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1 Disciplina: Avaliação na Educação Especial Autores: D.ra Maria Teresa Costa Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2015 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Maria Teresa Costa Avaliação na Educação Especial 1ª Edição 2015 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA COSTA, Maria Tereza. Avaliação na Educação especial / Maria Tereza Costa. – Curitiba, 2015. 45 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Avaliação na Educação especial – Faculdade São Braz (FSB), 2015. ISBN: 978-85-94439-47-5 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Claudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da Disciplina A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares requer grandes reestruturações nas propostas pedagógicas e na sua dinâmica, em função de um paradigma determinante de novas escritas legais, novas propostas políticas e novos procedimentos metodológicos. As definições de avaliação aplicadas nas instituições de ensino, com destaque àquelas que oferecem educação básica, as quais devem garantir um serviço de qualidade voltado ao desenvolvimento máximo do potencial de todos os seus estudantes, o que requer respeito às diferenças e atenção à multiplicidade de necessidades. Nesse contexto serão abordados os temas a partir das Políticas Públicas aplicadas no estabelecimento escolar como garantidora da inclusão (direito à equidade de oportunidades para os estudantes com necessidades especiais). Finalizando o assunto elucidará a importância da avaliação e o olhar especial para a mesma, respeitando as necessidades de cada indivíduo, a qual visa a eficácia do processo de ensino/aprendizagem, contemplando a inclusão e o processo de desenvolvimento humano, o qual envolve mudanças e estabilidade nas crianças, mensurando a importância da avaliação. 6 Aula 1 – Avaliação na Educação Especial Apresentação Aula 1 Nesta aula serão introduzidos os diferenciais das necessidades educacionais e seus processos avaliativos, os quais são balizados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. 1. Avaliação na Educação Especial As necessidades educacionais especiais são diferenciadas e exigem da escola diferentes procedimentos, recursos e apoios de caráter mais especializado, no sentido de proporcionar a cada estudante, na sua individualidade, possibilidades de acesso ao currículo e, consequentemente, ao conhecimento. [...] as necessidades educacionais especiais são definidas pelo tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar, para que obtenham sucesso escolar, [...] por fim ao invés do aluno se ajustar aos padrões de normalidade para aprender a escola agora tem o desafio de ajustar-se para atender a diversidade dos alunos (KAUFMANN, 2011. S/p.). Em função das especificidades das necessidades educacionais que os estudantes aqui referenciados apresentam, a escola deve desenvolver um trabalho contínuo, com a participação efetiva de todos os profissionais da educação envolvidos, os quais devem estar sempre buscando atualizações sobre assuntos e temas que dizem respeito à dinâmica inclusiva, no sentido de agregar conhecimentos e redimensionar a prática. Dentro desse panorama o processo avaliativo precisa ser repensado e reestruturado, para que se torne condizente com as características individuais de cada estudante como propõem e determinam as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001) e a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008). 7 Falar de avaliação na educação especial nos leva a iniciar pelo entendimento do que é avaliar. O termo avaliar traz culturalmente uma associação com estabelecer juízo de valor e julgar. Na educação essa terminologia indica mensurar, portanto medir capacidades; fazer provas, portanto provar; fazer exames, portanto ser examinado; passar por testes, portanto ser testado; atribuir notas, portanto receber notas; participar de um julgamento, portanto ser julgador e, como consequência, ser aprovado ou reprovado. A escola, ao aplicar uma avaliação, muitas vezes espera que o estudante tenha absorvido as informações que foram selecionadas e transmitidas, para serem memorizadas e repetidas no momento da prova. Segundo Foucault (2009) e Luckesi (2005), desde o início da escola propriamente dita: A prática de provas/exames escolares que conhecemos hoje tem sua origem na escola moderna, que se sistematizou a partir dos séculos XVI e XVII, com a cristalização da sociedade burguesa. As pedagogias jesuíticas (séc. XVI), comeniana (séc. XVII), lassalista (fins do século XVII e inícios do XVIII) são expressões das experiências pedagógicas desse período e sistematizadoras do modo de agir com provas/exames (CARMINATTI; BORGES, 2012. S/p.). Essa concepção retrata procedimentos tradicionais, mas que estão extremamente atualizados em muitas de nossas escolas, selecionando estudantes e definindo os que avançam daqueles que permanecem e aqueles que devem ser encaminhados a programas de atendimento a estudantes com necessidades educacionais especiais. Para uma concepção pedagógica mais moderna, a educação é concebida como experiência de vivências múltiplas, na qual o estudante é um ser ativo e coparticipante da construção de seu conhecimento, sendo que seu desenvolvimento é visto em sua totalidade. Nesse paradigma a avaliação é compreendida de forma contínua, cumulativa e processual, servindo como linha condutora na orientação da caminhada. Assim sendo, avaliação escolar deveria ter o papel de diagnosticar como a aprendizagem de cada estudante está ocorrendo, como o proposto na programação curricular está sendo atingido, ou até mesmo se essa programação precisa ser revista e reestruturada. Para Hoffmann (2008), a avaliação não deve ser estática, de caráter apenas classificatório, selecionador e excludente, e sim como uma reflexão que 8 se transforma em ação, na medida em que é dinâmica, viva. A autora parte da perspectiva da ação avaliativa como reorganizadora do saber, como movimento, ação, uma provocaçãona tentativa de reciprocidade intelectual entre os participantes da ação educativa, nesse caso, aluno e professor, os quais buscam coordenar seus pontos de vista, trocando ideias e reorganizando-as. A literatura aponta para abordagens alternativas de avaliação, evidenciando a distinção entre avaliação estática e dinâmica. Na avaliação estática, a situação é artificial, mecânica e enfatiza o produto da aprendizagem. A avaliação dinâmica envolve a relação interpessoal que se estabelece entre professor e aluno, valorizando o processo e tendo como objetivo conhecer as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos alunos, possibilitando o conhecimento de informações mais precisas que ofereçam sugestões para o ensino (LUNT, 1995. S/p.). Segundo Hoffmann (2008) as diretrizes do caminho proposto para o processo de avaliação é aquele que deve passar por um novo olhar, onde o estudante seja visto na sua singularidade e onde ocorra uma nova relação com o saber para que, de fato, aconteça a promoção da aprendizagem. Hoffmann (2008), oferece um momento reflexivo quando coloca que a avaliação é: [...] uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. Basta pensar que avaliar é agir com base na compreensão do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo (Hoffmann, 2008. 17). . Perrenoud (1999) por sua vez, destaca a avaliação da aprendizagem como um processo mediador, em que ao invés de valorizar somente os resultados de provas, seja valorizado as observações diárias como forma de diagnóstico de todo o processo do estudante, bem como o contexto e a dinâmica do aprender ou do não aprender. Para o autor a avaliação deve estar a serviço da individualização da aprendizagem. Para Luckesi, (1990) avaliar é o ato que permite diagnosticar uma experiência para então realimentá-la com vistas à produção do melhor resultado, não sendo, portanto, classificatória ou seletiva e sim, diagnóstica e inclusiva. Conforme Luckesi (1990): 9 [...] a avaliação da aprendizagem escolar tem sentido somente quando está envolvida em um projeto pedagógico e com seu projeto de ensino, assim a avaliação requer decisões sobre a aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. Mas nem sempre é esse o significado no contexto da escola, sendo comum ocorrer apenas a verificação da retenção de conteúdos (LUCKESI, 1990. S/p.). Avaliação no contexto diário: Avaliar faz parte da vida cotidiana; É uma apreciação sobre o que vemos, fazemos, ouvimos, lemos, participamos, o que nos interessa e o que nos desagrada; Estamos sempre emitindo opiniões. 1.1 Diretrizes Curriculares Nacionais No que se refere às Diretrizes Curriculares Nacionais, a avaliação é parte integrante do processo de formação, uma vez que possibilita diagnosticar lacunas a serem superadas e aferir os resultados alcançados considerando as competências a serem constituídas, além de identificar mudanças de percurso eventualmente necessárias. Para o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), a ênfase da avaliação está na exploração e na descoberta da apropriação e compreensão dos conteúdos das aprendizagens, bem como no desenvolvimento do raciocínio e do pensamento. Dessa forma o processo avaliativo tem por função a correção de possíveis distorções e encaminhamentos e abrange três dimensões: o desempenho do estudante, o desempenho docente e a adequação do programa. Portanto, não fica restrita única e exclusivamente ao estudante e o erro não é visto como negativo e como parte do processo, hipótese do momento, tentativas para se chegar ao resultado esperado. 10 Importante Avaliar significa emitir um juízo de valor. Avaliar exige optar por critérios claros. Avaliar é mensurar. As abordagens sobre avaliação aqui colocadas apontam que na educação especial, a avaliação requer uma escola transformada, que persiga a meta da inserção de todos os seus estudantes, sejam eles com ou sem necessidades educacionais especiais, que tenha por objetivo promover as adaptações necessárias, seja no currículo, nos encaminhamentos metodológicos, nas estratégias, no mobiliário, nos equipamentos, no espaço físico ou em qualquer outro procedimento, de forma a atender a diversidade presente no espaço escolar e a ruptura com o modelo tradicional de ensino. Pensar em uma avaliação inclusiva é pensar um processo que favoreça o melhor desempenho possível do estudante, avaliando-o em todas as esferas e tendo o olhar especial não o vendo somente academicamente, mas em todos os aspectos que o envolvem. Os procedimentos avaliativos devem possibilitar uma análise do desempenho pedagógico que resulte na elaboração de subsídios para um replanejamento e para a aplicação de estratégias de ensino para o alcance do objetivo proposto. Fonte: Elaborado pelo autor (2015). 11 Portanto, é fundamental que a escola adote um processo avaliativo que supere a classificação e que resulte em um diagnóstico de todo o processo desenvolvido, sendo, dessa forma, promotora das aprendizagens. Uma das escolhas pode recair na avaliação formativa, também chamada de avaliação para as aprendizagens, cujo foco está no processo de ensino e da aprendizagem. Alguns teóricos a denominam avaliação formativa diagnóstica e a consideram parte de outras modalidades de avaliação, uma vez que se dá durante o processo educacional, com caráter especificamente pedagógico. Sua proposta é uma avaliação incorporada no ato de ensinar, integrada na ação de formação e não tem finalidade probatória (CAEd - Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação). A avaliação formativa tem importantes premissas: Ter clareza sobre o que é necessário aprender; Exercer um caráter significativo e funcional; Definir situações de aprendizagem que sejam adequadas a determinado espaço de tempo; Verificar, por meio de procedimentos adequados, como cada estudante aprende e como consegue interagir com o que foi proposto; Ter instrumentos que permitam reconduzir o processo quando o desempenho do estudante se apresenta insatisfatório; Estabelecer mecanismos que levem o professor a conhecer os seus estudantes, principalmente aqueles com necessidades educacionais especiais; Considerar o erro como hipótese levantada pelo estudante, na sua trajetória em busca das respostas adequadas. O erro, dentro dessa premissa, passa a ser considerado como pista que indica como o estudante está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária em um processo de construção e de reconstrução. O erro, nesse caso deixa de representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por mostrar os conhecimentos que já foram construídos e 12 absorvidos e um novo ponto de partida para um recomeço, possibilitando novas tomadas de decisão. Dessa maneira a avaliação formativa cumpre o seu papel quando consegue intervir positivamente no processo de ensino e de aprendizagem, fazendo uso das informações que foram desencadeadas durante a ação avaliativa. Da mesma forma que uma avaliação diagnóstica busca detectar dificuldades surgidas durante o processo, com o intuito de corrigi-las ou saná-las o mais rápido possível, evitando-se assim, maiores prejuízos. O CAEd, em relação à avaliação formativa, coloca que: Uma das mais importantes características da avaliação formativa é a capacidade em gerar, com rapidez, informações úteis sobre etapas vencidas e dificuldades encontradas, estabelecendoum feedback contínuo sobre o andamento do processo de ensino e aprendizagem. Com esse tipo de avaliação é possível ter os subsídios para a busca de informações para solução de problemas e dificuldades surgidas durante o trabalho com o aluno. Na avaliação formativa, os fatores endógenos, ou seja, os fatores internos à situação educacional são levados em conta para proceder à avaliação. Por acontecer durante o processo de ensino e aprendizagem, a avaliação formativa se caracteriza por possibilitar a proximidade, o conhecimento mútuo e o diálogo entre professor e aluno (CAEd, s/d. S/p.). Nessa dinâmica, as informações sobre o desenvolvimento do estudante são acessadas pelo professor e por esse passadas aos demais componentes da equipe pedagógica, contribuindo para que a prática docente se torne mais adequada às necessidades educacionais de cada estudante que compõem a diversidade escolar. 1.2 Os Progressos da Neurociência Atualmente, o acesso a informações relacionadas ao processo de desenvolvimento humano tem a grande contribuição da neurociência, que por meio das pesquisas dos neurocientistas, desenvolve estudos sobre o sistema nervoso envolvendo a sua estrutura, o seu desenvolvimento, o seu funcionamento, a sua evolução, a sua relação com o comportamento e com a mente e também as suas alterações. Por meio dos estudos da neurociência é possível entender melhor o Cérebro humano, enquanto principal órgão e centro do Sistema Nervoso. É 13 formado por cerca de 86 bilhões de neurônios os quais se comunicam por meio das sinapses, gerando nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas motoras, respostas emocionais, aprendizagem, memória e qualquer outra função ou, até mesmo, disfunção do cérebro humano. Cabe aos neurônios avaliar e coordenar as informações recebidas do próprio organismo e do ambiente externo, identificando aquelas que são apropriadas a cada situação. Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/noticias/figuras/cerebro.jpg Quando da presença de intercorrências durante o processo de desenvolvimento, existe a possibilidade de alteração do cérebro humano, por meio de estímulo mental, ginástica cerebral e novos aprendizados, hoje representados pelo conceito de neuroplasticidade cerebral, que nada mais é do que a capacidade de replanejamento das conexões das nossas células nervosas. A neuroplasticidade cerebral identifica a forma como o cérebro humano age e reage diante das intervenções positivas resultantes da mudança do ambiente e da proposição e oportunidade para o desenvolvimento de novas habilidades, processo esse somado ao conceito de janelas de oportunidades, que nada mais é do que a percepção e o aproveitamento dos momentos mais propícios para a estimulação cerebral para que o cérebro tenha a oportunidade de assimilar informações de determinada natureza. 14 Importante Neuroplasticidade ou Plasticidade Neuronal é a capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando o indivíduo é submetido à novas experiências. Dessa forma os circuitos neurais tornam-se maleáveis na formação da memória e do aprendizado (adaptando-se aos eventos que decorrem ao longo da vida do indivíduo). Portanto, com o fornecimento de um ambiente apropriado e estimulante, tanto crianças quanto adultos são capazes de compensar defasagens, por meio do deslocamento de uma função de uma área para outra, quando determinada área do cérebro não pode funcionar corretamente. As conexões são formadas pela experiência, a partir dos estímulos recebidos e das hipóteses formuladas pelo indivíduo diante de novas situações, o que determina o conceito de “janelas de oportunidades”. Janelas de oportunidades: Momentos mais propícios de estimulação do cérebro para que assimile informações de determinada natureza; Bem exploradas podem conduzir para determinadas capacidades; Diferentes partes do cérebro podem estar prontas para aprender em momentos distintos; Importantes períodos nos quais o cérebro responde a certos tipos de estímulos. Reconhecidamente, a avaliação da aprendizagem, quando realizada de forma adequada, tem importante papel na conquista de novas aprendizagens para todos os estudantes. 15 Resumo da Aula 1 Nesta aula reforçou-se a importância da avaliação e suas abordagens na Educação Especial, reforçando a necessidade e proporcionando um ambiente apropriado e estimulante tanto para a criança como para o adulto. Atividade de Aprendizagem A avaliação formativa possui premissas importantes, evidencie- as e discorra sobre as mesmas. Aula 2 – Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva Apresentação Aula 2 Nesta aula o foco será a Educação Especial e os processos inclusivos que as permeiam, enfatizando as fases do desenvolvimento e as funções da avaliação. 2.1 Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva A educação especial, a partir do estabelecimento de Políticas Públicas que garantam a inclusão de estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) no ensino regular vem sendo alterada gradativamente, superando a fase do atendimento restrito às pessoas com deficiências, para ser uma modalidade que perpassa todos os níveis e graus de ensino. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cadernocoordenador.pdf 16 Dessa forma a Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva se destina não só a atender a escolarização de todos os estudantes, com ou sem NEE, mas também a oferecer apoio à escola de educação básica no atendimento a esses estudantes, conforme prevê a lei 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, por meio do Atendimento Educacional Especializado, previsto pelo decreto nº 7.611/2011. Saiba Mais NEE quer dizer Necessidades Educativas Especiais e é um conceito atual em Educação. O conceito de NEE passou a ser conhecido em 1978 a partir da sua formulação no Relatório Warnock, apresentado ao parlamento do Reino Unido, pela Secretaria de Estado para a Educação e Ciência, Secretaria do Estado para a Escócia e a Secretaria do Estado para o País de Gales. O mesmo foi adotado e redefinido a partir da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), passando a abranger todas as crianças e jovens cujas necessidades envolvam deficiências ou dificuldades de aprendizagem. DECRETO nº 7.611/2011 de 17 de novembro de 2011 Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, com status de emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009, DECRETA: Art. 1° O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades; II - aprendizado ao longo de toda a vida; III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais; V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitarsua efetiva educação; VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena; 17 VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial. § 1° Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação. § 2° No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Art. 2° A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas: I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação. § 2° O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. Art. 3° São objetivos do atendimento educacional especializado: I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. Art. 4° O Poder Público estimulará o acesso ao atendimento educacional especializado de forma complementar ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula nos termos do art. 9º- A do Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007. [...] Decreto na integra disponível no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm Mesmo com amparo da legislação ainda ocorre a precariedade em seu cumprimento e aplicabilidade com a implementação das leis citadas e na iniciativa de um processo inclusivo participativo esta realidade torna fundamental a criação de situações reflexivas nos espaços educacionais, no sentido de que todos os estudantes, com qualquer tipo de NEE, tenham o direito a uma educação de qualidade. A avaliação escolar desempenha um importante papel na vida desses estudantes uma vez que permite a todos os atores envolvidos (docentes, discentes, equipe pedagógica, equipe terapêutica e família) uma análise a respeito dos encaminhamentos e procedimentos necessários para a construção e desenvolvimento de competências e habilidades que caminhem em direção a autonomia. Para atender a esses pressupostos e conforme Aimi e Tamboril (2011): 18 A escola precisará se renovar para atender a todos os estudantes respeitando as especificidades de cada um, pois o direito a educação compreende também o direito a uma educação de qualidade, e para se ter uma educação de qualidade é preciso estar atento a alguns aspectos indissociáveis da aprendizagem, como a avaliação (AIMI e TAMBORIL, 2011. p.4). Pensar em um processo avaliativo de qualidade requer pensar também no desenvolvimento infantil como parâmetro, o que nos leva a refletir a respeito do que acontece em cada fase desse desenvolvimento. Esse procedimento significa refletir sobre as mudanças de comportamento que uma pessoa tem durante toda a sua vida conforme a fase pela qual está passando e conforme as características comportamentais de cada faixa etária. 2.2 Desenvolvimento Desenvolvimento é um processo que envolve mudanças e estabilidade nas crianças, processo esse que se inicia na concepção. Essas mudanças podem ser qualitativas, ou seja, aquelas que ocorrem na forma, na estrutura e na organização, como a mudança da comunicação não-verbal para a comunicação verbal, tanto quanto as mudanças quantitativas como aquelas que ocorrem em número ou em quantidade. A exemplo dessas últimas podemos citar a altura, o peso ou a extensão do vocabulário. Piaget (1974) afirma que essas mudanças de comportamento e as fases que lhes são pertinentes dizem respeito à formação da identidade de um indivíduo e ao desenvolvimento de suas habilidades, sejam elas físicas ou intelectuais, à percepção de conceitos e ao desenvolvimento dos aspectos emocionais e sociais, entre outros. Situações essas que acontecem em função da carga genética, do desenvolvimento físico, da maturação neurofisiológica e dos estímulos ambientais. 2.2.1 O Desenvolvimento Físico O desenvolvimento físico envolve as mudanças que ocorrem no corpo, no cérebro, nas capacidades sensoriais, nas habilidades motoras e na saúde, 19 compreendendo a fase em que crescimento e desenvolvimento ocorrem de forma muito rápida. Por meio da maturação do Sistema Nervoso Central a criança vai tendo o seu sistema motor cada vez mais refinado. A coordenação de movimentos que são reflexos ao nascer, vai progredindo e caminhando para ações cada vez mais complexas como sugar, olhar, pegar, rolar, sentar, engatinhar, andar, descobrir objetos e, ao longo do tempo, entre tantos outros, desenvolver o movimento de pinça que é fundamental para o processo de alfabetização. Portanto, a ampliação da capacidade motora de uma criança está relacionada ao desempenho de uma gama de habilidades ou capacidades utilizadas no desenvolvimento de determinadas tarefas. 2.2.2 O Desenvolvimento Cognitivo A referência ao desenvolvimento cognitivo requer uma abordagem sobre cognição que, conforme Simonetti (2012) diz respeito a: [...] um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções (SIMONETTI, 2012. S/p.). Portanto o desenvolvimento cognitivo refere-se à capacidade de pensar e de compreender. Diz respeito ao desenvolvimento do cérebro no que se refere ao processamento de informações, aos recursos conceituais, à habilidade perceptiva e a aprendizagem, entre outros aspectos. Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo representa um período de sucessivas mudanças, as quais procedem por estágios que acontecem quando esse mesmo desenvolvimento transcorre dentro da normalidade. Sucessivas mudanças nas estruturas mentais, sejam elas qualitativas e/ou quantitativas, permitem a construção de um novo conhecimento, sempre que as ações provocarem o desequilíbrio no esquema existente. Diante dessa situação os processos de assimilação e acomodação, designados por Piaget, passam a construir novos esquemas que resultam em um novo equilíbrio. Um desenvolvimento cognitivo adequado sugere que habilidades mentais como a 20 aprendizagem, aatenção, a memória, a linguagem, o pensamento, o raciocínio e a criatividade também acontecem de forma satisfatória. 2.2.3 O Desenvolvimento Psicossocial O desenvolvimento psicossocial depende da interação da criança com o ambiente em que vive. Esse desenvolvimento passa por situações de crises que podem ser positivas ou negativas. Espera-se que as crises positivas se sobressaiam, uma vez que essas têm uma influência satisfatória no desenvolvimento de capacidades que contribuem para a resolução de problemas. Por meio do desenvolvimento psicossocial a criança adquire segurança, aprimora suas emoções, desenvolve sua personalidade e aperfeiçoa suas relações sociais. Segundo Santos, Quintão e Almeida (2010), o desenvolvimento infantil define-se por: [...] mudanças nas estruturas físicas, neurológicas, cognitivas e comportamentais do indivíduo que ocorrem de forma ordenada e relativamente duradouras. Pode ser entendido, também, como mudanças nas funções corporais, incluindo aquelas influenciadas por fatores emocionais e sociais. Para OMS este é um processo que ocorre desde a concepção do feto até a morte, envolve o crescimento físico, a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança, tendo como produto um indivíduo "competente para responder às suas necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida (SANTOS, QUINTÃO e ALMEIDA, 2010. S/p.). Nessa dimensão é fundamental a existência de um processo de avaliação em que seja possível a identificação de fatores de risco para o desenvolvimento e que possa indicar ações voltadas a diminuição ou a eliminação dos possíveis desvios, quando esse mesmo desenvolvimento é comparado aos padrões de normalidade já estabelecidos. Para tanto torna-se importante o reconhecimento dos marcos do desenvolvimento normal, os quais apontam o que a criança deve atingir em cada fase de sua vida. Quando esses marcos não são atingidos adequadamente, podem indicar a necessidade de intervenções que permitam a prevenção e/ou a detecção precoce de alterações, bem como a indicação de encaminhamentos e possíveis ações de superação ou minimização dos efeitos dessas mesmas alterações. 21 Diante desses fatos e de acordo com Campos e Oliveira (2005): [...] a questão da avaliação surge como elemento essencial para dar suporte e direcionar a prática pedagógica, colocando em destaque o desempenho escolar destes alunos. Importante salientar que nesta nova configuração da educação especial na perspectiva inclusiva, é necessário respeitar o direito de todos inclusive nos procedimentos avaliativos, pois estes servirão para nortear as próximas intervenções pedagógicas para todos os estudantes (CAMPOS e OLIVEIRA, 2005. p.593). 2.3 Função da avaliação De acordo com a Política Nacional para Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a avaliação pedagógica deve acontecer por meio de um processo dinâmico que considere o conhecimento prévio do estudante, o seu atual nível de desenvolvimento e também as suas possibilidades, no que diz respeito à aprendizagens futuras. Essa ação pedagógica torna-se processual e formativa, uma vez que analisa o desempenho do estudante em relação ao seu progresso individual, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e com indicação das intervenções pedagógicas necessárias por parte do professor ou a indicação de possíveis intervenções terapêuticas. Nesse processo também se faz necessária a presença do levantamento de estratégias adequadas a cada caso para o atendimento das necessidades educacionais especiais evidenciadas por determinados estudantes, os quais poderão precisar, na sua prática diária, de ampliação do tempo para a realização das tarefas, do uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), do uso de textos em Braille, da ampliação de textos, de recursos de informática e dos recursos da tecnologia assistiva, entre outras possibilidades. Perrenoud (1999) aponta para a importância da avaliação formativa enquanto uma forma reguladora da ação pedagógica, uma vez que essa entende os resultados como provisórios e não como definitivos. Além de provisórios, esses resultados são indicativos de procedimentos e estratégias que ultrapassem os obstáculos encontrados, por meio da individualização do ensino. Pensar na avaliação com função formativa segundo Perrenoud (1999) ou como uma investigação didática segundo André (1999), é pensar em uma 22 dinâmica em que o professor possa acompanhar o processo de aprendizagem dos estudantes e, simultaneamente, monitorar o seu próprio ensino. Dessa forma estará realizando uma investigação didática que poderá dar a conhecer as experiências que conquistaram resultados positivos, bem como denunciar as mudanças que se fazem necessárias para tornar o seu ensino mais adequado ao atendimento das demandas. André (1999) aponta que a avaliação da aprendizagem: [...] como investigação didática, deve auxiliar na busca de respostas inerentes ao desenvolvimento da aprendizagem e da busca em compreender as dificuldades encontradas, delimitando que atividades deverão ser propostas para a superação das limitações, e assim sendo, proporcionar aos estudantes um acompanhamento visando à análise não só dos resultados, mas também do processo dos caminhos percorridos na direção da construção do conhecimento (ANDRÉ, 1999. S/p.). Todos esses indicativos mostram a importância de perceber a avaliação escolar como uma dinâmica que deve perseguir e sustentar-se pelo respeito e acolhimento às diferenças, cada estudante visto na sua individualidade, cada resposta que não for igual ou similar a esperada, seja compreendida como uma hipótese, além de desenvolver a função indicadora dos procedimentos, estratégias e encaminhamentos que se fazem necessários a cada caso. Para Mantoan (2008): [...] acolher as diferenças só terá sentido para o professor e fará com que ele rompa com seus posicionamentos sobre o desempenho escolar padronizado e homogêneo dos alunos, se ele tiver percebido e entendido por si mesmo essas variações, quando vivenciar uma experiência que lhe marque a existência. O professor, então, desempenhará o seu papel formador, que não se restringe a ensinar somente a uma parcela dos alunos que conseguem atingir o desempenho exemplar esperado pela escola. Ele ensinará a todos, indistintamente (MANTOAN, 2008. S/p.). Neste contexto e parafraseando Campos e Oliveira (2005) é importante considerar que a avaliação das necessidades educacionais dos estudantes com deficiências ou com qualquer outra situação que resulte em respostas pedagógicas diferentes das esperadas, torna-se um elemento fundamental para subsidiar a sua aprendizagem e assessorar o acompanhamento de sua 23 escolarização nas classes comuns, por meio da oferta dos recursos necessários para viabilizar o seu sucesso. Resumo da Aula 2 Nesta aula evidenciaram-se os desenvolvimentos reforçando as funções da avaliação, as quais devem acontecer em processos dinâmicos, considerando o conhecimento prévio do aluno. Atividade de Aprendizagem Perrenoud (1999) aponta para a importância da avaliação formativa enquanto uma forma reguladora da ação pedagógica, uma vez que entende os resultados como provisórios e não como definitivos. Discorra sobre o tema. Aula 3 – Equidade no processo avaliativo Apresentação Aula 3 Nesta aula o foco será evidenciar a equidade no processo avaliativo, trazendo reflexões sobre a inclusão dentro do processo. 3. Equidade no processo avaliativo 3.1 Equidade Igualdade de oportunidade é um amplo conjunto de valores comuns e de propósitos que estão subjacentes ao currículo e ao trabalho das escolas. Eles também incluem um compromisso com nossa própria valorização, de nossa família e de nossas relações, dos grupos abrangentesaos quais pertencemos, da diversidade em nossa sociedade e do ambiente em que vivemos (Prefácio do Secretário do Exterior, DFEE e QCA, 1999 apud MITTLER, 2003. S/p.). 24 A igualdade de oportunidades para os estudantes com necessidades educacionais especiais (NEE) deve estar inserida em todas as ações pedagógicas destinadas a essa parcela da população escolar. Deve servir como norteadora do processo que define currículo, aprendizagem e avaliação, sendo que a avaliação deverá estar diretamente relacionada à coleta de informações a respeito do desempenho dos estudantes e também do desenvolvimento de todos os procedimentos que fazem parte da produção desses resultados. Esse fato encontra-se atrelado a implementação de ações que são inerentes a oferta de uma educação de qualidade, no sentido de produzir a equidade de oportunidades educacionais, o que requer algumas reflexões. Fonte: http://msalx.revistaescola.abril.com.br/2013/02/25/1304/LfC4j/inclusao- adaptacao-flexibilizacao-curriculo-sindrome-down-palavra-especialista.jpeg Para Refletir Reflita sobre: O que está sendo realizado para que o estudante tenha oportunidade de adquirir conhecimentos? Como esses procedimentos estão sendo efetivados, o que leva a refletir a respeito da forma de apresentação dos conteúdos. Onde está sendo realizado, ou seja, como o espaço físico é organizado? Para que esses conteúdos estão sendo trabalhados, quais os objetivos que se pretende atingir e quanto 25 estão coerentes com as possibilidades, capacidades e competência daqueles a quem se destinam? Para quem está sendo realizado, o que acarreta conhecer a história do estudante com NEE, seu diagnóstico, suas possibilidades, as competências já adquiridas, sua condição para novas aquisições e seu prognóstico. Quais recursos estão disponíveis para a realização do que está sendo proposto? Esses recursos estão de acordo com as necessidades do estudante que deles necessitam? Qual o melhor momento para se trabalhar cada proposta? Aqui cabe uma reflexão não só sobre o momento mais adequado do dia ou do turno escolar, mas também diz respeito ao tempo a ser gasto com cada atividade. Esse tempo está de acordo com a possibilidade do estudante manter o foco em certa atividade? Quais os resultados a serem atingidos, ou seja, que conquistas esperamos que aconteçam por parte do estudante com NEE? Qual a repercussão dessas conquistas para o próprio estudante, para os docentes, para a escola, para a família, enfim, para todos os setores envolvidos? Que sentimentos esses resultados geram no sujeito aprendente? Para Mendel, a avaliação da aprendizagem não é algo meramente técnico, uma vez que envolve autoestima, respeito à vivência e cultura própria do indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político. Portanto, não há neutralidade no processo avaliativo e sim, uma intencionalidade, o que requer e exige uma tomada de posição, uma vez que a relação pedagógica existente envolve ações, condutas, atitudes e habilidades de todos os participantes, além de que acontece com base em paradigmas que sustentam a proposta pedagógica adotada em determinado sistema. Conforme Caldeira(2000): A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica (CALDEIRA, 2000. p.23). 26 Aqui vale uma reflexão a respeito de todo o processo que envolve o ato de ensinar e de aprender, além de questionar se todos os recursos, metodologias e estratégias utilizadas, bem como as escolhas feitas para investigar como esse processo está acontecendo, estão sendo suficientes e adequadas. Na mesma medida vale investigar se os resultados que estão sendo gerados, estão de acordo com as possibilidades, capacidades e competências do sujeito aprendente, bem como com o seu prognóstico. Para Refletir Reflita: será que os procedimentos adotados podem ser geradores de exclusão, sem que tenhamos consciência desse fato? Inclusão e exclusão começam na sala de aula. [...] São as experiências cotidianas das crianças nas salas de aula que definem a qualidade de sua participação e a gama total de experiências de aprendizagem oferecidas em uma escola. Da mesma maneira, são importantes as interações e as relações sociais que as crianças têm umas com as outras e com os outros membros da comunidade escolar. As formas através das quais as escolas promovem a inclusão e previnem a exclusão constituem o cerne da qualidade de viver e aprender experimentado por todas as crianças (MITTLER, 2003. S/p.). A exclusão educacional pode acontecer, por parte dos estudante, por um não entendimento do que o professor está falando ou solicitando, e por parte desse último, por não entender como o estudante aprende, qual é o seu mapa mental, que recursos ele utiliza e precisa para ter acesso ao conhecimento. O trabalho com estudantes com NEE requer pensar em um processo investigativo que envolva uma avaliação dinâmica, que considere a neuroplasticidade cerebral, ou seja, a propriedade que evidencia o desenvolvimento de alterações estruturais do cérebro em resposta às experiências vivenciadas pelo sujeito, enquanto resultado de sua adaptação as condições mutantes e aos estímulos repetidos. Esse fato se dá em função da capacidade adaptativa do Sistema Nervoso Central (SNC), ao desenvolver a 27 habilidade de modificação de sua organização estrutural e do seu funcionamento. Outro ponto fundamental a ser destacado na escolha de procedimentos relacionados à avaliação na educação especial é que o desenvolvimento da neuroplasticidade cerebral ocorre ao longo de toda a vida e dele depende todo o processo de aprendizagem do sujeito, bem como a reabilitação de funções motoras e sensoriais que, por ventura, se encontrem em prejuízo, uma vez que o cérebro tem a condição de realizar novas conexões conforme a demanda ou conforme a necessidade que enfrenta, reorganizando-se constantemente. Cabe então, a avaliação na educação especial, levar em consideração a flexibilidade cerebral, a capacidade de aprender a se adaptar, a melhorar e a aperfeiçoar as habilidades mais utilizadas, em consequência da estimulação. Assim sendo, a avaliação torna-se o indicador do potencial do sujeito para aprender e não o instrumento de medição do desempenho presente do mesmo com base em padrões preestabelecidos. Dentro da dinâmica da plasticidade cerebral deve-se também considerar o conceito de “janelas de oportunidades”, que diz respeito aos momentos mais propícios de estimulação do cérebro para que o sujeito assimile informações de determinada natureza. Além de todo o exposto, pensar essa forma de avaliação envolve também pensar a relação interpessoal que se estabelece entre docente e discente, onde é possível, não só, valorizar o processo como também conhecer as estratégias de aprendizagem e de ensino utilizadas pelos mesmos. Para Refletir Reflita sobre os questionamentos a seguir: O que o estudante deve aprender? Como e quando aprender? Como avaliar? Quando avaliar? Que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem? 28 As respostas a esses questionamentos poderão servir como diretriz e como ponto de partida, uma vez que permitem identificar características, necessidades, habilidades e potencialidades evidenciadas no início do processo, oferecendo, à prática pedagógica, condições para criar objetivos e planejar ações que correspondam aos pontos identificados, gerando,quando necessário, um currículo funcional. Sua ação também tem por base prevenir dificuldades de aprendizagem antes que essas possam surgir, dando a oportunidade, ao professor, de planejar o ensino conforme a necessidade do aprendente, de maneira a assegurar uma aprendizagem efetiva. Fonte: http://www.modernaeducacional.com/wp-content/uploads/2013/10/educacao- inclusiva-760x300.jpeg Nesse contexto a avaliação é diagnóstica porque investiga o que está acontecendo com o estudante, no que diz respeito ao seu processo de aprendizagem, mas também é processual, uma vez que pesquisa sobre os conhecimentos e habilidades necessárias ao mesmo, naquele momento, para que possa atingir o esperado. Define-se como uma avaliação funcional, uma vez que aponta para um procedimento não classificatório e sim, diagnóstico da situação, com vistas a melhorá-la a partir da adoção de novas decisões pedagógicas. A escolha de procedimentos avaliativos deve ser definida no planejamento escolar para que os mesmos atendam às características dos estudantes. A 29 metodologia, os objetivos e os conteúdos devem ser adequados às necessidades especiais de cada um, propondo-se assim a efetivação de um currículo que contenha o levantamento das necessidades e potencialidades. Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/wp-content/uploads/A- avalia%C3%A7%C3%A3o-educacional-segundo-a-vis%C3%A3o-dos-alunos1.jpg A avaliação na educação especial precisa ser trabalhada numa relação direta com um currículo funcional, que é aquele em que as habilidades a serem desenvolvidas tenham função na vida do estudante, podendo serem utilizadas imediatamente ou mesmo em um futuro próximo. Essa proposta educacional prioriza o desenvolvimento de capacidades que possam permitir ao estudante viver e conviver com dignidade em sua comunidade. Como resultado desse processo, todo o currículo funcional requer uma avaliação funcional. A AVALIAÇÃO DEVE... Estar baseada na preocupação e no cuidado de não ensinar coisas que não tenham significado para a vida do estudante e que acabam gastando uma energia desnecessária; Buscar sempre abordar situações dentro do contexto em que o estudante está inserido e que caibam na sua compreensão; 30 Preocupar-se em investigar se o proposto está adequado ao preparo do estudante para desenvolver uma vida produtiva e para proporcionar a esse condições para agir com autonomia; Estar voltada a propor medidas preventivas que levem o estudante a aprender os conteúdos curriculares de maneira mais justa às suas condições individuais; Apontar para a busca de soluções para que o estudante com NEE tenha acesso ao atendimento de suas necessidades específicas, a fim de que adquira condições de prosseguir, com bons resultados, a sua carreira acadêmica, com vistas a impedir o fracasso do processo de ensino e de aprendizagem; Maximizar capacidades e potencialidades do estudante com NEE, bem como favorecer a sua inclusão na escola e na sociedade; Integrar o conjunto de ações educacionais, sendo fundamental para a elaboração e reelaboração do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) e do planejamento pedagógico; Deve contribuir para a definição das metodologias e das estratégias de ensino e para a escolha de materiais e de equipamentos necessários a cada caso, além de pensar na adequação dos espaços físicos e dos mobiliários; Ser dinâmica, contínua e mapeadora, não só do processo de aprendizagem dos estudantes, indicando potencialidades, habilidades, progressos, dificuldades e retrocessos, se houverem, mas também verificadora das possíveis variáveis externas ao indivíduo; Fazer a leitura e releitura do papel dos professores envolvidos com o estudante, levantando a necessidade de cursos de formação continuada. Enfim, cumprindo com os compromissos assumidos pela Instituição, esse procedimento avaliativo tem como propósito primordial ofertar subsídios coadjuvantes para a construção de uma escola de qualidade para todos. Diante de todo o exposto, avaliar o estudante com NEE assumindo o compromisso com a sua aprendizagem, diz respeito a conhecer esse estudante na sua individualidade, o que confirma a necessidade de uma observação que seja atenta e reflexiva em relação à todos os componentes e atores do cenário educacional. 31 Fonte: http://pessoascomdeficiencia.com.br/site/wp- content/uploads/2013/10/acessibilidade-escola.jpg Para que o processo avaliativo possa, não só dar conta do desenvolvimento do estudante, como também subsidiar o trabalho pedagógico, se faz necessário o registro de toda a sua trajetória. Esse procedimento deve resultar em ações reflexivas que levem em conta a individualidade e a singularidade de cada estudante, em suas aprendizagens. O registro deve ocorrer de forma descritiva, oferecendo informações sobre o processo de aprendizagem e sobre a organização do trabalho pedagógico do professor, bem como permitir a articulação entre a observação, a reflexão e a intervenção pedagógica. Os dados registrados permitem analisar a construção da aprendizagem e do desenvolvimento do aprendente em determinado período. Conforme as palavras de Ambrogi (2008): [...] é preciso que o professor tenha clareza do que deseja atingir e como vai proporcionar meios para que isso ocorra. Especialmente deve ter consciência dos antagonismos que se devem enfrentar, as dissonâncias e fundamentalmente as incompatibilidades geradas pela organização das escolas. Pode parecer um caminho tortuoso, mas a consciência dá a dimensão dos limites e assim há a possibilidade de superá-los (AMBROGI apud MASINI, 2008. p. 54). 32 Resumo da Aula 3 Nesta aula reforçaram-se as reflexões sobre a equidade e o ato de ensinar/aprender e seus impactos no processo avaliativo, enfatizando como a avaliação deve ser efetivada. Atividade de Aprendizagem Um dos pontos fundamentais na escolha dos procedimentos relacionadas à avaliação na Educação Especial é o desenvolvimento da neuroplasticidade, o qual ocorre durante toda a vida e depende do processo de aprendizagem do indivíduo. Discorra sobre o tema. Aula 4 – Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva Apresentação Aula 4 Nesta aula serão evidenciados os processos avaliativos na inclusão, a aplicabilidade da avaliação multidimensional e as estratégias facilitadoras desse processo. 4. Inclusão e o Processo Avaliativo 4.1 Inclusão Inclusão e exclusão são conceitos intrinsecamente ligados, e um não pode existir sem o outro porque inclusão é, em última instância, a luta contra a exclusão. [...] Se exclusões sempre existirão, a inclusão nunca poderá ser encarada como um fim em si mesmo. Inclusão sempre é um processo (SANTOS, M.P.; PAULINO, M.M. apud VITALIANO, 2010. S/p.). 33 Pensar a inclusão é pensar em um processo de avaliação que tenha como meta incluir o aprendente, uma avaliação que seja promissora da mediação da aprendizagem, uma avaliação dinâmica com possibilidades para reestruturar e ressignificar o papel do professor. Uma proposta de avaliação dessa natureza requer uma análise que ultrapasse os resultados apresentados pelo estudante e que se proponha a modificar o estado atual do mesmo, ou seja, que se proponha a se constituir numa intervenção educativa que apresente novos procedimentos e que permita o aparecimento de novas habilidades cognitivas. Para Veiga (2012): [...] deve ser a preocupação, num processo de avaliação, os pontos fortes e o nível optimal de desempenho que o sujeito é capaz de produzir. Afirma ainda, que a avaliação [...] deve fornecer informações relevantes para a aprendizagem, sendo assim dinâmica e prospectiva (VEIGA, 2012. S/p). Para Veiga (2012) a avaliação deve iralém dos resultados, analisando todos os aspectos envolvidos na produção ou na não produção do conhecimento por parte do estudante e que possa investir na modificação do seu estado atual por meio do fornecimento de informações que favoreçam uma intervenção de qualidade, é o que se espera de uma proposta avaliativa na educação especial inclusiva. Neste sentido, essa avaliação pode ser também multidimensional, desde que se volte a ver o estudante com necessidades educacionais especiais (NEE) enquanto totalidade, essencialmente como aquele sujeito que requer um entendimento diferenciado na sua forma de aprender. 4.2 Avaliação Multidimensional Para Veiga (2012) a avaliação Multidimensional define-se como: [...] um Sistema de avaliação desenvolvido pela Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento – AADID -, que permite o conhecimento amplo da pessoa com deficiência intelectual, considerando as cinco dimensões que envolvem fatores pessoais e ambientais e as definições dos apoios necessários que facilitem sua autonomia, participação social e bem-estar (VEIGA, et al, 2012, p.26). 34 Na década de 30, Marjory W. Warren delineou os primórdios da avaliação multidimensional e a importância da interdisciplinaridade. Saiba Mais Marjory Winsome Warren (1897-1960), nasceu em Londres, foi médica e assistente social. Criou o primeiro “processo” de avaliação multidimensional e atenção multidisciplinar o qual foi aplicado em idosos mais vulneráveis, efetuando revisões detalhadas de seus prontuários, estabelecendo assim um sistema classificatório, o qual permitiu trabalhar a estimulação e reabilitação física (reintegrando-os socialmente). A modalidade de avaliação aqui apresentada tem seu conceito desenvolvido com o propósito de permitir o conhecimento amplo da pessoa com deficiência intelectual e indicar os apoios necessários para o favorecimento da autonomia, da participação social e do seu bem-estar. Sua proposta está descrita em cinco dimensões: Habilidades intelectuais: apresentadas pelo estudante, em que é possível verificar a capacidade mental do mesmo incluindo o raciocínio, o planejamento, a resolução dos problemas, a compreensão de ideias complexas, a aprendizagem rápida e a aprendizagem através da experiência; Comportamento adaptativo: o qual refere-se a um grupo de habilidades conceituais, sociais e práticas que as pessoas aprendem para funcionar em sua vida diária e que estão relacionadas aos aspectos acadêmicos, cognitivos e de comunicação, envolvendo a linguagem receptiva e expressiva, a leitura, a escrita, o conceito de dinheiro e a autonomia. As habilidades sociais que estão relacionadas ao desenvolvimento da competência social como responsabilidade, autoestima, habilidades interpessoais, credulidade e ingenuidade, observância de regras, normas e leis e o evitar a vitimização. As 35 habilidades práticas que estão relacionadas ao exercício da autonomia para alimentar-se e preparar alimentos, arrumar a casa, deslocar-se de maneira independente, utilizar meios de transporte, tomar medicação, manejar dinheiro, usar telefone, cuidar da higiene e do vestuário. Participação, as interações e os papéis sociais: os quais são avaliados através da observação direta do estudante no ambiente em que vive e nas relações que estabelece com seu mundo material e social, por meio do desenvolvimento de papéis sociais. Saúde: seja do ponto de vista físico, mental e etiológico. O bem-estar do estudante, nesse aspecto, é primordial, uma vez que envolve as condições de saúde e segurança, o quanto pode participar das atividades educacionais, comunitárias e sociais e, quando possível, a participação em um trabalho interessante e valorizado. Contexto social: o qual vai investigar sobre as condições em que o estudante vive, relacionando-as com a sua qualidade de vida. Aqui o destaque está nos fatores ambientais que envolvem a família, a vizinhança, a comunidade, as organizações educacionais e de apoio, o contexto cultural, a sociedade e os grupos populacionais. Em se tratando de avaliação na educação especial, mesmo que todos os aspectos citados anteriormente sejam observados, se faz necessária a adaptação de instrumentos que são usados na investigação da aprendizagem de estudantes com NEE, visando a adequação conforme a peculiaridade apresentada e o benefício que se espera que os mesmos possam proporcionar. Para tanto, uma análise na literatura especializada permite encontrar várias opções de adaptações desses instrumentos, conforme a necessidade educacional especial que cada estudante apresenta. Alguns procedimentos, instrumentos e tarefas escolares devem ter como parâmetro a facilitação da aprendizagem, bem como a possibilidade da melhor compreensão por parte dos professores, quanto a produção do estudante no momento de avaliação. 36 Importante ESTRATÉGIAS FACILITADORAS DO PROCESSO Fazer as acomodações necessárias no ambiente para facilitar o exercício da avaliação; Ajustar o ritmo; Permitir interrupções; Dar à família um conjunto de textos e de materiais para avaliação e revisão prévias; Dar a oportunidade para o estudante usar adequadamente o espaço físico, bem como o espaço destinado para as atividades no caderno ou na folha de papel; Alterar a localização do estudante na sala de aula para reduzir distrações visuais, espaciais, auditivas, de movimento, etc.; Considerar a iluminação do ambiente; Quando de atividades avaliativas em grupos, variar a organização dos mesmos. Usar o apoio dos colegas na explicação das consignas; Proporcionar motivação e reforço positivo; Elogiar as realizações concretas e tangíveis; Planejar a sequência das questões apresentadas na avaliação; Oferecer diferentes opções; Usar frequentemente as potencialidades e o interesse do estudante; Permitir que a família participe do processo avaliativo, sendo considerada nas suas observações; Avaliar também as atividades diferenciadas e/ou especiais; Variar as regras e orientações para a realização dos exercícios e/ou atividades; Exibir mapas de progresso; Verificar, frequentemente, se houve compreensão do enunciado, seja ele verbal ou escrito; Solicitar o reforço dos pais; Fazer com que o estudante repita as instruções; Ensinar e praticar com o estudante diferentes técnicas de estudo; Usar as folhas de estudo para organizar o material e a sequência a ser estudada; Rever e vivenciar situações reais; Solicitar respostas segundo o estilo de aprendizagem do estudante com o uso das inteligências múltiplas, ou seja, linguístico, espacial, lógico-matemático, corporal-cinestésico, musical, interpessoal, intrapessoal; Valer-se do currículo especializado/adaptado/funcional para escolher os aspectos, os conteúdos e os procedimentos a serem avaliados; Permitir consultas as anotações; 37 Demonstrar a aplicação funcional das habilidades acadêmicas; Fazer demonstrações da aprendizagem; Variar a quantidade de conteúdos a serem avaliados; Propor testes e guias de estudos específicos; Variar a disposição do material na página; Proporcionar ajuda nas anotações; Usar equipamentos eletrônicos como máquina de escrever, máquina elétrica, computador, máquina Braille, calculadora, dispositivo de comunicação aumentativa, adaptações para telefone, videocassete, etc.; Usar recursos da comunicação alternativa; Usar “dicas”, ou seja, dispositivos mnemônicos; Apresentar previamente as questões; Usar organizadores avançados; Mudar a metodologia de avaliação; Aplicar testes orais, verbais e escritos; Usar itens variando dos mais fáceis para os mais complexos, para facilitar a compreensão; Respostas curtas e questões de múltipla escolha; Usar desenhos, gravuras,diagramas e gráficos confeccionados em alto relevo ou usar materiais concretos; Usar gravador ou computador para a realização das tarefas; Utilizar planos recortados em papelão, tipo cenário de teatro, bem como maquetes táteis para auxiliar na compreensão de profundidade e de planos gradativamente mais distantes; Posicionar-se no campo visual do estudante; Usar gestos, expressão corporal e expressão facial; Fazer a explicação direta e de diferentes maneiras; Auxiliar no uso de equipamentos adaptativos; Realizar as atividades em salas de multimeios, núcleos, serviços ou centros de apoio pedagógico; Usar exercícios orais, quando recomendável; Destinar tempo extra para a realização da avaliação; Usar intervalos durante a realização da avaliação; Permitir respostas ditadas para um assistente (escriba); Realizar a avaliação em vários dias; Usar aplicações no ambiente real; Providenciar para que o teste seja aplicado por uma pessoa especializada; Modificar o formato do teste ou dos exercícios; Dar instruções em passos pequenos e separados; Utilizar procedimentos compensatórios; Observar a necessidade de estender o tempo de avaliação, considerando as peculiaridades de cada estudante. 38 A avaliação do processo de aprendizagem dos estudantes com NEE tem por meta certificar os mesmos, em relação às suas conquistas, para que esses tenham direito a continuidade dos seus estudos ou a inserção no mercado de trabalho. 4.3 Terminalidade Específica Quando a certificação convencional não é possível, se faz necessário a utilização da Terminalidade Específica, que nada mais é que um documento comprobatório das habilidades atingidas pelos estudantes que não conseguem apresentar resultados de escolarização, conforme o previsto no Inciso I do art. n°. 35 da LDBEN (ou LDB - Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional): “o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”, deve ser dada, após esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. n°. 24 da LDBEN, sendo essa uma certificação de conclusão de escolaridade. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL LEI Nº 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996. [...] Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; 39 III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. [...] Seção IV Do Ensino Médio Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. IV - serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; 40 II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. § 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. [...] Acesso na integra disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm A certificação chamada Terminalidade Específica se resume no histórico escolar que apresenta de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos estudantes cujas necessidades especiais não lhes permitem atingir o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental, respeitada a legislação existente e conforme regimento e proposta pedagógica da escola. A expedição da Terminalidade Específica somente poderá ocorrer em casos plenamente justificados, devendo se constituir em um acervo de documentação individual do estudante, que deverá contar com um relatório circunstanciado e com osseguintes documentos: Conjunto dos dados individuais do estudante, acompanhados das fichas de observação periódica e contínua realizada e dos registros feitos pelo atendimento no Serviço de Atendimento Educacional Especializado. Cópia da avaliação das habilidades e competências atingidas pelo estudante nas diversas áreas do conhecimento, fundamentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental ou da modalidade frequentada pelo estudante. Histórico escolar do estudante, na conformidade das normas estabelecidas para o registro do rendimento escolar contendo, no campo de Observações, a seguinte ressalva: “Este Histórico Escolar somente terá validade se acompanhado da Avaliação Pedagógica”. Cópia do termo de certificado de terminalidade escolar específica. 41 Registro do encaminhamento proposto para o estudante, à vista das alternativas regionais educacionais existentes, passíveis de ampliarem suas possibilidades de inclusão social e produtiva. Parecer favorável emitido pelos responsáveis pela Educação Especial e pela unidade escolar. O Certificado de Terminalidade Específica do Ensino Fundamental somente poderá ser expedido ao estudante com idade mínima de 16 (dezesseis) anos e máxima de 21 (vinte e um) anos. A certificação por meio da Terminalidade Específica deve possibilitar novas alternativas educacionais e sociais com possível encaminhamento para: Cursos de Educação de Jovens e Adultos. Preparação para o Trabalho. Cursos Profissionalizantes. Mercado de Trabalho Competitivo (ou não). Educação Especial para o Trabalho. A Certificação por meio da Terminalidade Específica traz uma solução para um impasse escolar, permitindo, inclusive, mais respeito aos potenciais de todos os estudantes com NEE, de maneira individualizada e particular. Resumo da Aula 4 Nesta aula reforçou a importância da inclusão, a Avaliação Multidimensional e suas cinco dimensões, as habilidades intelectuais apresentadas pelo estudante. 42 Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a Avaliação Multidimencional e suas cinco dimensões. Resumo da Disciplina Nesta disciplina abordou-se a importância da igualdade de oportunidades contemplando as diferenças de avaliações no processo ensino/aprendizagem, o qual é de grande importância no mesmo e no processo inclusivo. Reforçou-se a importância da evolução da neurociência e quais as suas relações com o processo de estímulo/aprendizagem, bem como sua aplicabilidade nas avaliações; contextualizando o conceito “janelas de oportunidades”, as quais são formadas por diversas experiências do indivíduo a partir dos estímulos recebidos e das hipóteses formuladas pelo mesmo, diante de novas situações vivenciadas ao longo da vida. Foram trabalhados fases e conceitos do desenvolvimento humano e a importância das avaliações dentro do contexto formativo dos indivíduos com necessidades educacionais especiais e a importância da igualdade de oportunidades no processo ensino/aprendizagem, a qual é de grande importância no mesmo e no processo inclusivo. Contextualizou-se a Avaliação Multidimensional e suas cinco dimensões, as habilidades intelectuais apresentadas pelo estudante, o comportamento adaptativo, a saúde, o contexto social e a participação (interações e os papéis sociais), os quais auxiliam e servem de bases sólidas no processo avaliativo. 43 Referências AIMI, D.R.S. e TAMBORIL, M.I.B. A avaliação na educação especial: Instrumento para promoção de aprendizagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá/PR, 2011. http://www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/13.pdf. ANDRE, M. (org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. (9° ed.). Campinas, SP: Papirus, 1999. BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica / Secretaria de Educação Especial. MEC; SEESP, 2001. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 9.394. Brasília, 1996. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. 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