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SAIS: EFLORESCÊNCIAS E CRIPTOFLORESCÊNCIAS NA CONSTRUÇÃO 1.1 Definições Tratando-se dos problemas com a umidade e com os sais, as eflorescências são formações salinas esbranquiçadas evidenciadas na superfície dos materiais de construção, que podem conter sais solúveis (inofensivos) ou insolúveis (danosos). Os primeiros se dissolvem quando em contato com a água, que pode ser, por exemplo, oriunda de precipitações. Dissolvidos, eles percorrem com o líquido pelos poros do material e se cristalizam novamente. Quando ocorre a evaporação da água em exposição ao calor e ao vento, há o aparecimento das superfícies esbranquiçadas. Quando ocorrido de maneira a se aflorar, sendo possível sua visualização a olho nu com a simples observação do material, o fenômeno é chamado de eflorescência, e não costuma causar danos sérios. Porém, quando acontece de forma a permanecer interno ao material, sendo tratado como criptoflorescência, pode acarretar em consequências mais sérias, como o desprendimento da tinta ou do próprio revestimento argamassado, sendo esse efeito conhecido como empolamento. Deve-se enfatizar que a eflorescência e a criptoflorescência normalmente ocorrem em concomitância. É comum que o fenômeno de eflorescência seja confundido com o salitre, devido à similaridade do aspecto visual de ambos, mas é imprescindível diferenciá-los, pois o salitre é caracteristicamente distinto da outra manifestação, sendo este um gel surgido entre a madeira e a alvenaria, ou mesmo nas seções de madeira, como algumas esquadrias. A saponificação possui semelhança causal com o salitre, sendo a formação de um sebo corrosivo e danoso à madeira. O sebo possui uma viscosidade que remete ao sabão misturado com água, daí a origem do nome dado a esta patologia, comum nas esquadrias antigas, feitas de madeira e com uma pintura característica. As tintas utilizadas eram predominantemente de cores primárias e vivas, já que não se tinham muitos pigmentos e ao mesmo tempo, por influência da cultura europeia, onde nos países frios o hábito de se ingerir bebidas alcoólicas para se aquecer é algo comum, tal que a diferenciação das cores vivas das esquadrias entre as casas facilitava a identificação dos domicílios pelos moradores ora embriagados. Entretanto, nas pinturas das portas e das janelas, empregava-se a soda cáustica, a qual em muitos casos não era corretamente removida e provocava a saponificação em conjunto com a ação de micro- organismos. 1.2 Origem dos Sais A origem dos sais nas construções é diversa, mas sempre está conectada aos próprios materiais empregados e ao ambiente de entorno. Os próprios aditivos utilizados na dosagem das argamassas e do concreto podem ser ricas fontes de sais, estando entre os mais comuns deles o cloreto de cálcio. A água nos solos e a atmosfera também oferecem aos edifícios o contato com os sais. Quanto à última, gases de carros e dejetos de animais, como pombos e demais aves, são altamente corrosivos para muitos materiais de construção. Os aditivos plastificantes de argamassa valem-se de altos teores de sal em sua composição química, e os aditivos em geral são relativamente recentes, com cerca de 50 anos de mercado, sendo por esta razão seus efeitos a longo prazo desconhecidos. Desta forma, deve- se evitar seu uso em obras cujo impacto social, cultural, político ou econômico seja alto. Na construção da usina hidrelétrica de Itaipu, o concreto foi protegido por água congelada em vez de o ser pelo aditivo que retarda a pega, sendo este um exemplo de obra de alto impacto em que se evitou a aplicação de aditivos. 1.3 Fatores determinantes e danos causados Alguns fatores inerentes às construções são determinantes para a ocorrência de problemas com a umidade e com a eflorescência, sendo eles: zonas de paredes em contato com água, sendo este devido ao rompimento de tubulações ou à exposição às precipitações; materiais com muita capilaridade (a exemplo dos tijolos que durante a permanência em fornos especialmente mais antigos estiveram mais distantes da fonte de calor, ficando mais porosos, enquanto que aqueles mais próximos à fonte tornam-se vitrificados devido à presença de sílica, pouco porosos e com baixa absorção e oferecem uma aderência ruim à argamassa); posicionamento ineficaz das barreiras estanques; juntas de assentamento; fendilhamento do reboco; ligações da alvenaria com a estrutura ou com a caixilharia; caixas de ar obstruídas ou estribos de amarração inclinados para dentro; dispositivos responsáveis por recolherem a água inexistentes ou obstruídos. A condensação responsável pela solubilização dos sais da alvenaria pode ter como causa principal a diferença de temperatura interna e externa devido à climatização (de aquecimento ou de resfriamento) existente na edificação. Por este motivo, é válido considerar que prédios antigos, que antes não contavam com sistemas de climatização e nem com o recebimento de um vasto público e são adaptados como pontos turísticos, passando a acolher um grande número de pessoas e a abrigar aparelhos de ar condicionado podem padecer por danos estruturais e devido à eflorescência. Durante a fase de obra, é importante que a distribuição dos banheiros para os trabalhadores seja eficiente, de forma que estes não sintam a necessidade de urinar nas paredes, enriquecendo com sais solúveis os materiais do elemento de vedação e causando vindouros danos que aparecerão como manchas isoladas no meio das paredes. Diversos fatores ambientais também são causadores de patologias por umidade. Dentre eles estão: a ocupação dos compartimentos de modo a se gerar vapor com poucas possibilidades de escape, como nas cozinhas mal ventiladas; as temperaturas ambientais externas excessivamente altas ou baixas; a insuficiência da ventilação; o rigor climático. As fortes mudanças de temperatura podem causar fissuras nas esquadrias em decorrência da dilatação e da retração dos materiais. As fissuras permitem a entrada de água e possibilitam problemas com umidade e com eflorescência. Quanto a este último fenômeno, deve-se ter atenção com ornamentações feitas com rochas, madeiras, dentre outros materiais, que podem conter sais e comprometer a alvenaria ao redor, e com o cimento, cuja porcentagem em massa de sal, devido às rochas calcárias, deve habitar entre 0,02% e 0,09% da massa total do aglomerante. As areias, que podem ser divididas em calcárias (friáveis por causa dos grãos arredondados), argilosas e graníticas, tal que somente as duas últimas são próprias para serem empregadas como materiais de construção, dando-se sempre a atenção de não se utilizarem as areias calcária (contém sais solúveis) e originárias de praias, em função do cloreto de sódio tomado da água marítima. As principais formas de se evitar os referidos problemas estão ligadas à ideia de se removerem os sais dos materiais sempre que possível, sendo algumas delas: utilizar no concreto brita lavada, para se prevenir da reação álcali-agregado; aplicar-se areia lavada, retirando-se assim os sais e adubos provenientes de plantações próximas a muitos dos rios onde são coletadas as areias; empregar-se madeira e tijolos pouco porosos; não deixar que os materiais permaneçam em contato direto com o solo, que pode conter sais solúveis.
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