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Laís R. Saad – T9 
 
Micoses Sistêmicas 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE (BLASTOMICOSE SUL-AMERICANA) 
Micose produzida pelo paracoccidioides brasiliensis e 
paracoccidioides lutzii. 
Potencialmente letal e considerada a micose 
endêmica + importante do Brasil. 
Na microscopia, é visto como cabeça de Mickey ou 
roda de leme de navio. 
epidemiologia 
Compromete adultos (30 e 50 anos), agricultores ou 
pessoas que tenham vivido em zona rural, numa proporção de 
10 a 25 homens para cada mulher. 
Isso por que o estrógeno tem capacidade de inibir a 
transformação de micélio ou conídios para levedura, não se 
podendo esquecer que a infecção ocorre precocemente até 
antes da puberdade em alguns indivíduos. 
Tem como fator associado tabagismo e etilismo. 
A doença se distribui de forma desigual em um 
mesmo país, assim, as áreas com maior número de casos são 
denominadas "reservareas" em vez de endêmicas. No Brasil, 
a região CO é a mais afetada. 
etiologia e patogenia 
É um fungo dimorfo, geralmente de regiões úmidas, 
tropicais e subtropicais, com solo ácido e temperatura de 15 
a 30°C. 
É rico em 𝛽-1,3 glucana na forma de micélio e rico 
em 𝛼-1,3 e 𝛼-1,6 glucana na fase de levedura. Seu principal 
antígeno é a glicoproteína de 43 Kd → Gp43. 
Em geral, penetra por via respiratória e a infecção é 
adquirida por inalação de propágulos infectantes. Pode 
ocorrer equilíbrio da relação hospedeiro-parasita na infecção 
ou evolução para doença aguda nas crianças e adultos jovens, 
afetando o sistema fagocítico-mononuclear. 
Em adultos, lesões quiescentes podem se reativar, 
especialmente no pulmão, evoluindo para a forma crônica da 
doença. 
A gravidade da doença dependerá do estado 
imunológico do paciente, havendo: 
D FORMA HIPERÉRGICO: representada pela infecção e 
pelas formas circunscritas e autolimitadas da doença nas quais 
a imunidade celular está preservada (paracoccidioidina +) e 
os títulos de anticorpos específicos são baixos. 
D FORMA ANÉRGICA/aguda: quadro clínico é grave e 
progressivo; a imunidade celular está comprometida 
(paracoccidioidina -) e os títulos dos anticorpos estão 
elevados. 
quadro clínico 
1. INFECÇÃO 
2. FORMA regressiva (autolimitada) 
 
3. doença 
 
4. FORMA CICATRICIAL (sequelas) 
DOENÇA AGUDA JUVENIL: 
Se apresenta geralmente em condições imunológicas 
desfavoráveis e após contato recente. Acomete crianças, 
adolescentes e jovens adultos (< 30 anos). 
Evoluem de 2 a 3 meses com febre, perda de peso e 
envolvimento do sistema fagocítico-mononuclear, com 
aumento de fígado, baço e linfonodos regionais ou 
generalizados, sendo os cervicais mais frequentes. Os nódulos 
são ricos em fungo, evoluindo de duros para flutuantes com 
sinais de inflamação. Pode ter manifestações digestivas e 
envolvimento osteoarticular. 
DOENÇA CRÔNICA: 
Se apresenta anos após o contato, como forma de 
reativação. Ocorre de forma insidiosa na faixa etária de 30- 
50 anos, em homens de zona rural. 
Poder ser unifocal, acometendo só um órgão ou 
multifocal, acometendo pelo menos 2 órgãos. 
Compromete o pulmão, seguido da pele e mucosas, 
com rouquidão, disfonia ou disfagia. Sendo as lesões de pele, 
predominantemente na face, ulcerativas, verrucosas ou 
nodulares. Já nas mucosas, a estomatite moriforme (parece 
uma amora) é comum. 
De início, os pacientes são oligossintomáticos, 
tardiamente queixam-se de dispnéia, tosse, escarro 
purulento, sendo o exame físico normal ou com estertores. 
A radiografia revela clássico infiltrado em "asa de 
morcego/borboleta", devido ao acometimento peri-hilar 
bilateral e das regiões médias e superiores. 
Caso haja acometimento das glândulas suprarrenais, 
pode haver a Síndrome de Addison. Tuberculose pode ocorrer 
como comorbidade em cerca de 10% a 15% de formas 
pulmonares, tendo sido descrito nas formas ganglionares. 
SEQUELAS: 
Se caracteriza pelas sequelas que a fibrose 
secundária ao processo inflamatório granulomatoso causa. 
Pode haver alterações anatomofuncionais no pulmão, 
adrenais e SNC. Além de alterações na voz e obstrução 
laríngea. 
diagnóstico 
Feito com maior sensibilidade pelo exame com prata 
ou PAS (periodic acid-schiff) em materiais de biópsia ou 
citologia de escarro. Sendo o aspecto microscópico de "roda 
de leme" ou "cabeça de mickey". 
O principal método de diagnóstico sorológico é a 
Reação de imunodifusão dupla em gel ágar. Devendo ser 
diferenciadas de histoplasmose, aspergilose, criptococose e 
candidíase. Os anticorpos começam a cair após 6 meses de 
terapêutica. 
TRATAMENTO 
D Sulfametoxazol+trimetoprima: utilizado em 
pacientes com muita comorbidades. 
DOSE DURAÇÃO 
S – 800 mg 
T – 160 mg 
12/12h VO 
leves → 12 meses 
moderadas → 18 a 24 meses 
D ITRACONAZOL: considerado tratamento padrão-ouro. 
DOSE DURAÇÃO 
200 mg por dia leves → 6 a 9 meses 
moderadas → 12 a 18 meses 
D ANFOTERICINA b: droga de 1ª linha para casos graves 
com disseminação. 
CRIPTOCOCOSE 
Micose causada pelo fungo Cryptococcus 
neoformans. Acomete principalmente indivíduos com AIDS e 
é considerada uma doença oportunista. O fungo pode ser 
isolado do solo, de excretas de pombos e morcegos e 
apresenta distribuição mundial. 
D AGUDA OU SUBAGUDA JUVENIL 
D crônica do adulto 
 
Laís R. Saad – T9 
 
etiologia e patogenia 
 O Cn existe em três variedades: sorotipo A, sorotipo 
D e sorotipo B e C, sendo o último, limitado a regiões tropicais 
e subtropicais. 
A infecção acontece por via inalatória. A capsula que 
envolve o fungo é formada fundamentalmente por 
polissacarídeos, dos quais se destaca glucoronoxilomanana, 
que tem capacidade antigênica, inibe a fagocitose, consome o 
complemento, absorve e neutraliza a opsonina e outros 
anticorpos. Os polissacarídeos, em altas concentrações, 
bloqueiam a quimiotaxia dos neutrófilos e monócitos e inibem 
a síntese dos anticorpos, porém podem induzir a produção de 
anticorpos humorais. 
quadro clínico 
FORMA PULMONAR: 
Pode se manifestar como colonização assintomática 
até insuficiência respiratória aguda. A maioria dos pacientes 
apresenta-se assintomática ou com sintomas leves de 
dispnéia, tosse, dor pleurítica. 
Os exames radiológicos podem mostrar nódulo 
solitário, consolidação lobar ou infiltrado intersticial com 
derrame pleural. O comprometimento pulmonar pode ser 
isolado ou associado a outras localizações. 
FORMA EXTRAPULMONAR: 
É a manifestação clínica mais comum da 
criptococose, manifestando-se como meningite ou 
meningoencefalite, geralmente de evolução subaguda ou 
crônica. Febre, cefaleia, distúrbios visuais, confusão mental, 
coma, alterações de personalidade e perda de memória são 
sintomas frequentes da doença. 
FORMAS DISSEMINADAS: 
Em pacientes imunodeprimidos, particularmente com 
AIDS, é comum o envolvimento de mais de um órgão ou 
sistema, identificando-se o fungo no sangue e no sistema 
nervoso central, bem como na medula óssea ou escarro. 
diagnóstico 
Feito por exame micológico direto com coloração 
tinta da china, associado à cultura e detecção de antígenos 
capsulares no líquor e no sangue (aglutinação em látex). 
A análise no LCR revela celularidade normal ou 
pleocitose geralmente discreta (com predomínio de células 
linfomonocitárias), elevação de proteinorraquia, glicorraquia 
normal ou baixa. 
D Títulos 1:4 → infecção 
D Títulos > 1:8 → doença em atividade 
D Títulos > 1:1.024 → alta carga fúngica, com déficit 
imunitário 
TRATAMENTO 
D FLUCONAZOL: indivíduos sem imunossupressão de 
base com doença pulmonar leve a grave. 
DOSE DURAÇÃO 
200-400 mg por dia leve → 3 a 6 meses 
grave → 6 a 12 meses 
D ANFOTERICINA b: droga de 1ª linha para casos graves 
com disseminação. 
HISTOPLASMOSE 
 Causada pelo Histoplasma capsulatum. Seus esporos 
são encontrados em cavernas, sótãos, casas velhas, 
galinheiros e no solo. Os reservatórios animais são os 
morcegos, galinhas e outras aves. 
etiologia e patogenia 
 A transmissão se faz pela inalação dos esporos em 
suspensão com a poeira. O período de incubaçãoé de 3 a 30 
dias. Causa doença em imunossuprimidos. 
É um fungo que cresce em fase filamentosa, 
multicelular na natureza, mas, ao infectar o hospedeiro 
suscetível, transforma-se em levedura unicelular, induzida 
pela mudança de temperatura. 
quadro clínico 
1. primo-infecção assintomática 
 
2. doença pulmonar 
 
 
3. doença sistêmica 
 
PRIMO-INFECÇÃO: 
A identificação desses casos ocorre geralmente pela 
identificação de testes intradérmicos positivos em estudos 
realizados para avaliar a epidemiologia da doença. Exames 
radiológicos e sorológicos podem ser negativos. Com 
exposição a inóculos maiores, pode ocorrer linfadenopatia 
hilar ou mediastinal com infiltrado pulmonar focal ou mais 
disseminado, podendo as calcificações permanecer 
indefinidamente. 
DOENÇA PULMONAR AGUDA: 
Geralmente ocorre após uma exposição importante e 
se apresenta como insuficiência respiratória de grau variado 
com achado radiológico de infiltrado intersticial ou retículo-
nodular difuso bilateral. Pode haver linfadenopatia hilar ou 
mediastinal. Febre, calafrios e perda de peso são sintomas 
frequentes. 
Após 3 semanas, há reação de hiperergia pela 
hipersensibilidade aos antígenos do histoplasma. 
DOENÇA PULMONAR CRÔNICA : 
Os pacientes apresentam tosse, febre baixa, calafrios 
e perda de peso. As radiografias de tórax mostram 
consolidação ou infiltrados associados a imagens de cavitação 
com nível líquido. Lembra tuberculose. 
DOENÇA SISTÊMICA AGUDA: 
Os pacientes apresentam hepatoesplenomegalia, 
hipoplasia medular, elevação discreta de enzimas hepáticas. 
Febre alta e astenia são comuns. É a forma mais comum em 
indivíduos com imunodeficiência com disseminação linfo-
hematogênica, comprometimento do sistema 
fagocíticomononuclear, com aumento de fígado, baço, 
gânglios e comprometimento de medula óssea, lesões 
cutâneas e pulmão. 
Podem ocorrer quadros muito graves similares à 
sepse com a recuperação do fungo no sangue, algumas vezes 
até em hemograma, o qual mostra pancitopenia com anemia, 
leucopenia, plaquetopenia. À TC, observa-se 
hepatoesplenomegalia homogênea ou não, com adenopatias 
abdominais e retroperitoneais. Pode haver comprometimento 
ósseo e do sistema gastrintestinal (úlceras esofágicas). 
DOENÇA SISTÊMICA CRÔNICA : 
Acomete indivíduos com imunodeficiências leves. 
Pode haver hepatoesplenomegalia, mas a queixa principal é a 
febre e o emagrecimento, com meningoencefalite semelhante 
a tuberculose ou criptococose em até 10% dos casos. Há 
lesões cutâneo mucosas polimorfas, ulceradas ou vegetantes. 
Diagnóstico diferencial deve ser realizado nas formas 
pulmonares com paracoccidioidomicose, pneumocistose, 
D AGUDA 
D crônica 
 
D AGUDA 
D crônica 
 
Laís R. Saad – T9 
 
tuberculose, sarcoidose, e, nas formas disseminadas, com 
micobacteriose tuberculosa ou não, leishmaniose visceral, 
neoplasias hematológicas. 
diagnóstico 
O diagnóstico da doença é realizado por meio do 
isolamento do fungo a partir da cultura de material biológico 
ou da visualização do fungo em exame anatomopatológico, 
utilizando-se colorações específicas para fungos. Técnicas 
imuno-histoquímicas também podem ser utilizadas para 
identificação do fungo nos tecidos. 
Na doença progressiva aguda, o fungo pode ser 
visualizado diretamente por Giemsa no sangue e na medula 
óssea. Provas sorológicas (imunodifusão/contra-
imunoeletroforese) podem ser empregadas nas formas 
agudas da doença. Os títulos de anticorpos se elevam cerca 
de 2 a 6 semanas após a exposição. Em pacientes com a 
doença disseminada, sobretudo em pacientes com AIDS, 
esses testes podem ser negativos. 
TRATAMENTO 
D Forma pulmonar aguda: anfotericina B e 
itraconazol por 4 a 12 semanas; 
D Forma pulmonar crônica: anfotericina B e 
itraconazol por 12 a 24 semanas; 
D Forma disseminada sem aids: anfotericina B + 
itraconazol por 6 a 18 semanas; 
D Forma disseminada com aids: anfotericina por 3 
meses e fluconazol por 12 meses; 
A duração do tratamento depende da gravidade da 
doença. Em pacientes com AIDS, com CD4 superior a 
150/mm3, o uso de anfotericina B é seguido por itraconazol, 
sendo o período de tratamento dependente da resposta ao 
uso de anti-retrovirais. 
COCCIDIOIDOMICOSE 
Micose sistêmica produzida pelo Coccidioides 
immitis, fungo dismórfico. Adquirida pela inalação de 
artroconídios infectantes. O tatu é o seu principal agente 
reservatório. Seu período de incubação é de 1-4 semanas após 
a exposição. 
quadro clínico 
 
1. doença pulmonar 
 
2. doença disseminada 
DOENÇA PULMONAR PRIMÁRIA: 
Geralmente surgem de uma a três semanas após a 
exposição ao fungo. Mais da metade dos pacientes evoluem 
para cura espontânea. O restante apresenta: febre, sudorese 
noturna e dor pleural. 
DOENÇA PULMONAR PROGRESSIVA: 
Geralmente crônica, evolui caso os sintomas da 
primo-infecção não regridam após 2 meses. Ao exame 
radiológico de 3 formas: lesões nodulares ou cavitárias; 
doença pulmonar fibrocavitária; disseminação miliar 
pulmonar. 
DOENÇA DISSEMINATIVA: 
Rara. Apresenta-se em pacientes de alto risco, 
caracteriza-se por lesões pulmonares, acompanhadas por 
abcessos em todo o corpo. 
 
diagnóstico 
A pesquisa é feita em preparados com solução de 
hidróxido de potássio a 10% para demonstrar os elementos 
parasitários característicos de C. immitis. 
O exame histopatológico pode ser realizado a partir 
de material obtido por biópsia de lesão tegumentar, pulmonar, 
osteoarticular, cerebral ou de outros materiais suspeitos e em 
necropsia. 
A cultura deve ser evitada devido ao elevado risco de 
contaminação. 
São descritas três reações principais para detecção 
de anticorpos: precipitação em tubo, fixação do complemento 
e imunodifusão em gel de ágar (IDGA). 
TRATAMENTO 
D ANFOTERICINA B+FLUCONAZOL 
D ITRACONAZOL 
DOSE DURAÇÃO 
A - 0,5-0,7 mg/kg/dia 
F – 400 mg/dia 
 ou 
I – 300 mg/dia 
 
6-12 meses 
 
D primária 
D progressiva

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