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TRABALHO FINAL DE CURSO – ATIVIDADE FINAL O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA SOUZA, Rosangela Maria de Mello RESUMO: Neste trabalho final pretendemos mostrar o quanto o Programa Bolsa família tem cooperado para que muitas crianças e jovens que não tinham oportunidade de estar efetivamente estudando, conseguiram se estabelecer e resgatar o seu direito a educação, como também de cidadania. O Programa Bolsa Família foi um ponto de referência na vida da mãe responsável, a Senhora Maria José (nome fictício), que através dele conseguiu proporcionar aos seus filhos a oportunidade de prosseguirem com seus estudos sem a necessidade de abandonarem a escola para trabalharem. Palavras Chaves: Cidadania; Educação; Pobreza; INTRODUÇÃO Neste trabalho vamos refletir sobre a família da D. Maria José, que aos trinta e quatro anos de idade, é mãe de cinco filhos, os quais três são beneficiários do Programa Bolsa Família. Na casa de D. Maria José, apenas duas pessoas trabalham e a renda mensal da família, sem os rendimentos do benefício do programa Bolsa Família, fica em torno de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos) reais mensais. Podemos imaginar que em uma casa, em que vive uma família composta de seis pessoas, sobreviver apenas com essa quantia mensal não deve ser fácil. A partir daí podemos ter ideia o quanto é importante o dinheiro advindo do programa. A D. Maria José nos contou que recebe o benefício do Programa Bolsa Família há doze anos, e que o mesmo faz diferença na renda da família e na vida de seus filhos. Ela considera de extrema importância esse benefício, o que garante a estabilidade de seus filhos na escola. Com o dinheiro do benefício a D. Maria José compra material escolar para os meus filhos, roupas e remédios. A perspectiva dessa mãe em relação aos estudos de seus filhos, são promissoras, porque considera o estudo importante para o futuro. Seus filhos se empenharam mais nos estudos a partir que começaram a receber o benefício, não gostam de perder aulas e sonham em continuar estudando, mesmo após de terminarem a educação básica. A mãe considera que conseguiria sobreviver e sustentar os seus filhos sem o benefício, mas considera que teria algumas dificuldades e seria mais difícil. Ela trabalha de diarista e de empregada doméstica, não ganha muito. TRABALHO FINAL DE CURSO – ATIVIDADE FINAL D. Maria José nos contou que a mãe a deixou com a avó desde o seu nascimento, só indo morar com a mãe a partir dos oito anos de idade. A convivência com a mãe não era fácil, por falta de vínculo afetivo. Por não querer estudar, ela abandonou os estudos na sexta série, só voltando a estudar há pouco tempo, completando apenas o Ensino Fundamental. Ela queria continuar estudando e concluir pelo menos o Ensino Médio, mas o cansaço a impediu, pois devido à falta de estudo, só consegue serviços como diarista e empregada doméstica, o que na maioria são serviços pesados. Como não pode deixar de trabalhar, porque tem que ajudar nas despesas de casa, ela mais uma vez interrompeu os seus estudos. As dificuldades pela qual a mesma passa, servem de exemplos para seus filhos, os quais ela incentiva a estudar, para assim conseguirem empregos melhores e que não seja muito cansativo. Ela considera que se a pessoa não estuda, as oportunidades são poucas, durante a sua vida. D. Maria José sente por ter abandonado os estudos, por não ter cursado uma faculdade, o que dificulta muito a sua vida e faz com que valorize os estudos de seus filhos. O Programa Bolsa família foi primordial na vida da D. Maria José e de seus filhos, porque fez com que eles valorizassem a educação e enxergasse nela a oportunidade de melhorias para a família. Embora o programa tenha exigências, ela não considera difícil cumprir com as suas obrigações, porque vê nelas um incentivo para os filhos e para ela, que passou a se envolver mais com os estudos dos filhos a partir que começou a receber o benefício. Ela nos contou que participa das reuniões escolares, procura falar com os professores, sempre procurando estar atenta aos acontecimentos escolares dos filhos, os quais os rendimentos estão sempre melhorando. Percebemos, portanto, que a pobreza, as dificuldades para se estar efetivamente estudando, tem tirado as oportunidades de acesso aos direitos básicos e à cidadania de muitos cidadãos. Nos últimos dois anos, percebemos uma maior procura de pessoas que vivem em extrema pobreza, em busca de escolarização, mas apenas alguns chegam a terminar o Ensino médio, ou o Ensino Fundamental. Porque as condições de sobrevivência são precárias, o trabalho que encontram, muitas vezes são no campo, tanto na agricultura ou na agropecuária, o que dificulta o término dos estudos. Na escola que eu trabalho, acontece de muitos jovens abandonarem os estudos, por causa da oportunidade de trabalho. Porque ora é no campo, que os mesmos conseguem essa oportunidade de TRABALHO FINAL DE CURSO – ATIVIDADE FINAL trabalho tão desejada, ora são nas indústrias do município vizinho, o que toma muito tempo do seu dia, sem falar nos períodos de escala trabalhista, que dificulta o horário escolar. Os trabalhadores da indústria passam muitas horas por dia, entre viagens de ônibus até a o local de trabalho e o seu turno trabalhista, no qual chegam a ficar mais de doze horas diárias fora de casa. Essas jornadas exaustivas fazem com que muitos fiquem desanimados de continuarem os estudos da educação básica, ou até mesmo em começar uma faculdade. Essas questões acima acontece muito em nosso município, por causa do mesmo possuir uma predominância na área agroindustrial, predominando as lavouras de soja e milho. Os serviços braçais e pesados nessas propriedades agrícolas, exigem muito do funcionário, que geralmente ultrapassa as oito horas diárias, mas por ser o que eles conseguem, eles enfrentam, pela necessidade, não pela escolha. Dentre esses, grande parcela recebe o bolsa família, o que os ajudam a manter os filhos na escola, não precisando para isso que os mesmos abandonem os estudos para ajudar no sustento da casa. Podemos considerar que os extremos pobres do meu município, na maior parcela, possuem água encanada e energia elétrica. Embora a pobreza e a extrema pobreza exista, ela é mais concentrada nas áreas urbanas, em áreas segregadas, porque essas pessoas sofrem com a segregação, nas quais foram excluídas e abandonadas em áreas periféricas. Geralmente os pais de famílias são trabalhadores braçais em fazendas da região, ou quando conseguem, quando possuem um grau melhor de instrução, trabalham nas indústrias da cidade vizinha. As mulheres, quando conseguem trabalho, na maioria, precisam se deslocar até o centro da cidade, ou em bairros próximos ao centro, para trabalharem em serviços domésticos, nas casas de pessoas abastadas ou que possuem uma situação financeira boa. Uma das coisas boas, é o CMEI que foi construído em um dos bairros mais pobres do município, facilitando assim a vida dessas pessoas, que não precisam se deslocarem até o centro para deixarem seus filhos na escola. O que garante também que os mesmos sejam bem alimentados no período em que estão no CMEI, com isso, tirando uma grande preocupação de seus pais. Eu trabalho em uma escola estadual, na qual desenvolve atividades que buscam estar integrando as pessoas aos seus direitos. Procuramos estar incentivando e levando para as pessoas a necessidade de cada um de estarem participando das atividades desenvolvidas na escola, porque esse é um direito do cidadão, de obter um ensino de qualidade e que os mesmos participativos e se sintam valorizados com isso. TRABALHO FINAL DE CURSO – ATIVIDADE FINAL No meu horário de trabalho, que é o período noturno, temos o projeto EJA, que é a educação para jovens e adultos, no qual buscamos a inserção das pessoas que não tiveram a oportunidade deestudarem na idade correta. Como esse tipo de educação é direcionado ao cidadão maior de idade, que deixou de estudar por causa do trabalho, por causa dos filhos, ou por estarem residindo distante de escolas, procuramos estarmos trabalhando de forma que os mesmos se sintam valorizados e inseridos no ambiente escolar, com o direito de estarem recebendo ensino, merenda, material escolar, como também se sintam como parte integrante da escola. Possuímos alunos de várias idades, e os mesmos se sentem muito bem no ambiente, porque lá é um local que ele é valorizado, não se sente desvalorizado por estar as vezes, idoso e não ter conseguido estudar. Todos os nossos alunos que estão inseridos no ambiente escolar, sabem que ali eles vão estar adquirindo conhecimentos sobre os conteúdos das diversas disciplinas, sobre os seus direitos e suas cidadanias. Os nossos professores buscam estar preparados para as dificuldades que as vezes alcança os nossos alunos, pelas dificuldades que muitos deles atravessam, que muitas vezes se fazem como obstáculos nesse caminho. Eu como uma agente de atividades educacionais, procuro receber os nossos alunos na secretaria da escola, com muito respeito e carinho, porque temos que ser acolhedores, mostrar que ali eles estão em sua segunda casa, que o nosso projeto é direcionado a eles, e que os mesmos possuem o direito de estar cursando na instituição, que devem ser respeitados como alunos, independentemente da idade dos mesmos. Já tivemos alunos que chegou na escola achando que seria vaiado por causa da idade, e no qual nos asseguramos que não precisava ficar preocupado com isso, que ali estaríamos preparados para recebe-lo e garantir que fosse bem recebido por todos. Esses alunos, passado algum tempo, podíamos notar que se sentiam em harmonia no ambiente, porque ele tinha o seu direito de frequentar a escola em qualquer idade garantido. Isso faz com que a gente procure sempre estar buscando adentra-los e inseri-los na busca por conhecimentos dos seus direitos, porque só assim teremos um país melhor. Podemos possibilitar, oferecendo centralidade aos processos de socialização e de construção de identidades, saberes e valores dos sujeitos que vivenciam a pobreza e a pobreza extrema. Porque esses sujeitos constroem suas identidades coletivas a partir de histórias de lutas por espaços de TRABALHO FINAL DE CURSO – ATIVIDADE FINAL dignidade, portanto, ao incorporar essas histórias nos currículos poderemos estar garantindo o direito desses indivíduos a conhecimentos que verdadeiramente os afetem.
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