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Livro do professor Livro didático Língua Portuguesa 1 2 Escola: lugar de opinião 2 Anúncio institucional: chamando para a ação 30 A vida reinventada nos romances 55 9o. ano Volume 1 Li d f © Sh ut te rs to ck /b ro vk in 3 1 © Al ex an dr e Af fo ns o/ Re vi st a Pe sq ui sa FA PE SP 1. Expliquem o conteúdo do infográfico: descrevam a comparação entre zona rural e cidade, considerando as linguagens visual e verbal; destaquem quais são os critérios da comparação, o que se informa a respeito de cada critério e qual é a conclusão apontada no infográfico. 2. Avaliem a situação representada no infográfico e apresentem soluções possíveis para o problema. 3. Que expressões foram empregadas na apresentação de soluções para o problema? 4. De que modo você costuma apresentar sua opinião em sala de aula? Que expressões usa para introduzi-la em uma conversa com a classe toda ou em um texto escrito para um trabalho? Escola: lugar de opinião ILHA de calor na Amazônia. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/ilha-de-calor-na-amazonia/>. Acesso em: 25 jan. 2018. 2 1 Objetivos Painel de leitura Dissertação O texto que você estudará nesta seção tem por base um aspecto da formação das ilhas de calor, representada graficamente no info- gráfico que você leu na abertura do capítulo. A autora deste texto é aluna do Ensino Fundamental Anos Finais, da cidade de Naviraí (Mato Grosso do Sul). Ela participou de um pro- jeto de escrita do programa Escrevendo o Futuro. O texto foi um dos finalistas do projeto, premiado com sua publicação. Antes de ler o texto integralmente, considere seu título. 1. Ao finalizar o título com ponto de interrogação, a autora do texto instaura uma polêmica marcada por alternativas diferentes. Que polêmica é e como ela se relaciona com a questão climática em estudo? Registre. No título, há uma oposição entre “preservar” e “asfaltar”. Essa polêmica está relacionada à formação de ilhas de calor, pois o asfalto impede a absorção de calor e contribui para a formação dessas ilhas, sendo prejudicial à preservação do meio ambiente. 2. De acordo com o título, que comportamento a autora espera das pessoas? Explique sua resposta. A autora valoriza a atitude participativa das pessoas, incluindo-se no grupo (essa inclusão está marcada pelo uso da expressão “nossas atitudes”). Além disso, deixa evidente que o futuro depende da escolha que as pessoas fizerem atualmente. Ilhas de calor Fenômeno climático verificado nas cidades mais urbanizadas, em que a temperatura média é mais elevada do que nas regiões rurais próximas. De nossas atitudes hoje, depende o futuro: preservar ou asfaltar? Orientação metodológica. 3 Objetivos • Características do ser humano • Apesar das grandes diferenças, os seres humanos são classificados biologicamente como uma mesma espécie: Homo sapiens. • As pesquisas feitas com fósseis de ancestrais humanos demonstram que nossa espécie possui uma série de características que nos identificam como seres humanos. • Ler e interpretar dissertações, compreendendo sua função social. • Analisar a estrutura composicional de dissertações. • Identificar orações com a estrutura sujeito + verbo de ligação + predicativo. • Participar de um debate regrado. • Produzir uma dissertação. ObjetivosObjetivos 2 Conceito de autoria.3 4 Texto complementar. Leia agora o texto integralmente. De nossas atitudes hoje, depende o futuro: preservar ou asfaltar? Victória Haydee Bronzatte Teixeira Malavazi Moro numa cidade que está em pleno desenvolvimento econômico com a instalação de indústrias e onde o comércio é bem diversificado. Um fato importante vem acontecendo em nosso município desde o ano 2000, quando foi criado, através do Decreto Municipal 049/2000, o “Parque Sucupira 1”. Antigamente, essa era uma área onde as crianças tomavam banho, num laguinho formado por minas-d’água. Com o pas- sar do tempo se tornou um local onde os moradores jogavam toda espécie de lixo, como: papéis, móveis velhos, vidros, latas, animais mortos, pastagens para animais e que também servia como acampamento de ciganos. O terreno e as águas das minas naturais foram poluídos. Na época, a Prefeitura Municipal pretendia fazer o prolonga- mento da Avenida Caarapó, que nasce a duas quadras da Praça Euclides Antônio Fabis, passando o asfalto exatamente dentro dessa área. Deram início à obra, mas alguns moradores, professo- res e a SEMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) entra- ram na justiça contra o município e paralisaram a obra. Depois de alguns anos a prefeitura reiniciou o que havia começado anos atrás: a pavimentação asfáltica, na chamada “biquinha”. Homens e máquinas trabalhavam a todo vapor. Aterraram o local, canalizaram as nascentes para abastecimen- to de caminhões-pipas. Novamente a polêmica entre a SEMA, que não quer o asfalto e sim preservar as nascentes, e a Prefei- tura Municipal. Criou-se então a Área de Conservação e Im- plantação do Parque Natural Sucupira e Área de Lazer. De acordo com pesquisa realizada com moradores da cida- de e do bairro citados, alguns são favoráveis à pavimentação asfáltica no local, pois facilitará o acesso ao centro da cidade, os terrenos serão valorizados, novos comércios surgirão, ha- verá iluminação pública e o bairro ficará mais bonito. Outros moradores são favoráveis à construção do parque, pois haverá a conservação das minas. Futuramente poderia ser construída passarela para pedestres sobre as minas, pista de caminhada, local para eventos culturais, campo de futebol de areia, quadra de vôlei, parquinho para crianças, replantio de árvores nativas como: candeia, banana-de-macaco e outras. Segundo a coordenadora do Parque, a senhorita Kátia Vi- vian Chrestani, em visita com os alunos ao local, essas árvores são propícias à área e é importante que as pessoas tenham consciência da importância da preservação da área para uma qualidade de vida melhor. 1 2 3 4 5 6 Mina-d’água: nascente de água. SEMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente): hoje em dia, no Mato Grosso do Sul, esse órgão denomina-se SEMADE (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico). A palavra decreto é assim definida na área jurídica: [...] são atos adminis- trativos da competência exclusiva dos Chefes do Executivo [presidente da República, governadores e prefeitos], destinados a prover situações gerais ou individuais, abstrata- mente previstas [...] pela legislação. [...] Como ato administrativo, o decreto está sempre em situação inferior à da lei e, por isso mesmo, não a pode contrariar. MEIRELLES, Hely L. Direito administrativo brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros editores, 1998. p. 159. Esse ato administrativo deve regu- lar situações não detalhadas pelas leis, mas não pode contrariá-las ou modificá-las. Orientação metodológica. 9o. ano – Volume 14 5 MALAVAZI, Victória H. B. T. De nossas atitudes hoje, depende o futuro: preservar ou asfaltar? Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/ conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/textos-dos-finalistas/artigo/1292/textos-dos-alunos-finalistas-de-2006>. Acesso em: 26 jan. 2018. 3. Depois de ler o texto integralmente, retome suas anotações sobre a discussão anterior e responda: a) O texto atendeu às expectativas criadas pelo título? Justifique sua resposta. Sim, o título menciona a polêmica comentada no texto: “preservar ou asfaltar”, ou seja, mostra que há uma oposição entre essas duas possibilidades. b) Ter conhecimento prévio a respeito da formação das ilhas de calor e dos fatores que provocam esse fenômeno ajuda a compreender as questões ambientais envolvidas na discussão apresentada no tex- to ou é um conhecimento desnecessário? Justifique sua resposta. Pessoal. 4. Ainda no primeiro parágrafo, a autora menciona a criação de um decreto. Para que esse ato administra- tivo foi criado? O Decreto Municipal foi criado para a instalaçãodo Parque Sucupira 1. 5. Considerando que um decreto apresenta situações não detalhadas pelas leis, ou seja, ele não obriga nin- guém a fazer ou a deixar de fazer algo, o decreto de 2000 efetivamente criou o parque? Que parte(s) do texto comprova(m) essa afirmação? O decreto não criou o parque, apenas detalhou a lei que poderia levar à sua criação. O terceiro e metade do quarto parágrafo confir- mam essa ideia. Entende-se que, apesar do decreto, as obras da prefeitura para a pavimentação asfáltica do local se desenvolveram. 6. Com a publicação do decreto, a polêmica em torno da preservação da área nativa foi resolvida? Que parte do texto comprova isso? Não, a polêmica continuou. Confirma-se isso com o trecho do quarto parágrafo: “Novamente a polêmica entre a SEMA, que não quer o asfalto e sim preservar as nascentes, e a Prefeitura Municipal.” Assim como em parte do quinto parágrafo: “Outros moradores são favoráveis à construção do parque, pois haverá a conservação das minas”. Espera-se que os alunos observem que essa frase, mais adiante no texto, mostra que a construção do parque ainda estava em discussão quando o texto foi escrito, ou seja, não se resolveu completamente em 2000. Há outros exemplos que podem ser considerados nessa resposta. 7. Que aspectos a autora do texto escolheu abordar no primeiro parágrafo? a) Apresentação do problema que o texto discute. X b) Apresentação da cidade em que ocorre o problema, indicando aspectos do local relacionados com a questão a ser discutida, mas sem mencioná-la ainda. X c) A existência do ponto central da polêmica, que faz parte da cidade: o parque. d) Indicação de seu ponto de vista sobre o tema a ser discutido. Do meu ponto de vista, vamos exercer nossos direitos de cidadãos e cobrar das autoridades a construção da área de lazer e a conservação das minas no local, onde a água brota da terra. Portanto, vamos abrir os olhos e dar uma chance à natureza ou, num futuro não muito dis- tante, muitos irão se lembrar das minas que “mataram aqui”, e como em tantos outros lugares do Planeta Terra. 7 8 Conhecimento prévio. Orientação metodológica. Língua Portuguesa 5 Importância de ler um texto até o final. 6 7 8 8. Relacione as colunas, considerando as condições de produção e de recepção desse texto. ( 1 ) Quem produziu o discurso? ( 6 ) 1ª. pessoa (singular/plural). ( 2 ) Tema do texto ( 8 ) Argumentativa. ( 3 ) Objetivo comunicativo ( 2 ) Criação do Parque Sucupira 1. ( 4 ) Situação de produção ( 3 ) Expor opinião sobre a polêmica em torno do assunto. ( 5 ) Leitor provável do texto ( 4 ) Programa Escrevendo o Futuro. ( 6 ) Pessoa do discurso utilizada ( 9 ) Adequada à norma-padrão. ( 7 ) Tempos verbais utilizados ( 5 ) Comunidade em geral e avaliadores do projeto. ( 8 ) Estrutura predominante do texto ( 7 ) Presente, pretéritos perfeito e imperfeito e futuro. ( 9 ) Linguagem ( 1 ) Aluna do Ensino Fundamental Anos Finais, da cida- de de Naviraí (Mato Grosso do Sul). 9. Nos parágrafos 2, 3 e 4, a autora emprega recursos linguísticos para situar o leitor em relação à polêmica discutida. a) Identifique as expressões iniciais desses parágrafos. Que função elas exercem no texto? As expressões são: “Antigamente”, “Na época”, “Depois de alguns anos”. Todas elas exercem a função de marcadores temporais e se referem a fatos do passado, ou seja, anteriores à escrita do texto. b) Nesses parágrafos, outra classe gramatical tem função semelhante às expressões indicadas no item a. Qual? Explique sua resposta. A classe dos verbos. A maioria das formas verbais está flexionada nos tempos do passado: pretérito perfeito ou pretérito imperfeito do indicativo. c) Pode-se dizer que, nesses parágrafos, a autora do texto informa o leitor sobre ( X ) a contextualização histórica da polêmica. ( ) sua opinião sobre o problema. ( ) as possibilidades de solução para o tema. 10. Considerando os parágrafos 2, 3 e 4, indique, nos parênteses, o número do parágrafo a que pertence à ideia-síntese. a) A prefeitura reiniciou a pavimentação asfáltica, reabrindo a polêmica. ( 4 ) b) Alguns moradores e a SEMA se queixaram na Justiça e a obra foi paralisada. ( 3 ) c) O terreno foi poluído devido ao lixo depositado ali. ( 2 ) d) A prefeitura iniciou o prolongamento de uma avenida próxima ao local asfaltando a área. ( 3 ) e) Nessa área do parque, as crianças tomavam banho no laguinho. ( 2 ) f) Foram criadas duas áreas dentro do parque: uma de preservação, outra de lazer. ( 4 ) 11. Sintetize a situação-problema em torno da qual se constrói o texto. A situação-problema gira em torno do asfaltamento da área em que há mata nativa e minas-d’água, ou seja, da preservação ambiental da área. A dissertação escolar aborda uma situação-problema (ou polêmi- ca), apresentando-a e defendendo uma opinião a respeito dela. 9o. ano – Volume 16 ©Shutterstock/Lowe Llaguno 12. Considere o parágrafo 5 para responder às questões a seguir. a) No momento da escrita do texto, a polêmica sobre o local con- tinuava ou tinha sido resolvida? Explique sua resposta. A polêmica continuava, pois alguns moradores se mostraram a favor do asfaltamento; outros, favoráveis à conservação do parque e das minas. Segundo a coordenadora do Parque, a senhorita Kátia Vivian Chrestani, em visita com os alu- nos ao local, essas árvores são propícias à área e é importante que as pessoas tenham consciência da importância da preservação da área para uma qualidade de vida melhor. a) Dessa afirmação, é possível inferir que ( ) a autora do texto visitou o parque e pôde coletar essa afirmação. ( X ) a autora vale-se da opinião de uma especialista para afirmar um posicionamento sobre a polê- mica em questão. b) Qual é a opinião dessa especialista sobre o tema? E que argumento ela apresenta para defender sua ideia? Ela é a favor da preservação. Defende que a preservação da área melhora a qualidade de vida das pessoas. c) Nesse trecho, a autora usou duas palavras de sentido próximo, mas de classes gramaticais diferentes. Iden- tifique essas palavras e reescreva o trecho propondo substituições para evitar a repetição. As palavras são “importante” (adjetivo) e “importância” (substantivo). b) Que argumentos cada grupo usou para defender sua ideia? Os favoráveis ao asfaltamento acreditam que isso valorizará o terreno e o comércio. Por sua vez, os defensores da preservação acreditam que assim será possível preservar o meio ambiente, a natureza. c) Em que se baseou a autora do texto para dar essas informações? Em uma pesquisa realizada com moradores da cidade e do bairro. d) Considerando sua resposta ao item c, as informações apresentadas pela autora são fatos ou opiniões? Explique. São fatos, dados de uma pesquisa, não dependem do ponto de vista de alguém. e) No trecho final do parágrafo consta: “Futuramente poderia ser construída passarela para pedestres sobre as minas, pista de caminhada,[...]”. Pelo contexto, infere-se que essa ideia é ( ) da autora do texto. ( ) da coordenadora do Parque, Kátia Vivian Chrestani. ( X ) dos moradores que são favoráveis à construção do parque. ( ) dos moradores que são favoráveis à pavimentação asfáltica da área. 13. Releia o trecho do parágrafo 6. Orientação metodológica. Língua Portuguesa 7 9 14. Considere os dois últimos parágrafos do texto para responder às questões a seguir. a) Qual é o conteúdo do parágrafo 7? b) Qual é a opinião da autora do texto sobre a polêmica? c) Que expressão a autora usa nesse trecho para evidenciar que se trata de sua opinião? “Do meu ponto de vista”. A dissertação escolar expõe uma avaliação do problema ou uma solução para ele. d) De acordo com a autora do texto, outras pessoas devem agir para a solução do problema. Quem são essas pessoas e como elas devem agir? Explique sua resposta. Ela convida os cidadãos em geral a cobrarem das autoridades uma solução para o problema de modo que se construa a área de lazere se preserve a natureza. e) A autora termina o texto aproximando presente e futuro; meio ambiente local e global. Explique essa análise. A autora mostra que as ações do presente (como a preservação do meio ambiente) têm consequências no futuro. Além disso, ela mostra que o cuidado que se tem com o meio ambiente local está ligado ao cuidado com o planeta todo. f) A autora convida os leitores (ou os cidadãos) a agir em prol da questão. Que elemento linguístico marca esse posicionamento? A forma verbal “vamos” indica que a autora convida os leitores e as pessoas em geral a participar da ação. 15. Com a proposta de solução apresentada para a situação-problema, a autora do texto X a) mantém o tema em discussão do início ao fim do texto. b) considera que o planeta está perdido. X c) propõe uma resposta à questão apresentada pelo título. X d) defende a conservação do lugar. X e) convida os leitores a participar de sua proposta. X f) escolhe um único lado da polêmica, pois acredita que o outro não é pertinente. A dissertação escolar, geralmen- te, apresenta a seguinte estrutura argumentativa: • Situação-problema: apresen- tação do tema ou da questão a ser discutida no texto. • Discussão: construção do ponto de vista sobre o tema e reunião de argumentos que fundamentam essa opinião. • Conclusão: sugestão de solu- ção para o problema ou avalia- ção dele, reafirmando o ponto de vista defendido no texto. 16. Você já estudou que, em geral, esta é a estrutura da dissertação escolar: apresentação da situação-problema; discussão/argumen- tação e conclusão. a) Indique os parágrafos de cada parte da estrutura da dissertação lida. Estrutura Parágrafos Apresentação da situação-problema 1 a 4 Tese ou polêmica 7 Discussão/argumentação 5 e 6 Conclusão 8 9o. ano – Volume 18 a) É nesse parágrafo que a autora explicita sua opinião sobre a polêmica da construção do Parque Sucupira 1. b) A autora defende a preservação da área e a construção do parque, e não o asfaltamento para desenvolvimento comer- cial. Essa opinião evidencia-se no sétimo parágrafo. Ao defender uma ideia, é preciso apresentar justificativas que levem o interlocutor a se convencer do ponto de vista abordado. Para isso, é possível usar vários tipos de argu- mento. Veja alguns deles. • Dados estatísticos (ou argu- mento por evidência): apresen- tação de dados confiáveis de pesquisas ajuda a mostrar que o argumento tem fundamento. Ex.: Segundo o IBGE, o Brasil tem ainda 11,8 milhões de analfabetos. • Argumento de autoridade: apresenta informação ou opi- nião de especialista no campo de conhecimento em questão. Ex.: Segundo o cientista da NASA James Hansen, a temperatura da Terra alcançou, nos últimos 30 anos, uma rápida ascensão de cer- ca de 0,2 graus Celsius. • Argumento por raciocínio lógico: criado por meio de re- lações de causa e efeito, é um recurso utilizado para demons- trar que uma conclusão (afir- mada no texto) é pertinente, é lógica, é certa, e não fruto de uma interpretação pessoal, que pode ser contestada. Ex.: A falta de policiamento nos centros urbanos tem provocado insegurança na população. • Alusão histórica: remissão a fa- tos passados, de conhecimento geral, que podem ajudar a fun- damentar o ponto de vista. Ex.: A Lei Áurea é um dos marcos mais importantes da história de nosso país. b) A maior parte da dissertação foi empregada no desenvolvimen- to de qual parte da estrutura? Da situação-problema. c) A opinião da autora é apresentada quase no fim do texto. Você considera que, com essa estrutura, o texto prende a atenção do leitor, ou seja, torna-se interessante? Justifique sua resposta. Pessoal. 17. A dissertação escolar é um texto argumentativo. Ao construir sua argumentação, a autora se valeu de que tipos de argumen- tos? Identifique o(s) parágrafo(s) em que os argumentos a seguir aparecem. a) Argumento de autoridade: 5 e 6. b) Alusão histórica: 3 e 4. c) Dados estatísticos: não aparecem. d) Argumento por raciocínio lógico: 5. 18. Releia o trecho. Um fato importante vem acontecendo em nosso muni- cípio desde o ano 2000, quando foi criado [...] o “Parque Sucupira 1”. Que palavras nesse trecho indicam que a autora comentará um processo iniciado antes de ela começar a escrever o texto e que ainda não havia terminado quando finalizou a escrita? Explique sua reposta. A locução verbal “vem acontecendo” sinaliza uma ação iniciada no passado e ainda não finalizada no momento da escrita, pois é composta por um verbo no presente do indicativo e outro no gerúndio. 19. Textos argumentativos podem ser escritos em 1ª. ou em 3ª. pessoa. Qual foi a escolha que a autora fez para estruturar seu texto? Que elementos linguísticos marcam essa escolha? A autora optou pelo uso da 1.ª pessoa, marcado pela flexão verbal (“moro” e “vamos”) e pelo uso de pronome possessivo “nosso”. 20. Releia este trecho do parágrafo 1: “[...] onde o comércio é bem diversificado [...]”. O destaque indica ( X ) uma característica do comércio. ( ) uma ação do comércio. Opinião da autora. Gabarito comentado. Pessoas do discurso. Objetivo da questão. Língua Portuguesa 9 10 11 12 13 Modalizadores discursivos são elementos linguísticos que atuam como indicadores de argumen- tação. Eles são os encarregados de evidenciar o ponto de vista assumido pelo falante e assegu- rar o modo como ele elabora o discurso. Podem ser usados como modalizadores: advérbios, modos verbais, adjetivos, verbos auxiliares (poder, dever, querer), expressões afirmativas ou negativas como “ é possível”, “não é possível”, etc. 21. Compare os trechos retirados do texto com a respectiva reescrita. Num futuro não muito distante, muitos irão se lembrar das minas que “mataram aqui” Segundo a coordenadora do Parque, [...] essas árvores são propícias à área e é importante que as pessoas tenham consciência da importância da preservação da área para uma qualidade de vida melhor. a) Qual a função (certeza/dúvida ou avaliação/sentimento) da ex- pressão sublinhada? Indica avaliação, pois sinaliza que a coordenadora do parque valoriza a formação de consciência das pessoas em relação à necessidade de preservação do meio ambiente. b) Experimente ler o trecho excluindo essa expressão. Agora, substitua-a por outra que tenha a mesma função modalizadora. Os alunos podem substituir por: é necessário, é essencial, é fundamental, é imprescindível; ou as pessoas devem ter consciência, precisam ter consciência. Trecho do original: o comércio é bem diversificado. Trecho reescrito: o comércio parece bem diversificado. Houve mudança no sentido da oração com a alteração da forma verbal? Explique sua resposta. Com a alteração da forma verbal, há mudança de sentido da oração. Os alunos podem indicar que, no texto original, passa-se uma certeza maior que com a reescrita (quanto a caracterizar o comércio como diversificado). Também podem perceber que, no primeiro caso, o estado é permanente, enquanto no segundo é aparente. Em Práticas de reflexão sobre a língua, será estudado o predicado nominal e seus constituintes. 22. Note que, no último parágrafo, a autora usa uma expressão entre aspas: a) Que sentido essa expressão tem no texto? A expressão “mataram aqui”, referindo-se ao que pode acontecer com as minas-d’água do local, é usada no sentido de destruir, acabar com, arruinar, fazer desaparecer. b) Que outra palavra é empregada entre aspas no texto? Qual é seu sentido? Identifique outros termos que servem de sinônimo a ela. No parágrafo 4, são empregadas aspas na palavra “biquinha” (diminutivo de bica, orifício de onde sai água, fonte de água). Esse termo é sinônimo de “minas-d’água”, “águas das minas naturais”, “minas”. 23. É possível perceber o ponto de vista de quem produz uma argu- mentação ao identificar alguns recursos empregados na constru- ção do texto, chamados modalizadores discursivos. Releia o trecho a seguir. Orientaçãometodológica. Modalizadores discursivos. 9o. ano – Volume 110 15 14 24. Releia o último parágrafo da dissertação. Portanto, vamos abrir os olhos e dar uma chance à natureza ou, num futuro não muito distante, muitos irão se lembrar das minas que “mataram aqui”, e como em tantos outros lugares do Planeta Terra. a) Observe que, nesse trecho, determinada situação é apresentada como uma ameaça. Qual é ela? Se não for dada uma chance à natureza no presente, no futuro o meio ambiente terá se deteriorado. b) Reescreva o trecho transformando essa situação em possibilidade. Para isso, empregue um modaliza- dor adequado. Pessoal. Sugestão: Portanto, vamos abrir os olhos e dar uma chance à natureza ou pode ser que/talvez/provavelmente, num futuro não muito distante, muitos irão se lembrar... c) Qual das duas versões do trecho impactam o leitor de modo mais forte a respeito de um posiciona- mento: a original ou a que você reescreveu? Justifique sua resposta. A versão original mostra a situação de modo dramático, procurando reforçar a estrutura persuasiva do texto. 25. As conjunções ajudam o falante a organizar seu texto, articulando os termos entre si e as orações. a) Nos trechos abaixo, as conjunções em destaque têm sentidos diferentes ou iguais? Explique sua resposta. I. [...] alguns são favoráveis à pavimentação asfáltica no local, pois facilitará o acesso ao centro da cidade, os terrenos serão valorizados, novos comércios surgirão, haverá iluminação pública e o bairro ficará mais bonito. II. Portanto, vamos abrir os olhos e dar uma chance à natureza [...]. I. De acordo com pesquisa realizada com moradores da cidade e do bairro citados, alguns são favoráveis à pavimentação asfáltica no local [...]. II. Segundo a coordenadora do Parque, [...] essas árvores são propícias à área [...]. I. Deram início à obra, mas alguns moradores, professores e a SEMA [...] entraram na justiça contra o município e paralisaram a obra.” Pois: tem sentido de explicação; indica que a pavimentação asfáltica é a explicação dada por alguns para serem favoráveis a essa ação. Portanto: tem sentido de conclusão; sinaliza que, de acordo com o que foi dito antes, é preciso agir de determinada maneira, expressa no parágrafo em questão (“vamos abrir os olhos e...”). b) A seguir, explique o sentido das conjunções em destaque. “Mas”: tem sentido de oposição; sinaliza que, embora a obra tivesse sido iniciada, algumas pessoas conseguiram paralisá-la, ou seja, ela não teve continuidade naquele momento. “E”: tem sentido de soma. Indica que os que entraram na justiça contra o município também conseguiram paralisar a obra. c) Nos trechos abaixo, que conjunções ou locuções conjuntivas sinalizam que a autora do texto se vale de outras ideias que não as suas para fortalecer sua argumentação? Explique sua resposta. “De acordo com” e “segundo”, pois introduzem o resultado de uma pesquisa e, respectivamente, a voz de um especialista. Assim, com ideias que não são as suas, a produtora do texto reforça sua argumentação. Língua Portuguesa 11 16 Orientação metodológica. Predicado nominal: verbo de ligação e predicativo do sujeito 26. Reveja este fragmento da dissertação: Práticas de reflexão sobre a língua De acordo com pesquisa realizada com moradores da cidade e do bairro citados, alguns são favoráveis à pavimentação asfáltica no local, pois facilitará o acesso ao centro da cidade, os terre- nos serão valorizados [...] e o bairro ficará mais bonito. a) A oração sublinhada apresenta uma ação realizada pelo sujeito? Justifique sua resposta. Espera-se que os alunos percebam que o verbo da oração não expressa ação. Os verbos podem ser divididos em significativos (nocionais) ou de li- gação. Os primeiros são aqueles que expressam ação, aconteci- mento, atividade mental, fenôme- no da natureza e desejo. São os verbos transitivos ou intransitivos. Já no caso dos verbos de ligação, a indicação é de estado. I. O parque é bonito. II. O parque ficará bonito. a) Pode-se afirmar que, embora semelhantes, as duas orações têm sentidos diferentes. Explique sua resposta. Sim. Em I, ser bonito é condição, estado atual do parque. Em II, esta não é uma característica do parque no presente, e sim no futuro. No primeiro caso, o estado é permanente, no segundo, o verbo sinaliza mudança de estado. b) A forma verbal da oração sublinhada expressa ( ) ação. ( X ) estado. ( ) fenômeno da natureza. c) Com a oração em destaque no trecho, a autora da dissertação expõe ( X ) o posicionamento de outras pessoas. ( ) o posicionamento da prefeitura. ( ) seu posicionamento pessoal. d) Qual palavra dessa oração indica esse posicionamento? “Favoráveis”. e) O que motiva os moradores a ter esse posicionamento? Grife no trecho. f) Os verbos presentes nas orações grifadas são nocionais ou de ligação? Facilitará [o acesso ao centro da cidade], [os terrenos] serão valorizados: facilitar e valorizar são verbos nocionais ; [o bairro] ficará [mais bonito]: ficar é verbo de ligação. 27. Compare estas orações. • Parque Sucupira, Navaraí, MS © As se ss or ia d e Im pr en sa d a Pr ef ei tu ra d e Na vi ra í 9o. ano – Volume 112 17 Orientação metodológica. Um verbo de ligação exprime es- tado, o qual pode ser permanente (ele é calmo), transitório (ele está calmo), aparente (ele parece cal- mo), ou mudança de estado (ele ficou calmo). b) A que se deve a diferença de sentido? Ao verbo de cada oração. c) Que palavra acompanha o verbo no predicado das orações? “Bonito.” d) Essa palavra pertence a uma classe gramatical cuja função é ( ) nomear os seres. ( ) indicar quantidade. ( X ) caracterizar o ser. 28. Leia as frases e indique se o verbo de ligação exprime estado apa- rente (EA), estado permanente (EP), mudança de estado (ME), es- tado transitório (ET). a) “[...] o comércio é bem diversificado.” ( EP ) b) O comércio parece bem diversificado. ( EA ) c) “Os moradores são favoráveis à construção do parque [...].” ( EP ) d) Outros moradores ficaram preocupados com a construção do parque. ( ME ) 29. Compare estes pares de orações. Um verbo de ligação é acompanhado de predicativo do sujeito. Este termo exprime o estado do sujeito (como ele é/ está/ficou, etc.) e é o núcleo, ou seja, a palavra mais significativa do predicado. Quando o núcleo do predicado é um verbo, diz-se que o predicado é verbal. Quando o núcleo é o predicativo, diz-se que o predicado é nominal. predicativo do sujeito verbo de ligação Sujeito simples Núcleo: “comércio” Predicado Núcleo: “diversificado” O comércio da cidade é diversificado. I. Os jovens ficaram tranquilos. II. Os jovens ficaram na praça. a) Qual é o sentido das orações I e III: apresentar um estado/uma característica do sujeito ou uma ação/um acontecimento? Apresentam um estado ou uma característica do sujeito. b) Os verbos das orações II e IV expressam ações/acontecimentos ou ligam uma característica ao sujeito? Em II e IV, os verbos ficar e permanecer indicam ações. III. As vias permanecem congestionadas nos horá- rios de pico. IV. Permaneci em Manaus por dois meses. Os verbos de ligação têm princi- palmente função sintática: eles or- ganizam a oração, relacionando o sujeito ao seu predicativo. Mas isso não quer dizer que esses verbos sejam semanticamente neutros. A escolha que se faz do verbo de ligação interfere no significado da oração. Língua Portuguesa 13 c) De acordo com os itens anteriores, um mesmo verbo ( ) tem sempre o mesmo sentido. ( X ) pode ter sentidos diferentes, dependendo do contexto. d) Os termos essenciais de uma oração são o sujeito e o predicado. Complete as informações a seguir, considerando os predicados das orações de I a IV. • Em II e IV , os predicados são verbais, pois têm como centro um verbo que indica uma ação. • Em I e III , os predicados são nominais, pois os verbos ligam uma condição/um estado ao sujeito. Concordância nominal:o predicativo 30. Analise a oração “Essas árvores são propícias à área”. a) Qual a forma verbal da oração? “São.” b) Indique o núcleo do predicado. Ele é verbal ou nominal? “Propícias” – predicado nominal. c) Qual é a classe gramatical da palavra que funciona como predicativo do sujeito nesta oração? “Propícias” é um adjetivo. d) A palavra indicada no item anterior está flexionada em gênero e número. Justifique essa flexão. A flexão do adjetivo “propícias” ocorre em virtude do gênero e do número do substantivo ao qual ele se liga (“árvores”). e) Reescreva a oração, fazendo as alterações necessárias, substituindo o sujeito por: • O traçado das ruas é propício à área. • A criação do parque é propícia à área. • A criação do parque e o novo viaduto são propícios à área. f) Ao analisar as reescritas e a flexão do verbo de ligação e do predicativo do sujeito, o que se pode afirmar? Mesmo sendo verbo de ligação, este segue a regra geral de concordância (o verbo concorda com o(s) núcleo(s) do sujeito) em pessoa e número. O adjetivo, mesmo em função de predicativo, deve concordar em gênero e número com o(s) substantivo(s) a que se relaciona. Predicativo do sujeito: termo que expressa uma característica ou um estado do sujeito. Ex.: João é esperto. Felipe está preocupado. 9o. ano – Volume 114 31. Compare estas construções, todas corretas quanto à concordância do verbo e do predicativo do sujeito: I. São benéficos à área a criação do parque e o novo viaduto. II. É benéfica à área a criação do parque e o novo viaduto. III. É benéfico à área o novo viaduto e a criação do parque. a) Estas orações estão na ordem direta ou indireta? Justifique sua resposta. As orações estão na ordem indireta, o sujeito está posposto ao verbo e ao complemento. b) Descreva, com suas palavras, a concordância verbal e nominal em I e II. Nos três casos, o sujeito está posposto ao verbo e ao seu predicativo. Nessa estrutura, verbo e predicativo podem concordar com os núcleos do sujeito ou apenas com o núcleo mais próximo, por isso, a flexão feminina em II e masculina em III. Caso especial 32. Leia estes avisos: TEXTO I TEXTO II Adjetivos como proibido, permitido, necessário, bom, etc., acompanhados de verbo ser (visível na frase ou implícito) merecem atenção especial. a) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for acompanhado de artigo ou pronome. Ex.: Proibida a entrada de estranhos. b) O adjetivo fica no masculino singular se o substantivo ao qual se refere não vier acompanhado de artigo ou pronome. Ex.: Proibido entrada de pedestres. 33. Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) no que se refere à concordância nominal. X a) É necessário atenção para resolver as atividades. X b) É necessária a sua presença para resolver esse impasse. X c) A professora do infantil ensinou aos alunos que verdura é bom para a saúde. X d) É proibido entrada nesse local. e) Era ótimo a temperatura e o tempo na praia. Língua Portuguesa 15 A USP está correta em adotar cotas sociais e raciais? SIM Derrubando os muros M A R C O A N T O N I O Z A G O O Conselho Universitário da USP deu um passo histó- rico nesta semana ao apro- var a reserva de vagas para alunos de escolas públicas e para autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A mu- dança passa a valer a partir do próximo ano nos cursos de graduação. A discussão trouxe à tona o conflito entre duas visões: restringir a seleção aos mais bem colocados nos exames Debate regrado Prática de oralidade Preparação • No programa Entre aspas, convidados com opiniões divergentes falam sobre um assunto controverso sob a mediação da jornalista. © Re pr od uç ão /T V Gl ob o/ G lo bo Ne w s Antes de debater, é preciso investigar o assunto, posicionar-se sobre o tema e reunir argumentos para a defesa de seu posicionamento. Esses argumentos devem contribuir para que os demais participantes do de- bate – e também a plateia – sejam levados a considerar coerente o que é dito. Como parte da sua reflexão sobre a temática, leia dois artigos publi- cados em um jornal de circulação nacional sobre a adoção da política de cotas em uma das mais importantes universidades brasileiras e responda às questões de 1 a 14. Essa modalidade de debate é ca- racterizada pela presença de um moderador que organiza a discus- são, auxilia na síntese das ideias e evita dispersões. Ele é o respon- sável pela passagem de turno de voz e é quem assegura que regras preestabelecidas sejam seguidas tanto por debatedores como pela plateia. É importante ressaltar que nem sempre existe um “vencedor” em um debate. Muitas vezes cada debatedor contribui com seus co- nhecimentos para ampliar a dis- cussão de um tema, possibilitando que ele seja analisado de uma perspectiva mais abrangente. Os textos publicados na seção Tendências e debates do jornal Fo- lha de S. Paulo vêm acompanha- dos da seguinte nota: Os artigos publicados com assinatura não tradu- zem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao pro- pósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as di- versas tendências do pensa- mento contemporâneo. Você e seus colegas vão desenvolver um debate regrado sobre um tema polêmico: a política de reserva de vagas (cotas) nos concursos vestibulares. Debater sobre o tema o ajudará a pensar melhor sobre essa temática, a respeito da qual você escreverá na seção de produção escrita. 9o. ano – Volume 116 convergência: aproximação de ideias, opiniões, atitudes, etc. premissas: ideias, alegações. escalonada: que aumenta gradualmente. segregado: em que ocorre a segregação, separação, isolamento. do vestibular ou também le- var em conta o papel social da universidade. A decisão sem preceden- tes revela a convergência de opinião ao redor de duas pre- missas. A primeira é a neces- sidade premente de aumen- tar a inclusão social, pelos seus efeitos práticos e pelo elevado simbolismo. Igualmente importante foi a crescente convicção de que o desempenho acadê- mico dos estudantes incluí- dos pode ser equivalente, ou mesmo melhor, ao dos sele- cionados apenas com base nos resultados dos exames. As novas regras serão apli- cadas de forma escalonada: no ingresso de 2018 serão reservadas 37% das vagas de cada uma de nossas uni- dades, progredindo até 50% das vagas por curso e turno. Nessas porcentagens in- cidirá o porcentual de 37% para estudantes autodeclara- dos pretos, pardos ou indí- genas, índice equivalente à proporção desses grupos na população de nosso Estado. Nessa reserva são soma- das as vagas dos dois proces- sos de seleção da USP: o ves- tibular da Fuvest e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que possuem abordagens e abrangência diferentes. Universidade de classe internacional, a USP tem a responsabilidade de garantir uma formação de qualida- de, de produzir pesquisa de ponta, promover ações de extensão e representar ferra- menta de modificação social. Uma das maneiras mais efi- cazes de atuar nesse sentido é dar oportunidade para que jovens talentosos da escola pública sejam incorporados à vida universitária. A decisão não compro- meterá a excelência do en- sino que caracteriza nossa universidade, já que, dentre os mais de 380 mil alunos que concluem o ensino mé- dio público em São Paulo, há um enorme contingente extremamente capaz. Muitos desses alunos conquistaram sucesso em sua trajetória acadêmica. Neste ano, a USP alcançou a marca recorde de 37% de ingressantes de escolas pú- blicas, com 19% de pretos e pardos – percentuais que re- presentaram, entretanto, mé- dias gerais de toda a univer- sidade. Com a nova decisão, a partir do próximo ano, esse será o valor mínimo de todas as faculdades da USP, asso- ciado à garantia de inclusão de jovens pretos, pardos ou indígenas em todas elas. Com isso, nossa institui- ção vai ganhar novo perfil so- cial, étnico e cultural. Nossos estudantes serão educados em um ambienteacadêmico que privilegia a diversidade, ao invés de ser socialmente segregado e culturalmente monótono. O aumento da inclusão social acarretará, no entan- to, acréscimo de gastos com formação e permanência es- tudantil – tais como mora- dia, transporte e alimentação –, ações nas quais a USP já investe cerca de R$ 200 mi- lhões anuais. Por esse motivo, será cons- tituída comissão que apoiará a pró-reitoria de graduação na avaliação dos resultados, propondo medidas para atin- gir as metas estabelecidas e informar o Conselho Univer- sitário sobre a sua sustentabi- lidade orçamentária. A implantação da reser- va de vagas sociais e raciais se configura como mais um marco na história da uni- versidade, num período de transição e de mudanças. Es- tamos derrubando os muros da USP e a aproximando da sociedade! MARCO ANTONIO ZAGO é professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e reitor da Universidade de São Paulo (USP) ©Marco Antonio Zago/Folhapress Língua Portuguesa 17 NÃO Boas intenções, maus resultados S É R G I O A L M E I D A O Conselho Universitário da USP aprovou nesta semana a adoção de cotas sociais e raciais em seu processo de seleção. Até 2021, 50% de suas vagas de- vem ser preenchidas por estu- dantes de escolas públicas. Dentro dessa cota deve- rão ser reservadas vagas para pretos, pardos e indígenas na mesma proporção da presença dessa população verificada pelo IBGE no Estado de São Paulo. Hoje, esse índice é de 37%. Trata-se de política que pro- cura promover a mobilidade social de estudantes pobres, majoritariamente oriundos de escolas públicas, e aumentar a representatividade de grupos historicamente marginalizados. Mesmo assumindo que es- sas metas sociais devem coin- cidir com os objetivos de ins- tituições de ensino superior – o que não é óbvio –, há razões para acreditar que a política adotada pela USP não alcança- rá os objetivos desejados e terá implicações desastrosas para a instituição. Primeiro porque o plano não atenta para a possibilidade de o sistema ser “ludibriado”. As co- tas sociais mudam os incentivos do processo de admissão. Alunos do sistema privado poderão migrar para o siste- ma público para se beneficiar das cotas, mantendo, contudo, um esquema privado, de me- lhor qualidade, de instrução e preparação para as provas de seleção. Nesse caso, além de não au- mentarem o acesso das classes mais pobres, as cotas teriam ainda impactos adversos sobre a qualidade, já ruim, do ensino público. O segundo problema é que a política pode causar prejuízos a seus beneficiários. O argumen- to é simples: se os alunos que ganharão acesso pelas cotas são mal preparados para enfrentar as demandas dos cursos da USP, ha- verá taxas elevadas de desistência entre eles. Isso acarretaria custos de oportunidade, o estudante, por exemplo, poderia ter con- cluído o curso em outra insti- tuição; já a universidade teve uma vaga ocupada por um não concluinte. Richard Sander, professor da Universidade de Califórnia em Los Angeles, encontrou evi- dências de que políticas simila- res de ação afirmativa tiveram esse efeito nos cursos de direito dos Estados Unidos. É difícil, contudo, avaliar como essa situação se daria no contexto brasileiro, em que não há padrões institucionais co- muns de avaliação de perfor- mance dos estudantes. Como o professor tem mui- to controle sobre a avaliação, mudanças sistemáticas de crité- rios para acomodar alunos com formação deficiente podem mascarar a realidade. Terceiro ponto: ao forçar a admissão de elevado número de estudantes sabidamente mal qualificados, a USP, no longo prazo, corre o risco de perder sua posição de destaque entre as universidades do país. Dados da Prova Brasil mos- tram que a vasta maioria dos oriundos de escolas públicas tem dificuldades para interpre- tar textos básicos e fazer opera- ções simples de matemática. A admissão de alunos des- preparados pode ter impactos negativos sobre a capacida- de de atrair bons estudantes e bons professores, o que preju- dicaria a produção científica da instituição. É surpreendente o fato de não haver cláusulas para, a de- pender dos custos e benefícios, modificar, ou até mesmo aban- donar, a política de cotas em favor de outros mecanismos de tratamento preferencial. Não há dúvida de que o Es- tado brasileiro deve tentar cor- rigir as desigualdades sociais produzidas por um legado centenário de tratamento dis- criminatório e de desigualdade de oportunidades. majoritariamente: predominantemente. oriundos: que têm origem. legado: aquilo que se passa de uma geração a outra, que se transmite à posteridade. 9o. ano – Volume 118 FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo: Publifolha, 8 jul. 2017. (Tendências/debates – opinião, A3). ©Sergio Almeida/Folhapress 1. Observe como a pergunta que precede os textos indica o tema a ser explorado nos artigos. Em seguida, localize nos textos o(s) parágrafo(s) em que os autores apresentam o fato que será analisado. Derrubando os muros Boas intenções, maus resultados 1º. parágrafo 1º. parágrafo 2. O leitor, antes mesmo de ler os textos, já sabe a posição adotada pelo autor. Além da presença de uma tese, os autores expressam essa posição também por meio de expressões ao longo do texto. Que expres- são, utilizada no 1º. parágrafo do texto Derrubando os muros, revela o posicionamento favorável do autor à decisão da USP? O autor vê a decisão como um “passo histórico”. 3. Pode-se afirmar, segundo o texto Boas intenções, maus resultados, que seu autor é contra a admissão de alunos de escolas públicas, pretos, pardos e indígenas na USP? Justifique sua resposta apresentando trechos do texto. Não, o autor não se opõe à inclusão desses grupos (“Não há dúvidas de que o Estado deve tentar corrigir as desigualdades sociais produzidas por um legado centenário de tratamento discriminatório e de desigualdades de oportunidades”), ele se opõe à forma adotada (“pairam dúvidas [...] a respeito de as cotas serem a forma mais efetiva de alcançar esse propósito”). Retome com os alunos o título do texto, “Boas intenções”, que se refere ao acesso de grupos marginalizados à instituição; aos “maus resultados”, à avaliação que faz do uso de cotas para garantir esse acesso. As questões de 4 a 8 relacionam-se ao texto Derrubando os muros. 4. Apresente, resumidamente, os argumentos apresentados pelo autor para defender a posição dele. A argumentação de Marco Antonio Zago baseia-se na defesa do papel social da instituição. - Uma das tarefas de uma universidade deve ser a promoção/modificação social. - Permite o acesso de alunos capazes, porém que estudaram em escolas públicas, a uma instituição de renome. - A medida resulta em um ambiente acadêmico inclusivo, heterogêneo, social e culturalmente mais rico. Pairam dúvidas, no entan- to, a respeito de as cotas se- rem a forma mais efetiva de alcançar esses propósitos. Po- deríamos, por exemplo, cobrar mensalidade dos estudantes e usar o dinheiro para financiar oportunidades educacionais aos mais pobres. Infelizmente, as políticas públicas no Brasil são avalia- das mais por suas intenções do que por seus resultados. Perderá a USP. Perderemos todos. SÉRGIO ALMEIDA é professor de teoria microeconômica na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. É doutor na área de economia comportamental e experimental pela Universidade de Nottingham (Reino Unido) Língua Portuguesa 19 18 Orientação didática.19 Orientação didática.20 Uso da palavra “pretos” pela USP. 5. Nos parágrafos de 5 a 7, o autor informa, com mais detalhes, sobre a reserva de vagas. Que informações são apresentadas? Porcentagem das vagas reservadas e o critério adotado (porcentagem dos grupos da população do estado), e que a reserva ocorre tanto no vestibular como no Sisu. 6. Nos parágrafos 8 e 9, o autor explora a questão do ingresso de estudantes da escola pública na instituição. Qual é visãodele sobre isso? Ele considera que dentre os milhares de alunos da escola pública, há “jovens talentosos” e capazes de enfrentar as demandas e atingir bom desempenho acadêmico na instituição (“muitos conquistaram sucesso em sua trajetória acadêmica”). Esses seriam os beneficiados pela medida, logo, a instituição não seria afetada pela baixa qualidade do ensino público. 7. O autor apresenta um ponto negativo da decisão tomada pela USP. a) Assinale-o. ( ) Há a garantia de inclusão de pardos e indígenas. ( ) Alteração no perfil social, étnico e cultural da USP. ( X ) Aumento de gastos com formação e permanência estudantil superando 200 milhões de reais por ano. b) Que ação está sendo tomada para evitar esse ponto negativo? A criação de uma comissão para acompanhar a viabilidade financeira, os resultados e a proposição de medidas para alcançar as metas estabelecidas. 8. O título está relacionado ao conteúdo do(a) do texto. X a) introdução b) desenvolvimento X c) conclusão As questões de 9 a 13 relacionam-se ao texto Boas intenções, maus resultados. 9. Apresente, resumidamente, os argumentos dados pelo autor para defender a posição dele. Sérgio Almeida não questiona o papel da universidade na promoção social. Ele, no entanto, questiona o uso de cotas para isso. São argumentos apresentados: o sistema de cotas pode ser fraudado; a falta de preparo dos estudantes acarretará em sua desistência, fato que traz prejuízo a eles e à Instituição (em curto prazo, em virtude das vagas ociosas, e a longo prazo por causa do impacto na avaliação da qualidade de ensino, pois as instituições de ensino superior são avaliadas, entre outros critérios, pelo rendimento de seus alunos e pelas pesquisas que conseguem desenvolver.); não há cláusula na decisão do Conselho Universitário da USP que preveja a revisão dessa política segundo os resultados observados. 10. Que expressões são utilizadas para introduzir cada um dos argumentos? “Primeiro”, “o segundo problema é”, “terceiro ponto”. 11. Esse autor também discute o ingresso de alunos oriundos de escola pública na instituição. Qual é a visão dele sobre isso? O autor recorre a dados de avaliação oficial que atestam a deficiência e baixa qualidade do ensino público. Ele considera, assim, esses estudantes “mal preparados” e que isso teria impactos na instituição. 9o. ano – Volume 120 21 Desempenho dos estudantes da rede pública. 12. O autor apresenta uma alternativa ao sistema de cotas. O que poderia ser feito, segundo ele? Cobrar mensalidade para financiar o estudo dos mais pobres. 13. A que trecho do texto o título está relacionado? Grife-o. Os alunos devem destacar o 4º. parágrafo. 14. O passo seguinte é pesquisar sobre o tema. Que reportagens em jornais, revistas e na TV mostram uma pesquisa séria sobre isso e podem servir como fontes de consulta? Durante a busca, selecionem o mate- rial mais útil para o debate, anotando a) título, autoria/direção e fonte dos textos visuais e verbais; b) pontos de vista e argumentos apresentados nesses textos. Chame a atenção para o fato de essa proposta considerar apenas a condição social dos alunos, enquanto que a política de cotas atende não apenas os alunos de classes sociais mais baixas, mas também negros e indígenas. 15. Os dois posicionamentos diferentes (contrário e favorável) sobre o tema serão defendidos no debate pelos alunos divididos em grupos. 16. Cada grupo deve se preparar para o debate. Para isso, será preciso ter claro o ponto de vista que cabe ao grupo defender e a seleção de argumentos a serem apresentados durante o debate. Podem ser apresentados os argu- mentos mais interessantes utiliza- dos nos textos consultados. Tema Cotas nas universidades Tese Pessoal. Argumentos Pessoal. O papel do mediador O mediador tem um papel funda- mental no debate regrado. Além de regular a interação, organizan- do os turnos de fala, apresentar os participantes e encerrar o debate, cabe ao mediador, se necessário, arbitrar conflitos, conciliar posi- ções opostas e retomar o foco da discussão quando os debatedores dele se distanciarem. O professor irá definir as regras para o debate como o tempo máximo de fala de cada um dos debatedores, de réplicas e tréplicas, por exemplo. 17. Definam os responsáveis pela apresentação e defesa do posicionamento. 18. Um debate exige certa formalidade por parte dos debatedores e mediadores, expressa pelo tratamento respeitoso dispensado aos outros, correção linguística e escolha do vocabulário adequado a ser usado (não use gírias). 19. O mediador também precisará se preparar. Ele será responsá- vel pela apresentação do tema, dos debatedores e das normas estabelecidas. 20. No momento do debate: a) O mediador faz a apresentação dos grupos, do tema e das normas. b) Os debatedores devem adotar uma atitude tranquila e segura; res- peitar as diferentes opiniões; exprimir-se com clareza; utilizar uma linguagem adequada à exposição de fala formal na escola, não inter- romper as intervenções dos colegas. Também é preciso observar a postura corporal, a altura da voz, os gestos e a expressão facial, sem- pre lembrando que se está em uma situação pública formal, que é preciso se manter atento e receptivo, de modo educado. c) Ao final, os debatedores se despedem, agradecendo a atenção do público. Produção Língua Portuguesa 21 22 23 24 Linguagem oral. Sugestão para organizar a atividade. Orientação metodológica. Avaliação Projeto de escrita Prática de escrita Assistindo ao debate dos colegas: a) Fique atento às atitudes dos debatedores. Eles se mantiveram no tema durante a discussão? O ponto de vista do grupo foi exposto claramente com base em argumentos consistentes? b) Respeitou-se o turno e o modo de falar dos colegas (pois cada pessoa tem uma origem, uma história de vida)? c) Anote as principais informações sobre os debates, assim como suas dúvi- das e perguntas para expô-las no momento combinado. Como apresentar seu ponto de vista? Você pode introduzir seu posicio- namento com expressões como “do meu ponto de vista...”, “julgo...”, “concordo/discordo que...”, “con- cordo parcialmente com...”, etc. 21. Avalie a atividade de debate regrado. Sim Não Os grupos mantiveram-se no tema? As opiniões foram apresentadas e bem fundamentadas? O mediador colaborou para a organização do debate do grupo? Usou-se uma linguagem mais formal e objetiva? As normas preestabelecidas foram respeitadas? De que modo você se comportou diante da fala do outro: ouviu com respeito o que tinham a dizer? Respeitou o momento de fala deles? Soube tomar a palavra com educação? Dissertação Agora, sua tarefa é escrever sobre o tema debatido pela turma. Você deverá produzir uma dissertação, apresentando seu ponto de vista e defendendo-o com bons argumentos. Após a reescrita, a dissertação poderá será publicada no mural da classe. Seu texto deve ter de 15 a 20 linhas e apresentar título. Preparação 1. No debate regrado, você e seus colegas discutiram sobre a política de cotas. Certamente, depois dessa tarefa, você pode ter se sentido mais seguro de sua opinião ou pode tê-la mudado, pois refletiu sobre isso e ouviu novos argumentos. Retome, portanto, suas anotações do debate. 2. O primeiro passo é identificar seu posicionamento. Cotas nas universidades: você é a favor ou contra? © Sh ut te rs to ck /L or el yn M ed in a 9o. ano – Volume 122 Pessoal. 3. Uma dissertação exige a defesa de uma tese que expresse esse posicionamento. Registre sua tese. 5. Uma estratégia argumentativa é antecipar argumentos contrários ao seu ponto de vista para poder refu- tá-los. Registre dois argumentos contrários e indique por que não são válidos. 6. Planeje a conclusão. O que você pretende apresentar: Proposta de solução? Pretende apenas reafirmar sua ideia inicial? Pessoal. Pessoal. Pessoal. Pessoal. Pessoal. Pessoal.4. A tese precisa ser fundamentada por argumentos. Registre a seguir, resumidamente, quatro argumentos. Pessoal. Língua Portuguesa 23 Produção © Sh ut te rs to ck /P or fa ng 7. Geralmente, a dissertação escolar apresenta esta estrutura: a) Situação-problema – apresentação e contextualização do tema a ser discutido no texto. Ao organizar seu texto, observe: o tema em discussão está apresentado de forma objetiva e cla- ra? Há os dados necessários para que o leitor, mesmo que não conheça o problema, compreenda do que se trata? b) Discussão – apresentação dos argumentos de cada lado da polê- mica, construção do ponto de vista do produtor do texto sobre o tema e reunião de argumentos que fundamentam essa opinião. Na organização do texto, verifique: sua opinião está expressa de maneira objetiva? Na etapa anterior, você listou quatro argumentos, selecione os dois mais fortes. Você pode também apresentar um argumento contrário para questioná-lo, mostrar suas falhas, por exemplo. c) Conclusão – proposta de solução para o problema ou avaliação dele, reafirmando o ponto de vista defendido no texto. Ao produzir seu texto, preste atenção: a conclusão é clara e bem articulada ao restante do texto? 8. Observe a organização dos parágrafos e as expressões que ajudam a introduzir os argumentos (“Por um lado...”, “Por outro...”, “Segundo Fulano...”, “De acordo com a pesquisa...”) e sua opinião (“Do meu ponto de vista...”, “Defendo que...”, “Penso que...”). Ao escrever, leve em consideração o fato de que os verbos de ligação e os predicati- vos do sujeito ajudam a expor uma opinião. 9. Produza um título para a dissertação que se relacione de maneira significativa com o texto. Um bom título desperta a atenção do leitor e o convida à leitura. Seu texto tem um título atraente para o leitor? 10. O texto deve estar escrito na norma-padrão. Avaliação e reescrita 11. Troque sua dissertação com um colega. Leia a dele e faça uma avaliação, de acordo com estes critérios: Sim Não O texto apresenta tese bem definida e objetiva? A situação-problema é apresentada claramente? São apresentados argumentos (dados estatísticos, fatos veiculados na mídia, opiniões de especialistas) eficientes para a fundamentação da tese? Na conclusão do texto, há uma proposta de solução para o problema ou uma avaliação dele? Há título coerente com o conteúdo do texto? O texto está adequado à norma-padrão da língua? Está de acordo com o número de linhas estipulado na proposta? 12. Revise seu texto, observando quais devem ser os ajustes necessários e escreva a versão definitiva. O título é a primeira coisa que se lê em um texto, mas será que isso significa que é a primeira coisa a ser escrita? Considerando os textos lidos da página 16 a 19, você acha que a escolha do título precedeu, isto é, veio antes da escrita do texto ou é posterior? 9o. ano – Volume 124 Organize as ideias 1. Assinale as características da dissertação escolar. X a) É um texto de opinião. b) Seu objetivo é informar o leitor sobre tema polêmico. X c) Apresenta a contextualização da situação-problema, a opinião do autor e argumentos em sua defesa, uma conclusão com proposta de solução ou reafirmação da tese. d) Discute vários temas em um único texto. Mantém a unidade do tema do início ao fim do texto. X e) A linguagem é formal e objetiva, segue a norma-padrão da língua. 2. O que é preciso apresentar em cada uma das partes da estrutura básica de uma dissertação escolar? a) Introdução Apresenta-se o tema, explicando a polêmica em discussão, e a tese. b) Desenvolvimento Constitui-se da discussão dos argumentos e do ponto de vista do produtor do texto. c) Conclusão Pode-se apresentar uma solução para o problema em discussão ou retomar a tese. 3. Complete o quadro. Definição Exemplos Verbo significativo ou nocional É o núcleo de uma oração. Em geral, indica uma ação . Sugestão: canalizar, aterrar, trabalhar. Verbo de ligação Estabelece a ligação entre o sujeito e uma característica ou a um estado dele. Sugestão: ser, ficar, estar, tornar-se, parecer. Predicativo do sujeito É a característica ou o estado do sujeito, ligado(a) a ele por meio de um verbo de ligação. Sugestão: Isso é uma vergonha. Ficamos preocupados. Língua Portuguesa 25 Hora de estudo Há uma praça no meio do caminho Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, Fortaleza é a quinta maior capital do Brasil. Segundo o IBGE, há um grande número de brasileiros e estrangeiros interessados em se estabelecer aqui, na famosa Terra do Sol, pois consideram o bom clima, as belas praias e a hospitalidade do povo cea- rense, ao definirem suas moradias. É uma bela cidade, com vários pontos turísticos e em crescente desenvolvimento, mas, infelizmente, com área verde reduzida e poucas praças, e uma delas está causando muita polêmica. A Praça Portugal, localizada no bairro Aldeota e criada em 1947, já passou por muitas reformas, mas sempre teve presença marcante na vida dos fortalezenses, além de ser um símbolo concreto dos laços de Portugal com o Ceará. Contudo, o Plano de Ação Imediata em Transporte e Trânsito de Fortaleza (Paitt) propõe a construção do binário Santos Dumont/Dom Luís e eventualmente a substituição da rotatória (da qual a praça faz parte) por um cruzamento e quatro pequenas praças. Essa intervenção está dividindo a opinião da população, de políticos e de especialistas em arquite- tura, urbanismo e engenharia de tráfego. De um lado, há os defensores da destruição da praça, pois pode ser benéfica tanto para a popu- lação quanto para as pessoas. “Vai melhorar os passeios, facilitar o caminho dos pedestres e inte- grar os modais – pedestre, ciclista, ônibus e veículos”, defende Roberto Cláudio, prefeito da cida- de. “Isso não é uma praça, é uma rotatória”, acrescenta. Ainda expõe dois objetivos com o projeto: aumentar a fluidez das vias e reduzir os constantes acidentes na área. Para Luiz Alberto Saboia, coordenador do Paitt, a intenção da prefeitura é requalificar e aumentar a praça, não destruí-la: “A alteração do formato da praça implicará um aumento de mais de 30% em seu tamanho”. Por outra ótica, os defensores da manutenção da praça apontam uma relação afetiva com ela, que é uma peça histórica de Fortaleza. A arquiteta Marcella Lima, em entrevista, afirma que a refe- rência afetiva que todos têm por ela não pode ser preenchida, deixando um “buraco” na memória da cidade. [...] “Dizer que a praça não é uma praça é um insulto à nossa cidade e à inteligência das pessoas”, diz o empresário e ativista Bosco Couto em carta ao prefeito. “Dizer que não é uma praça por ser pouco frequentada [...] não é um argumento plausível, pois o fato é que as praças estão inseguras, abandonadas e mal iluminadas”. De fato, há déficit em relação à passagem de pedestres; no entanto, deve haver um estudo mais cauteloso, pois a troca da rotatória por semáforos não terá efeitos no trânsito a longo prazo. A cons- trução do binário já foi finalizada, um túnel foi construído na Avenida Santos Dumont, semáforos foram colocados, mas as vias permanecem congestionadas nos horários de pico, evidenciando que semáforos não são alternativas inteligentes para os congestionamentos. Luiz Nogueira, engenheiro civil, afirma: “Vejo diversas pessoas achando que o problema do trânsito [...] será resolvido com a retirada e substituição das rotatórias por semáforos. Não poderia haver maior engano”. É imprescindível ressaltar a presença da praça na vida dos fortalezenses. Apesar do descaso evidente, vários grupos de jovens, desde os anos 1990, frequentam a praça, também eu, que passo por lá todas as manhãs e noites. Os protestos contra a intervenção, como a “Virada”, mostram que ela não é importante apenas para mim, mas para toda a população. [...] Por todas as histórias que a envolvem, sou contra a destruição da praça, pois há várias alter- nativas, propostas por arquitetos, que evitam tal destruição,como a instalação de sinais antes da entrada dela, além de evitar o estacionamento próximo à rotatória. [...] Leia a dissertação a seguir. 1 2 3 4 5 6 7 8 binário: refere-se a sistema binário, expressão usada para indicar que, na cidade, determinada via segue em um sentido e a via paralela, o sentido oposto. Com ele, transforma-se uma via de mão dupla em mão única. modais: refere-se ao meio de transporte. O ônibus é um modal, assim como o carro, a bicicleta, o trem, etc. 26 Diz Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Na democracia grega, o povo reunia-se na praça para decidir o futuro da cidade. Agora que o povo quer decidir o futuro da pra- ça, não pode, pois houve uma votação fechada, feita por secretários e vereadores, em vez de uma decisão coletiva, popular e, acima de tudo, democrática. Há uma praça no meio do caminho dos planos da prefeitura. Mas o poder municipal, em vez de tratar da questão democraticamente, renegou sua história como se ela fosse um mero empilhado de pedras. VIEIRA, Agna F. T. Há uma praça no meio do caminho. Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/arquivos/5306/textos-finalistas2014. pdf>. Acesso em: 30 jan. 2018. 1. Releia o título da dissertação: Há uma praça no meio do caminho. O título remete ao poema No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade, em uma relação de intertextualidade. a) O que representa a “pedra no meio do caminho”? A pedra representa as dificuldades, os obstáculos com que nos deparamos durante a vida. b) Como essa ideia se relaciona com a dissertação? Explique sua resposta. O que se depreende da frase da autora da dissertação é que a praça representa um “obstáculo” para a prefeitura, assim como a “pedra no meio do caminho”, no poema. c) Que aspecto do texto o título antecipa para o leitor? O título antecipa que a autora falará da polêmica envolvendo uma praça da cidade. 9 10 ANDRADE, Carlos D. de. No meio do caminho. In: _____. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 237. No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. © Sh ut te rs to ck /D ad o Ph ot os 27 Há uma praça no meio do caminho tem uma relação intertextual com o poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado No meio do caminho. Um dos versos: “Tinha uma pedra no meio do caminho” é, inclusive, bem próximo da frase da autora “Há uma praça no meio do caminho”. 2. A introdução desse texto se dá pela contextualização que está relacionada ao tema. O que está causando polêmica na cidade e vai ser tema do texto? Um projeto da prefeitura da cidade que implica na destruição da praça para resolver um problema de trânsito, embora a cidade tenha poucas praças e áreas verdes. 3. A autora do texto afirma que a população está dividida quanto à intervenção que a prefeitura planeja fazer e apresenta argumentos favoráveis e contrários a isso. a) Que expressões a autora usa para introduzir os argumentos referentes a esses posicionamentos? “De um lado”, “por outra ótica”. b) Sintetize os argumentos favoráveis à reforma e indique a fonte dessa argumentação. Será facilitado o caminho dos pedestres, a integração entre os vários modos de deslocamento, aumentará a fluidez das vias e serão reduzidos os acidentes na área, a praça também será melhorada e ampliada. São citados o prefeito da cidade e o coordenador do Paitt. c) Sintetize os argumentos contrários à reforma da praça e indique a qualificação das pessoas consultadas. A relação afetiva e histórica com a praça, o fato de ela ser local de encontro de jovens da cidade. Utiliza-se a fala de uma arquiteta e de um empresário e ativista. A autora utiliza a própria experiência. 4. Pode-se afirmar, segundo o texto, que a autora é ao projeto da prefeitura. ( ) favorável ( X ) contrária 5. Copie a tese do texto. “Sou contra a destruição da praça”. a) A tese se encontra no(a) do texto. ( ) introdução ( ) desenvolvimento ( X ) conclusão b) Que justificativas a autora utiliza para defender sua opinião? A praça é importante para ela e para a população (ela mencionou que frequenta a praça) e que há alternativas para melhorar o trânsito que não exigem a destruição da praça (ela cita algumas possibilidades como exemplo). 6. Releia o início do 5º. parágrafo: “Dizer que a praça não é uma praça é um insulto”. Esse trecho só faz senti- do se se perceber que ele responde a um argumento já apresentado. a) Que argumento é esse? A fala do empresário rebate a fala do prefeito: “Isso não é uma praça, é uma rotatória”. b) Esse trecho reforça ou rebate o argumento anterior? Esse é um contra-argumento, com o qual ele pretende invalidar a argumentação previamente apresentada. 7. Complete o quadro abaixo com o número dos parágrafos (1 a 10) da dissertação lida. Estrutura da dissertação lida Parágrafos Introdução por contextualização apresenta o tema 1 e 2 Desenvolvimento apresenta argumentos favoráveis e contrários 3 a 7 Conclusão apresenta a tese e a proposta de solução 8 a 10 28 8. Observe as palavras presentes no glossário junto ao texto. a) Você já as conhecia com esse sentido? Pessoal. b) Elas fazem parte de um campo de vocabulário específico. Qual? ( ) O vocabulário cearense. ( X ) O vocabulário dos profissionais do trânsito. ( ) O vocabulário dos estudantes. 9. Releia estas orações da dissertação sobre a praça Portugal, em Fortaleza: I. “[...] as praças estão inseguras, abandonadas e mal iluminadas.” II. “[...] é uma bela cidade.” a) É possível afirmar que essas orações têm predicado nominal? Justifique sua resposta Sim. Porque são construídas com verbo de ligação que “liga” o sujeito às suas características. b) Qual a função sintática dos termos destacados? “Inseguras, abandonadas e mal iluminadas” e “uma bela cidade” são predicativos do sujeito. 10. Respeitando a norma-padrão, reescreva o trecho a seguir, flexionando as palavras no singular. Faça as adequações necessárias. Semáforos não são alternativas inteligentes para os congestionamentos. O semáforo não é uma alternativa inteligente para o(s) congestionamento(s). • Qual foi a alteração necessária na reescrita? Devido à alteração do número do sujeito foi necessário rever a flexão do verbo e do predicativo, pois ambos devem concordar em número com o núcleo do sujeito. 11. Leia as orações. Vários grupos de jovens frequentam a praça. ( PV ) Fortaleza é a quinta maior capital do Brasil. ( PN ) Uma delas está causando muita polêmica. ( PV ) A praça não é mero empilhamento de pedras. ( PN ) a) Sublinhe as formas verbais e classifique o predicado em verbal (PV) ou nominal (PN). b) Copie o(s) predicativo(s) do sujeito e indique seu núcleo. “A quinta maior capital do Brasil” – núcleo “capital”. “Mero empilhamento de pedras” – núcleo “empilhamento”. 29 2 © A rm an di nh o, d e A le xa nd re B ec k. 1. Que relação as crianças da tirinha estabelecem entre felicidade, propaganda e consumo? 2. Cite textos que você considera serem propaganda. 3. O propósito de um anúncio é sempre vender um produto a ser consumido? © A rm an di nh o, d e A le xa nd re B ec k. Anúncio institucional: chamando para a ação 3030 1 • Ler e interpretar anúncios institucionais, compreendendo sua finalidade e estrutura composi- cional. • Avaliar recursos verbais e visuais na construção do sentido de textos do gênero anúncio institucional. • Reconhecer e empregar orações subordinadas substantivas predicativas e subjetivas. • Produzir campanha publicitária institucional: anúncio impresso e comercial para TV. ObjetivosObjetivos Painel de leitura Anúncio institucional Aopensar em anúncios, logo vem à mente a ideia de vender ou comprar algo. Afinal, no cotidiano, os anún- cios classificados e comerciais na TV, spots no rádio, cartazes, outdoors, anúncios em jornais e revistas instigam a comprar produtos e utilizar determinado serviço. Mas será que toda peça publicitária tem esse objetivo? Texto para as questões de 1 a 9. ASSOCIAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS DA BAHIA. Doe órgãos. Salve vidas. Salvador: ATX-BA, 2016. Campanha publicitária É o conjunto de peças publicitá- rias distintas produzidas com o objetivo de vender um produto, um serviço ou a própria marca. Independentemente do objetivo, as peças que a constituem devem ter uma identidade comum. © Do e O rg ão , u m a ca m pa nh a da P ro pe g pa ra o c lie nt e AT X. 31 1. Um texto é produzido por um enunciador, com determinado pro- pósito, e se dirige a um interlocutor. a) Esse texto tem como objetivo vender um produto? Justifique sua resposta. O objetivo dessa peça publicitária é incentivar a doação de órgãos. b) Qual é o público que essa peça publicitária visa atingir? Visa à população em geral. c) Quem é o responsável pelo anúncio? A ATX-BA (Associação de Pacientes Transplantados da Bahia). d) Pesquise sobre a instituição que produziu o anúncio e explique qual o interesse dela em defender a ideia proposta na peça publicitária. Por ser uma entidade que reúne pacientes transplantados, é compreensível que esteja engajada em promover a doação de órgãos, visto que seus associados, por experiência própria, sabem como o transplante de órgãos salva vidas ou melhora a condição de vida de doentes. e) O anúncio contém um número de telefone e um endereço eletrônico. A que se referem esses dados e por que eles são apresentados? Se o leitor tiver dúvidas sobre a doação de órgãos, pode entrar em contato com a ATX-BA, por telefone e/ou consultar o site. “A Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA) é uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve várias ativida- des para proporcionar melhor qualidade de vida para pessoas que receberam a doação de um órgão ou tecido. Dá orientações pré e pós-transplante, além de realizar campanhas para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.” (ASSOCIAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS DA BAHIA. Doe órgãos. Salve vidas. Salvador: ATX-BA, 2016.) 2. Releia o texto verbal do anúncio: “Você sempre doou o que não lhe servia mais. Faça o mesmo com seus órgãos”. a) Em que pessoa e número, os verbos destacados estão conjuga- dos? Qual é o sujeito das orações? Os verbos estão conjugados na 3.ª pessoa do singular, logo o sujeito é “você”. Chame a atenção dos alunos para o fato de que, na primeira frase, o sujeito é simples e, na segunda, oculto. b) A qual das características do gênero anúncio a flexão verbal indicada no item anterior está diretamente relacionada? ( ) Uso de linguagem figurada. ( ) Uso de linguagem coloquial. ( X ) Conversa com o leitor. Anúncio institucional Tem como finalidade propagar uma ideia, convencer o leitor a adotar um comportamento. Os gêneros publicitá- rios são flexíveis, ou seja, inovam e rompem frequentemente com modelos cristalizados para prender a atenção do interlocutor. CARMELINO, Ana C. et al. Texto multimodal em práticas de ensino. In: MARQUESI, Sueli C.; PAULIUKONIS, Aparecida L.; ELIAS, Vanda M. (Org.). Linguística textual e ensino. São Paulo: Contexto, 2017. p. 157. 9o. ano – Volume 132 Perelman e Obrechts-Tyteca (2002) consideram como elementos importantes no proces- so argumentativo o locutor, o auditório e o fim, esse último como a própria adesão que o locutor pretende conseguir de seu auditório. Slogan Um dos elementos de uma cam- panha publicitária é o slogan: frase curta, impactante e de fácil me- morização, que expressa a ideia central da campanha. Observe em peças publicitárias variadas a disposição do slogan no texto. 3. Além do texto verbal principal, o slogan é um elemento caracterís- tico desse gênero textual. a) Qual é o slogan da campanha da qual o anúncio faz parte? “Doe órgãos. Salve vidas.” b) Quais os verbos empregados no slogan e em que modo estão conjugados? “Doe” e “salve” são formas verbais no modo imperativo afirmativo. c) Considerando o propósito de um texto publicitário, justifique o emprego desse modo verbal. O anúncio publicitário busca envolver o leitor, levando-o a adotar um comportamento, e o modo imperativo é usado sempre que se deseja expressar uma ordem, dar uma instrução ou fazer um convite para que alguém tome uma atitude por ser esta a melhor opção, que é o caso desse anúncio. 4. No texto do anúncio, qual é a relação de sentido entre as ideias de cada período? Reescreva-o deixando evidente essa relação. Há uma relação de conclusão entre as duas ações. Sugestão: Você sempre doou o que não lhe servia mais, então faça o mesmo com seus órgãos. 5. Onde esse anúncio poderia ser divulgado? a) Programas de TV. X b) Jornais e revistas. c) Outdoors. X d) Fixado em paredes. 6. Observe a imagem do anúncio e descreva o que nela está representado. Vários calçados, de diversos formatos, tamanhos e cores são dispostos de maneira a sugerir a imagem de um coração. 7. Compare as imagens abaixo. Considerando as cores e a disposição dos elementos que formam a imagem do anúncio, pode-se dizer que a organização dos calçados foi aleatória? Justifique sua resposta. Espera-se que os alunos percebam que a disposição e as cores dos calçados, para formar a imagem, levou em consideração as repre- sentações que, tradicionalmente, se fazem de um coração humano, logo foi utilizado um critério referencial. O calçado vermelho, na parte de cima, representa a aorta, uma das principais veias do coração, e os calçados azuis representam a veia cava. Os outros calçados e sua disposição representam a musculatura do coração. Obviamente a disposição e as cores não deixam de levar em conta o critério estético, mas estão intimamente relacionados ao referencial. Posição do slogan. © Sh ut te rs to ck /G ra ph ic sR F © Do e O rg ão , u m a ca m pa nh a da P ro pe g pa ra o c lie nt e AT X. Língua Portuguesa 33 2 8. Em textos multimodais como os anúncios publicitários, outros recursos visuais são bastante importantes: a cor e a disposição. Qual a contribuição desses elementos, no anúncio lido, para a construção dos senti- dos do texto? O vermelho aplicado no fundo e em uma das frases contribui para a associação à ideia de sangue, de vida. A disposição da ima- gem, bem no centro do anúncio, reforça a ideia de que esse órgão é fundamental para a manutenção da vida. No Brasil, o coração é o terceiro órgão mais transplantado (os primeiros são rim e fígado, respectivamente), de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 9. Que associação pode ser feita entre o texto verbal e o não verbal? a) Dominância do texto verbal sobre a imagem. b) Dominância da imagem sobre o texto verbal. c) Redundância: a imagem simplesmente repete o que é comunicado pelo verbal ou vice-versa. X d) Complementaridade: imagem e texto verbal têm a mesma importância, sendo que um compõe o sentido do outro. e) Discrepância ou contradição: a imagem apresenta o oposto do que é comunicado no verbal ou vice-versa. 10. Para alcançar seu objetivo, um recurso importante do anúncio é a argumentação utilizada para conseguir a adesão do leitor à ideia ou ao comportamento divulgado. Observe a argumentação utilizada: “Você sempre doou o que não lhe servia mais. Faça o mesmo com seus órgãos”. a) O argumento utilizado é de fácil entendimento? Explique sua resposta. Sim. A argumentação se dá por meio de uma comparação. Usou-se um argu- mento pragmático. Se o leitor aceitá-lo, a consequência será positiva (salvar vi- das). b) Para você, doar roupas e sapatos é equivalente a doar órgãos? Explique sua resposta. Esse é o ponto fraco da argumentação,
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