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©Acervo Força Expedicionária Brasileira - Exército Brasileiro 9o. ano Volume 2 ooo História Livro do professor Livro didático 5 6 7 Período Entreguerras: regimes autoritários e totalitários 2 Brasil: República Nova 15 Segunda Guerra Mundial 31 8 O mundo após a Segunda Guerra Mundial 46 A respeito das fotografias, responda: • A quais episódios elas fazem referência? • Como esses episódios podem ser relacionados? As respostas a essas perguntas auxiliarão no entendimento dos assuntos que estudaremos neste capítulo. Período Entreguerras: regimes autoritários e totalitários 5 Justificativa da seleção de conteúdos.1 Sugestão de abordagem da atividade e gabarito.2 Observe estas fotografias: © Fo to ar en a/ Gr an ge r A REGIÃO do Som me. 1917. 1 fotogr afia, p&b. • Soldados da inf antaria britânica e m território francê s sain- do da trincheira pa ra o ataque ao inim igo HOMEM vende automóvel após a queda do mercado de ações. 1 fotografia, p&b. • No cartaz está escrito “100 dólares em dinheiro compra este carro. Perdi tudo no mercado de ações” aan ge r © Sh ut te rs to ck /il ol ab © Ge tty Im ag es /H ul to n Ar ch iv e/ Fo to te ca G ila rd i 2 Objetivos • Relacionar a situação geral da Itália e da Alemanha, durante a década de 1920, com o final da Grande Guerra. • Definir os conceitos de totalitarismo e autoritarismo. • Compreender a ascensão do fascismo na Itália, destacando as principais características do Estado fascista. • Compreender a ascensão do nazismo na Alemanha, salientando as principais características do Estado nazista. • Identificar as principais características do governo de Antônio Salazar em Portugal. • Analisar a conjuntura em que ocorreu a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), verificando a par- ticipação de diversos países no conflito. Neste capítulo, vamos continuar o estudo do Período Entreguerras (1919-1939). Serão analisados o nazifas- cismo na Itália e na Alemanha, o governo ditatorial que se estabeleceu em Portugal e a Guerra Civil Espanhola, que teve início em 1936. Organize as ideias 1. Sobre a história europeia entre o fim do século XIX e o início do século XX, leia as afirmativas e assinale a correta. X a) O nacionalismo do fim do século XIX, fortalecido em locais como a Alemanha após sua unificação, é um dos motivos que ajudam a explicar a eclosão da Grande Guerra. b) Os Estados Unidos participaram da Grande Guerra desde 1914, ao lado da Tríplice Entente, por meio do envio de soldados e armamentos. c) Ainda que a Grande Guerra tenha sido um conflito de escala global, os países colonizados na época (nos continentes africano e asiático) não tiveram qualquer envolvimento nessa guerra. d) A Rússia permaneceu neutra durante todo o conflito. e) Havia um clima de instabilidade e de disputas territoriais entre os Estados europeus, especialmente na região da Alsácia-Lorena, contestada por alemães e ingleses, e os Bálcãs. 2. Sobre a participação da Itália e da Alemanha na Grande Guerra, analise as afirmativas a seguir. I. Lutaram ao lado da Tríplice Aliança. II. A Itália terminou a guerra ao lado da Alemanha e recebeu indenização dos países perdedores. III. A Alemanha foi obrigada a assinar o Tratado de Versalhes, que estabeleceu pesadas cláusulas ao país. De acordo com a análise, assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão certas. X d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados e sugestão de atividades.3 3 A crise do liberalismo O século XVIII foi o Século das Luzes, da defesa das liberdades política e econômica, de ação, de expressão e pensamento. Tais ideais, porém, não sobreviveram em diversas sociedades europeias após o fim da Grande Guerra (1914-1918). O que se viu, ao contrário, foi a chamada crise do liberalismo. De fato, após o fim do conflito mundial, muitos países europeus enfrentavam um processo de fragilidade econômica e política. Era necessária a reconstrução de regiões inteiras que foram destruídas pela guerra de trincheiras e pelos bombardeios dos últimos anos do conflito. Além da situação de reconstrução necessária, os russos entraram na guerra civil pela defesa da Revolução Proletária. Ao final desse processo, em 1921, o governo bolchevique mantinha-se no poder e era visto cada vez mais como uma ameaça aos valores liberais e capitalistas. Ao longo da década de 1920, os governos liberais e democráticos foram postos em xeque em muitos desses Estados, pois pareciam incapazes de responder de forma rápida às necessidades da época. Em locais específi- cos, como na Alemanha, uniu-se a isso um ressentimento em relação ao resultado da guerra. A culpabilidade imposta aos alemães não foi aceita facilmente por eles. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.4 © Ge tty Im ag es /K ey st on e/ Hu lto n Ar ch iv e Por fim, a crise de 1929, iniciada nos Estados Unidos, afetou diretamente a economia europeia, fragilizando-a mais uma vez. A Europa, após a Grande Guerra, era muito diferente da Europa da década anterior. Se até então os países europeus, como a Inglaterra e a França, eram líderes mundiais, eles estavam agora em um período de crise e reconstrução, permitindo com isso a ascensão de novos líderes, como os Estados Unidos. Ao final da década de 1920, os Estados Unidos, que tiveram um período de euforia econômica, sofreram com a crise econômica. Os países europeus que ainda se recuperavam das perdas sofridas com a Grande Guerra, e depen- dentes da economia estadunidense, mergulharam em um novo período de crise. Esse quadro permitiu que grupos políticos bastante radicais em suas ideias ganhassem cada vez mais adeptos e apoiadores. O motivo disso é que eles passaram a ser vistos como a resposta para a retomada da ordem e do prestígio perdidos em muitos locais. Entre os britânicos, tornaram-se comuns os protestos conhecidos como “marchas da fome”, iniciadas no começo do século XX, cuja ocorrência se intensificou nas décadas de 1920 e 1930, principalmente por causa da crise econômica decorrente da Quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Tais protestos (como o retratado na imagem) reuniam grande número de pessoas, que marchava até o Parlamento britânico, em Londres, exigindo trabalho. Marchas e protestos semelhantes ocorreram em outros locais da Europa igualmente afetados pela crise econômica. MARCHA contra a fome, Londres. [ca. 1935]. 1 fotografia, p&b. 9o. ano – Volume 24 Governos totalitários Todo governo antidemocrático pode ser chamado de autoritário. Dentro desse conceito, estão os governos totalitários, assim denominados por apresentarem características próprias. Os governos totalitários que emergiram do contexto de crise das décadas de 1920 e 1930 se desenvolveram na Itália, na Alemanha e na União Soviética stalinista (URSS). Governos totalitários podiam ser tanto de direita quanto de esquerda. O que os define não é o direcionamento político em si, mas as características que os sustentam: • existência de um partido único (não há processo eleitoral e o Poder Executivo concentra todo o poder); • eliminação de qualquer oposição, com emprego de extrema violência por parte do Estado; • idolatria ou culto ao líder, uma vez que este garante a ordem e o sentido não só do governo, mas da própria vida da população; • existência de uma ideologia oficial, ou seja, de um sistema de valores e crenças criado especialmente para esse contexto; • grande mobilização das massas, arregimentadas pela propaganda e pela comunicação, como explica a filó- sofa alemã Hannah Arendt: Justificativa da seleção de conteúdos.5 Gabarito.6 Em sua ascensão, tanto o movimento nazista da Alemanha quanto os movimentos comunistas da Europa depois de 1930 recrutaram os seus membrosdentre essa massa de pessoas aparentemente indiferentes, que todos os outros partidos haviam abandonado por lhes parecerem demasiado apáticas ou estúpidas para lhes merecerem atenção. A maioria dos seus membros, portanto, consistia em elementos que nunca antes haviam participado da política. Isso permitiu a introdução de métodos inteiramente novos de propaganda política e a indiferença aos argumentos da oposição: os movimentos, até então colocados fora do sistema de partidos e rejeitados por ele, puderam moldar um grupo que nunca havia sido atingido por nenhum dos partidos tradicionais. ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 439. © Fl ic kr /J am es V au gh an PROPAGANDA nazista. 1935. 1 cartaz. No cartaz, a figura de Adolf Hitler guia o povo alemão à vitória. O slogan “A Alemanha vive” faz referência às decisões do Tratado de Versalhes, imposto à Alemanha ao final da Grande Guerra. Hitler é o líder que conduz a população à glória. Organize as ideias Com base em seus estudos, defina os termos a seguir. • Direita • Esquerda • Democracia • Liberalismo • Totalitarismo História 5 Neste capítulo, estudaremos os governos totalitários italiano e alemão. Em comum, ambos se colocavam tanto contra o liberalismo e os governos democráticos quanto contra o socialismo soviético. O governo totali- tário italiano, conhecido como fascismo, foi o primeiro a ser constituído. Fascismo Durante a Grande Guerra (1914-1918), a Itália iniciou sua participação lutando ao lado da Alemanha e, em 1915, passou para o lado da Tríplice Entente. Apesar de a Itália terminar o conflito ao lado dos países vencedo- res, a situação dela, em 1918, era caótica. As despesas com a guerra mergulharam o país em uma grande crise política e econômica. O número de desempregados aumentava a cada dia e a inflação era crescente. Cerca de 600 mil italianos haviam morrido durante o conflito. A esperança do governo para resolver a crise e retomar o crescimento era o recebimento dos espólios da guerra – territórios e indenizações dos países derrotados. No entanto, a divisão das áreas coloniais entre os vencidos pouco beneficiou os italianos, que, sem terem recursos para investir no país, viram a crise se agravar. A fome, o desemprego e a inflação motivaram os trabalhadores a organizar greves por todo o país, acom- panhadas pela pilhagem de estabelecimentos comerciais e pela ocupação de fábricas. As ideias socialistas ga- nharam cada vez mais força entre os italianos. Em 1920, o Partido Socialista já contava com mais de 200 mil membros. Por causa dessa movimentação social, a alta burguesia italiana se sentiu ameaçada e passou a temer que os revoltosos iniciassem uma revolução de caráter socialista, nos mesmos moldes da que ocorrera na Rússia. Nesse contexto, um movimento político de extrema direita, denominado fascismo, cujo objetivo era resolver a crise a qualquer custo, ganhou apoio da burguesia e de vários outros grupos da sociedade italiana. Mussolini e o Partido Fascista Em 1919, o jornalista e político Benito Mussolini criou os Fasci Italiani di Combattimento (Grupos Italianos de Combate), grupo político que atingiu mais de 200 mil membros, conhecidos como Camisas Negras. Os fascistas concorreram a diversos cargos na eleição realizada em 1919, sem grandes vitórias. A crise social italiana, no entanto, fez com que a simpatia e o apoio a esse grupo aumentassem. Em 1921, o Fasci Italiani di Combattimento se transformou no Partido Nacional Fascista, contando com mais de 300 mil filiados. © Bi bl io te ca d o Co ng re ss o, W as hi ng to n, D . C . Mussolini pregava o resgate ao passado de glória do Império Romano. Por esse motivo, escolheu o fascio para denominar seu partido político e, mais tarde, seu governo. O fascio representava o poder do Estado na Roma Antiga. Era simbolizado por um feixe de varas amarradas ao cabo de um machado. As varas eram, tradicionalmente, utilizadas para açoitar os criminosos, e o machado, para decapitá-los, ou seja, simbolizavam a forma como o Estado romano tratava os indivíduos criminosos. BAIN, George G. Mussolini. [s.d.]. 1 fotografia, p&b. Biblioteca do Congresso, Washington, D.C. © W ik im ed ia C om m on s/ R- 41 9o. ano – Volume 26 Em poucos anos, o status do fascismo transformou-se: de partido político, passou a designar uma política de governo monopartidária e ditatorial. Sobre as mudanças promovidas por Mussolini na Itália na década de 1920, leia o texto a seguir. Em 1922, os socialistas promoveram uma greve geral na Itália. Os fascistas se colocaram contra a manifestação e organizaram um evento que ficou conhecido como “Marcha sobre Roma”, da qual aproximadamente 40 mil pessoas participaram, exigindo o fim das agitações sociais. Pressionado pela grande dimensão que o movimento assumiu, o rei italiano Vítor Emanuel III nomeou Benito Mussolini como primeiro-ministro de seu governo. Assim que assumiu o poder, Mussolini agiu a fim de favorecer seu partido nas eleições de 1924 por meio de fraudes. No ano seguinte, foi instituído o partido único, sem permissão de oposição – e as eleições foram abolidas. A violência foi amplamente empregada pelo Duce e aqueles contrários ao regime foram perseguidos e mortos. As manifestações dos trabalhadores foram rigidamente controladas pela Carta del Lavoro (Carta do Traba- lho). Esse documento regulamentava as relações trabalhistas, permitindo a organização de corporações que os representassem como classe. No entanto, ele proibia os trabalhadores de realizar greves ou de se colocarem contra as decisões tomadas pelo Estado. Ao mesmo tempo, o governo fascista foi marcado por um programa de recuperação econômica, caracterizado pela realização de inúmeras obras públicas a fim de diminuir o de- semprego no país. © W ik im ed ia C om m on s/ Fo tó gr af o de sc on he ci do MARCHA sobre Roma, em 30 de outubro de 1922. 1922. 1 fotografia, p&b. Dentre as reivindicações dos fascistas estava a nomeação do seu líder, Benito Mussolini, para o governo de Vítor Emanuel III. Aprofundamento de conteúdo para o professor.7 Orientação para a realização da atividade e gabarito.8 Interpretando documentos [...] os democratas se aterrorizavam com o que viam ou ouviam: o banimento de partidos rivais e a deportação de dissidentes políticos para ilhas que serviam de prisão, sem o benefício de um julgamento. Também lamentavam a proibição de greves, a interferência nas universida- des e a censura dos meios de comunicação. Jornais, livros, programas de rádio e até anúncios eram censurados. [...] Outros argumentavam que era preferível que os fascistas, e não os comunistas, colocassem a Itália em uma camisa de força. Além disso [...] era impressionante como a Itália havia prati- camente emergido do caos. A vida econômica se fortalecia. O desemprego se mostrava menos ameaçador, as greves se tornaram raras e os funcionários públicos eram menos suscetíveis ao suborno. No sul, a Máfia estava sob controle. BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. São Paulo: Fundamento Educacional, 2010. p. 115-116. Com base na leitura do texto, responda no caderno: a) Que aspectos o texto ressalta como “aterrorizantes” em relação ao governo de Mussolini? b) Por que tais ações eram toleradas? dissidentes: aqueles que discordam. História 7 Nazismo Após o final da Grande Guerra, o Império Alemão, até então monarquia, transformou-se na República de Weimar. Considerada a grande causadora do con- flito mundial, a Alemanha recebeu as punições mais severas. Todas as suas possessões coloniais foram divididas entre França, Inglaterra, Japão e África do Sul. Os territórios da Alsácia-Lorena, ricos em miné- rios, e as minas de carvão da região do Sarre foram entregues à França. Além da perda de todos esses territórios, o país ainda foi proibido de fabricar armas e munição acima do calibre 38 e teve suas forçasmi- litares bastante limitadas. Praticamente sem meios de gerar riquezas para a reconstrução do país, o governo alemão aceitou empréstimos e investimentos estrangeiros, a maior parte vinda dos Estados Unidos. Embora esse capital tenha contribuído para movimentar a economia alemã, a crise econômica não foi sanada, e a inflação, um dos maiores problemas do período, apenas aumentava. Em 1918, um pão custava 63 marcos; já no final de 1929, chegava a custar 201 bilhões de marcos. Essa instabilidade econômica colaborou para o crescimento do número de simpatizantes do socialismo no país. A crise econômica iniciada nos Estados Unidos em 1929 se espalhou pelos países capitalistas do mundo, prejudicando, principalmente, os que dependiam de seus empréstimos e financiamentos. Por causa disso, a crise se aprofundou e a economia entrou em colapso. A inflação aumentou ainda mais e os movimentos socia- listas tornaram-se mais fortes entre os trabalhadores. Assim como ocorreu na Itália, os grandes capitalistas viram nesse acontecimento a possibilidade da eclosão de uma revolução socialista. Para evitar que isso acontecesse, apoiaram os nazistas, representantes de uma ideologia de extrema direita, muito semelhante ao fascismo italiano. Hitler e o nazismo Adolf Hitler, mesmo de origem austríaca, lutou na Grande Guerra pela Alemanha. Como muitos alemães, desiludiu-se com o resultado do conflito, achando-o não apenas injusto: ele acreditava que a derrota alemã se dava por causa de “inimigos” internos do país, entre eles os judeus. A Alemanha, então uma monarquia, tornara-se uma república em 1919. Esta, porém, não conseguia resolver os problemas do país. Descontente com a situação, Hitler uniu-se em 1920 ao recém-fundado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP na sigla em alemão) – mais conhecido como Partido Nazista –, cujos moldes eram os mesmos do Partido Fascista italiano. Hitler tentou um golpe de Estado em 1923, sem sucesso (ele foi preso na ocasião). A Crise de 1929 foi o momento que garantiu a Hitler e ao Partido Nazista mais atenção popular. Em eleições realizadas em 1932, os nazistas conquistaram 230 cadeiras para o parlamento (em 1928, ocuparam apenas 14). Após essa demonstra- ção de apoio aos nazistas, o presidente alemão Hindenburg ofereceu a Hitler a chancelaria, cargo semelhante ao de primeiro-ministro. © Fo to ar en a/ Al am y MAIS barato que brinquedos. [ca. 1923]. 1 fotografia, p&b. Crianças em Berlim usam maços de dinheiro como blocos de construção durante a crise alemã de 1923. 9o. ano – Volume 28 Na prática, a ascensão de Hitler colocou fim à República de Weimar. Hitler acabou com to- dos os partidos políticos, exceto o Partido Na- zista. Jornais de oposição e sindicatos foram extintos, e greves não eram mais permitidas. Para sustentar suas determinações radicais, Hi- tler criou a Gestapo, polícia secreta do Estado, e as Seções de Segurança (SS), polícia política do Partido Nazista. Dessa forma, o poder político foi totalmente centralizado. O governo de Hitler foi marcado por um grande esforço para diminuir o desemprego. Sua principal estratégia era investir em obras públicas e na militarização do país, apesar de o Tratado de Versalhes, imposto à Alemanha em 1919, proibir a fabricação de armamentos pesados e um efetivo militar superior a 100 mil integrantes. Com um exército forte, bem trei- nado e equipado, Hitler pretendia expandir as fronteiras da Alemanha (“espaço vital”) para o fortalecimento da raça ariana. © W ik im ed ia C om m on s/ Ar qu iv o Fe de ra l A le m ão REUNIÃO de gabinete da Alemanha. 30 jan. 1933. 1 fotografia, p&b. Arquivo Federal Alemão, Koblenz. Assim que Hitler assumiu o poder, uma de suas primeiras providências foi livrar-se de seus inimigos políticos, principalmente dos simpatizantes do socialismo. Para isso, acusou-os de estarem tramando um golpe de Estado. Dessa forma, conseguiu implantar no país um governo autoritário, do qual era o comandante, o Führer. © Ge tty Im ag es /C or bi s/ Hu lto n- De ut sc h Co lle ct io n Da mesma forma que Mussolini na Itália, Hitler desejava resgatar a grandiosidade do passado alemão. Por isso, implantou o Terceiro Reich (3º. Império Alemão) porque, segundo alguns historiadores, o Primeiro Reich teria sido o Sacro Império Romano Germânico e o Segundo Reich fazia referência ao período da história alemã de 1871 a 1918. O desemprego, a falta de comida, a desordem e a hiperinflação, que em novembro [de 1923] transformaria o marco alemão em um substituto rentável do papel d’água – o dólar americano equivalia, naquela época, a mais de 1 bilhão de marcos alemães –, aumentavam mais que nunca, dando lugar a um recrudescimento das desordens, da delinquência e dos conflitos partidários que deixavam atrás de si centenas de feridos e afetados. Interpretando documentos CORES, Pablo J. A estratégia de Hitler. São Paulo: Madras, 2006. p. 54. HOFFMAN, Heinrich. Adolf Hitler. [ca. 1933]. 1 fotografia, p&b. Arquivo Federal Alemão, Koblenz. História 9 O antissemitismo Os governos nazifascistas tinham muitas características em comum. Ambos eram regimes autoritários, ape- lavam para o passado de glória, eram expansionistas e perseguiram os grupos considerados inimigos. Outro fator em comum é que Mussolini e Hitler pregavam a superioridade de seus povos italiano e alemão. Porém, o nazismo criou uma teoria que preconizava a superioridade da “raça ariana”. A “raça” mais desenvolvida, segundo a visão nazista, era a ariana, da qual os alemães se consideravam des- cendentes. Essa superioridade vinha de uma suposta “pureza”, ou seja, da pouca miscigenação com outras “raças”. Esse argumento justificava a política expansionista de Hitler: retirar vários territórios da Europa do controle dos povos que os habitavam e entregá-los aos alemães. O expansionismo, segundo Hitler, garantiria a manutenção de um espaço vital, no qual a “raça ariana” poderia se desenvolver. Outros grupos, no entanto, eram considerados não apenas inferiores, mas também nocivos à sociedade, motivo pelo qual deveriam ser eliminados. Essa ideia, embasada em critérios pseudocientíficos, justificou, logo no início de seu governo, ampla perseguição a judeus, ci- ganos, negros, deficientes, entre outros grupos. O antissemitismo não surgiu com o nazismo, apresentando-se em momentos anteriores na história. A novidade era a eliminação, de forma organizada e sistemática, dessas pessoas. © Ge tty Im ag es /A rc hi ve P ho to s © W ik im ed ia C om m on s/ Na tio na l A rc hi ve s a nd R ec or ds A dm in ist ra tio n O governo nazista promoveu intensa perseguição aos judeus, retirando-lhes aos poucos seus direitos e sua cidadania. Vários estabelecimentos proibiram a presença de judeus (como na foto da esquerda, cujo aviso anuncia que judeus são proibidos de usar a piscina pública). Em novembro de 1938, ocorreu a chamada Noite dos Cristais, em que estabelecimentos comerciais judeus foram atacados por nazistas (foto da direita). Sugestão de abordagem do conteúdo.10 Sugestão de encaminhamento da atividade.9 1. Para melhor compreensão do texto, defina os termos a seguir. • Hiperinflação: inflação de grandes proporções, causando a superdesvalorização da moeda e o aumento do custo de vida. • Recrudescimento: aumento, ampliação. 2. Relacione a derrota da Alemanha na Grande Guerra e os efeitos da Crise de 1929 na Europa com a ascen- são de Hitler ao poder. Após sua derrota na Grande Guerra, a Alemanha teve de assinar o Tratado de Versalhes, o qual continha cláusulas que determina- vam perda territorial, pagamento de indenizações e confisco dos armamentos. Todas essas imposições causaram severa crise eco- nômica no país, sendo agravada pelos reflexos da Crise de 1929 no continente europeu. Em suas campanhas, Hitler prometia acabar com o pagamento das indenizações aos países vencedores e ainda dar pleno empregoaos alemães. 9o. ano – Volume 210 Governos autoritários No mesmo período, surgiram outros governos de caráter autoritário na Europa, como resposta aos pro- blemas do pós-guerra: crise econômica, desemprego, inflação, entre outros. Esses governos concentraram o poder, mas não eliminaram por completo a oposição e não controlaram totalmente os meios de comuni- cação. Não houve o culto ao líder, como visto nos casos totalitários. A mobilização social também era limi- tada: o totalitarismo, por exemplo, esteve presente em todas as instâncias da vida das pessoas, do esporte à religião. Os governos totalitários conseguiram fazer parte da vida familiar da população, o que não se deu completamente nos casos autoritários. Salazarismo Em Portugal, o governo autoritário teve início em 1926, quando um golpe de Estado realizado por militares derrubou o governo e instaurou uma ditadura, que se manteve até 1933. Em 1928, o professor Antônio Salazar foi escolhido como ministro das Finanças e obteve resultados positivos em controlar as finanças públicas. Em 1932, ele assumiu o cargo equivalente ao de primeiro-ministro. A partir daí, Salazar instaurou a União Nacional como único partido legal do país. Em 1933, aprovou uma nova Constituição para Portugal, que formalizou o início do Estado Novo (ou salazarismo), um governo de caráter pessoal e repressivo. Além disso, promoveu uma política econômica explicitamente favorável aos interesses da burguesia e perseguiu os movimentos de esquerda. Foram criadas medidas restritivas no país, como a censura à imprensa, a proibição de greves e de formação de movimentos de trabalhadores, além da criação de uma polícia política, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Troca de ideias Primo Levi (1919-1987) foi um químico italiano preso pelas forças italianas fascistas, sendo entregue aos alemães. Após sobreviver aos horrores impostos pelos nazistas, ele se empenhou em registrá-los a fim de cons- cientizar as futuras gerações. Sugestão de abordagem do conteúdo.11 [...] há não mais de vinte anos, e no coração dessa civilizada Europa, sonhou-se um sonho de- mente, o de edificar um império milenar sobre milhões de cadáveres e de escravos. O verbo foi ba- nido das praças: pouquíssimos recusaram e foram destruídos; os demais consentiram, em parte com aversão, em parte com indiferença, ou ainda com entusiasmo. Não foi apenas um sonho: o império, mesmo que efêmero, foi edificado; os cadáveres e os escravos existiram. LEVI, Primo. Assim foi Auschwitz: testemunhos –1945-1986. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 87. Ao ler relatos como o de Primo Levi, é comum questionarmos como tais governos contaram com o apoio de grande parte da população da época. Levando o contexto atual em consideração, seria possível testemunhar- mos o renascimento de tais governos e tal engajamento popular na atualidade? © W ik im ed ia C om m on s/ Fo tó gr af o de sc on he ci do ANTÔNIO de Oliveira Salazar. 1940. 1 fotografia, p&b. História 11 Robert Capa, cujo verdadeiro nome era Endre Erno Friedmann, nasceu em Budapeste, na Hungria, em 22 de outubro de 1913 e faleceu em Thai-Binh (norte do Vietnã) em maio de 1954. Ele foi um dos mais impor- tantes fotógrafos de guerra da primeira metade do século XX. Em seu curto tempo de vida (41 anos), cobriu conflitos como a Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Sino-Japonesa (entre China e Japão, durante a Segunda Guerra Mundial). Registrou ainda algumas batalhas e aspectos da Segunda Guerra Mundial na Europa, a Guerra Árabe-Israelense, em 1948, e a primeira fase da Guerra da Indochina, na qual veio a falecer após pisar em uma mina terrestre. Desembarcou com os aliados na Normandia em junho de 1944 e registrou, de forma espetacular, os detalhes que marcaram aquele que ficou conhecido como “Dia D”. Ao final do conflito, no ano de 1939, Franco conseguiu derrotar seus inimigos e assumir o poder. Seu go- verno caracterizou-se pelo anticomunismo, pela repressão à oposição política e pela existência de um partido único: a Falange Espanhola. Portugal se manteve sob esse regime autoritário, o Estado Novo, até 1974, embora Salazar tenha se afastado da presidência em 1968 por causa de problemas de saúde. A estrutura governamental criada por ele, no entan- to, manteve-se por mais alguns anos, sob o comando de Marcelo Caetano. Este foi destituído do poder em 1974 por um golpe militar denominado Revolução dos Cravos, fato que marcou o fim do salazarismo em Portugal. Guerra Civil Espanhola Na Itália, na Alemanha e em Portugal, a simples ameaça de uma ascensão do socialismo ao poder justificou, em grande parte, a instalação de governos de extrema direita. Por sua vez, na Espanha foi a eleição de um pre- sidente representante da Frente Popular – coligação de partidos de esquerda – que desencadeou um processo de reação da extrema direita, cujo objetivo era levar o general Francisco Franco ao poder. Para que Franco chegasse ao poder e nele se estabelecesse, ocorreu uma guerra civil que teve início em 1936 e terminou em 1939, marcada pela extrema violência. Organizados em milícias, os socialistas reagiram às pretensões da direita, que contava com o exército espanhol. Aos poucos, os governantes dos países vizinhos foram se envolvendo no conflito – de um lado, países como a União Soviética apoiavam a Frente Popular; de outro, os países de regimes autoritários, principalmente Itália e Alemanha, apoiavam os partidários de Franco. Sugestão de encaminhamento do conteúdo.12 • Na imagem, simpatizantes da causa socialista em- barcam para lutar contra as tropas de Francisco Franco. No vagão, é possí- vel observar a mensagem: “UHP (Union de Hermanos Proletarios) – juram sobre estas letras irmãos, antes morrer que consentir tirano no poder” CAPA, Robert. Soldados republicanos partindo para o front de Aragon. Barcelona, 1936. 1 fotografia, p&b. © M us eu N ac io na l C en tro d e Ar te R ei na S of ia /R ob er t C ap a 9o. ano – Volume 212 1. Sobre Benito Mussolini e a ascensão do fascismo na Itália, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas. a) ( F ) Mussolini foi o fundador do Partido Nacional Fascista, o qual pregava a implantação de um regime político democrático e socialista na Itália. b) ( V ) Os fascistas chegaram ao poder por meio da Marcha sobre Roma, manifestação que exigiu do rei Vítor Emanuel III a nomeação de Mussolini para o cargo de chanceler (primeiro-ministro). c) ( V ) Como líder da Itália, Mussolini implantou um governo de extrema direita e totalitário. d) ( F ) Apesar de pregar a expansão territorial da Itália, os fascistas eram contrários ao uso da violência e da participação do país em conflitos armados. e) ( F ) O governo de Mussolini não recebeu apoio do povo italiano. Os fascistas governaram de 1922 a 1924, quando foram retirados do poder por uma revolução socialista. Hora de estudo © M us eu N ac io na l C en tro d e Ar te R ei na S of ia , M ad rid PICASSO, Pablo. Guernica. 1937. 1 óleo sobre tela, color., 349 cm × 776 cm. Museu Rainha Sofia, Madri. Durante a Guerra Civil Espanhola, Hitler, aliado de Francisco Franco, forneceu aviões, pilotos e bombas para a luta contra a Frente Popular. Em 26 de abril de 1937, a cidade de Guernica foi destruída pela Legião Condor. O pintor malaguenho Pablo Picasso, ao saber da notícia em Paris, produziu uma grandiosa tela, na qual retratou o horror vivido pelos habitantes de Guernica. O painel em estilo cubista acabou se tornando símbolo da destruição causada por todos os conflitos armados, sendo considerado por muitos como atemporal. Um traço forte do franquismo foi sua ligação com o catolicismo, entidade cujo apoio ao regime se dava de variadas formas. Em alguns momentos, ele era velado – com o simples posicionamento favorável a medidas anunciadas pelo governo franquista, mesmo que a doutrina católica em nada o embasasse. Em outros momen- tos,ele era aberto – por meio de discursos proferidos por suas autoridades, dando bênçãos ao regime franquista e, até mesmo, pela excomunhão de pessoas simpatizantes ao comunismo. 13 2. (ENEM) Os regimes totalitários da primeira me- tade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal. A atuação desses movimentos juvenis caracte- rizava-se: X a) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores ao regime. b) pelas propostas de conscientização da popu- lação acerca dos seus direitos como cidadãos. c) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos a seguir. d) pelo diálogo, ao organizar debates que opu- nham jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras. e) pelos métodos políticos populistas e pela or- ganização de comícios multitudinários. 3. Leia este fragmento: Com base no texto, analise as afirmativas a seguir. I. O nazifascismo rejeitou o Iluminismo e, consequentemente, repudiou a liberdade e o racionalismo. II. Os projetos de construção de novos Estados idealizados por Hitler e Mussolini pregavam a superioridade de grupos em relação aos demais integrantes da mesma sociedade. III. Tanto para o Führer como para o Duce, o fortalecimento de seus Estados passava pela ampliação territorial e pela destruição de seus inimigos internos e externos. De acordo com a análise, assinale a alternativa correta. X a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão erradas. d) Apenas as afirmativas I e III estão erradas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. 4. (ENEM) Ambos os regimes propuseram mitos nacionais ou raciais poderosos, que continham mensagens igualmente poderosas, positivas e negativas. Na visão de mundo dos nazistas e fascistas, o povo ou a raça estavam ameaçados por fortes inimigos internos e externos. Esses elementos incompatíveis teriam de ser, primeiro, excluídos da comunidade nacional e, depois, derrotados no exterior. Mussolini e Hitler tinham como objetivo reeducar suas respectivas sociedades, segundo um conjunto de valores inteiramente novo – o repúdio à tradição humanitária e racionalista do Iluminismo, em sua forma liberal e socialista. Em parte alguma fica mais evidente essa ruptura, do que nas questões de criação de uma nova comunidade e de uma política racial. [...] Ambos os regimes se valeram parcialmente da raça como instrumento para a concretização de um Estado totalitário. GRAND, Alexander J. de. Itália Fascista e Alemanha Nazista: o estilo “fascista” de governar. São Paulo: Madras, 2005. p. 25. As Brigadas Internacionais foram unida- des de combatentes formadas por voluntá- rios de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima- -se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo – incluindo 40 brasilei- ros – tenham se incorporado a essas uni- dades. Apesar de coordenadas pelos comu- nistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas. SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento). A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A pers- pectiva política comum que promoveu a mobi- lização descrita foi o(a) a) crítica ao stalinismo. X b) combate ao fascismo. c) rejeição ao federalismo. d) apoio ao corporativismo. e) adesão ao anarquismo. 14 Getúlio Vargas foi um político que chegou ao poder após liderar a Revolução de 1930. Ele permaneceu na presidência por 15 anos consecutivos. Pesquise algumas informações a respeito desse personagem histórico brasileiro e ano- te no caderno as informações coletadas. Vale perguntar aos parentes e amigos mais ve- lhos o que conhecem a respeito do chamado “pai dos pobres”. 6 Brasil: República Nova © W ik im ed ia C om m on s/ Cl ar o Ja ns so n Justificativa da seleção de conteúdos.1 Sugestão de abordagem da atividade.2 JANSSON, Claro. Comitiva de Getúlio Vargas durante sua passagem por Itararé a caminho do Rio de Janeiro. 1930. 1 fotografia, p&b. • Getúlio Vargas a caminho do Rio de Janeiro, após o fim da Revolução de 1930 15 Objetivos • Relacionar a crise da Política do Café com Leite à Revolução de 1930. • Reconhecer as principais características do Governo Provisório (1930-1934). • Analisar os fatores que levaram à Revolução Constitucionalista de 1932. • Compreender a importância do Código Eleitoral de 1932, destacando a participação das mu- lheres na política do período. • Reconhecer as principais características do Governo Constitucional (1934-1937). • Relacionar o Plano Cohen ao estabelecimento do Estado Novo (1937-1945). • Relacionar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial à renúncia de Getúlio Vargas em 1945. Neste capítulo, estudaremos uma nova fase da República brasileira que teve início em 1930 com uma revo- lução que colocou fim à Política do Café com Leite. Porém, antes de prosseguir nossos estudos, vamos relembrar alguns aspectos desse período. Os 15 anos que Getúlio Vargas permaneceu no poder foram denominados República Nova ou Era Vargas. Organize as ideias Como vamos iniciar o estudo de mais uma fase da história política brasileira, complete a linha do tempo a seguir. Orientação para a realização da atividade.3 Revolução de 1930 República Nova ou Era Vargas (1930-1945) Governo Provisório (1930-1934) Governo Constitucional ( 1934-1937 ) Governo Ditatorial ou Estado Novo (1937-1945) Emancipação política (1822) Império Brasileiro Primeiro Reinado (1822-1831) Período Regencial ( 1831-1840 ) Segundo Reinado (1840-1889) Primeira República Proclamação da República ( 1889 ) República dos Marechais ou da Espada (1889-1894) República do Café com Leite (1894- 1930 ) 9o. ano – Volume 216 Revolução de 1930 Em 1930, ocorreriam eleições para presidente no Brasil. De acordo com a Política dos Governadores, Washington Luís, representante político de São Paulo, teria de indicar um mineiro como seu sucessor. No entanto, a Crise de 1929 afetou de forma direta os paulistas. Estes ficaram temporariamente sem mercado consumidor para o café e sem a possibilidade de fazer empréstimos no exterior para a manutenção da política de valorização do produto. Temendo que um mineiro não priorizasse a questão do café, Washington Luís quebrou o pacto entre os dois estados e indicou como candidato Júlio Prestes, também do Partido Republicano Paulista. Revoltados com a quebra do acordo, os mineiros romperam com os paulistas e, aliados com políticos do Rio Grande do Sul, da Paraíba e opositores paulistas, formaram a Aliança Liberal. Esse novo partido propunha uma renovação na política nacional e defendia a instituição do voto secreto e do voto feminino, a regularização da legislação trabalhista e a anistia política, ponto que interessava espe- cialmente aos tenentistas. Para concorrer com Júlio Prestes, a oposição lançou o gaúcho Getúlio Vargas como candidato à presidência e o paraibano João Pessoa como vice. Nas eleições, Júlio Prestes foi o vencedor. Esse fato desagradou à opinião pública e levou os integrantes da Aliança Liberal a acusar fraude eleitoral. A situação ficou ainda mais tensa quando, em julho de 1930, João Pessoa, governador da Paraíba e candidato a vice-presidente pela Aliança Liberal, foi assassinado. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.4 Aprofundamento de conteúdo para o professor.6 © W ik im ed ia C om m ons/ Br as il No dia 3 de outubro, iniciaram-se levantes militares comandados pelos tenentes nos estados do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerais. O Rio de Janeiro logo aderiu ao movimento. Washington Luís, presidente ainda no poder, mas enfraquecido, foi deposto e um governo provisório foi formado. COMUNICADO do assassinato de João Pessoa. 26 jul. 1930. 1 telegrama. CPDOC. O assassinato de João Pessoa foi noticiado nos jornais e anunciado nas rádios de todo o país. O telegrama com a notícia foi enviado a Osvaldo Aranha, político integrante da Aliança Liberal. O crime teria ocorrido por questões pessoais, sem conotação política. Entretanto, os membros da Aliança Liberal utilizaram esse acontecimento para causar comoção nacional a favor de sua causa. Sugestão de análise da imagem.5 História 17 Governo provisório (1930-1934) O primeiro grande desafio de Getúlio Vargas foi a crise do café, nosso principal produto de exportação. Se antes estava sofrendo sucessivas quedas de preço no mercado internacional, esse produto passou a não valer quase nada. E para piorar ainda mais a situação, 73% das safras nacionais eram compradas pelos Estados Unidos, que viviam uma terrível recessão. A fim de solucionar a crise cafeeira, Vargas decretou a criação, em 1931, do Conselho Nacional do Café. Tal conselho determinou a compra do produto excedente e a queima de milhares de sacas com o objetivo de diminuir a quantidade de café e assim elevar o preço da saca. Getúlio Vargas ainda estimulou a policultura e a industrialização. Também no início do seu governo, em 1930, Vargas tentou conciliar interesses de diferentes grupos políticos: • os tenentes, representantes das classes médias urbanas, que o haviam apoiado no golpe; • os membros da oligarquia rural cafeeira, que havia sido destituída do poder, mas que controlava a atividade econômica mais importante do país. Getúlio Vargas ainda se preocupou com o operariado, um grupo que se consolidava no cenário político nacional. Nesse sentido, criou, em 1930, o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio. Esse órgão tinha como missão regulamentar a legislação trabalhista do país e, ao mesmo tempo, manter os trabalhadores sob o controle do Estado, evitando que seus protestos contribuíssem para desestabilizar o governo. Com o intuito de eliminar a oposição ao seu governo, destituiu os governadores estaduais e nomeou tenentes interventores que apoiavam a Revolução de 1930. Ao ser questionado a respeito da ilegitimidade de seu ato, Vargas respondeu que essa revolução não reconhecia direitos adquiridos. Getúlio Vargas, considerado o chefe civil do movimento, assumiu o controle do governo. Entre as suas pro- messas ao povo estavam: a reorganização da economia, fragilizada pela crise do café; a convocação de uma As- sembleia Constituinte; a realização de eleições para a escolha do novo presidente da República. Vargas acenava com uma permanência breve no poder apenas com o objetivo de organizar o novo governo. Aprofundamento de conteúdo para o professor.7 © Ac er vo Fu nd aç ão G et úl io V ar ga s SALÃO do Palácio do Catete, Rio de Janeiro. 1930. 1 fotografia, p&b. Getúlio Vargas, após chegar à capital federal do país, recebeu homenagens no palácio-sede do governo pela vitória no movimento promovido pela Aliança Liberal. Os interventores eram nomeados para a administração dos estados, em um cargo semelhante ao que conhecemos atualmente como governador. Entretanto, não eram eleitos pela população, mas pessoas da confiança do governo federal indicadas por este. 9o. ano – Volume 218 Leia o texto a seguir sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. O plano dos revolucionários era realizar um ataque fulminante sobre a capital da Re- pública, colocando o governo federal diante da necessidade de negociar ou capitular. Mas o plano falhou. Embora a “guerra paulista” despertasse muita simpatia na classe média carioca, ficou militarmente confinada ao ter- ritório de São Paulo. [...] Os revolucionários tentaram suprimir suas notórias deficiências em armamento e munições utilizando os recursos do parque industrial paulista. [...] Mas a superioridade militar dos governistas era evidente. Apesar do desequilíbrio de forças, a luta durou qua- se três meses, terminando com a rendição de São Paulo, em outubro de 1932. [...] O movimento trouxe consequências im- portantes. Embora vitorioso, o governo per- cebeu mais claramente a impossibilidade de ignorar a elite paulista. Dois anos após assumir provisoriamente o governo, Vargas ainda não havia dado sinais de que pretendia deixar o cargo. Grupos começaram a questionar a legitimidade de seu mandato, que, segundo eles, era incons- titucional, já que não havia sido eleito para o cargo. Revolução Constitucionalista de 1932 O principal foco da oposição getulista estava em São Paulo. O fato de Vargas ter nomeado um interventor militar e pernambucano para São Paulo, estado cafeeiro, aumentou o descontentamento dos paulistas. Organizados no Partido Democrático (PD) e no Partido Republicano Paulista (PRP), os paulistas exigiam um interventor “civil e paulista” para seu estado. Reivindicavam ainda a elaboração de uma nova Constituição para o país (a Carta de 1891 havia sido suspensa por Vargas em 1931). Buscando atender às reivindicações dos paulistas e evitar confrontos, Vargas nomeou como interventor o político paulista Pedro Toledo. Porém, as manifestações contrárias continuaram e, em 9 de julho de 1932, trans- formaram-se em luta armada contra o governo. Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.8 Interpretando documentos Levando em consideração o jogo político que dominava o Brasil durante a Revolução de 1932, responda: 1. Por que a Revolução de 1932 contra Getúlio Vargas foi denominada Constitucionalista? 2. O que levou São Paulo à derrota no movimento revolucionário diante das tropas federais? 3. Por que o texto afirma que Getúlio Vargas não poderia ignorar a elite paulista? © Ac er vo Fu nd aç ão G et úl io V ar ga s Observe no cartaz a sigla MMDC, que passou a representar o Movimento Constitucionalista. Ela foi formada pelas iniciais de quatro estudantes, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mortos em uma passeata em maio de 1932. FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2010. p. 191-192. CARTAZ que conclama os paulistas para a luta, com a frase: “Você tem um dever a cumprir. Consulte a sua consciência!”. [ca. 1932]. 1 cartaz. Acervo Fundação Getúlio Vargas, São Paulo. 11 História 19 Para a formação de um exército que pudesse fazer frente às tropas federais, os paulistas clamaram pela ade- são de todos os segmentos da população. Um desses segmentos foi a população negra do estado. Libertada da escravidão havia apenas 44 anos e formadora de grande parte da classe operária, ela foi conclamada a aderir às forças armadas paulistas. O governo de Vargas prometia conquistas e direitos aos trabalhadores brasileiros. Essas promessas deveriam ser bem vistas especialmente pela população negra, que, além das péssimas condições de trabalho e baixos salários comuns à grande maioria dos brasileiros, ainda era vítima da falta de qualificação profissional e de dis- criminação. Entretanto, apesar das promessas varguistas, cerca de 10 mil negros ingressaram na luta paulista e compuseram a Legião Negra. Cerca de 2 mil desses eram filiados à Frente Negra Brasileira (FNB), maior institui- ção do período que lutava por melhores condições para esse segmento da população. A Revolução Constitucionalista apressou a elaboração do Código Eleitoral de 1932, que estabeleceu novas regras para as eleições no Brasil. Entre as deliberações nele contidas estavam o estabelecimento do voto livre, secreto e direto e do voto feminino. Aprofundamento de conteúdo para o professor.9 Governo Constitucional (1934-1937) Fortalecido após a vitória sobre a Revolução Constitucionalista, Vargasseguiu como líder do governo. Em 1933, realizou eleições para a formação da Assembleia Constituinte e convocou eleições indiretas para a Presi- dência, nas quais foi eleito, dando início ao Governo Constitucional. Em 16 de julho de 1934, Vargas finalmente promulgou a Constituição de 1934. Esta garantiu o voto secreto e o voto feminino. Além disso, instituiu leis trabalhistas, como o estabelecimento da jornada de oito horas de trabalho, do descanso semanal remunerado, do salário mínimo, das férias remuneradas, da indenização em caso de demissão sem justa causa e da proibição do trabalho para menores de 14 anos. O estabelecimento das leis trabalhistas na Constituição não gerou mudanças imediatas na vida dos traba- lhadores, que continuavam insatisfeitos. Durante o Governo Constitucional, os problemas internos e a influência do nazifascismo e do socialismo acabaram por formar dois grupos políticos: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Renovadora Nacional (ANL). Aprofundamento de conteúdo para o professor. 10 Uma das maiores inovações do Código Eleitoral de 1932 foi a participação das mulheres na vida política por meio do direito ao voto. No Rio Grande do Norte, porém, as mulheres obtiveram esse direito antes, em 1927. Apesar das dificuldades impostas pela sociedade, algumas mulhe- res assumiram cargos políticos. Podemos citar Alzira Soriano, eleita prefeita de Lajes, no Rio Grande do Norte, em 1928. Ela foi a primei- ra mulher a assumir tal cargo na América Latina. Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher eleita deputada no país, participando dos trabalhos da Assembleia Constituinte em 1934. Ainda nesse ano, a professora Antonieta de Barros foi eleita a primeira deputada negra do Brasil, em Santa Catarina. Ainda que as mulheres tenham obtido o direito ao voto, é preciso lembrar que este era vetado aos analfabetos e, na década de 1930, o número de mulheres alfabetizadas ou que tinham acesso à escolarização era baixo. A participação feminina nas urnas ganhou maior expressividade a partir da década de 1970. © W ik im ed ia C om m on s/ Bi bl io te ca do C on gr es so , W as hi ng to n, D .C . BIÓLOGA Bertha Lutz. 1968. 1 fotografia, p&b. A bióloga Bertha Lutz foi um dos grandes nomes na luta por participação das mulheres na política brasileira. 9o. ano – Volume 220 © Ac er vo d a Re vi st a An au ê PROPAGANDA do Movimento Integralista. 1932. 1 cartaz. © Ac er vo d o Jo rn al A M an hã Intentona: ataque imprevisto; motim. LUÍS Carlos Prestes convocando a população para o Levante. 1 cartaz, p&b. Organize as ideias A respeito da Ação Integralista Brasileira (AIB) e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), analise as afirma- tivas a seguir e marque V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). ( V ) A AIB continha em seu programa político muitas semelhanças com o fascismo italiano de extrema direita. ( F ) A ANL, de linha socialista, era aliada de Getúlio Vargas. ( V ) A AIB tinha um programa político mais voltado aos interesses de Vargas, principalmente no que diz respeito ao anticomunismo. ( V ) A Intentona Comunista foi um movimento promovido em 1935 pelos integrantes da ANL com o objetivo de depor Vargas. ( V ) Plínio Salgado e Luís Carlos Prestes, apesar de integrarem movimentos diferentes, desejavam a ma- nutenção de Getúlio Vargas no poder. 11 Sugestão de atividades. Em março de 1936, Luís Carlos Prestes foi preso. Olga Benário, companheira de Prestes, foi entregue pelo governo de Vargas aos nazistas. Olga era judia e estava grávida quando foi levada para o campo de extermínio de Bernburg, em 1942. Os integralistas tinham por lema “Deus, pátria e família”. Em 1932, foi criada a Ação Integralista Brasileira (AIB), que se expandiu rapidamente por todo o país. Plínio Salgado, líder integralista, nutria uma grande admiração pelo fascismo italiano de Benito Mussolini. Os integra- listas defendiam um Estado autoritário de extrema direita, combatiam o liberalismo e o socialismo. Instituíram aos seus integrantes o uso de camisas verdes, o sigma (Σ) como símbolo do movimento e a saudação “Anauê!”. Em 1934, foi fundada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), cujo crescimento nos primeiros meses foi expressivo – em julho de 1934 já contava com cerca de 400 mil membros. O presidente de honra era Luís Carlos Prestes. Para Vargas, a organização dos grupos de esquerda representava uma ameaça a seu governo capitalista liberal. Buscando acabar com a oposição, declarou a ilegalidade da ANL, proibindo seu funcionamento. Membros radicais do partido iniciaram uma rebelião armada contra o governo de Vargas, que ficou conhe- cida como Intentona Comunista. Em poucas horas, ela foi reprimida pelo governo e seus principais represen- tantes foram presos. História 21 A Intentona Comunista, no entanto, acabou beneficiando Getúlio Vargas, pois deu a ele pretexto para decretar estado de sítio no país, sob a alegação de impedir uma revolução socialista como a que ocorreu na Rússia. Em 1937, deveriam ser realizadas eleições para a Presidência. Concorriam ao cargo Armando de Sales Oliveira, apoiado pela elite paulista, e José Américo de Almeida, apoiado por Vargas. Getúlio Vargas, que fingia apoiar a realização das eleições, não pretendia deixar o posto. Então, veio a público e anunciou a descoberta de um plano que desejava implantar no país o socialismo, aos moldes do que foi feito na Rússia. O denominado Plano Cohen, segundo Vargas e seus apoiadores, era uma ameaça à segurança nacio- nal que possibilitou o cancelamento das eleições e o fechamento do Congresso Nacional. Aparentemente o “plano” era uma fantasia, a ser publicada em um boletim da AIB, mostrando como seria uma insurreição comunista e como reagiriam os integralistas diante dela. A insurreição provocaria massacres, saques e depredações, desrespeito aos lares, incêndios de igrejas etc. O fato é que de obra de ficção o documento foi transformado em realidade; passando das mãos dos integra- listas à cúpula do Exército. A 30 de setembro era transmitido em programa oficial pelo rádio e publi- cado em parte nos jornais. Os efeitos da divulgação do Plano Cohen foram imediatos. Por maioria de votos, o Congresso aprovou às pressas o estado de guerra e a suspensão das garantias constitucionais por noventa dias. [...] Vargas anunciou uma nova fase política e a entrada em vigor de uma Carta constitucional elaborada por Francisco Campos. Era o início da ditadura do Estado Novo. O estado de sítio é uma situação de exceção, em que o chefe de Estado suspende os poderes Legislativo e Judi- ciário, de forma que o Poder Executivo concentre todos os poderes e o governo do país diante de uma ameaça. Benedito Carneiro Bastos Barreto, conhecido como Belmonte, foi um cartunista que produziu diversas charges a respeito da história política do Brasil, especialmente sobre o governo Vargas. Observe, a seguir, uma de suas obras. Interpretando documentos Aprofundamento de conteúdo para o professor e sugestão de abordagem da atividade.12 © Ac er vo Jo rn al Fo lh a da M an hã /B el m on te BELMONTE. História de um governo. Folha da Manhã, 22 jul. 1937. FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2010. p. 200. 9o. ano – Volume 222 Em 2 de dezembro de 1937, Getúlio Vargas decretou a dissolução de todos os partidos políticos. Iniciou-se assim, sob a forma de ditadura, uma nova fase em seu governo, denominada Estado Novo. Estado Novo (1937-1945) O Estado Novo começou oficialmente em 10 de novembro de 1937. Se até então o governo de Vargas mos- trava alguns sinais de sua predileção pelas ideias autoritárias e anticomunistas, elas foram adotadas de maneira inconfundível no Estado Novo. Essa fase do governo varguista assumiu clara inspiração dos governos fascista e nazista europeus, suspendendo os partidos políticos e sufocando os opositores. A Constituição de 1934 nãocombinava com o governo ditatorial implantado por Vargas. Foi então neces- sário elaborar uma nova carta constitucional que concentrasse mais poderes na figura do presidente. A Cons- tituição de 1937 foi outorgada, ou seja, elaborada sem representantes da população. Ficou conhecida como “Polaca” pela semelhança com a Constituição polonesa. Essa nova constituição previa punições como a pena de morte para quem cometesse crimes contra a ordem pública, ou seja, quem se manifestasse contrário às medidas do gover- no. Centralizava o poder político na figura de Vargas, diminuin- do o poder dos governos dos estados. O novo texto constitucional criou o regime de sindicato único, segundo o qual poderia existir apenas um sindicato de classe por região, e este deveria ser reconhecido pelo governo. Agentes do governo intervinham na direção desses sindica- tos, a fim de evitar greves, que foram proibidas constitucio- nalmente. Assim, os sindicatos deixaram de ser organizações a favor dos trabalhadores para se tornarem ferramentas do governo no controle das categorias profissionais. Para garantir o cumprimento das novas regras, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Ele era responsável por fiscalizar a atividade da imprensa, falada e es- crita, com o objetivo de censurar críticas a seu governo. Outra função era fazer propaganda de seu governo, a fim de criar uma imagem positiva de si mesmo perante a população. Um dos aspectos culturais mais importantes da década de 1930 foi a disseminação dos aparelhos de rádio. Tratava-se de uma forma cada vez mais popular de as pessoas buscarem informação e entretenimento. Tanto que as décadas seguintes, de 1940 e 1950, foram a “época de ouro” desse meio de comunicação, consagrando nomes de diferentes artistas e cantores. © Ac er vo Fu nd aç ão G et úl io V ar ga s Explique, em linhas gerais, a mensagem da caricatura em relação aos anos de 1930, 1932 e 1934. A caricatura de Belmonte faz um apanhado dos primeiros anos de governo Vargas. Em 1930, Getúlio parece feliz, pois foi o ano em que se realizaram a Revolução de 1930 e a tomada de poder por parte dele. Em 1932, ele é retratado de maneira contrariada, em referência à Revolução Constitucionalista. Depois disso, ele passou a ter um governo constitucional, com uma nova carta. Em 1934, Getúlio Vargas foi eleito pelo voto indireto para presidente. GETÚLIO Vargas comunica aos brasileiros a Constituição de 1937. 1937. 1 fotografia, p&b. História 23 O governo descobriu a importância do rádio como instrumento de acesso à população e, em 1937, Getúlio deixou claro seu propó- sito de instalar, em diversas cidades, receptores de rádio com alto- -falantes para os brasileiros acompanharem temas de interesse da nação. Nasceu o programa de propaganda política Hora do Brasil. [...] O crescimento da radiodifusão no Brasil foi acompanhado de perto pela imprensa escrita, pois ainda na década de 1930 surgi- ram algumas publicações especializadas em assuntos radiofônicos, como A Voz do Rádio. O novo aparelho despertava muita curiosidade e debates entre o público, em geral. As publicações alimentavam as discussões sobre o papel do rádio na sociedade, tais como: se o novo meio de comunicação deveria ter, ou não, obrigatoriedade de um caráter educativo. [...] STEIDL, James. Rádio da década de 1930. 1 fotografia. DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira: v. 3 – República. São Paulo: LeYa, 2017. p. 265. O programa de rádio Hora do Brasil era transmitido diariamente, com o intuito de relatar as ações do presi- dente em prol da nação. O programa foi apelidado como a “Hora do fala sozinho” ou a “Hora do silêncio” pelos opositores de Getúlio Vargas. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, fundada em 1936, atuou como importante meio de divulgação da política varguista. Sua programação era variada. Apresentava radionovelas, programas de auditório, que lançaram cantoras como Emilinha Borba, programas esportivos e noticiários, como o famoso Repórter Esso. Além do rádio como meio de propaganda do governo, Getúlio Vargas procurou incutir nas novas gerações o nacionalismo. Para a formação dos brasileiros, foi publicada e distribuída, durante o Estado Novo, uma cartilha para a alfabetização nas escolas brasileiras. Tanto a publicação da cartilha quanto as comemorações de datas cí- vicas, como o Dia do Trabalho, os desfiles, além da produção de filmes e documentários, tinham um objetivo claro. Este era o desenvolvimento do espírito do brasileiro trabalhador, ordeiro, saudável e cumpridor de seus deveres perante a pátria e a família. Durante o Estado Novo, o conceito de cidadão mudou. Cidadão passou a ser sinônimo de trabalhador, indivíduo útil à nação. O trabalho era o que dignificava o brasileiro e o tornava merecedor dos direitos civis e políticos. Segundo os idealizadores do Estado Novo, o Brasil carecia de justiça social e igualdade, devendo, portanto, ser uma democracia política. Dessa forma, o Estado tomava para si a tarefa de, por meio do trabalho e da diminuição das desigualdades sociais, construir o Estado democrático. Essa política de valorização do trabalho foi chamada de trabalhismo varguista. Ela atuou em duas direções: na concessão de benefícios aos tra- balhadores, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, e a criação do Ministério do Trabalho, e na propaganda que valorizava o traba- lho e o trabalhador. Tomando como prioridade o desenvolvimento econômico, Vargas adotou uma postura intervencionista, rea- lizando investimentos diretos, como a criação de uma série de empresas para fortalecer a indústria dos bens de produção. Foram construídas, assim, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce, a Hidrelétrica de Paulo Afonso, na Bahia, e a Fábrica Nacional de Motores (FNM). Essas medidas tinham como finali- dade incentivar a industrialização, o que acabou repercutindo em aumento do número de operários no país. © Ac er vo Fu nd aç ão G et úl io V ar ga s Aprofundamento de conteúdo para o professor.13 GETÚLIO Vargas: o amigo das crianças. 1 cartilha produzida pelo DIP. Capa. 1940. A publicação evidencia o esforço para associar Vargas a uma imagem pública favorável e “próxima ao povo”, mesmo mantendo a imprensa sob censura e governando de forma ditatorial. © Sh ut te rs to ck /J am es S te id l 9o. ano – Volume 224 © Ac er vo C om pa nh ia S id er úr gi ca N ac io na l ( CS N) TRABALHADORES da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) homenageiam Getúlio Vargas. [194-]. 1 fotografia, p&b. Getúlio Vargas foi considerado o “pai dos pobres” por conceder aos trabalhadores a CLT. 1. (UNCISAL) Conexões Organize as ideias O Bonde São Januário Composição: Wilson Batista e Ataulfo Alves Quem trabalha é quem tem razão Eu digo e não tenho medo de errar O Bonde São Januário Leva mais um operário: Sou eu que vou trabalhar Antigamente eu não tinha juízo Mas resolvi garantir meu futuro Vejam vocês: Sou feliz, vivo muito bem A boemia não dá camisa a ninguém Passe bem! ALVES, A.; BATISTA, W. O Bonde São Januário, 3 min, 17 seg. 1940. Disponível em: <http://letras.mus.br/wilson-batista/259906/>. Acesso em: 4 nov. 2015. A letra do samba “O Bonde São Januário” sofreu intervenção da censura durante o governo de Getúlio Vargas como parte de seu projeto de a) difusão da propaganda. X b) valorização do trabalho. c) qualificação dos artistas. d) regulação da informação. e) integração das ideologias. Sugestão de encaminhamento ao professor.14 Foi no início da década de 1940, durante o Estado Novo, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) propôs uma divisão do Brasil por regiões. A ideia era reunir os estados por afinidades sociais, econômi- cas, geográficas e espaciais. A divisão em cinco grandes regiões tinha a finalidade de facilitar a elaboração de políticas públicas (pensadas localmente) e viabilizar estudos e planejamentos urbanos.Além disso, objetivava facilitar a cobrança de impostos e permitir ao governo o conhecimento de aspectos sociais e econômicos des- sas regiões. Em tal divisão, o Brasil passava a ser composto das regiões Norte, Nordeste, Leste (hoje Sudeste), Centro- -Oeste e Sul. O Leste tinha duas subdivisões (Leste Setentrional e Meridional). Em 1945, essa divisão foi revista. História 25 O Brasil na Segunda Guerra Mundial O conflito mundial teve início em 1939 com a invasão da Polônia pelas tropas nazistas. Em 7 de dezembro de 1941, os japoneses, integrantes do Eixo, bombardearam a base naval estadunidense de Pearl Harbor, no Havaí. Esse episódio levou os Estados Unidos a lutar ao lado de Inglaterra, França e União Soviética. Como maior produtor mundial de alimentos, minérios em abundância, além de ter um vasto litoral voltado para o Atlântico Sul, o Brasil era um aliado importante para o grupo ao qual aderisse durante o conflito. As expectativas eram de que, se o Brasil entras- se na guerra, seria aliado da Alemanha. Entretan- to, o presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt ofereceu um grande empréstimo para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, o que mudou a postura brasileira na guerra. No início, o apoio do Brasil restringiu-se ao for- necimento de matérias-primas e à concessão de locais para a instalação de bases militares estadu- nidenses em Belém, Natal e Recife. Essa postura, entretanto, mudou com a entrada do Brasil no conflito em 1943, ao lado dos países aliados. Em 16 de julho de 1944, desembarcou em Ná- poles a Força Expedicionária Brasileira (FEB), comandada pelo general de divisão João Batista Mascarenhas de Morais. A Força Aérea Brasilei- ra (FAB) era comandada pelo tenente-coronel Nero Moura. A Marinha brasileira foi encarrega- da de patrulhar e proteger comboios aliados no Atlântico. A FEB obteve uma série de vitórias, consagran- do o espírito patriótico, criativo e destemido do pracinha brasileiro. Entre essas vitórias, podem ser citadas: Camaiore, Monte Prano, Monte Castelo, Montese, Collechio, Fornovo e Castelnuovo. No final de abril de 1945, a 148ª. Divisão de Infantaria alemã rendeu-se à invicta FEB. O envio de soldados brasileiros para combater na guerra ao lado dos países considerados demo- cráticos deu início a um questionamento interno sobre o governo de Vargas. Como Getúlio poderia enviar soldados para combater pela democracia en- quanto ele mesmo exercia um governo autoritário no país? Inúmeras campanhas contra seu governo e a favor da redemocratização começaram a ocorrer. Temendo ser destituído de seu cargo, Vargas deu início ao processo de redemocratização do Brasil. En- tre suas medidas, podemos citar: a formação de partidos políticos, a convocação de eleições presidenciais para 2 de dezembro de 1944, a libertação de vários prisioneiros políticos, entre eles Luís Carlos Prestes, e a © Ac er vo d o M us eu V irt ua l d a FE B SOLDADOS da FEB durante a Batalha de Monte Castelo, na Itália. 29 de nov. 1944. 1 fotografia, p&b. A Força Expedicionária Brasileira atuou na Europa durante o inverno. Ela sofreu com a neve e as baixas temperaturas. © Ac er vo Fo rç a Ex pe di ci on ár ia B ra sil ei ra - Ex ér ci to B ra sil ei ro ROTEIRO da FEB na campanha da Itália. 1 mapa, color. A FEB foi incorporada ao 5o. Regimento de Infantaria dos Estados Unidos com o objetivo de expulsar os alemães da Península Itálica. 9o. ano – Volume 226 desapropriação de empresas estrangeiras. Tais me- didas ajudaram a criar o Queremismo, movimen- to popular que pedia a permanência de Vargas no poder até as eleições. Outra parcela da população, ligada comercial- mente aos Estados Unidos, viu nessa atitude uma ameaça a seus interesses. Esse grupo, apoiado por integrantes do Exército brasileiro, exigiu a renúncia do presidente. Vargas renunciou e as eleições presidenciais foram realizadas. Eurico Gaspar Dutra, candidato pela coligação entre os partidos PSD e PTB, foi escolhido o novo presidente do Brasil. Getúlio Vargas foi eleito, nessa mesma ocasião, como se- nador pelo Rio Grande do Sul, cargo que ocupou a partir de 1945. © Ac er vo Ic on og ra ph ia QUEREMISMO. Rio de Janeiro. 1945. 1 fotografia, p&b. Manifestação pela permanência de Getúlio Vargas no poder. O nome do movimento, Queremismo, é proveniente do lema: “Queremos Getúlio”. Outras versões Getúlio Vargas era visto por muitas pessoas em seu tempo como o “pai dos pobres”. A historiadora Tania Regina de Luca, no entanto, afirma que o título não era merecido por ele. [...] desde o final do século XIX, o movimento operário lutou por melhores condições de vida e trabalho. Foi, entretanto, a partir dos anos 1917-1920, sob a pressão das grandes greves e mobilizações dos trabalhadores, que os debates a respeito do assunto entraram de fato para a agenda política, forçando empresários, legisladores e poder público a levarem em conta as suas demandas. O mercado de compra e venda de força de trabalho, até então funcionando sem qual- quer tipo de interferência, começou a ser regulado por preceitos jurídicos. Os empregadores, pouco interessados em enfrentar os embates, cada vez mais frequentes, com as organizações e as lideranças operárias não se opuseram frontalmente à intervenção estatal, mas tentaram, por todos os meios de que dispunham, influenciar o seu rumo. Nesse sentido, a noção de que a legislação previdenciária e trabalhista constitui-se numa criação da chamada Revolução de 1930, espécie de dádiva do governo Vargas que, antecipando-se à real existência de conflitos entre capital e traba- lho, empresariado e proletariado, teria, num gesto paternal, ofertado aos trabalhadores a proteção social, não resiste a uma análise mais cuidadosa. LUCA, Tania R. de. Indústria e trabalho na História do Brasil. São Paulo: Contexto, 2001. p. 51. De acordo com o texto, responda: 1. Getúlio Vargas era aclamado em seu tempo como “pai dos pobres”. Que motivos o levaram a ser deno- minado dessa forma? Atitudes como a criação do Ministério do Trabalho e a política paternalista que procurava difundir. História 27 A questão indígena na Era Vargas Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas estabeleceu uma política de integração nacional objetivando o crescimento econômico do país. Nesse plano, era necessário integrar todas as etnias e os povos que contribuíram para a formação da identidade nacional. Da mesma maneira, era relevante, de acordo com a política varguista, determinar e controlar todo o território brasileiro, especialmente as fronteiras. Dentro de todo esse contexto, em 1940 Getúlio Vargas realizou uma visita aos Karajá da Ilha do Bananal. Essa visita, documentada pelo DIP, tinha a finalidade de enaltecer a figura do indígena e inseri-lo no contexto social trabalhista. O programa Marcha para o Oeste foi criado com o objetivo de inserir as populações sertanejas e indígenas no contexto brasileiro, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Ele promoveu o enaltecimento dos indígenas como parte valorosa, guerreira e heroica de nossa população. Foi criado o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), dirigido pelo Marechal Cândido Rondon. Durante esse período, as comemorações do Dia do Índio (19 de abril), instituído em 1934, foram intensificadas. Museus e centros cultu- rais sobre as populações indígenas foram criados em diversas partes do país. É importante salientar que, por um lado, a política varguista valorizou os indígenas e os enalteceu. Contudo, por outro, obrigou-os a aderir ao projeto de integração sem levar em conta os desejos e a cultura desses povos. As questões de valorização da figura dos indígenas estiveram presentes na literatura ainda durante o século XIX. Nesse período, surgiu uma corrente que romantizou o indígena. Podemos citar como exemplo José de Alencar com a sua trilogia: O guarani, Iracema e Ubirajara. Na década de 1920, com a Semana de Arte Moderna em 1922,surgiu o movimento de valorização da cultura brasileira e de rejeição à cultura portuguesa. Podemos citar o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade. © Ac er vo L ui z S an to s J r. Aprofundamento para o professor.15 Getúlio Vargas foi o primeiro presidente a visitar um aldeamento indígena. Na fotografia, o presidente e um representante do grupo indígena trocam cumprimentos. 2. Segundo a autora do texto, esse título se sustentava? Justifique sua resposta. Segundo Tania Regina de Luca, a atribuição do título “pai dos pobres” a Getúlio Vargas passava a falsa impressão de que atitudes, como a criação do Ministério do Trabalho, partiam exclusivamente de seu interesse pela causa operária. Para a autora, na verdade, tratava-se de estratégias do presidente para acalmar o operariado urbano e torná-lo uma das bases de apoio a seu governo, evitando, assim, que se tornasse um problema, como havia acontecido com seus antecessores. 3. Os políticos de oposição a Getúlio Vargas costumavam comentar que ele era o “pai dos pobres” e a “mãe dos ricos”. Baseado no texto do capítulo, explique quais eram as ações que justificavam esse comentário. Getúlio Vargas era considerado o “pai dos pobres”, pois havia concedido alguns benefícios à classe trabalhadora, atitude que se revertia em apoio a seu governo. Por outro lado, valores altíssimos foram investidos em medidas que beneficiavam, principalmente, as elites, como a política de valorização do café, realizada ainda no início de seu governo. Nesse sentido, destaque que a frase continha em si uma ironia. 9o. ano – Volume 228 Hora de estudo 1. A respeito das eleições presidenciais de 1930, faça o que se pede. a) Por que o lançamento da candidatura de Jú- lio Prestes pelo presidente Washington Luís descontentou os mineiros? Porque, de acordo com a Política do Café com Leite, um mineiro deveria suceder o paulista Washington Luís. O lançamento de outro paulista descontentou de modo profundo os mineiros. b) Explique o motivo de o presidente brasileiro Washington Luís, representante dos cafeicul- tores paulistas, lançar outro paulista como candidato às eleições. 2. Numere os textos de acordo com as alternativas a seguir. ( 1 ) Governo Provisório (1930-1934) ( 2 ) Governo Constitucional (1934-1937) ( 3 ) Estado Novo (1937-1945) ( 3 ) Esse período teve início com a outorga da Constituição “Polaca”, claramente autori- tária. Nesse período, foram criados órgãos como o DIP, responsável pela censura à im- prensa e pelo fortalecimento da imagem do presidente por meio da propaganda oficial. A participação do Brasil na Segun- da Guerra Mundial foi decisiva para o fim dessa fase do governo de Vargas. ( 1 ) Iniciou-se com o processo revolucioná- rio. Durante essa fase, o presidente Vargas criou o Ministério do Trabalho, da Indús- tria e do Comércio e derrotou a Revolução Constitucionalista. ( 2 ) Nesse período, foi fundada a ANL, opo- sitora ao governo de Getúlio Vargas, que, sentindo-se ameaçado, decretou sua ile- galidade. Em resposta a essa atitude, os integrantes da ANL iniciaram uma revolta contra Vargas, rapidamente sufocada, de- nominada Intentona Comunista. 3. A respeito do Governo Provisório (1930-1932), responda: a) Qual foi o grande desafio econômico de Var- gas no período? Getúlio Vargas chegou ao poder com os efeitos da crise de 1929, que aqui foi denominada Crise de 1930. O café, nosso maior produto de exportação, não encon- trou compradores e o preço dele caiu fortemente. b) Quais foram as medidas adotadas por Var- gas para resolver a crise? Foi criado o Conselho Nacional do Café, que passou a re- gular o mercado do produto. Comprou milhares de sa- cas e as queimou para aumentar o preço, com a diminui- ção da oferta. Promoveu incentivo à indústria e à poli- cultura. 4. Sobre o trabalhismo varguista, analise as afirma- tivas a seguir. I. Foi a política de valorização do trabalhador adotada pelo Estado Novo. II. Pregava que o Brasil atingiria o desenvolvi- mento econômico apenas com o trabalho da população urbana. III. Tinha por objetivo o desenvolvimento do espírito do brasileiro trabalhador e cumpri- dor das determinações do governo. De acordo com a análise, assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão erradas. X d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. A Crise de 29 havia prejudicado grandemente o estado de São Paulo, produtor cafeeiro. Com a crise, os Estados Unidos, nosso maior comprador de café, deixaram de importar o produto gerador de maior riqueza para o Brasil. Assim, Washington Luís desejava primeiramente “acudir” a situação crítica de São Paulo indicando outro paulista para a Presidência da República. 29 de esquerda tentaram se opor ao seu enquadra- mento pelo Estado. Mas a tentativa fracassou. Além do governo, a própria base dessas organi- zações pressionou pela legalização. Vários benefí- cios, como as férias e a possibilidade de postular direitos perante as Juntas de Conciliação e Julga- mento, dependiam da condição de ser membro de sindicato reconhecido pelo governo. FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial do Estado, 2002 (adaptado). No contexto histórico retratado pelo texto, a relação entre governo e movimento sindical foi caracterizada a) pelas benesses sociais do getulismo. b) por um diálogo democraticamente constituído. c) por uma legislação construída consensualmente. d) pelo reconhecimento de diferentes ideologias políticas. X e) pela vinculação de direitos trabalhistas à tu- tela do Estado. 8. (ENEM) 5. (ENEM) A partir de 1942 e estendendo-se até o fi- nal do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmen- te, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inova- ções na legislação de proteção ao trabalho. GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ/Vértice. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado). Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para a) conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por seu esforço após anos de lutas sindicais. b) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples e de fá- cil entendimento. c) estimular os movimentos grevistas, que rei- vindicavam um aprofundamento dos direi- tos trabalhistas. X d) consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas. e) aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas pala- vras do ministro. 6. (FUVEST – SP) No “Manifesto Antropófago”, lançado em São Paulo, em 1928, lê-se: “Queremos a Re- volução Caraíba (...). A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem (...). Sem nós, a Europa não teria sequer a sua po- bre declaração dos direitos do homem.” Essas passagens expressam a: a) defesa de concepções artísticas do impres- sionismo. b) crítica aos princípios da Revolução Francesa. X c) valorização da cultura nacional. d) adesão à ideologia socialista. e) afinidade com a cultura norte-americana. 7. (ENEM) Nos primeiros anos do governo Vargas, as or- ganizações operárias sob controle das correntes Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da empolgação e envolvimento das “multidões” através das mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o significado das pa- lavras importa pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”. CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999. O controle sobre os meios de comunicação foi
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