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vitamina B12

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Vitamina b12
· O que é a B12?
· Quem produz? 
· O organismo humano é preparado para a receber?
· Qual a importância para o organismo? 
· O que acontece se a pessoa tiver deficiência?
· Qual a associação do B12 com o câncer?
· Por que o ser humano não tem acesso a B12 como os animais (supondo que só se encontra B12 neles)? 
· Por que as plantas não têm B12?
· Quais os níveis saudáveis de B12? 
· Notas importantes
· Referências 
O que é a b12? 
A vitamina B12, ou cianocobalamina, faz parte de uma família de compostos denominados genericamente de Cobalaminas. Vitaminas são compostos orgânicos e nutrientes essenciais (dieta) de que o organismo necessita em pequenas quantidades para o normal funcionamento do seu metabolismo. Em 1945, um princípio ativo, efetivo como antianêmico, foi concentrado a partir de tecido hepático. Lester Smith e Folkers, em 1947, cristalizaram o princípio ativo do extrato hepático envolvido na regressão da anemia e o denominaram de vitamina B12.
Quem produz? 
Os artigos pesquisados estão em consenso afirmando que a B12 é sintetizada exclusivamente por microrganismos e é encontrada em praticamente todos os tecidos animais, estocada primariamente no fígado na forma de adenosilcobalamina. Segundo a maioria dos artigos, a fonte natural de vitamina B12 na dieta humana restringe-se a alimentos de origem animal, especialmente leite, carne e ovos. (Outros artigos colocam em cheque essa afirmação)
Sabe-se que cerca de 60% a 75% da população tem intolerância à lactose (o organismo é incapaz de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados). O ser humano, ao contrário de todos os animais da natureza, tenta continuar incluindo leite (de outros animais) na sua dieta, mesmo o período normal de amamentação já ter passado e sabendo que esse leite é inadequado para o organismo humano. 
	Propriedades
	Leite humano
	Leite de vaca
	Anti-infecciosas
	Presente
	Ausente
	Fatores de crescimento
	Presente
	Ausente
	Proteínas
	Quantidade adequada com fácil digestão
	Quantidade excessiva com difícil digestão 
	Lipídeos
	Suficiente com lipases para digestão
	Deficiente sem lipases para digestão
	Minerais
	Quantidade correta/equilibrada
	Quantidade excessiva/desequilibrada
	Ferro
	Pouca quantidade com boa absorção
	Pouca quantidade com má absorção
	Vitaminas
	Quantidade suficiente
	Deficiente em vit. A e C
OMS/CDR/93.6
Segundo a OMS, carnes defumadas, curadas, salgadas, processadas, ou às quais foram adicionados conservantes, tais como bacon, presunto, linguiça, salsichas, carne enlatada e carne seca, inclusive preparações e molhos à base de carne, foram incluídas na categoria I de potenciais carcinógenos, no mesmo patamar que tabaco, arsênio e fumaça de diesel. Já a carne vermelha - cortes in natura de bovino, suíno, caprino, ovino e equino - foi incluída no grupo 2A, que corresponde a produtos capazes de provocar câncer. Seria possível adquirir B12 por outras formas?
O organismo humano é preparado para receber B12? 
· A vitamina B12 é capturada por uma proteína que é produzida na saliva e no estômago.
· Absorvida no íleo terminal, onde se liga a um transportador e é lançada na circulação.
· No plasma, a vitamina B12 circula ligada às proteínas transportadoras denominadas transcobalaminas.
· A holo-Hc é uma glicoproteína de transporte, e, embora represente a maior fração de vitamina B12 circulante (70 a 90%), é considerada inerte porque não existem receptores celulares para holo-Hc nas células e por sua função no organismo ser pouco conhecida.
· A holo-Tc, uma proteína produzida por fígado, macrófagos e íleo, contém a fração biologicamente ativa, pois promove a entrada específica da cobalamina nas células do corpo.
· Distribui-se para as células que expressam receptores específicos, os quais internalizam a vitamina na forma de complexo Tc-vitamina B12.
· O organismo apresenta sistemas complexos para receber a vit. B12.
Qual a importância para o organismo?
No organismo humano, funciona como um co-fator essencial para duas enzimas: metionina sintase e L-metilmalonil-coA mutase, ambas direta ou indiretamente envolvidas no metabolismo da homocisteína (Hcy).
A metionina sintetase promove a metilação da Hcy (metiolina) que serve para repor os estoques de S-adenosilmetionina (SAM) quando a metionina estiver em baixos níveis. A SAM é o único doador de grupamentos metil para numerosas reações de metilação, incluindo algumas essenciais para a manutenção da mielina.
Assim, a deficiência de vitamina B12 causará diminuição da SAM provocando defeitos desmielinizantes no sistema nervoso. Outro problema consequente à interrupção da conversão de Hcy em metionina é que haverá deficiências de metabólitos dos folatos, como o 5,10-metilenotetraidrofolato, co-fator fundamental na síntese do ácido desoxirribonucléico (DNA).
Em uma rota de eliminação do excesso de Hcy (A via de transulfuração) é que aparece a segunda enzima dependente de vitamina B12, a L-metilmalonil-coA mutase. A deficiência de vitamina B12 impede esta reação desviando o substrato para a formação de ácido metilmalônico (MMA), e de ácido propiônico (precursor do MMA), produzindo acidose metabólica. Uma redução completa desse fluxo é discutida por sua contribuição nos consequentes danos neurológicos associados à deficiência de vitamina B12. Entretanto, o aumento da Hcy (hiperhomocisteínemia), pode ser causada por outros fatores como deficiência de folatos e de vitamina B6, defeitos genéticos que afetam o funcionamento de algumas enzimas envolvidas nestes processos, insuficiência renal crônica e alguns fármacos.
Segundo outros artigos, ela tem papel sobre a maturação dos glóbulos vermelhos. Outras funções são encontradas quando se explora mais o conteúdo.
O que acontece se a pessoa tiver deficiência? 
A deficiência assintomática de vitamina B12 pode ocorrer por longos períodos antes do aparecimento de qualquer sinal ou sintoma clínico, desencadeando uma deficiência crônica de vitamina B12 que, se mantida durante anos, pode levar a manifestações neuropsiquiátricas irreversíveis.
De uma maneira geral, é uma desordem que se manifesta por um quadro clássico caracterizado por anemia megaloblástica associada a sintomas neurológicos com freqüente aparecimento da tríade fraqueza, glossite e parestesias. As alterações hematológicas típicas da deficiência de vitamina B12 são caracterizadas por diminuição de hemoglobina.
As manifestações neurológicas devem-se a danos progressivos dos sistemas nervosos central e periférico e tipicamente manifestam-se com polineurites. Além disso, são comuns relatos de déficits de memória, disfunções cognitivas, demência e transtornos depressivos.
A deficiência de vitamina B12 em gestantes aumenta o risco de malformação fetal, ocasionando defeito no tubo neural e constituindo-se numa das mais comuns alterações congênitas.
A sua deficiência contribui para a HHcy, um fator de risco independente para aterosclerose. Estudos in vitro e em animais sugerem que a HHcy não apenas lesa o endotélio vascular, mas também promove a síntese de várias citocinas pró-inflamatórias na parede arterial.
Qual a relação da b12 com o câncer?
Vale ressaltar que várias revisões da literatura sequer citam esse tópico extremamente importante e discutido no meio acadêmico. 
Os pesquisadores tentaram correlacionar a vitamina B12 com a malignidade desde que o papel multifuncional da cobalamina começou a ser entendido. Existem muitas hipóteses sobre o papel da vitamina B12 no crescimento de doenças malignas. Qual é a explicação para a elevação do nível de cobalamina (B12) em pacientes oncológicos? É um fator de risco ou uma indicação do desenvolvimento de neoplasias? Os autores discordam entre si discutindo se é um fator de risco ou se B12 é um aviso, mecanismo compensatório ou uma inibidora do câncer. (2)
O alto consumo de carne, a principal fonte alimentar de vitamina B12 é um componente importante da dieta ocidental, tem sido associado a um risco aumentado de câncer de próstata em alguns estudos. Os níveis plasmáticos de vitamina B12 podem,portanto, ser um marcador de ingestão de carne ou algum componente da carne. (5)
O aumento da vitamina B12 plasmática foi associado estatisticamente a um aumento de até três vezes no risco de câncer de próstata, independente da idade no recrutamento, do tempo de acompanhamento e do estado da doença no diagnóstico. Esses resultados são novos e devem ser mais explorados em estudos futuros. (5)
Níveis elevados de cobalamina sérica podem ser um sinal de uma doença grave e até fatal. Distúrbios hematológicos, como leucemia mielogênica crônica, leucemia promielocítica, policitemia vera e também a síndrome hipereosinofílica, podem resultar em níveis elevados de cobalamina. Não é de surpreender que um aumento da concentração de cobalamina no soro seja um dos critérios de diagnóstico para as duas últimas doenças. Várias doenças hepáticas, como hepatite aguda, cirrose, carcinoma hepatocelular e doença hepática metastática, também podem ser acompanhadas por um aumento da cobalamina em circulação. (2)
Carmel et al. estudaram pacientes com malignidade não hematológica, a fim de definir a incidência de anormalidades relacionadas à vitamina B12 e correlacioná-las com os achados clínicos. O nível sérico alto de vitamina B12 geralmente implicava um prognóstico ruim em um paciente com câncer. No entanto, não era universal nem a maioria dos pacientes com doença hepática apresentava altos níveis de vitamina B12. (3)
A relação entre os níveis de vitamina B12 e a sobrevida foi estudada em um grupo de 161 pacientes com câncer terminal. A duração da sobrevida diminuiu com o aumento dos níveis séricos de vitamina B12. Nas análises multivariadas, a vitamina B12 forneceu informações independentes da PCR para prever a sobrevida. Esses dados indicam que um nível sérico elevado de vitamina B12 é um fator preditivo de mortalidade em pacientes com câncer, independente de PCR ou outros fatores. (4)
O efeito da cobalamina na proliferação de células malignas foi examinado in vivo e in vitro em vários estudos. E resultados indicam que a metilcobalamina inibe a proliferação de células malignas em cultura e in vivo e propõem a possibilidade da metilcobalamina como candidata a agentes potencialmente úteis para o tratamento de alguns tumores malignos. (2)
Verificou-se que as proteínas transportadoras de cobalamina, as transcobalaminas (CT), são elevadas durante trauma, infecções e condições inflamatórias crônicas. Isso continua sem explicação. (2)
Outro estudo de caso-controle baseado em dados de questionários alimentares associou uma maior ingestão de vitamina B12 a um risco aumentado de câncer. (7) 
Se o ser humano só adquire a b12 com os animais, como os animais A conseguem?
A situação é diferente em animais ruminantes, como vacas, por exemplo. Elas têm um estômago especial, chamado de rúmen, onde a vitamina B12 é produzida em quantidade de abastecimento suficientes para as necessidades do animal. Outros animais não ruminantes absorvem a vitamina B12 por meio de microorganismos na grama, frutas, insetos, terra e vestígios de fezes.
Por que o ser humano não consegue a b12 Naturalmente assim como os animais herbívoros?
O nosso organismo contém bactérias que produzem vitamina B12 praticamente a todo o comprimento do trato digestivo, desde a boca até ao recto. A vasta maioria destas bactérias são encontradas no cólon (parede central do intestino grosso) onde se produzem quantidades significativas de B12. No entanto, o local de absorção da B12 é no íleo, a parte inferior do intestino delgado. Assim, nossos excrementos contêm quantidades de vitamina B12 produzidas pelo nosso corpo, mas que este não é capaz de absorver.
Os povos indígenas com dietas baseadas em plantas que não limpam excessivamente e não cozinham esses alimentos conseguem ingerir suficientemente B12 de bactérias na superfície de seus alimentos da mesma maneira que animais quando adquirem na natureza. Ou seja, uma dieta com alimentos crus supriria a necessidade de vitamina B12.
Indígenas da tribo de Choctaw no Mississippi e Oklahoma, tinham vegetais como a principal fonte de dieta tradicional. Um manuscrito francês do século XVIII descreve as inclinações vegetarianas dos Choctaws na alimentação. “O principal alimento, comido diariamente em panelas de barro, era um guisado vegetariano contendo milho, abóbora e feijão. O pão era feito de milho. Outros favoritos comuns foram milho assado e mingau de milho (A carne era um aditivo raro).” As crianças astecas, maias e zapotecas, em tempos antigos, comiam 100% de dietas vegetarianas até pelo menos a idade de dez anos. A comida principal foi cereais, especialmente variedades de milho. Essa dieta era para fazer a criança forte e resistente às doenças.
Segundo um artigo publicado na revista Nature (6), o intestino delgado humano também costuma abrigar uma microflora considerável e isso é ainda mais extenso em indivíduos do sul da Índia aparentemente saudáveis. O artigo demonstra que, pelo menos, dois grupos de organismos no intestino delgado, Pseudomonas e Klebsiella sp., podem sintetizar quantidades significativas da vitamina. As bactérias foram obtidas por aspiração do jejuno e íleo de indivíduos saudáveis ​​do sul da Índia controle e pacientes com canal tropical. Todos os indivíduos deram seu consentimento informado para o estudo e todos tinham normalidade de absorção de vitamina B12. 
Por que as plantas não tÊm b12?
É geralmente aceito que as plantas terrestres não produzem nem requerem B12 e vivem em um mundo sem B12. No entanto, parece haver algumas evidências em estudos sugerindo que algumas plantas podem pelo menos absorver e transportar cobalamina se o nutriente for cultivado em meio rico em B12. (8)
Cultivou-se Lepidium sativum (agrião de jardim) assepticamente em um meio de ágar contendo concentrações crescentes de vitamina B12. Após o crescimento por 7 dias, as mudas foram capazes de absorver a cobalamina do meio de crescimento de maneira dependente da concentração. Esses resultados fornecem evidências definitivas de que algumas plantas podem absorver e transportar cobalamina, pelo menos por difusão passiva. (8)
Quais os níveis SAUDÁVEIS de b12? 
Entre os exames laboratoriais existem os de rotina, como a vitamina B12 e Hcy séricas, e aqueles mais destinados à pesquisa e/ou mais restritos a laboratórios especializados, como medida sérica, dosagem de holo-Tc e MMA. 
A medida de vitamina B12 sérica é o teste mais comumente utilizado para diagnosticar a deficiência. Os níveis de vitamina B12 séricos são considerados baixos quando sua concentração é inferior a 200 pg/ml (148 mmol/l). Porém, a dosagem de vitamina B12 sérica apresenta limitações de sensibilidade e muitas controvérsias sobre sua especificidade. É considerado um indicador pobre dos níveis de vitamina B12 realmente disponíveis para a célula. (1)
Notas importantes 
· Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o IBOPE (2012), 15,2 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos, o que corresponde a 8% da população do país. A indústria tem um mercado considerável para comercializar suplementos que são “obrigatórios” para essa população.
· A dieta baseada em plantas é vista como incompleta. Há um consenso geral que o vegetariano/vegano precisa tomar muito cuidado com a obtenção de proteínas e vitaminas como a B12. As pessoas estão convencidas que quem escolhe essa dieta “alternativa” precisa de suplementação para não ficar doente ou fraco. Seria esse paradigma uma construção da indústria da carne ou do leite?
Referências
1. PANIZ, C. et al. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial. J Bras Patol Med Lab. v. 41. n. 5. p. 323-34. outubro 2005.
2. VOLKOV, I. The master key effect of vitamin B12 in treatment of malignancy – A potencional therapy? Medical Hypotheses, v.70, p 324-328, 2008.
3. Carmel R, Eisenberg L. Serum vitamin B12 and transcobalamin abnormalities in patients with cancer. Cancer 1977;40(3):1348–53.
4. Geissbuhler P, Mermillod B, Rapin CH. Elevated serum vitamin B12 levels associated with CRPas a predictive factor of mortality in palliative care cancer patients: a prospective study over five years. J Pain Symptom Manage 2000;20(2):93–103.
5. Hultdin J, Van Guelpen B, Bergh A, Hallmans G, Stattin P. Plasma folate, vitamin B12, and homocysteine and prostate cancer risk: a prospective study. Int J Cancer 2005;113(5): 819–24.
6. M. J. Albert, V. I. Mathan & S. J. Baker. Vitamin B12 synthesis by human small intestinal bacteria. Nature 283, 781-782 (21 February 1980). doi:10.1038/283781a0
7. Vlajinac HD, Marinkovic JM, Ilic MD, Kocev NI. Diet and prostate cancer: a case‐control study. Eur J Cancer 1997; 33: 101– 7.
8. Laurence A. D. et al. Costruction of Fluorescent Analogs to Follow the Uptake and Distribution of Cobalamin (Vitamin B12) in Bacteria, Worms, and Plants. Volume 25, ISSUE 8, P941-951.E6, august 16, 2018.

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