Buscar

RESENHA Rumo a um feminismo descolonial - Maria Lugones

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Resenha do artigo “Rumo a um feminismo descolonial”
Disciplina: Teoria de Relações Internacionais II - Turma PPGRI 2019
Tema: Gênero 
Aluna: Bianca Petermann Stoeckl
No artigo de María Lugones “Rumo a um feminismo descolonial” traz um texto de análise complexa sobre entendimento do controle do sistema capitalista moderno marcado pela colonialidade de gênero e a imposição colonial do gênero atravessa questões sobre ecologia, economia, governo, relaciona-se ao mundo espiritual e ao conhecimento.
Na colonização das Américas e do Caribe, uma distinção dicotômica, hierárquica entre humano e não humano foi imposta sobre os/as colonizados/as no qual apenas apenas o homem moderno europeu burgues era humano e os seres que foram colonizados pela Espanha e Portugal não podiam sê-lo. Eram excluídos. 
A dicotomia e a categorização estão na mesmo contexto. A categorização para organizar o mundo na modernidade em raça, classe, gênero, sexualidade são necessárias na dicotomia no pensamento capitalista e colonial moderno envolto de relações de hierarquia e poder. 
Se humano é o homem moderno de razão, ser mulher torna o genero concebido como dicotomico. Para a autora, a colonialidade do gênero, na distinção entre humano e não humano, sexo tinha que estar isolado. Gênero e sexo não podiam ser ao mesmo tempo vinculados inseparavelmente e racializados.
A partir do cristianismo como principal instrumento de tranformação civilizatória, a normatividade que conectava gênero e civilização buscou apagar memórias, saberes e práticas comunitárias dos colonizados e da sua conexão com o mundo espiritual, além de interferir e controlar nas práticas reprodutivas e sexuais. Tal imposição desse sistema moderno colonial de gênero, a autora entende como a desumanização constitutiva da colonialidade do ser. Ao introduzir o termo da colonialidade ao gênero e trazer para isso a mesma compreensão sistema de poder capitalista global junto à racialização, ela pretende chamar a atenção que para a tentativa de tornar o colonizado menos que seres humanos (desumanização), tornando-os aptos a classificação. 
A imposição da questão de gênero na sociedade foi essencial para a estruturação do sistema de poder capitalista a partir de um modelo de subordinação trazido pelo colonizador europeu está presente até hoje. Ao descrever que a consequência semântica da colonialidade do gênero é que “mulher colonizada” é uma categoria vazia: nenhuma mulher é colonizada; nenhuma fêmea colonizada é mulher, e considerando, portanto, não há mulheres colonizadas enquanto ser, sugere a resistência à colonialidade de gênero a partir da perspectiva da“diferença colonial”, termo usado por Mignolo (2000) para referir-se a relações antagônicas e transformação da diferença cultural em valores e hierarquias que se estabelece nas relações de poder e de saber da colonialidade.
Um dos passos para descolonizar o gênero está na práxis e entender criticamente as relações humanas, apoiadas na opressão de gênero racializadada, colonial e capitalista heterossexualizada. Isso é fundamental para a transformação social. A análise da opressão de gênero racializada capitalista a autora chama de colonialidade de gênero e a possibilidade se superar a colonialidade de gênero de feminismo descolonial.
A colonialidade de gênero permite o entendimento da opressão como uma interação complexa de sistemas econômicos , recializantes e engendrados, na qual cada ser no encontro colonial pode ser vista como um ser vivo, histórico, plenamente caracterizado ao mesmo tempo que esconde quem resiste como um(a) nativo de comunidades que foram devastadas. 
O processo de colonialidade começou em um encontro de construção subjetiva e intersubjetiva que constitui a normatividade capitalista como também informa a resistência aos elementos da dominação colonial. No processo de colonização, onde apenas o homem moderno europeu é exclusivamente, o colonizado é um ser primitivo, sexulamente agressivo e que precisa e que precisa ser transformado. Logo os corpos dos indígenas e africanos são enfaticamente violados e desumanizados pelos invasores hostis, que os subjuga brutalmente, de forma sedutora, arrogante, incomunicante e poderosa, deixando pouco espaço para ajustes que preservem seus próprios sentidos de si mesmos na comunidade e no mundo. A desumanização é gerada pela necessidade de dicotomia humano/não humano.Da mesma forma, o gênero é concebido como dicotômico e hierarquicamente e racialmente diferenciado. Mulheres não brancas racializadas como inferiores por natureza. 
Pensando na metodologia da descolonialidade, a autora propõe ler o social a partir das cosmologias que o informam, ciente das impossibilidade de ignorar as dicotomias humano/não humano, homem/mulher, ou macho/fêmea na construção da vida cotidiana. 
Retomando algumas interpretações de Mignolo sobre a dicotomia colonial, observa que o limite fronteiriço é diferente de habitar o interstício e propõe um pensamento de fronteira feminino, para pensar desde outra posição da colonialidade e da modernidade e as relações de gênero para resistir à colonialidade de gênero, não uma repetição infinita de hierarquias dicotômicas entre espectros do humano desalmados (p. 947). A tarefa da feminista decolonial é resistir ao próprio habito epistemiológigo de apagar a diferença colonial, onde se deve residir e partilhar aprendizados, já que o lócus fraturado é comum a todos. As respostas a partir dos lócus fragmentados podem estar criativamente em coalizão, um modo de pensar na possibilidade de coalizão que assume a lógica da descolonialidade e a lógica da coalizão de feministas de cor [...] (p. 950)
Devem ser criadas relações apoiadas na comunalidade que repense e recupere memórias e saberes que incluam criticamente a colonialidade do gênero como transformação do si.

Continue navegando