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Teatro Latino-2

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Misoginia e subalternidade da mulher
Misoginia: ódio, desprezo às mulheres.
Aristófanes sofria de complexo de mãe fálica por exemplo. Proclamação de que a misoginia é uma prova inequívoca do sexismo das sociedades complexas. Reflete uma posição social secundária da mulher. É a expressão de temores masculinos atávicos em relação ao feminino. Encontramos numerosos testemunhos de que a revolta feminina era uma realidade e de que a mulher não abdicava de ter palavra, personalidade e estatuto.
Igualdade de homem e mulher através do estudo das referências:
· Amor, incluindo o amor conjugal;
· Crise de autoridade do paterfamilias;
· Demonstrações dos estereótipos femininos;
· Presença de figuras de mulher insubmissas perante os maridos.
A valorização do amor como motor de relacionamento entre o masculino e o feminino é notória em alguns passos:
· Lamento de uma jovem perante a tentativa de suicídio do apaixonado;
· Marido chora de saudade pela mulher, que tomara a iniciativa do divórcio (existia um amor sensual);
· Depois da ruptura, o marido queixa-se amargamente da separação;
· Esposa cuja ansiedade a leva a não esperar passivamente pela chegada do marido, antes a sair à rua para o procurar.
Paterfamilias detinha as prerrogativas tradicionais, incluindo adotar filhos ou repudiá-los mas que vários travões dificultavam a sua aplicação.
Num dos casos, que evoca a delicadeza de Pânfilo em relação ao infortúnio da esposa, grávida em consequência de uma violação, na Sogra de Terêncio, na decisão de repudiar a esposa, o marido enfrenta o dilema de uma situação de gravidez.
Terêncio documenta a crise da autoridade masculina em que é visível através da argumentação que se deprende da boca de uma filha que dá bem a entender como era fácil amolecê-lo com lágrimas. O paterfamilias pode ser promotor do divórcio das filhas casadas sine manu que a crise parece aflorar. O que força a separação de um casal que vivia em harmonia é fortemente criticado.
Num outro caso, um casamento sine manu, o próprio paterfamilias ao aceitar fazer uma simulação do uso desse poder, está antecipadamente a aceitar que esse poder é precário.
A obediência de um filho depende da condescendência do pai com os seus amores. A vontade dos noivos não era letra vã, pois chegavam a negociar os seus afectos, preparando a troca de noivas que lhe estavam prometidas.
A retaguarda de todos os pronunciamentos relativos à mulher é constituída por um ideal de matrona que Afrânio resume com os termos maiestas e sanctitas. Mas a mulher retratada na togata não é passiva nem deixa de ser coquette e segura de si mesma (ex.: a esposa incentiva o marido a prestar-lhe mais atenção, no pressuposto clássico de que a visão da beleza leva ao amor ou o renova).
Um dos sinais de que os tempos estavam em mudança é o facto de prostitutas assumirem poses de mulheres livres e de algumas livres se portarem como prostitutas. A promiscuidade de vestuário e de comportamento afinal já contaminara as que não eram profissionais do sexo, mas tão só apreciadoras de sexo livre. 
As aproximações de estatuto de esposas e meretrizes tornam patente que, ao aceitarem o confronto e a contaminação, as esposas tendiam a valorizar o estatuto daquelas e a aceitar confrontá-lo com o seu próprio estatuto de concorrentes sentimentais, o que implica uma mudança clara na concepção do amor conjugal. As mulheres começavam a assumir algumas prerrogativas, como a presença em collegia, a possibilidade de entrar nas lides de direito e até na política.
Estas prerrogativas já traduzem/antecipam uma clara insubmissão no relacionamento conjugal.
Em Fullones de Titínio depreende-se o terror de um marido apanhado em adultério pela mulher, pronta a castigá-lo na sua masculinidade (capá-lo). A mulher pode mesmo tomar a decisão da ruptura do casamento, contra a vontade do marido, ou pode fazer essa reinvidicação.
A mulher disputava com o marido sobre os filhos.
A mulher ousa mesmo manifestar a sua desafecção em relação à situação matrimonial, pois sendo uma mulher rica, discorda dos gastos do marido. Perpassa mesmo o desejo de que a situação da mulher possa sofrer grande mudança, por imitação do que se passava no palco.
Este desconforto feminino tem um precedente em Plauto, na boca da escrava Sira que defende igual tratamento para homem e mulher em caso de adultério.
Fragmentos da comédia togata mostram que entre os finais do século III e inícios do século I a.C., a problemática da mulher oferece uma continuidade de aspetos que assinalam um inconformismo ao estatuto tradicional. A mulher da togata apresenta claras convicções de liberdade, independência, insubmissão e até de reivindicação de um estatuto mais igualitário, o que suscita no homem verdadeira apreensão perplexidade e até temor.
Dualidade visível quanto ao relacionamento marital: atitudes antagónicas por parte do masculino, oscilamento entre o repúdio do casamento, nobilitação do amor conjugal numa perspetiva de cooperação e de mútua afeição, incluindo laivos de amor-paixão.
Influência de Plauto
O seu êxito não desapareceu depois da sua morte. Continuaram a representar-se as suas comédias ao longo do século I a.C..
Horácio – no âmbito da querela dos antigos e dos modernos, e na questão específica do teatro, acusa Plauto de falta de técnica, de pouco se ter importado com a construção dramática e com o estilo, e de apenas ter querido avidamente ganhar dinheiro com a representação. Afirma mesmo que os antigos elogiavam os seus versos e as suas piadas com excessiva indulgência, para não dizer com insensatez.
Diminui o interesse pela sua obra ao longo do século I d.C..
Com a chegada do Renascimento, Plauto volta a ser lido e estudado, representado e imitado.
Ano de 1429, quando Nicolau de Cusa descobriu na Alemanha um manuscrito do século X-XI – o chamado códice Romanus Vaticanus ou Codex Ursinianus, conservado na Biblioteca Vaticana – que continha 16 comédias plautinas. Foi esta descoberta, potenciada com a posterior invenção da imprensa, que incrementou o interesse dos humanistas pelo Sarsinate, cujas comédias foram não só lidas e estudadas, como também representadas e, sobretudo, imitadas em comédias da literatura italiana.
No século XVIII verifica-se um acentuado retrocesso na popularidade de Plauto, cuja influência diminui consideravelmente. Só a partir de meados do século XIX se volta a falar do Sarsinate, mas mais de um modo filológico do que literário, isto é, mais como objecto de estudo do que como modelo de criação literária ou teatral.
A Comédia dos Burros (Asinaria)
Enredo
Argiripo, o jovem filho de Deméneto, está perdido de amores por uma cortesã, Filénio, que, embora, também esteja apaixonada por ele, se vê obrigada pela mãe, Cleéreta, a trabalhar como profissional do amor. O desgraçado está sem cheta, o que dificulta a sua relação com Filénio, já que a alcoviteira Cleéreta impõe um pagamento a quem pretende gozar dos favores da sua filha. O jovem precisa urgentemente de dinheiro para poder pagar a importância que a mãe de Filénio exige, mas não sabe como o arranjar.
Deméneto, um velho compreensivo que vive submetido à tirania de uma esposa rica, está ao corrente do amor do filho Argiripo pela cortesá Filénio e determinado a ajudá-lo a conseguir a quantia de vinte minas de que ele necessita para ter a rapariga. Encarrega então o seu escravo Líbano de lhe arranjar o dinheiro, sugerindo-lhe que o roube a um mercador estrangeiro que há-de vir entregar ao mordomo Sáurea precisamente vinte minas resultantes da venda de uns burros. o escravo promete cumprir a sua tarefa e, meditando no assunto, tenta urdir a sua trama.
Superando as dificuldades que teve de enfrentar, Líabno conseguiu os seus intentos com a ajuda do escravo Leónidas, que se fez passar por Sáurea, e com a preciosa cumplicidade de Deméneto.
O trio Líbano/Leónidas/Deméneto alcançou os seus intentos. Mas quem ficou particularmente feliz foi o velho Deméneto, que, de uma assentada, conseguiu não só enganar a mulher e ajudar o filho, mas também tem direito a um “pequeno prémio”.É que, na sua opinião, uma ajuda desta envergadura merece uma “pequena recompensa”; por isso, sem ponta de vergonha, o velho vai exigir ao filho que, em troca do dinheiro, ele lhe permita jantar e passar a primeira noite com Filénio. Naturalmente a ideia não agrada a Argiripo, mas este não tem outra alternativa senão resignar-se e ceder às pretensões do pai.
A comédia parece assim encaminhar-se para o seu final, mas o jovem Diábolo, rival de Argiripo, ignorando tudo o que se passara, reentra em cena depois de ter conseguido, também ele, arranjar as vinte minas. Quando Diábolo entra, triunfante, em casa da alcoviteira para “comprar” o direito de ter Filénio exclusivamente para si durante um ano, depara-se com um espectáculo desconcertante: o velho Deméneto a namoriscar com a jovem cortesã sob o olhar de Argiripo. Fica, naturalmente, louco de raiva e, como bom rival despeitado, decide vingar-se. Para isso, manda o seu Parasita prevenir a única pessoa que o poderá fazer: Artémona, a esposa de Deméneto e mãe de Argiripo.
Artémona chega, incrédula e furibunda com as revelações, a meio do “espectáculo”, disposta a vingar-se do seu marido. A sua ira aumenta quando o ouve desejar-lhe a morte enquanto vai acariciando Filénio. Artémona não se contém mais e irrompe no meio do festim. Deméneto procura ser desculpado pea mulher, mas ela arranca-o daquele lugar e obriga-o a voltar para cada, decidida a fazer-lhe pagar bem caro o que fez, sobretudo os “mimos” que lhe ouviu a seu respeito.
Personagens
Elenco de dez personagens convencionais:
· Jovem apaixonado desprovido de dinheiro (Argiripo): perdidamente apaixonado e desgraçado pela sua incapacidade em conseguir a sua amada, está disposto a suicidar-se. É por sua causa que se desenvolve a intriga mas os protagonistas são os dois escravos;
· Rival (Diábolo): figura caricata, o seu único objetivo é conseguir o exclusivo dos serviços sexuais de Filénio durante um ano. Papel relativamente importante no desfecho da peça;
· Cortesã (Filénio): parece estar verdadeiramente apaixonada por Argiripo, defendendo-o perante a mãe. Esta faceta contrasta com a experiência que revela no uso de galanteios, quando está em causa a obtenção do dinheiro que Líbano tem e na forma como suporta as carícias do velho Deméneto, transformando-se numa cortesã profissional que faz uso de todas as artimanhas da profissão;
· Alcoviteira exigente e calculista (Cleéreta): cínica, esperta, insaciável, decidida e “sabida na sua profissão”;
· Escravos espertalhaços (Líbano e Leónidas): escravos astutos, hábeis, mentirosos, dispostos a qualquer aldrabice para poderem ajudar o seu jovem amo, ainda que para tal tenham de enfrentar todo o tipo de riscos e perigos. Arquitetos e comandantes supremos da intriga. Enganam o Mercador e riem de todos, incluindo de si próprios. São a principal fonte de cómico...
Estrutura
Título ligado a um pormenor da intriga: negócio dos burros. Comédia de engano, equilibrada.
Afirma-se que há uma contaminação de duas tramas diferentes: a de Deménedo, que, depois de ter conseguido que Líbano e Leónidas extorquissem as vinte minas da venda dos burros, procura usufruir do prémio que exigiu ao filho em troca do dinheiro; a da rivalidade amorosa entre Diábolo e Argiripo, em que sai vitorioso este último, não só por ter arranjado primeiro o dinheiro, mas também por ter a preferência de Filénio.
Argumento Acróstico
É uma composição poética ou normal, em que as letras iniciais, no meio ou no fim de cada verso, lidas verticalmente formam uma palavra ou uma frase.
Prólogo
Plauto informa que o nome desta peça em grego era Onagós (O Burriqueiro) e que foi escrita por um tal Demófilo. Não faz referência ao enredo, serve essencialmente para chamar a atenção dos espectadores através de uma captatio beneuolentiae.
I ATO (vv 16-248)
Composto por três cenas pouco movimentadas.
A primeira (vv 16-126), entre o escravo Líbano e o velho Deméneto, é marcada por uma troca burlesca, entre as duas personagens, de ambiguidades, enigmas e pequenos mistérios que cativam os espectadores. É nesta primeira cena que ficamos a saber que Argiripo, filho de Deméneto, está apaixonado pela cortesã Filénio e que, para poder manter o relacionamento com ela, necessita urgentemente de vinte minas.´
A segunda (vv 127-152) é uma longa fala de Diábolo, o outro pretendente às carícias de Filénio. É o retrato da cortesã e da alcoviteira.
A terceira (vv 153-248), entre a alcoviteira Cleéreta e o pretendente Diábolo, é uma cena clássica em que o jovem é alvo de sarcasmo da alcoviteira.
II ATO (vv 249-503)
Composto por quatro cenas.
A primeira (vv 249-266) é um monólogo de Líbano, em que o escravo procura inspiração para conseguir concretizar a sua tarefa.
A segunda (vv 267-380) é uma engraçada disputa entre os dois escravos (Leónidas e Líbano).
A terceira (vv 381-406) é protagonizada por Líbano e o Mercador.
A quarta (vv 407-503) é protagonizada por Líbano, Mercador e Leónidas. Desenvolvem-se num ritmo acelerado, sobressaindo a variedade e a vivacidade do diálogo desta cena.
III ATO (vv 504-745)
Composto por três cenas.
A primeira (vv 504-544) é uma curta cena de acalmia entre Filénio e Cleéreta, seguindo a lei da alternância, princípio fundamental da boa comédia. Esta cena não procura apenas estabelecer uma pausa entre dois movimentos de farsa, fornece também à ação o tempo necessário para Líbano, Leónidas e o Mercador irem ao foro procurar Deméneto, e transmite-nos informações sobre aquela que é o objeto das preocupações amorosas de Argiripo e de Diábolo e a causa de tanta agitação burlesca. Filénio defende o seu amor por Argiripo perante a mãe e alcoviteira.
A segunda (vv 543-590) inicia-se com o exultante regresso de Líbano e Leónidas na posse do dinheiro que conseguiram extorquir ao Mercador. Os dois escravos vangloriam-se do seu feito, numa espécie de canto amebeu.
A terceira (vv 591-745) é reaparição dos dois amantes em lágrimas. A partir daqui, os dois tons, emoção e farsa, tendem a combinar-se. A despedida , em forma de alegria, de Filénio e de Argiripo é inicialmente entrecortada pelos apartes cómicos dos escravos. Mas o acentuar do desespero aumenta até se falar em morrer. É neste momento que a elegia é interrompida através da entrada em cena dos dois escravos dispostos a brincar com o casal apaixonado.
 
Cásina (Casina)
Enredo
O enredo desta comédia gira em torno da rivalidade entre o velho Lisidamo e o seu filho Eutinico, apaixonados, ambos, por uma jovem criada, Cásina, que Cleóstrata, a mulher de Lisidamo, recolhera na rua e educara no seio da sua família. É esta moça – que dá o nome à peça – que está no centro de toda a ação, ainda que não apareça em cena. Ambos a queriam ter como amante e, para tal, cada um deles arranjou um estratagema para conseguir os seus intentos: o pai propôs que ela se casasse com o seu feitor Olimpião; o filho pretendia dar Cásina em casamento ao seu escudeiro Calino. Um e outro desejavam, com este casamento de conveniência, gozar discretamente dos favores da jovem. Mas o pai, ao aperceber-se das intenções do filho, resolveu desembaraçar-se do rival, enviando-o para o estrangeiro. Na peça, o conflito entre pai e filho pela posse Cásina é sentido como uma batalha entre dois exércitos, pelo que não é de estranhar que as metáforas miliares sejam recorrentes em toda a comédia. A primeira delas surge logo no prólogo e situa a ação num verdadeiro campo de batalha, onde cada um deles prepara às escondidas as suas legiões (50-51).
É precisamente neste ponto que tem início a peça. Oficialmente, a rivalidade existente era entre os escravos Olimpião e Calino, mas Cleóstrata, descobrindo as intenções do marido, resolveu defender os interesses do filho e apoiar o casamento de Cásina com Calino. Como Lisidamo e Cleóstrata não conseguissem chegar a acordo sobre quem deveria ser o futuro marido de Cásina, decidiram, para resolver de vez a questão, que a jovem fosse sorteada entre os dois escravos. Assim aconteceu, e a sorte sorriu a Olimipão, o candidato de Lisidamo.
Cleóstrataficou encarregada de preparar a boda, mas Lisidamo tratou logo do pós-boda: Olimpião iria para a quinta com a sua noiva, mas antes disso Cásina seria conduzida a casa do vizinho Alcésimo, que tratou de fazer com que esta estivesse deserta, para que Lisidamo aí pudesse gozar, desde logo, dos favores de Cásina. Mas as coisas não correram como o velho esperava. É que Calino, ao descobrir a tramóia, foi contar tudo a Cleóstrata, que, com a ajuda da vizinha Mírrina e da criada Pardalisca, urdiu um plano para estragar a festa ao velho: disfarçou Calino de noiva e fê-lo passar por Cásina. Este não se fez rogado e encarnou Cásina bruta e violenta. A situação revelou-se extremamente embaraçosa para Olimpião e Lisidamo, que saíram de casa de Alcésimo enganados e ridicularizados. Por fim, Cleóstrata lá acabou por perdoar o marido e ficámos a saber que Cásina era, afinal, filha dos vizinhos, e, por isso, uma cidadã livre. Desre modo poderá casar com Eutinico, o filho de Lisidamo, que embora nunca tenha aparecido em cena, acabou por ser o vencedor da luta travada pela posse de Cásina.
Personagens
Oito personagens e várias figuras mudas (criadas, cozinheiros e tocadores de flauta). Tipos binários:
· Dois velhos (Lisidamo e Alcésimo);
· Lisidamo: aparece em consonância com o seu nome – “o que repudia esposas”. Velho libidinoso, apaixonado por Cásina, rivaliza no amor com o seu filho. São postas na sua boca 15alusões de cariz militar. A burla de que é alvo no final é motivo de cómico, sobretudo pelo contraste entre a sua fogosidade inicial e a sua atitude plangente na parte final, quando sai de casa de Alcésimo espancado e despojado;
· Alcésimo: velho tolerante e complacente, disposto a ajduar o seu amigo Lisidamo, fazendo deste modo jus ao significado do seu nome – “o que ajuda”;
· Duas matronas (Cleóstrata e Mírrina);
· Cleóstrata: aparece como uma mulher de armas, autoritária, severa e vingativa, dando jus ao significado do seu nome – “a glória do exército”. Segura de si, não cede às insistências do marido nem se deixa enganar pelas suas falsas simpatias. No papel de seruus callidus – o verdadeiro estratega da comédia plautina – é a verdadeira condutora da ação e age com um fim bem determinado: vingar-se do seu infiel e dissoluto marido e evitar que ele concretize os seus propósitos;
· Mírrina: amiga e vizinha de Cleóstrata e esposa de Alcésimo, significado do nome – “a que cheira a mirra”. Aparece em cena com ar distinto e autoritário e reúne em si grandes virtudes;
· Dois escravos (Olimpião e Calino);
· Olimpião: feito de Lisidamo responsável pela quinta da família no campo. Fraco de carácter, contrastando com o significado do seu nome. Antipatia à sua patroa: compara o patrão a um caçador, por passar a vida, dia e noite, com uma cadela – a sua mulher;
· Calino: escudeiro de Eutinico. O seu nome significa “freio”, adequando-se à maneira como domina o seu rival Olimpião e o velho Lisidamo;
· Pardalisca: atrevida criada de Cleóstrata;
· Citrião: cozinheiro ao serviço de Lisidamo;
· O jovem Eutinico;
· Cásina.
Estrutura
É complexa mas cativante.
A ação desenrola-se através de uma sucessão de cenas que alternam partes cantadas com partes recitadas.
Comédia plautina com o maior número de cantica (38% do total dos versos).
Argumento Acróstico
Prólogo
Anuncia que adaptou esta comédia a partir de um modelo de Dífilo intitulado Clerumenoe (Os que tiram a sorte), devido ao sorteio que os dois pretendentes à mão de Cásina fazem. Apresenta o enredo.
I ATO (vv 89-143)
Cena única, disputa entre Calino e Olimpião.
Introduz-nos no tom geral desta aventura desbragada e adverte-nos para o facto de o essencial da história recair sobre uma rivalidade amorosa pela posse de Cásina.
II ATO (vv 144-514)
Composto pelo confronto de Cleóstrata e de Lisidamo e pela tiragem à sorte do futuro marido de Cásina.
III ATO (vv 515-758)
Mostra Cleóstrata, avisada por Calino, a assumir-se como senhora da intriga e a congeminar uma farsa que vai provocar efeitos sucessivos, num ritmo que, em aceleração gradual, vai arrastar e envolver Lisidamo num verdadeiro turbilhão.
A Sogra (Hecyra)
 É uma comédia de Terêncio que trata dos desencontros entre personagens que constituem dois grupos familiares: a família de Laques,constituída de seu filho Pânfilo, sua nora Filumena, sua esposa Sóstrata. A família de Filumena, cujo pai é Fidipo e sua esposa Mírrina. A trama gira em torno de desencontros, convenções sociais que sobrepujam os sentimentos entre os parentes
e a presença de uma prostituta de nome Báquis. Trata-se de uma peça com base em dramas burgueses que atravessam todas as sociedades no tempo e no espaço. Analisaremos a estrutura familiar aqui presente e suas convenções que impõem certo padrão de comportamento. As relações afetivas e desejos fazem parte da trama de forma acentuada, pois, aqui os desencontros são entre o que se deseja e o que a convenção social estabelece como comum. A cortesã, o filho, o pai, a sogra são elementos fulcrais desta trama, no que diz respeito a convenção social; já os laços afetivos estabelecidos no meio familiar e extra-familiar constituem
o lado não convencional que se choca com a convenção social. Assim analisaremos estes fatores na estrutura da trama da peça de Terêncio.
 
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