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teatro grego

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Comédia grega
Na sociedade grega antiga, os espetáculos ocupavam uma posição de destaque no quotidiano da sociedade. Os jogos desportivos, as disputas dramáticas e líricas, os rituais, as disputas políticas e praticamente todos os elementos importantes da sociabilidade grega estavam subordinados à esfera espetacular. Dentre desses espetáculos, um dos mais grandiosos era também o mais funesto: a guerra. As cenas de guerra descritas em Homero, Tucidides e Heródoto, por exemplo, são um espetáculo visual grandioso. 
De todas as manifestações do espetáculo antigo, a mais importante para a cultura ocidental foi o espetáculo teatral. A partir das últimas décadas do século XX, o papel da encenação e do espetáculo no teatro antigo passou a ser redimensionado.
Os grandes autores do teatro grego antigo eram o que hoje chamamos de “homens de teatro”, e não escritores alheios. 
A Comédia é um dos géneros teatrais escrito geralmente em versos, que teve início na Grécia Antiga.
Trata-se de um género crítico burlesco e humorado que satiriza diversos aspectos da sociedade desde os costumes, hábitos, moral, figuras nobres, instituições políticas, dentre outros.
Antes de mais nada, vale lembrar que o teatro grego tem início em Atenas, por volta de 550 a.C., o qual surge do desenvolvimento de festividades realizadas para o deus mitológico do vinho: Dionísio.
As tragédias foram criadas e representadas antes da comédias, no entanto, ambas foram sendo aperfeiçoadas a partir das festividades aos deuses, muito comum na Grécia antiga. As comédias começam a ser encenadas por volta de 500 a.C., ou seja, cerca de 50 anos após as tragédias.
Diferente das tragédias, em que os personagens eram nobres e heróis, nas comédias as personagens são pessoas comuns da polis, muitas vezes estereotipadas e caricaturadas.
Na tragédia, os heróis eram deuses ou semideuses, enquanto na comédia o herói podia ser um palhaço, fingidor, bobo, dentre outros. Além isso, o júri das comédias não eram nobres aristocratas como na tragédia, sendo pessoas da plateia escolhidas através de sorteio. Por meio do riso do público, a comédia abordava temas relacionados ao quotidiano, que não envolviam grande emoções, dramas e tragédias. Ainda que não despertem muitas sensações na plateia, além do humor envolvido, as comédias possuíam importantes mensagens filosóficas e morais. Assim, ao criticar diversos aspectos, ela tinha a intenção de despertar na plateia a dúvida, e a reflexão sobre diversos aspectos da polis e da sociedade grega.
Principais Características:
· Textos em versos
· Temas cotidianos
· Parodia e fantasia
· Sátiras políticas
· Críticas sociais
· Humor e estilo burlesco
· Ironia e sarcasmo
· Personagens simples (do povo) e nobres
· Obscenidade e sensualidade
· Intrigas sentimentais
· Implicações filosóficas e morais
Períodos e Principais Comediógrafos
A comédia que se desenvolveu em Atenas está dividida em três períodos, a saber:
· Comédia Antiga (500 a 400 a.C.): surge durante o período da democracia ateniense, sendo seu principal representante Aristófanes, com suas sátiras políticas e sociais.
· Comédia Intermediária (400 a 330 a.C.): também chamada de “comédia mediana”, representa uma fase de transição de curta duração, sendo seu principal representante: Antífanes.
· Comédia Nova (330 a 150 a.C.): surge com a queda da democracia ateniense, extinguindo-se o coro da comédia, sendo seu principal representante: Menandro.
Por muito tempo, Atenas foi a cidade com o maior número de festas do mundo grego. O calendário cívico-religioso ateniense registrava pelo menos cento e vinte dias do ano com celebrações religiosas, ou seja, uma celebração a cada três dias. Variáveis em importância e proporção, essas festas eram um elemento de integração da comunidade grega. 
Durante o século V a.C., as representações dramáticas em Atenas estavam associadas ao culto a Dioniso, o deus do vinho e da vegetação. Anualmente, realizavam-se nesta cidade cinco festas em homenagem a Dioniso: as Lenéias, realizadas em janeiro e fevereiro; as Antestérias, em fevereiro e março; as Oscofórias, durante a segunda quinzena de outubro; as Dionísias rurais (festivais de províncias), em dezembro e janeiro; e as Dionísias urbanas, realizadas em março e abril. As comédias eram a principal atração das Lenéias. O concurso trágico das Lenéias destinava-se a poetas de menor prestígio ou em começo de carreira, ou então a poetas estrangeiros, sendo que os grandes tragediógrafos raramente se apresentavam neste festival. Quanto às comédias, eram representadas indistintamente em ambos os festivais. Apesar da importância que a comédia tinha nas Lenéias, a honra maior para um poeta, tanto cômico quanto trágico, era ser vencedor nas Dionísias.
Os signos teatrais são os principais elementos constitutivos do teatro. Para definir a extensão da ação do teatro, deve-se considerá-lo em toda a sua especificidade com todos os elementos que o compõe, partindo-se do princípio de que são códigos da comunicação dramática. São eles: O texto, o ator, a iluminação, os cenários, a música, os sons, os adereços, os figurinos...
-Há uma ligação entre o teatro e os funerais (culto dos mortos)
Temática feminina:
A época tempestuosa para Atenas, que acompanhou a vida e produção literária de Aristófanes, foi fértil em conflitos e alterações profundas relativamente a normas de vida com raízes perdidas no tempo. Dentro deste contexto podemos inserir a situação política e social da mulher, a que a tradição destinava um papel secundário na orgânica da comunidade, e que começa agora a sofrer um movimento para uma emancipação e libertação progressivas. Temos consciência das múltiplas dificuldades que a questão põe ao estudioso atual e até das posições divergentes que vêm sendo defendidas, como resultado de uma utilização de diferentes fontes. A nossa intenção visa apenas utilizar a comédia como um testemunho, embora sem esquecer a prudência necessária a quem se debruça sobre um texto que, informativo por um lado, foi criado com uma nítida intenção caricatural. Uma primeira abordagem dos textos de comédia deixa latente a impressão de que, sobre um pano de fundo ainda dominado por regras de vida tradicionalistas, se começam a pressentir alterações, tão frágeis e timoratas que são capazes de servir como um bom motivo de cómico. E Aristófanes, o observador sempre atento às realidades do mundo que o cerca, capta a problemática feminista a que a sua época assistia e toma-a como tema de três das suas comédias: Lisístrata, As mulheres que celebram as Tesmofórias e A assembleia das mulheres. Decerto que o reconhecimento da mulher como u m elemento social capaz de tomar parte ativa na organização e gerência da sofreu uma marcha lenta e difícil, porque tinha atrás de si toda uma tradição desfavorável. Daí que o quadro que a comédia aristofânica nos apresenta do quotidiano da mulher ateniense do séc. V segue ainda em grande parte os modelos do passado. A atividade feminina restringia-se nesta época praticamente ao campo doméstico, pois que à mulher não assistiam direitos políticos nem jurídicos, e a sua participação no quotidiano citadino era muito limitada. Em pleno regime democrático, o órgão central do poder político não registava a presença do sector feminino da população. Em A assembleia das mulheres vemos as atenienses disfarçarem-se de homens para assim poderem exprimir-se na Assembleia. Só em festivais de feição religiosa as mulheres tomavam parte ativa, sendo chamadas a essa missão desde a infância. 
Mito de Édipo:
Laio, Rei de Tebas e marido de Jocasta, vivia amargurado por não ter filhos, pelo que, decidiu consultar o Oráculo, tendo-lhe, este, advertido que filho que gerasse havia de o assassinar. Apesar das advertências, Jocasta engravida e Laio, quando o bebé nasceu, ordenou a um servo que o pendurasse pelos pés numa árvore, para que este morresse. Daí o nome Édipo (que significa pés inchados).
O servo de Laio, desrespeitando as ordens, acabou por colocar a criança num cesto e jogou-a ao rio, acabando este, por ser resgatadopor um rei duma terra distante, que o elegeu como seu filho. Este, já homem, também consultou o Oráculo, o qual o aconselhou a evitar a sua pátria, pois iria ser o assassino de seu pai e marido de sua mãe. Desconhecendo as suas origens e pensando-se filho de Pôlibo e Mérope, reis de Corinto, Édipo decidiu partir rumo a Tebas. Durante o seu percurso, e no meio de uma encruzilhada, deparou-se com um velho com o qual manteve uma acérrima discussão acabando por matá-lo. Chegado a Tebas decifrou o enigma da Esfinge (monstro com cabeça de mulher e corpo de leão), que impossibilitava a entrada na cidade, e como nunca ninguém o havia decifrado, a Esfinge jogou-se ao mar, tendo Édipo libertado a cidade da sua maldição. Creonte, irmão de Jocasta, havia prometido a mão desta a quem libertasse a cidade da Esfinge, ganhando assim, Édipo, o direito a casar com Jocasta, agora viúva.
Casaram, Édipo foi proclamado Rei e tiveram dois filhos e duas filhas, reinando sem grandes dificuldades, até ao dia em que se instala a peste na cidade e Édipo decide consultar o Oráculo, que lhe refere que a peste cessaria quando fosse expulso o assassino de Laio. Édipo dispôs-se a encontrá-lo, mas quando se apercebeu que ele próprio fora o assassino de Laio, seu pai, e o esposo de sua mãe, e vendo que apesar de fugir contra a profecia esta acabou por se realizar, arrancou os olhos e deixou a sua pátria.
Temática política: Os arcanenses 
As comédias aristofânicas, "Os Acarnenses" e "Os Cavaleiros", trazem à luz a construção do pensamento crítico de Aristófanes acerca da democracia ateniense do seu tempo. A análise dos textos centra-se na convergência de ambos enquanto reveladores de contradições inerentes às práticas democráticas atenienses em tempos de guerra. Problematiza-se de forma complementar a dicotomia público/privado, em "Os Acarnenses", e a relação entre o povo e seus governantes, em Os Cavaleiros. O diálogo entre ambos os textos é explorado não só na sátira amarga de Aristófanes, mas na solução única que deles emerge para um tempo de guerra e um sistema político em crise: a consumação da paz. 
Aristófanes, por meio das peças estudadas, Os Acarnenses e Os Cavaleiros, apresenta-nos a democracia ateniense sob ótica desoladora, revelando com sátira aguda e mordaz as práticas políticas, o comportamento do povo e a figura do demagogo (chefe ou condutor do povo que se destacava pela sua atividade política) nos seus aspetos condenáveis, pondo em questão temas significativos à reflexão ateniense, dentro dos quais se destacam, o tratado de paz na primeira peça. Comecemos por "Os Acarnenses", que nos traz já na cena inicial uma imagem preocupante do cenário democrático. O contexto é o de guerra entre atenienses e lacedemónios, apoiada pelo povo e exigida pelos acarnenses, ex-combatentes de Maratona, habitantes do demos de Acarnas, que tiveram os seus campos devastados pelos lacedemónios. Assim a peça inicia-se com o protagonista Diciópolis, camponês que, como a demais população rural, se vê forçado devido à guerra a habitar dentro dos muros da cidade, em condições subumanas, e aguarda ansiosamente a reunião da assembleia junto à Pnix para pôr em questão o tratado de paz. A Pnix, no entanto, está deserta. Diciópolis já avisa-nos, entre lamentos, que estão todos na ágora, mais interessados no comércio do que na deliberação em prol do bem comum, e até os Prítanes, conselho dos que dirigiam a assembleia, chegarão atrasados: “... num dia de assembleia principal, de manhazinha, venho aqui encontrar a Pnix vazia, enquanto eles pairam na ágora e depois, como podem, lá vão escapando à corda vermelha” (vv. 19-22). A não participação do povo na reunião da assembleia mostra a grave falha e contradição do sistema democrático: o desinteresse dos cidadãos para com aquilo que lhes diz respeito, posto que as pessoas fossem então forçadas a irem juntas à assembleia, cercadas por uma corda vermelha; 
Ainda que o povo seja coagido a sentar-se na Pnix, a participação efetiva nas deliberações concentra-se nas mãos de poucos “políticos profissionais”. Reunida finalmente a assembleia, Anfíteo, cujo nome já indica sua origem divina, é o único que propõe o tratado de paz; a resposta da assembleia é silenciá-lo com uma ordem de prisão. Os protestos de Diciópolis e a tentativa de repor em discussão o tratado de paz são igualmente recusados. O breve momento em que apenas dois indivíduos se manifestaram a favor da discussão de um problema central no contexto ateniense, agindo no interesse do bem comum da cidade, é logo apagado, abafado pelo conselho que desviará sua atenção para os embaixadores que chegam da Pérsia. A injúria de Aristófanes volta-se então para as missões diplomáticas, que mandam os seus embaixadores em longas viagens, cercados de conforto às custas do dinheiro público, enquanto o povo passava fome alojado dentro dos muros da cidade. A crítica centra-se no caráter enganador dessa política, em cena extremamente cómica, quando o enviado da Pérsia, Pseudartabas, seguindo o embaixador ateniense incumbido de avisá-los que o seu rei enviaria ouro a Atenas, é desmascarado por Diciópolis. Ele afirma não só que “os Iônios são uns cus-moles, se estão à espera do ouro dos bárbaros” (vv. 106-7), mas que estão sendo enganados pelos seus próprios embaixadores. Apesar da comicidade, a conclusão da cena traz à luz ainda outra questão problemática da democracia ateniense, a elitização da política, pois, uma vez revelada a intenção enganadora dos embaixadores e do enviado Persa, o conselho silencia Diciópolis e convida Pseudartabas para o Pritaneu, deslocando-se a discussão democrática da assembleia para o conselho. A resolução da cena, com o encerramento da assembleia que se recusou a discutir a paz e ainda se deslocou para o conselho, põem em questão a dicotomia público/privado. Em vista da elitização da política e da impossibilidade de expressão na assembleia - que fere outro dos três pilares da democracia, o direito de qualquer cidadão se expressar livremente -, Diciópolis resolve fazer um tratado de paz particular, para ele e para a sua família, por 30 anos. Aquilo que deveria ter sido feito por interesse comum, que serviria ao bem da cidade, só consegue ser feito no âmbito particular.
 O segundo momento da peça, com a entrada do coro dos acarnenses, põe em questão o último dos três pilares da democracia ainda não discutido, o direito de defesa, apontando para o contexto dos tribunais atenienses. Os acarnenses, ex-guerreiros de Maratona hoje curvados pela idade, perseguem Diciópolis, enfurecidos ao descobrirem que ele fez um acordo de paz com os lacedemónios. A sua fúria é tão desmedida que, antes mesmo de qualquer diálogo, atiram-lhe pedras. Em vão Diciópolis tenta, com palavras sensatas, expor as suas razões, defender-se das acusações que lhe fazem os acarnenses, porém o seu direito de defesa é refutado com ameaças de ainda maior violência: "Coro: -Raios me partam, se te dou ouvidos! Diciópolis: -Por favor, Acárnicos! Coro: -Vais morrer, já sabes, e agora mesmo." A democracia colide – primeiro no contexto da assembleia, agora no direito à defesa. O povo ateniense, representado pelo coro, é aqui dominado pelo thymos, como nos diz Diciópolis: “nunca estão dispostos a discutir frente a frente”, colocam a violência acima do princípio básico da jurisdição, a possibilidade de discutir de igual para igual. Na tensão que se estabelece entre persuasão e força, não resta a Diciópolis senão apelar também para esta última, na tentativa de ser ouvido. O herói, cujo nome traz na própria etimologia o composto “cidade justa”, quando consegue a atenção dos acarnenses, diz que falará, ainda que arriscando a própria vida, aquilo que é justo para a cidade, não aquilo que o povo deseja ouvir. 
Diciópolis opõe-se aos demagogos e oradores cuja popularidade devia-se não ao seu caráter moral, mas ao discurso adulatório com que conquistavam os cidadãos: Diciópolis: - (...) Conheço bem a maneira de ser dos nossos aldeões, sei o prazer que sentem em ouvirem gabar-se a si própriose à cidade, por um parlapatão qualquer, com razão ou sem ela. São estes elogios que os impedem de ver que estão a ser levados. 
 Na democracia ateniense vemos surgir figuras políticas cujas práticas colocam-se para além de qualquer moral, visando não os interesses públicos, mas particulares. 
Aristófanes põe em questão um sistema político que preza a liberdade e a isonomia, enquanto igualdade dos cidadãos perante a lei, mas que produz justamente no âmbito dos seus tribunais uma prática contrária aos seus próprios princípios. 
Antígona, Sófocles:
Numa das mais belas e dramáticas tragédias já escritas, Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a lealdade e a dignidade. Conta a história de Antígona, que deseja enterrar o seu irmão Polinice, que atentou contra a cidade de Tebas, mas o tirano da cidade, Creonte, promulgou uma lei impedindo que os mortos que atentaram contra a lei da cidade fossem enterrados, o que era uma grande ofensa para o morto e para a sua família. Antígona, enfurecida, vai então sozinha contra a lei de uma cidade e enterra o irmão, desafiando todas as leis da cidade, Antígona é então capturada e levada até Creonte, que sentencia Antígona à morte, não adiantando nem os apelos de Hemon, filho de Creonte e noivo de Antígona, que clama ao pai pelo bom senso e pela vida de Antígona, pois ela apenas queria dar um enterro justo ao irmão. Aparece então Tirésias, o adivinho, que avisa a Creonte que sua sorte está acabando, pois o orgulho em não enterrar Polinice acabará destruindo o seu governo. Antes de poder fazer algo, Creonte descobre que Hemon, seu filho, se matou, desgostoso com a pena de morte de Antígona. Aparece Eurídice e conta que, ao abrir a tumba onde Antígona estava presa, encontram-na enforcada. Eurídice, desiludida pela morte do filho também se mata, para desespero de Creonte, que ao ver toda sua família morta se lamenta por todos os seus atos, mas principalmente pelo ato de não ter atendido o desígnio dos deuses, o que lhe custou a vida de todos aqueles que lhe eram queridos.
Sete contra Tebas:
Quando Édipo deixou Tebas, os seus dois filhos, Etéocles (gr. Ἐτεοκλῆς) e Polinices (gr. Πολυνείκης), decidiram dividir o trono de Tebas de tal forma que cada um deles reinasse durante um ano. Quando a vez de Etéocles chegou, porém, ele recusou-se a ceder a vez a Polinices e expulsou o irmão de Tebas. Polinices refugiou-se em Argos, onde reinava Adrasto (gr. Ἄδραστος), filho de Tálao, e desposou a filha do rei. Algum tempo depois, Adrasto e Polinices decidiram organizar uma expedição militar contra Tebas, para que Polinices pudesse recuperar o trono.
Adrasto reuniu mais cinco heróis para a expedição, perfazendo então um total de sete: Tideu, filho de Eneu; Anfiarau, primo de Adrasto, neto de Melampo e adivinho, como o avô; Capaneu e Hipomedonte, da família real de Argos; e Partenopeu, filho de Atalanta.
Etéocles opôs ele próprio ao irmão e convocou mais seis heróis tebanos para enfrentar os invasores — sete contra sete. Cada herói argivo enfrentou um adversário tebano diante de cada uma das sete portas de Tebas e, durante a luta, Etéocles e Polinices mataram um ao outro. Os tebanos, porém, rechaçaram o ataque e todos os heróis do exército atacante foram mortos, com exceção de Adrasto, que conseguiu fugir graças a seu cavalo Aríon. Anfiarau chegou a ser perseguido pelo tebano Periclímano, mas Zeus fez a terra se abrir e Anfiarau foi tragado com carruagem, cavalos e tudo.
Creonte, novamente rei de Tebas, proibiu que o corpo dos inimigos fosse sepultado, inclusive o de seu sobrinho Polinices. Mas Antígona (gr. Ἀντιγόνη), alegando obediência às leis divinas, recobriu o corpo do irmão com um pouco de terra — o suficiente para satisfazer o ritual — e por isso foi condenada à morte. Antígona se suicidou antes disso e também se mataram Hémon, filho de Creonte e noivo de Antígona e Eurídice, esposa de Creonte e mãe de Hémon. Posteriormente, pela força das armas, Creonte foi obrigado por Teseu a entregar os corpos dos heróis aos parentes.
Os epígonos
Dez anos depois, Adrasto reuniu os filhos dos heróis argivos e organizou outra expedição contra Tebas. Esses jovens heróis, os epígonos, eram: Alcméon e Anfíloco, filhos de Anfiarau; Egialeu, filho de Adrasto; Diomedes, filho de Tideu; Prômaco, filho de Partenopeu; Estênelo, filho de Capaneu; Tersandro, filho de Polinices. Os tebanos eram então chefiados por Laodamante, filho de Etéocles. Dessa vez Tebas foi conquistada, e Egialeu e Laodamante morreram durante os combates. Tersandro assumiu então o poder e reinou até a época da primeira expedição contra Troia, quando foi morto por Télefo durante o desembarque na Mísia.
Representações e culto
No século II, pelo menos, havia um heroon de Édipo e de Adrasto em Colono, na Ática. Adrasto era também cultuado em Sicíon e os filhos de Édipo, em Tebas. Havia também, em Elêusis, um culto aos "Sete Contra Tebas". O culto mais famoso de todos, no entanto, era o do concorrido santuário de Anfiarau em Oropo, Ática, procurado pelos devotos em busca de cura para suas doenças, a exemplo dos numerosos templos da cura dedicados a Asclépio.
· Acarnenses (425 a.C.), Cavaleiros (424 a.C.), Vespas (422 a.C.), Paz (421 a.C.), Aves (414 a.C.) e Lisístrata (411 a.C.) são peças que tratam do caráter político e social da cidade de Atenas, especialmente no que concerne à Guerra do Peloponeso que assolou a Grécia por 28 anos, de 431 a 404 a.C., tempo em que Atenas e Esparta lutaram entre si em busca do domínio económico e político das pólis. A peça "Vespas" está incluída também nesse grupo por apresentar uma crítica à mania de processos judiciários que dominava Atenas, apontando o modo como a vida na pólis estava sendo conduzida. "Aves" não trata diretamente da guerra, mas propõe um escape da cidade para um mundo utópico pelo mesmo motivo que enceta a ação de Vespas. A maioria dessas peças tem em cena personagens que fazem referência a representantes políticos, como Cleão, em Cavaleiros e Vespas, e Lâmaco, em Acarnenses e Paz. 
· Em Nuvens (423 a.C.), Tesmoforiantes (411 a.C.) e Rãs (405 a.C.), encenadas pela primeira vez ainda durante a Guerra do Peloponeso, aborda-se o aspecto cultural da pólis referente à produção teatral ateniense e às novas ideias filosóficas que circulavam pela cidade de Atenas. Personagens representando personalidades culturalmente influentes do seu tempo fazem parte do elenco dessas peças, como Sócrates em Nuvens, Eurípides e Agatão, em Tesmoforiantes, e Ésquilo e Eurípides em Rãs.
· Assembleia de Mulheres (392 a.C.) e Pluto (388 a.C.) são posteriores à Guerra do Peloponeso, diferindo das peças anteriores por se afastarem do teor das acirradas críticas ao que ocorria na política ateniense, ainda que continuem a fazer referências às condições em que se encontra a pólis. Em Assembleia de Mulheres, Praxágora, a protagonista, consegue abolir toda propriedade privada, dispondo tudo nas mãos da comunidade. Em Pluto, o desejo do herói é o de que somente os cidadãos de bom caráter tenham acesso à riqueza, mas, no fim, todos acabam sendo beneficiados. Estruturalmente, essas duas últimas peças se distinguem das anteriores por apresentarem alguns elementos dramáticos que passam por profundas alterações, indicando um novo modo de se produzir comédia. Verificamos, em especial, que dois elementos foram profundamente modificados nessas duas peças: o coro, que tem sua participação reduzida no enredo, e a parábase, que não ocupa mais o espaço que tinha nas comédias do século V.

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