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Agitação: estado de agitação psicomotora excessiva sem necessariamente ter um propósito, podendo ser acompanhada por inquietação, aumento da atividade cognitiva, irritabilidade e até agressividade (escalonamento do estado); uma das complicações mais comuns das doenças mentais; a abordagem correta pode diminuir o tempo de crise, assim como sua permanência no PS ou hospital Agitação psicomotora: todo estado aumentado de atividade, com ou sem propósito, e de diversas gravidades Agressividade: aumento da atividade motora com o intuito de causar dano a algo ou alguém Manejo não medicamentoso: qualquer medida que vise acalmar o paciente sem o uso de medicações, como abordagem verbal e contenção física Manejo medicamentoso: utilização de medicações psicotrópicas para reduzir seu estado de agitação ou agressividade Tranquilização rápida: manejo medicamentoso cujo princípio é acalmar o paciente sem sedá-lo excessivamente, com menores doses possíveis e com pouco ou nenhum efeito colateral Contenção física: medida não medicamentosa utilizada para proteger o paciente por meio de dispositivos colocados sobre seu corpo visando a limitar seus movimentos (faixas de contenção) Principais causas Condições físicas: trauma craniano, encefalopatias, exposição a toxinas, distúrbios metabólicos, hipóxia, doença tireoidinana, convulsão (comum pré crise), níveis tóxicos de medicações (psicoestimulantes) Intoxicação ou abstinência Doenças mentais: transtornos psicóticos, mania, estado misto do humor, depressão agitada, transtorno da personalidade, agitação reativa a situação (comum no paciente com retardo mental), autismo Avaliação do paciente: deve ser realizada pela história colhida diretamente com ele, se possível, e com seus acompanhantes. Evitando prolongar a avaliação, sugere-se o uso de 4 perguntas básicas: 1. O que está acontecendo? 2. Por quanto tempo? 3. Por que hoje? 4. Quais são as hipóteses diagnósticas plausíveis ou os diagnósticos temporários? É essencial realizar exame físico e a coleta de exames vitais. Caso não seja viável inicialmente, essa medida precisa ser providenciada o quanto antes (diagnóstico diferencial de causas metabólicas/orgânicas) Possibilidade de doença física como causa da agitação: Sintomas novos em pacientes com idade superior a 45 anos Alteração de sinais vitais Sinais neurológicos Evidência de trauma craniano Intoxicação ou abstinência por substância Doença física prévia Rebaixamento da consciência e desatenção Alucinações visuais Tentativa de suicídio Sudorese, tremor e palidez Cefaleia intensa Rigidez muscular ou fraqueza acentuada Perda de peso involuntária Crise convulsiva Dispneia Amnésia Psicose de início recente Nada adiantará se no manejo da agitação não forem abordados os fenômenos-gatilhos (desencadeiam direta ou indiretamente os episódios de agitação e/ou agressividade) 1. Doença mental: esquizofrenia, estado de mania ou estado misto no transtorno bipolar, depressão agitada, ansiedade, transtorno da personalidade, transtorno reativo ou adaptativo, autismo 2. Não concordância com o diagnóstico ou com a terapêutica: diagnóstico recente, baixa adesão, dificuldade em compreender o diagnóstico (transtorno bipolar e esquizofrenia) 3. Doenças físicas: traumatismo craniano, AVC, infecções (encefalites), doenças renais, hepáticas, metabólicas, cardíacas, endócrinas, hipóxia, crise convulsiva 4. Dor: principalmente quando não valorizada ou não abordada de maneira adequada 5. Medicações: does elevadas, abstinência 6. Intoxicação ou abstinência: álcool, cocaína e derivados, inalantes, drogas sintéticas, cetamina 7. Fatores psicológicos: sensação de estar sendo humilhado, ignorado, ameaçado ou de estar perdendo o controle pessoal 8. Estados fisiológicos: fome, sede, sono, sonolência 1. Observar o que está acontecendo e garantir a segurança do paciente, da equipe e das pessoas que estão ao redor 2. Estabelecer uma via de comunicação: a escuta ativa e a negociação 3. Restrição de espaço: pode ser executada retirando-se o paciente de um ambiente movimentado e levantando-o para o outro mais calmo e privado, a fim de evitar que outras pessoas se assustem, que o paciente modifique seu comportamento em prol de uma suposta plateia e que se possa conversar em um local silencioso 4. Manejo medicamentoso: uma vez que as demais medidas falharam, opta-se pelo uso de medicações, antes e depois de se atentar a contenção física. Esse procedimento deve seguir os princípios da tranquilização rápida não medicar em excesso, monitorar o paciente após medicar, não manter contenção física por longos períodos (2h máx), não respeitar o início das medicações, não hidratar e evitar ao máximo medicações por via intravenosa Antipsicóticos típicos: efeito principal é bloquear os receptores D2 da dopamina e causam, em curto prazo, apatia, redução da iniciativa, diminuição das respostas emocionais e sedação, podendo esse efeito se acumular com o uso contínuo. Cada medicação pode apresentar ação em outros receptores, como M1 (muscarínicos), alpha1- adrenégicos e H1 (histamínicos); são classificados de acordo com sua estrutura molecular e também conforme sua potência comparada a clorpromazina (controla o quadro psiquiátrico sem sedar) Quanto maior a potência, maior o risco de efeito colateral extrapiramidal Efeitos indesejados: Extrapiramidais: acatisia, distonia aguda, parkinsonismo, tremores, discinesia tardia, síndrome neuroléptica maligna Cardiovasculares: hipotensão (postural), hipertensão, arritimias cardíacas, taquicardia, morte súbita Hepáticos: hepatotoxicidade, icterícia Outros: sedação, insônia, agitação, boca seca, cãibras, cefaleia, constipação, diminuição do limiar convulsivo (aumenta o risco de convulsão) (principalmente nos tipos de baixa potência, como clorpromazina e levopromazina), desatenção, diarreia, diminuição da libido, impotência, galactorreia, ginecomastia, hipo e hiperglicemia, retençãourinária, tonturas, vômitos, secreção inapropriada de hormônio antidiurétic, retinopatia pigmentar, fotossensibilidade, rash cutâneo Via oral de preferência HALOPERIDOL Antipsicótico de alta potência do grupo das butirofenas (2mg de haloperidol equivalem a 100mg de clorpromazina). Menor risco de causar sedação ou hipotensão, podendo ser administrado por vias oral e intramuscular (não recomenda-se a intravascular, pois intensifica seus efeitos colaterais e aumenta o risco de arritmias e morte súbita). Meia-vida de 24h e atinge o platô com o uso contínuo no período de 3 a 5 dias. Por via oral, seu pico de concentração ocorre 1 a 4h após a ingestão e 30 min após administração intramuscular DROPERIDOL Grupo das butirofenonas, disponível para uso parenteral. Possui início de ação de 3 a 10 min após injeção intramuscular e pico de 30 minutos, com efeito de 2 a 4h. Dose habitual é de 2,5 a 5mg por via intramuscular. Apresenta bloqueio dopaminérgico e alpha1-adrenérgico e colinérgico. É mais sedativo que o haloperidol CLORPROMAZINA Antipsicótico de média potência da classe das fenotiazinas. Apresenta antagonismo dos receptores de dopamina, além de efeitos muscarínicos, histamínicos, noradrenérgicos e sertoninérgicos. Devido ao forte efeitoantagonista alpha1-adrenérgico, causa hipotensão ortostática, taquicardia reflexa, sedação e sonolência. Seus efeitos nos receptores colinérgicos também são potentes, assim podem ter reações adversas e efeitos colaterais cardiovasculares (arritmias e morte súbita, convulsões, piora do glaucoma, íleo paralítico e delirium). Não é a mais recomendada por falta de literatura que comprove LEVOMEPROMAZINA Antipsicótico de baixa potência da classe das fenotiazinas. Possui as mesmas características da clorpromazina. Está disponível por via oral em comprimidos ou solução, mas não háevidência científica para seu uso, apenas na via parenteral que não está disponível no Brasil. ANTIPISICÓTICOS ATÍPICOS Caracterizados pela capacidade de promover ação antipsicótica em doses que não produzam sintomas extrapiramidais, devido ao afeito nos receptores 5HT2A. Apresentam perfis diversos e também atuam em diversas modalidades de receptores dopaminérgicos, muscarínicos, adrenérgicos, histamínicos e serotoninérgicos. Apresentam perfis diversos e também atuam em diversas modalidades de receptores dopaminérgicos, muscarínicos, adrenérgicos, histamínicos e serotoninérgicos. Proporcionam melhora dos sintomas cognitivos e negativos ARIPIPAZOL Antipsicótico da classe diclorofenilpiperazina, disponível em comprimidos de 10, 15, 20 e 30mg. Pico plasmático de 3 a 5h e sua estabilidade é alcançada em 14 dias e metabólito ativo (desidroaripiprazol) com meia-vida de 75 a 94h. Eficácia para uso por via parenteral, mas não está disponível no Brasil. ASENAPINA Novo antipsicótico antagonista de vários receptores dopaminérgicos (D2, D3 e D4), serotoninérgicos (5HT2A, 5HT2B, 5HT2C, 5HT6 e 5HT7) e alpha- adrenérgicos (alpha1 e 2). Tem afinidade apreciavelmente mais alta para os receptores 5HT2 do que para os D2. A relação da constante de inibição (Ki) para os receptores 5HT2A/D2 fica ao redor de 20. Disponível na forma de comprimidos sublinguais (vantagem) de 5 a 10mg, com efeito inicial que varia de 30 a 90 min. OLAZAPINA Antipsicótico da classe dos tienobenzodiazepínicos, apresentando-se em comprimidos de 2,5, 5 e 10mg e seu pico é atingido de 5 a 8h. É extremamente seguro em pacientes idosos, porém é um dos psicóticos com maior taxa de ganho de peso. Tem eficácia por via oral e intramuscular, porém no uso oral seu início de ação é demorado, para tranquilização rápida é melhor a apresentação orodispersível RISPERIDONA Antipsicótico da classe dos benzisoxazólicos, apresentando-se em comprimidos, solução oral e depósito. Via oral tem pico de 0,8 a 1,4h, meia-vida de até 24h e equilíbrio plasmático de 1 a 7 dias. Doses acima de 10mg não aumentam a eficácia e acentuam os efeitos extrapiramidais (acima de 4mg). Tem início de ação dentro de 1h, o que pode ser reduzido com o uso de solução oral. Entre os psicóticos, é a opção com melhor relação custo- benefício na tranquilização rápida por via oral QUETIAPINA Antipsicótico da classe dibenzotiazepínicos, está disponível na forma de comprimidos de 25, 50, 100, 200 e 300mg. Tem pico plasmático de 1,2 a 1,8h e meia-vida de 7h, por esse motivo é recomendado que seja administrado 2 vezes ao dia. Entre os antipsicóticos, é o de menor chance de causar hiperprolactinemia e de maior segurança cardíaca. A quetiapina não tem sua eficácia comprovada para tranquilização rápida, visto que os estudos abordam seus efeitos em semanas ZIPRASIDONA Antipsicótico do grupo dos benzisoxazólicos, tem apresentações em capsulas para uso oral e ampola para uso intramuscular. A administração oral tem pico de 6 a 8h e meia-vida de 6 a 7h, ou seja, deve ser administrada 2 vezes ao dia. Por via intramuscular a dose é de 10 a 20mg, sendo que devem ser prescritos 10mg a cada 2h ou 20mg a cada 4h (máx de 40mg/dia). Sem uso na tranquilizição rápida se restringe a apresentação intramuscular. Deve ser ingerida com alimentação. BENZODIAZEPÍNICOS Seu mecanismo de ação se deve a facilitação GABAérgica, tendo assim, efeitos sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e miorrelaxantes. Causam em geral, maior sedação do que os antipsicóticos típicos, com a vantagem de não provocarem sintomas extrapiramidais. Os efeitos colaterais mais comuns incluem ataxia, amnésia, depressão respiratória, sedação excessiva, desinibição paradoxal (mais comum em pacientes com retardo mental, lesão cerebral estrutural e demência). Podem causar dependência. Devem ser evitados em pacientes com DPOC ou outra condição clínica que a reserva pulmonar esta diminuída, devido a possível depressão respiratória. Em idosos, devem ser administrados com cautela devido a metabolização mais lenta. Devem ser evitados em pacientes intoxicados por álcool (também age nos receptores GABAérgicos, aumentando o risco de inibição cerebral, depressão respiratória e morte), opióides ou barbitúricos, ou utilizados com cautela, pois podem potencializar a sedação causada por essas substâncias. DIAZEPAM Modelo de benzodiazepínico, tem apresentações em comprimidos de 5 e 10mg e ampolas para injeção intravenosa de 10mg/2mL. Por via oral, seu pico de concentração plasmática é de 30 a 90min, e sua meia-vida varia de 20 a 90h, devido a produção de metabólitos ativos. CLONAZEPAM Disponível nas apresentações em comprimidos de 0,5 e 2mg, solução oral de 2,5mg e sublingual de 0,25mg. Tem alta potência, atingindo o pico em 1 a 3h e tem meia-vida de 20 a 40h. (comum reclamar de ressaca no outro dia) LORAZEPAM Disponível em comprimidos de 1 a 2mg (existe a parenteral, mas não esta disponível no Brasil). Tem pico de 2h e meia-vida de 8 a 16h, sendo metabolizado exclusivamente pelo fígado por glicuronidação e não produz metabólitos ativos. Como seu metabolismo não diminui com a idade, é o benzodiazepínico de preferência em idosos. Também é o benzodiazepínico de escolha em casos de pacientes com comprometimento hepático, doenças clínicas graves e uso de múltiplas medicações MIDAZOLAM Benzodiazepínico com efeito hipinótico acentuado. Por via oral, induz sono em 15 a 20min, tendo meia-vida de 90 a 150min (oral ou intramuscular). Nos casos de agitação severa, pode ser utilizado em monoterapia ou associado a antipissicóticos. ANTICOLINÉRGICOS E ANTI-HISTAMÍNICOS Não são recomendadas no caso de agitação, pois podem desencadeá-la e causar confusão mental. Entretanto, pacientes com sensibilidade aos efeitos extrapiramidais dos antipsicóticos, podem demandar sua associação, sendo o mais recomendado o biperideno por via oral. Biperideno por via intramuscular deve ser reservado para casos de distonia aguda ou outros efeitos extrapiramidais agudos e acentuados após a administração de um neuroléptico PROMETAZINA Fenotiazina sem propriedade antipsicótica, com efeito anti-histamínico e anticolinérgico. Está disponível em comprimidos de 25mg, solução oral (5mg/mL e 2,5mg/ml) e para uso parenteral intramuscular em ampolas de 50mg/2mL. Tem como efeitos colaterais boca seca, dor epigástrica, retenção urinária, sedação, tonturas, visão borrada, confusão mental, excitação, hipotensão postural, taquicardia, tremores e vômitos. Seu emprego na agitação, apesar de polêmico e não ser aceito por alguns especialistas, foi comprovado como eficaz quando associado ao haloperidol, visto que amplia os efeitos sedativos e reduz os efeitos extrapiramidais. ANTICOVULSIVANTES Não há evidência de que possam ser usados para pacientes em agitação psicomotora, salvo em casos em que tal agitação está relacionada a crises convulsivas. Situações especiais Crianças preferíveis as medidas não medicamentosas (se necessário medicar, fazer por via oral) Pacientes com epilepsia os antipsicóticos podem reduzir o limiar convulsivo; se forem utilizados, exigem ajuste do anticonvulsivantes; se possível, deve-se optar pelos benzodiazepínicos Indivíduos intoxicados intoxicação por drogas depressoras, deve-se optar por haloperidol em monoterapia, já com as drogas excitatórias, considerar benzodiazepínicos. Necessário ter cuidado com a sedação excessiva e risco de arritmias Gestantes preferência pelo haloperidol em monoterapia Indivíduos com síndrome de abstinência de álcool os antipsicóticos podem reduzir o limiar convulsivo; se forem administrados, requerem ajuste do anticonvulsivante; se possível, deve-se optar pelos benzodiazepínicos
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