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Mikaelle Teixeira Mendes – Med 33 Vulvovaginites Ginecologia e Obstetrícia Denominam-se vulvovaginites os processos infecciosos que acometem a vulva e a vagina, incluindo a ectocérvice. Vulvovaginite é toda manifestação inflamatória e/ou infecciosa do trato genital inferior que se manifesta por meio de corrimento vaginal associado ou não a prurido, dor ou ardor ao urinar ou à relação sexual e sensação de desconforto pélvico. Alguns casos, porém, são assintomáticos. Quando a infecção se localiza no canal endocervical temos a cervicite, geralmente cursando com saída de secreção pelo orifício externo do colo. É importante compreender que vaginose bacteriana, candidíase vaginal, vaginose citolítica, vaginite atrófica e vulvovaginites inespecíficas não são consideradas ISTs. A tricomoníase é a exceção. Gardnerella: Chamada de “vaginose bacteriana”, causada pela Gardnerella vaginalis. Bactéria anaeróbia � condições para proliferação: o �pH (>4,5) � a vagina se expõe a alguns agentes que podem alcalinizar o meio (fatores de risco: sêmen/ejaculação intravaginal, saliva de sexo oral, ducha vaginal) o �lactobacilos o �proliferação de Gardnerella vaginalis (corresponde a 1% da microbiota vaginal habitual o Outras vaginoses bacterianas anaeróbias: Mobiluncus e Prevotella; Ä Clínica: o Leucorreia fluida, acinzentada e fétida (“peixe podre”) mais comum após coito; o Teste de Whiff (pega uma amostra do corrimento, coloca na lâmina e pinga hidróxido de potássio) o Não costuma ter inflamação da mucosa vaginal; o Clue cells: “célula alvo ou indicadora” � células características da vaginose bacteriana (sem citoplasma definido e como se houvessem jogado “sal fino” na lâmina) e há ausência de leucócitos Diagnóstico: Critérios de Amsel (3 de 4) Leucorreia branco-acinzentada Teste das aminas + (Whiff) pH (>4,5) Células-alvo Ä Tratamento: o 1ª opção: Metronidazol (500mg VO 12/12h por 7 dias); o creme não tem uma boa eficácia, mas pode-se usar gel em substituição ao oral; o 2ª opção: Clindamicina (300mg VO 12/12h por 7 dias) o Outras opções: secnidazol e tinidazol o Gestantes: não usar metronidazol no 1º trimestre, usar clindamicina; se for 2º ou 3º trimestre usar metronidazol (250mg VO 8/8h por 7 dias); o NÃO precisa tratar parceiro; o Não tratar pacientes assintomáticas, exceto gestantes (pode causar parto pré-termo) e pacientes pré-procedimento (DIU, esteroscopia etc); o Orientar para que não usem álcool durante o tratamento com metronidazol; Candidíase: É o segundo tipo de vulvovaginite mais frequente. É causada pelo fungo Candida albicans (80-90%), que costuma estar em equilíbrio na microbiota vaginal (é um fungo oportunista). É a 2ª causa mais comum de corrimento. Fatores de risco DM, AIDS, gestação e obesidade Uso de AC combinado Uso de corticosteroide Desequilíbrio da microbiota (ATB) Ä Clínica: o Leucorreia grumosa (mais pastoso, “cottage”); inodora o Hiperemia (causa inflamação) e edema da pele dos lábios; o Prurido vulvar; o Disúria externa ou terminal (ao final da micção) o pH não é alterado e na histologia é possível ver as “hifas” Ä Tratamento: o Miconazol (uso tópico com miconazol a 2% � usar com aplicador por 7 noites); o Nistatina (100.000UI uso tópico com aplicador por 14 noites); o Fluconazol (150mg VO dose única); o MS não recomenda como 1ª opção; o Outras opções: cetoconazol, clotrimazol, anfotericina ou isoconazol); o NÃO precisa tratar parceiro; o NÃO tratar pacientes assintomáticas; o Gestantes: segue o mesmo tratamento para sintomáticas (uso tópico); º Candidíase de repetição: 4 ou mais episódios por ano � tratamento supressivo com fluconazol (150mg D1 D4 e D7 + 1comprimido por semana durante 6 meses); º Candidíase atípica: causada por candida glabrata ou candida tropicalis � tratar com ácido bórico (introduzir 1 óvulo por 7 noites) Tricomoníase: É causada por um protozoário flagelado anaeróbio, por transmissão sexual. A chance de transmissão, em uma única relação sexual de homem�mulher é 80% e mulher�homem é 70%. Incubação de 4 a 20 dias. É a única que pode acabar manifestando sintomas das outras duas. Tricomonas vaginalis não faz parte da microbiota habitual da vagina, assim como clamídia e gonococos, todas são ISTs. Ä Clínica: o Leucorreia verde, bolhosa e abundante; o Colpite tigroide: colo em morango; o pH >4,5 o Protozoários móveis nas lâminas; Ä Tratamento: o Metronidazol (500mg VO 12/12h por 7 dias ou 2g VO dose única); o Sempre tratar parceiros; o Sempre tratar pacientes assintomáticas o Orientar sobre álcool; o Gestantes: avaliar o risco/benefício � o risco obstétrico é maior que o risco teratogênico do metronidazol no 1º trimestre Vulvovaginites atípicas: Vaginite inflamatória: o Substituição dos lactobacilos por streptococos grupo B; o Leucorreia purulenta (amarelada) e abundante; o Irritação vaginal e dispareunia o Pode causar sepse neonatal o Tratamento: clindamicina (creme vaginal) Vaginite por corpo estranho � crianças: o Leucorreia amarelada com odor fétido; Mikaelle Teixeira Mendes – Med 33 Vaginose citolítica: o Ocorre quando o pH vaginal está muito mais ácido que o habitual (��pH), geralmente no período pré-menstrual. o Desse modo há �lactobacilos, mas por estar muito alto pode acabar fazendo lise das células ↪ Leucorreia esbranquiçada ↪ Prurido/ardência; o Diagnóstico diferencial da candidíase (observar citólise na lamina “núcleos nus”) o Tratamento: bicarbonato de sódio (30 a 60g em 1L de água, 2 a 3x/semana para alcalinizar) Vaginite atrófica: por deficiência de estrogênio em pacientes pós-parto e menopausa o �lactobacilos; o �pH (alcalino) o Corrimento com mucosa vaginal pálida, seca, delgada, com diminuição da rugosidade e elasticidade; o Tratamento: estrogênio tópico 1 a 2x/semana .
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