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FRATURAS EM CRIANÇAS Formação óssea ocorre de duas maneiras: ossificação intramembranosa e ossificação endocondral. A primeira ocorre apenas na mandíbula e na clavícula onde têm células ósseas se desenvolvendo e levando à consolidação, ou seja, não existe em nenhum momento a formação de cartilagem. A segunda ocorre na grande maioria do esqueleto apendicular e axial, temos moldes cartilaginosos lavando à formação de tecido ósseo (as células mesenquimais diferenciam em células cartilaginosas e depois se calcificam em tecido ósseo). Os ossos longos possuem diáfise que em período intrauterino vão de molde cartilaginoso se transformar em tecido ósseo, recebendo vascularização e crescendo. Esse local se chama núcleo de ossificação primária, mas nas exterminadas remanescerão os centros cartilagíneos até o nascimento. Após o nascimento e crescimento da criança, os centros cartilagíneos vão ossificar formando os núcleos de ossificação secundário (epífises). Em azul escuro permanece a placa de crescimento (físe de crescimento) que é grande responsável pelo crescimento em comprimento do osso da criança. Como ocorre o crescimento da fise: Em azul está a cartilagem de crescimento; em amarelo no meio da fise está o núcleo de ossificação secundário (ossifica a partir de 6 meses de idade); restante de amarelo é a região metafisária. Do núcleo de ossificação secundário para baixo teremos: • Zona de reserva ou germinativa: região vascularizada onde se originam células condrais. • Zona proliferativa: células condrais sofrendo sucessivas mitoses de organização colunar. • Zona hipertrófica (maturação, degeneração e calcificação provisória): células sofrem ação de crescimento pelo estimulo do hormônio do crescimento. Vão começar a ter um processo de degeneração das paredes e início de calcificação provisória. As células cartilaginosas rompem e depositam seus substratos (sais minerais e cristais hidroxiapatita) bem próximas à metáfise. • Metáfise: neovascularização em cima dos substratos depositados por estímulos de fatores de anfigênese e terminam de ossificar formando tecido ósseo. Na fise do osso existe o anel pericondral formado pela fenda de Ranvier e o anel pericondral de LaCroix. O segundo está perto do periósteo e é responsável pelo crescimento em largura do osso e da fise. A fenda de Ranvier é um reservatório para crescimento por aposição. Epidemiologia 10 – 15% dos traumas em crianças envolvem o sistema musculoesquelético. 37% traumas em ambiente domiciliar e 20% quedas na escola. As fraturas ocorrem principalmente nos meninos 2:1. Predominam as fraturas do rádio, úmero, tíbia, clavícula e fêmur. Particularidades • As crianças têm um rápido crescimento devido rápido metabolismo ósseo. • Possuem grande capacidade de remodelamento (organização de estrutura óssea interna) e quanto menor a idade maior é a capacidade de remodelação. • Lesões, quanto mais próximas da fise de crescimento, mais rapidamente sofrem remodelamento. • Cicatrização ou calo ósseo é mais veloz nas crianças do que nos adultos. • Menor necessidade de cirurgia. Sempre se pensa em tratamento conservador como tala e gesso circular → estabilidade relativa. • Ligamentos e periósteo são mais forte que as fises e os ossos. Em caso de torção de tornozelo é mais fácil sofrer lesão/ fratura de fise do que de ligamento. • Osso é mais elástico do que do adulto. Ao receber uma energia ele deforma mais do que o osso adulto. Primeiro se tem deformidade angular/ plástica e se energia ultrapassa coeficiente de elasticidade → ocorre fratura de tórus/ subperiosteal (eleva periósteo) → fratura em galho verde (parte quebrada e outra envergada)→ quebra e desloca. Ou seja, é difícil quebrar um osso de criança. • Fraturas COMINUTIVAS são raras. Fratura cominutiva é quando o osso se fragmenta em muitos pedaços. Deformidade plástica da tíbia: Fratura em tórus/ subperiosteal do rádio: Fratura em galho verde: uma cortical deformada e outra rompida. Quando suspeitar que criança teve fratura • Dor • Claudicação • Edema • Equimose/ hematoma • Deformidade • Limitação da mobilidade Exames RX é o principal e em caso de dúvidas solicitar TC. Existe uma técnica de rx por estresse em que o médico enverga mais ainda a lesão para visualizar bem na imagem, mas a criança precisa estar sedada → preferência pela TC. Tratamento Sempre que possível, optar pelo tratamento conservador. Cirurgia cruenta (com incisão) deve ser exceção. São muito usadas as talas gessadas e gessos circulares que utilizam como princípio básico a estabilidade relativa. Criança com fratura subperiostal – redução incruenta e tto conservador: imobilização com tala; após 7 dias ocorre redução de edema e troca por um aparelho gessado por mais um período que depende do local. Ex punho é 15 e 15. Antebraço 15 dias de tala e 4 semanas de gesso. Deformidade plástica: regiões de extremidades não podem ter mais de 30º de angulação até 6 anos de idade e depois dos 6 anos não pode mais do que 15º. A correção da deformidade plástica ocorre por redução incruenta (coloca no lugar sem cortar) e aplicar tratamento conservador. A correção natural da angulação ocorre por remodelamento. Fratura instável (vai para o lugar e sai): é necessário redução incruenta e fixação percutânea com fios de Kirschner passados pela pele. Quando não conseguimos colocar a fratura no lugar é porque existe algo entreposto entre os fragmentos (ex periósteo), logo, é necessária a redução aberta/ cruenta e fixação percutânea. Em último caso, se faz redução cirúrgica com placas e parafusos de estabilidade absoluta. Desvios As faturas metafisárias permitem desvios de até 30º até 6 anos e após isso só 15º. As diafisárias permitem 10º até 6 anos e após isso não aceitar nenhuma angulação. Fraturas da clavícula Têm potencial benigno com evolução boa. Em crianças com até 5 anos de idade o tratamento é conservador (tipóia do tipo canadense) e dura 1 semana – consolidação por calo ósseo. Em adultos, um afastamento por mais de 2 cm dos fragmentos da clavícula já tem indicação cirúrgica, nas crianças não. Imobilização da menina é chamada de oito posterior e no menino a tipóia tipo canadense (pescoço, costas e cintura). Fraturas do úmero distal / supra condiliana Classificação universal/ de Gartland • Tipo1 – sem desvio. • Tipo2 – com desvio mas mantendo contato entre fragmentos. • Tipo 3 – fratura completamente desviada. • Recentemente incluíram o tipo 4 – deslocamento completo da fratura + rotação. Em 98% das situações ocorre trauma por hiperextensão do cotovelo. Hiperflexão só 2% dos casos. Típica deformidade é o cotovelo em S: Nesses casos pode acontecer do fragmento romper os flexores do antebraço que são: o músculo braquial e bíceps braquial. Isso impede a redução incruenta da fratura precisando realizar cirurgia aberta. O número 2 na figura indica a fossa cubital onde nesses casos de ruptura vaia presentar hematoma muito importante = hematoma pré-cubital na fossa cubital. Pode também sofrer a ruptura do nervo mediano que passa anteriormente assim como a artéria braquial. É necessário tomar muito cuidado ao fazer o alinhamento do membro para não pinçar o nervo e artéria fazendo compressão. Para evitar isso deve-se fazer tração e contratração (braço e antebraço). • Fraturas de grau 1) tala e depois gesso • Fratura de grau 2 e 3 em crianças) fixação percutânea com intensificador de imagem • Fratura de grau 2 e 3) podem necessitar fixação ou redução cirúrgica aberta com fixação. Fraturas em fêmur As fraturas da diáfise do fêmur são relativamentes comuns e devem ser tratadas com tratamento conservador com gesso pélvico-podálico. É permitido até uns 2 cm de encurtamento. Se não tem encurtamento na fratura, imobiliza de uma forma a deixar menor devido riscode ficar com perna maior do que a que não fraturou. Normalmente dura 2 meses de tratamento. A partir de 7- 8 anos de idade passamos a ter indicação de redução incruenta da fratura e imobilização percutânea com hastes intramedulares flexíveis (muito utilizadas em fratura de tíbia e fêmur de crianças). Fraturas de antebraço São as mais comuns, principalmente no radio distal (região metafisária). São vários os tipos de fratura que podem ocorrer, principalmente em tórus. Fratura em deslocamento – tratar com redução incruenta e tratamento conservador: Fratura em tórus: Criança até 6-7 anos de idade: tala gessada axilo – palmar por 15 dias e depois mais 15 dias de gesso antebraquio-palmar. Maiores que isso: aumentar 2 semana no tratamento. Alguns gessos sintéticos com cor e que podem ser molhados – não disponíveis no SUS. Fratura em galho verde no radio e deslocamento da ulna: Redução incruenta e fixado percutaneamente com fios de Kirscher. 1 mês e meio de acompanhamento por estar longe da fise. Acompanhamento Acompanhar a longo prazo é fundamental para determinar complicações (rx após 6 meses e 1 ano). Complicações • Aceleração do crescimento: é rara mas possível – ocorre 6 a 18 meses após o trauma inicial. • Parada de crescimento: leva a discrepâncias de crescimento entre os membros com parada total ou desvios angulares que podem necessitar tratamento cirúrgico.
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