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ENSINO FUNDAMENTAL 9º ANO_HISTÓRIA_VOLUME 01 (PROFESSOR)

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História
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Livro do professor
9o. ano
Volume 1
Livro
didático
Período Entreguerras: 
Crise de 1929 47
Revolução Russa 33
Grande Guerra 17
Brasil: Primeira 
República 2
Livro do professor
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Observe o último 
retrato da Família 
Imperial em território 
brasileiro, feito no ano de 
1889. 
Após a análise dos 
documentos ao lado, 
vamos recordar o que 
estudamos a respeito 
do Império Brasileiro, 
buscando as respostas 
para as questões a seguir.
• Esse foi o último retra-
to da Família Imperial 
feito no Brasil. Qual o 
motivo disso?
• De acordo com o frag-
mento da carta de 
D. Pedro II, qual era o 
sentimento dele com 
a situação vivida pelo 
Brasil em 1889?
Brasil: Primeira 
República 
HEES, Otto. Família Imperial em Petrópolis. 1889. 1 fotografia, p&b., 19 cm × 14,5 cm. 
Museu Imperial, Petrópolis.
À vista da representação que me foi entregue hoje às três horas 
da tarde resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir 
com toda a minha família para a Europa, amanhã, deixando esta 
Pátria de nós estremecida, a qual me esforcei por dar constantes 
testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio 
século que desempenhei o cargo de chefe de Estado.
TRECHO da Carta escrita por D. Pedro II no dia 16 de novembro de 1889. In: 
SCHWARCZ, Lilia M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 461-462.
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Encaminhamento de atividade e gabarito.2
Justificativa de abordagem do conteúdo. 1
3
• Retomar os fatores que levaram à crise do Império e à Proclamação da República.
• Compreender as principais características da República dos Marechais ou República da Espada.
• Identificar a situação dos indígenas e afro-brasileiros no projeto republicano brasileiro.
• Analisar a Política dos Governadores, instituída durante a República do Café com Leite.
• Caracterizar a atuação dos coronéis no processo eleitoral. 
• Compreender o processo de urbanização, enfatizando as desigualdades entre os grupos sociais. 
• Compreender os movimentos sociais, rurais e urbanos ocorridos durante a Primeira República. 
Objetivos
A Monarquia se manteve no Brasil por 67 anos, de 1822 até 1889, quando foi proclamada a República. 
O declínio da Monarquia no país se intensificou a partir de 1870, diante das mudanças sociais e dos anseios 
políticos que despontavam na segunda metade do século XIX. 
Organize as ideias 
Relembre os seus estudos sobre o contexto que acentuou a crise do regime monárquico no Brasil, fazen-
do o que se pede a seguir. 
 1. Cite os principais fatores que levaram à crise do Império.
 2. Estabeleça a relação entre a Abolição da Escravatura e o fim do Império no Brasil. 
 3. Explique em que medida a Guerra do Paraguai (1864-1870) levou os integrantes do Exército brasileiro a 
retirar o apoio à Monarquia.
Proclamação da República 
Em razão da crise do Segundo Reinado, o chefe do Conselho dos Ministros de D. Pedro II, o Visconde de 
Ouro Preto, apresentou à Câmara uma série de sugestões de reforma política. Como a Câmara era formada, em 
sua maioria, por conservadores, ou seja, políticos que não desejavam alterações radicais, as mudanças foram 
rejeitadas. Em represália a essa atitude, o imperador D. Pedro II decretou a dissolução da Câmara e convocou 
uma nova, composta de políticos que ainda apoiavam seu governo. Essa nova assembleia deveria se reunir em 
novembro para debater e aprovar as propostas de reforma.
Os republicanos de São Paulo e do Rio de Janeiro viram na dissolução da Câmara um abuso de poder, 
pedindo ao Exército que interferisse na situação. Em 15 de novembro de 1889, após dias tensos nos quais 
se esperava que alguns oficiais fossem presos, o Marechal Deodoro da Fonseca tomou o quartel-general do 
Exército e anunciou o estabelecimento da República no Brasil. 
A mudança da forma de governo – de Monarquia para República – se deu sem alarde e sem a participação 
popular. Ocorreu sem o conhecimento do próprio imperador D. Pedro II, que só foi informado dos eventos na 
noite do dia 15 de novembro. Apenas dois dias depois, ele foi obrigado a deixar o país, partindo com sua famí-
lia para a Europa (observe a fotografia do início do capítulo). Deodoro da Fonseca assumiu provisoriamente o 
governo do país. 
Encaminhamento da atividade e gabarito.3
Sugestão de abordagem do conteúdo.4
Objetivos
Observe os documentos a seguir. 
Interpretando documentos 
Em frase que se tornou famosa, Aristides Lobo, o propagandista da República, manifestou seu 
desapontamento com a maneira pela qual foi proclamado o novo regime. Segundo ele, o povo, 
que pelo ideário republicano deveria ter sido protagonista dos acontecimentos, assistira a tudo 
bestializado, sem compreender o que se passava, julgando ver talvez uma parada militar. Não nos 
interessa aqui discutir em que medida a observação correspondia à realidade [...]. Interessa-nos, 
sim, o fato de que um observador participante e interessado tenha percebido a participação do 
povo dessa maneira; interessa-nos o fato de que três dias após a proclamação este observador já 
tenha percebido e confessado o pecado original do novo regime.
CARVALHO, José M. de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 9.
Após a análise dos documentos, responda no caderno às questões a seguir. 
 1. A obra de Eduardo de Sá e o texto de José Murilo de Carvalho apresentam a mesma versão para a Pro-
clamação da República no Brasil? Justifique sua resposta. 
 2. Por que Aristides Lobo julgou que as pessoas pensavam assistir a uma simples parada militar? 
 3. O que seria o pecado original ao qual o autor faz referência?
SÁ, Eduardo de. Proclamação da República no Campo de Santana. 1889. 1 óleo sobre tela, color., 40 cm × 73,5 cm. Museus 
Castro Maia/IPHAN/MinC, Rio de Janeiro.
República da Espada ou dos Marechais 
Sob o governo do primeiro presidente, Marechal Deodoro da Fonseca, foi convocada a Assembleia Nacional 
Constituinte. Esta elaborou a primeira Constituição republicana do país (a segunda de nossa história), promul-
gada em fevereiro de 1891.
 bestializado: pasmo, embasbacado, abestado. 
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9o. ano – Volume 14
Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.5
Interpretando documentos 
Leia, a seguir, a forma como foram dispostas na Constituição de 1891 algumas das principais mudanças 
em relação ao Período Monárquico.
Art. 15 – São órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, har-
mônicos e independentes entre si.
[...]
Art. 47 – O Presidente e o Vice-Presidente da República serão eleitos por sufrágio direto da 
Nação e maioria absoluta de votos.
[...]
Art. 70 – São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
§ 1.º – Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados:
1.º ) os mendigos;
2.º ) os analfabetos;
3.º ) os praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior;
4.º ) os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações ou comunidades de qualquer 
denominação, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade 
individual.
§ 2.º – São inelegíveis os cidadãos não alistáveis.
[...]
Art. 72 – A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos 
seguintes:
§ 2.º – Todos são iguais perante a lei. A República não admite privilégios de nascimento, desco-
nhece foros de nobreza e extingue as ordens honoríficas existentes e todas as suas prerrogativas e 
regalias, bem como os títulos nobiliárquicos e de conselho.
BRASIL. Congressso Nacional Constituinte. Constituição da Repúblicados Estados Unidos do Brasil (de 24 de fevereiro de 1891). Disponível em: 
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-35081-24-fevereiro-1891-532699-publicacaooriginal-15017-pl.html>. Acesso 
em: 18 maio 2018.
Conforme a análise dos artigos da Constituição de 1891, faça o que se pede a seguir.
 1. De acordo com o artigo 15 dessa Constituição:
a) Como ficou a divisão dos poderes no país? De que maneira essa organização pode ser relacionada ao 
Iluminismo?
b) De que forma essa divisão estabelecida na Constituição de 1891 se diferenciava dos poderes deter-
minados pela Constituição de 1824?
 2. A Constituição Republicana garantia que a eleição para presidente e vice-presidente seria feita por “sufrá-
gio direto”. Pesquise e escreva o significado para:
• Sufrágio – voto. 
• Sufrágio direto – voto direto dos cidadãos aptos a votar. 
 3. De acordo com a Constituição de 1891:
a) Quem poderia votar?
b) Quem ficou excluído do direito de voto?
 4. O que significa a afirmação “Todos são iguais perante a lei”? A qual grupo de brasileiros o texto da Cons-
tituição faz referência?
 História 5
 Encaminhamento da atividade e gabarito.6
Assim como a Constituição de 1824, a Constituição de 1891, sob a influência do positivismo, deixou os indí-
genas de fora do texto constitucional. Dessa forma, o respeito às diversas culturas indígenas, a demarcação das 
terras para esse grupo populacional e a inclusão dele ao novo país republicano sequer foram debatidos. 
Como prova de que os indígenas não figuravam nos planos de construção da nova nação republicana, 
podemos citar o discurso proferido por André Gustavo Paulo de Frontin na cerimônia de inauguração das co-
memorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, ocorrido em 1900, na cidade do Rio de Janeiro. 
O Brasil não é o índio; este, onde a civilização ainda não se extendeu perdura com os seus cos-
tumes primitivos, sem adeantamento nem progresso. Descoberto em 1500 pela frota portugueza 
ao mando de Pedro Alvares Cabral, o Brasil é a resultante directa da civilização occidental, trazida 
pela immigração, que lenta, mas continuadamente, foi povoando o solo. 
A religião, a mais poderosa fôrça civilizadora da epocha, internou-se pelos longínquos e ínvios 
sertões brasileiros e, sob o influxo de Nóbrega e Anchieta, conseguiu assimilar número conside-
rável de aborígenes, que assim se incorporaram à nação Brasileira. Os selvícolas, esparsos, ainda 
abundam nas nossas magestosas florestas e em nada differem dos seus ascendentes de 400 anos 
atrás; não são nem podem ser considerados parte integrante de nossa nacionalidade; a esta cabe 
assimilá-los e, não conseguindo, eliminá-los.
FRONTIN, André G. P. de. Discurso de abertura do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil. In: FREIRE, José R. B. Cinco ideias equivocadas 
sobre o índio. Revista do Centro de Estudos do Comportamento Humano (Cenesch), Manaus, v. 1, p. 17-33, 2000. 
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SILVA, Oscar P. da. Fundação da cidade de São Paulo. 1909. 1 óleo sobre tela, color., 185 cm × 340 cm. Museu Paulista, São Paulo.
Curiosamente, no mesmo período do início da Primeira República, diversas produções artísticas buscavam no passado o enaltecimento 
do Brasil. Em muitas delas, os indígenas estavam presentes, retratados com suas características físicas e culturais. Esse passado era a 
prova da construção do Brasil do início do século XX. Entretanto, como observamos no discurso de André Gustavo Paulo Frontin, parte dos 
elementos que formaram a nação brasileira não era aceita e era chamada de primitiva.
A população negra, recém-libertada da escravidão, também não foi incluída no texto constitucional. Assim, 
ela permaneceu à margem da sociedade, sem direito à participação política, pois o texto constitucional excluiu 
os mendigos e os analfabetos, grande maioria dentre a população de negros e mulatos. Segundo Hebe Mattos, 
no artigo Raça e cidadania no crepúsculo da modernidade escravista no Brasil, 2% da população tinha direito ao 
voto no início da Primeira República e esse percentual não passou de 5% no final desse período político. 
É importante destacar que as teorias raciais que eram discutidas no mundo ocidental reforçaram no Brasil 
a exclusão das populações negra, mulata, indígena, cafuza e mameluca, na época consideradas inferiores à 
população branca. 
9o. ano – Volume 16
Apesar de a Constituição de 1891 determinar que a eleição para 
presidente fosse direta, o Congresso decidiu que a primeira eleição 
deveria ser indireta, ou seja, os senadores escolheriam o presidente. 
Marechal Deodoro foi eleito em fevereiro de 1891, vencendo Pruden-
te de Morais, que representava os interesses dos cafeicultores. O vice-
-presidente eleito foi outro militar, o marechal Floriano Peixoto. 
Deodoro da Fonseca, porém, ficou poucos meses no poder. O pre-
sidente angariou a antipatia de vários grupos, principalmente a dos 
cafeicultores paulistas, grupo que o acusava de governar de forma 
autoritária. Deodoro alegava a necessidade de um governo mais for-
te pelo perigo da fragmentação territorial, como ocorrera nos demais 
países da América Latina. Os opositores apresentaram um projeto 
que limitava o poder do presidente. Como resposta, ele mandou fe-
char o Congresso.
A atitude foi mal recebida por seus adversários e, diante da pres-
são, Deodoro renunciou ao cargo em novembro daquele ano. Em seu 
lugar, assumiu o vice-presidente, Floriano Peixoto, que não convocou 
novas eleições, conforme a Constituição determinava. Governou até 
o final do mandato de Deodoro, nomeando interventores para os es-
tados. Em seu período de governo, Floriano foi chamado de Marechal 
de Ferro. 
No entanto, o governo de Floriano também enfrentou problemas, como a eclosão da Revolta da Armada 
e da Revolução Federalista. Sobre isso, leia o texto a seguir.
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FIGUEIREDO, Aurélio. Juramento constitucional. 
1890. 1 óleo sobre tela: color., Museu da República, 
Rio de Janeiro.
Marechal Deodoro, ao lado do vice-presidente, Floriano 
Peixoto, jura cumprir a Constituição. Entretanto, os dois 
deixaram de cumpri-la quando eram governantes.
A respeito das populações indígenas, negras e mulatas durante a Primeira República, analise as afirmati-
vas a seguir.
 I. A Constituição de 1891 estabeleceu a obrigatoriedade de voto aos indígenas, negros e mulatos a 
partir dos 21 anos de idade.
 II. Os indígenas ficaram à margem do projeto de construção do Brasil republicano.
 III. Após a Abolição da Escravatura, a vida dos escravizados libertos continuou muito difícil, pois não 
houve por parte do governo nenhum esforço de inclusão dessa parte da população aos projetos de 
melhorias sociais. 
De acordo com a análise das afirmativas acima, assinale a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão certas.
b) Todas as afirmativas estão erradas.
c) As afirmativas I e II estão certas.
d) As afirmativas I e III estão certas.
X e) As afirmativas II e III estão certas.
A reação não demorou a ocorrer. Devido ao fato de a Marinha ter mantido fortes tradições aristo-
cráticas, esse segmento acabou por espelhar, no início da República, os descontentamentos de parte 
da elite civil. A Revolta da Armada, de 1893-94, foi expressão disso. Embora um de seus líderes, o 
almirante Saldanha da Gama, fosse monarquista assumido, tal movimento, longe de ser uma conspi-
ração antirrepublicana, expressou muito mais o descontentamento diante dos rumos tomados pelo 
novo regime, sendo por isso apoiado por republicanos avessos ao militarismo, como Rui Barbosa.
Organize as ideias 
 História 7
Aprofundamento de conteúdo para o professor.7
Aprofundamento de conteúdo para o professor. 8
A figura dos coronéis surgiu no 
Brasil em 1831, com a criação da 
Guarda Nacional, milícia composta 
de civis com a responsabilidade de 
manutenção da ordem. Quem se ha-
bilitasse a formar um agrupamento, 
geralmente um grande proprietáriode terras, recebia o título de coronel.
A denominação República Oligárquica 
decorre do predomínio do poder político 
por fazendeiros de São Paulo e Minas Ge-
rais. A oligarquia refere-se ao governo de 
poucos, geralmente indivíduos do mesmo 
partido político, da mesma classe ou ligados 
pelos mesmos interesses.
Apesar de todos os problemas em seu governo, Floriano Pei-
xoto cumpriu seu mandato até o final. Em março de 1894, foram 
realizadas eleições para presidente, e Prudente de Morais, que re-
presentava os ricos cafeicultores do Sudeste, foi eleito. Terminava 
assim o período conhecido como “República da Espada” ou dos 
Marechais, em que a presidência foi exercida apenas por militares. 
Tinha início um novo período na República brasileira, chamado 
de “República Oligárquica” ou “República do Café com Leite”.
República do Café com Leite
O governo que se seguiu à República dos Marechais foi marcado pelo predomínio dos paulistas (produtores 
de café) e mineiros (produtores de leite) ou políticos ligados a esses dois grupos que se alternavam no poder 
federal. Por essa razão, também é chamado de República do Café com Leite. Entretanto, é importante destacar 
que São Paulo e Minas Gerais viviam nesse período um processo de industrialização e o desenvolvimento eco-
nômico lhes garantia grande poder político. Esse período teve início com a posse do presidente Prudente de 
Morais e se estendeu até o ano de 1930. 
Para que essas oligarquias se mantivessem na Presidência da República, era necessária a elaboração de arti-
fícios que garantissem aos seus candidatos sempre a vitória. Um dos mecanismos criados com essa finalidade 
foi a Política dos Governadores, um acordo feito entre o governo federal e as oligarquias estaduais. Os gover-
nadores garantiam votos nas eleições ao governo federal. Em troca, este fornecia investimentos nos estados e 
apoio aos governadores nas eleições estaduais.
Ainda nos estados atuavam os coronéis, grandes latifundiários que, 
por meio da fraude ou da coerção, garantiam votos aos governadores e 
aos candidatos à Presidência da República.
Os coronéis coagiam os eleitores a votar nos candidatos indicados 
por eles. O conjunto de eleitores sob o poder de um coronel recebia a 
denominação “curral eleitoral”. 
Nesse período, o voto era aberto, ou seja, o eleitor tinha que pronun-
ciar em voz alta o seu candidato. Capangas eram colocados nas seções 
eleitorais para verificar se o voto do eleitor estava de acordo com as or-
dens do coronel. Em caso negativo, ocorriam retaliações, que poderiam 
ir desde a perda de seu trabalho até agressões físicas. Esse tipo de votação era chamado de “voto de cabresto”.
Outra forma de fraudar o sistema de votação era “inventar” eleitores, ou seja, criar registros falsos ou “res-
suscitar” eleitores já falecidos, entregando seu título a outra pessoa para que votasse em nome do morto. 
Depois do processo eleitoral, o candidato eleito era submetido à Comissão Verificadora, formada por 
membros do Poder Legislativo, que tinha a atribuição de validar a eleição. Caso algum candidato que não 
fizesse parte dos acordos fosse eleito, ele poderia ser “degolado”, termo utilizado para se referir ao não re-
conhecimento da eleição. Dessa forma, utilizando-se de todos esses meios fraudulentos, os integrantes dos 
dois principais partidos republicanos se mantiveram na Presidência da República até 1930.
DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta, 2016. p. 218.
Em 1893, ao mesmo tempo que o Rio de Janeiro era bombardeado por navios da armada, 
ocorreu, no Sul, a Revolta Federalista, na qual grupos dominantes locais se dividiram em facções a 
favor e contra Floriano Peixoto. Este, por sua vez, com o objetivo de conseguir recursos e milícias 
suplementares para os combatentes na capital, assim como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina 
e Paraná, aproximou-se de lideranças republicanas paulistas, abrindo caminho para a transição do 
poder para as mãos dos civis.
9o. ano – Volume 18
a) Pesquise o significado das palavras a seguir.
Curral:
local em que se recolhe o gado quando ele não está solto nas 
pastagens.
Cabresto:
equipamento que se coloca sobre a cabeça e o pescoço dos 
cavalos, manipulando, assim, a direção em que devem andar.
 1. Observe a imagem a seguir. 
Interpretando documentos 
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STORNI. As próximas eleições... “de cabresto”. Revista Careta. 1927.
• Ella – É o Zé Besta? • Elle – Não, é o Zé Burro!
b) O que a utilização desses termos, para se referir ao eleitorado do início da República, revela sobre o 
modo como os políticos do período viam seus eleitores? 
Para os políticos, os eleitores eram comparados a animais, que poderiam ser manipulados a fim de levar a política do país
para a direção que desejassem.
 2. Observe a imagem que foi capa da revista Careta em 1925. 
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STORNI. A fórmula democrática. 
Revista Careta. 1925.
De que forma a charge é representativa da Política do 
Café com Leite?
As pessoas na parte inferior da charge estão identificadas com nomes de
estados da República e, aparentemente, desejam também participar das
decisões políticas. A charge é uma critica à forma como o poder foi 
dividido entre os dois estados (São Paulo e Minas Gerais).
Encaminhamento da atividade.9
 História 9
Com a efetivação da Política do Café com Leite, o governo atuou no sentido de garantir a estabilidade da eco-
nomia do café. Os cafeicultores enfrentavam crises na produção cafeeira, resultantes principalmente da superpro-
dução, que se intensificou entre 1906 e 1917. Em 1906, reunidos na cidade paulista de Taubaté, estabeleceram uma 
política de valorização do produto, em que o governo federal compraria todo o excesso de café produzido no país. 
O objetivo era valorizar o café internacionalmente, diminuindo sua oferta. Os fazendeiros se comprometeram a pro-
duzir em menor quantidade para que o governo pudesse vender os estoques no futuro e recuperar o investimento 
feito na compra das sacas. Porém, a superprodução continuou e o governo a cada ano estocava mais do produto. 
Em 1917, quando a Grande Guerra fez com que a compra de café por parte dos países estrangeiros dimi-
nuísse, os cafeicultores brasileiros utilizaram novamente a tática de vender seus estoques para o governo com 
o objetivo de evitar a queda do preço do produto pela grande oferta. 
Em 1920, houve novamente superprodução e os cafeicultores solicitaram ao governo federal uma nova 
compra do produto em grande quantidade. Entretanto, dessa vez, o governo alegou não ter condições de 
atendê-los. Teve início então uma crise no esquema que ocorria havia vários anos entre ele e os cafeicultores. 
Movimentos sociais da Primeira República 
Como vimos, é de Aristides Lobo a famosa frase que define a Proclamação da República no Brasil: “O povo 
assistiu a tudo bestializado”. Entretanto, nos anos que se seguiram à Proclamação, o que se viu não foi um povo 
“bestializado”, que apenas assistia aos acontecimentos políticos, mas combativo, insatisfeito e pronto para se 
fazer ouvir. Por outro lado, o governo muitas vezes também estava pronto para fazer calar as reivindicações. 
Diversas manifestações populares ocorreram no período. Observe o mapa. 
Enquanto o poder político se concentrava nas mãos dos oligarcas, que faziam o possível 
para preservar seus interesses, mesmo que isso significasse recorrer a métodos ilícitos, 
o setor industrial brasileiro começou a se desenvolver com a iniciativa de particulares, em 
sua maioria, grandes comerciantes que haviam acumulado capital com a comercialização 
do café. Assim, em São Paulo, local em que se concentravam as maiores fortunas do país, 
a industrialização teve significativo desenvolvimento, sendo seguido por Rio de Janeiro, 
Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. As primeiras indústrias criadas nessas cidades pro-
duziam prioritariamenteroupas e sapatos, além de produtos alimentícios e bebidas. Logo, 
porém, investiram em outro tipo de produção, voltada para suprir as necessidades das 
próprias indústrias. Surgiram então indústrias que produziam ferro, aço e outros materiais 
pesados necessários para a produção de máquinas industriais. 
Ao mesmo tempo que surgiam as indústrias, também cresciam no Brasil as cidades e o 
modo de vida urbano. Ruas amplas eram abertas e construções inspiradas na arquitetura 
francesa abrigavam confeitarias, restaurantes e lojas refinadas. A iluminação pública se 
tornava mais comum nas cidades maiores e, até mesmo, alguns bondes passaram a 
circular. Novos hábitos de vida foram incorporados pelas populações urbanas, como o de 
comer fora de casa. A moda seguia o que ditavam os estilistas europeus, sobretudo os 
parisienses, mesmo que o excesso de tecidos e detalhes fosse totalmente inapropriado 
para cidades quentes, como o Rio de Janeiro.
9o. ano – Volume 110
Primeira República: movimentos sociais
Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 45. Adaptação.
Movimentos sociais rurais
Para os brasileiros que viviam nas regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos, a Proclamação da Re-
pública não trouxe nenhuma melhoria significativa. Ao contrário, nos estados em que as atividades econômicas 
principais passavam por momentos de crise, a já empobrecida 
população teve que arcar com o aumento da carga de impos-
tos estipulados pelos governos regionais.
Canudos (1893-1897) – Bahia 
No interior da Bahia, sertanejos liderados pelo beato Antônio Conse-
lheiro fundaram o Arraial de Canudos. Ali foi estabelecida uma con-
gregação religiosa que aboliu a propriedade privada e se recusava a 
pagar os impostos.
Nas duas primeiras investidas, ocorridas em 1896, uma com 600 ho-
mens e outra com 1 500, as tropas do governo foram vencidas pelos 
sertanejos, armados, principalmente, com paus e pedras. Em 1897, 
com um contingente de 6 000 homens bem armados, o Exército brasi-
leiro destruiu Canudos. Centenas de sertanejos foram mortos e mulhe-
res e crianças foram feitos prisioneiros.
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BARROS, Flávio de. Uma casa de Canudos. 1897. 
1 fotografia, p&b. Acervo Museu da República, 
Rio de Janeiro.
• Em primeiro plano, a casa de um morador de 
Canudos. É possível observar a vida bastante sim-
ples dos habitantes de Canudos. A fotografia é de 
1897, pouco antes de a comunidade ser destruída.
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 História 11
Aprofundamento de conteúdo para o professor. 10
Contestado – Paraná/Santa Catarina (1911-1915)
Movimento ocorrido no sul do 
Brasil, na região conhecida como 
Contestado, porque era disputada 
por Paraná e Santa Catarina. Re-
unidos em torno das pregações 
do monge José Maria, trabalha-
dores rurais expulsos de suas 
terras, pela instalação de uma 
madeireira e pela construção de 
uma ferrovia, estabeleceram-se 
na região. 
Como essa ocupação desagradou 
aos fazendeiros próximos e aos 
governos locais e estaduais, os 
ocupantes foram alvo de ataques 
de milícias estaduais e de jagun-
ços a serviço de coronéis locais. 
Após vários confrontos, a popula-
ção ali assentada foi expulsa pe-
las tropas do governo em 1915.
©Coleção Paulo Moretti/Dialeto/Claro Jansson
• Caboclos da Guerra do Contestado posam com armas, violão e acordeão 
JANSSON, Claro G. Guerreiros do Contestado. 1914. 1 fotografia, p&b. Acervo pessoal do artista.
Padre Cícero: o beato de Juazeiro – Ceará (1889-1934)
A popularidade do padre Cícero Romão Batista, em Juazeiro e em outras regiões do Ceará, acabou por desagradar às auto-
ridades locais porque, além de um líder religioso, ele passou a ter influência política. O padre teve projeção após a difusão 
da notícia de que, em suas missas, ocorriam milagres. Ele foi expulso da sua ordem, acusado de divulgar falsos milagres, 
e proibido de ministrar sacramentos ou de rezar a missa. Apesar de todas as proibições, a popularidade de Padre Cícero 
aumentou e ele exerceu os cargos de prefeito de Juazeiro e vice-governador do estado do Ceará.
Pesquisa
Além dos movimentos sociais rurais que estudamos até aqui, houve também o cangaço, outro fenôme-
no social desse período. 
Pesquise a respeito desse movimento e registre no caderno as informações encontradas.
Movimentos sociais urbanos 
Nos sertões, havia multidões carentes de recursos e de atenção por parte dos seus representantes políticos. 
Em condições de abandono pelo Estado, muitos seguiam líderes místicos. Por sua vez, nas cidades, o desen-
volvimento da indústria e o processo de renovação dos centros urbanos trouxeram transtornos para as classes 
menos favorecidas. 
11 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 
12 Orientação para a atividade e gabarito.
9o. ano – Volume 112
Revolta da Chibata – Rio de Janeiro (1910)
Em 1890, o presidente Marechal Deodoro restabeleceu os casti-
gos corporais na armada brasileira, que haviam sido extintos em 
16 de novembro de 1889. Como exemplo, podemos citar que a 
punição para os delitos leves era a prisão a pão e água. Para as 
faltas graves, a punição eram 25 chibatadas.
Em 22 de novembro de 1910, os marinheiros, liderados pelo 
cabo João Cândido, assumiram o controle dos principais navios 
da armada brasileira (Marinha) ancorados na Baía de Guanabara. 
Ameaçando bombardear a cidade, os marinheiros exigiram o fim 
dos castigos corporais e a anistia aos revoltosos.
Como resultado do movimento, foram proibidos os castigos físicos 
na Marinha. Entretanto, os participantes da revolta foram presos 
e deportados para a Amazônia, para o trabalho nos seringais, ou 
encarcerados na Ilha das Cobras.
Revolta da Vacina – Rio de Janeiro (1904)
O processo de urbanização do Rio de Janeiro no fim do século XIX desapropriou muitos terrenos e causou a expul-
são de inúmeras famílias da classe trabalhadora do centro urbano, onde habitavam cortiços. Estes abrigavam di-
versas famílias que viviam em condições 
precárias, sem as condições básicas de 
sobrevivência. 
As condições insalubres de moradia e de 
trabalho contribuíram para que doenças 
como a varíola, a febre amarela, a cóle-
ra, a disenteria e a gripe se alastrassem 
rapidamente. 
A Diretoria Geral de Saúde Pública, sob a 
administração do médico sanitarista Osval-
do Cruz, decretou a vacinação obrigatória 
contra a varíola. A população, que estava 
descontente com as condições de vida e o 
descaso do governo, considerou autoritária 
essa medida e promoveu uma revolta en-
tre os dias 10 e 18 de novembro de 1904. 
O  quebra-quebra levou as autoridades a 
revogar a obrigatoriedade da vacina.
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Praça da República durante a Revolta da Vacina. A população tombou bondes e 
formou barricadas nas ruas, reagindo à violência policial com mais brutalidade. 
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• Ao lado de um dos marinheiros, João Cândido lê o 
manifesto da Revolta pelo fim dos castigos corporais 
13 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 
14 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 
Péssimas condições de trabalho e moradia estavam entre os fatores que ocasionaram duas das mais signifi-
cativas manifestações urbanas ocorridas durante a Primeira República: a Revolta da Vacina e as greves promo-
vidas pelos operários de São Paulo. Podemos ainda citar o Movimento Tenentista e a Semana de Arte Moderna 
como movimentos sociais urbanos.
ERMAKOFF, George. Revolta da Chibata. 26 nov. 1910. 1 
fotografia, p&b. Arquivo G. Ermakoff.
 História 13
Movimento Tenentista (1922-1926)
A insatisfação entre os militares de baixa patente (tenentes) com o governo liderado pelos grandes proprietários e, 
sobretudo, com as fraudes eleitorais deu origem ao Movimento Tenentista. Ele foi deflagrado com a eleição do mineiro 
Arthur Bernardes, representante da Política do Café com Leite, contra Nilo Peçanha,candidato do grupo chamado de 
Reação Republicana e apoiado pelos militares. 
No dia 5 de julho de 1922, jovens oficiais do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, deram início a uma rebelião. 
Isolados, foram atacados por mar e por terra por tropas do governo. Muitos se renderam, mas alguns tenentes ousa-
ram sair do Forte e enfrentar essas tropas. 
Movimento operário – Greve geral – São Paulo (1917)
Desde o fim do século XIX, a industrialização crescia nas principais cidades brasileiras. As fábricas estavam 
voltadas para a produção de roupas e sapatos, ferro, aço e outras matérias-primas importantes para a própria 
produção. 
As condições de trabalho em tais locais 
eram péssimas: extensas jornadas de 
trabalho em locais insalubres e insegu-
ros, muitas vezes com a participação de 
crianças. Motivados pela necessidade de 
melhorar esse quadro, e influenciados pela 
presença de imigrantes europeus, que ti-
nham experiência com as lutas operárias, 
os trabalhadores organizaram os primeiros 
sindicatos. Além disso, eles realizaram di-
versas greves durante a Primeira República, 
com destaque para a Greve Geral de 1917.
Várias propostas de regulamentação do 
trabalho foram apresentadas ao Congres-
so Nacional. Entretanto, o único benefício 
aprovado foi a indenização em caso de 
acidente de trabalho.
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GREVE de 1917. Enterro do sapateiro Martinez. São Paulo, jul. 1917.
O estopim da Greve de 1917 foi o assassinato do sapateiro José Martinez pela 
polícia de São Paulo. Esse fato causou grande comoção na cidade e reuniu 
milhares de manifestantes que acompanharam o funeral. 
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MOVIMENTO dos 18 do Forte. 1922. 1 
fotografia, p&b.
• A marcha por Copacabana, em 
1922, foi formada por 17 tenen-
tes e 1 civil, que aderiu à causa 
dos revoltosos. Apenas Eduardo 
Gomes e Siqueira Campos sobre-
viveram ao episódio. Este ficou 
conhecido como a Revolta dos 18 
do Forte.
9o. ano – Volume 114
Semana de Arte Moderna – São Paulo (1922)
Entre 13 e 17 de setembro de 1922, literatos, pintores, arquitetos, escultores 
e intelectuais expuseram ao público, no Teatro Municipal de São Paulo, sua 
concepção de arte renovada. Era a Semana de Arte Moderna. Os envolvidos 
no movimento artístico criticavam a mera absorção de valores europeus 
e defendiam a necessidade de se criar uma arte genuinamente brasileira. 
Entre os participantes, destacou-se a presença de artistas plásticos, como 
Anita Malfatti e Di Cavalcanti, e de escritores, como Oswald de Andrade e 
Mário de Andrade.
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AMARAL, Tarsila do. Abaporu. 1929. 1 óleo sobre 
tela, color., 85 cm × 73 cm. Coleção Eduardo 
Constantini, Buenos Aires. 
Conexões
Estudamos que, durante a Primeira República, o descontentamento de parte da população brasileira levou à 
eclosão de movimentos por melhores condições de vida e de trabalho, por melhorias na administração do país 
ou pela valorização da cultura nacional.
Na atualidade, observamos movimentos similares. Quais são as reivindicações mais comuns dos grupos que 
exigem mudanças?
Os alunos podem destacar o desejo por uma sociedade mais igualitária, pela diminuição da pobreza, pelo fim da corrupção, por
uma administração pública mais transparente, pelo fim da violência, pela igualdade de condições em nossa sociedade, etc. 
Você faz História
Em equipe, escolha um dos problemas sociais do Brasil na atualidade e promova um debate sobre a bus-
ca de soluções para ele. Registre no caderno o movimento e as soluções propostas pela equipe.
Fim da Primeira República
A partir de 1920, a Política do Café com Leite deu sinais de esgotamento, pois o governo federal não conse-
guia mais manter as compras dos estoques de café. Marcada por uma série de contrastes, a Primeira República 
se encerrou em 1930. Nesse ano, o presidente da República era o paulista Washington Luís. Seu sucessor, por-
tanto, deveria ser um mineiro indicado por ele. Em vez disso, ele indicou o também paulista Júlio Prestes como 
candidato, rompendo assim com a Política dos Governadores. Essa atitude desencadeou uma crise política no 
Brasil, que levou Getúlio Vargas à presidência no ano de 1930. Ele rompeu com a Política do Café com Leite e 
iniciou um novo período político na história do país.
A obra, produzida no contexto da Semana de Arte de 1922, tornou-se 
uma das produções mais expressivas do movimento artístico.
 História 15
15 Sugestão de encaminhamento da atividade.
16 Sugestão de encaminhamento da atividade.
Hora de estudo
 1. Complete o esquema sobre a estrutura criada na Primeira República para manter o poder nas mãos dos 
políticos ligados à Política do Café com Leite.
 Coronéis garantiam os votos locais .
 Política dos Governadores garantiam os votos estaduais. 
 Governo federal garantia vantagens aos estados aliados.
 2. Sobre o processo eleitoral durante a República do Café com Leite, responda:
a) Qual era a função da Comissão Verificadora de Poderes?
b) Quem se beneficiava dessa Comissão. Por quê?
c) O escritor brasileiro Lima Barreto afirmou que o Brasil não tinha povo, mas público. De acordo com 
o que você já estudou sobre o estabelecimento da República no Brasil, de que forma a frase de Lima 
Barreto pode ser interpretada naquele contexto?
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Essa imagem representa as manifestações nas ruas 
da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do 
século XX, que integraram a Revolta da Vacina. Con-
siderando o contexto político-social da época, essa 
revolta revela: 
X a) a insatisfação da população com os benefícios de 
uma modernização urbana autoritária. 
b) a consciência da população pobre sobre a necessida-
de de vacinação para a erradicação das epidemias. 
c) a garantia do processo democrático instaurado 
com a República, por meio da defesa da liberdade 
de expressão da população. 
Charge capa da revista “O Malho”, de 1904. Disponível em: 
<http://1.bb.blogspot.com>. 
d) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral. 
e) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite.
 4. Em relação à Guerra de Canudos, assinale a alternativa que pode ser relacionada a esse evento. 
a) Luta contra a expulsão dos camponeses no oeste do Paraná e de Santa Catarina. 
b) Movimento de descontentamento das oligarquias ao governo dos marechais. 
X c) Luta dos sertanejos contra o latifúndio e as medidas repressivas do governo. 
d) Temor dos grandes proprietários da região quanto ao apoio do governo federal ao Arraial de Canudos. 
 5. Sobre o movimento tenentista, pode-se afirmar que foi resultado:
a) do desejo de manter a organização política nas mãos das oligarquias;
b) da violência praticada pelo governo federal contra os movimentos populares;
c) da convocação dos tenentes para reprimir as revoltas populares;
X d) do desejo de alterar a política das oligarquias, tida como corrupta.
16
17 Orientações para resolução das questões e gabarito.
Observe as imagens, leia o texto e discuta com os colegas as seguintes questões: 
• Quais avanços tecnológicos podem justificar a diferença entre as fotografias de 1914 e de 1918 
da cidade belga de Ypres?
• Os avanços desse tipo de tecnologia acontecem apenas nos períodos de guerra?
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Grande Guerra 
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• Lakenhalle, Ypres, Bélgica, 1914
• Lakenhalle, Ypres, Bélgica, 1917
Os belgas foram os pri-
meiros a descobrir o signi-
ficado da guerra total. Vi-
larejos e pequenas cidades 
foram bombardeadas pelos 
zepelins: populações deslo-
cadas; mulheres e crianças 
levadas embora, homens 
fuzilados, artilharia pesada. 
Liège, Arras, Ypres, cidades 
construídas pelo esforçohumano durante quase mil 
anos, foram arrasadas em 
dias graças ao poder con-
cedido pela ciência e pela 
tecnologia.
MAGNOLI, Demétrio; BARBOSA, Elaine 
S. Liberdade versus igualdade: o mundo 
em desordem (1914-1915). Rio de 
Janeiro: Record, 2011. p. 26. 
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OOsOsOOs bbbelelelgagagaggggg s ss s fofofofofoooooorarararararaar m m m ososososososssoss ppppppppriririririririr -----
memememememememmmemmeemm iririririi ososo aa ddesescocobrbririr ooo sssigigigii nininininin ----
fififififfffifiiicacaccacacac doddodd da guerra totall. ViVii--
lalllalalalaalarerer jjos e pequenas cidaddesesess 
fofofooorarar m bombardeadas pellososss 
zezezez pep lins: populações desloloo---
cacacadadas; mulheres e crianççasasas 
17
Justificativa da seleção de conteúdos.1
Sugestão de abordagem de atividade. 2
A Europa no início do século XX 
Desde o final do século XIX, a Europa passava por um intenso processo de enriquecimento e desenvolvi-
mento tecnológico. Esse desenvolvimento se deu, principalmente, por causa dos grandes lucros obtidos pelos 
países europeus com a industrialização e o estabelecimento de colônias em outros continentes. De acordo com 
o historiador Jaime Brener, em 1914 a Europa foi responsável por 62% das exportações mundiais de produtos 
industrializados e por 80% de todos os investimentos internos.
Todo o lucro dessa intensa atividade financeira reverteu-se no aperfeiçoamento das técnicas industriais exis-
tentes, o que resultou na criação de meios de locomoção e comunicação mais rápidos, gerando, assim, uma 
verdadeira revolução nos costumes.
• Entender o contexto europeu que favoreceu a deflagração da Grande Guerra. 
• Descrever as fases da guerra e a maneira como esta se desenvolveu em duas frentes. 
• Destacar as mudanças tecnológicas ocorridas durante o conflito. 
• Explicar o papel da Rússia e dos Estados Unidos no desenrolar do conflito a partir de 1917. 
• Sintetizar o que foi o Tratado de Versalhes e seu impacto sobre a Alemanha. 
• Indicar as mudanças sociais e geopolíticas ocorridas na Europa com o fim da Grande Guerra.
Objetivos
O Imperialismo que marcou o final do século XIX e o início do século XX teve consequências negativas 
para os continentes africano e asiático, principais alvos do interesse europeu, mas também para a Europa. O 
acirramento da disputa por esses territórios entre as grandes potências foi responsável pela instalação de um 
crescente clima de tensão entre eles. Esse clima culminou, em 1914, com o irrompimento de um conflito, cujas 
dimensões, até então, não podiam sequer ser imaginadas pelas pessoas que viviam aquele período. Tal conflito, 
que ficou conhecido como a “Grande Guerra”, é o conteúdo que você vai estudar neste capítulo.
Organize as ideias 
 1. A respeito do Imperialismo, leia as afirmativas a seguir e classifique-as em verdadeiras (V) ou falsas (F). 
( F ) Foi promovido pelos países europeus para levar o progresso e a civilidade aos povos africanos e 
asiáticos. 
( F ) Inglaterra e França foram os únicos países a promover a expansão colonial em direção à África e à 
Ásia.
( V ) Os povos colonizados não tinham armamento ou conhecimento tático suficiente para evitar o 
avanço colonizador, sendo facilmente derrotados. 
( F ) Os grupos colonizados apoiaram a ação imperialista, uma vez que foram consultados sobre a divi-
são territorial feita pelos colonizadores em suas terras. 
( V ) A ação imperialista foi marcada pela justificativa da superioridade do homem branco sobre as de-
mais populações mundiais. 
 2. Estabeleça a relação entre o Imperialismo e a Revolução Industrial.
A Revolução Industrial levou os países europeus a necessitar de matérias-primas em maior quantidade e do aumento do 
mercado consumidor. Essas necessidades fizeram com que os países industrializados europeus buscassem colônias na África, no 
sul da Ásia e na Oceania. 
9o. ano – Volume 118
4 Sugestão de abordagem de conteúdo. 
3 Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.
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Entretanto, enquanto as indústrias, a literatura e as artes presenciavam um momento de ouro, as disputas 
territoriais entre os países europeus geravam clima de tensão e rivalidade. Exemplo dessas disputas foi o que se 
deu com as pretensões de três grandes impérios – Otomano, Austro-Húngaro e Russo – de se apossar de terras 
na Península Balcânica. Assim, os primeiros conflitos tiveram início na Europa na década de 1910. As disputas 
entre os países europeus aumentaram o sentimento nacionalista. Podemos citar o pangermanismo (união de 
todos os povos de origem germânica) e o pan-eslavismo (união dos povos de origem eslava).
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O PALÁCIO das Águas, Paris. 
Exposição Universal. 1910. 1 
fotografia, color. Biblioteca do 
Congresso, Washington, D.C.
Grandes eventos, como a Exposição 
Universal que ocorreu na França 
em 1900, celebravam esse período 
de ouro para a Europa, que ficou 
conhecido como La Belle Époque. 
Nessa exposição, foi apresentada 
grande parte da tecnologia criada na 
Europa nas últimas décadas do século 
XIX, entre as quais se destacou o 
aperfeiçoamento da energia elétrica, 
que passou a ser utilizada também 
na iluminação de ambientes externos. 
Era um período de grande otimismo e 
prosperidade para os europeus. 
A Europa “vestia-se com o manto da civilidade”, projetando o exemplo de civilidade a ser alcançado por ou-
tras sociedades. Muitas delas, como a do Brasil na Primeira República, aceitaram o modelo a ser seguido. 
Observe a imagem ao lado e assinale a alternativa 
que apresenta a relação entre a caricatura e a Grande 
Guerra:
a) A caricatura apresenta os aliados da 
Inglaterra durante a Guerra Mundial.
X b) Estão representados os governantes da 
Áustria-Hungria, da Rússia e da Turquia 
disputando as terras da Península Balcânica.
c) Estão representados os governantes dos paí-
ses que formaram a Tríplice Entente.
d) A caricatura representa as divisões das 
terras da Península Balcânica após a Grande 
Guerra.
e) As disputas entre italianos e alemães pelas 
colônias africanas estão representadas na 
imagem.
O DESPERTAR da questão do Oriente. 
1 ilustração. Le Petit Journal, n. 935, 18 out. 1908.
 História 19
Interpretando documentos 
 Aprofundamento de conteúdo para o professor.5
Política das Alianças
Nesse período, os países europeus organizaram-se em alianças militares, reforçando a ideia da paz armada.
As alianças político-militares surgiram muito antes de o conflito ter início em 1914. Na verdade, as alianças 
que atuaram durante a Grande Guerra eram reflexos da corrida imperialista e das guerras das últimas décadas 
do século XIX, como a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). França e Alemanha desejavam a reparação pelos 
males sofridos durante esse conflito. 
A Inglaterra, mesmo protegida pelo fato de ser uma ilha, temia os avanços de Estados como a Alemanha e 
a Turquia sobre as suas colônias.
Geralmente, as alianças previam a cooperação financeira e militar entre países aliados, em eventuais ataques 
de seus inimigos comuns. Os acordos de aliança previam que, caso algum dos países do grupo fosse invadido, 
os demais declarariam guerra ao invasor. Por essas alianças, era possível prever que, na hipótese de haver um 
conflito entre dois países, muitas nações seriam envolvidas. Ou seja, a perspectiva de um conflito mundial era 
bastante previsível. 
Alianças militares em 1914
Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 145. Adaptação. 
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• Tríplice Aliança: o chanceler alemão Bismarck formou em 1872 uma aliança entre a Alemanha e a Áustria-Hungria. 
A Itália aderiu a ela em 1892. Esses Estados desejavam ampliação territorial.
• Tríplice Entente: ao ver a movimentação dos alemães, a França buscou alianças com outras nações. Em 1892-1893, assinou o Tratado de Aliança Franco-Russo. Em 1904, formou a Entente Cordiale com a Inglaterra. Em 1907, 
a Inglaterra e a Rússia assinaram um tratado de aliança em caso de guerra. Estava formada a Tríplice Entente: 
Inglaterra, França e Rússia.
9o. ano – Volume 120
6 Sugestão de abordagem de conteúdo. 
O início do conflito 
O cenário para uma guerra na Europa já esta-
va montado, bastando apenas um fato para dar 
início ao conflito armado. E o fato que desenca-
deou todo o processo ocorreu no dia 28 de ju-
nho de 1914. Nesse dia, o arquiduque Francisco 
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, foi as-
sassinado na cidade de Sarajevo, na Bósnia, pelo 
estudante sérvio Gavrilo Princip. Esse estudante 
pertencia a um grupo chamado Mão Negra, que 
defendia o nacionalismo sérvio contra os interes-
ses da Áustria na região.
O governo da Áustria-Hungria declarou guer-
ra à Sérvia e, de acordo com o sistema de alianças, 
Alemanha e Itália também declararam guerra aos 
sérvios. A Rússia, em defesa dos sérvios, decla-
rou guerra aos integrantes da Tríplice Aliança, o 
que fez com que a França também entrasse no 
conflito. A Alemanha determinou a ocupação da 
Bélgica, que havia declarado neutralidade. Por 
essa razão, a Inglaterra declarou guerra à Tríplice 
Aliança.
 Como a maioria dos países europeus eram 
potências imperialistas, várias de suas colônias 
foram envolvidas no conflito de alguma for-
ma, tornando-o mundial. Assim, teve início a 
Grande Guerra. 
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BELTRAME, Achile. O assassinato em Sarajevo do arquiduque Francisco 
Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria, e de sua esposa. La Domenica del 
Corriere, ano XVI, n. 27, 5 a 12 jul. 1914. 
O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua esposa Sofia em 
Sarajevo foi o estopim da Grande Guerra. Esse assassinato estava relacionado 
com as questões étnicas e os conflitos ocorridos nos Bálcãs. 
A Belle Époque terminou subitamente no 28 de junho de 1914, dia do assassinato de Francis-
co Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo jovem sérvio Gavrilo Princip. Aquele 
ato de terror perpetrado em Sarajevo, nos turbulentos mas periféricos Bálcãs, empurrou as potên-
cias para a guerra geral que ninguém desejava.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 22.
A Grande Guerra envolveu diversos Estados europeus, exceto a Espanha, os Países Baixos, a Escandinávia e 
a Suíça. Soldados indianos, canadenses, chineses, africanos e estadunidenses foram lutar no território europeu. 
O palco da guerra foi a Europa, o Oriente Médio, o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. 
Podemos dizer, sem exageros, que a guerra iniciada em 1914 mudou para sempre a história mundial. Por 
essa razão, o historiador inglês Eric Hobsbawm considerou tal evento como o início do século XX. Nada foi igual 
após a eclosão desse conflito.
A Grande Guerra (1914-1918) foi posteriormen-
te chamada de Primeira Guerra Mundial, por 
causa da eclosão de um segundo conflito mun-
dial, em 1939. Porém, na época, ela era chamada 
apenas de Grande Guerra, a maior de todas as 
outras, denominação aqui adotada. 
 História 21
Interpretando documentos 
Carta escrita por um estudante alemão em 1914. 
“Viva!”, escreveu para casa um estudante de direito, que seria fatalmente ferido um mês e 
meio depois no Marne, “recebi finalmente as minhas ordens para me apresentar na frente de 
batalha... Venceremos! Com tão poderosa determinação de sermos vitoriosos, absolutamente 
nenhuma outra alternativa é possível. Meus queridos, orgulhai-vos de viver nestes dias e de per-
tencer a um tal povo, e também para que possam enviar mais de vossos entes amados e participar 
desta soberba luta!”
ELIAS, Norbert. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
1997. p. 169.
Depoimento do estudante francês Robert Poustis no início da Grande Guerra. 
Quando criança, na escola ou no seio da família, falava-se com frequência sobre as províncias 
perdidas – Alsácia-Lorena – que haviam sido tomadas à França após a guerra de 1870. Quería-
mos recuperá-las. Na escola, essas províncias eram assinaladas com uma cor especial em todos 
os mapas, como se estivéssemos de luto por havê-las perdido. Quando ingressei na universidade, 
testemunhei no meio acadêmico também esse grande sentimento de perda. Em nossas conversas, 
costumávamos dizer que talvez a guerra fosse iminente. Mais cedo ou mais tarde ela eclodiria, di-
zíamos, mas nós, os jovens da época, queríamos muito recuperar as províncias. 
Assim, nos primeiros dias de mobilização militar, houve muito entusiasmo. [...] A guerra, pen-
sávamos, duraria no máximo dois meses ou talvez uns três.
ARTHUR, Max. Vozes esquecidas da Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército/Bertrand Brasil, 2014. p. 23-24. 
Com base na leitura dos trechos, faça o que se pede.
 1. Conforme o trecho da primeira carta, os alemães...
X a) ... consideravam a guerra como um acontecimento grandioso e de exaltação da pátria.
b) ... tinham a percepção da derrota eminente e buscavam apoiar o Kaiser (imperador alemão).
c) ... tinham um nacionalismo exacerbado, o que obrigou os governantes a deflagrar um conflito que 
poderia ter sido resolvido pelas vias diplomáticas. 
d) ... apoiavam a guerra por desconhecer, há mais de um século, a tragédia de um conflito bélico. 
 2. A análise do segundo texto nos permite concluir que:
X a) existia entre os franceses um sentimento de revanche contra os alemães pela perda de territórios, 
após a derrota na guerra de 1870. 
b) o sentimento de revanche entre os países europeus estava presente entre seus líderes e autoridades, 
mas não era partilhado pela população.
c) os franceses temiam que os alemães deflagrassem um conflito contra a França para recuperar o terri-
tório da Alsácia-Lorena, perdido na Guerra Franco-Prussiana. 
 3. Os depoimentos do estudante alemão e do francês têm alguma semelhança. Qual?
Os dois acreditavam na vitória eminente de seus países. 
9o. ano – Volume 122
Sugestão de abordagem da atividade. 7
Fases da guerra 
Declarada a guerra, os dois lados consideravam que ela seria rápida e que a vitória era certa. Os governantes 
que foram os incentivadores do confronto armado acreditavam que a guerra duraria no máximo seis meses 
e que resolveria todos os problemas políticos da Europa. Ela durou 4 anos e meio, não resolveu os problemas 
políticos e contribuiu para acirrá-los. 
A guerra desenvolveu-se em duas frentes, também chamadas fronts. Na frente ocidental, os primeiros em-
bates entre alemães e franceses ocorreram em território belga. Com as tropas francesas derrotadas, os alemães 
invadiram o território da França, mas foram contidos pelo Exército francês. Essa fase de avanço dos exércitos 
para a tomada de posição frente ao inimigo foi chamada de Guerra de Movimentos e teve cerca de um ano 
e meio de duração.
A guerra se desenvolveu também na frente oriental com o avanço dos alemães sobre o território russo. A en-
trada da Rússia na guerra forçou a Alemanha a dividir seus exércitos, armamentos e munições em duas frentes 
de combate, o que se mostrou uma vantagem para a França e a Inglaterra. 
Com o estabelecimento dos exércitos nas fronteiras dos países, teve início a segunda fase da guerra, carac-
terizada pela construção de trincheiras ao longo das linhas de combate. Essa fase recebeu a denominação de 
Guerra de Trincheira ou Guerra de Posição (1915-1918). 
FRENTE Ocidental. Soldados alemães em marcha. Setembro de 1914. 1 fotografia, p&b.
Os alemães tinham traçado uma estratégia de guerra, chamada Plano Schlieffen, desde 1906, que consistia em duas frentes: 
no Ocidente, invadir a Bélgica para cercar Paris; no Oriente, invadir a Rússia.
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Os avanços tecnológicos nos armamentos, como os canhões, que agorapermitiam maior mobilidade e pre-
cisão nos disparos à distância, tornaram o confronto defensivo, com os exércitos protegendo suas posições. O 
avanço em campo aberto, como ocorrera nas guerras travadas durante o século XIX, não era mais possível pelo 
poder de fogo dos exércitos, que causava grandes baixas. 
A fim de não perder o total domínio sobre o território conquistado e abrigar os soldados do poder de fogo ini-
migo e do inverno, os dois lados cavaram grandes valas na terra. Essas valas, denominadas trincheiras, ocuparam as 
fronteiras entre a Bélgica, a Alemanha e a França. Os exércitos da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança pouco avan-
çavam e a guerra tornou-se estática e morosa, estendendo-se muito mais do que o esperado inicialmente. Esse 
tipo de confronto já havia sido experimentado durante a Guerra de Secessão (1861-1865) entre yankees e confede-
rados. Porém, durante a Grande Guerra esse tipo de estratégia de confronto foi ampliada e consumiu muitas vidas.
 História 23
Aprofundamento de conteúdo para o professor. 8
A vida nas trincheiras 
Observe a imagem a seguir e leia os textos para saber mais sobre as trincheiras usadas durante a Grande 
Guerra.
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As condições dos soldados nas trincheiras eram precárias, e os prejuízos psicológicos causados aos soldados 
entrincheirados, imensuráveis. Leia, a seguir, o testemunho de um soldado que viveu essa experiência.
Cada soldado fica vivo apenas por mil acasos. Mas todo soldado acredita e confia no acaso. 
Temos de vigiar nosso pão. Os ratos têm-se multiplicado muito ultimamente, desde que as trin-
cheiras deixaram de ser conservadas. [...] Os ratos aqui são particularmente repugnantes, pelo 
seu grande tamanho. É o tipo que se chama “ratazana de cadáver”. Têm caras horríveis, malévo-
las e peladas. Só de ver seus rabos compridos e desnudos nos dá vontade de vomitar. Parecem 
muito esfomeados. Já roeram o pão de quase todos. Kropp mete o dele embaixo da cabeça, bem 
embrulhado num pedaço de lona, mas, mesmo assim, não consegue dormir, porque eles correm 
por sobre o seu rosto para alcançar o pão. Detering quis ser mais esperto: amarrou um arame fino 
no teto e pendurou nele o seu pedaço de pão. Durante a noite, quando acendeu a lanterna, viu 
o arame oscilar de um lado para o outro. Montada no pão, balançava-se uma gorda ratazana. Até 
que, finalmente, tomamos uma decisão. Cortamos, cuidadosamente, a parte do pão roída pelos 
animais; não podemos nos dar ao luxo de jogar fora o pão, porque, neste caso, amanhã nada 
teríamos para comer. 
REMARQUE, Erich M. Nada de novo no front. Porto Alegre: L&PM, 2004. p. 54-55. 
1. As trincheiras, inicialmente valas cavadas às 
pressas, com o passar do tempo receberam a 
proteção do arame farpado e dos sacos de areia. 
2. A vida nas trincheiras era bastante difícil, uma vez que os soldados podiam 
ficar ali por meses em meio à lama. Não havia as mínimas condições de higiene, 
e ratos e piolhos eram companhia constante dos combatentes. Muitas vezes, era 
impossível enterrar os soldados mortos, e eles permaneciam nas trincheiras ou 
nos seus arredores, infectando os vivos. 
4. As trincheiras eram formadas uma 
diante da outra. Porém, uma faixa de 
terra no meio delas garantia a distância 
entre as tropas inimigas. Essa faixa 
de terra era conhecida como “terra de 
ninguém”. 
3. As trincheiras chegaram a mais 
de 2 m de profundidade e 2 m de 
largura. Elas eram organizadas 
como labirintos, com diferentes 
frentes. Caso a primeira delas 
fosse tomada pelo inimigo, havia 
outras linhas de resistência para 
onde os soldados podiam recuar. 
5. Os soldados ficavam com as botas 
constantemente úmidas, o que fez com que 
muitos fossem infectados por fungos e parasitas. 
Casos de gangrena, conhecida como pé de 
trincheira, levavam a amputações e mortes. 
9o. ano – Volume 124
Sugestão de atividades. 9
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Tecnologia de guerra
A Grande Guerra foi um conflito de in-
tensas transformações. O próprio modo de 
guerrear mudou ao longo da ocorrência do 
conflito, que contava com a presença de ca-
valos e espadas em seu início.
Em 1914, os exércitos entraram na guer-
ra com vestuário semelhante aos usados na 
Guerra Franco-Prussiana (1871). Em virtude 
dos avanços tecnológicos, os armamentos, 
contudo, eram muito mais mortais, o que 
provocou mudanças: no início da guerra, 
os franceses usavam gorros de pano, os 
belgas, cartolas, e os alemães, capacetes de 
couro. Logo, os dois exércitos passaram a 
usar capacetes de aço, que lhes conferiam 
maior proteção contra a explosão de bom-
bas e de granadas.
BATALHA das fronteiras. 1914. 1 fotografia, p&b. Museu Imperial da Guerra, Londres. 
Soldados belgas utilizando cachorros para o transporte das armas. 
Interpretando documentos 
As estradas de ferro possibilitaram transportar milhões de soldados para o campo de batalha em 
poucos dias e foram de igual importância na solução de problemas nas trincheiras, pois permitiam 
enviar tropas de reforço à linha de frentes onde os inimigos ameaçavam atacar. A comunicação 
sem fio permitiu aos generais e aos comandantes de divisão coordenar o movimento de dezenas, 
centenas ou milhões de tropas em áreas enormes [...]. Novas técnicas de preservação de alimentos 
e a produção de comida enlatada possibilitaram alimentar um grande contingente de recrutas por 
longos períodos de tempo, e a produção em massa propiciou que eles fossem supridos regularmen-
te com capacetes, uniformes, botas e pás para cavar trincheiras – carregadas (ameaçadoramente) 
pelos combatentes de cada uma das grandes potências para o campo de batalha no início da guerra. 
Quando as manobras diminuíram de intensidade depois que o grande projeto de Schieffen de des-
truir o exército francês foi frustrado em Marne, o arame farpado – que os estadunidenses haviam 
inventado para fazer cercas para as pastagens de gado –, o concreto e o aço que os alemães usavam 
com muita engenhosidade combinaram-se para construir fortificações maciças que dominaram a 
guerra no Ocidente até 1918.
HOFFMAN, Paul. Asas da loucura: a extraordinária vida de Santos Dumont. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 255-256.
Após a leitura do texto, no caderno, faça o que se pede a seguir.
 1. Cite algumas das principais tecnologias utilizadas na Grande Guerra.
 2. Geralmente, quando falamos em tecnologia, pensamos em uma série de criações cujo objetivo é facilitar 
a vida das pessoas. Como o texto contradiz essa ideia? 
Em 1915, o físico inglês Michael Adas observou com tristeza que a Grande Guerra era “uma guerra de en-
genheiros e químicos, tanto quanto de soldados” – um enfoque abordado em seu clássico trabalho Machines 
as the measure of men. Sobre a tecnologia na guerra, leia este texto do jornalista estadunidense Paul Hoffman.
 História 25
Gabarito. 10
Rapidamente, as novidades mencionadas no texto de Paul Hoffmann 
foram introduzidas na guerra, além da metralhadora, utilizada em 1916. 
O tanque (na época chamado de carro de assalto) foi criado pelos ingle-
ses para romper o arame farpado das trincheiras. O avião – cuja invenção 
é atribuída aos irmãos Wright, embora os brasileiros a creditem a Santos 
Dumont – também se transformou em instrumento de guerra. 
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CARTAZ de propaganda de um carro de 
assalto inglês. 1918. 1 cartaz colorido, 
112 cm × 81 cm. Lloyds Bank e National 
Provincial Bank, Paris.
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BATALHA do Somme. 1916. 1 fotografia, p&b. Museu Imperial da Guerra, Londres.
• Soldado com máscara de-
senvolvida para proteger 
os combatentes dos ata-
ques por gases químicos 
O difícil era entender o emprego de armas voltadas para a produção não apenas da morte, 
mas, sobretudo, do terror, como as armas químicas, utilizadas desde o início pelos alemães, ainda 
em solo belga, e depois copiadaspelas forças da Entente: brometo xílico (gás lacrimejante), cloro 
(mata por afogamento), mostarda (queima as paredes do pulmão e faz vomitá-las), fosgênio (quei-
ma profundamente a pele). A deformação por queimaduras, a agonia da morte lenta e dolorosa, os 
relatos dramáticos causaram uma repulsa tão grande que o primeiro acordo internacional assinado 
depois da Grande Guerra foi exatamente o que baniu o uso de armas químicas, em 1925.
MAGNOLI, Demétrio; BARBOSA, Elaine S. Liberdade versus igualdade: o mundo em desordem (1914-1945). Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 27. 
Ao mesmo tempo, também ocorriam conflitos no mar, que interferiram nos rumos da guerra. Utilizando-se 
de novas tecnologias, como os submarinos, os alemães iniciaram uma série de ofensivas contra navios – para 
eles, todo navio encontrado em território inimigo deveria ser afundado, não interessando a que nação perten-
cesse. Dessa forma, pretendiam cortar todo o abastecimento estrangeiro a seus inimigos, impondo a eles a 
fome e a escassez. Em um desses ataques, ocorrido em 1917, os alemães afundaram um navio estadunidense, 
que transportava mercadorias e passageiros para a Inglaterra. Os Estados Unidos, até então neutros no conflito, 
reagiram ao ataque e declararam guerra à Alemanha.
Contudo, nada teve um efeito 
mais letal do que o uso de armas 
químicas desenvolvidas pelos ale-
mães, como o gás mostarda. Ini-
cialmente utilizado pela Alemanha, 
esse gás depois foi empregado por 
outros exércitos. Sobre o assunto, 
observe e analise os documentos 
a seguir.
9o. ano – Volume 126
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No dia 3 de abril de 1917, um navio brasileiro foi afundado no Canal da Mancha. Atribui-se o afundamento 
a um submarino alemão. O presidente Wenceslau Braz declarou o rompimento de relações com a Alemanha 
e manifestou seu apoio aos Estados que haviam declarado guerra à Tríplice Aliança. Com o afundamento de 
outros navios brasileiros, o Congresso anunciou que o Brasil estava em estado de guerra. Por meio de uma cam-
panha popular, liderada pelo poeta e jornalista Olavo Bilac, foi instituído o serviço militar obrigatório no país. 
Além de oferecer seus portos para as frotas de França, Inglaterra e Estados Unidos e enviar uma junta mé-
dica, uma divisão naval aportou em Gibraltar em novembro de 1918, mas a Grande Guerra já havia encerrado.
Anos finais da guerra: 1917 e 1918 
Em 1917, a Rússia se retirou do conflito, após a assinatura do Tratado de Brest-Litovski, cedendo parte de 
seus territórios à Alemanha. Então, o exército alemão pôde voltar suas forças para a frente ocidental, a fim de 
tomar a França, país que, assim como a Inglaterra, já estava quase sem recursos para continuar na guerra. A 
vitória alemã, que parecia iminente, foi frustrada pela entrada dos Estados Unidos no conflito.
Quando os Estados Unidos, que temiam, tal como a Grã-
-Bretanha, um continente dominado pela Alemanha, entraram 
na guerra, as probabilidades de vitória da Alemanha desapa-
receram redonda e completamente. O inconcebível tornou-se 
um fato. A Alemanha exauriu sua energia e foi derrotada.
ELIAS, Norbert. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. 
Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 169. 
Desde o fim do século XIX, os Estados Unidos investiam pesado em 
seu desenvolvimento industrial. A eclosão da guerra na Europa represen-
tou para os estadunidenses a possibilidade de ampliar seus mercados, 
fornecendo produtos para Inglaterra, França e Rússia. Assim, alimentos, 
medicamentos, tecidos e armas produzidos nos Estados Unidos eram 
comprados pelos países em guerra.
 Entre março e agosto de 1918, desembarcou na Europa cerca de 1 mi-
lhão de soldados estadunidenses. Eles chegaram ao front descansados, 
bem armados e treinados, desequilibrando o conflito a favor da Entente.
Nesse contexto, a situação mudou, e a Alemanha, sofrendo derrotas 
sucessivas, em 11 de novembro de 1918 se rendeu, pondo um fim defi-
nitivo à Grande Guerra. Calcula-se em 10 milhões o número de mortos, 
em sua maioria homens com idade entre 19 e 40 anos.
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FLAGG, James. I want you for U.S. Army. 
1917. 1 cartaz. Biblioteca do Congresso 
dos Estados Unidos. 
O cartaz que havia sido criado para a 
Guerra de Secessão foi também utilizado 
na convocação de jovens estadunidenses 
para o alistamento em 1917. Ele traz o 
personagem Tio Sam apontando para o 
observador com a frase: “Eu necessito de 
você nas forças armadas”. A denominação 
Tio Sam apresenta inúmeras versões, 
porém, a mais habitual é a de que os 
soldados yankees, durante a Guerra da 
Secessão, recebiam como parte integrante 
de sua ração alimentar latas de carne com 
as iniciais U. S., de United States. Tais 
iniciais foram interpretadas como Uncle 
Sam (Tio Sam).
MARCIONI, Sgto A. Soldados estadunidenses 
no front de Piave. 1918. 1 fotografia, p&b. 
Forças Armadas dos EUA.
• Soldados estadunidenses lançando gra-
nadas de mão nas trincheiras austríacas 
 História 27
Os acordos de paz e as mudanças na ordem mundial
O fim da Grande Guerra despertou uma postura bastante severa dos países vencedores sobre os países 
derrotados, em especial em relação à Alemanha. Isso porque oficialmente, por meio do Tratado de Versalhes, 
assinado em 1919, ela foi considerada responsável pelo conflito. Por esse tratado, os países vencedores deter-
minaram pesadas penalidades à Alemanha. O país perdeu seus territórios coloniais além-mar, agora divididos 
entre França, Inglaterra, Japão e África do Sul, além de territórios na própria Europa (como a Alsácia-Lorena). 
Os alemães também viram sua força militar ser reduzida – não podiam ter efetivo militar superior a 100 mil ho-
mens. Ademais, foram obrigados a pagar pesadas indenizações aos países vencedores (tal dívida foi totalmente 
quitada apenas no século XXI). 
A intenção do Tratado de Versalhes era desarticular as forças alemãs de todas as maneiras para evitar a 
ocorrência de um novo conflito mundial. As medidas, ao contrário do que se esperava, foram vistas como hu-
milhantes e serviram para acirrar ainda mais os alemães em um frágil contexto europeu, levando a catastróficas 
consequências nos anos seguintes. 
A Itália, embora considerada vencedora, não ficou satisfeita com os territórios que recebeu como compen-
sação por sua participação no conflito. Os Estados Unidos também foram beneficiados com os acordos de paz. 
O Império Otomano perdeu diversas províncias. O Império Austro-Húngaro deu lugar a dois países distintos: 
Áustria e Hungria. 
Europa – 1918
Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 146-147. Adaptação.
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Outra grande preocupação do contexto pós-guerra era garantir a paz mundial. Para isso, foi criada a Liga das 
Nações, órgão que tinha como objetivo mediar as relações entre os países de forma diplomática. 
O poder econômico e político do mundo gradativamente se deslocava da Inglaterra (e da Europa, de maneira 
geral), agora focada em sua reestruturação, para os Estados Unidos. Isso se explica porque este país não teve o ter-
ritório diretamente atingido pela destruição provocada pela guerra e dispunha de uma crescente industrialização. 
9o. ano – Volume 128
Sugestão de atividades. 11
Sugestão de abordagem de conteúdo. 12
Sugestão de abordagem do conteúdo.13
Um novo mundo após 1918 
Como vimos, é comum que historiadores afirmem que o mundo não era mais o mesmo após o fim da 
Grande Guerra. Para entender tais mudanças e as dificuldades pelas quais passou a população europeia com o 
fim do conflito, vale ler o texto a seguir. 
A Europa se alegrava com a paz, mas esta era 
diferente da que havia antes de 1914. A guerra ti-
nha desfeito as ligações de comércio, destruído mi-
lhares de vilarejos rurais, devastado extensas áreas 
de pasto e plantações, matado milhões de cabeças 
de gado,avariado centenas de ferrovias e pontes e 
afundado mais navios cargueiros do que existiam 
no mundo em 1900. [...] Em 1919, o leite era tão 
escasso nas cidades que crianças pequenas morriam 
e a alimentação da maior parte das pessoas não con-
tinha gordura. Em muitos distritos, não se semea-
va. No primeiro inverno pós-guerra, muitas pessoas 
não possuíam botas nem sapatos e não conseguiam 
comprar carvão para seus fogões, uma vez que pou-
co transporte era feito nas ferrovias danificadas. 
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. São Paulo: Fundamento 
Educacional, 2010. p. 73.
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DISTRIBUIÇÃO de sopa de galinha em Berlim. 1922. 
1 fotografia, p&b. 
A Alemanha foi um dos países que mais sofreu com o fim da 
Grande Guerra, enfrentando severa crise. 
Ocorreu o endurecimento das condições de vida. O fim da guerra não significou de imediato a volta da 
normalidade e era preciso lidar com consequências das mais diversas ordens. 
Outra mudança sentida foi o início da emancipação feminina, por meio da inclusão de mulheres no merca-
do de trabalho. Com amplo deslocamento de homens para os campos de batalha, diversas mulheres ocuparam 
novos postos em fábricas e atuaram ainda nas indústrias de armamentos, além de atuar na própria guerra. 
Com o grande número de mortos e feridos, a guerra deixou 630 mil viúvas só na França. Mesmo após o fim do 
conflito, muitas mulheres se mantiveram no trabalho nas fábricas, chefiando famílias e tornando-se assim inde-
pendentes. O movimento feminista, que buscava a emancipação feminina, foi, portanto, significativamente for-
talecido. Com ele, tomou força também o movimento sufragista, que reivindicava a extensão do direito de voto 
às mulheres. Aos poucos, elas foram conseguindo vitórias em vários países, como Alemanha, Suécia e Polônia.
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CAPON, Geo. Mulheres nos tempos de guerra. 1918. 1 pôster, color., 
80 cm × 119,5 cm. Paris: American Committee for Devastated France.
• Esse cartaz mostra as 
mulheres francesas em 
tempos de guerra – além 
de cuidar das crianças, 
elas também assumiram 
postos de trabalho na in-
dústria e no campo.
O QUE você pode fazer? Junte-se a nós da Cruz Vermelha. 1919. 1 cartaz, 
color., 108 cm × 72 cm. s.l.: American Red Cross.
O número de mulheres que 
participaram de modo direto de 
combates durante a guerra foi 
pequeno (a Rússia formou um 
batalhão feminino que participou de 
um confronto contra os austríacos). 
Contudo, era comum a presença 
delas nos locais de combate, 
atuando, principalmente, como 
enfermeiras. O cartaz convoca as 
mulheres a se juntarem à Cruz 
Vermelha.
 História 29
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Hora de estudo
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Outras histórias
A gripe espanhola
No ano de 1917, uma pandemia se espalhou pelo mundo, atingindo 28 países e matando cerca de 20 mi-
lhões de pessoas. Sua origem provável se deu na América ou na Ásia, mas se alastrou facilmente entre os solda-
dos em guerra. Foi a imprensa espanhola que noticiou 
pela primeira vez a pandemia, pois, como a Espanha 
não estava em guerra, não havia censura para a circu-
lação de informações. Por isso, a gripe foi chamada de 
“espanhola”. Para as nações em guerra, não interessava 
divulgar a notícia de que muitos de seus combatentes 
estavam morrendo por causa de um vírus, pois esse 
tipo de informação poderia provocar o pânico entre 
os soldados. 
Ao fim da Grande Guerra, os soldados retornaram 
para casa levando o vírus aos seus países de origem. 
Assim, a gripe se alastrou pelo mundo. Ela foi respon-
sável pela morte de metade da população esquimó 
da América do Norte e de cinco milhões de hindus. 
No Brasil, a gripe chegou em 1918 e ocasionou a mor-
te de cerca de 17 mil pessoas, entre elas Rodrigues 
Alves, eleito presidente, mas que faleceu antes de as-
sumir o cargo. 
ROGERS, Edward A. Auditório municipal de Oakland sendo usado 
como hospital temporário. 1918. 1 fotografia, p&b. Oakland Public 
Library, Oakland. 
A gripe espanhola atingiu cerca de ¼ da população mundial. 
 1. A Política de Alianças e a Paz Armada foram consideradas duas causas que levaram à eclosão da Grande 
Guerra. Elabore um conceito para as duas expressões.
Política de Alianças:
Foi uma aliança de países que previa a cooperação financeira e militar entre eles. Assim, foram formadas a Tríplice Entente e a Tríplice
Aliança.
Paz Armada:
Foi o período anterior à Grande Guerra, em que os Estados europeus, embora oficialmente em paz, buscaram se armar e se
fortalecer militarmente para um possível conflito. 
 2. Inicialmente, as nações que se envolveram na Grande Guerra acreditavam que o conflito seria de curta 
duração e cada lado presumia que a vitória seria certa. Essa situação não se efetivou. Explique por qual 
razão, a partir do fim de 1915, a Grande Guerra se tornou mais defensiva do que ofensiva.
Em decorrência do grande avanço tecnológico na área bélica, as armas se tornaram mais mortíferas. Uma guerra ofensiva, diante do
poder bélico, resultaria em um número muito amplo de baixas dos dois lados. 
Aprofundamento de conteúdo para o professor. 14
No início, os pilotos faziam missões de reconhecimento nos aviões 
de um ou dois lugares desarmados. Na verdade, os pilotos alemães e 
franceses se saudavam quando se cruzavam no ar. Nos primeiros dias 
da guerra, no entanto, um piloto – não se sabe ao certo a quem atribuir 
essa atitude indigna – levou consigo uma pistola ou um rifle e atirou 
em outro avião. Logo, todos os aviadores carregavam armas automá-
ticas e uma competição tecnológica resultou em equipamentos ainda 
mais letais. O propulsor constituía um problema, pois o piloto ao atirar 
poderia destruir seu próprio aparelho. Roland Garros, um audacioso 
piloto francês que se tornara aviador militar, solucionou o problema 
colocando placas de aço nas lâminas de seu propulsor de madeira. 
Quando ele disparava com uma metralhadora em direção à hélice, as 
placas desviavam as balas, mas permitiam a passagem de uma quanti-
dade suficiente para abater aviões alemães. A solução simples de Garros 
não permaneceu em segredo por muito tempo. Em 18 de abril de 1915, 
uma falha do motor forçou sua aterrissagem dentro das linhas inimigas. 
Os alemães o capturaram e enquanto lhe deram vinho, cerveja, carne 
grelhada e doces, os engenheiros descobriram sua invenção. 
HOFFMAN, Paul. Asas da loucura: a extraordinária vida de Santos Dumont. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 267. 
 3. O ano de 1917 trouxe consequências para o desdobramento do conflito mundial, contribuindo para o 
seu fim. Nesse ano:
a) A Alemanha se utilizou, pela primeira vez, de armas químicas, o que lhe custou punições imediatas.
b) Foram assinados acordos de paz entre as principais nações envolvidas no conflito.
c) A Rússia declarou guerra à Alemanha, desequilibrando o conflito a favor da Entente.
X d) Os russos assinaram o Tratado de Brest-Litovski, retirando-se do conflito, e os Estados Unidos decla-
raram guerra à Alemanha.
e) Teve início a fase da Guerra de Trincheiras, pois os exércitos oponentes não conseguiam mais promo-
ver avanços de território. 
 4. Leia o texto a seguir, sobre a atuação da aviação na Grande Guerra. 
Após a análise do texto, analise as afirmativas a seguir.
 I. As táticas de guerra foram sendo modificadas com o desenvolvimento de novas tecnologias.
 II. Muitas invenções que tinham caráter pacífico foram utilizadas como armas de guerra. Podemos citar 
como exemplo o avião.
 III. As invenções produzidas por determinados países não foram utilizadas pelos demais em virtude da 
grande política de segredo que cercava as novidades tecnológicas. 
De acordo com a análise das afirmativas acima, assinale a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão certas.
b) Todas as afirmativas estão erradas.
X c) As afirmativas I e II estão certas.

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