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1 DECCA. Maria Auxiliadora Guzzo de. Condições de Vida da Classe Operária em São Paulo. In. A Vida Fora das Fábricas: cotidiano operário em São Paulo (1920- 1934). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 15-47. O autor Maria Auxiliadora Dias Guzzo é bacharel e licenciada em História pela USP e mestre em História pela UNICAMP. Professora aposentada da PUC/SP, atualmente é professora colaboradora nessa mesma instituição de ensino. A obra O livro A Vida Fora das Fábricas: cotidiano operário em São Paulo (1920- 1934) é fruto da dissertação de mestrado da autora, desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas e apresentada no ano de 1983. O texto No Capítulo I “Condições de vida da classe operária em SP”, o intuito é apresentar um quadro geral das condições de vida do operariado paulistano nos fins da década de 20 e inícios da década de 30. Na época, existiam na cidade 203.736 operários e 3.629 fábricas e estabelecimentos industriais, de acordo com o Recenseamento Operário, realizado pela Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS). Ainda em 1940, São Paulo era considerada uma cidade “estrangeira”, por serem, em sua maioria, imigrantes e filhos de imigrantes os operários da cidade. A autora também apresenta um pouco do processo de urbanização da cidade, onde já no final do século XIX há uma divisão entre bairros ricos na sua parte alta e bairros operários na várzea, configurando uma “geografia de classes”. “Os bairros operários mais antigos foram Brás e Móoca, Belém, Belenzinho e Pari na “zona” leste da cidade; Barra Funda, Bom Retiro e Bela Vista, na área mais central; 2 trechos da Lapa, Água Branca, na “zona” oeste; além de Cambuci e Ipiranga (sudeste), todos eles se configurando como bairros industriais e populosos. ” (DECCA, 1987, p.18) A São Paulo de 1935 era comparada a Chicago, com palacetes sendo construídos, ao mesmo tempo em que os bairros operários e pobres seguiam com suas características iniciais detestáveis. Decca cita também a luta da classe operária no período de 1927 a 1934, para que sem cumprisse a legislação trabalhista mínima já estabelecida. Além de destacar que, já naquela época, as mulheres trabalhavam mais para ganhar o mesmo que os homens nas indústrias têxteis, onde eram contingente essencial. O poder de compra do salário do operariado era extremamente pobre. Os trabalhadores moravam mal, alimentavam-se pouco e vestiam-se de maneira precária. Os que tinham emprego eram pobres e os desempregados eram miseráveis. Apenas no fim da década de 30 e início da década de 40, passa a haver uma diferenciação entre o operariado industrial e o operariado urbano, sendo esse último, melhor situado socialmente. Pesquisas da época tratam da proporção entre os salários dos trabalhadores e os gastos com habitação e alimentação e atrelam a essa relação às más condições de moradia e de alimentação das famílias operárias, que gastavam 50% da renda com alimentação e obtinham apenas o mínimo necessário à sobrevivência. O conteúdo do cesto de compras da família operária também era qualitativamente precário, já que alimentos como leite e carnes tinham preços muito elevados. “Com salários insuficientes para habitação saudável e boa alimentação, o operariado estava obviamente mais sujeito às doenças de “fundo eminentemente social” como a tuberculose, por exemplo. ” (DECCA, 1987, p. 39) Epidemias eram mais raras a essa época, mas os bairros mais pobres ainda sofriam com a falta de saneamento e, em um aspecto geral, o estado sanitário da cidade era preocupante. Com todo esse contexto, sobrava pouco a ser gasto com lazer e instrução. O cinema, a dança e o futebol eram as diversões mais populares da época, mas o cinema mais 3 barato da época custava cerca de 1% do salário mais comum do trabalhador. Sociedades recreativas dançantes e os clubes de futebol de várzea eram os responsáveis por suprir essa demanda por lazer. Sobre educação, embora nem todo operariado fosse alfabetizado, o nível de alfabetização não era baixo. A maioria dos filhos de operários frequentava escolas públicas. As indústrias e a Igreja também tinham escolas destinadas aos operários e seus filhos, com um claro objetivo de qualificar de acordo com suas necessidades e disciplinar.
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