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Univates – Medicina - ATM 2023A Talita B. Valente Infectologia 1 INFECÇÕES NO TRATO URINÁRIO – ITUx É a multiplicação de microrganismos em qualquer segmento do trato urinário. Doença de grande incidência -> afeta 150 milhões de pessoas no mundo/ano. PATOGÊNESE: • Mais comum: infecção por via ascendente ® bexiga (cistite) ® rins (pielonefrite) • Infecção hematogênica ® rins • Também há fatores de virulência bacteriana, fatores de susceptibilidade do hospedeiro e presença de alterações anatômicas e/ou funcionais que influenciam a patogênese. Incidência: mais alta em mulheres pré- menopausa (sexualmente ativas) e em crianças. • <1 ano – mais frequente no sexo masculino. • >1 ano – mais frequente no sexo feminino. • Frequência é mais baixa em homens pois a uretra é mais longa, além da atividade bactericida do fluido prostático. INFECÇÃO URINÁRIA SINTOMÁTICA Definição clínica: • ITU complicada (com gravidade potencial) o Associada a condições que elevam o risco de falha terapêutica. o Mais comum em pessoas com diabetes, obstrução urinária, com alterações anatômicas do trato urinário, patógeno multirresistente, corpo estranho, gestantes, imunossupressão, cateteres urinários. • ITU não complicada (sem gravidade potencial) o Mais comum em pessoas do sexo feminino, não grávida, sem alterações anatômicas e funcionais do trato urinário, sem cateteres urinários, ausência de alterações de imunidade, infecção adquirida na comunidade (não hospitalar) Definição anatômica: • Pielonefrite (rins) • Cistite (bexiga) • Uretrite (uretra) BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA • Paciente que tem uma infecção que pode ser percebida a partir de exames deurina, mas que não apresenta sintomas. • Casos de bacteriúria assintomática: o Mulheres assintomáticas: 2 URC > 10ˆ5 UFC/mL o Homem, gestante ou pessoa que vai fazer procedimento urológico: 1 URC > 10ˆ5 UFC/mL Univates – Medicina - ATM 2023A Talita B. Valente Infectologia 2 o Pacientes sondados >10ˆ2 UFC/mL o Cultura positiva com qualquer número de uropatógenos em urina colhida por punção vesical suprapúbica. • Maior incidência em grávidas, idosos, diabéticos, transplantados, paciente com cateteres urinários, crianças com refluxo vesico-uretral, pacientes com cálculos de estruvita infectados. Tratamento: • Piúria acompanhada de bacteriúria assintomática não é indicação de tratamento antimicrobiano. • Grupos que devem ser tratados: o Pacientes que serão sumetidos a procedimento urológicos com potencial lesão de mucosa. o Gestantes – ampicilina, amoxicilina e cefalosporinas são seguros. EXAMES DIAGNÓTICOS Sedimento urinário – EAS (urina tipo I) • Leucocitúria – nem sempre indica infecção urinária, pode haver piúria estéril. o Causas: corpo estranho, cálculo urinário, tumor nas vias urinárias, balanopostite, vulvobaginite, dermatite amoniacal. • Bacteriúria – nem sempre indica infecção urinária pois a urina pode ter sido colhida inadequadamente e pode ocorrer multiplicação bacteriana na urina após a coleta. • O diagnóstico clínico é o mais importante. • Nitrito muitas vezes positivo, devido a bactérias produtoras de uréase. • Hematúria pode estar presente ocasionalmente. Urocultura • Tradicionalmente: >= 100k UFC/mL • Coleta por cateterização uretral: >= 100 UFC/mL • Mulheres com disúria e polaciúria: frequente crescimento < 100k UFC/mL CISTITE AGUDA; Diagnóstico clínico: • Sintomas clássicos: disúria, polaciúria, tenesmo vesical, urgência, dor supra-púbica, hematúria. • Diagnóstico diferencial: uretrite, no homem prostatite e balanopostite, na mulher infecção ginecológica. • O diagnóstico é clínico, a urocultura deve ser solicitada quando há incerteza diagnóstica, falha terapêutica e recorrência precoce após terapia (<30 d.). Tratamento: • Não complicada- evitar quinolonas pois favorecem a geração de resistência. o Trimetoprim + sulfametoxazol (Bactrim) – disponível na unidade de saúde. • Complicada – quinolonas são primeira opção. o Ciprofloxacino e Levofloxacino. INFECÇÃO URINÁRIA ALTA (PIELONEFRITE) Diagnóstico clínico: • Sintomas: febre >38ºC, calafrios, dor nos flancos, sensibilidade no ângulo costo-vertebral, N e V, sintomas de cistite podem estar presentes ou não. Raramente há sepse, insuficiência renal e choque. Univates – Medicina - ATM 2023A Talita B. Valente Infectologia 3 • Diagnósticos diferenciais: doença inflamatória pélvica, nefrolitíase (na ausência de febre), infarto renal, trombose de veia renal, dor abdominal (colecistite, pancreatite, apendicite). Tratamento: • Ambulatorial: Com quinolonas • Ciprofloxacin 500mg VO 12/12h. • Levofloxacina 750mg VO 1x dia. • 7-14 d. • Internação em casos de pielonefrite complicada, intolerância a medicação oral, sinais significativos de doença (dor, febre alta e queda do estado geral), instabilidade hemodinâmica e incapacidade de realizar o tratamento ambulatorial. RECORRÊNCIA DA INFECÇÃO URINÁRIA Recaída – sintomas reaparecem em um período menor do que 2 semanas após o término do tratamento. Reinfecção – sintomas reaparecem em período maior do que 2 semanas após o término do tratamento. • Recomenda-se fazer estudo do trato urinário (tomografia). • Considerar encaminhamento para especialista. INFECÇÃO URINÁRIA DE REPETIÇÃO • 2 ou mais ITU em 6 meses ou mais de 3 ITU em 1 ano. Estratégias de profilaxia: • Mudança comportamental e orientação sobre atividade sexual. • Aumento da ingesta hídrica. • Micção pós-coital. • Alteração de método contraceptivo. • Estrogênios tópicos na vagina (pós-menopausa). • Quimioprofilaxia. • Considerar encaminhamento para especialista. ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA INIBIDORES DA SUBUNIDADE 50S DO RIBOSSOMO Macrolídicos, Anfenicóis, Lincosaminas, Estreptograminas, Oxazolidinonas INIBIÇÃO DA SUBUNIDADE 30S DO RIBOSSOMO Aminoglicosídeos/Aminociclitóis, Tetraciclinas, Glicilciclinas, Outros: Ácido fusídico, Mupirocina AMINOGLICOSÍDEOS / AMINOCICLITÓIS ANTIBIÓTICOS DO GRUPO: • São semelhantes entre si na atividade antimicrobiana, nas características farmacocinéticas e na toxicidade. Estreptomicina Espectinomicina Neomicina Gentamicina Tobramicina Amicacina Netilmicina Univates – Medicina - ATM 2023A Talita B. Valente Infectologia 4 • São antibióticos bactericidas que dependem de transporte ativo para passagem através da membrana celular bacteriana. • Ligam-se irreversivelmente a uma ou mais proteínas receptoras da subunidade 30S dos ribossomos interferindo com o complexo de iniciação entre o RNAm e a subunidade 30S ® leitura errada do DNA e produção de proteínas aberrantes ® incorporação destas proteínas à membrana celular leva a alteração de permeabilidade e aumento do transporte de aminoglicosídeos = morte da célula bacteriana. RESISTÊNCIA BACTERIANA: • Impermeabilidade de membrana. • Inativação do fármaco por enzimas bacterianas: fosforilases, adenilases e/ou acetilases causam a diminuição da afinidade do fármaco pelo ribossomo bacteriano. • Amicacina é menos suscetível às enzimas bacterianas. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS • São antibióticos de amplo espectro, apresentando ação contra P. aeruginosa. • O uso sistêmico desses fármacos é restrito ao tratamento de infecções graves causadas por bactérias gram negativas devido a toxicidade dos mesmos. • Amplamente utilizados no tratamento de infecções dermatológicas e oftálmicas, em formas tópicas. REAÇÕES ADVERSAS • Ototoxicidade. (irreversível) • Nefrotoxicidade. • Bloqueio neuromuscular. • Reações de hipersensibilidade, INTERAÇÕESMEDICAMENTOSAS • Diuréticos de alça, Cefalosporinas, Cisplatina, Ciclosporina, Vancomicina, Anfotericina B ® Aumentam a nefrotoxicidade de aminociclitóis. • Anti-histaminicos, Fenotiazínicos, Tioxantênicos ® Podem mascarar os sintomas de ototoxicidade. • Podem potencializar o efeito de anticoagulantes cumarínicos. • Podem dimunir a eficácia dos anticoncepcionais contendo estrogênios. FARMACOCINÉTICA • Baixa absorção VO. • Via IM: rápida e completamente absorvidos. • Via tópica: absorção ocorre se pele estiver lesada. • Boa distribuição nos fluídos corporais, com exceção do SNC, ossos e tecidos conectivos. • Ligam-se fracamente a proteínas plasmáticas. • Atravessam a barreira placentária. • Excretados de forma inalterada na urina. • Altas concentrações nos rins ® atentar para pacientes com insuficiência renal. Univates – Medicina - ATM 2023A Talita B. Valente Infectologia 5 *Nebacetin (neomicina+bacitracina) - Neomicina é considerado o aminociclitol mais tóxico, sendo que estes antibióticos se caracterizam por causarem nefro e otoxicidade. Propriedades Farmacocinéticas: - As substâncias ativas neomicina e bacitracina zíncica são pouco absorvidas após aplicação tópica sobre a pele íntegra ou lesada e sobre as membranas mucosas. Consequentemente, obtêm-se altas concentrações dos princípios ativos no local de aplicação Contraindicações: - Hipersensibilidade à neomicina ou a outros antibióticos aminoglicosiídeos; - Insuficiência renal grave; - Lesões preexistentes no aparelho auditivo; - Lesões no sistema labiríntico; - Gravidez (risco C); - Amamentação; - Bebês prematuros e em recém-nascidos: função renal pouco desenvolvida e potencial ototoxicidade e nefrotoxicidade.
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