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RAIO-X DE TÓRAX Indicações: Avaliação inicial de praticamente qualquer doença torácica → Ideal para iniciar a investigação A partir do resultado pode-se definir a conduta ou determinar qual outro exame pedir Acompanhamento → Mesmo que não seja o exame diagnóstico, pode ser usado para acompanhamento, já que TC costuma ser mais cara e usar mais radiação Vantagens: Alta disponibilidade → Acessível mesmo em centros hospitalares de pequeno e médio porte Fácil execução Não requer sedação e preparo Pode prescindir o radiologista → Muitas vezes é o próprio médico generalista/plantonista vai interpretar a imagem. Em casos especialmente de emergência, o exame pode vir sem laudo Desvantagens: Uso de radiação ionizante Não avalia detalhes finos da estrutura pulmonar → Em especial, doenças nos estágios iniciais, apresentações leves ou lesões intersticiais. Ex: SARS-COV-2 é indicado TC. TÉCNICA DO EXAME Incidências de rotina: PA (póstero-anterior): incidência de escolha, sempre que possível → Pacientes acamados ou entubados recorrem à AP Postura do paciente: sempre que possível, gira os braços para fora → diminui a sobreposição da escápula na imagem. Perfil: incidência complementar. Permite localizar a profundidade da lesão Há sobreposição dos dois pulmões → Por isso não tem tanta utilidade sozinha. Importância de pedir o perfil: algumas lesões podem ficar escondidas na sobreposição de imagens Incidência em PA à esquerda, sem lesão aparente. Incidência em perfil revela lesão com opacidade semelhante à da área cardíaca e está escondido atrás dela. → Por causa da posição do coração. Toda estrutura pode sofrer uma distorção quando é projetada no filme. Quanto mais distante do filme, maior a ampliação e a perda da nitidez do contorno. Nas imagens 1 e 2, observa-se a distância entre o coração e o filme nas posições AP e PA. A imagem 3 demonstra a ampliação e a perda da nitidez da sobra da mão contra a parede, simulando o que acontece na imagem de RX. Mesmo paciente: em AP (estava entubado), à esq., com a sombra cardíaca aumentada, e em PA, posteriormente, à direita. Note o aumento do tamanho da sombra cardíaca na incidência em AP. Isso deve ser levado em conta ao se avaliar essa incidência. Perfil: Seguindo a mesma lógica de escolha do PA, como o coração é mais inclinado para o lado esquerdo, dá-se preferência para o lado esquerdo ficar mais próximo do filme. Imagem em PA (esq.) parece só identificar um aumento do coração. Já na imagem de perfil (dir.), observa-se uma massa, quase do tamanho do coração. Incidências adicionais: Decúbito lateral com raios horizontais (Laurel): Indicação: Avaliar derrame pleural Observada uma opacidade no hemitórax direito (imagem esq.) na incidência em PA. Na imagem em decúbito lateral (dir.) observa- se a movimentação da região opaca, indicando que se trata de um líquido = derrame pleural. Obliquas: Indicação: Traumas → Suspeita de fratura de arco costal Essa técnica de certa forma “estica”, “retifica” os arcos costais facilitando a visualização de possíveis fraturas A maior parte das fraturas ocorre na transição entre a região posterior e lateral dos arcos costais → A imagem oblíqua aproxima essa região do filme facilitando a identificação. Ápico-lordótica (Fleischner): Imagem do ápice pulmonar com menor sobreposição da clavícula Técnica: Paciente em AP, inclinado para trás. Indicação: Suspeita de TB → afeta mais ápice de pulmão. Imagens do mesmo paciente em PA (esq.), lesão escondida atras da clavícula, e Fleishner (dir.), lesão mais exposta abaixo da clavícula. PARÂMETROS DE QUALIDADE: → Enquadramento → Posicionamento/Rotação → Penetração → Grau de Inspiração Enquadramento: “Pegar tudo que tem que pegar” Mostrar desde os ápices pulmonares até os seios costofrênicos Bom enquadramento (esq.), perda dos seios costofrênicos (dir.). Um mal enquadramento pode ocorrer por erro do técnico, um paciente obeso, ou ainda longelíneo. Solução: refazer o exame. Quando o paciente é longelíneo, pode ser necessário o uso de dois filmes. Posicionamento/Rotação: Observar os processos espinhosos das vertebras e compara se eles estão equidistantes das clavículas Na esq. temos uma imagem com o posicionamento correto, com equidistancia entre as clavículas. Na dir. observa-se leve rotação aproximando o processo transverso da clavícula direita. Importância: paciente rodado fica oblíquo e pode aumentar a área cardíaca, ou o coração roda e sobrepõe uma área com lesão. Penetração: Quantidade de raio X utilizado. Muito penetrada (muito raio-X): atravessa estruturas demais → Pode simular um enfisema, pneumotórax Pouco penetrada (pouco raio-X: Fica tudo opacificado e esconde lesão. → Pode simular uma pneumonia Técnica ideal: É possível ver a coluna, mesmo através do coração, mas sem muito detalhe da vertebra. Imagem 1, boa penetração, coluna visível, mas sem muito detalhamento. Imagem 2, baixa penetração, não é sequer possível ver a coluna. Na imagem 3, alta penetração, é possível ver os processos transversos da coluna, mas nada dos pulmões. Grau de Inspiração: Técnica: Se o paciente atende a comandos, a imagem deve ser feita durante a apneia inspiratória. Conta-se os arcos costais visíveis acima da cúpula frênica → Anteriores: 6 a 8 arcos costais → Posteriores: 9 a 11 arcos costais Contagem dos arcos costais posteriores (amarelo); Contagem dos arcos costais anteriores (vermelho) Obs: O I e o II arcos costais saem juntos e podem causar confusão principalmente se a pessoa estiver fazendo a contagem dos arcos posteriores. É mais indicado fazer a contagem dos arcos posteriores pois são mais visíveis que os anteriores. Outra importância da contagem de arcos: Quando há uma lesão pulmonar que não há como identificar exatamente o lobo, utiliza-se a altura da lesão com relação aos arcos costais. Mesmo paciente: apnéia inspiratória (esq.); apneia expiratória (dir.). Observe a diferença na sombra cardíaca. O QUE AVALIAR? → Partes moles → Estrutura óssea → Pulmões → Pleura → Mediastino → Cateteres, tubos... REVISÃO ANATÔMICA: LOBOS PULMONARES: Pulmão Direito: 3 lobos → Superior → Médio → Inferior Observe como, apesar de se chamar lobo médio, como ele chega à margem da cúpula frênica, bem inferior. Por isso, é necessária a imagem de perfil para distingui a localização no lobo médio e inferior Observe como o lobo inferior avança superiormente e pode se sobrepor com o lobo superior. Mais uma vez a imagem de perfil pode se fazer necessária para determinar a localização. Pulmão Esquerdo: 2 lobos → Superior → Inferior Criem uma sequência de avaliação de estruturas para não deixar nenhuma lesão passar. Síndrome do Olho Mágico: “É comum o radiologista bater o olho, encontrar o que estava procurando e deixar passar outra lesão por não passar estrutura por estrutura” A ordem pode ser essa, ou uma de sua preferência. As fissuras nem sempre são visíveis na imagem, então a posição da tridimensionalmente da lesão que vai indicar em qual lobo ela está. Quando se apresenta em regiões limítrofes, e não há certeza sobre a localização da lesão, usa-se a altura do arco costal como referência. TRAQUEIA E BRÔNQUIOS PRINCIPAIS Visualização da traqueia, carina e brônquios. Na imagem 4, um exame de broncografia, que não existe mais (era muito agressivo para o paciente), mas ajuda a visualizar o trajeto traqueia-brônquios. REVISÃO DAS ESTRUTURAS: Seio costofrênico direito, seio cardiofrênico direito, seio costofrênico esquerdo e seio cardiofrênico esquerdo (laranja, da esquerda para a direita na imagem). Área cardíaca (circulado em laranja) Botão aórtico (vermelho) → não é uma estrutura anatômica, é um termo radiológico para a parte visível do arcoaórtico. I arco costal (laranja) Clavícula (lilás) Escápula (azul) Processo espinhoso (verde) Carina Hilo pulmonar E Hilo pulmonar D Cúpula frênica D Contorno cardíaco direito Contorno cardíaco esquerdo Botão aórtico e projeção da aorta descendente (linha diagonal) → importante observar essas estruturas pois um aneurisma de aorta distorceria essa linha. Carina e brônquios fonte. COMO AVALIAR? → Identificar a lesão → Descrever a lesão → Localizar a lesão → Elaborar diagnóstico diferencial SINAL DA SILHUETA Uma estrutura só é visível numa radiografia se estiver justaposta a outra de opacidade diferente. Sinal da Silhueta: Perda da interface esperada entre duas estruturas de densidades diferentes. Ápices pulmonares → lesão pode ser escondida pela clavícula; Indicado pedido de Fleischner Região retrocardíaca → coração é muito opaco, pode esconder uma lesão; Indicado pedido de perfil. Abaixo dos diafragmas → diafragma é bem superior anteriormente, podendo esconder até 400ml de líquido, ou ainda uma lesão mais posterior; Pedido de perfil também é indicado. Dois pacientes com diagnóstico de Pneumonia: na imagem da esq. há perda do contorno cardíaco (sinal da silhueta), na imagem da direita o contorno cardíaco é preservado. Sinal da Silhueta pode ser indicativo da localização da lesão → isso por que a radiografia apresenta profundidade. Na imagem da esquerda a região atingida é o lobo médio, mais próximo/em contato com o coração. Por isso, a perda do contorno. Já a imagem da direita a região afetada é o lobo inferior, mais distante e posterior do coração. Observe como não há perda da silhueta cardíaca, indicando uma pneumonia do lobo inferior esquerdo. A imagem de perfil confirma. PADRÕES DE DOENÇA → Opacidades do espaço aéreo → Opacidades intersticiais → Linfonodomegalias → Nódulos e massas → Atelectasias → Enfisema pulmonar → Derrame pleural → Pneumotórax OPACIDADES DO ESPAÇO AÉREO Opacidades confluentes → mal definidas Distribuição segmentar → lobar Extensão para as superfícies pleurais Broncograma aéreo: brônquios com ar circundados por alvéolos não aerados → pode estar presente ou não O que pode preencher o espaço aéreo? → Pus (pneumonia) → Sangue (hemorragia) → Água (edema) → Células (tumor) → Proteína (proteinose alveolar) → Gordura (pneumonia lipoide) É bom lembrar: Mesmo uma boa imagem, sem uma história clinica bem feita, não é capaz de dar diagnóstico. Opacidade → vai se apresentar branco na imagem Mal definido → Não é possível determinar bordas, aspecto algodonoso. Imagem feita com maior penetração de propósito (estava muito branca na técnica normal). Distribuição segmentar → limitado a um lobo (neste caso, parece ser o superior esquerdo). Broncograma aéreo → riscos, trajetos mais escuros no meio da opacidade, onde os brônquios aerados estão passando. OPACIDADES INTERSTICIAIS Podem se apresentar como: Nódulos: pequenos e bem definidos Linhas: espessamento de septos Aspecto reticular: Combinação de linhas → formação de redes Aspecto nódulo-reticular: Combinação de linhas e nódulos Pode indicar: → Pneumonias virais → Edema → Hemorragia → Lesões inflamatórias não-infecciosas → Sarcoidose → Fibrose Pulmonar → Tumor Espessamento intersticial linear → Edema pulmonar Presença de linhas especialmente na periferia Consolidação no pulmão direito → ajuda a confirmar o diagnóstico de edema Aspecto reticular → Fibrose Predominância na periferia e na base pulmonar Aspecto micro-nodular → TB miliar Espalhado por todo pulmão LINFONODOMEGALIAS Alargamento mediastinal Proeminência hilar → que nem sempre vai ser de causa linfonodal, pode ser por causa vascular. Localizações específicas: Linfonodomegalia paratraqueal (direita) Linfonodomegalia hilar Os hilos podem ficar mais arredondados, mais proeminentes Linfonodomegalia na Janela Aortopulmonar Espaço entre o botão aórtico e a artéria pulmonar = Janela Aortopulmonar Linfonodomegalia infracarinal Visualização mais difícil → depende de um crescimento grande para ser visto por fora da sombra cardíaca. Sinal da Bailarina: Com o crescimento de linfonodos infracarinais, eles podem empurrar os brônquios fontes causando uma abertura do ângulo da carina. Linfonodomegalia paraórtica Abaulamento da linha aórtica. → pode ser um indicativo de aneurisma da aorta também. Imagem normal (esq.) e linfonodomegalia hilar esquerda (dir.) → repare nas bolotas do lado direito Imagem normal (esq.) e linfonodomegalia na janela aortopulmonar (dir.) Linfonodomegalia hilar esquerda. Observe na tomografia o linfonodo aumentado. Linfonodomegalia infracarinal em RX de perfil. Repare o brônquio (mancha preta) acima do linfonodo aumentado. NÓDULOS E MASSAS Nódulo: → Qualquer lesão pulmonar representada por uma opacidade arredondada/ovalada → Bem demarcada → Até 3 cm Massa: → Qualquer lesão pulmonar representada por uma opacidade arredondada/ovalada → Bem demarcada → Maior que 3 cm Qualificadores: → Único ou múltiplo → Tamanho → Contorno/Limites → Calcificação → Localização Nódulo seio cardiofrenico direito (imagem esq.) e nódulo no ápice pulmonar esquerdo (imagem dir.). Atenção: A seta na imagem direita não está errada!!! A bolota que você está vendo é o botão aórtico. Nódulos pulmonares. Observe a calcificação dentro da massa → preditor de benignidade Nódulo pulmonar bem sutil → a técnica errada poderia ter deixado passar ele Benignidade x Malignidade: Tamanho: >3cm: maligno (até que se prove o contrário) → pode ser um abcesso, ou TB cavitada <3 cm: benigno ou maligno Padrão de calcificação: Calcificação total → muito comum no Brasil, típico de doenças infecciosas Calcificação central Calcificação lamelar (lembra uma cebola) Calcificações que lembram uma pipoca → comum em hamartomas pulmonares Calcificação, de uma forma geral, fala a favor de benignidade Exceções: Metástases de tumores formadores de osso → Osteossarcoma Crescimento: Comparação com exames anteriores Estabilidade em dois anos Contorno: → Liso: benigno / metástase → Lobulado: probabilidade intermediária → Irregular: alta associação com malignidade Espiculados: mais alto dos níveis de irregularidade → indicativo de malignidade ATELECTASIAS Colapso pulmonar Pode afetar um segmento do pulmão ou todo ele. Ausência de ar nos alvéolos → ausência de ar = branco Causas: Obstrução intrínseca da via aérea: → Asma → Aspiração → Corpos estranhos → Fibrose cística → Tuberculose endobrônquica → Tumor endobrônquico Compressão extrínseca da via aérea: → Linfonodomegalia → Tumores Diminuição da distensão alveolar: → Anestesia ou sedação → Doença neuromuscular → o paciente perde a força para expandir o pulmão → Dor torácica ou abdominal → Por conta da dor o paciente não tem força para expandir o pulmão. Investigação: → Raio x de tórax → Tomografia de tórax → Broncoscopia Pesquisar: → Opacidade/ hipotransparência (pulmão não aerado) → Sinais de redução de volume → Desvio de estruturas → Desvio do mediastino → Elevação das cúpulas frênicas → Aproximação dos Arcos costais Área branca em cunha no ápice do pulmão direito Atelectasia do pulmão direito. possível tumor que fecha o brônquio direito Atelectasia de lobo médio Atelectasia de todo o pulmão direito. Desvio do mediastino para o lado da atelectasia, desvio da traqueia para um lado da atelectasia Ponta de lapiseira aspirada → pode causar atelectasia ENFISEMA PULMONAR Alargamento dos espaços Aéreos distais aos bronquíolos terminais com dilatação e destruição de suas paredes Presença de mais ar do que normal → mais preto Aspecto radiológico: → Campos pulmonares hiper transparentes→ Aumento do diâmetro ap do tórax → Tórax em Tonel → Aumento do espaço retroesternal → Aumento dos espaços intercostais → Rebaixamento/retificação do diafragma → Coração alongado e verticalizado (em gota) Pulmão hiper transparente → Observe que não se trata de erro na técnica de penetração. Basta observar a coluna e a ausência de muitos detalhes. Observe também: Espaços intercostais alargados, espaço retroesternal aumentado, aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax, retificação das cúpulas frênicas. Observe aqui o coração em gota, aumento do espaço retroesternal, aumento do diâmetro ântero-posterior e a retificação das cúpulas frênicas. Imagem 1: TC de pulmão normal. Imagens 2 e 3: TC de enfisema. Observe a perda da estrutura pulmonar → criação de bolsões de ar DERRAME PLEURAL Derrame pleural Presença de líquido → líquido = radiopaco Empurra estruturas para o lado oposto Raio-x normal, observe os seios costofrênicos → formato em “V” Derrame pleural no hemitórax esquerdo → obliteração do seio costofrênico É derrame pleural? Pneumonia? → Neste caso pede-se uma incidência em decúbito lateral para confirmar o derrame. Confirmação do derrame pleural por Laurel (dir.) Observação: Nem sempre o derrame vai correr para lateral. se houver aderência entre as pleuras parietal e visceral o líquido pode ficar contido naquela região. Formação da parábola (de Damoizeu) no nível do liquido → isso por que o líquido preenche um espaço análogo a uma bexiga com outra bexiga cheia dentro, então não forma um nível d’água retinho. Derrame lobular → causado por infecção. A infecção causa aderência das pleuras e por isso o líquido fica enclausurado ou pouco móvel. Cuidado! A cúpula frênica pode esconder até 400ml de líquido em PA PNEUMOTÓRAX Presença de ar na cavidade pleural Causas: → Espontâneo → Traumático → Iatrogênico Pneumotórax direito → toda região preta preenchida por ar, pulmão colabado (massa branca) Pneumotórax esquerdo https://flowto.it/Nlr3WACD?fc=0
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