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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ICB ALEXANDRE VALIATTI DO PRADO BANANICULTURA NO BRASIL X PRESERVAÇÃO AMBIENTAL “Cultura de tecidos vegetais” RECIFE 2017 Introdução A banana, o fruto da bananeira (planta herbácea de caule subterrâneo do tipo rizoma, pertencente à família Musaceae), é a segunda fruta mais consumida no mundo, com um consumo per capta de 11,4 kg/hab/ano, perdendo apenas para a laranja, com 12,2 kg/hab/ano. A banana ocupa a primeira posição no ranking mundial das frutas, com uma produção anual de 106,5 milhões de toneladas, sendo o continente asiático o líder mundial de produção dessa fruta com 58% do volume produzido. O Brasil vem produzindo nos últimos dez anos, em média, sete milhões de toneladas, o que corresponde a uma participação de 6,9% no total. Embora seja o terceiro maior produtor mundial, a participação brasileira no mercado internacional de banana não é muito significativa, em razão de diversos fatores, entre eles sua precária estrutura comercial, baixa qualidade de produção, elevada demanda de consumo interno e principalmente, os substanciais danos pós-colheita, podendo estes ocorrer devido a inúmeros fatores como o físico, o fisiológico e o microbiológico (sobretudo o fungo Colletotrichum musae (Berk. & Curtis) von Arx., agente causal da antracnose, o qual prejudica a comercialização e o consumo ‘in natura’, podendo ocasionar danos de até 40 % da produção). A bananicultura é cultivada na maioria dos estados brasileiros. As condições de clima (temperatura, umidade relativa, precipitação e insolação) favorecem que a produção seja distribuída durante todo o ano, atendendo, de forma regular, às necessidades de consumo interno; apenas cerca de 1% da produção brasileira é exportada, sobretudo para Argentina e Uruguai, e em menor proporção para o mercado europeu. Neste contexto, um desafio que se coloca para o Brasil, é aliar aumento de produtividade sem a necessidade de desertificação de mais áreas naturais; conciliar alta produção de bananas com preservação ambiental. Desenvolvimento O cultivo de bananas no Brasil é uma atividade rentável: estima-se que as exportações atualmente gerem um montante de cerca de US$ 40 milhões. A supremacia da produção de banana em várias regiões do país ao longo do tempo ( p. ex. Sudeste Paraense) não decorreu de inovações tecnológicas, mas simplesmente do acréscimo de novas áreas. Esta atividade tornou-se o centro da atividade econômica em muitos lugares e sempre se baseou na contínua derrubada de floresta densa, necessária para obter uma produtividade adequada sem utilização de fertilizantes químicos, com tamanho de cachos apropriado, situação intensificada pela baixa qualidade do produto e pequena proditividade, devido a disseminação de doenças como o mal-do-Panamá e a Sigatoka-amarela. A seguir, os dados mais recentes da produção brasileira de banana: Á R E A P L A N T A D A ( h a ) 2 0 1 2 | 2 0 1 3 | 2 0 1 4 | 2 0 1 5 | 2016 490.423 490.628 521.213 484.430 516.960 P R O D U Ç Ã O O B T I D A (t) 2012 2013 2014 2015 2016 6.902.184 6.892.622 6.946.567 6.844.491 6.962.134 R E N D I M E N T O M É D I O O B T I D O ( K g / h a ) 2012 2013 2014 2015 2016 14 346 14 209 14 531 14 380 14 686 Fonte: Produção Agrícola/Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (mensal)/LSPA; IBGE 2017). Propostas de solução para a problemática 1. Implantação do cultivo de bananas em sistemas agroflorestais (SAFs) O sistema agroflorestal (SAF) é um método sustentável de produzir alimentos em meio a biomas florestais, como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica. Ao associar a produção de alimentos com a florestal numa mesma área, o SAF promove recuperação da mata e de áreas degradadas, aumenta a ocorrência de inimigos naturais de pragas o que produz alimentos mais saudáveis ao reduzir a necessidade de agrotóxicos. Ainda melhora a qualidade de vida de comunidades rurais ao gerar segurança alimentar, trabalho e renda (expande a agroindústria de frutas tropicais local, elevando-a a padrões de exportação). A utilização de culturas perenes favorece a permanência do produtor no campo por longos períodos, evitando o êxodo rural. O SAF é estimulado pela legislação brasileira e tem várias vantagens, tais como: colabora para a mitigação do efeito estufa, pois incorpora carbono no solo e sequestra esse elemento por meio do componente florestal, também melhora a qualidade do solo e restringe o uso de fertilizantes químicos ao promover a ciclagem de nutrientes ao mesmo tempo em que encolhe a incidência de pragas e doenças. O SAF é biodiverso por definição o que significa que ele promove o desenvolvimento de espécies diferentes e, desse modo, conserva a biodiversidade. Ao promover o uso prolongado de uma mesma área, o SAF ainda reduz o avanço do desmatamento e de queimadas e evita a abertura de novas áreas. No cultivo de bananas, há casos de SAFs bem-sucedidos como o do assentamento Tarumã-Mirim, na zona rural de Manaus, que produz banana orgânica e outro em bioma de Mata Atlântica, no Vale do Paraíba, em São Paulo. 2. Aplicação de inoculantes agrícolas, como os micorrízicos Os inoculantes agrícolas proporcionam aos plantios comerciais benefícios como a redução de fertilização artificial dos solos, a redução de danos causados por doenças, o estímulo do crescimento vegetal, aumentando a sua produtividade, e a redução de compostos xenobióticos pela decomposição de pesticidas depositados nos solos. Particularmente em relação às micorrizas (ou FMA), elas têm mais algumas vantagens, como: espécies de grande importância econômica (como a bananeira) são suscetíveis à micorrização, a aplicação do fungo pode ser feita durante o período de produção das mudas em viveiros e os ganhos de produtividade agrícola são muito expressivos. A lavoura de bananeiras da região do vale do submédio do São Francisco, recebeu essa tecnologia e os resultados foram satisfatórios. Metodologia Pesquisa de dados referentes à produção de bananas no Brasil dos últimos cinco anos, dentro do LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA, no site do IBGE. Referências Bibliográficas Sites - ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Prod ucao_Agricola_[mensal]/Fasciculo/lspa_201702.pdf. Acesso em: 07 abril 2017. -www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1736454/florestas-e-producao- de-alimentos-em-harmonia-na-amazonia. Acesso em: 09 Abril 2017. -http://www.revistacampoenegocios.com.br/brasil-e-o-terceiro-maior- produtor-de-banana/. Acesso em: 10 Abril 2017. - Pessoa, W. R. L. S., et al. "Efeito da temperatura e período de molhamento sobre o desenvolvimento de lesões de Colletotrichum musae em banana." Summa Phytopathologica, Botucatu 33.2 (2007): 147-151. Acesso em: 10 Abril 2017. > Capítulo de livro - BORZANI, W.; SCHIMIDELL, W.; LIMA, U. A. Biotecnologia industrial. Volume 3. Capítulo 12: produção de inoculantes agrícolas. ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_%5bmensal%5d/Fasciculo/lspa_201702.pdf ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_%5bmensal%5d/Fasciculo/lspa_201702.pdf
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