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© Ar qu iv o Pú bl ic o do D ist rit o Fe de ra l 9o. ano Volume 3 ooo História Populismo e ditaduras na América Latina 2 9 10 11 12 Brasil: Populismo 14 Brasil: Golpe e Ditadura Civil-Militar 29 Descolonização da África e da Ásia 43 Livro do professor Livro didático Justificativa da seleção de conteúdos.1 Sugestão de abordagem da atividade.2 Você já estudou as ações populistas de Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Assim, que tal resgatar algumas das caraterísticas de um governo populista? Para isso, discuta com os colegas e anote no caderno as características relembradas. Ao longo do capítulo, vamos verificar por que Juan e Eva Perón foram considerados governantes populistas. Populismo e ditaduras na América Latina © Fo to ar en a/ Al am y/ KE YS TO NE P ic tu re s U SA 9 EVA e Juán Perón em campanha pela reeleição. 28 ago. 1951. 1 fotografia, p&b. As décadas de 1930 a 1970 foram bastante conturbadas para vários países da América Latina, que viram diversas mudanças em seus governos. Foi um período de avanços e retrocessos em todos os setores. Uma das pessoas que mais simbolizaram esse período foi Eva Perón, esposa do presidente argentino Juan Domingo Perón. Evita, como era conhecida, foi uma figura bastante popular na Argentina, e suas ações sintetizam muitas das características dos governos populistas. 2 Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.3 A América Latina não foi palco dos conflitos da Segunda Guerra Mundial, apesar do engajamento de alguns países no bloco dos Aliados ou do Eixo. Se comparados aos países europeus e asiáticos, os países latino-ameri- canos tiveram menor destaque nos confrontos da Guerra Fria. Isso não significa que esses acontecimentos não tenham influenciado a cultura, a política e a economia latino-americanas. Vale lembrar também que os eventos da Crise de 1929 se fizeram sentir sobre esses países. Assim, os problemas econômicos e as disputas ideológicas entre capitalismo e socialismo, aliados a fatores internos (como desemprego, crise econômica, etc.), contribuí- ram para a emergência de regimes de governo populistas e de ditaduras militares ao longo do século XX. Organize as ideias 1. (FGV – RJ) O período entre as duas grandes guerras mundiais, de 1918 a 1939, caracterizou-se por uma intensa polarização ideológica e política. Assinale a alternativa que apresenta somente elementos vin- culados a esse período: a) New Deal; Globalização; Guerra do Vietnã. b) Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim. X c) Guerra Civil Espanhola; Nazifascismo; Quebra da Bolsa de Nova York. d) Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis. e) Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução Sandinista. 2. A respeito da Era Vargas (1930-1945), analise as afirmações a seguir. I. Vargas chegou ao poder em 1930 prometendo eleições diretas para a presidência. Entretanto, gover- nou por quatro anos antes das eleições indiretas de 1934. II. Para angariar o apoio da população, Vargas nomeou cafeicultores paulistas para compor o seu ministério. III. Por meio da propaganda, Vargas difundiu as suas realizações, com o objetivo de ganhar apoiadores para a sua permanência no poder. De acordo com a análise, assinale a afirmativa correta. a) Todas as afirmações estão certas. b) Todas as afirmações estão erradas. c) Apenas as afirmações I e II estão certas. X d) Apenas as afirmações I e III estão certas. e) Apenas as afirmações II e III estão certas. • Relacionar os eventos mundiais do Período Entreguerras e pós-1945 com a história latino- -americana. • Conceituar "populismo". • Apresentar as principais mudanças e características dos governos populistas do México e da Argentina. • Indicar os pontos similares e as particularidades das ditaduras latino-americanas da segunda metade do século XX. • Explicar a importância da Revolução Cubana (1959) e sua relação com o imperialismo estadunidense. • Indicar os impactos da Revolução Cubana para a América Latina. Objetivos 3 Populismo Os países da América Latina por muito tempo viveram sob governos voltados para a sa- tisfação dos interesses das elites. Porém, entre as décadas de 1930 e 1970, passaram a ter governos voltados para a promoção das camadas populares, o “povo”. Por esse motivo, foram denominados governos populistas. De maneira geral, é possível dizer que essa mudança se deu com os efeitos da Crise de 1929 sobre a eco- nomia latino-americana, que ainda era voltada à agroexportação e pre- cisava se diversificar. Era necessário incentivar a industrialização e contar com a forte atuação do proletariado para isso. Característica importante do po- pulismo, presente em praticamente todos os países latino-americanos desse período, foi a emergência de lí- deres carismáticos. No Brasil, Getúlio Var- gas dizia governar em prol dos trabalhadores. Na Argentina, Perón e Evita prometiam um novo país para os "descamisados". O mesmo prometia Lázaro Cárdenas no México. Isso conferia a eles um aspecto paternalista em relação à parcela mais pobre da população, levando-os a serem idolatrados e respeita- dos pelas massas. Aprofundamento de conteúdo para o professor.4 p Os países da América Latina por muito tempo viver tisfação dos interesses das elites. Porém, entre as déca governos voltados para a promoção das camadas popu denominados governos populistas. t d dere gas dizia gove Argentina, Perón e Evi "descamisados". O mesmo p Isso conferia a eles um aspec mais pobre da população, levan d l Aprofundament4 Outras versões Para compreender melhor o fenômeno do populismo, serão analisadas algumas de suas principais carac- terísticas nos países em que se colocou com mais força na América Latina: México e Argentina. O populismo também se fez presente no Brasil, tema do próximo capítulo. Para alguns estudiosos do período, como Boris Fausto, em sua obra História do Brasil, e Maria Helena R. Capelato, em sua obra Multidões em cena: propaganda política no varguismo e no peronismo, esses governos populistas estavam, na verdade, a serviço das classes altas. O motivo é que concediam benefícios às classes mais baixas com o objetivo de mantê-las satisfeitas e disciplinadas. Assim, evitavam a eclosão de protestos sociais, como as greves, e consequentemente o prejuízo gerado por estes ao processo de industrialização e ao cresci- mento econômico do país. Reforça esse ponto de vista o fato de que, embora os trabalhadores pudessem se organizar em sindicatos, esses órgãos ficavam diretamente subordinados ao governo, que os controlava. Além disso, os grupos sociais urbanos que não estivessem satisfeitos com as medidas do governo eram submetidos à censura. Tal atitude reforça a ideia de que a intenção desses governos não era o diálogo com o povo, mas a manutenção da ordem social. RJ L ag es . 2 01 3. D ig ita l. 9o. ano – Volume 34 Populismo no México O principal nome do populismo mexicano foi Lázaro Cárdenas, que assumiu o poder em 1934, mantendo-se na presidência até 1940. Seu governo promoveu uma série de medidas que beneficiou a população mais pobre do país, algumas delas já previstas desde 1917 na Constituição, mas que nunca chegaram a ser implementadas de fato até então. Uma das ações mais importantes foi a realização da reforma agrária, responsável pela redistribuição das terras mexicanas em pequenas propriedades. O presidente também beneficiou o operariado urbano com a criação, em 1931, da Lei Federal do Trabalho, a qual garantia a concessão de direitos trabalhistas previstos desde a Constituição de 1917. Entre esses direitos estavam a jornada de trabalho de 8 horas diárias, o salário mínimo e o descanso semanal remunerado. Ademais, houve a limitação da contratação de mulheres e menores de 16 anos para trabalhos considerados insalubres, além do apoio ao direito de greve e o incentivo à sindicalização entre os operários. O governo de Cárdenas defendia a efetiva participaçãodo Estado na economia. Assim, ele nacionalizou a indústria petroleira e as ferrovias mexicanas. Todas essas medidas contribuíram para torná-lo bastante popular. É importante salientar que o presidente pro- moveu ainda a expansão do capitalismo no Mé- xico ao iniciar um programa de obras públicas e permitir investimentos de capital. Ele também realizou medidas voltadas para a industrialização, como a ampla concessão de empréstimos para os empresários e o fortalecimento do sistema finan- ceiro do país. Seu objetivo era atender à burgue- sia mexicana, que fazia oposição ao seu governo, criticando a forte intervenção na economia e o apoio às organizações trabalhistas. Essa mudança a favor da burguesia se deu principalmente a par- tir de 1938, quando as medidas que favoreciam os trabalhadores já tinham sido estabelecidas. Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 © Ge tty Im ag es /B et tm an n Ar ch iv e PRESIDENTE Lázaro Cárdenas discursa no Palácio Nacional. 25 mar. 1938. 1 fotografia, p&b. Cerca de 250 mil mexicanos saudaram o presidente após o anúncio da nacionalização das empresas de petróleo no país, em março de 1938. A medida foi tomada pelo governo depois que as empresas se negaram a melhorar o salário de seus funcionários. O governo se colocou ao lado dos trabalhadores, até que o impasse foi resolvido com a nacionalização das empresas, um ato pioneiro na América Latina. Várias das medidas tomadas pelo líder populista Lázaro Cárdenas no México não foram criações dele, já que estavam previstas na Constituição de 1917, elaborada durante a Revolução Mexicana. A revolução teve início em 1910 e foi promovida por líderes populares, como Emiliano Zapata e Francisco Villa, que lutaram contra o governo de Porfírio Dias. Este promoveu o aumento da concentração fundiária. As pressões internacionais impediram que as mudanças de cunho popular previstas na Constituição fossem efetuadas, o que levou o país a uma grande crise econômica, agravada ainda mais pela Crise de 1929. Populismo na Argentina A Argentina também viveu seu período populista. A crise econômica iniciada em 1929 levou a uma disputa pelo poder, a qual culminou com um golpe militar, em 1943. Desse governo, fazia parte Juan Domingo Perón, que até 1945 ocupou os cargos de ministro do Trabalho, ministro da Guerra e vice-presidente. História 5 Durante esse período, Perón tomou inúmeras medidas que beneficia- vam as classes trabalhadoras argentinas. Entre elas estavam o aumento dos salários, a reafirmação de leis trabalhistas e a criação de tribunais do trabalho, além de um vasto sistema de previdência social. Como ministro, Perón preocupou-se com a sindicalização dos trabalhadores e com o con- trole sobre essas instituições. Ele cuidou para que aquelas de caráter anar- quista ou socialista fossem desarticuladas e, em seu lugar, fossem criadas associações aliadas ao governo. A postura populista de Perón gerou a oposição da elite argentina, es- pecialmente dos grandes proprietários de terras e da burguesia, sendo estes, em 1945, os responsáveis por sua deposição e prisão. A população, no entanto, reagiu maciçamente contra a punição a Perón, que acabou sendo libertado. Nesse mesmo ano, ele concorreu ao cargo de presidente e foi eleito. Como presidente, Perón deu prosseguimento à sua política populista. Ele era simpático aos regimes autoritários de extrema direita da Europa, como o nazismo e o fascismo, e era abertamente contrário ao socialismo. Apesar disso, desejava um governo independente de influências exter- nas, classificado como um terceiro caminho político (a via terceirista). Perón também acelerou a reforma agrária e os investimentos na in- dústria (de alimentos, têxtil e de metalurgia; o país não investiu com tanta ênfase na indústria de base, como o Brasil de Vargas, por exemplo). Seu governo aplicou o que ele chamou de justicialismo, a ideia de que o Esta- do seria o único capaz de responder aos interesses da população. Em 1947, Perón deu início a uma onda de nacionalizações, na qual os transportes, a energia elétrica, as comunicações e as instituições financeiras foram seus principais alvos. Suas medidas, porém, não eram caracte- rizadas pelo planejamento e, em pouco tempo, a economia argentina entrou em crise. A oposição a seu governo se acirrou, o que o fez iniciar uma campanha de repressão a seus inimigos políti- cos. Para tanto, comprou estações de rádio e fechou jornais, na tentativa de cercear os meios de comunicação contrários, controlar o conteúdo do que chegava à população e valorizar o governo. Assim, conseguiu se ree- leger em 1951. Seu segundo mandato, no entanto, foi marcado pelo agravamento da crise econômica e pelos conflitos com instituições importantes, como a Igreja e o Exército, que até então o apoiavam. Como resultado, Perón foi destituído de seu cargo antes do fim do mandato, em 1955. © W ik im ed ia C om m on s/ M in ist er io d e Ed uc ac ió n, P re sid en ci a de la N ac ió n JUAN Perón com a faixa presidencial argentina. 1946. 1 fotografia, p&b. Logo após assumir o governo, Perón dissolveu o Partido Laborista para criar o Partido Peronista, o que demonstra a ênfase na sua figura. Aprofundamento de conteúdo para o professor.6 Aprofundamento de conteúdo para o professor.7 Uma figura muito importante do peronismo foi Eva Duarte. A atriz conheceu Perón quando ele ainda era ministro do trabalho, em 1944. Quando foi afastado do governo e preso, Eva liderou uma série de manifestações por sua libertação. Após a eleição, em 1945, os dois se casaram. Como primeira-dama, ela criou a Fundação Eva Perón, voltada à pro- moção da beneficência entre os mais pobres, o que reforçou sua popularidade diante dos “descamisados”, como ela se referia à população mais humilde. Eva, ou Evita, como era chamada, ainda teve grande destaque na política, fundando o Partido Peronista Feminino e influenciando a concessão do direito de voto às mulheres argentinas. A atriz foi eleita vice- -presidente de Perón. No entanto, um câncer no útero a vitimou quando ela tinha 33 anos, antes de assumir o cargo. © W ik im ed ia C om m on s/ Ar ch iv o gr áf ic o de la N ac ió n FOTO oficial de Eva Perón como primeira- -dama da Argentina. 1 fotografia, color. 9o. ano – Volume 36 1. Leia, a seguir, o que a historiadora Maria Ligia Prado afirma sobre o governo do líder populista Cárdenas, do México. Orientação para realização da atividade.8 Organize as ideias Cárdenas se pretendia o verdadeiro tradutor das massas mexicanas, defendendo sua participação no jogo político e entendendo como fundamental seu papel na sociedade. As massas – termo tão di- fuso – eram vistas por ele como motor do progresso de uma sociedade; de outro lado, era imprescin- dível a atuação da “classe capitalista”, responsável pelo crescimento da produção. Toda a sociedade, assim, devia cooperar para que se atingisse o progresso do México, meta ideal do cardenismo. Ao Estado cabia o importante papel de conciliador social, já que apenas o Estado possuía um interesse geral e podia subordinar os interesses privados às necessidades do progresso do país. PRADO, Maria L. O populismo na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 33. Com base no fragmento e em seus estudos sobre o populismo, responda: a) Quais grupos sociais podem ser enquadrados no conceito de “massas” citado pela autora? Considerando que Cárdenas fez uma série de medidas que beneficiava a classe trabalhadora, maioria da população mexicana, o termo “massas” pode ser entendido como uma referência aos trabalhadores e suas famílias. O termo “massas”, portanto, pode ser compreendido como a população pobre beneficiada pela concessão de direitos trabalhistas de Cárdenas. b) De acordo com o fragmento, que papel Cárdenas atribuía aos capitalistas na sociedade mexicana? Para ele, os capitalistas eram responsáveis por promover o crescimento da produção, indispensável aodesenvolvimento do país. c) Qual é o papel do governo de Cárdenas em relação aos interesses da “massa” e da classe capitalista? O Estado deveria atuar como conciliador entre as duas classes, evitando que o conflito entre elas barrasse o crescimento do país. Dessa forma, era importante atender aos interesses de ambas e, sobretudo, manter a “massa” favorável à ação do governo. 2. Explique os motivos que levaram Juan Domingo e Eva Perón a serem considerados líderes populistas. Juan Domingo e Eva Perón são considerados líderes populistas porque, em seus governos, ele como presidente e ela como primeira- -dama, foram implantadas medidas que eram do agrado das populações mais humildes, sem, entretanto, se afastarem muito dos grupos mais abastados do país. Fizeram grande uso das suas imagens para obter o apoio popular, ação característica dos líderes populistas. conciliador: que concilia, faz partes contrárias entrarem em acordo. Além de Cárdenas e Perón, a América Latina conheceu, durante as décadas de 1930 a 1970, vários governos de caráter populista. São exemplos: na Bolívia, durante as décadas de 1950 e 1960, os de Victor Paz Estensoro e Hernán Siles; no Equador, entre as décadas de 1930 e 1970, o de José Maria Velasco Ibarra; no Brasil, duran- te as décadas de 1930 a 1950, o de Getúlio Vargas. A repressão à oposição e a existência de um líder forte e carismático, por exemplo, já anunciavam algumas das principais características dos regimes ditatoriais que se estabeleceram em vários países latino-americanos nas décadas de 1960 e 1970. História 7 Ditaduras Na segunda metade do século XX, diversas ditaduras foram estabelecidas nos países latino-americanos. Tal situação se deu com a junção de fatores externos e internos. Internacionalmente, o mundo vivia os efeitos da Guerra Fria e os Estados Unidos sentiam a necessidade cada vez maior de garantir a manutenção do capitalis- mo no continente americano. A eclosão da Revolução Cubana (que estudaremos a seguir), em 1959, com o eventual alinhamento dos cubanos ao governo soviético, foi outro fator que levou os Estados Unidos a apoiar ditaduras que garantissem a manutenção da ordem capitalista na América. Em geral, os governos ditatoriais eram contrários ao socialismo. Ao mesmo tempo, havia interesse de grupos sociais e instituições – capitalistas, camadas altas e médias dessas sociedades e Igreja – em apoiar os governos ditatoriais. O intuito era garantir estabilidade econômica e segurança contra agitações sociais. Embora guardassem suas particularidades, podemos afirmar que, de forma geral, essas ditaduras foram marcadas por algumas características comuns. Entre elas, o cerceamento dos direitos políticos e individuais, a ampla utilização da força pelo Estado contra a sociedade e o fortalecimento do Poder Executivo. Ditadura na Argentina Desde o final do governo de Perón, em 1955, a Argentina passava por uma séria crise econô- mica e política. Por diversas vezes, os militares intervieram na política do país, sob o pretexto de derrubar governos incapazes de resolver a crise e repelir a ação de grupos socialistas que supostamente pretendiam tomar o poder. Nesse contexto, Perón foi reeleito para a presidência, assumindo o cargo em 1973. Seu falecimento no ano seguinte levou sua segunda esposa e vice- -presidente, Isabel Perón, a assumir o cargo. Rejeitada pelos argentinos, ela foi deposta, em 1976, por um golpe militar que implantou no país uma ditadura, sob o comando do chefe do exército, Jorge Rafael Videla. Uma das pri- meiras medidas de Videla foi decretar estado de sítio, suspendendo, de maneira provisória, todos os direitos civis. Na prática, isso permitia a ele agir livremente na repressão aos inimigos do regime, em especial socialistas e peronistas. Jorge Rafael Videla governou a Argentina até 1981, quando foi afastado do cargo. A presidência foi assumida pelo general Roberto Eduardo Viola. Durante seu governo, a Argentina se envolveu em uma guerra contra a Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas, arquipélago localizado no Atlântico Sul e que, desde 1833, estava sob poder dos britânicos. Os argentinos perderam o conflito e o apoio dos Estados Unidos, o que acirrou a opinião pública contra a manutenção do regime militar. Essa situação enfraqueceu a ditadura, e eleições democráticas para eleger o próximo presidente foram convocadas. Em 1983, o regime democrático foi restabelecido no país. Videla foi julgado e, em 2010, condenado à prisão perpétua por crimes contra os direitos humanos, perdendo sua patente militar. Diferentemente de outros governos ditatoriais, na Argentina os militares não promoveram profundas mu- danças ou projetos econômicos de longo prazo. O destaque ficou para a repressão e a “restituição da ordem”: cerca de 30 mil pessoas morreram, sendo esta uma das ditaduras mais violentas da América Latina (tal qual a chilena). Os métodos de repressão eram extremamente cruéis e envolviam prisão arbitrária de suspeitos, Aprofundamento de conteúdo para o professor.9 © Ge tty Im ag es /K ey st on e/ St af f FRENTE da Casa Rosada, sede do governo argentino, sob controle militar após o golpe que depôs Isabel Perón em 1976. 1 fotografia, p&b. Aprofundamento de conteúdo para o professor.10 9o. ano – Volume 38 desaparecimento de pessoas, interrogatório marcado por torturas físicas e psicológicas, em geral seguidas de assassinato. A esquerda foi desarticulada de modo gradativo no país. Tudo isso, porém, era feito de maneira “discreta” e sem alardes. Dessa forma, aparentava-se normalidade – o que permitiu, por exemplo, a realização da Copa do Mundo no país, em 1978. Pesquisa A imagem ao lado retrata uma das várias manifestações promovidas pelas Mães da Praça de Maio, organização sur- gida em virtude dos abusos cometidos pelo regime militar na Argentina. Faça uma pesquisa sobre as Mães da Praça de Maio. Depois registre, no caderno, os itens a seguir: • período de fundação do movimento; • origens do movimento; • justificativa para a denominação do movimento; • principal reivindicação; • repercussão do movimento em outros países; • resultados obtidos. Ditadura no Chile Na Argentina, a deflagração da ditadura se deu apenas pela ameaça socialista. Ao contrário, no Chile, a elei- ção de Salvador Allende para o cargo de presidente da República, em 1970, marcou a vitória democrática do projeto socialista no país. Ao assumir o governo, algumas das principais medidas tomadas por Allende foram o aumento dos salários, a aceleração da reforma agrária e a nacionalização de setores de base da economia, como a mineração. A postura esquerdista do presidente chileno atraiu a antipatia do governo estadunidense, que, no contexto da Guerra Fria, apoiou a direita, que defendia o fim do governo socialista no Chile. Além disso, alguns grupos de esquerda foram gradativamente retirando o apoio ao governo de Allende, por acreditarem que as medidas tomadas por ele eram muito brandas e não conseguiriam efetivar a implantação do socialismo. A pressão con- trária a Allende tornou-se muito forte, o que levou, em 1973, ao fim de seu governo. © Gl ow Im ag es /ip A rc hi ve MANIFESTAÇÃO das Mães da Praça de Maio, em Buenos Aires. 1 fotografia, p&b.Aprofundamento de conteúdo para o professor.11 © Gl ow Im ag es /A P Ph ot os A tomada de poder por parte da Ditadura Militar no Chile foi uma das mais violentas da América Latina. Isso pode ser observado nesta imagem, a qual retrata o bombardeio do La Moneda, edifício-sede do governo (na cidade de Santiago), no qual estava Salvador Allende, que, segundo a versão oficial dos fatos, teria cometido suicídio na ocasião. A ofensiva militar foi comandada pelo general Augusto Pinochet, apoiado econômica e militarmente pelos Estados Unidos, que reagiram com extrema violência à possibilidade do estabelecimento de um regime socialista na América do Sul. BOMBARDEIO do La Moneda. 11 set. 1973. 1 fotografia, p&b. Bibliotecado Congresso Nacional do Chile, Santiago. História 9 O ataque à sede do governo e a morte de Allende garantiam abertura para a instalação de um governo militar de direita, comandado pelo general Augusto Pinochet. Tal governo foi marcado pela perseguição aos ini- migos políticos e pela suspensão dos direitos civis. Entre sequestrados, torturados, presos e assassinados, foram mais de 40 mil vítimas. Economicamente, evidenciou-se seu alinhamento aos Estados Unidos, que auxiliaram na reorganização econômica do país e no expurgo das medidas de esquerda implantadas por seus antecesso- res. Leia este texto. [...] reduziu drasticamente a influência do Estado na economia, realizando privatizações em massa; abriu o mercado nacional ao comércio exterior, forçando o sistema produtivo local à competitividade ou ao desaparecimento; liberalizou o mercado financeiro e desregulamentou o trabalhista; eliminou o controle sobre os preços e incentivou as exportações e a sua diversificação [...] O balanço? Os críticos destacam os custos sociais, que foram enormes. ZANATTA, Loris. Uma breve história da América Latina. São Paulo: Cultrix, 2017. p. 210. O governo de Pinochet estendeu-se até 1988, quando mudanças no cenário mundial, assinaladas pelo final da Guerra Fria, obrigaram-no a realizar um plebiscito sobre sua permanência no poder. Esta foi repudiada pelos chilenos. Após o final de seu governo, Pinochet foi processado por inúmeros crimes contra os direitos civis, além de ser acusado de enriquecimento ilícito durante o período em que foi presidente. Para livrar-se dos julgamentos e das punições, o ex-ditador alegou sofrer de problemas de saúde, conseguindo, dessa forma, evitar a prisão até a sua morte, que ocorreu em 2006. Ditaduras no Uruguai, na Bolívia e no Paraguai O Uruguai enfrentava problemas econômicos desde meados da década de 1950, o que motivou o surgi- mento de vários grupos de esquerda, contrários ao governo estabelecido. Entre estes, destacou-se o Tupamaro, o qual empreendeu uma guerrilha urbana contra o governo, realizando assaltos a bancos e distribuição de dinheiro aos pobres. Alegando a necessidade de combater a ameaça socialista representada pela ação desses grupos, o presi- dente Juan María Bordaberry deu um golpe de Estado em 1973. Ele fechou o Congresso e o Senado e impôs uma série de medidas restritivas à população. Até o ano de 1985, quando se encerrou o regime militar no país, exerceram o cargo de presidente os militares Alberto Demicheli e Aparício Mendes. Aprofundamento de conteúdo para o professor.12 LEBRATO, Carlos. Protesto realizado em Montevidéu, capital do Uruguai. 2016. 1 fotografia, color. • Manifestantes exigem infor- mações sobre as pessoas desaparecidas durante o período ditatorial © Ge tty Im ag es /A na do lu A ge nc y/ Ca rlo s L eb ra to 9o. ano – Volume 310 Sugestão de abordagem do conteúdo.13 PRADO, Maria L.; PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 188. Com base na leitura do texto, discuta com os colegas a respeito: • das formas diferentes de resistência que surgiram após o estabelecimento dos governos ditatoriais na Amé- rica Latina; • de como a música, a literatura, o cinema e outras formas de expressão artística podem ajudar na conscien- tização da necessidade de mudanças na sociedade. Operação Condor Como vimos, em meados da década de 1970, grande número de países latino-americanos estava sob poder de governos militares. A simultaneidade do estabelecimento desses regimes, no entanto, não pode ser considerada coincidência; deve, antes, ser entendida como produto do momento histórico pelo qual o mundo passava, marcado pela Guerra Fria. Inseridos nesse contexto, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Brasil uniram-se em uma aliança. O objetivo deles era garantir apoio mútuo na perseguição aos inimigos do regime, fornecendo informações sobre exilados políticos e depor- tando-os aos países de origem ou, simplesmente, eliminando-os. Essa aliança foi chamada de Condor, em homenagem à ave-símbolo do Chile, país em que a operação foi oficializada. Esta contava com apoio da CIA, a Agência de Inteligência dos Estados Unidos. Orientação para a realização da atividade e gabarito.14 Troca de ideias Além dos movimentos de luta armada e das reivindicações de grupos como o das Mães da Praça de Maio, na Argentina, nesse período de ditaduras os movimentos culturais também floresceram na América Latina. Ora expressavam a história dos países latino-americanos, ora questionavam os rumos de seus governos. Leia o texto a seguir para saber mais sobre o assunto. No ambiente da Guerra Fria e da emergência dos regimes autoritários em diferentes países da América Latina, músicos e escritores, entre outros artistas, produziram obras de extraordiná- ria repercussão e qualidade por meio das quais expressavam posições críticas concernentes aos problemas políticos e sociais de seus países. Em muitas dessas manifestações, ganhou corpo uma perspectiva transnacional, latino-americanista, ao sublinhar as mazelas comuns aos diferentes países e a importância de afirmações identitárias unificadoras. transnacional: que ultrapassa os limites de um país ou uma nacionalidade; o que é comum a muitos países. mazelas: problemas, males. identitárias: relativas à identidade. Na Bolívia, a Ditadura Militar se estendeu de 1964 a 1982, período em que vários governantes se revezaram no poder. Sob o governo de Hugo Banzer, a partir de 1973, os bolivianos viram-se destituídos de direitos civis. O movimento trabalhista também foi sufocado e os partidos políticos de oposição foram banidos. Economica- mente, o país apresentou certo desenvolvimento na década de 1970, em especial em decorrência das exporta- ções de petróleo. No entanto, passou por um período de crise na década seguinte. O Paraguai, por sua vez, também esteve sob um dos mais longos regimes militares latino-americanos, de 1954 até 1989. Durante todo esse período, o poder esteve nas mãos de um único presidente, o general Alfredo Stroessner, que se elegeu para sete mandatos consecutivos. Seu governo contava com uma ampla rede de agentes secretos e de repressão. História 11 Revolução Cubana A América Latina, que sempre esteve sob o jugo imperialista dos Estados Unidos, observou essa dominação aumentar após o início da Guerra Fria. Para compreender o contexto em que se desenvolveu a Revolução Cuba- na, iniciada em 1959, é importante relembrar que a ilha de Cuba foi colonizada pelos espanhóis, dos quais conseguiu sua emancipação política em 1898. Tão logo ocorreu a emancipação política, Cuba sofreu intervenções dos Estados Unidos em sua política e economia. Por meio da Doutrina Monroe, os estadunidenses reconheceram a independência cubana. Po- rém, esse reconhecimento favoreceu a intromissão dos Estados Unidos nas questões internas do novo país. Para os cubanos, a situação era ainda mais grave porque, em sua constituição, foi inserida a Emenda Platt, que autorizava a interferência estadunidense em Cuba sempre que fosse conveniente para os dois países. Durante o governo de Fulgencio Batista (1933 a 1940 e 1952 a 1959), a desigualdade social e a exploração das classes trabalhadoras aumentaram. O ditador era considerado um agente dos interesses estadunidenses na ilha, pois as usinas produtoras de açúcar, os transportes e a eletricidade estavam nas mãos de investidores estrangeiros. Fidel Castro e seus companheiros planejaram um golpe para a derrubada de Fulgencio Batista e o estabe- lecimento de um governo voltado para os interesses do povo cubano. O golpe ocorreu no dia 26 de julho de 1954 com o objetivo de tomar o Quartel de Moncada. Porém, ele não foi bem-sucedido e seus líderes foram presos. Os revolucionários foram exilados no México, onde organizaram o M-26-7 (ou Movimento 26 de Julho), tendo como um dos integrantes o médico argentino Ernesto “Che” Guevara. Em 1959, os revolucionários conseguiramto- mar o poder, depois de atuar no país desde 1956, conquistando o apoio da população. Fulgencio fugiu do país, e os revolucionários assumiram o poder. A reforma agrária e a nacionalização de em- presas e bancos estadunidenses foram algumas das medidas adotadas pelo governo instituído. Em 1961, cubanos exilados nos Estados Uni- dos tentaram frear a revolução. Nesse mesmo ano, Cuba se declarou socialista, alinhando-se à URSS em busca de apoio. O estabelecimento de um inimigo tão próximo a seu território levou os Estados Unidos a organizar medidas de retaliação. A primeira delas ficou conhecida como a invasão da Baía dos Porcos, quando, a mando do presidente John Kennedy, em abril de 1961, o Exército estadunidense invadiu Cuba e tentou depor o governo de Fidel Castro, sem sucesso. Em 1962, a Crise dos Mísseis esquentou as relações entre Cuba e Estados Unidos. Ela ocorreu quando espiões estadunidenses detectaram a instalação de mísseis nucleares soviéticos no território cubano, os quais pode- riam atingir o território estadunidense. Após uma série de negociações, os soviéticos concordaram em retirar os mísseis, evitando assim o conflito direto com os Estados Unidos. As relações entre Cuba e Estados Unidos, no entanto, nunca mais retornaram à normalidade, sobretudo em virtude do bloqueio econômico decretado pelos Estados Unidos. Tal bloqueio impede, desde 1962, a entrada de produtos provenientes de países do bloco capitalista na ilha. Durante o governo de Barack Obama (2009-2017), houve uma aproximação entre os dois governos. Porém, sob a administração de Donald Trump, os Estados Unidos voltaram a assumir uma postura intransigente no que se refere a Cuba. Aprofundamento de conteúdo para o professor. 15 © Ge tty Im ag es /B et tm an n Ar ch iv e Líderes do Movimento 26 de Julho que acabaram com o governo de Fulgencio Batista e implantaram um governo socialista em Cuba. No centro, estão Fidel Castro (segundo da esquerda para a direita) e Che Guevara. A chamada Doutrina Monroe foi colocada em prática pelo pre- sidente James Monroe em 1823, por meio da qual prometia auxí- lio às colônias latino-americanas contra as metrópoles europeias. 9o. ano – Volume 312 Hora de estudo 1. A respeito do populismo, faça o que se pede. a) Conceitue "populismo". b) Cite algumas características de um líder populista. c) Apresente a contradição que alguns autores apontam quanto aos governos populistas. 2. Sobre o populismo na América Latina, analise as afirmativas a seguir. I. Foi um fenômeno que atingiu vários países durante as décadas de 1930 a 1970. II. Os líderes populistas procuraram realizar obras que trouxessem benefícios para as massas trabalhadoras. III. No contexto de Guerra Fria, os Estados Uni- dos apoiaram os líderes de direita na Améri- ca Latina com o objetivo de evitar a ameaça socialista. De acordo com a análise, assinale a alternativa correta. X a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão certas. d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. 3. Leia as afirmativas a seguir acerca das ditaduras latino-americanas da segunda metade do século XX e classifique-as em V para a(s) verdadeira(s) ou F para a(s) falsa(s). ( V ) Ao contrário de outros governos, que se- guiram um caráter econômico interven- cionista, o governo chileno buscou afastar- -se de tal postura. ( V ) Enquanto países como a Bolívia apresen- taram certo crescimento econômico, a Argentina não se desenvolveu economica- mente sob o regime militar. ( V ) Os governantes ditatoriais latino-americanos sentiam-se ameaçados por grupos que dese- javam o restabelecimento da democracia. ( F ) A resistência aos governos ditatoriais se deu por meio da via legal, ou seja, por meio da imprensa e de organizações em defesa dos direitos humanos, sendo por isso atendidos. Gabarito. 16 4. (ENEM) A Operação Condor está diretamente vin- culada às experiências históricas das ditaduras civil-militares que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior medida) com base na Dou- trina de Segurança Nacional e tendo como principais características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel político das Forças Ar- madas e a definição de fronteiras ideológicas. PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de segurança nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: Corag, 2009 (adaptado). Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar a a) modificação de limites territoriais. b) sobrevivência de oficiais exilados. c) interferência de potências mundiais. X d) repressão de ativistas oposicionistas. e) implantação de governos nacionalistas. 5. A Revolução Cubana foi um evento marcante na história da América Latina no século XX. Re- lacione esse movimento revolucionário ao Im- perialismo e à Guerra Fria. A Ilha de Cuba foi palco da exploração imperialista estaduni- dense desde o momento em que promoveu a emancipação política em relação à Espanha em 1898. A Doutrina Monroe e a Emenda Platt podem ser apontadas como instrumentos dessa ação imperialista. No contexto da Guerra Fria, os cuba- nos derrubaram um governo e, pouco depois, alinharam-se aos soviéticos, concretizando o medo da presença socialista no continente americano. Com isso, estabeleceu-se grande tensão com os estadunidenses, ao mesmo tempo em que levou os Estados Unidos a apoiar governos ditatoriais em di- versos países do continente, a fim de garantir a influência e a vigência do capitalismo na região. 13 © Sh ut te rs to ck /M M _p ho to s Neste capítulo, vamos estudar a respeito da construção de Brasília, inaugurada em 1960, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek. E a fim de facilitar esse estudo, pesquise as respostas para as perguntas a seguir. • Qual era a capital do Brasil até então? • Onde Brasília se localiza? Por que esse foi o local escolhido? • O que levou o presidente a construir uma nova capital para o país? Brasil: Populismo 10 Justificativa da seleção de conteúdos.1 GAUTHEROUT, M arcel. Cúpula da C âmara dos Deputa dos com os ministérios ao f undo, Brasília. 195 9. 1 fotografia, p& b. Arquivo Público do Distrit o Federal, Brasília. Aprofundamento de conteúdo para o professor.2 © Ar qu iv o Pú bl ic o do D ist rit o Fe de ra l JUSCELINO Kubitschek e João Goulart na inauguração de Brasília. 21 abr. 1960. 1 fotografia, p&b. Arquivo Público do Distrito Federal, Brasília. No dia seguinte da inauguração, passeei sozinho pela Praça dos Três Poderes. Lembrei- -me da primeira vez que visitara o Planalto. Uma cidade havia sido construída ali, num ritmo que fora julgado impossível. O Brasil ganhava uma nova capital e dava ao mundo um exemplo de trabalho e confiança no futuro. Juscelino Kubitschek KUBITSCHEK apud PATRIMÔNIO mundial no Brasil. Brasília: Unesco, 2004. p. 203. © M ar ce l G au th er ot /A ce rv o In st itu to M or ei ra S al le s 14 Objetivos • Resgatar a conjuntura do final do Estado Novo e da renúncia de Getúlio Vargas. • Descrever as características do populismo brasileiro, ocorrido entre as décadas de 1940 e 1960. • Identificar as principais características dos governos de Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. • Analisar a cultura e a sociedade brasileiras nos anos do Populismo. • Relacionar a política de ocupação e integração do território às ações indigenistas do período. Diversos países da América Latina passaram por experiências populistas, e o mesmose deu com o Brasil. O fim da Era Vargas em 1945 marcou o início de uma nova fase na história política nacional, com a sucessão de presidentes que adotaram medidas populistas como estratégia para se manterem no poder. Os governos que vão de 1946 a 1964 apresentaram inúmeras diferenças entre si, sobretudo a postura ado- tada em relação à economia e ao alinhamento aos blocos econômicos que se formaram durante a Guerra Fria. Sugestão de retomada de conteúdos anteriormente estudados.3 Organize as ideias 1. Relembre os momentos políticos vividos pelo Brasil a partir de 1930 completando a linha do tempo com os dados que faltam. Constituição de 1934 • Estabeleceu o voto secreto e feminino . • Determinou que a primeira eleição presidencial ocorreria de foma indireta . • Estabeleceu as leis trabalhistas. Constituição de 1937 • Foi outorgada (imposta à população). • Recebeu o apelido de “A Polaca” . • Estabeleceu a pena de morte . Alinhamento com os Estados Unidos No contexto da Guerra Fria, era vital para os Estados Unidos que todo o continente americano estivesse sob sua influência. Com esse objetivo, os estadunidenses firmaram uma série de alianças e acordos econômicos e militares com os países latino-americanos. 2. Sobre o histórico do voto feminino, analise a linha do tempo no material de apoio. Revolução de 1930 Era Vargas Governo Provisório (1930- 1934 ) Governo Constitucional ( 1934 -1937) Governo Ditatorial ou Estado Novo (1937- 1945 ) 15 Esses acordos, em tese, deveriam beneficiar os dois lados: para os países latino-americanos, representavam empréstimos que poderiam viabilizar o desenvolvimento industrial, sobretudo da indústria de base; para os Estados Unidos, o recebimento de juros pelos empréstimos e a possibilidade de instalar em território latino- -americano indústrias estadunidenses, as chamadas empresas multinacionais. Entretanto, mais do que dinheiro, os Estados Unidos esperavam alastrar sua influência, impedindo o avanço do socialismo pelo continente. Entretanto, nem todos os presidentes que governaram o Brasil nesse período adotaram essa postura de sub- missão ao governo estadunidense, ao passo que outros a levaram ao extremo. Os presidentes que demonstraram maior sintonia com o projeto foram Eurico Gaspar Dutra e Café Filho, cujo posicionamento político foi neoliberal. No extremo oposto, estavam aqueles que defendiam a realização de uma política nacionalista radical, mantendo a completa independência do Brasil em relação aos Estados Unidos, postura adotada por Jânio Quadros e João Gou- lart. Entre a postura neoliberal e a nacionalista radical, estava o desenvolvimentismo nacionalista, empreendido pelos dois presidentes mais populares desse período: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Organize as ideias Com base nos termos “liberalismo”, “nacionalismo” e “desenvolvimentismo”, identifique as principais cor- rentes políticas e econômicas que nortearam o período populista no Brasil. Para isso, numere as colunas de acordo com os termos correspondentes. ( 1 ) Neoliberalismo ( 2 ) Desenvolvimentismo nacionalista ( 3 ) Nacionalismo radical ( 3 ) Defendia que a aliança do Brasil com os Estados Unidos era prejudicial ao desenvolvimento do país. Isso porque o governo estadunidense desejava mantê-lo como fornecedor de produtos primários, baratos, e importador de produtos industrializados, caros. ( 2 ) Tal corrente defendia que a entrada de capital estrangeiro no Brasil era necessária para o desen- volvimento da economia nacional. O Estado deveria exercer controle sobre a origem desse capital, vetando investimentos que não fossem benéficos para o país. ( 1 ) O Estado brasileiro deveria intervir o mínimo possível na economia, deixando que o mercado mundial ditasse o desenvolvimento econômico do Brasil. Nesse sentido, investimentos externos, sobretudo oriundos dos Estados Unidos, eram bem-vindos. Sugestão de retomada de conteúdos.4 Ao longo das décadas de 1940 a 1960, essas três correntes de pensamento se enfrentaram nos altos escalões do poder brasileiro, gerando inúmeras crises políticas. Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Dornelles Vargas Após a deposição de Getúlio Vargas em 1945, venceu as eleições Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), candi- dato do Partido Social Democrático (PSD). Ele assumiu a presidência em 1946 e, nesse mesmo ano, apresentou uma nova Constituição, promulgada em setembro. A nova Carta assumia uma postura liberal, porém mantinha algumas das heranças trabalhistas do governo Vargas. O voto passava a ser obrigatório para homens e mulheres maiores de 18 anos e alfabetizados – na Carta de 1934, o voto para mulheres era apenas permitido àquelas que exercessem função pública remunerada. O mandato presidencial era de cinco anos. Politicamente, o governo de Dutra foi marcado pelo anticomunismo, cujo ápice foi o fechamento, em 1947, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), posto na ilegalidade. Aprofundamento de conteúdo para o professor.5 9o. ano – Volume 316 Na economia, ocorreu a postura neoliberal, expressa pelo alinhamento econômico aos Estados Unidos. Com isso, houve a abertura do Brasil às exportações estadunidenses, fato que prejudicou o desenvolvimento da in- dústria brasileira e contribuiu para a evasão de reservas cambiais e o endividamento do país. Aprofundamento de conteúdo para o professor.6 © TJ S- LA BS A compra de produtos estrangeiros foi facilitada e incentivada pelo governo de Eurico Gaspar Dutra, fato que levou a nossa indústria a sofrer, pois os produtos brasileiros não podiam competir com os importados. O dinheiro que o Brasil recebeu por sua participação na Segunda Guerra Mundial foi consumido com as exportações, o que contribuiu para o endividamento do país. Para tentar controlar a crise e garantir melhorias na qualidade de vida da população, o presidente criou o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). O plano, no entanto, não obteve resultados muito positivos, contribuindo para o desgaste do projeto liberal entre os brasileiros. Nesse contexto de crise econômica, realizaram-se, em 1950, eleições para a escolha do próximo presidente do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas, candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Social Pro- gressista (PSP), foi reconduzido ao poder, agora pelo voto popular. Diferentemente de seu antecessor, Vargas adotou uma política mais cautelosa em relação aos Estados Uni- dos, voltando-se para o desenvolvimento industrial do Brasil. Para isso, planejou grandes investimentos em infraestrutura, focando a ação do Estado nas áreas de energia, indústria de base e transportes. A verba para a realização dessas obras seria proveniente de empréstimos vindos dos Estados Unidos e dos impostos arrecada- dos pelo governo. Iniciando seu plano de desenvolvimento, o governo Vargas inaugurou o Banco Nacional do Desenvolvi- mento Econômico (BNDE), em 1952, órgão que tinha a função de financiar o programa de crescimento e de modernização da infraestrutura do país. Iniciou ainda a construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso I, na Bahia, em 1954, a fim de expandir a geração de energia. O projeto somente se concretizou após o final de seu mandato, com a criação da Eletrobras, em 1961. Segundo muitos historiadores e economistas, a obra mais importante do governo Vargas foi a fundação da Petrobras, em 1953. A nova empresa seria responsável pela exploração e pelo refino do petróleo no país e teria um décimo de suas ações abertas ao capital estrangeiro. Essa medida conseguiu despertar de uma só vez o acir- ramento da oposição por parte dos nacionalistas e dosneoliberais. A razão é que os primeiros eram contrários à participação do capital estrangeiro na empresa, enquanto os neoliberais desejavam maior participação do setor privado brasileiro, e não do Estado, na exploração do petróleo. Aprofundamento de conteúdo para o professor.7 © Sh ut te rs to ck /M ik ha il O ly ka in en História 17 Enquanto a oposição política a Vargas se in- tensificava, especialmente por parte da União Democrática Nacional (UDN), crescia também a insatisfação dos trabalhadores. Embora Vargas adotasse a postura de “pai dos pobres”, os operá- rios reclamavam dos altos índices de inflação, que desvalorizavam seus salários. Em 1953, ocorreu uma greve geral no estado de São Paulo, de mais de 20 dias de duração, à qual aderiram cerca de 300 mil trabalhadores. Para manter o apoio dos operários, Vargas nomeou João Goulart, conhecido como Jango, como ministro do Trabalho. Goulart recomendou a concessão de um aumento de 100% no valor do salário mínimo. Diante da forte oposição das eli- tes, que temiam uma política voltada às massas em época de difusão do socialismo, o presidente foi obrigado a demitir João Goulart do cargo de ministro em fevereiro de 1954. Ainda assim, o aumento salarial foi concedido em 1º. de maio daquele ano. A oposição ao presidente intensificou-se em 1954, especialmente após o atentado da Rua Toneleros (no Rio de Janeiro), em 5 de agosto, que visava atingir o jornalista Carlos Lacerda, notório opositor de Vargas. A pressão sobre o presidente aumentava. Aprofundamento de conteúdo para o professor.8 © Ac er vo Ic on og ra ph ia CARLOS Lacerda é atendido após atentado da Rua Toneleros, no Rio de Janeiro. 5 ago. 1954. 1 fotografia, p&b. Carlos Lacerda era membro da União Democrática Nacional (UDN), principal partido de oposição ao governo de Vargas, e proprietário da Tribuna da Imprensa, jornal que fazia campanha contra o presidente. Lacerda acabou ferido no atentado, mas o major da Aeronáutica Rubem Tolentino Vaz faleceu. MANZON, Jean. Getúlio Vargas e Gregório Fortunato. 1954. 1 fotografia, p&b. As investigações apontaram Gregório Fortunato (na foto, no canto direito, de chapéu), chefe da guarda pessoal do presidente, como o mandante do crime. O ataque ao jornalista Carlos Lacerda desencadeou uma série de eventos que culminou com o fim do governo de Vargas. © Ag ên ci a O G lo bo /O tá vi o M ag al hã es MAGALHÃES, Otávio. Campanha nacionalista "O petróleo é nosso." 1948. 1 fotografia, p&b. Diante da perspectiva de que a Petrobras tivesse influência do capital estrangeiro, parte da sociedade organizou a campanha “O petróleo é nosso”, na qual pedia a nacionalização do setor. O governo de Vargas comprou a ideia e usou o slogan em sua propaganda oficial, com o intuito de fortalecer o apoio da população ao seu governo. Acuado e praticamente sem apoio, Vargas optou por uma saída drástica: suicidou-se na madrugada de 24 de agosto de 1954, deixando uma carta-testamento, na qual acusava a oposição pela sua morte. Seu fale- cimento gerou enorme comoção popular, com a realização de uma série de protestos contra seus “assassinos”, fato que fez com que o exército tomasse a decisão de não assumir o governo naquele momento. © Fo to ar en a/ Al am y 9o. ano – Volume 318 Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o des- tino que me é imposto. Depois de decê- nios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instau- rei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacio- nais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desen- cadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal come- ça esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. Leia, a seguir, um trecho da carta-testamento encontrada próximo ao corpo do presidente Getúlio Vargas. Interpretando documentos Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.9 De acordo com os documentos, faça no caderno o que se pede a seguir. 1. Para melhor entendimento da carta-testamento, procure o significado destes termos: a) Imposto. b) Decênios. c) Espoliação. d) Instaurei. e) Potencialização. 2. Extraia da carta deixada por Vargas expressões que demonstrem o caráter populista do presidente, trans- crevendo-as no caderno. 3. De acordo com o contexto da época, explique a que Getúlio Vargas se referia ao afirmar: a) “fiz-me chefe de uma revolução”. b) “Voltei ao governo nos braços do povo”. c) “potencialização das nossas riquezas”. CORTEJO fúnebre de Getúlio Vargas. 25 ago. 1954. 1 fotografia, p&b. Fundação Getúlio Vargas. Cortejo fúnebre de Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. O povo acompanhou o corpo do presidente até o aeroporto, pois o enterro foi realizado em São Borja, sua terra natal. VARGAS, Getúlio. Carta-testamento. In: HEYMANN, Luciana Q. A carta- -testamento e o legado de Vargas. Disponível em: <https://cpdoc. fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/AlemDaVida/ CartaTestamento>. Acesso em: 18 ago. 2018. © Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s/ Ar qu iv o An dr e Ca rra zz on i História 19 Juscelino Kubitschek O mandato de Vargas ainda se estenderia até 1955; por isso, quem assumiu a presidência foi Café Filho, seu vice. Politicamente, ele compôs um governo com a predominância de membros da União Democrática Nacio- nal (UDN). Na economia, procurou sanar a crise adotando medidas neoliberais de alinhamento com os Estados Unidos e uma política de controle à inflação, caracterizada pela contenção dos salários. Isso gerou protestos por parte dos trabalhadores. Essas medidas acabaram favorecendo a eleição, em 1955, de um candidato de oposi- ção à UDN, o governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK), do Partido Social Democrá- tico (PSD). Como vice-presidente foi eleito João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O slogan de Juscelino Kubitschek (1956-1961) durante sua campanha política, “50 anos em 5” (50 anos de progresso em cinco anos de governo), traduziu-se em seu governo na elaboração do Plano de Metas. Este priorizaria a saúde, a educação, a industrialização de base, os transportes e a energia, considerados essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país. Fazia parte do plano a construção de uma nova capital para o Brasil. O governo JK também abriu as portas para indústrias e empresas estrangeiras, especialmente as auto- mobilísticas, inundando o mercado nacional com diferentes produtos e marcas. Aprofundamento de conteúdo para o professor.10 © Ar qu iv o Na ci on al , R io d e Ja ne iro JUSCELINO Kubitschek inaugura a fábrica de caminhões Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo. 28 set. 1956. 1 fotografia, p&b. Cotidiano Ir ao supermercado comprar produtos de higiene pessoal, como sabonetes e cremes dentais, é algo tão comum em nosso cotidiano que nem imaginamos como seria nossa vida de outra forma. Esse hábito, no entanto, popularizou-se no Brasil na década de 1950. A esse respeito, leia o texto a seguir. Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.12 Gradativamente as senhoras trocaram o “papinho” matinal com o dono do armazém ou da quitanda pela impessoalidade, eficiência e rapidez oferecidas pelos supermercados que, em São Paulo, começaram a ser instalados em 1953. Entre as camadas altas e médias da população urbana assiste-se a uma padronização do con- sumo provocada pela expansão da propaganda, instrumento básico para a ampliação do comér- cio e da produção. Fios sintéticos,alimentos enlatados, eletrodomésticos e utensílios saltavam das coloridas páginas das revistas semanais criando novos hábitos e despertando necessidades. Aprofundamento de conteúdo para o professor.11 padronização: que torna tudo igual. 9o. ano – Volume 320 Aprofundamento de conteúdo para o professor e gabarito.13 RODRIGUES, Marly. A década de 50: populismo e metas desenvolvimentistas no Brasil. São Paulo: Ática, 1992. p. 34-35. Nas páginas do material de apoio, você encontrará algumas propagandas que, segundo a autora do texto anterior, “saltavam das coloridas páginas das revistas semanais”, que se popularizavam na década de 1950. Muitos dos produtos anunciados nessas propagandas podiam ser facilmente encontrados nas prateleiras dos primeiros supermercados brasileiros. Com base nelas, responda: 1. Alguns desses produtos ainda podem ser encontrados atualmente nos grandes supermercados? Pessoal. No entanto, pode ser chamada a atenção dos alunos para o fato de que as marcas representadas ainda estão presentes no mercado brasileiro. 2. Você consome esses produtos? Com que regularidade? Pessoal. 3. A que você atribuiu a comercialização desses produtos durante tantas décadas? Pessoal. Pode-se comentar que as mercadorias industrializadas tinham por objetivo facilitar o trabalho, principalmente das donas de casa, fator cada vez mais requisitado após a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Você faz História A população que viveu na década de 1950 conheceu estímulos ao consumo pelos quais nenhuma das gera- ções anteriores havia passado. A propaganda criava necessidades; os mercados colocavam produtos facilmente à mão dos compradores; os veículos automotores facilitavam o transporte das mercadorias das lojas para as casas. Reflita sobre estas questões e as responda: 1. De que forma a propaganda influencia nos seus padrões de consumo? 2. Você se considera um consumidor consciente? É do tipo que contribui para a preservação do meio ambiente? 3. Qual é o destino do lixo produzido em sua casa ou escola? indústria cultural: indústria voltada à produção e à comercialização de livros, músicas, filmes, revistas, etc. Esta é a época em que o avanço dos meios de comunicação de massa – imprensa, rádio, TV, e cinema – marca o início da indústria cultural no Brasil. Seu poder homogeneizador, embora bastante forte, não pode ser tomado como absoluto. A padronização dos hábitos, do consumo e dos comportamentos atinge apenas parcelas da população, em parte devido ao baixo padrão de vida do brasileiro. Nossa cultura, até hoje, continua imensamente diferen- ciada e marcada por conflitos de classe e por desníveis regionais. Cada vez mais mulheres foram obrigadas a igualar-se aos homens buscando trabalho “fora”. Em 1960, a porcentagem de mulheres no mercado de trabalho era de 16,5% sobre o total da população feminina do país, contra 14,7% do início da década anterior. homogeneizador: que deixa homogêneo, torna tudo igual, padronizado. absoluto: que abrange a todos. História 21 © Ar qu iv o Pú bl ic o do D ist rit o Fe de ra l Construção de Brasília O projeto mais ambicioso do governo de Kubitschek foi a construção de uma nova capital para o país – ainda que a ideia não fosse nova e já constasse na Constituição de 1891. Brasília, erguida na região central entre os anos de 1957 e 1960, promoveu maior integração do Centro-Oeste com o restante do país e ajudou o mercado interno nacional. © Ar qu iv o Pú bl ic o do D ist rit o Fe de ra l NORDESTINOS chegando a Brasília em busca de trabalho. [ca. 1957]. 1 fotografia, p&b. A construção de Brasília atraiu tanto empresas de construção civil, que se tornaram grandes corporações com esse empreendimento, quanto trabalhadores (especialmente do Nordeste), denominados candangos, que buscavam uma oportunidade de trabalho. A realidade estabelecida em Brasília simboliza um quadro que se alastra pelo país, marcado pelo aumento da desigualdade social ao longo do tempo. Enquanto Brasília reúne grande parte da riqueza nacional, as cidades ao seu redor apresentam renda inferior e piores índices de qualidade de vida. COSTA, Lúcio. Projeto-Piloto de Brasília. 1 desenho (esboço). Para a construção da nova capital, foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O arquiteto Oscar Niemeyer, nomeado o diretor técnico da Novacap, propôs um concurso para a escolha do plano urbanístico da nova cidade, denominado Plano-Piloto. O vencedor do concurso foi o arquiteto e urbanista Lúcio Costa. A realização desse empreendimento, no entanto, custou muito caro ao Brasil, que precisou recorrer a uma série de empréstimos estrangeiros, o que contribuiu para elevar a dívida externa. Para tentar sanar a crise econômica, Juscelino Kubitschek solicitou novo empréstimo aos Estados Unidos, que condicionou a liberação do dinheiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Para liberar o empréstimo, porém, o FMI impôs algumas condições, como o controle da inflação, o que exigiria a tomada de medidas impopulares. Visando evitar o desgaste de sua imagem, o presidente tomou uma atitude teatral, rompendo com o órgão. O governo de Kubitschek foi marcado pela estabilidade política, deixando como herança, além de muitas realizações concretas, como Brasília, uma grande crise econômica. 9o. ano – Volume 322 1. (UNESP) A década de 1950 foi um período de efervescência cultural para o Brasil. O rádio ainda era um importante veículo de informação e entre- tenimento, com destaque para as cantoras de rádio (Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, Elizabeth Cardoso, entre outras) e as dramatizações ali transmitidas. Nesse momento, as primeiras emissoras de televisão foram inauguradas no país, criando uma nova cultura. Na música, surgiu no final da década de 1950 a bossa-nova, um estilo que mesclava influências do samba e do jazz. João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes eram os nomes de des- taque naquele momento, criando músicas de bastante sucesso, como Garota de Ipanema e Chega de saudade. © Fo to ar en a/ Al bu m CARMEN Miranda. 1941. 1 fotografia, color. A cantora iniciou sua carreira nos rádios, mas também se notabilizou como atriz na TV e no cinema, com destacada carreira no exterior. Organize as ideias (Juca Chaves apud Isabel Lustosa. Histórias de presidentes, 2008.) A canção Presidente bossa-nova, escrita no final dos anos 1950, brinca com a figura do presidente Juscelino Kubitschek. Ela pode ser interpretada como a X a) representação de um Brasil moderno, manifestado na construção da nova capital e na busca de novos valores e formas de expressão cultural. b) celebração dos novos meios de transporte, pois Kubitschek foi o primeiro presidente do Brasil a utili- zar aviões nos seus deslocamentos internos. c) rejeição à transferência da capital para o Planalto Central, pois o Rio de Janeiro continuava a ser o centro financeiro do país. d) crítica violenta ao populismo que caracterizou a política brasileira durante todo o período republicano. e) recusa da atuação política de Kubitschek, que permitia participação popular direta nas principais decisões governamentais. 2. Retorne à página de abertura do capítulo e reflita: A construção da nova capital do país de fato contri- buiu para a integração do território nacional? Justifique sua resposta. A nova capital, inserida na região central do Brasil, contribuiu para a integração de regiões como o Norte e o Centro-Oeste ao restante do país. Bossa-nova é ser presidente desta terra descoberta por Cabral. Para tanto basta ser tão simplesmente: simpático, risonho, original. Depois desfrutar da maravilha de ser o presidente do Brasil, voar da Velhacap pra Brasília, ver Alvorada e voar de volta ao Rio. Voar, voar, voar. [...] História 23 Jânio Quadros e João Goulart Nas eleições presidenciais para o mandato de 1960 a 1965, Jânio Quadros foi vitorioso, apoiado pelo Parti- do DemocrataCristão (PDC) e pela União Democrática Nacional (UDN). João Goulart foi eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O mandato desse presidente, porém, foi bastante curto. Sete meses depois da posse, Jânio renunciava. Marcado pela instabilidade política e econômi- ca, e sem um programa claro para combater a infla- ção, o governo de Jânio retomou as relações com o FMI, adotando medidas econômicas sugeridas pelo órgão. Mas elas não resolveram o problema do país e contribuíram para mergulhá-lo ainda mais em dí- vidas externas, na inflação e na recessão. Durante seu governo, Jânio Quadros adotou uma série de medidas polêmicas, como a proibi- ção do uso de biquínis nas praias brasileiras e das rinhas de galos. Com a fama de autoritário, ignora- va o Congresso. Politicamente, o presidente buscou implemen- tar uma política externa independente, aliando-se e estabelecendo relações com quaisquer países que desejassem fazê-lo pacificamente. Na prática, demonstrou interesse em estabelecer relações di- plomáticas com países do bloco socialista, como China, Cuba e, até mesmo, reatar relações com a União Soviética, rompidas desde 1949, o que desa- gradou seus aliados e o fez perder apoio da UDN. Aprofundamento de conteúdo para o professor.14 © Ac er vo Ic on og ra ph ia JÂNIO Quadros em campanha eleitoral na Cidade Livre, em Brasília. 1.º set. 1959. 1 fotografia, p&b. Jânio Quadros procurava passar a imagem de um homem simples, cujo principal objetivo era moralizar a política nacional, varrendo a corrupção, daí a vassoura ser seu símbolo. © W ik im ed ia C om m on s/ Ar qu iv o Na ci on al , R io d e Ja ne iro JÂNIO Quadros com Ernesto Che Guevara. 1961. 1 fotografia, p&b. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. Aprofundamento de conteúdo para o professor.15 Em meio à pressão e à insatisfação de diversos setores, Jânio Quadros renunciou, esperando que a população pe- disse sua permanência. Isso não aconteceu e sua renúncia foi prontamente aceita pelo Congresso. Com isso, desenvolvia-se outra situação difícil no país. O vice de Jânio Quadros, João Goulart, estava em visita diplomática à China. A ligação com o socialismo levou vá- rios integrantes da alta cúpula do Exército a se colocarem contra a posse de Jango. Em 1961, os Estados Unidos lançaram um programa denominado Aliança para o Progresso, por meio do qual se comprometiam a destinar 20 milhões de dólares para os países latino-americanos nos dez anos seguintes. Cuba, representada pelo revolucionário Che Guevara, negou-se a assinar o acordo. Ao retornar à Argentina do Uruguai, onde a conferência ocorreu, Ernesto Che Guevara passou pelo Brasil, onde foi condecorado pelo presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul, umas das mais altas honrarias concedidas pelo governo brasileiro. 9o. ano – Volume 324 Aprofundamento de conteúdo para o professor.16 Os militares solicitaram ao Congresso a passagem provisória do cargo ao presidente da Câmara dos De- putados, Ranieri Mazzili, porém não foram atendidos. As opiniões se dividiam. Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, liderando a Campanha pela Legalidade, defendeu a posse de Goulart, ameaçando intervir militarmente caso isso não acontecesse. Em busca de um meio-termo, o Congresso propôs que o presidente assumisse o cargo, porém o sistema de governo passaria a ser o parlamentarista. Com tal medida, os defensores do parlamentarismo desejavam garantir ao Congresso poderes para intervir caso o presidente tentasse implantar medidas socialistas no país. Entre 1961 e 1963, o país viveu momentos muito conturbados, nos quais três primeiros-ministros se sucederam no cargo. Em 1963, a realização de um plebiscito garantiu a volta do presidencialismo ao país. Com os poderes ampliados, João Goulart lançou o Plano Trienal, com o objetivo de contornar a crise e retomar o crescimento econômico. Assim, previa a implantação das Reformas de Base: A reforma agrária avançava sobre o latifúndio, e impactava a produção e a renda do campo; a reforma urbana interferia no crescimento desordenado das cidades, planeja- va o acesso à periferia e combatia a especulação imobiliária; a reforma bancária previa uma nova estrutura financeira sob controle do Estado; a reforma eleitoral poderia al- terar o equilíbrio político, com a concessão do direito de voto aos analfabetos – cerca de 60% da população adulta – e aos soldados, e com a legalização do Partido Comu- nista; a reforma do estatuto do capital estrangeiro regulava a remessa de lucros para o exterior e estatizava o setor industrial estratégico; a reforma universitária acabava com a cátedra, e reorientava o eixo do ensino e da pesquisa para o atendimento das neces- sidades nacionais. SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 439-440. © Fo lh ap re ss JOÃO Goulart discursando na Central do Brasil. 13 mar. 1964. 1 fotografia, p&b. MARCHA da Família com Deus pela Liberdade. 19 mar. 1964. 1 fotografia, p&b. O Brasil em dois momentos. À esquerda, o presidente João Goulart, ao lado da esposa, Maria Teresa Fontela Goulart, discursa na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, defendendo as Reformas de Base. À direita, Marcha da Família com Deus pela Liberdade, um ato realizado em São Paulo, em 19 de março de 1964 contra João Goulart e suas propostas. Essas medidas, porém, mobilizaram amplamente duas correntes: uma de apoio ao presidente (movimento camponês, movimento dos estudantes, sindicatos e simpatizantes da esquerda) e outra de oposição (grande parte dos militares, classe média e setores conservadores da Igreja). © Ac er vo Ic on og ra ph ia História 25 © Im ag en s d o Br as il/ Re na to S oa re s Em meio às manifestações populares de apoio ou repúdio a João Goulart, o Exército iniciava um golpe che- fiado pelo general Castelo Branco com o objetivo de depor o presidente. Acuado pela ameaça militar, Goulart se exilou no Uruguai. Ranieri Mazzili, presidente da Câmara dos Deputados, assumiu a presidência até abril de 1964, quando foi substituído pelo general Castelo Branco, dando início a uma ditadura civil-militar que se estendeu por mais de duas décadas. Questões indígena e negra durante o Populismo Desde a Era Vargas (1930-1945), a postura do governo em relação aos grupos indígenas era a de “assimilar” e “pacificar” esses indivíduos a fim de garantir a integração nacional e transformá-los em efetivos “cidadãos”. O desejo era integrá-los como trabalhadores no processo de construção do Brasil. O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) continuou atuando; porém, eram recorrentes as denúncias de corrup- ção e desvios administrativos. Os indígenas também viam seus espaços sendo desrespeitados por agricultores e tropeiros. Aprofundamento de conteúdo para o professor.18 SOARES, Renato. Vista aérea da Aldeia Kalapalo, Alto Xingu. 2009. 1 fotografia, color. • Parque Nacional do Xingu Nesse contexto, surgiu a ideia de criar reservas indígenas no Brasil. A iniciativa tinha o objetivo de proteger os grupos indígenas e garantir a integração gradual deles à sociedade, sem que suas culturas fossem aniquiladas. A reserva de maior impacto foi a do Parque Nacional do Xingu (chamado, a partir de 1967, de Parque Indígena do Xingu), no Mato Grosso. Trata-se do primeiro território indígena oficialmente reconhecido pelo governo federal, sob a presidência de Jânio Quadros. Apesar da demarcação do parque, é importante salientar que tal ação não impediu que essas terras fossem invadidas por grupos interessados na exploração de seus recursos naturais. Dessas invasões, ocorreram embates que vitimaram muitos povos indígenas em diversas regiões do país. A população negra, como já estudado em outros capítulos, apesar das transformações ocorridas no país a partir do final do século XIX – abolição e estabelecimento da República –, continuou vivendo de forma precária. Ela não tinha as mesmasoportunidades oferecidas aos brancos e estava sujeita ao racismo. Em 1943, foi criada por João Cabral Alves, em Porto Alegre, a União dos Homens de Cor, também conhecida como Uagacê ou UHC. O objetivo central da instituição, presente em seu primeiro artigo, era “elevar o nível econômico e intelectual das pessoas de cor em todo o território nacional, para torná-las ap- tas a ingressarem na vida social e administrativa do país, em todos os setores de suas atividades”. Aprofundamento de conteúdo para o professor.17 9o. ano – Volume 326 Hora de estudo 27 Em 1948, essa instituição já estava presente em 10 es- tados brasileiros. Ela promovia debates em publicações próprias, fornecia assistência médica e jurídica, ofertava programas de combate ao analfabetismo, organizava ações de voluntariados e propunha a participação em campanhas eleitorais. Por iniciativa própria, na década de 1940, parte da comu- nidade afro-brasileira buscou ampliar a sua atuação social. Por isso, no final de 1944, foi criado o Teatro Experimental do Negro (TEN), por iniciativa de Abdias do Nascimento. O TEN foi importante na história do movimento negro no Brasil. Sua proposta consistia em resgatar a cultura negra como algo de valor e não apenas folclórico, além de evi- denciar a capacidade e o talento de pessoas negras para as artes. O TEN também tinha um caráter político, o que levou seus organizadores a realizar a Convenção Nacional do Ne- gro, entre 1945 e 1946 (São Paulo e Rio de Janeiro), e o 1º. Congresso do Negro Brasileiro, em 1950 (no Rio de Janeiro). A promoção da educação entre indivíduos negros também foi outra iniciativa do grupo. As atividades do TEN foram gradualmente barradas com o avanço do regime militar no país, em meados da década de 1960. Aprofundamento de conteúdo para o professor.19 TEATRO Experimental do Negro ensaiando a peça Sortilégio, com Abdias do Nascimento e Léa Garcia. 1957. 1 fotografia, p&b. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. Inicialmente, o plano era desenvolver apenas o grupo teatral para atores negros; porém, o movimento foi crescendo e passou a oferecer cursos de alfabetização e trabalhos manuais com o objetivo de capacitar a população negra ao trabalho. O TEN foi ainda responsável pela criação do Instituto Nacional do Negro e do Museu do Negro. 1. (ENEM) Gabarito.20 A Democracia. 16 set. 1945, apud GOMES, A. C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989. O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por a) reclamar a participação das agremiações partidárias. b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista. c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas. X d) reivindicar a transição constitucional sob a influência do governante. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social. Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Du- tra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular... Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”. © W ik im ed ia C om m on s/ Ar qu iv o Na ci on al , R io d e Ja ne iro Hora de estudo Hélio Fernandes. Carlos Lacerda, a morte antes da missão cumprida. In: TRIBUNA DA IMPRENSA, 22/5/2007 (com adaptações). Com base nas informações do texto e em aspec- tos relevantes da história brasileira entre 1954, quando ocorreu o suicídio de Vargas (em gran- de medida, devido à pressão política exercida pelo próprio Lacerda), e 1964, quando um golpe de Estado interrompe a trajetória democrática do país, conclui-se que: a) A cassação do mandato parlamentar de La- cerda antecedeu a crise que levou Vargas à morte. b) Lacerda e adeptos do getulismo, aparente- mente opositores, expressavam a mesma posição político-ideológica. c) A implantação do regime militar, em 1964, decorreu da crise surgida com a contestação à posse de Juscelino Kubitschek como presi- dente da República. d) Carlos Lacerda atingiu o apogeu de sua car- reira, tanto no jornalismo quanto na política, com a instauração do regime militar. X e) Juscelino Kubitschek, na presidência da Re- pública, sofreu vigorosa oposição de Carlos Lacerda, contra quem procurou reagir. 3. (UNESP) A construção de Brasília durante o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) teve, entre suas motivações oficiais, a) afastar de São Paulo a sede do governo fede- ral, impedindo que a elite cafeicultora conti- nuasse a controlá-lo. X b) estimular a ocupação do interior do país, evi- tando a concentração das atividades econô- micas em áreas litorâneas. c) deslocar o funcionalismo público do Rio de Janeiro, permitindo que a cidade tivesse mais espaços para acolher os turistas. d) tornar a nova capital um importante centro fabril, reunindo a futura indústria de base do Brasil. e) reordenar o aparato militar brasileiro, expan- dindo suas áreas de atuação até as fronteiras dos países vizinhos. 4. Sobre a condecoração de Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo presidente Jânio Quadros, responda às questões a seguir. a) Como a atitude do presidente foi interpreta- da no contexto da Guerra Fria? b) De que forma essa atitude pode ter in- fluenciado na crise política que levou à sua renúncia? 5. A respeito dos movimentos promovidos pela população negra como tentativa de lutar pela igualdade de condições na sociedade republica- na, analise as afirmativas a seguir. I. A União dos Homens de Cor foi criada com o objetivo de elevar a população negra em seu nível econômico e intelectual na socie- dade brasileira. II. O Teatro Experimental Negro permaneceu com o seu objetivo único de oferecer aos atores negros um espaço para representar a sua arte. III. Apesar de todas as iniciativas propostas por diversos setores e grupos da sociedade bra- sileira, ainda há muita desigualdade econô- mica e social para a população negra. De acordo com a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Apenas as afirmativas I e II estão certas. X d) Apenas as afirmativas I e III estão certas. e) Apenas as afirmativas II e III estão certas. 6. A demarcação do Parque Indígena do Xingu de fato protegeu os indígenas que lá habitam da violência praticada por outros grupos não indí- genas? Justifique sua resposta. 2. (ENEM) O ano de 1954 foi decisivo para Carlos Lacerda. Os que conviveram com ele em 1954, 1955, 1957 (um dos seus momentos intelectuais mais altos, quando o governo Juscelino tentou cassar o seu mandato de deputado), 1961 e 1964 tinham consciên- cia de que Carlos Lacerda, em uma batalha política ou jornalística, era um trator em ação, era um vendaval desencadeado não se sabe como, mas que era impossível parar fosse pelo método que fosse. 28 A imagem nos mostra um ato de contestação ao governo civil-militar que se manteve no Brasil durante as décadas de 1960 a 1980. No capítulo 9, estudamos governos ditatoriais que se instalaram na América Latina durante esse período. Vamos relembrar em que consiste uma ditadura? O que você pode compartilhar com os colegas sobre o período ditatorial vivido no Brasil a partir de 1964? Brasil: Golpe e Ditadura Civil-Militar 11 Justificativa da seleção de conteúdos.1 Aprofundamento de conteúdo para o professor. 2 © CP Do c JB /K AO RU © CP Do c JB /K AAO RU JOVEM picha a fachada do Teatro Municipal do Rio de Janeiro durante a passeata de 26 de junho de 1968. 1 fotografia, p&b. 29 Vamos retomar algumas características do Populismo no Brasil. Sobre os presidentes que governaram durante o período populista de nossa República
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