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Ana Cecília Menezes | 2021.1 Diabetes Mellitus Observação: A diabetes é capaz de aumentar em 30-50% o risco de o paciente desenvolver outras doenças (é a 6º maior causa de internações hospitalares e a principal causa de cegueira adquirida e de amputações de MMII). Definição É definida como sendo um distúrbio de metabolismo intermediário (reações de anabolismo e catabolismo os quais todas as substâncias digeridas/absorvidas são submetidas) caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação ou em ambos os mecanismos. Quem faz a regulação desse metabolismo são os hormônios – insulina e contra insulínicos. Fisiologia Insulina Produzida pelas células betas das ilhotas pancreáticas, esse hormônio é constantemente liberado na corrente sanguínea, mas sua quantidade é aumentada após uma refeição (estado pós- prandial). Isso ocorre devido ao fato de a glicose conseguir entrar nas células betas através da GLUT-2 (proteína) e estimular a produção de insulina. Além disso, se descobriu que ao se alimentar nosso corpo produz as incretinas (2 peptídeos gastrointestinais): GLP-1 e GIP que aumentam a resposta pancreática à glicose, liberando mais insulina. Função da insulina: se liga ao seu receptor nas células do corpo causando a translocação de vesículas contendo a proteína GLUT-4 para dentro da membrana plasmática, que vai servir de canal para entrada de glicose na célula. Por que é importante que a glicose entre na célula? 1. Glicólise 2. Glicogenogênese 3. Lipogênese Contra insulínicos Glucagon: Produzido pelas células alfa do pâncreas. Estimulado ela hipoglicemia (jejum) a aumentar os níveis de glicose no sangue. Adrenalina: produzido pela medula suprarrenal Cortisol: produzido pelo córtex da suprarrenal Ana Cecília Menezes | 2021.1 GH: produção pela adenohipófise Glucagon A ação contra insulínica desse hormônio consiste na glicogenólise (quebra do glicogênio hepático em glicose) e na gliconeogênese (síntese da glicose a partir de moléculas não glicídicas). Fisiopatologia e classificação Independente do mecanismo da diabetes (seja ele por falta de insulina ou por ineficácia na sua ação), o resultado vai ser o mesmo: a glicose não vai entrar na célula! DM tipo 1 Doença autoimune! Os linfócitos TCD8 invadem as ilhotas pancreáticas e atacam seletivamente as células betas destruindo- as. A base patológica dessa doença parece estar em questões genéticas: cerca de 90% dos DM 1 apresentam alterações nos genes do HLA (HLA- DR3 ou HDLA-DR4). DM1 tipo A: detectados auto anticorpos no sangue; DM1 tipo B: idiopática. DM tipo 2 Problemas de bases genéticas + fatores ambientais! Caracterizada por uma deficiência de secreção ou pela resistência insulínica. Normalmente associada a alguns fatores de risco: - obesidade visceral: a gordura abdominal gera citocinas inflamatórias que dificultam a ação da insulina sobre os tecidos. O corpo responde a essa deficiência da ação da insulina, provocando hiperplasia e hipertrofia nas células betas. (para compensar). DM gestacional Na gestação, a placenta produz uma série de hormônios com efeito hiperglicemiante. Tende a resolver após gestação. Fatores de risco Ana Cecília Menezes | 2021.1 Observação: A acantose nigricans é uma lesão de pele hiperpigmentada decorrente de hiperinsulinema e que normalmente aparece nas regiões de dobra. Quadro clínico Diabetes Mellitus tipo 1 Se manifesta mais cedo (a maioria é diagnosticada ainda crianças ou adolescentes). Existe casos que o paciente só abre quando adulto, a esses casos damos o nome de LADA (Late-Onset). Normalmente eles são magros e vão desenvolver um quadro agudo e clássico apresentando os 4 Os da diabetes: 1. Poliúria (aumento do volume urinário): com aumento da glicose no sangue mais glicose é liberada com a urina, como a urina é uma substância osmoticamente ativa, o paciente acaba perdendo mais água. 2. Polidipsia (aumento da sede): causado pela desidratação devido a poliúria. 3. Polifagia (aumento da fome): devido às células não estarem recebendo glicose. 4. Perda ponderal: devido à lipólise realizada pelos hormônios contra insulínicos. Por fim, esses pacientes costumam apresentar uma glicemia > 200mg/dl com presença de autoanticorpos e também não respondem bem aos antidiabéticos orais (sem insulina vão acabar desenvolvendo cetoacidose). Observação: Outra característica da DM tipo 1 é o peptídeo C < 0,1 ng/dl ou ausente. (peptídeo C é um componente da pró- insulina que é liberado quando ocorre a quebra dessa molécula). Ana Cecília Menezes | 2021.1 Diabetes Mellitus tipo 2 Cerca de 80% dos pacientes são obesos (a obesidade está relacionada à resistência insulínica). A condição costuma ser de forma mais progressiva e assintomática por isso o diagnóstico acaba sendo tardio. Nesses pacientes normalmente nós vamos encontrar uma glicemia < 200mg/dl, sem auto anticorpos, mas com peptídeo C > 0,1ng/dl. Além disso, esses pacientes ainda costumam responder bem a antidiabéticos orais e dificilmente evoluem para uma cetoacidose. Complicações Crônicas Altos níveis glicêmicos acabam comprometendo a estrutura vascular: 1. Microvascular: O diabetes provoca lesão endotelial através da inflamação na parede vascular através do estresse oxidativo. - Retinopatia diabética - Nefropatia diabética - Neuropatia diabética - Pé diabético. 2. Macrovascular: A inflamação, juntamente com a glicolisação de protéinas e aceleração do processo ateroesclerótico propicia o aceleramento do processo aterotrombótico, gerando em longo prazo obstruções que levam a insuficiência sanguínea e comprometimento do leito vascular. - doença arterial coronariana (DAC) - doenças cerebrovasculares - arteriopatia periférica Diagnóstico O diagnóstico requer uma anmnese buscando os 4 Ps característicos (poliúria, polidipsia, polifagia e perda ponderal), junto com eventuais complicações e fatores de risco. Ana Cecília Menezes | 2021.1 Exames laboratoriais para diagnostico Glicemia de jejum: paciente fica em jejum por 8h e depois colhe o sangue para avaliar o nível glicêmico. Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) - realização de glicemia em jejum - ingestão oral de 75g de glicose - coleta de amostra após 2h para medir glicemia Hemoglobina glicada (HbA1c): Reflete o controle glicêmico nos últimos 2-4 meses. Parte da glicose circulante tende a se associar com a hemoglobina do sangue (tornando-a glicada). Observação: Para fechar o diagnóstico de DM é necessário obter 2 exames laboratoriais alterados. Porém, se o paciente chegar no consultório com um quadro clássico de DM (bulgo 4Ps) e com uma glicemia aleatória > ou igual a 200mg/dl a gente já pode fechar o diagnostico sem precisar de nenhum exame laboratorial. De acordo com as diretrizes mais atuais, a gente só deve fazer o rastreio de DM em pacientes que tenham ao menos 1 desses 2 critérios: I. Idade > ou igual a 45 anos II. Obesidade +1 fator de risco (mínimo)
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