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Doença Renal Definição Presença de dano renal ou redução da função renal que persiste por pelo menos 3 meses ou diminuição do ritmo de filtração glomerular (RFG) abaixo de 60 ml/min/1,73m2. De um modo geral, a DRC é consequência de processos patológicos lentamente progressivos. C R Ô N I C A Ao contrário do que se observa na maioria dos casos de IRA, na DRC não ocorre regeneração do parênquima renal, e por isso a perda de néfrons, por definição, é irreversível. E T I O L O G I A A primeira causa de DRC é a hipertensão arterial sistêmica, a segunda é o diabetes, seguido pela glomerulonefrite crônica. Nefropatia Diabética Nefrosclerose hipertensiva Doenças glomerulares Doenças do túbulo insterticial Doenças císticas Doenças vasculares GRUPOS DE RISCO Uso de medicações nefrotóxicas: devem ser evitadas ou otimizadas em pacientes com DRC, principalmente quando o RFG é menor que 60 ml/min/1,73m2. Idosos: além de serem grupo de risco, já possuem TFG diminuída Portadores de HAS, Diabetes e/ou alguma doença cardiovascular. História familiar de DRC: pacientes com história familiar apresentam prevalência aumentada de HAS, DM, proteinúria e doença renal. mecanismos desencadeantes específicos da etiologia subjacente, por exemplo anormalidades do desenvolvimento ou da integridade renal determinadas geneticamente, deposição de imunocomplexos e inflamação em alguns tipos de glomerulonefrite, ou exposição a toxinas em algumas doenças dos túbulos e do interstício renais. conjunto de mecanismos progressivos que envolvem hiperfiltração e hipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes, que são consequências comuns da redução prolongada da massa renal, independentemente da etiologia primária. FI SI O PA TO As respostas à redução da quantidade de néfrons são mediadas por hormônios vasoativos, citocinas e fatores de crescimento. Por fim, essas adaptações de curto prazo (hiperfiltração e hipertrofia) tornam-se mal adaptativas à medida que as elevações da pressão e do fluxo sanguíneos dentro do néfron predispõem à distorção da arquitetura dos glomérulos, função anormal dos podócitos e rompimento da barreira de filtração, levando a esclerose e destruição dos néfrons remanescentes. O aumento da atividade intrarrenal do sistema renina-angiotensina parece contribuir para a hiperfiltração adaptativa inicial e para a subsequente hipertrofia mal adaptativa e esclerose. Esse processo explica por que a redução da massa renal secundária a uma lesão isolada pode causar declínio progressivo da função renal ao longo de muitos anos. • Excreção de produtos finais de diversos metabolismos; • Produção de eritropoetina, hormônio que estimula a produção de hemácias na medula óssea; • Produção de vitamina D, hormônio relacionado com o metabolismo do cálcio; • Controle do equilíbrio hidroeletrolítico • Controle do metabolismo ácido-básico • Controle da pressão arterial L aís R . Saad – T 9 CL ÍN IC O S A S P E C T O S FUNÇÃO RENAL CONSEQUENCIAS DA DISFUNÇÃO Controle do equilíbrio hidroeletrolítico e do metabolismo ácido básico Hiponatremia ou hipernatremia, hipervolemia, hipercalemia, baixo teor de potássio total, hipocalcemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica (pela produção de amônia), diminuição da tolerância para carga de eletrólitos ou minerais Regulação da PA Hipertensão e DCV Mediador endócrino Anemia (diminui eritropoetina), hipertensão (pelo SRAA), doença óssea (secundária ao hiperparatireoidismo), baixo nível de vit. D, meia vida prolongada de hormônios peptídicos. Excreção de produtos de metabólitos Anorexia, náusea, deposição de tecido mole de oxalatos e fosfatos, disfunção neurológica e perda de proteína muscular. Outras consequências Insuficiência cardíaca, hipertrofia do ventrículo esquerdo, doença vascular isquêmica, SÍNDROME UREMICA Conjunto de sinais e sintomas que aparece na insuficiência renal grave, quando a filtração glomerular está < 30 ml/min. A uremia consequente da DRC causa distúrbios funcionais em quase todos os sistemas do organismo. A diálise crônica pode reduzir a incidência e a gravidade de alguns desses distúrbios: RESPONDEM À DIÁLISE: • Sintomas gastrointestinais; • Sintomas neurológicos; • Sintomas cardíacos; • Sintomas pulmonares; • Disfunção plaquetária com hemorragias; • Resistencia à insulina; • Desequilíbrio hidroeletrolítico; • Desequilíbrio acidobásico. NÃO RESPONDEM À DIÁLISE: • Anemia; • Aterosclerose acelerada; • Osteodistrofia renal; • Depressão imunológica; • Dislipidemia. Os pacientes com DRC inicialmente apresentam acidose metabólica sem ânion gap (ou acidose metabólica hiperclorêmica). Posteriormente observa- se a acidose metabólica com ânion gap. A osteodistrofia renal é o termo utilizado para descrever alterações na morfologia óssea. A classificação e o diagnóstico da doença requerem a realização de biópsia óssea e se baseiam nos componentes de remodelamento, volume ósseo e mine ralização. As categorias da osteodistrofia renal conforme a histologia são: • Osteíte fibrosa: uma doença de alta remodelação óssea causada pelo hiperparatireoidismo secundário. • Osteomalácia: de baixa remodelação e caracterizada por um defeito na mineralização óssea. • Doença adinâmica: também de baixa remodelação. • Doença mista: surge como doença intermediária com alto remodelamento e defeito de mineralização. O distúrbio ósseo e mineral inicia-se com a redução na produção de 1,25 dihidroxicalciferol. O declínio progressivo do nível sérico de vitamina D é acompanhado por elevação de paratormônio à medida que declina a filtração glomerular. Assim, nos estágios 3 e 4, a maioria dos pacientes já apresenta hiperparatireoidismo secundário. O estado inflamatório associado à perda da função renal é refletido pelos elevados níveis circulantes dos reagentes de fase aguda, como as citocinas inflamatórias e a proteína C-reativa, com reduções correspondentes dos “reagentes negativos da fase aguda” como albumina e fetuína séricas. O estado inflamatório parece acelerar a doença vascular obstrutiva, e os níveis baixos de fetuína podem predispor às calcificações vasculares mais rápidas, principalmente na vigência de hiperfosfatemia. IMPORTANTE PARA ENTENDER Os pacientes com essa síndrome possuem hálito urêmico (odor de urina no ar exalado), causado pela decomposição da ureia em amônia na saliva e geralmente está associado a um paladar metálico desagradável (disguesia). L aís R . Saad – T 9 DIAGN Ó STICO Bem identificado com o ritmo de filtração glomerular. Essa é a melhor medida do funcionamento renal em indivíduos normais ou pacientes com doença renal. O nível da RFG varia com a idade, sexo, e massa muscular. A RFG menor que 60mL/min/1,73m2 representa diminuição de cerca de 50% da função renal normal e, abaixo deste nível, aumenta a prevalência das complicações da DRC. Como a RFG diminui com a idade, a prevalência de DRC aumenta nos pacientes idosos; cerca de 17% das pessoas com mais de 60 anos apresentam RFG menor que 60mL/min/1,73m2. SUMÁRIO DE ÚRINA Hematúria: presença anormal de eritrócitos na urina (> de 3 a 5 eritrócitos/campo ou até 3000 hemácias por mililitro); Presença de hemácias disfórmicas indicam glomerulonefrite proliferativa ou nefrites hereditárias. Leucócitos: piúria é definida como acima de 10 leucócitos/campo ou 10.000/ml, sendo indicativa de inflamação do TU. Piúria pode ser indicativa de infecção, porém quando associada a cultura estéril pode indicar: tuberculose de trato urinário, infecção por clamídia, doença glomerular proliferativa difusa, litíase renal, nefrite intersticial aguda (linfomononucleares e eosinófilos) e doença renal ateroembólica (eosinófilos). Cilindrúria: excreção aumentadade cilindros na urina. Excreção de cilindros céreos, celulares, gordurosos e pigmentados indicam patologia renal. Excreção de cilindros hialinos e granulosos podem não indicar doença renal. Situaçõesque levam à cilindrúria transitória: desidratação, exercício extenuante, uso de diurético e febre, que podem remitir em 24-48h após desaparecimento do estímulo inicial. Cristais: a presença de cristais na urina como de ácido úrico, fosfato ou oxalato de cálcio nem sempre significam patologia. Um dos principais exames a ser feito avaliação inicial, devendo-se analisar os sedimentos urinários e suas anormalidades e a microscopia do sedimento (pesquisar células, cilindros e cristais). O comprometimento do parênquima renal é confirmado por marcadores de lesão renal. A proteinúria (albuminúria) persistente é o principal marcador de lesão renal. Outros marcadores incluem anormalidades no sedimento urinário (principalmente hematúria e leucocitúria), alterações de parâmetros bioquímicos no sangue e na urina e alterações nos exames de imagem. Pacientes com RFG normal, mas com marcador(es) de lesão renal apresentam risco aumentado para evolução da DRC. PESQUISAR PROTEINÚRIA COM FITA DE IMERSÃO EM GRUPOS DE RISCO! L aís R . Saad – T 9 A avaliação da histologia renal é importante para o diagnóstico, determina o prognóstico e direciona o tratamento, incluindo para pacientes candidatos ao transplante renal. Porém, quando se é feito o diagnóstico da DRC, muitas vezes o rim já está com um grau avançado de fibrose o que dificulta a definição da histologia de base, com redução do seu tamanho, que pode causar sangramento durante o procedimento. Assim, muitas vezes, o risco não compensa os benefícios. BIÓPSIA TRATAMENTO Os tratamentos dirigidos às causas específicas da DRC incluem, entre outros, o controle rigoroso da glicemia dos pacientes diabéticos, o uso de agentes imunossupressores na glomerulonefrite e a utilização das novas modalidades de tratamento específico para retardar a cistogênese na doença renal policística. Em geral, a ocasião ideal para iniciar o tratamento, específico e não específico, é muito antes que haja declínio detectável da RFG e certamente antes que a DRC esteja bem estabelecida. Em todos os pacientes, é útil medir sequencialmente a RFG e colocar os resultados em um gráfico que expresse a velocidade de declínio. Qualquer aceleração na velocidade de declínio deve levar a uma busca de algum processo agudo ou subagudo sobreposto, que pode ser reversível. DIETA Hipossódica (até 2g de sódio ou 5g de NaCl), hipopotassêmica, dieta hipofosfatêmica (até 800mg/dia) – evitar alimentos industrializado e embutidos. Para pacientes a partir do estágio 4 da DRC, deve-se ter uma dieta hipoproteica, para evitar a hiperfiltração glomerular e a sobre carga renal. HAS O controle da hipertensão glomerular é importante para retardar a progressão da DRC. As diretrizes terapêuticas estabelecem o nível de 130/80 mmHg como meta para pacientes com DRC e proteinúria. Os inibidores da ECA e os BRAs inibem a vasoconstrição das arteríolas eferentes da microcirculação glomerular, que é induzida pela angiotensina. Essa inibição possibilita a redução da pressão de filtração intraglomerular e da proteinúria. Entre os bloqueadores dos canais de cálcio (BCC), o diltiazem e o verapamil podem reduzir a proteinúria e causar efeitos nefroprotetores mais eficazes. DM Prevenção por meio de controle da glicemia. O bom controle da glicemia e da hemoglobina glicada reduz o ritmo com que a microalbuminúria aparece e progride no DM tipo 1 e 2. O objetivo é manter a glicemia capilar pré-prandial entre 90 e 130 mg/dL, pico pós-prandial < 180 e hemoglobina glicada < 7,0%. ANEMIA Devem ser considerados a reposição de ferro, vitamina B12 e ácido fólico e o uso de agentes estimuladores da eritopoese, a eritopoetina. A reposição de eritropoetina só deve ser feita após o fornecimento dos substratos, caso haja carência de ferro, B12 e ácido fólico. Dose da eritropoetina: 50 a 150 unidades/kg/semana. KDIGO Pacientes com perda de função renal no início da doença podem apresentar nefropatia crônica à imagem do ultrassom, com perda da diferenciação córtico medular, redução do córtex renal e aumento da ecogenicidade do parênquima renal. US G VI AS UR IN ÁR IA S L aís R . Saad – T 9 DIST. MINERAL E ÓSSEO Deve-se considerar como parâmetros para o tratamento os valores de fósforo, PTH e vitamina D, apenas para pacientes com DRC nos estágios 3, 4 e 5.Os quelantes de devem ser prescritos se, apesar da restrição dietética, o fósforo sérico ou o PTH estiverem acima dos níveis recomendados. A elevação do PTH deve ser tratada com pulsos de calcitriol ou outro metabólito da vitamina D, caso o produtocálcio x fósforo não esteja elevado. ACIDOSE O tratamento deve ser instituído para prevenir a osteopenia e o catabolismo muscular. Nos casos de acidose, recomenda-se o uso de bicarbonato de sódio via oral na dose de 0,5 a 1,0 mEq/kg/dia, para manter o bicarbonato com dose próxima a 22 mEq/L. TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL A hemodiálise é a terapêutica mais utilizada para tratamento, controle e manutenção vital de pacientes portadores de DRC em estado avançado. Ela remove os solutos urêmicos anormalmente acumulados e o excesso de água, e restabelece o equilíbrio eletrolítico e ácido-básico do organismo. As vantagens dessa técnica são: retirada rápida de volume, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e menor chance de falhas. As complicações da hemodiálise consistem de: hipotensão, cãimbra, infec- ção de corrente sanguínea associada à cateter e queda da função renal residual. HEMODIÁLISE É especialmente indicada para crianças e para pacientes com dificuldade na obtenção de um acesso vascular, além de ser uma opção para pacientes com instabilidade hemodinâmica durante as sessões de hemodiálise. A diálise é feita através de um cateter inserido dentro da cavidade abdominal. O peritônio visceral é o responsável pela maior área afetiva de troca. As vantagens do método incluem: menor chance de hipotensão, melhor qualidade de vida, já que o paciente pode realizar o procedimento em casa, além de maior preservação da função renal. As desvantagens do método incluem: maior chance de falha técnica, peritonite (infecção da cavidade peritoneal) e esclerose do peritônio. DIÁLISE PERITONIAL TR AN SP LA N TE É indicada para pacientes com DRC, que está recebendo ou não terapia de substituição renal (diálise peritoneal ou hemodiálise). As contraindicações para o transplante renal são: • Retardo mental grave • Neoplasias ativas • Problemas psiquiátricos graves • Alterações não passíveis de correção em vias urinárias • Oxalose primária L aís R . Saad – T 9
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