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PRINCIPAIS PATOLOGIAS EM COBERTURAS 1. Patologias em coberturas descontínuas As coberturas descontínuas são aquelas caracterizadas pelo sistema de vedação descontínuo, ou seja, um sistema que é composto de várias peças encaixadas, parcialmente sobrepostas umas sobre as outras que formam, juntas, um meio de proteção contra intempéries. Essas peças são, em sua maioria, telhas. Esse tipo de cobertura é o mais usual em edificações de baixo porte e, consequentemente, é o mais comum nas edificações brasileiras. O fato de que pequenas aberturas possam ocorrer no encaixe entre as telhas gera um agravante deste sistema em relação a um sistema de cobertura monolítico. As anomalias que ocorrem em coberturas descontínuas são proporcionais à quantidade de elementos por área e à área total da cobertura, pois, quanto maior a quantidade de componentes da cobertura, maior é a probabilidade de que falhas ocorram e patologias surjam. Uma das anomalias mais comuns que acontecem neste tipo de cobertura é o apodrecimento (no caso da madeira, que sofre com o ataque de agentes biológicos e ação da umidade) e rompimento dos sistemas estruturais que servem de suporte a estas coberturas. Vide o fato de que, em muitos casos, as estruturas que suportam as coberturas não são corretamente dimensionadas, de modo a suportar os esforços provenientes do vento e do peso das telhas e não são avaliadas quanto a sua durabilidade, estas estruturas se tornam frágeis com o tempo e tendem a romper, gerando brechas no sistema de cobertura/vedação, onde a água consegue infiltrar, trazendo diversas patologias consigo. Ao se tratar de coberturas descontínuas, pode-se mencionar, também, a falta da cinta de amarração em muitos casos. A cinta é o elemento que geralmente tem por função receber a carga do sistema estrutural de cobertura e deve ser executada em todo o perímetro da edificação, de modo a desempenhar a função de apoio. Caso a cinta não seja feita e as cargas da cobertura solicitem, diretamente as alvenarias da edificação, uma anomalia pode se instaurar, pois as alvenarias de vedação não possuem capacidade portante suficiente para suportar este carregamento, salvo casos em que é projetada para tal, como em edificações de alvenaria estrutural. O apoio direto sobre paredes confeccionadas em alvenaria do tipo convencional pode gerar trincas que posteriormente podem evoluir para rachaduras, caso as patologias não sejam tratadas de forma adequada. Outra anomalia comum às coberturas descontínuas é a obstrução de elementos de escoamento, como calhas e condutores. A água tende a se acumular nesses elementos por falta de manutenção recorrente e, caso isso ocorra, manchas podem aparecer nas paredes próximas, tendo consequentemente sua capacidade autoportante comprometida e combinado com as deformações excessivas causadas pelo peso adicional dos detritos acumulados culminando no rompimento da mesma. Além disso a acumulação de água propicia o aparecimento de problemas biológicos, como a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, que é um problema recorrente no brasil. 2. Patologias em coberturas de terraço 2.1 Danos causados por erros construtivos São Vários os fatores que podem ocasionar anomalias no revestimento de impermeabilização de coberturas em terraço, mas geralmente estão associados a erros construtivos e de projeto. Dentre estes fatores, Valter, Lopes e Brito (2003) abordam alguns em específico: O primeiro dos fatores é a indefinição ou concepção deficiente das camadas a aplicar na cobertura, muitas vezes sendo negligenciadas as camadas de proteção térmica e mecânica das mantas de impermeabilização, bem como a falta de definição de juntas de dilatação em proteções quando estas são pesadas rígidas. Outro aspecto é a falta de cuidado com elementos de suma importância como de bandas ou camadas de dessolidarização, que ajudam a absorver as movimentações por dilatação das estruturas, falta de definição de caminhos de circulação em coberturas de acessibilidade limitada, disposições geométricas inadequadas e remates inadequados de elementos tal como má colocação de rufos. Unidos a todos esses fatores temos ainda a escolha inadequada de materiais a serem utilizados e os erros de projeto que são inerentes à falta de cuidado e planejamento, tal como a falta de desnível para que a evacuação via calhas ocorra de forma correta. Muitos desses erros construtivos causam danos às edificações, quase que imediatamente após o início do uso e outros levam certo tempo para se manifestar, mas em ambos os casos, o processo de tratamento é dispendioso tanto em tempo quanto em recursos, e pode ser evitado facilmente com definições adequadas de projeto e execução. 2.2 Danos decorrentes da ação de vento, água e calor As ações do ambiente natural sobre o sistema de revestimento impermeabilizante representam grande parte dos causadores de patologias em estruturas contínuas. A ação do vento, por exemplo, em sistemas de tratamentos expostos pode causar, eventualmente, a separação entre a manta impermeabilizante e o substrato. Além disso, tem-se as ações dos raios ultravioletas, as quais causam o craquelamento da manta impermeabilizante, e as ações deletérias provocadas pela água pluvial. Outro problema relacionado às ações do ambiente natural é o processo de expansão e encurtamento da manta que, devido a dilatação térmica, pode apresentar o surgimento de fissuras (tanto em manta pré-fabricada ou moldada in-loco) e empolamento, comprometendo o desempenho de estanqueidade do sistema. 2.3 Danos decorrentes do mal uso O mal uso da cobertura e a falta de manutenção preventiva para minimizar os efeitos de desgaste natural das coberturas são causadores de patologias nas coberturas. Um exemplo comum de mal uso da cobertura é a falta de avaliação dos estados das telhas. Com o tempo, o desgaste natural vai aumentando devido ao contato com agentes poluentes e abrasivos. Sem manutenção, a vida útil dos materiais tende a diminuir. A falta de limpeza da área de superfície da cobertura é outro exemplo de mau uso. Com o tempo, é normal que folhas e outros tipos de sujeira se acumulem sobre o telhado. Com a chuva, esses resíduos serão conduzidos até os condutores e, em excesso, pode provocar o entupimento dos mesmos. Quando isso acontece, surgem diversas patologias na edificação, como infiltrações e transbordamento do telhado. Como há o escoamento da água pelas paredes, é comum o aparecimento de manchas e proliferação de bolor e mofo. Para evitar essa patologia, recomenda-se o uso de barreiras que não permitem a entrada dos resíduos sólidos na tubulação e também uma limpeza semestral do telhado. 2.4 Fendilhação da Platibanda O modo em que as platibandas em coberturas de terraço são construídas em muitas localidades configuram um erro construtivo clássico, resultando no fendilhamento da mesma. Em detalhes, este erro é pautado pela forma errônea na adoção dos materiais empregados para construção da platibanda, pois geralmente adota-se a alvenaria como elemento principal de composição, no qual difere em termos de módulo de elasticidade do concreto empregado na constituição da laje. Assim, com o efeito da ação solar e as variações de temperatura há o surgimento de micro trincas no encontro da laje com a alvenaria da platibanda. A platibanda pode apresentar, também, problemas relacionados a superfície de aderência do reboco. É o caso de platibandas nas quais possuem um sistema impermeabilizante até certa altura, onde parte do reboco é aplicado em uma superfície impermeável e parte aplicado em chapisco. Nesse caso, o reboco é aplicado em superfícies com diferentes características aderentes, o que acaba propiciando o sistema a trincas na região que compreende o término da impermeabilização e começo do chapisco. Além disso, algumas platibandas possuem pedras de coroamento em sua partesuperior, configurando, novamente, em um elemento com diferentes módulos de elasticidade, no qual sofre fissuras na parte superior devido a dilatação térmica. Portanto, mesmo que haja um sistema impermeabilizante eficiente na cobertura, a água decorrente das chuvas irá escorrer pela platibanda e percolar entre as fissuras, causando infiltrações na laje.
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