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Psicoterapia Fenomenológico Existencial

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Prévia do material em texto

Por Bruno Carrasco,
professor de filosofia e psicologia.
www.ex-isto.com | 2020
http://www.ex-isto.com
Esta aula tem como intuito 
apresentar os embasamentos 
filosóficos e metodológicos da 
psicoterapia fenomenológico 
existencial: a filosofia 
existencialista e o método 
fenomenológico, destacando sua 
particularidade na maneira de 
encarar a existência humana e no 
modo de proceder ao processo 
psicoterapêutico.
Existencialismo é uma filosofia 
contemporânea que entende a 
existência humana em sua 
manifestação concreta, singular e 
afetiva, livre para fazer escolhas e 
responsável por elas, sempre aberto a 
novas escolhas e possibilidades.
O existencialismo busca entender a 
condição humana enquanto algo não 
definido, em constante transformação, 
que se constitui de maneira singular, 
em seu existir concreto, no mundo e 
em relação com os outros.
A fenomenologia é uma atitude para 
acessar as singularidades, do modo 
como se apresentam, que pretende se 
aproximar da existência em seus 
distintos modos de ser e se expressar.
A fenomenologia propõe uma abertura 
para o entendimento da existência em 
seus modos próprios de se manifestar, 
buscando compreender os traços mais 
singulares de cada indivíduo, evitando 
pressuposições, interpretações ou 
teorizações.
As psicoterapias fenomenológico 
existenciais dispõem uma maneira 
específica de olhar para a existência 
humana, entendendo esta como um 
processo e não enquanto algo fixo, 
sempre aberta às transformações, 
constantemente afetada pela relação 
que estabelece com as outras 
pessoas, lugares e objetos, aberta a 
novos entendimentos de mundo e 
sobre si mesma.
Existencialismo
Existencialismo O termo “existencialismo” é resultado 
da soma da palavra ‘existência’ com o 
sufixo ‘ismo’.
Segundo Penha (2014), a palavra 
‘existência’ é uma derivação do verbo 
existir, que se origina do latim existere, 
cujo significado corresponde a “sair de 
uma casa, um domínio, um 
esconderijo. Mas precisamente: 
existência, na origem, é sinônimo de 
mostrar-se, exibir-se, movimento para 
fora.”
Existencialismo O existencialismo enquanto vertente 
filosófica possui influências de Sören 
Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, 
Martin Heidegger, e outros que 
contrariam os cânones da tradição da 
filosofia ocidental.
Foi por meio de Jean-Paul Sartre que o 
existencialismo tomou corpo enquanto 
filosofia, ele assumiu a designação e 
passou a destacar como uma filosofia 
de engajamento e da ação, 
evidenciando a liberdade, a angústia e 
a responsabilidade.
“A existência 
precede a essência”
(Jean-Paul Sartre)
No livro ‘O existencialismo é um 
humanismo’, Sartre comenta que “a 
existência precede a essência” (2014), 
argumentando que este é o primeiro 
princípio do existencialismo, 
complementando que “o homem nada 
é além do que ele se faz” (2014). Não 
há nenhuma definição prévia sobre o 
ser humano, com relação aos seus 
modos de ser, de se relacionar e de se 
colocar no mundo. Cada pessoa se 
constrói na prática da vida concreta, 
na relação com outras pessoas e por 
meio das escolhas que faz.
Que significa, aqui, que a existência 
precede a essência? Significa que o 
homem existe primeiro, se 
encontra, surge no mundo, e se 
define em seguida. Se o homem, na 
concepção do existencialismo, não 
é definível, é porque ele não é, 
inicialmente, nada. Ele apenas será 
alguma coisa posteriormente, e 
será aquilo que ele se tornar. Assim, 
não há natureza humana, pois não 
há um Deus para concebê-la.
(SARTRE, 2014, p.19)
Existência X
essência
O conceito de “essência”, segundo a 
tradição filosófica, referia-se a algo 
previamente determinado, que 
caracteriza algo ou de um ser, antes 
mesmo de sua existência concreta, 
onde a existência seria resultante 
desta essência.
A filosofia existencialista se contrapõe 
ao entendimento essencialista de ser 
humano, entendendo a existência 
como um processo indefinido, 
indeterminado e inacabado, num 
constante devir.
Essência X
existência
Foulquié (1975) descreve o 
existencialismo partindo de sua 
diferença para com o essencialismo.
Segundo ele, até o século XIX, a 
filosofia não questionava a primazia da 
essência sobre a existência, seja no 
mundo das ideias de Platão, nas 
categorias em Aristóteles, nas 
essências na escolástica, e até mesmo 
as ideias inatas em Descartes. Todas 
foram tendências que priorizavam à 
essência em detrimento da existência.
Como indica a própria palavra, o 
existencialismo caracteriza-se 
sobretudo pela tendência de colocar 
o acento na existência. O 
existencialista desinteressa-se das 
essências, dos possíveis, das noções 
abstratas: situa-se nas antípodas 
do espírito matemático; seu 
interesse dirige-se ao que existe, 
ou melhor, à existência daquilo que 
existe.
(FOULQUIÉ, 1975, 37p.)
Existência e 
liberdade
A existência é um privilégio do ser 
humano, que não é tido como algo 
pronto ou previamente determinado, 
como acreditavam os filósofos 
essencialistas, mas um constante 
tornar-se.
Por conta disso, a existência humana 
implica na liberdade, pois para existir 
precisamos, necessariamente, fazer 
escolhas. É por meio das relações que 
estabelecemos com os outros e com 
nossas escolhas que constituímos 
nossos modos de existir.
“Condenado a ser 
livre”
(Jean-Paul Sartre)
Todos somos livres para fazer 
escolhas e direcionar a nossa 
existência, de acordo com nossas 
condições e possibilidades. Porém, 
não temos nenhuma garantia sobre o 
caminho que escolhemos seguir, de 
modo que toda escolha é um risco, e 
isso nos gera a sensação constante de 
angústia. Por não termos uma 
essência que nos defina e que nos 
constitui, somos nós os responsáveis 
pelas escolhas que fazemos, e isso 
nos coloca responsáveis por nossa 
existência.
Mas se realmente a existência 
precede a essência o homem é 
responsável pelo que é. Assim, a 
primeira decorrência do 
existencialismo é colocar todo 
homem em posse daquilo que ele é, 
e fazer repousar sobre ele a 
responsabilidade total por sua 
existência.
(SARTRE, 2014, 20p,)
“Condenado a ser 
livre”
(Jean-Paul Sartre)
Toda pessoa pode, em certo sentido, e 
de acordo com suas possibilidades e 
com condições externas, escolher o 
que faz de si mesma, a todo momento 
de sua existência.
O que não é possível, segundo Sartre, 
é não escolher. É neste sentido onde 
ele diz que “o homem está condenado 
a ser livre” (Sartre, 2014), ou seja, a 
liberdade não é uma opção, mas uma 
condição. Enquanto condição implica 
em estarmos sempre escolhendo o 
que vamos fazer de nossa existência.
Sentido da vida Como não há uma essência que 
determine nossa existência, não há 
também um sentido prévio para a vida. 
Essa constatação é angustiante e 
também libertadora.
Nossas escolhas são acompanhadas 
pelo temor e a falta de tranquilidade, 
segundo Kierkegaard, pois apesar de 
todas as nossas avaliações racionais, 
nunca teremos certeza de que uma de 
nossas escolhas será como 
desejamos ou esperamos, ou que será 
melhor que a outra.
Sem a orientação de regras 
universais de moralidade, da 
natureza humana ou de um Deus 
cognoscível, que emitiu certos 
mandamentos indiscutíveis (e 
várias teologias podem acordar 
com isso), devemos dotar o mundo 
de significado e somente nós 
podemos fazer isso. Devemos 
realizar este ato de fé: criar o 
significado em que buscamos viver. 
(REYNOLDS, 2014, 17p.)
Temas existenciais Segundo Reynolds (2014), entre os 
temas fundamentais tratados pelos 
existencialistas, estão: a liberdade, a 
morte, a finitude, a experiência 
fenomenológica, a angústia, a náusea, 
o tédio, a autenticidade e a 
responsabilidade.
Fenomenologia
Fenomenologia O termo ‘fenomenologia’ foi utilizado 
por diversos autores, com intenções 
distintas. Etimologicamente significa o 
estudo ou a ciência dos fenômenos, 
sendo eles as experiências subjetivas.
Seu estudo se iniciou entre o final do 
século XIX e início do século XX, com o 
matemático Edmund Husserl, tendo 
sido continuadopor filósofos como 
Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, 
Maurice Merleau-Ponty, entre outros.
Nova perspectiva de 
se fazer ciência
A fenomenologia se apresenta como 
um método que parte de uma série de 
questionamentos e críticas sobre a 
ciência positivista e sobre a filosofia 
idealista, criticando o uso do método 
das ciências naturais nas ciências 
humanas.
A fenomenologia é portanto um 
contraponto, uma nova perspectiva de 
se fazer ciência que surge entre o final 
do século XIX e início do século XX.
Entre o discurso especulativo da 
Metafísica e o raciocínio das 
ciências positivas deve, pois, existir 
uma terceira via, aquela que antes 
de todo raciocínio, nos colocaria no 
mesmo plano da realidade ou, como 
diz Husserl, das “coisas mesmas”.
(DARTIGUES, 2008, 18p.)
Ciência da 
subjetividade
A fenomenologia é uma ciência da 
subjetividade, que busca olhar para o 
fenômeno do modo como este se 
mostra por si mesmo, libertado de 
seus encobrimentos, de teorizações e 
interpretações sobre este.
Trata-se de um método e uma atitude 
que busca descrever os fenômenos, 
do modo como são experimentados 
subjetivamente e singularmente.
A fenomenologia tem por objeto as 
coisas que se manifestam ou se 
mostram, tais como se manifestam 
os fenômenos; neste sentido, as 
coisas constituem aquilo que é 
rigorosamente dado, aquilo que eu 
encontro e que é, para mim, 
originalmente presente. (...) É a 
filosofia do inacabamento, do devir, 
do movimento constante, onde o 
vivido aparece e é sempre ponto de 
partida para se chegar a algo.
(LIMA, 2014, 12-13p.)
Método 
fenomenológico
O método fenomenológico consiste 
num esforço para ir de encontro com 
as experiências subjetivas sem estar 
permeado pelas especulações 
teóricas, mas também sem buscar 
explicações metafísicas.
Deste modo, não parte da 
generalização teórica nem da 
abstração, mas busca reconhecer e 
valorizar as singularidades, olhando 
para a existência humana partindo da 
própria existência concreta e singular.
Trata-se, na verdade, de um 
“retorno”, um caminho de volta, 
em que o “fim” nada mais é do que 
o começo: “de volta às coisas 
mesmas”, para citar a tão famosa 
expressão husserliana. A 
fenomenologia é, portanto, o 
caminho de volta às coisas mesmas, 
ao mundo da experiência vivida ou 
Lebenswelt (mundo-da-vida).
(STRUCHINER, 2007, 242p.)
Exemplo A constatação da fenomenologia pode 
ser exemplificada na relação que 
ocorre quando olhamos para um 
objeto qualquer como uma pintura.
O que vemos não são as moléculas e 
ondas de luz que atingem a nossa 
retina, mas estabelecemos uma 
consciência intencional com este 
objeto, de modo que nos abrimos para 
uma percepção deste, o capturamos 
enquanto belo ou feio, interessante ou 
desinteressante, alegre ou triste.
Intencionalidade Esta percepção é sempre intencional, 
pois resulta da relação entre a nossa 
consciência, do modo como esta se 
direciona para um objeto, e o objeto, do 
modo como este se apresenta a uma 
consciência. Porém, nunca captamos 
um objeto em sua totalidade, sempre 
observamos por um ponto de vista, de 
modo que há sempre muitos ângulos e 
variações que podem alterar a nossa 
percepção das coisas e do mundo.
A consciência é sempre intencional, está 
constantemente voltada para um objeto, 
enquanto este é sempre objeto para uma 
consciência; há entre ambos uma 
correlação essencial, que só se dá na 
intuição originária da vivência. A 
intencionalidade é, essencialmente, o ato 
de atribuir um sentido; ela é que unifica a 
consciência e o objeto, o sujeito e o 
mundo. Com a intencionalidade há o 
reconhecimento de que o mundo não é 
pura exterioridade e o sujeito não é pura 
interioridade, mas a saída de si para um 
mundo que tem uma significação para ele.
(FORGHIERI, 2019, 15p.)
Experiência e 
aparição
A experiência que tenho com algo é 
apenas uma aparição deste algo, e o 
interesse da fenomenologia não é 
exclusivamente sobre a consciência ou 
sobre o objeto, mas está justamente 
na correlação entre ambos, no que 
surge na experiência da relação entre 
consciência e objeto, deixando de lado 
qualquer intenção de formular 
hipóteses ou estabelecer inferências 
sobre o que é percebido, de modo a 
permitir que o que é percebido se 
mostre em seu modo de aparecer.
(...) os filósofos tradicionais costumavam começar 
por teorias ou axiomas abstratos, mas os 
fenomenólogos alemães iam direto à vida como a 
viviam a cada momento. Deixavam de lado quase 
tudo o que vinha alimentando a filosofia desde 
Platão: enigmas sobre a realidade das coisas ou 
sobre a possibilidade de conhecermos com certeza 
alguma coisa sobre elas. Esses fenomenólogos 
alemães, em vez disso, ressaltavam que qualquer 
filósofo que faça tais perguntas já está inserido 
num mundo cheio de coisas — ou, pelo menos, 
cheio de aparências de coisas ou “fenômenos” (da 
palavra grega que significa “coisas que 
aparecem”). Então por que não se concentrar nesse 
encontro com os fenômenos e ignorar o resto? Não 
é necessário abandonar para sempre os velhos 
enigmas, mas eles podem ser postos entre 
parênteses, por assim dizer, para que os filósofos 
possam lidar com assuntos mais terrenos. 
(BAKEWELL, 2017, 10p.)
Epoché Para proceder com o método 
fenomenológico, é preciso praticar a 
redução, ou a ‘epoché’, termo grego 
que significa abstenção ou suspensão 
do juízo, colocando todas as 
suposições, hipóteses ou imaginações 
entre parênteses.
Isso não corresponde a eliminar as 
pressuposições, mas deixá-las de lado, 
para se abrir ao que se apresenta.
Redução 
fenomenológica
Fenômeno é tudo aquilo que se 
apresenta à consciência, seja um 
objeto, uma situação, uma imagem ou 
uma lembrança, seja esta real ou não. 
A redução consiste em focar nossa 
atenção não nos objetos, mas na 
experiência dos objetos.
Trata-se do procedimento de descrever 
os fenômenos, tal como se 
apresentam à consciência, deixando 
de lado abstrações, ideias feitas, 
teorias e hábitos.
O que é, então, uma xícara de café? Posso definir a bebida 
em termos da química e da botânica da planta, acrescentar 
resumidamente como os grãos são cultivados e exportados, 
como são moídos, como a água quente passa pelo pó e então 
esse líquido é vertido num recipiente de determinado 
formato, para ser apresentado a um integrante da espécie 
humana que o ingere oralmente. Posso analisar o efeito da 
cafeína no corpo ou abordar o comércio internacional do 
café. Posso encher uma enciclopédia com esses fatos e 
ainda assim estarei longe de dizer o que é esta xícara de café 
em particular, à minha frente. Por outro lado, se procedo ao 
inverso e invoco um leque de associações puramente 
pessoais e sentimentais. (...) essa xícara de café é um aroma 
rico, ao mesmo tempo agreste e perfumado; é o movimento 
indolente de uma voluta de vapor erguendo-se de sua 
superfície. Quando o levo à boca, é um líquido que se move 
placidamente e um peso dentro da xícara de bordas grossas 
em minha mão. É um calor que se aproxima, então um 
intenso sabor carregado em minha língua, começando com 
um impacto levemente austero e então se distendendo num 
calor reconfortante, que se espalha da xícara para meu 
corpo, trazendo a promessa de um estado duradouro de 
alerta e revigoramento. A promessa, as sensações 
antecipadas, o cheiro, a cor e o sabor fazem, todos eles, 
parte do café como fenômeno. Todos emergem ao serem 
experimentados. (BAKEWELL, 2017, 46p.)
Fenomenologia A fenomenologia possibilita tratar-mos 
de qualquer objeto como experiência 
subjetiva, do modo como é sentida e 
captada por uma consciência, 
voltando-se, portanto, para as 
vivências de cada pessoa.
Deste modo, pretende-se descrever as 
experiências tais como elas ocorrem, 
se ocupando justamente das 
aparências e das experiências e 
aparições das coisas, pessoas, lugares 
e situações.
Análise intencional De acordo com Dartigues (2008), os 
fenômenos ocorrem para nós 
enquanto experiências que se dão a 
nóspor meio dos sentidos, de modo 
que as vivências sempre estão 
dotadas de sentido. E o sentido do 
fenômeno pode ser percebido por meio 
da análise intencional.
O princípio da intencionalidade é que a 
consciência é sempre “consciência de 
alguma coisa”, que ela só é consciência 
estando dirigida a um objeto (sentido 
intentio). Por sua vez, o objeto só pode 
ser definido em sua relação à 
consciência, ele é sempre 
objeto-para-um-sujeito.
(DARTIGUES, 2008, 22p.)
Redução 
fenomenológica
Por meio da redução, podemos 
retornar às “coisas mesmas”, ao 
estágio pré-reflexivo, às nossas 
percepções e afetos experimentados 
antes das elaborações e teorizações 
sobre eles.
É justamente este estágio anterior e 
originário que interessa à 
fenomenologia, para que se possa 
restabelecer os sentidos da pessoa 
atendida, retomando a si mesma em 
meio a confusão de suposições 
racionais e idealistas.
Análise intencional 
e “coisas mesmas”
Essa análise intencional parte das 
“coisas mesmas”, ou seja, do modo 
como as coisas são percebidas, 
enquanto vivências originais para a 
pessoa que experimentou.
Os objetos percebidos nunca são 
“objetos em si”, independente dos 
indivíduos que os captam, mas são 
sempre “objetos para uma 
consciência”, seja este um 
objeto-percebido, objeto-pensado, 
objeto-rememorado, objeto-imaginado, 
ou tantas outras possibilidades.
Consciência, objeto 
e correlação
A consciência e o objeto não são duas 
instâncias separadas, mas estão 
sempre em relação, e essa relação 
estabelece o que entendemos por 
“real”, que não deixa de ser uma 
possibilidade captada por meio da 
correlação entre consciência e objeto.
A análise fenomenológica busca a 
compreensão dessa correlação, que se 
dá de modos distintos em cada sujeito 
e situação.
Método 
fenomenológico
O método fenomenológico consiste 
justamente em retornar a uma 
experiência anterior ao mundo teórico, 
anterior aos conceitos, indo em 
direção ao mundo e a si mesmo, 
enquanto experiência pré-reflexiva e 
originária da vivência da consciência, 
retomando a vivência momentânea, 
que se acostumou a ser descartada 
pelas tendências da objetividade, da 
conceituação e da interpretação.
Psicoterapia Fenomenológico 
Existencial
Psicoterapia 
Fenomenológico 
Existencial
A psicoterapia fenomenológico 
existencial é uma abordagem de 
psicoterapia que utiliza como 
embasamento teórico o 
existencialismo e como método a 
fenomenologia.
Seu objetivo é proporcionar uma maior 
conscientização da pessoa atendida 
sobre seus sentimentos, percepções e 
valores, estimulando sua autonomia 
psicológica.
Foco na existência 
da pessoa
Esta psicoterapia não tem como 
objetivo “curar” as “perturbações 
mentais”, como se propõe o modelo 
médico-científico, mas tem como 
intuito “facilitar o encontro do 
indivíduo com a autenticidade da sua 
existência, de forma assumi-la e 
projectá-la mais livremente no mundo” 
(Teixeira, 2006, 289p.), onde o foco 
principal é a existência da pessoa e 
não suas “perturbações”.
Os sofrimentos emocionais 
apresentados pelas pessoas que 
procuram a psicoterapia são 
entendidos como resultantes de 
“dificuldades do indivíduo em fazer 
escolhas mais autênticas e 
significativas” (Teixeira, 2006).
Por conta disso, a psicoterapia 
enfatiza a aproximação dos afetos da 
pessoa atendida, para que esta possa 
se apossar de sua existência e fazer 
escolhas mais significativas e 
coerentes com seus sentimentos.
Sofrimentos 
emocionais
Autonomia e 
possibilidade de 
escolhas
A psicoterapia existencial promove o 
reconhecimento e a valorização da 
responsabilidade de cada indivíduo na 
construção de sua existência, 
favorecendo sua autonomia e a 
ampliação das possibilidades de 
escolhas. Trata-se de um processo de 
se perceber e se reconhecer, para um 
viver mais autêntico, lidando as 
dificuldades, assumindo seus modos 
de existir e responsabilizando-se por 
suas escolhas e abrindo-se a novas 
possibilidades.
Em síntese, trata-se de facilitar ao 
indivíduo o desenvolvimento de 
maior autenticidade em relação a si 
próprio, uma maior abertura das suas 
perspectivas sobre si próprio e o 
mundo e, ainda, de ajudar a clarificar 
como é que poderá agir no futuro de 
uma forma mais significativa. O 
centro é a responsabilidade da 
liberdade de escolha do indivíduo. A 
palavra-chave é a construção, uma 
vez que se trata de desafiar o 
indivíduo a ser o construtor da sua 
existência.
(TEIXEIRA, 2006, 294p.)
Abertura, liberdade 
e autenticidade
Entre as principais características no 
processo da psicoterapia estão a 
abertura para receber a pessoa tal 
como se mostra, a liberdade para se 
fazer escolhas e a valorização da 
autenticidade e da singularidade de 
cada indivíduo, que corresponde em 
receber a pessoa tal como esta se 
mostra, sem buscar explicações 
racionais, científicas ou metafísicas 
sobre o modo como ela se apresenta, 
mas se aproximando dela mesma, se 
aproximando do modo como esta 
percebe e sente sua existência.
O psicoterapeuta 
fenomenológico 
existencial
Para o psicoterapeuta, é necessário 
uma postura de abertura com relação 
ao outro, de modo a captar como este 
se apresenta, em seus afetos e 
desafetos, suas vivências, seus 
sentidos, enfim, se abrir para a 
totalidade de suas experiências 
subjetivas e a relação que a pessoa 
estabelece com sua história de vida. 
Deste modo é possível estimular a 
consciência de si, compreender seu 
papel nas decisões e escolhas de sua 
vida e promover uma maior autonomia 
e autenticidade.
Estes pressupostos existencialistas 
tornam-se fundamentais na 
construção da postura do psicólogo e 
dos objetivos de um processo 
diagnóstico. Dentro dessa 
abordagem, o psicólogo não tenta 
explicar e enquadrar a pessoa 
examinada em categorizações e 
parâmetros arbitrariamente 
teorizados, pois ele acredita que a 
vivência dessa pessoa é sua própria 
explicação, sendo ela a melhor 
interprete de si mesma.
(TENÓRIO, 2003, 41p.)
Aproximação da 
pessoa atendida
É por meio da aproximação da pessoa 
atendida, do modo como ela se sente 
e se mostra que o psicoterapeuta vai 
incentivar sua liberdade de ser e fazer 
escolhas autênticas, promovendo uma 
abertura a novas possibilidades.
Segundo Tenório (2003), o enfoque 
fenomenológico existencial está 
embasado numa compreensão de ser 
humano enquanto livre e aberto às 
possibilidades, responsável por suas 
escolhas e capaz de se inventar e 
cuidar de sua existência.
A pessoa, no processo diagnóstico, 
deve ser apreendida como sendo um 
fenômeno único e, como tal, 
respeitada em sua totalidade; não 
deve, portanto, ser avaliada segundo 
normas e padrões de comportamento 
preestabelecidos, numa total revelia a 
sua própria existência. Seu nível de 
crescimento ou de maturidade deve 
ser dimensionado por meio dos 
projetos de vida por ela própria 
idealizados e de acordo com seu 
próprio mundo e contexto existencial.
(TENÓRIO, 2003, 41p.)
Caracterização da 
psicoterapia
A filosofia existencialista aliada à 
fenomenologia na psicoterapia 
possibilita um processo muito valioso 
para se reconhecer a singularidade e 
os afetos da pessoa atendida.
Diferente dos modelos tradicionais, 
não busca resolver um “problema” ou 
interpretar os significados “ocultos”, 
mas permitir que a existência se 
manifeste do modo como a pessoa se 
sente e se percebe, demandando do 
psicoterapeuta uma postura de 
abertura e disposição.
Dificuldades 
emocionais e 
relação inautêntica
A psicoterapia fenomenológico 
existencial entende que grande parte 
das dificuldades emocionais se 
desenvolvem por conta de uma 
relação inautêntica consigo mesmo e 
com os outros.
Sua prática possibilita o contato da 
pessoa atendida com sua própria 
existência de modo a proporcionar 
uma vivência mais autêntica, alinhada 
com seus afetos, livre para fazer 
escolhas e ir de encontro com (ou crie) 
o que faça sentido para si.
Postura e preparo 
do psicoterapeuta
Para tanto, o psicoterapeuta necessita 
deum grande preparo teórico e 
experiências práticas.
É necessário um profundo 
embasamento para se dedicar a este 
modo de fazer psicoterapia, pois não é 
nada simples.
Além de conhecer os pressupostos, é 
necessário também uma postura 
pessoal de abertura e disposição 
fundamental para a prática.
Referências 
Bibliográficas
BAKEWELL, Sarah. No café existencialista. 1ª ed. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.
CERBONE, David. Fenomenologia. 3ª ed. 
Petrópolis: Vozes, 2012.
DARTIGUES, André. O que é a fenomenologia? 10ª 
ed. São Paulo: Centauro, 2008.
FORGHIERI, Yolanda. Psicologia Fenomenológica. 
1ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2019.
FOULQUIÉ, Paul. O Existencialismo. 3ª ed. São 
Paulo: DIFEL, 1975.
LIMA, Antônio Balbino, org. Ensaios sobre 
fenomenologia. Ilhéus, BA: Editus, 2014.
PENHA, João da. O que é Existencialismo. 1ª ed. 
São Paulo: Brasiliense, 2014.
Referências 
Bibliográficas
PENNA, Antonio. Introdução à psicologia 
fenomenológica. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001.
REYNOLDS, Jack. Existencialismo. 2ª ed. 
Petrópolis: Vozes, 2014.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um 
Humanismo. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
STRUCHINER, Cinthia. Fenomenologia: de volta ao 
mundo-da-vida. Rev. abordagem gestalt., Goiânia 
, v. 13, n. 2, 241-246, dez. 2007.
TEIXEIRA, José. Introdução à psicoterapia 
existencial. Aná Psicológica Lisboa, v. 24, n. 3, 
289-309, jul. 2006.
TENÓRIO, Carlene. A psicopatologia e o 
diagnóstico numa abordagem 
fenomenológica-existencial. UniCEUB. Universitas 
Ciências da Saúde, Brasília, v. 1, n. 1, p. 31-44. 
2003.
Por Bruno Carrasco Professor de psicologia e filosofia, 
graduado em Psicologia, licenciado em 
Filosofia e Pedagogia, pós-graduado 
em Ensino de Filosofia, especializado 
em Psicoterapia Fenomenológico 
Existencial, pós-graduando em 
Psicologia Existencial Humanista e 
Fenomenológica.
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ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao 
estudo e pesquisa sobre a existência, a 
subjetividade e seus possíveis 
desdobramentos, a partir da filosofia 
antiga e contemporânea, da psicologia, 
da história e das artes, iniciado no final 
de 2016.
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