Universi-
dade de Évora, em 1983. Como Diplomado, desen-
volveu a sua atividade principal na área dos pequenos 
ruminantes. Dotado de um enorme sentido de 
observação, de espírito crítico, de reflexão e de análise, 
foi-se afirmando como um especialista de referência, 
que é hoje, na área dos Ovinos e Caprinos. 
Iniciou a sua atividade docente, na Escola Superior Agrária do I. P. de Castelo 
Branco, em 1984. Para além da leccionação de várias disciplinas na área da Zootecnia 
e em particular dos Ovinos e Caprinos, foi desde logo responsável pelo sector de 
Ovinicultura da Qta. de Snra. Mércules, da ESACB. Ao longo dos anos, foi comple-
mentando a sua formação de base: Curso Superior Especializado em Produção 
Animal (Escola Superior de Medicina Veterinária - UTL); Conservation and manage-
ment of animal genetic resources (CIHEAM - IAMZ, FAO, Zaragoza, Espanha); 
New Technologies For Dairy Sheep Production (CIHEAM - IAMZ, 
Vitoria-Gasteiz, Espanha); Mestrado em Zootecnia (U. Évora). 
Como Professor e para além da atividade lectiva, orientou trabalhos de estágio, 
participou em cursos breves, em júris de provas académicas e, como resultado do 
trabalho de I&D realizado, apresentou inúmeros trabalhos em congressos nacionais e 
internacionais. A abordagem metódica da Zootecnia e o reconhecimento das suas 
competências pelas Autoridades Nacionais, resultaram na sua nomeação em 2007, 
como Secretário Técnico do Livro Genealógico da raça ovina Churra do Campo. 
Como Professor, prepara e desenvolve nos alunos o rigor dos conhecimentos, 
deixando em todos laços grandes de reconhecimento e de amizade.
Para além do que referi, como “criador” de cavalos Puro Sangue Lusitano, Carlos 
Andrade confirma e demonstra as suas qualidades de Zootécnico. Carlos Andrade, 
um Zootécnico de referência e um Amigo leal.
José Pedro P Fragoso de Almeida
(Professor Coordenador)
Raça Ovina 
“Churra do Campo”
Caraterização da população atual
Carlos de Sousa Coutinho Rebello Andrade
HBastos
© do texto: Carlos de Sousa Coutinho Rebelo de Andrade
© das imagens: os seus autores
Ficha Técnica
Edições IPCB
Julho 2012
Instituto Politécnico de Castelo Branco
Av. Pedro Álvares Cabral n.º 12
6000-084 Castelo Branco
Portugal
www.ipcb.pt
Título
Raça Ovina “Churra do Campo”. Caracterização da população actual
Coordenador 
Carlos de Sousa Coutinho Rebelo de Andrade
Capa
Rui Tomás Monteiro
Aguarela da capa
João Cabral
Projecto gráfico e paginação
Rui Tomás Monteiro
Tiragem
500 ex.
Arte Final, impressão e acabamentos
Serviços Gráficos do IPCB
ISBN: 978-989-8196-30-9
Registo de Depósito Legal: 357480/13
Castelo Branco, Julho de 2012
Todos os direitos reservados. Salvo o previsto na Lei, não é permitida a reprodução total ou parcial deste 
livro que ultrapasse o permitido pelo Código de Direitos de Autor, como a sua recompilação em sistema 
informático, nem a sua transformação por meios electrónicos, mecânicos, por fotocópias, por registo ou 
por outros métodos presentes ou futuros, mediantew qualquer meio para fins lucrativos ou privados, sem 
a autorização dos titulares do copyright e do autor que detêm a propriedade intelectual da obra. Nenhum 
texto, imagem ou marca é usado com o intuito de lesar direitos, autoria, reputação ou imagem de terceiros.
Agradecimentos
À Dr.ª Filomena Afonso (DGAV) e Dr. Luís Figueiras (CMP) pela 
disponibilidade e interesse sempre manifestados no acompanhamento 
da recuperação da raça.
.
Indice
CAPITULO 1
Carateres produtivos e reprodutivos
1.1. Introdução
1.1.1. Origens e História da Raça Churra do Campo
1.1.2. Caracterização da Raça Ovina Churra do Campo
1.1.3. Objetivos
1.1.4. Estrutura dos rebanhos
1.2. Material e Métodos
1.3. Parâmetros Reprodutivos
1.4. Produção de Leite
1.5. Crescimento dos Borregos
1.6. Notas finais
Bibliografia
Agradecimentos
 
CAPITULO 2
Carateristicas da Carcaça de Borrego
2.1.Introdução
2.2 Material e Métodos
2.3. Caracterização de Carcaças de Borregos
2.4 Notas finais
Bibliografia
 
CAPITULO 3
Composição e Qualidade Organoléptica da Carne de Borrego
3.1 Introdução
3.2 Material e Métodos
3.3. Qualidade Organolética da Carne de Borrego
 3.3.1. Coloração, Capacidade de Retenção de Água e Tenrura
 3.3.2. Ácidos Gordos da Carne
1
1
3
3
5
6
6
10
10
11
14
16
17
17
21
21
23
23
24
28
28
31
31
33
33
34
34
35
37
38
41
41
45
45
49
49
53
53
55
57
58
59
61
63
66
68
3.4 Notas Finais
Bibliografia
 
CAPITULO 4
Caraterização da Fibra Lanar da Raça Ovina Churra do Campo
 
CAPITULO 5
Susceptibilidade da Raça Churra do Campo ao Scrapie
 
CAPITULO 6
 A PRND Polymorphism in Churra do Campo Portuguese Sheep 
Breed
 
CAPITULO 7
Caraterização Genética da Raça Ovina Churra do Campo
7.1 Introdução
7.2 Material e Métodos
7.3 Análise Estatística
7.4 Resultados
 7.4.1 Enquadramento da População Churra do Campo 
 com outras Populações Ovinas.
 7.4.2.Distância da Raça Churra do Campo a outras 
 Populações Ovinas Nacionais
7.5 Conclusões
Bibliografia
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 1
Capítulo 1
Carateres Produtivos e Reprodutivos
 
Carvalho J.1, 
R. Marques2, 
A.J.T. Galvão1. 
C.S.C. Rebello de Andrade1 
J.P.F. Almeida1
1 Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária
Qt.ª Sr.ª Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal
2 Câmara Municipal de Penamacor
Largo do Município, 6090-543 Penamacor, Portugal
2 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 3
1.1. Introdução
1.1.1. Origens e História da Raça Churra do Campo
Figura 1. Aspecto geral do rebanho da ESACB de Churra do Campo
A raça ovina Churra do Campo derivou dos primitivos ovinos do 
tronco ibérico-pirenaico que povoaram todo o norte montanhoso da 
Península Ibérica. Foi descrita por Sobral et al., (1987) como sendo uma 
raça de pequeno formato, dotada de extrema rusticidade, o que lhe per-
mitia subsistir em zonas muito pobres de pastagens, na raia da Beira Bai-
xa com Espanha, Norte do Concelho de Idanha-a-Nova, Penamacor e 
algumas manchas no Concelho do Fundão. Explorada em regime exten-
4 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
sivo, caracterizava-se pela sua tripla função carne, leite e lã, no entanto 
não revelam nenhuma aptidão especializada (Sobral et al., 1987).
Em 1972, a raça Churra do Campo representava 2,6 % do total ovino 
nacional, o que correspondia a 62.215 cabeças (DRABI, 2004). Quinze 
anos mais tarde, ou seja em 1987, a sua população estaria reduzida a 
metade, ou seja, entre as 30.000 a 40.000 cabeças (DGP, 1987 cit. por 
DRABI, 2004). Porém 2 anos depois e após uma avaliação cuidada por 
parte da Direcção Geral de Pecuária a Churra do Campo parece estar 
apenas restrita a 400 animais com as características morfológicas dentro 
das definidas pelo padrão da raça (DGP, 1989 cit. por DRABI, 2004).
Em 1996, técnicos da Direcção Regional de Agricultura da Beira In-
terior, constataram a existência de cerca de 400 fêmeas, com as caracte-
rísticas morfológicas definidas pelo padrão da raça, em vários rebanhos 
heterogéneos (DRABI, 2004).
Em 1997/8,decidiu então a Direcção Regional de Agricultura da Bei-
ra Interior adquirir um pequeno núcleo de animais como tentativa de 
criar um núcleo de recuperação da raça, criando um efectivo de 16 fê-
meas e 3 machos (DRABI, 2004).
Em 2004, segundo o relatório do INIAP (2004) a raça estava consi-
derada como extinta. 
Entretanto num Projecto Transfronteiriço, ao abrigo do programa 
INTERREG III – Rotas da Transumância, a Câmara Municipal de Pe-
namacor (CMP) em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto 
Politécnico de Castelo Branco (ESA/IPCB) fizeram um esforço para 
recuperar animais ainda existentes em rebanhosdispersos e em 2007 fo-
ram criadas as condições para implementar o Livro Genealógico (L.G.) 
da raça Churra do Campo.
O efectivo actual desta raça é de 261 fêmeas e 17 machos divididos 
por seis explorações.
A redução do efectivo desta raça, terá sido devida, provavelmente, às 
condições de mercado, que foram obrigando os produtores de ovinos 
a procurar raças mais adaptadas a sistemas intensivos e com maiores 
rendimentos de transformação, em leite ou carne. Este abandono das 
raças autóctones, menos adequadas ou pouco seleccionadas para tais 
fins, conduziu a uma diminuição significativa das populações alcançan-
do níveis perto da extinção o que, se pode traduzir numa ameaça real à 
manutenção da biodiversidade.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 5
Quadro 1 - Evolução do efetivo Ovino Churra do Campo
 
Por Freguesias 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Castelo Branco 28 36 40 38 53 59
Castelo Novo 0 0 0 10 7 10
Pedrogão 0 38 39 39 40 40
Meimoa 0 0 0 0 20 26
Penamacor 57 94 113 140 122 126
TOTAL Femeas 85 168 192 227 242 261
Castelo Branco 4 5 4 2 6 5
Castelo Novo 0 1 1 1 1 1
Pedrogão 0 1 1 1 1 1
Meimoa 0 0 0 0 1 1
Penamacor 1 1 5 10 7 9
Total Machos 5 8 11 14 16 17
1.1.2. Caracterização da Raça Ovina Churra do Campo
As características morfológicas da raça encontram-se descritas por 
Sobral et al., (1987). Em síntese a raça Churra do Campo (ChC) possui 
uma estatura pequena e cor branca o velo é relativamente extenso, quase 
chega ao solo na época da tosquia.
A cabeça é pequena e com lã na fronte (popa), perfis craniano e do chanfro 
retos, preferencialmente sem cornos nas fêmeas e frequentes nos machos.
6 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Os membros são curtos, em geral pigmentados de castanho nas zonas 
deslanadas a partir dos joelhos ou dos curvilhões ou um pouco mais acima.
As características produtivas e reprodutivas encontradas em biblio-
grafia são referidas na Tabela 1.1.
1.1.3. Objetivos
A população de ovelhas da raça ChC atualmente é muito pequena e 
não se conhece até que ponto as suas caraterísticas estão desviadas da 
última caraterização efetuada por Sobral et al., (1987). Daí que, com este 
trabalho e outros que se seguirão, se pretende aprofundar o conheci-
mento da população atual da raça ChC, no que respeita à produção lei-
teira, caraterísticas de crescimento dos borregos, bem como os aspetos 
relacionados com a composição e qualidade das suas carcaças e da carne 
a duas idades distintas ao abate - 45 vs 120 dias.
Pretende-se também caraterizar a raça ChC ao nível da fibra lanar, 
determinar o grau de susceptibilidade desta raça ao “Scrapie” e por fim 
fazer a caracterização genética pela análise de ADN.
Tabela 1.1. Valores Produtivos e Reprodutivos da Raça Churra do Campo (Sobral et al., 1987).
 Peso vivo adulto Fêmeas 25 a 30 kg
 Machos 35 a 40 kg
 Peso ao Nascimento 2,5 a 3,0 kg
 Peso ao Desmame 15 a 18 kg
 Rendimento de Carcaça 45%
 Taxa Fertilidade 85 a 90%
 Taxa Prolificidade 110 a 120%
 Taxa Fecundidade 95 a 110%
 Produtividade 85 a 100
 Produção de Leite 30 a 50 l
 Produção Diária 0,2 a 0,3 l
 Teor Butiroso 6 a 8%
 
Peso do Velo
 machos 2,5 a 3,0 kg
 fêmeas 2,0 a 2,5 kg
 Rendimento em lavado 43%
1.1.4. Estrutura dos rebanhos
Os rebanhos iniciais foram constituídos pela CMP e o Dr. António 
Cabanas. Daí vieram alguns animais para a ESA/IPCB. Só mais tarde 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 7
Figura 1 - Movimento de animais
se conseguiu um núcleo de 68 animais que foram divididos pela CMP e 
ESA/IPCB. São estas duas explorações o esteio da Churra do Campo e 
a partir das quais se formarão outros núcleos (fig. 1.1).
É um compromisso assumido pelas duas instituições para ser cum-
prido a longo prazo visto que o núcleo inicial estava envelhecido.
A evolução dos dois rebanhos ao longo do tempo está expressa nos 
gráficos 1.1 e 1.2.
Pela análise efectuada, sem informação dos ascendentes das ovelhas 
iniciais, os coeficientes de consanguinidade são bastante baixos (Quadro 1) 
8 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
ao contrário do que parece pela caracterização genética por análise do 
ADN que foi efectuada a todo o efectivo Churra do Campo.
Vemos na fig. 1.2 que os carneiros mais utilizados são o 40, 41 e 48. 
Os dois primeiros são irmãos de mãe. Identificar a relação de parentesco 
permite estabelecer os emparelhamentos a fim de evitar problemas de 
consanguinidade.
Fig. 1.2 – Árvore genealógica do rebanho da ESA/IPCB
	
   	
  
Gráfico 1.1 – Estrutura inicial e evolução do 
da ESA/IPCB até Dezembro 2010
Gráfico 1.2 – Estrutura inicial e evolução do 
efectivo da CMP até Dezembro 2010
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 9
Quadro 2 - Análise BLUP para peso ao nascimento
10 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
1.2. Material e Métodos
O cálculo das taxas reprodutivas foi realizado segundo Desvignes 
(1968). A produção de leite foi estimada por aplicação do método Fleisch-
mann aos resultados do contraste leiteiro quinzenal completo (sobre or-
denho da manhã e da tarde). Os borregos foram pesados ao nascimento, 
sendo os pesos aos 30, 70 e 120 dias de idade, estimados por interpolação 
linear a partir dos resultados das pesagens quinzenais. Quanto aos ganhos 
médios diários, foram obtidos por regressão linear sobre as pesagens. A 
caracterização da lã foi realizada através da metodologia proposta pelo 
“European Fine Fibre Network” (EFFN, 1997), pelas normas do IWTO 
e Australian Standard/New Zealand Standard 4492.2 (Int.) (1997).
Os resultados foram analisados estatisticamente por análise de vari-
ância simples (Univariada, procedimento GLM), tendo as médias sido 
submetidas a teste das diferenças mínimas significativas; os resultados 
com diferenças significativas são referenciados nos quadros com *, ** 
ou ***, consoante o nível de significância P<0,05, P<0,01 e P<0,001 
respectivamente.
1.3. Parâmetros Reprodutivos 
Os parâmetros reprodutivos foram calculados separadamente nas duas 
explorações em estudo, sendo os resultados apresentados na tabela 1.2. 
Tabela 1.2 - Parâmetros Reprodutivos: TFA – taxa de fertilidade aparente; TFec – taxa de fecundida-
de; TP – taxa de prolificidade; TMort – taxa de mortalidade ao nascimento; n – número de animais 
à reprodução; Exploração 1- partos na Primavera; Exploração 2 - partos Outono e Inverno.
 TFA TFec TP TMort
Exploração 1
(n=39) 84,62 92,31 1,09 17,14
Exploração 2
(n=88) 89,77 94,32 1,05 10,84
Significância NS NS NS NS
Total 88,19 93,70 1,06 12,71
Significância para P <0,05; NS – não significativo
Os valores de fertilidade, fecundidade e prolificidade, tanto para a 
exploração 1 como para a exploração 2 estão de acordo com os valores 
citados por Sobral et al., (1987), não se verificando diferenças significati-
vas entre explorações. Estes valores de fertilidade, sugerem que embora 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 11
a população seja pequena, ainda não se observam, aparentemente, efei-
tos negativos da consanguinidade.
Por outro lado, é de salientar a taxa de mortalidade (ao nascimento) 
elevada, que poderá ser devido ao facto de existirem fêmeas com idade 
elevada e/ou com alguns problemas que dificultam o estabelecimento 
das crias.
Figura 1.2 - Macho - ESA/IPCB
1.4. Produção de Leite
 
A produção de leite, foi estimada separadamente nas duas ex-
plorações, de acordo com a época de partos. Nas tabelas 1.3 e 1.4, 
apresentam-se os resultados obtidos para a exploração 1 e 2, respe-
tivamente.
A exploração 1, com partos na Primavera (gráfico 1.3 e tabela 1.3) 
apresenta valores médios de produção (31,2L) inferiores em relação à 
exploração 2 com partos no Outono e Inverno (42,1L vs 38,53L) (tabela 
1.4, gráficos 1.4. e 1.5.). 
12 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Figura 1.3 - Fêmeas na ordenha
Gráfico 1.3 - Produção deleite diária durante o período de ordenha para a Exploração 1 - partos 
na Primavera.
A quantidade total de leite, está dentro dos valores referidos por So-
bral et al., (1987), embora seja de referir que na altura do contraste, as 
temperaturas ambientais já eram elevadas (mês de Junho), influenciando 
o valor nutritivo das pastagens o que podia ter influenciado negativa-
mente os valores de produção. 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 13
Tabela 1.3 - Valores médios da produção de leite e sua composição, desvios padrão, mínimos 
e máximos da quantidade total e ordenhada para a exploração 1 com partos na Primavera; 
n – número de animais.
 Produção Primavera (n=18)
 Média ± DP Min. Máx.
Total Quantidade de leite (L) 31,2 ± 13,57 7,93 58,13
 Quantidade de Gordura (L) 2,5 ± 1,06 0,55 4,56
 Quantidade de Proteína (L) 1,6 ± 0,61 0,45 2,7
 Quantidade de Lactose (L) 1,3 ± 0,6 0,25 2,56
 Duração da Lactação (dias) 102,4 ± 8,3 81,5 113,5
 Teor Butiroso (%) 8,2 ± 0,9 6,6 10,2
 Teor Proteico (%) 5,2 ± 0,6 4,5 6,5
 Teor Lactose (%) 4,2 ± 0,29 3,18 4,47
Ordenhada Quantidade de leite (L) 12,6 ± 6,07 2,71 28,98
 Quantidade de Gordura (L) 0,9 ± 0,44 0,14 2,03
 Quantidade de Proteína (L) 0,6 ± 0,26 0,10 1,27
 Quantidade de Lactose (L) 0,44 ± 0,22 0,06 1,01
 Duração Ordenha (dias) 47 - -
 Teor Butiroso (%) 7,0 ± 0,92 5,06 8,53
 Teor Proteico (%) 4,4 ± 0,5 3,53 5,25
 Teor Lactose (%) 3,5 ± 0,46 2,34 4,09
Tabela 1.4 - Valores médios da produção de leite, desvios padrão, mínimos e máximos da quan-
tidade total e ordenhada para a exploração 2 com partos no Outono e Inverno; n – número 
de animais.
 Produção Outono (n=27) Inverno (n=38)
 Média ± DP Min. Máx. Média ± DP Min. Máx.
Total Quant. Leite (L) 42,07 ± 12,25 17,80 86,20 39,53 ± 14,03 12,30 68,00
 Quant. Diária Leite (L) 0,30 ± 0,17 0,01 0,82 0,31 ± 0,16 0,02 0,70
 Dias Lactação 133,4 ± 17,3 106 159 124,3 ± 16,6 76 140
Ordenhada Quant. Leite (L) 24,42 ± 10,59 9,80 59,60 27,37 ± 9,97 10,90 46,60
 Dias Ordenha 108,9 ± 17,9 75 141 96,9 ± 15,4 65 119
Para a exploração 2, os valores de produção são semelhantes aos va-
lores citados pelo autor Sobral et al., (1987), mas comparativamente à 
exploração 1, são bastante superiores o que pode ser explicado pela dis-
ponibilidade alimentar influenciada pela época de partos.
Na exploração 2 não foi possível proceder às análises dos teores em 
gordura, proteína e lactose, devido ao facto de se realizar a ordenha 
manualmente e apenas para efeitos de contraste, não sendo uma roti-
na, o que influenciou o comportamento animal, bem como os valores 
iniciais obtidos em laboratório. Assim, é necessário continuar a reco-
lher mais dados, para obter valores mais consistentes para estas épocas 
do ano.
14 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Gráfico 1.4. Produção de leite diária durante o período de ordenha para a Exploração 2 - partos 
no Outono.
Gráfico 1.5. Produção de leite diária durante o período de ordenha para a Exploração 2 - partos 
no Inverno.
1.5. Crescimento dos Borregos
Na tabela 5, apresentam-se os resultados relativos aos pesos ao 
nascimento, estando estes dentro dos valores citados em bibliografia 
para a raça ChC, não se verificando diferenças significativas entre 
explorações.
Na tabela 6, apresentam-se os valores de ganhos médios diários 
(GMD) nas duas explorações e no total dos borregos, anulando o efeito 
exploração. Nos gráficos 1.6. e 1.7. pode-se observar a evolução no cres-
cimento de borregos e borregas entre os 0 e os 120 dias.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 15
Tabela 1.5 - Peso ao nascimento médio e desvio padrão entre sexos nas explorações 1 e 2.
 Exploração 1 Exploração 2 Sig. Total
Machos (kg ± DP) 3,0 ± 0,7 3,0 ± 0,5 NS 3,0 ± 0,5
Fêmeas (kg ± DP) 2,5 ± 0,6 2,6 ± 0,4 NS 2,6 ± 0,5
Sig. – significância para P <0,05; NS – não significativo
Tabela 1.6 - Valores de Ganhos Médios Diários (GMD) para machos e fêmeas nas explorações 
1 e 2 e respetivos desvios padrão; n – número de animais.
 Exploração 1 Exploração 2 Total
 Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas
 (n=13) (n=22) (n=44) (n=39) (n=57) (n=61)
GMD 0-30 (g ± DP) 198±3,7 153±2,1 149±0,9 150±1,0 157±0,8 151±0,7
GMD 30-70 (g ± DP) +++ 44±12,9 87±1,6 105±1,5 62±1,5 100±1,4
GMD 70-120 (g ± DP) 33±33,6 100±100 73±1,7 83±1,7 83±1,8 92±1,7
+++Machos em número reduzido, pelo que apesar de terem tido um crescimento positivo, 
resultou numa linha de tendência negativa.
Os valores de GMD, não estão citados em bibliografia para esta raça, 
o que não permite comparar dados.
Para o GMD entre os 30-70 dias para machos os valores são mais 
baixos do que para fêmeas devido a um número reduzido de dados para 
os machos na exploração 1. Provavelmente os valores estarão influen-
ciados negativamente por diversos factores: época de partos (junho) que 
limitou negativamente a alimentação do efetivo (não se realizou qualquer 
16 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
suplementação, nem das ovelhas nem das crias); idade muito elevada das 
ovelhas; elevado grau de parasitismo das crias. Os desvios padrões dos 
resultados da exploração 1 foram elevados, principalmente após os trinta 
dias de idade, sugerindo também alguma falha de maneio. 
1.6. Notas finais
Apesar da produção de leite ser baixa, consideramos que é de elevada 
qualidade, visto o queijo a que dá origem se destacar, sendo muito apre-
ciado. Este aspecto está a ser objecto de outro estudo, a apresentar em 
breve. Por outro lado, a ovelha churra do campo é um animal pequeno o 
que permite um maior numero de animais por hectare, compensando ou 
mesmo anulando, a diminuição da produtividade por área de superfície, 
comparativamente a outras raças com maior produtividade. Acresce ain-
da o facto do leite produzido pela Churra do campo ter um rendimento 
de transformação em queijo elevado.
No que diz respeito à produção de borregos e às taxas de morta-
lidade elevadas, será necessário um maior cuidado e melhor acompa-
nhamento para tentar optimizar essas características, principalmente 
se considerarmos a necessidade de minimizar a taxa de substituição de 
animais, pois o objetivo atual da raça é aumentar e recuperar o efetivo 
de reprodutoras da raça.
Gráfico 1.6 - Crescimento dos 0 aos 120 dias 
em borregos no total das explorações.
Gráfico 1.7 - Crescimento dos 0 aos 120 dias 
em borregas no total das explorações
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 17
Bibliografia
DRABI - Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior, 2004. “Valorização dos Territórios 
da Europa do Sudoeste através dos Caprinos e Ovinos”. Castelo Branco.
D.G.V.a - Direcção Geral de Veterinária, 2007. Regulamento Oficial de Contraste Leiteiro. 
http://docentes.esa.ipcb.pt/churra_do_campo/contrasteleiteiro.pdf
Consultado em 05-01-2010
D.G.V.b - Direcção-Geral de Veterinária, 2007. Boletim Estatístico N.º 13. Ministério da Agricul-
tura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
European Fine Fibre Network (E.F.F.N.) 1997. “Development of European Standards for Objec-
tive Measurement of Genetic Selection Parameters, Based on Quantity and Quality Fibre 
Traits”. FAIR3-CT96-1597. European Fine Fibre Network. Workshop Report N.º 1.
INIAP - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Pescas, 2004. “Recursos Genéticos Ani-
mais em Portugal” - Relatório Nacional.
 IWTO-47-95, 1995. “Measurement of the mean and distribution of fibre diameter of wool 
using an optical fibre diameter analyser (OFDA)”, International Wool Textile Organisa-
tion, Ilkley, Yorkshire, UK.
Sobral, M., Antero, C., Borrego, D. e Domingos, N., 1987. “Recursos Genéticos. Raças Autócto-
nes Ovina e Caprina.” Direcção Geral da Pecuária. Lisboa.
Rebello de Andrade, C.S.C.., 2010. Raça Ovina Churra do Campo. Página Web http://docentes.
esa.ipcb.pt/churra_do_campo/ Consultado em 05/03/2010
Agradecimentos 
Este documento reflecte o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal de Penamacor,Es-
cola Superior Agrária de Castelo Branco e Meimoacoop, CRL no âmbito do Livro Genealógico 
da Ovelha Churra do Campo financiado pelo PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural, 
Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos - Componente Animal – Subacção 2.2.3.2.
18 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Churra do Campo
Entidade Gestora do Livro Geneológico 
Cooperativa Agrícola de Desenvolvimento Rural e Solidariedade 
Social, C.R.L. 
(MEIMOACOOP) 
Estrada Nacional 233, nº 70 
Meimôa
6090 -385 Penamacor
Tel: 277 377482
Fax: 277 377517
Mail: meimoacoop@sapo.pt
Secretário Técnico
Eng.º Carlos Rebello de Andrade
Técnico
Engº Joaquim Neto Carvalho
 
 Distribuição geográfica
	
  
SPOC - http://www.ovinosecaprinos.com
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 19
	
  
20 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 21
Capítulo 2
Caraterísticas da Carcaça de Borrego
 
1Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária
Qtª. Srª. Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal
2L-INIA - Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém
Carvalho J.1
J. Santos Silva2
C.S.C. Rebello Andrade1
J.P.F. Almeida1
22 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 23
2.1.Introdução
O trabalho que se apresenta é o resultado da caraterização do efetivo 
actual do Churra do Campo, em programa de recuperação: 2 rebanhos 
(92% do efectivo total), nos Concelhos de Castelo Branco e Penamacor. 
2.2.Material e Métodos 
Procedeu-se à avaliação das carcaças dos borregos, abatidos a 2 ida-
des: 45 dias (grupo 1) e 120 dias (grupo 2), realizada no matadouro ex-
perimental da Estação Zootécnica Nacional (L-INIA). Determinou-se o 
peso da carcaça quente (PCQ), o peso vivo vazio (PVV), o rendimento 
corrigido (RC), ou seja razão PCQ / PVV e o peso de ½ carcaça fria 
(PCF), 24 horas após a refrigeração entre 0-2º C.
As metades esquerdas das carcaças foram divididas em oito peças 
segundo o corte EZN (Calheiros e Neves, 1968) e registado o peso 
de cada. Determinaram-se as proporções de músculo, gordura e osso; 
estimaram-se a percentagem de músculo (M), a relação músculo/osso 
(M/O), a relação gordura intermuscular/gordura subcutânea (GI/GS), 
gordura pélvica e renal (GPR) e gordura total (GT).
Os resultados foram analisados estatisticamente por análise de 
variância simples (Univariada, procedimento GLM), tendo as médias sido 
submetidas a teste das diferenças mínimas significativas; os resultados 
com diferenças significativas são referenciados nos quadros com *, ** 
ou ***, consoante o nível de significância P<0,05, P<0,01 e P<0,001 
respetivamente.
24 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Figura 2.1 - Carcaças de borregos da raça Churra do Campo abatidos a diferentes idades.
Figura 2.2 - Peças da carcaça.
2.3. Caraterização de Carcaças de Borregos
Para a caraterização das carcaças, o abate de borregos com idades 
próximas dos 45 dias (grupo 1) está dentro dos valores para o peso ao 
abate e peso de carcaça fria definidos para o Borrego da Beira – IGP. 
Estes, quando comparados com uma idade ao abate superior, 120 dias 
(grupo 2), apresentam valores (tabela 2.1) superiores no rendimento de 
carcaça corrigido, embora não fossem observadas diferenças significati-
vas. Observaram-se diferenças significativas no rendimento da carcaça 
quente, carcaça fria e no enxugo, sendo sempre superiores no grupo 1.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 25
Tabela 2.1 - Efeito da Idade ao Abate (respectivas médias e desvios padrão) no Peso ao Abate, 
Peso Vivo Vazio, Peso Carcaça Fria, Rendimentos da Carcaça Quente, Fria, Rendimento Cor-
rigido e valor de Enxugo ; n – número de animais.
 Grupo 1 Grupo 2 Sig.
 (n=9) (n=12) P
Idade Média ao Abate (dias) 40,8 ± 3,52 118,3 ± 6,71 
Peso Vivo ao Abate (kg) 10,7 ± 1,5 15,7 ± 1,6 
Peso Vivo Vazio (kg) 10,0 ± 1,5 13,2 ± 1,5 
Peso Carcaça Fria (24h)(kg) 5,1 ± 0,95 6,6 ± 0,88 
Rendimento Carcaça Quente (%) 51,05 ± 2,45 43,52 ± 1,81 ***
Rendimento Carcaça Fria (%) 47,78 ± 2,84 41,62 ± 1,98 ***
Rendimento Corrigido (%) 51,47± 2,45 49,7 ± 1,69 NS
Enxugo 6,43 ± 2,40 4,38 ± 0,77 *
Sig. – Significância; NS- não significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001.
Relativamente às relações musculo/osso (tabela 2.2) no total da car-
caça, não foram verificadas diferenças significativas.
Na relação gordura intermuscular/subcutânea (GI/GS) já se obser-
-vam diferenças significativas, com valor superior para o grupo com 
maior idade ao abate.
Segundo Santos-Silva (1994) o aumento da proporção de gordura 
resulta de facto numa qualidade superior, devido a uma melhor aptidão 
para a refrigeração e eventualmente a uma qualidade da carne superior.
Tabela 2.2 - Efeito da Idade ao Abate (45 vs 120 dias) na composição da carcaça; médias e 
respectivos desvios padrão, na % Musculo, % Osso, na relação Músculo/Osso, % Gordura 
Subcutânea (GS) e Intermuscular (GI), na relação entre ambas (GI/GS), Gordura Pélvica e 
Renal (GPR) e Gordura Total.
Idade ao abate 45 dias 120 dias Significância
 (n=9) (n=12) P
Musculo (%) 60,36 ± 3,22 63,76 ± 2,08 **
Osso (%) 21,16 ± 2,27 22,52 ± 1,22 NS
Musculo/Osso 2,88 ± 0,28 2,84 ± 0,21 NS
GI (%) 8,48 ± 1,62 7,33 ± 1,38 NS
GS (%) 8,08 ± 2,64 3,71 ± 1,06 ***
GI/GS 1,11 ± 0,28 2,10 ± 0,63 ***
GPR (%) 2,25 ± 0,87 1,38 ± 0,49 **
Gordura Total (%) 18,82 ± 4,78 12,42 ± 2,28 ***
NS- não significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001
Assim sendo, o grupo 1, que apresenta valores de gordura subcu-
tânea, intermuscular, pélvica e renal (GPR) e consequentemente o seu 
26 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
somatório, gordura total (Gord. Total) superior, poderá ser o que apre-
sentará valores superiores para a suculência, bem como, segundo o au-
tor, o que terá uma melhor aptidão para refrigeração e melhor qualidade.
A proporção das diferentes peças da carcaça, as relações músculo/
osso e gordura intermuscular/subcutânea, são descritas na tabela 2.3. 
Não foi significativo, como se pode observar, o efeito da idade ao 
abate na proporção das peças da carcaça (% Carcaça) sendo excepção 
o caso da costeleta anterior e da pá em que se verificaram diferenças 
significativas (P<0,05). O efeito da idade ao abate, neste parâmetro, não 
foi evidente o que poderá ter sido devido quer ao pequeno número de 
animais utilizados quer à própria raça, por não possuir aptidões para 
uma boa conformação de carcaça não se acentuando as diferenças com 
a idade. 
Para a relação musculo/osso verificam-se diferenças significativas na 
perna e aba das costelas com valores superiores para os borregos com 
idade ao abate até aos 120 dias, para o grupo com idade ao abate até os 
45 dias verificam-se valores superiores no lombo e costeleta. Nas outras 
peças não foram observadas diferenças significativas.
Para a relação gordura intermuscular/subcutânea, verificam-se dife-
renças significativas na perna, sela, costeleta, pá e aba das costelas, sendo 
os valores sempre superiores para o grupo 2.
Para que o músculo de um animal abatido se transforme em carne, é 
necessário que ocorram processos bioquímicos conhecidos como mo-
dificações post-mortem. Dentro estes ocorre alteração do pH, que no 
animal vivo varia de 7,3 a 7,5. Com o decréscimo do pH após o abate, 
este pode chegar a 5,4, duas a oito horas após a sangria, quando se inicia 
o rigor-mortis. Neste processo o glicogénio muscular presente na carne 
favorece a formação do ácido láctico, diminuindo o pH e tornando a 
carne macia e suculenta, com sabor ligeiramente ácido e odor caracterís-
tico. A carne ovina atinge pH final entre 5,5 a 5,8 no espaço de 12 a 24 
horas após decorrido o abate (Prates, 2000; Sobrinho, 2005; citados por 
Zeola et al., 2007).
Para os grupos 1 e 2 (tabela 2.4), não se verificam diferençassig-
nificativas entre eles. Os valores observados encontram-se próximos 
dos referidos pelos autores. Para os valores de proteína, verificam-se 
diferenças significativas sendo o grupo 2 o que apresenta valores su-
periores.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 27
Tabela 2.3 - Efeito da Idade ao Abate (45 vs 120 dias) na percentagem da peça na carcaça, 
relação músculo/osso (M/O), gordura intermuscular/subcutânea (GI/GS) e n= número de 
animais.
Peças da carcaça 45 d 120 d Significância
 (n=9) (n=12) P
Perna % Carcaça 27,37 ± 1,03 27,71 ± 1,03 NS
 M/O 2,87 ± 0,23 3,13 ± 0,20 **
 GI/GS 1,17 ± 0,65 1,89 ± 0,84 *
Sela % Carcaça 9,12 ± 0,36 9,23 ± 0,65 NS
 M/O 3,48 ± 0,22 3,35 ± 0,14 NS
 GI/GS 0,46 ± 0,14 1,30 ± 0,53 ***
Lombo % Carcaça 7,37 ± 0,57 7,25 ± 0,43 NS
 M/O 6,36 ± 2,85 4,43 ± 0,81 *
 GI/GS 0,68 ± 0,39 0,96 ± 0,81 NS
Costeleta % Carcaça 9,74 ± 1,99 9,53 ± 0,57 NS
 M/O 2,94 ± 1,14 2,19 ± 0,42 *
 GI/GS 1,15 ± 0,37 3,19 ± 2,64 *
Costeleta Anterior % Carcaça 7,17 ± 1,17 8,21 ± 0,66 *
 M/O 3,07 ± 0,91 2,68 ± 0,38 NS
 GI/GS 8,22 ± 3,15 12,36 ± 7,85 NS
Pá % Carcaça 21,23 ± 1,22 20,22 ± 0,86 *
 M/O 2,87 ± 0,16 2,90 ± 0,11 NS
 GI/GS 1,35 ± 0,34 2,56 ± 0,80 ***
Aba das costelas % Carcaça 10,81 ± 0,73 10,19 ± 0,93 NS
 M/O 2,12 ± 0,22 2,69 ± 0,58 *
 GI/GS 1,08 ± 0,54 2,17 ± 1,20 *
Pescoço % Carcaça 7,63 ± 0,54 7,55 ± 0,80 NS
 M/O 2,39 ± 0,64 1,98 ± 0,48 NS
 GI/GS 3,00 ± 1,00 4,67 ± 2,68 NS
NS- Não Significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001
Tabela 2.4 - Efeito da idade ao abate (45 vs 120 dias) nos valores de Proteína Bruta (PB), Maté-
ria seca (MS) e pH; n= número de animais.
 Grupo 1 Grupo 2 Significância
 (n=9) (n=12) P
PB (%) 19,62 ± 0,44 20,41 ± 0,31 ***
MS (%) 22,93 ± 0,56 23,03 ± 0,48 NS
pH 5,93 ± 0,09 5,99 ± 0,05 NS
NS- não significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001
28 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
2.4. Notas Finais
Os borregos abatidos com 45 dias em relação aos 120 dias, têm um 
maior rendimento da carcaça fria (47,8% vs 41,6%). Entre os 45 e os 120 
dias de idade, apenas se obteve um aumento de 1,5 kg em carcaça fria. 
Aos 45 dias, os pesos de carcaça enquadram-se dentro das especifica-
ções para o “Borrego da Beira – IGP”.
Bibliografia
Calheiros, F. e Neves, 1968. “Rendimentos ponderais no borrego Merino Precoce.” Carcaça e 5º 
Quarto. Separata do Boletim Pecuário, nº 1: 117-126.
D.R.A.P.C. - Direcção Geral de Agricultura e Pescas do Centro. Produtos Tradicionais de Qua-
lidade na Região Centro.
http://ptqc.drapc.min-agricultura.pt/home.htm consultado em 02/10/ 2009
Melo, P., Martinho, A. e Faria, T., 1991. “Métodos de análise de alimentos para animais e material 
biológico.” Policopiado. Estação Zootécnica Nacional.
Santos-Silva, J., 1994. “Qualidade das carcaças e da carne de borregos Merino Branco” - projecto 
PAMAF 3037, subordinado ao tema “Qualidade das Carcaças e da Carne de Borregos 
Merino Branco e Cruzado Ile de France x Merino Branco, produzidos no Sul de Por-
tugal”.
Zeola N., Souza P., Souza H. e Sobrinho, A., 2007. “Parâmetros qualitativos da carne ovina: um 
enfoque à maturação e marinação.” Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias. 102 
(563-564) 215-224.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 29
	
  
30 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 31
Capítulo 3
Composição e Qualidade Organolética 
da Carne de Borrego
1Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária
Qtª. Srª. Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal
2L-INIA - Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém
Carvalho J.1
A.P.V. Portugal2
J. Santos Silva2
C.S.C. Rebello Andrade1
J.P.F. Almeida1
32 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 33
 3.1.Introdução
O presente artigo, estudo da composição e qualidade organolética da 
carne, utilizou a carne obtida do estudo das carcaças (Capítulo II). 
3.2. Material e Métodos
Analisou-se a carne proveniente de carcaças de borregos abatidos a 
duas idades: 45 dias (grupo1) e 120 dias (grupo2).
A coloração da carne foi determinada com colorímetro Minolta CR 
300 (Osaka – Japão), operando no sistema C.I.E. A Capacidade de 
Retenção de Água (CRA) foi estimada pelo método de Grau-Hamm 
modificado por Ribeiro (1992). A força de corte (FC) foi determinada 
com texturómetro (TAXT2i - texture analiser). A extracção dos ácidos 
gordos foi realizada segundo Folch et al. (1957) e Raes et al. (2001), 
sendo determinados por cromatografia de gás, Hewlett Packard 5890 
II série, com detector de ionização de chama, utilizando uma coluna 
cromatográfica Capilar de 100 m (CP-Sil 88).
Os resultados foram analisados estatisticamente por análise de 
variância simples (Univariada, procedimento GLM), tendo as médias sido 
submetidas a teste das diferenças mínimas significativas; os resultados 
com diferenças significativas são referenciados nos quadros com *, ** 
ou ***, consoante o nível de significância P<0,05, P<0,01 e P<0,001 
respectivamente.
34 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
3.3. Qualidade Organolética da Carne de Borrego
3.3.1. Coloração, Capacidade de Retenção de Água e 
Tenrura
Os valores de Luminosidade são apresentados na Tabela 1. Veri-
ficaram-se diferenças significativas, tendo a carne do grupo dos ani-
mais abatidos aos 45 dias (grupo 1) valores mais elevados do que a 
carne animais abatidos aos 120 dias (grupo 2). Quanto aos teores em 
vermelho (a*), também se verificam diferenças significativas, tendo o 
grupo 2 com abate aos 120 dias valores superiores (tabela 3.1). Não 
se verificaram diferenças significativas entre grupos no eixo amarelo/
azul (tabela 3.1). Os valores determinados enquadram-se dentro das 
variações normais, citadas para os ovinos (Sañudo et al., 2000, cit. por 
Zeola et al., 2007).
Tabela 3.1 - Efeito da Idade ao Abate (45 vs 120 dias) nos Parâmetros de Coloração (L – Lumi-
nosidade; a* pigmento de teor em vermelho; b* - pigmento de teor amarelo), % de Capacidade 
de Retenção de Água (CRA) e Força de Corte em kg/cm2 (FC) no músculo longissimus dorsi 
; n= número de animais.
 Grupo 1 Grupo 2 Significância
 45 dias (n=9) 120 dias (n=12) P
Cor L* 41,69 ± 2,56 38,79 ± 1,57 **
Cor a* 12,69 ± 1,36 14,57 ± 1,13 **
Cor b* 4,40 ± 0,95 4,56 ± 1,32 NS
CRA (%) 28,79 ± 3,58 33,06 ± 3,41 *
FC (kg/cm2) 2,94 ± 1,19 4,43 ± 1,36 *
NS- não significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001
A cor da carne deve-se fundamentalmente à presença e estado quí-
mico de um pigmento de cor vermelha, a mioglobina. De acordo com a 
revisão de Priolo et al., (2001) citado por Santos-Silva (1994), a concen-
tração da mioglobina aumenta com a idade dos animais (o que explica o 
aumento da cor a*, nos nossos resultados) e pode ser influenciada por 
diversos factores tais como o sexo, o músculo, a alimentação, o grau de 
exercício físico, o pH e a concentração de gordura intramuscular. É um 
importante critério de avaliação da qualidade da carne pelos consumi-
dores, sendo determinante na orientação da decisão no acto da compra.
De acordo com Miltenburg et al. (1992) citado por Zeola et al., 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 35
(2007), quanto maiores os valores de luminosidade ou reflectância (L*), 
mais pálida é a carne, e quanto maiores os valores do pigmento de teor 
vermelho (a*) e teor amarelo (b*) mais vermelha e amarela, respectiva-
mente. Assim, os nossos resultados mostram que a carne dos animais 
abatidos aos 45 dias, era mais pálida (L* superior) e menos vermelha (a* 
inferior), comparativamente com a carne dos borregos abatidos aos 120 
dias de idade. 
Os valores obtidos para a Capacidade de Retenção de Água – CRA 
- (tabela 1), revelaram diferenças significativas, com valores superiores 
no grupo 2. Segundo Dabés, (2001), citado por Zeola et al., (2007), a 
CRAé um parâmetro que avalia a capacidade da carne em reter água, 
após a aplicação de forças externas (corte, moagem, pressão), e que no 
momento da mastigação traduz sensação de suculência ao consumidor. 
Assim, os nossos resultados sugerem que a carne dos animais abatidos 
aos 120 dias apresentou níveis de suculência inferiores, pois perdeu mais 
água. Por outro lado, quando o tecido muscular apresenta baixa retenção 
de água, poderá ocorrer uma maior perda de humidade, o que implicará 
uma maior perda de peso (Dabés, 2001 citado por Zeola et al., 2007). A 
menor Capacidade de Retenção de Água da carne implica assim perdas 
do valor nutritivo através do exsudado libertado, resultando em carne 
mais seca e com menor maciez, o que se poderá esperar também nas 
carcaças do grupo 2. 
Quanto à Força de Corte –FC - (tabela 3.1), observaram-se diferen-
ças significativas entre os dois grupos, sendo o 2 aquele que apresentou 
um valor superior. Estes resultados são consistentes com os parâmetros 
de CRA, indicando uma maior dureza da carne dos animais abatidos 
com 120 dias de idade. 
3.3.2. Ácidos Gordos da Carne
A composição em ácidos gordos dos lípidos intramusculares do mús-
culo longissimus dorsi para duas idades ao abate, 45 e 120 dias apresen-
ta-se na tabela 3.2. A relação ácidos gordos Polinsaturados/Saturados 
(P/S) apresentou valores de 0,44 e 0,42 não sendo significativas as dife-
renças. Quanto à relação n6/n3, também não se detectaram diferenças 
significativas entre grupos, embora o grupo 1 apresente valores inferio-
res em relação ao grupo 2 (7,91 vs 10,63). 
36 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
No que respeita ao ácido linoleico (CLA), verificaram-se concentrações 
significativamente mais elevadas no grupo 1. O isómero C18:2 cis-9, 
trans-11, tem sido objecto de muita investigação por lhe terem sido 
reconhecidas, entre outras, importantes propriedades anticancerígenas 
em diversos modelos tumorais (Santos-Silva, 1994).
A relação entre ácidos gordos hipocolesterolémicos (baixos níveis 
de colesterol) e hipercolesterolémicos (elevados níveis de colesterol) 
(h/H), foi também avaliada, verificando-se valores significativamente 
superiores no grupo 1, com 2,11 vs 1,73, ou seja uma maior proporção 
de ácidos hipocolesterolémicos e portanto mais benéficos para a saúde 
dos consumidores. Também é conhecido o facto de maiores concen-
trações de ácidos gordos de cadeia longa serem responsáveis pelo au-
mento do colesterol no sangue, enquanto que maiores concentrações 
de ácidos gordos insaturados ou polinsaturados, serem responsáveis 
pelo seu decréscimo.
Actualmente, é atribuída uma atenção de destaque à composição em 
ácidos gordos da carne em virtude das suas implicações na saúde hu-
mana. Os nutricionistas recomendam para a alimentação humana um 
aumento do consumo de ácidos gordos polinsaturados (PUFA), espe-
cialmente n-3 em vez de n-6 (Raes et al., 2004). 
Vários ensaios em nutrição com diferentes raças e espécies ani-
mais foram desenvolvidos com o objectivo de atingir o rácio, de 
ácidos gordos polinsaturados e ácidos gordos saturados (P/S), pró-
ximo do valor recomendado (>0,7) bem como o valor do rácio n6/
n3 inferior a 5 (Raes et al., 2004). Já outro autor (Enser et al., 1998) 
recomenda para a relação P/S valores na ordem dos 0,45 e para a 
relação n6/n3 baseado no Department of Health (1994) valores 
inferiores a 4.
As dietas dos países ocidentais apresentam uma relação entre ácidos 
gordos polinsaturados das famílias n-6 e n-3 desequilibrada, deficiência 
em ácidos gordos polinsaturados das famílias n-3, levando a um aumen-
to do risco de doenças cardiovasculares (Jerónimo et al., 2006). Assim, 
é aceite pela comunidade científica que os rácios de ácidos gordos po-
linsaturados/ácidos gordos saturados (PUFA/SFA), e n-6/n-3 são bons 
indicadores dietéticos para a qualidade da carne.
Os resultados obtidos, demonstraram valores superiores ao recomen-
dado para a relação n-6/n3 e inferiores para a relação P/S.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 37
Tabela 3.2. Concentração (mg/g) e composição em ácidos gordos (% do total de ácidos gordos) 
presentes no longissimus dorsi de borrego. 
Ácidos gordos Grupo 1 Grupo 2 Sig. (P)
Total (mg/g carne) 12,57 ± 1,00 12,63 ± 2,09
2,09 NS
C10:0 0,14 ± 0,10
0,10 0,24 ± 0,10 NS
C12:0 0,40 ± 0,19 0,58 ± 0,09 **
C14:0 3,70 ± 0,98 4,64 ± 0,60 *
C14:1 cis-9 0,69 ± 0,20 0,76 ± 0,16 NS
C15:0 3,00 ± 0,46 3,38 ± 0,67 NS
C16:0 17,26 ± 1,35 18,72 ± 0,88 **
C16:1 cis-9 1,13 ± 0,19 1,18 ± 0,14 NS
C18:0 12,40 ± 1,24 11,88 ± 0,86 NS
C18:1 trans 3,25 ± 0,51 2,93 ± 0,41 NS
C18:1 cis-9 29,28 ± 3,00 25,71 ± 3,27 *
C18:2 n-6 8,95 ± 1,39 9,37 ± 1,44 NS
C18:3 n-3 2,04 ± 0,60 1,39 ± 0,19 **
C18:2 cis-9,trans-11 (CLA) 1,46 ± 0,22 1,26 ± 0,21 *
C20:4 n-6 3,48 ± 0,61 4,26 ± 1,17 NS
C20:5 n-3 + C22:5 n-3 + C22:6 n-3 0 0 -
Saturados (SFA) 38,03 ± 2,60 40,32 ± 1,21 *
Monoinsaturados (MUFA) 6,65 ± 0,91 6,48 ± 0,56 NS
Polinsaturados (PUFA) 16,56 ± 1,69 16,82 ± 2,30 NS
P/S 0,44 ± 0,05 0,42 ± 0,06 NS
Total n-6 13,36 ± 1,97 14,56 ± 2,40 NS
Total n-3 2,04 ± 0,60 1,39 ± 0,19 **
n6/n3 7,91 ± 6,01 10,63 ± 2,27 NS
h/H 2,11 ± 0,30 1,73 ± 0,17 **
Notas: Saturados = C10:0 + C12:0+C14:0 + C15:0 + C16:0 + C17:0 + C18:0 + C20:0
Monoinsaturados =C14:1 cis-9 +C16:1 cis-7 + C16:1 cis-9+ C17:1cis-9+C18 :1 trans +C20 :1 cis11
Polinsaturados = Isómeros C18:2 + C18 :2 n-6+C18 :3 n-3 + C18 :2 cis-9 trans-11 + C20:2 n-6 + C20:4n-6 
+ C20:5n-3 + C22:4n-6+C22:5n-3 + C22:6:n-3
P/S – Polinsaturados/Saturados =(C18:2 n-6+C18:3 n-3)/ (C12:0+C14:0+C16:0+C18:0)
n-6/n-3 = (C18:2n-6 +C20:2n-6 +C20:3n-6 +C20:4n-6 +C22:4n-6)/(C18:2n-3 +C20:5n-3 + C22:5n-
-3+C22:6n-3) 
h/H - hipocolesterémicos/Hipercolesterémicos = C18:1cis-9+C18:2n-6+C18:3n-3+C20:2n-6 + C20:3n-6 
+ C20:4n-6 + C20:5n-3+C22:4n-6+C22:5n-3+C22:6n-3)/(C10:0+C12:0+C14:0+C16:0)
NS- não significativo, *P<0,05, ** P<0,01, ***P<0,001
3.4. Notas finais
Quanto às carcaças produzidas, os resultados apontam para uma 
maior qualidade tanto organolética como nutricional da carne dos ani-
mais abatidos aos 45 dias de vida: maior percentagem de gordura total 
(18,82 vs 12,42%); índices de Luminosidade (41,69 vs 38,79) e teor em 
38 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
vermelho (12,69 vs 14,57); melhor Capacidade de Retenção de Água 
(28,79 vs 33,06%); menores valores para a Força de Corte (2,94 vs 4,43 
kg/cm2); melhores níveis de CLA (1,46 vs 1,26); melhor relação h/H 
(2,11 vs 1,73). Porém, deveremos tomar em consideração os resultados 
apresentados anteriormente, na parte II deste trabalho. Assim, tal como 
foi sugerido, os animais abatidos aos 120 dias de idade poderão estar 
influenciados negativamente pela nutrição, o que poderá eventualmen-
te influenciar também os resultados organoléticos da sua carne. Deste 
modo, sugerimos que este aspecto seja investigado num trabalho futuro, 
ou seja, o efeito do regime de nutrição sobre o crescimento e qualidade 
da carne dos borregos churros do campo. Também a composição em 
ácidos gordos deverá ser tomada em consideração, face aos resultados 
apresentados. 
Bibliografia
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content and composition of UK beef and lamb muscle in relation to production system 
and implications for human nutrition.” Elsevier Meat Science. Great Britain. Vol. 49, 
N.º 3, 329-341.
Folch, J., Lees, M., Stanley S., 1957. “A simple method for the isolation and purification of total 
lipides from animal tissues.” Journal of Biological Chemistry. 226: 497-509.
Jerónimo E., Alves S., Bessa R., Santos-Silva J., 2006. “Efeito do Tipo de Suplemento Lipídico 
sobre o Crescimento, Qualidade da Carcaça e Composição em Ácidos Gordos da Gor-
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OIE - Terrestrial Manual Health Code (2009).World Assembly of Delegates. Cap. 2-7-13 
http://www.oie.int/fr/normes/mmanual/2008/pdf/2.07.13_SCRAPIE.pdf Consulta-
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Raes K., Smet S., Demeyer D., 2001. “Effect of double-muscling in Belgian Blue young bulls on 
the intramuscular fatty acid composition with emphasis on conjugated linoleic acid and 
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Raes, K., Smeat S., Demeyer D., 2004. “Effect of dietary fatty acids on incorporation of long 
chain polyinsaturated fatty acids and conjugated linoleic acid in lamb, beef and pork 
meat: a review.” Elsevier. Animal Feed Science and technology, 113, 199-221.
Santos-Silva, J., 1994. “Qualidade das carcaças e da carne de borregos Merino Branco” - projecto 
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Merino Branco e Cruzado Ile de France x Merino Branco, produzidos no Sul de Por-
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Zeola N., Souza P., Souza H. e Sobrinho, A., 2007. “Parâmetros qualitativos da carne ovina: um 
enfoque à maturação e marinação.” Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias. 102 
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Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 39
	
  
40 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 41
Capítulo 4
Caraterização da Fibra Lanar 
da Raça Churra do Campo
 
Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária
Qtª. Srª. Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal
Rebello de Andrade, C.S.C.
Várzea Rodrigues, J.P.
Carvalho, J.N.
Pinto de Andrade, L.
42 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 43
Em relação à caracterização da fibra lanar, foram determinados os 
parâmetros, Rendimento em Lavado, Diâmetro da fibra, Curvatura e 
Peso do Velo (Tabela 4.1).
Os resultados enquadram-se nos valores citados por Speedy (1980), 
mas necessitam de maior número de amostragens para tentar anular o 
efeito do ano de tosquia que poderá influenciar os valores da fibra lanar. 
No ano de 2005, foram analisadas 9 fêmeas da raça e foi possível de-
terminar o valor do comprimento médio da fibra que era de 161,1 mm, 
para a resistência foram encontrados valores de 26,35 N/Ktex. 
Tabela 4.1 - Características médias, desvio padrão e número de observações, do velo e da fibra 
lanar na tosquia de 2009, Rendimento em Lavado (RL), Diâmetro (Diâm), Curvatura (Curv) e 
Peso do Velo (Pvelo) entre sexos; n= número de animais.
 Fêmeas Machos
 n Média ± DP n Média ± DP
RL (%) 138 60,43 ± 6,94 8 62,22 ± 8,05
Diâm (μ) 138 32,95 ± 5,03 8 41,23 ± 4,08
Curv (º/mm) 138 65,02 ± 9,46 8 57,58 ± 6,01
Pvelo (kg) 127 2,32 ± 0,63 8 3,76 ± 1,10
44 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
	
  
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 45
Capítulo 5
Suscetibilidade da Raça 
Churra do Campo ao Scrapie
1L-INIA - Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém
2Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária
Qtª. Srª. Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal
Santos Silva, M.F.1
Carvalho, J.J.N.2
Rebello de Andrade, C.S.C.2
Almeida, J.P.P.2
46 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 47
Foi realizado o despiste ao Scrapie ou Tremor Epizoótico em 142 
animais adultos inscritos no L.G., incluindo machos e fêmeas, onde 
foram determinados os diferentes graus de susceptibilidade ao Scrapie 
(Tabela 5.1) com o intuito de seleccionar os animais mais resistentes e 
eliminar os animais mais susceptíveis.
É de todo o interesse seleccionar os animais futuros reprodutores, es-
pecialmente os carneiros, a partir de animais pertencentes ao grupo de ris-
co mais reduzido (1), tendo em atenção os riscos associados ao aumento 
de consanguinidade num grupo de animais tão reduzido como este.
Tabela 5.1 - Frequência de genótipos (na % de fêmeas e machos) de acordo com a susceptibili-
dade ao Scrapie, em cada exploração. Grau de susceptibilidade de 1 (reduzido) a 5 (elevado). 
Correspondência com os genótipos encontrados: 1 (ARR/ARR); 2 (ARR/ARH; ARR/ARQ); 
3 (ARQ/ARQ, ARH/ARH); 4 (ARR/VRQ); 5 (ARQ/VRQ). n= número de animais.
Exploração % Fêmeas % Machos Total
 (n=125) (n=17) (n=142)
 1 2 1 2 1 2
 n % n % n % n % % %
 1 7 5,6 16 12,8 1 5,9 2 11,8 5,6 12,7
 2 19 15,2 46 36,8 4 23,5 5 29,4 16,2 35,9
 3 12 9,6 18 14,4 3 17,7 1 5,9 10,6 13,4
 4 0 0 2 1,6 0 0 0 0 0 1,4
 5 0 0 5 4,0 0 0 0 0 0 3,5
É de referir que as 7 fêmeas detectadas com o grau 4 e 5 de suscep-
tibilidade ao Scrapie e os 4 machos de grau 3 , foram abatidos. Cerca de 
76% do total dos indivíduos pertencem ao grau de susceptibilidade 1 e 
2, o que confere a esta raça algum grau de resistência à doença.
Su
sc
ep
ti
bi
lid
ad
e
48 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 49
Capítulo 6
A PRND Polymophism in Churra do Campo 
Portuguese Sheep Breed
Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais, 7, Gijón, 17-19 Set 2010
1L-INIA, Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém, Portugal
2Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa (CIISA), Porugal
3Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico Castelo Branco, Apartado 119, 6000-909, Portugal
Mesquita P.1
M. F. Santos Silva1
I. Carolino1
M. C. Oliveira Sousa1
J. Pimenta12
M. R. Marques1
I. C. Santos1
L. T. Gama1
C.S.C. Rebello de Andrade3
C. M. Fontes2
J. A. M. Prates2
A. E. M. Horta1
R. M. Pereira1
50 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 51
Prion-like Doppel gene (PRND) is located downstream from priori 
protein gene (PRNP). Doppel protein is not related to prion disease but 
to male fertility. Our previous analysis of PRND coding region in 460 
animals from 8 Portuguese sheep breeds, by multiple restriction fragment-
single strand conformation polymorphism (MRF¬SSCP), revealed a 
synonymous substitution (78G>A). An association was found between 
identified PRND polymorphism and PRNP genotypes, determined 
by primer extension and grouped into 5 grades of increasing scrapie 
susceptibility-R1 to R5: PRND was monomorphic (GG) in animals with 
most resistant ARR/ARR PRNP genotype-R1; higher frequency of 
heterozygotes (GA) was significantly associated with ARQ/AHQ¬R4. 
Therefore, EU selection program to eradicate scrapie in sheep, based 
on PRNP genotypes, may reduce genetic diversity, with hypothetical 
repercussions on reproduction. The aim of current work was to evaluate 
78G>A PRND polymorphism in highly endangered Churra do Campo 
Portuguese sheep breed. From a total of 73 animals analyzed (16 R1, 36 
R3, 18 R4, 3 R5), 72 were GG and 1 GA, the later being ARQ/ARQ 
(R4). Low incidence of PRND polymorphic variants in this breed may 
be explained by mating involving small number of related animals, and 
particular differences in distribution of PRNP genotypes.
52 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 53
Capitulo 7
Caraterização Genética da Raça Ovina 
Churra do Campo
1L-INIA, Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém, Portugal
2Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa (CIISA), Porugal
Santos Silva, M.F.M.M.1
Carolino, N.1
Sousa, M.C.O.1
Gama, L.T.2
54 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 55
7.1. Introdução
A conservação dos recursos genéticos existentes é uma prioridade 
a nível nacional e mundial. Preservar a diversidade genética é essencial 
pois esta representa o potencial evolutivo das espécies, para fazer face às 
eventuais alterações ambientais que possam surgir no futuro.
Os indivíduosque constituem uma população podem ser mais ou 
menos distintos entre si (diversidade intra população) e relativamente 
aos indivíduos de outras populações (diversidade inter população). Se 
não houver fluxo de genes entre as populações, estas tendem a diferen-
ciar-se, apresentando os seus elementos características comuns entre si, 
mas diferentes das restantes populações.
A caracterização genética da diversidade intra e inter populacional, 
através de diversos indicadores de variabilidade, estrutura e distâncias 
56 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
genéticas, permite evidenciar o grau de diferenciação e as relações gené-
ticas entre populações. Esta informação pode ser muito útil, contribuin-
do para identificar a relevância das populações como reserva genética, 
para definir prioridades de conservação e estratégias de gestão destes 
recursos.
Em Portugal estão reconhecidas 47 raças autóctones de espécies pe-
cuárias, na sua maioria em risco de extinção. Esta grande diversidade de 
RGAn cria particulares responsabilidades na implementação de progra-
mas de conservação e utilização sustentável visando a sua salvaguarda. 
Face a esta situação a Direcção Geral de Veterinária (DGV), através ação 
n.º 2.2.3, «Conservação e melhoramento de recursos genéticos», do 
programa PRODER, procurou incentivar as associações de criadores a 
promover a caracterização genética das suas raças.
As técnicas de biologia molecular representam actualmente uma fer-
ramenta muito poderosa que permite analisar locais chave, da sequência 
de ADN, designados por marcadores moleculares, através dos quais se 
podem determinar os indicadores de variabilidade pretendidos.
Os microssatélites ou STRs (Short Tandem Repeats) são marcadores 
muito utilizados, a nível internacional, em estudos de diversidade ge-
nética em várias espécies sendo recomendados pela FAO (FAO, 2005), 
como as ferramentas moleculares adequadas para a caracterização ge-
nética de populações de animais domésticos. São fragmentos de ADN 
em que pequenos motivos de 2 a 6 nucleótidos, que se repetem em série, 
com um comprimento total geralmente inferior a 300 pb. A sua larga 
utilização resulta das suas características favoráveis para este tipo de es-
tudos, pois normalmente são marcadores altamente polimórficos, o que 
se traduz num elevado número de alelos, logo numa fonte de variação 
genética. São muito frequentes e largamente distribuídos por todo o ge-
noma. Apresentam herança mendeliana simples e codominante o 
que permite a identificação directa de indivíduos homo e heterozigotos 
em cada locus. Além disso as técnicas laboratoriais utilizadas na sua aná-
lise, não são complicadas e exigem apenas pequenas quantidades de 
ADN. Os microssatélites têm a particularidade de se encontra-
rem em regiões não codificantes do genoma, pelo que são considerados 
neutros face à selecção. Consequentemente, as diferenças no padrão de 
microssatélites (isto é, as frequências alélicas distintas entre popula-
ções isoladas) resultam essencialmente do efeito acumulado da deriva 
genética, e não da selecção praticada.
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 57
Quando se analisam vários microssatélites em simultâneo numa 
população, a análise dos polimorfismos encontrados, permite determi-
nar diversos indicadores que no seu conjunto traduzem a variabilidade 
presente e permitem caracterizar a população em causa, o seu grau de 
diferenciação e as distâncias genéticas de outras populações.
A população Churra do Campo, alvo deste estudo, apresenta algumas 
particularidades, por ter sido recentemente submetida a um programa de 
recuperação, alguns anos após a sua quase iminente extinção. A infor-
mação sobre esta raça é muito reduzida a nível molecular, pelo que a sua 
caracterização genética é particularmente relevante.
Para esse efeito deram entrada no laboratório de genética molecular 
do L-INIA Santarém, 93 amostras de sangue a partir das quais se ex-
traiu ADN e foram analisados 25 microssatélites seleccionados de acor-
do com as recomendações da FAO. Os indicadores obtidos permitiram 
avaliar a qualidade dos marcadores utilizados e a diversidade genética 
que caracteriza a raça. Posteriormente comparou-se a raça Churra do 
Campo com outras populações ovinas com o objectivo de avaliar o seu 
grau de diferenciação.
7.2. Material e métodos
Foram analisadas 93 amostras provenientes de três rebanhos da raça 
Churra do Campo (CC), enviadas pela Associação de Criadores ao La-
boratório de Genética Molecular do L-INIA Santarém. Para efeitos de 
comparação, foi utilizada também informação de outras populações 
ovinas nacionais e exóticas pertencentes ao Banco de ADN deste labo-
ratório. Para as populações nacionais utilizou-se uma amostra represen-
tativa de 30 animais no caso das populações: Merino Preto (MP), Me-
rino Branco (MB), Merino da Beira Baixa (MBB), Saloia (SAL), Churra 
Mondegueira (MO), Churra Galega Bragançana (GB), Churra Badana 
(BA), Churra da Terra Quente (TQ), Churra Galega Mirandesa (GM), 
Churra Algarvia (AL) e Campaniça (CAM). No caso da Serra da Estrela 
foram analisadas 50 amostras da variedade branca (SEB) e 28 da varie-
dade preta (SEP), 29 da Churra do Minho (CMI) e 32 da Bordaleira de 
Entre Douro e Minho (BEM). Foram também analisadas 3 populações 
exóticas utilizando 30 animais da população Assaf (ASS) e Ile de France 
(IF) e 63 animais da população Merino Precoce.
58 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
A extracção de ADN foi realizada a partir sangue, mediante o pro-
tocolo comercial de ADN DNeasyTM Blood Kit – Qiagen. Após a ex-
tracção procedeu-se à amplificação de 25 microssatélites por reacção em 
cadeia da polimerase (PCR), mediante três reacções de PCR multiplex, 
tal como se descreve em Santos Silva et al. (2008).
Os produtos amplificados foram separados, por electroforese em ca-
pilar, em gel de poliacrilamida, utilizando um sequenciador automático 
ABI PRISM 310 Genetic Analyser. Para a análise e identificação dos 
fragmentos recorreu-se ao software GeneScan Analysis ® v. 3.7.1, que 
permite a visualização de um gráfico de “picos” designado electrofero-
grama, e Genotyper® 2.5.2. que possibilita a classificação das varian-
tes alélicas correspondentes. Os resultados foram exportados para uma 
base de dados (Excel), e preparados para a análise estatística posterior, 
com os softwares adequados para o efeito.
7.3. Análise Estatística
Para efectuar a análise dos dados referentes aos loci microssatélites 
estudados, recorreu-se a um tratamento estatístico que engloba o cálculo 
de diversos parâmetros da variação genética intra e inter populacional, 
de forma a caracterizar a população considerada, avaliar a diversidade 
genética e avaliar a qualidade dos microssatélites usados.
Indicadores determinados e softwares utilizados:
• As frequências alélicas, o número médio de alelos por locus, a he-
terozigotia média esperada (He) e observada (Ho) foram calculadas 
recorrendo à ferramenta MSToolKit do programa Excel.
• O Número Efectivo de Alelos (Ne) foi obtido por aplicação da fór-
mula proposta por Weir (1996), recorrendo ao programa Excel.
• O conteúdo de informação polimórfica (PIC) de cada microssatélite 
foi calculado utilizando o software Cervus 2.0 (Marshall et al., 1998).
•O equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) foi testado através do programa 
Genepop v. 3.1c (Raymond e Rousset, 2003).
• As estatísticas F de Wright (FIT, FIS e FST) foram calculadas pelo 
método de Weir e Cockerham (1984) mediante o software Genetix 
4.0.4 (Belkhir et al., 1998).
• A distância genética DS (Nei et al., 1983) entre populações foi calcu-
lada com o software POPULATIONS (Langella, 2002) e cons-
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 59
truíu-se um dendrograma pelo método de Neighbor-Joining (Saitou 
e Nei, 1987), com o mesmo programa informático.
•A estruturapopulacional foi analisada mediante o software STRUCTU-
RE v 2. (Pritchard et al., 2000).
7.4. Resultados
Os resultados dos principais indicadores obtidos para avaliar a qua-
lidade dos 25 microssatélites utilizados para caracterizar a população 
Churra do Campo apresentam-se na Tabela 7.1.
Tabela 7.1 - Loci analisados, Nº de animais amostrados (N), Número de alelos detectados (NA), 
Número efectivo de alelos (Ne), Heterozigotia esperada (He) e observada (Ho), conteúdo de 
informação polimórfica (PIC), índice de Fixação de Wright (Fis) e probabilidade do desvio do 
equilíbrio de Hardy-Weinberg, e respectiva significância, para p<0,05 *; p<0,01**; p<0,001 
***; NS – desvio não significativo, p>0,05
Locus N NA Ne He Ho PIC Fis p
OARFCB304 92 11 5,86 0,834 0,750 0,808 0,101 Sig 0,000 ***
ADCYC 92 8 2,49 0,602 0,533 0,551 0,116 0,068 NS
HSC 92 11 6,18 0,843 0,717 0,818 0,150 0,000 ***
OARCP49 92 11 4,28 0,770 0,739 0,746 0,041 0,010 *
MCM140 92 9 3,49 0,717 0,620 0,694 0,137 0,006 **
CSRD247 92 6 3,81 0,742 0,739 0,709 0,004 0,008 **
OARFCB20 92 10 4,39 0,776 0,674 0,743 0,133 0,002 ***
OARFCB48 92 8 4,73 0,793 0,717 0,760 0,096 0,004 ***
MAF214 92 8 1,65 0,396 0,348 0,382 0,123 0,000 ***
MAF65 92 4 3,53 0,721 0,717 0,666 -0,013 0,775 NS
BM8125 93 5 3,12 0,683 0,602 0,631 0,119 0,001 ***
OARVH72 93 8 4,48 0,781 0,710 0,743 0,092 0,003 **
INRA23 90 11 5,07 0,807 0,733 0,775 0,092 0,271 NS
MCM527 93 7 3,47 0,716 0,581 0,669 0,190 0,000 ***
OARJMP29 93 8 4,12 0,762 0,731 0,722 0,040 0,000 ***
BM1824 93 4 2,46 0,596 0,495 0,543 0,171 0,006 **
D5S2 93 5 2,19 0,546 0,505 0,485 0,075 0,109 NS
MAF209 89 7 3,36 0,707 0,618 0,675 0,126 0,034 *
ETH225 88 6 2,48 0,601 0,455 0,529 0,245 0,006 **
ILST5 87 6 2,70 0,634 0,724 0,557 -0,144 0,249 NS
CSSM6 88 9 4,77 0,795 0,750 0,762 0,057 0,001 **
OARFCB193 88 4 1,98 0,497 0,443 0,426 0,109 0,152 NS
OarAE129 88 4 2,72 0,636 0,511 0,561 0,197 0,057 NS
ILST11 89 7 2,19 0,546 0,472 0,514 0,136 0,002 **
INRA63 88 8 3,74 0,737 0,761 0,696 -0,034 0,314 NS
Média 90,9 7,4 3,6 0,690 0,626 0,647 
60 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
O número de alelos (NA) para cada locus microssatélite ou na to-
talidade da população, é determinado por contagem e dá uma primeira 
indicação da variabilidade da população. Exprime-se habitualmente pelo 
número total ou médio de alelos. Porém, um determinado locus pode 
conter alelos com frequências muito diferentes, sendo os alelos de baixa 
frequência pouco úteis em estudos de diversidade ou testes de paternida-
de. O número efectivo de alelos (Ne) é um parâmetro que tem em conta 
o número de alelos e respectiva frequência alélica, pois corresponde ao 
número de alelos que dariam origem à variabilidade observada, se todos 
os alelos tivessem a mesma frequência, sendo por isso um indicador 
melhor da variabilidade em determinados loci.
Todos os microssatélites foram polimórficos, apresentando um nú-
mero mínimo de de 4 alelos nos loci MAF65, BM1824, OARAE129 e 
OARFCB193, e um máximo de 11 alelos nos loci, OARFCB304, HSC, 
OARCP49, e OARFCB20. Os valores de Ne foram mais baixos, varian-
do entre um mínimo de 1,5 no MAF214 até um máximo de 6,2 no HCS 
com um valor médio de 3,6 alelos efectivos.
O conteúdo de informação polimórfica (PIC) avalia o grau de poli-
morfismo de cada marcador, considerando-se que, microssatélites com 
valores de PIC superiores a 0,5 são muito informativos, entre 0,25 e 0,5 
medianamente informativos e inferiores a 0,25 pouco informativos, de 
acordo com a escala proposta por Botstein et al. (1980).
Do conjunto de marcadores estudados, 10 têm um PIC igual ou su-
perior a 0,70,
12 têm valores de PIC compreendidos entre 0,50 e 0,70 e apenas 3 
(D5S2, OarFCB193 e MAF214) apresentam valores de PIC inferiores 
a 0,50. Estes resultados revelam que os marcadores utilizados são na 
maioria muito informativos na população Churra do Campo e adequa-
dos ao estudo da mesma, o que seria de esperar tendo em conta 
que são marcadores já utilizados em outras raças nacionais e internacio-
nais e que provaram ser válidos para este tipo de estudos.
A heterozigotia representa a variação genética na população es-
tudada e depende do número de alelos e da sua frequência na população. 
Para a sua análise, determina-se a heterozigotia observada (Ho) e a hetero-
zigotia esperada (He). A Ho é a proporção de indivíduos heterozigóticos 
observados em cada locus, população ou no total da amostra e reflecte a 
variabilidade genética. A He ou diversidade genética de um locus 
numa população corresponde à proporção de indivíduos heterozigóticos 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 61
para esse locus que se esperaria encontrar na população, se esta estivesse 
em equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW).
Os marcadores moleculares com valores de heterozigotia superiores 
a 70% são mais informativos na transmissão de alelos, sendo preferíveis 
para a realização de estudos de população fiáveis (Susol et al., 2000).
No conjunto de microssatélites utilizado, 15 apresentaram valo-
res de He superiores a 0,70, sendo o valor médio de He de 0,69, com 
um máximo de 0,843 no locus HSC e um mínimo de 0,396 no locus 
MAF214. A Ho apresentou um valor médio de 0,626, com um máximo 
de 0.761 (INRA63) e um mínimo de 0.348 (MAF214).
Diferenças entre He e Ho significativas (significativamente dife-
rentes de 0), traduzem desvios de EHW, que a verificar-se podem revelar 
processos de migração ou fluxo de genes de outra população, endogamia, 
etc., ocorridos na população (Rousset e Raymond, 1995). Logo quando se 
pretende estudar uma população é importante analisar o EHW para tentar 
compreender os processos ocorridos na mesma. Uma das forma de tes-
tar este equilíbrio consiste em verificar se uma das estatísticas F de Wright 
(1951), o valor Fis é ou não significativamente de 0.
O Fis, que se determina através da fórmula, 1-(Ho/He), varia entre 
-1 e 1, sendo que o valor 0 indica que a população se encontra em 
equilíbrio, valores negativos indicam excesso de heterozigóticos e os 
positivos deficiência de heterozigóticos (consanguinidade).
Neste trabalho os resultados do teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg 
(EHW) (tabela 1), mostram que dos 25 loci testados 17 apresentam um 
p-value inferior a 0,05, o que indica que não se encontram em equilíbrio 
nesta população. Os valores de Fis variaram de -0.144 no locus ILST005 
a 0,245 no locus ETH225, sendo que uma proporção importante dos 
loci, 0,64, revelou valores superiores a 0,10 o que pode indicar pouca 
homogeneidade dentro da população, elevado nível de consanguinidade 
ou amostragem inadequada.
7.4.1 Enquadramento da População Churra do Campo 
com outras Populações Ovinas
Para tentar posicionar a população Churra do Campo no conjunto das 
restantes populações ovinas nacionais, compararam-se os principais indi-
cadores obtidos nesta população com os indicadores médios de 15 po-
62 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
pulações autóctones portuguesas, determinados para uma amostra média 
de 31 animais não aparentados de cada uma das populações, e com os 
indicadores médios das três populações exóticas, anteriormente referidas. 
Nesta análise determinaram-se os valores globais de Fis por população 
e no conjunto das populações, retirando dois microssatélites (ADCYC e 
OARAE129) por se encontrarem em desequilíbrio na maioria das popula-
ções analisadas podendo mascarar o conjunto dos resultados obtidos. Os 
valores de Fis são assim apresentados considerando apenas 23 microssaté-
lites. Na Tabela 7.2, apresentam-se os resultados obtidos.
A população Churra do Campo apresentou um número médio e 
efectivo de alelos inferior á média das populações nacionais, mas ligei-
ramente superior aos das raças exóticas. Comparativamente às outras 
populações Churras o número médio de alelos foi similar aos da Churras 
Mondegueira e Badana, inferior aos da Bragançana,Terra Quente e Mi-
randesa e superior aos da Algarvia e Assaf. O número efectivo de alelos 
foi inferior ao de todas as raças Churras nacionais mas semelhante ao da 
população Assaf.
Tabela 7.2 - Nº de animais, nº loci tipificados, He e Ho e Nº médio e efectivo de alelos
Indicadores Churra 15 populações 3 populações 
 do Campo nacionais exóticas
Nº médio de Animais
por população 93 31 40
Nº Loci tipificados 25 25 25
He 0,689 0,735 0,686
Média±DP ±0,0227 ±0,026 ± 0,019
Ho 0,626 0,677 0,641
Média±DP ±0,0101 ±0,029 ± 0,008
Nº Alelos 7,4 8,18 6,0
Média±DP ±0,026 ±0.90 ± 0,54
Nºefectivo de alelos 3,6 4,3 3,5
Média ± DP ±1,2 ±0,389 ±0,119
Fis global (23 Loci) 0, 087 0,067 0.049
Significancia * * *
A heterozigotia esperada foi a mais baixa entre as populações au-
tóctones estudadas (tal como a da variedade Preta da Serra da Estrela), 
mas similar à média das raças exóticas. A Ho foi a também a mais baixa 
de todas as populações analisadas, juntamente com a Badana, e inferior 
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 63
portanto à média das outras raças analisadas, nacionais ou exóticas. A 
diferença entre a He e Ho reflectiu-se no valor global de Fis que foi 
significativamente diferente de 0 e superior aos verificados para as ra-
ças nacionais e exóticas aqui analisadas. Estes resultados mostram que 
a Churra do Campo apresenta globalmente níveis de diversidade, não 
muito diferentes dos exibidos pelas três raças exóticas avaliadas, contudo 
inferiores aos valores médios das populações nacionais. A variabilidade 
realmente observada (Ho) foi mesmo inferior à das raças exóticas ana-
lisadas, contrariamente à generalidade das populações autóctones que 
apesar da pequena dimensão dos efectivos mostraram ser uma fonte de 
diversidade genética mais rica que à das raças exóticas.
7.4.2. Distância da Raça Churra do Campo a outras 
Populações Ovinas Nacionais
A Tabela 7.3 representa a distância genética de Nei (Ds) entre a po-
pulação churra do Campo (CC) e 15 populações de ovinos nacionais.
Como pode ver-se na tabela, as populações que estão mais próximas 
da CC são a Churras Galega Bragançana (GB), Mirandesa (GM), Mon-
degueira (MO) e o Merino da Beira Baixa (MBB). O maior afastamento 
verifica-se para a Churra Algarvia (AL) seguida da Campaniça (CAM) e 
Serra da Estrela Branca e Preta (SB, SP).
Tabela 7.3 - Matriz de distâncias genéticas de Nei (Ds) entre 16 populações de ovinos nacionais 
para o conjunto dos 25 loci
 SEB SEP BEM CHMI MP MB MBB SAL MO GB BA TQ GM AL CAM 
CC 0,20 0,21 0,18 0,19 0,17 0,18 0,15 0,18 0,15 0,13 0,19 0,16 0,14 0,29 0,20
SEB 0,00 0,10 0,08 0,11 0,07 0,15 0,12 0,09 0,13 0,10 0,15 0,10 0,10 0,19 0,14
SEP 0,00 0,13 0,17 0,17 0,22 0,17 0,18 0,19 0,17 0,20 0,19 0,18 0,28 0,22
BEM 0,00 0,07 0,09 0,16 0,12 0,10 0,14 0,09 0,13 0,11 0,09 0,19 0,14
CHMI 0,00 0,12 0,14 0,12 0,13 0,16 0,12 0,14 0,13 0,12 0,17 0,12
MP 0,00 0,11 0,13 0,09 0,13 0,12 0,14 0,09 0,10 0,19 0,12
MB 0,00 0,16 0,13 0,20 0,17 0,21 0,17 0,15 0,23 0,11
MBB 0,00 0,11 0,14 0,12 0,09 0,12 0,11 0,22 0,15
SAL 0,00 0,13 0,11 0,13 0,12 0,12 0,21 0,14
MO 0,00 0,08 0,14 0,07 0,10 0,21 0,17
GB 0,00 0,12 0,08 0,07 0,20 0,15
BA 0,00 0,13 0,11 0,21 0,16
TQ 0,00 0,08 0,18 0,16
GM 0,00 0,18 0,15
AL 0,00 0,19
CAM 0,00
64 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
A partir da distância Ds calculada, construí-se pelo método de Neigh-
bourg Joining, uma árvore radial de distâncias genéticas (dendrograma), 
que mostra as relações genéticas entre as populações consideradas, que 
se apresenta na figura 7.1.
Na figura 7.1 pode ver-se a árvore de distâncias Ds. Os valores nos 
nós (valores de bootstrapp sobre 1000 tiragens) representam a percen-
tagem de ocorrências em 1000 replicações e indicam a robustez dos 
mesmos.
Através da figura verifica-se que grane parte dos valores de replicação 
obtidos são baixos pelo que devemos encarar os resultados com algumas 
reservas, considerando-os apenas indicativos. Contudo o dendrograma 
parece evidenciar três agrupamentos:
O agrupamento à esquerda da figura 7.1 evidencia dois ramos e inclui 
todas as raças do grupo churro à excepção da Churra Algarvia e Churra 
do Minho e inclui também o Merino da Beira Baixa. A população CC 
inclui-se neste grupo indicando uma proximidade maior às populações 
Churras do que às restantes populações nacionais, ainda que o ramo 
onde se encontra seja bastante mais comprido do que os adjacentes re-
velando assim uma certa distância das populações do mesmo grupo. 
O agrupamento inferior direito, que designaremos por grupo 2, in-
clui todas as raças do tronco Bordaleiro, à excepção da Campaniça, e 
inclui também a raça Merino Preto e a Churra do Minho.
O agrupamento superior direito é constituído por um ramo que in-
clui o Merino Branco e a Campaniça e outro muito mais longo, o que 
indica maior afastamento, com a raça Churra Algarvia. As populações 
Merinas aparecem distribuídas nos três agrupamentos anteriores.
Finalmente fez-se uma análise para avaliar a estrutura e grau de mis-
cigenação de populações ancestrais que poderão estar na origem da po-
pulação CC. Nesta análise incluíram-se as restantes populações Churras 
e o MBB, por ser uma população geograficamente próxima e também a 
população exótica Assaf de que dispúnhamos, para ser tomada como re-
ferência. Não foram considerados para esta análise dois microssatélites 
(OarAE129 e ADCYC) pelas razões atrás apontadas. Utilizou-se o pro-
grama Structure versão 2.1 (Pritchard, et al., 2000), que implementa um 
algoritmo bayesiano, baseado na cadeia de Monte Carlo Markov (MCM). 
O método assume que um indivíduo pode ter diferentes graus de mis-
tura das populações ancestrais subjacentes e permite inferir o número 
de populações com estrutura definida que pode ou não corresponder ao 
número de populações em estudo. Em função dos genótipos o progra-
Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual 65
	
  
ma agrupa os indivíduos em diferentes clusters (K) que representam o 
número de populações subjacentes aos dados, assumindo um modelo 
de mistura em que cada indivíduo pode conter no seu genoma percenta-
gens variáveis das populações ancestrais de origem.
Figura 7 - Arvore de distâncias genéticas standard de Nei (Ds) entre as populações, pelo 
método de Neighbor-Joining. 
Na análise utilizou-se o admixture model com as frequências aléli-
cas correlacionadas, com um período de burning de 20000, seguido de 
100000 iterações MCM. Foram testados valores de K entre 2 e 10 com 3 
repetições para cada valor de K.
De acordo com as simulações resultantes considerando a informação 
de 10 raças, determinou-se como sendo 8 o valor óptimo para K, ou seja 
o número de populações ancestrais subjacente aos dados.
A figura 7.2 mostra graficamente os resultados obtidos quando K =8. 
Na figura cada indivíduo representa-se por uma linha vertical dividida 
em K segmentos (coloridos) proporcionais à fracção do seu genótipo 
atribuível a cada uma das K (8) populações inferidas (Pritchard et al., 
2007).
66 Raça Ovina - Churra do Campo - Caraterização da população atual
 CC CHMI MBB MO GB BA TQ GM AL AS
Figura 7.2 - Representação gráfica dos resultados da análise de estrutura genética de10 popu-
lações ovinas considerando K=8
Nesta figura observa-se que as raças Churra Algarvia (vermelho) e 
Assaf (Verde) se separam claramente das restantes formando dois clusters 
bastante homogéneos, sem grande relação coma as restantes populações. 
Todas as restantes populações evidenciam um maior ou menor grau de 
mistura evidenciando alguma relação com as outras analisadas. A Churra 
Badana revela a proximidade já anteriormente observada com o Merino 
da Beira Baixa e a Churra Mondegueira com a Churra da Terra quente.
A população CC apresenta bastante heterogeneidade nos indivíduos 
que a compõem (ou pelo menos naqueles que compuseram esta amos-

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