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💣 Atualizado até os informativos: 1002 (STF); 677 (STJ) SUMÁRIO 1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA – LEI 12.830/2013 ................................................. 3 2. LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS – LEI 12.850/2013 ................................................................................................................... 5 3. LEI DE DROGAS – LEI 11.343/2006 ............................................................................................................................................................ 30 4. LEI DE CRIMES HEDIONDOS – LEI 8.072/1990 ..................................................................................................................................... 65 5. LEI DE PRISÃO TEMPORÁRIA – LEI 7.960/1989 .................................................................................................................................... 74 6. LEI DE TORTURA – LEI 9.455/1997 ............................................................................................................................................................ 78 7. LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO – LEI 9.613/1998 ............................................................................................................................... 84 8. LEI DE INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS – LEI 9.296/1996 ............................................................................................................. 102 9. LEI MARIA DA PENHA – LEI 11.340/2006 ............................................................................................................................................. 114 10. ESTATUTO DO DESARMAMENTO – LEI 10.826/2003 .................................................................................................................... 133 11. ABUSO DE AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 ..................................................................................................................................... 153 12. CRIMES AMBIENTAIS – LEI 9.605/1998 ............................................................................................................................................... 161 13. CRIMES DE PRECONCEITO – LEI 7.716/1989 .................................................................................................................................... 188 14. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA – LEI 8.137/1990 ....................................................................................................... 194 15. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – LEI 7.492/1986 ........................................................................... 209 16. LEI ANTITERRORISMO – LEI 13.260/2016 .......................................................................................................................................... 219 17. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI 9.099/1995 ........................................................................................................................ 223 18. CRIMES DE TRÂNSITO – LEI 9.503/1997 ............................................................................................................................................. 241 19. CRIMES DO ECA – LEI 8.069/1990 ......................................................................................................................................................... 252 20. CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR – LEI 8.078/1990 .................................................................................................................. 277 21. CRIMES DO ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10.741/2003 ................................................................................................................. 281 22. CRIMES LICITATÓRIOS – LEI 8.666/1993 ............................................................................................................................................ 285 23. CRIMES FALIMENTARES – LEI 11.101/2005 ....................................................................................................................................... 291 24. LEI DE PROTEÇÃO À VÍTIMAS E À TESTEMUNHAS – LEI 9.807/1999...................................................................................... 297 25. CONTRAVENÇÕES PENAIS – DECRETO-LEI 3.688/1941 .............................................................................................................. 303 26. LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL – LEI 12.037/2009 ................................................................................................................... 314 27. CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR – LEI 1.521/1951 .................................................................................................... 318 28. CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITOS E VEREADORES – DECRETO-LEI 201/1967 ........................................ 322 29. CRIMES ELEITORAIS – LEI 4.737/1965 ................................................................................................................................................. 330 30. ESTATUTO DO TORCEDOR – LEI 10.671/2003 ................................................................................................................................. 342 31. LEI DE GENOCÍDIO – LEI 2.889/1956 ................................................................................................................................................... 344 32. ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL – LEI 10.446/2002 ............................................................................................................... 346 33. LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI 7.210/1984 ...................................................................................................................................... 348 3 1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA – LEI 12.830/2013 Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo DELEGADO DE POLÍCIA. Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. § 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. § 2o Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. § 4o O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso SOMENTE poderá ser avocado ou redistribuído por SUPERIOR HIERÁRQUICO, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. FORMAS DE RETIRAR A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DAS MÃOS DO DELEGADO DE POLÍCIA Formas a) Avocação: quando a autoridade superior requisita os autos para sua própria condução; b) Redistribuição: quando a autoridade superior retira a investigação criminal de um delegado de polícia e passa para outro. Motivos - Interesse público; ou - Hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. § 5o A REMOÇÃO do delegado de polícia dar-se-á SOMENTE por ato fundamentado. § 6o O INDICIAMENTO, PRIVATIVO do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. INDICIAMENTO Conceito É o ato privativo do Delegado de Polícia, consistente em atribuir a provável autoria ou a participação de uma infração penal à alguém, ou seja, é apontar como provável autor ou partícipe de um delito.Com o indiciamento, passa-se de um juízo de possibilidade para probabilidade de autoria. Momento Pode ocorrer já no auto de prisão em flagrante ou até mesmo no relatório final da autoridade de polícia judiciária, mas deve ser durante o inquérito. Não pode ocorrer o indiciamento quando o processo já está em andamento. Legitimidade É ato privativo do Delegado de Polícia. Não pode o Juiz ou Promotor obrigar o delegado a indiciar alguém. Espécies Direto: Ocorre quando o indiciado está presente; Indireto: Ocorre quando o indiciado está ausente (foragido). 4 Desindiciamento Nada impede que a autoridade policial, ao entender, no transcurso das investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, promova o desindiciamento, seja na evolução do inquérito, ou no relatório de encerramento do procedimento. De qualquer sorte, tudo deve ser descrito no relatório, de forma a permitir a pronta análise pelo titular da ação penal. #SELIGANOCONCEITO: Desindiciamento Coacto: É o desindiciamento determinado judicialmente em habeas corpus impetrado contra indiciamento manifestamente ilegal. Não podem ser indiciados 1) Magistrados (art. 33, p. único, LC nº 35/79); 2) Membros do MP (art. 18, p. único, LC nº 75/93; art. 41, p. único, Lei n° 8.625/93) #INFO JURISPRUDÊNCIA SOBRE INDICIAMENTO - Indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial, não podendo ser determinado por magistrado. O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio. Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552). TF. 2ª Turma. HC 115015/SP. Rel. Min Teari Zavascki, julgado em 27/8/2013 (lnfo 717). - Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função. Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade. Ex,: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização para realizar o indiciamento do referido Governador. Chama-se atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825). Art. 3o O cargo de delegado de polícia é PRIVATIVO de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados. 5 2. LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS – LEI 12.850/2013 CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Art. 1o Esta Lei DEFINE organização criminosa e DISPÕE sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1o Considera-se ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Obs.: É possível a formação de organização criminosa com o intuito de praticar infração cuja pena máxima cominada seja inferior a quatro anos. No caso de infrações penais de caráter transnacional, ou seja, aquelas que ultrapassam as fronteiras nacionais, a configuração do delito de organização criminosa independe da quantidade de pena aplicável. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – ELEMENTOS PESSOAL 4 ou mais pessoas. ESTRUTURAL Estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. TELEOLÓGICO OU FINALÍSTICO Objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. #NÃOCONFUNDA: ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (art. 288, CP) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 1°, § 1º c/c Art. 2º, Lei 12.850/13) Associação de 3 ou mais pessoas Associação de 4 ou mais pessoas Estabilidade e permanência Estabilidade e permanência Dispensa estrutura ordenada e divisão de tarefas Pressupõe estrutura ordenada e divisão de tarefas, ainda que informalmente Destina-se à prática de crimes, independentemente da pena cominada Destina-se à prática de infrações penais (crime ou contravenção), cuja pena máxima é superior a 4 anos ou que tenha caráter transnacional Exige o especial de fim de agir de cometer crimes Exige o especial fim de agir de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza Pena Reclusão, de 1 a 3 anos Pena Reclusão, de 3 a 8 anos Admite sursis processual Não admite sursis processual § 2o Esta Lei SE APLICA também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. Art. 2o PROMOVER, CONSTITUIR, FINANCIAR ou INTEGRAR, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. (CONCURSO MATERIAL) 6 CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA CRIME ORGANIZADO POR EXTENSÃO Refere-se ao crime de organização criminosa, pelo tipo penal do art. 2°, caput, da Lei n° 12.850/13. Refere-se às infrações penais praticadas pela organização criminosa. Ex.: Organização criminosa especializada em crimes de peculato, os agentes deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa (Lei n° 12.850/13, art. 2°, caput) - crime organizado por natureza - em concurso material com os delitos de peculato (CP, art. 312) - crime organizado por extensão. § 1o Nas mesmas penas incorre quem IMPEDE ou, de qualquer forma, EMBARAÇA a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. #INFO - Crime de embaraçar investigação previsto na Lei do Crime Organizado não é restrito à fase do inquérito. Quando o art.2º, § 1º fala em “investigação”, ele está se limitando à fase pré-processual ou abrange também a ação penal? Se o agente embaraça o processo penal, ele também comete este delito? SIM. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 limita-se à fase do inquérito não foi aceita pelo STJ. Isso porque as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Assim, como o legislador não inseriu uma expressão estrita como “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de “persecução penal”, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecução penal. O tipo penal previsto pelo art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o inquérito policial e a ação penal. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019 (Info 650). § 2o As penas AUMENTAM-SE até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo. § 3o A pena é AGRAVADA para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, AINDA QUE não pratique pessoalmente atos de execução. § 4o A pena é AUMENTADA de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): I - se há participação de criança ou adolescente; II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. Forma Equiparada - Aquele que IMPEDE ou EMBARAÇA a investigação (abrange a ação penal). Agravante - Quem exerce o comando da ORCRIM, individual ou coletivo, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. Causas de Aumento Até a 1/2 - Emprego de arma de fogo. De 1/6 a 2/3 - Participação de criança ou adolescente; - Concurso de funcionário público, valendo-se do cargo; - Produto ou proveito destina-se ao exterior; - Organização mantém conexão com outros organizações independentes; - Transnacionalidade da organização. § 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu AFASTAMENTO CAUTELAR do cargo, emprego ou função, SEM PREJUÍZO da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. 7 § 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos SUBSEQUENTES ao cumprimento da pena. (EFEITOS DA CONDENAÇÃO) EFEITOS DA CONDENAÇÃO (AUTOMÁTICOS) - perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo; - interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena. #NÃOCONFUNDA: LEI DE TORTURA (art. 1º, § 5º, Lei nº 9.455/97) LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (art. 2º, § 6º, Lei nº 12.850/13) Interdição pelo dobro do prazo da pena aplicada Interdição pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena Ex.: condenado a 4 anos. Interdição por 8 anos 4 (pena aplicada) + 4 (dobro do prazo) = 8 anos Ex.: condenado a 4 anos. Interdição por + 8 anos após o cumprimento dos 4 4 (pena aplicada) + 8 (subsequentes ao cumprimento da pena aplicada) = 12 anos § 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA. § 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá PROGREDIR DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA ou OBTER LIVRAMENTO CONDICIONAL OU OUTROS BENEFÍCIOS PRISIONAIS se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. CAPÍTULO II DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, SERÃO PERMITIDOS, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. § 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser DISPENSADA LICITAÇÃO para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II (captação ambiental) e V (interceptação telefônica). 8 § 2o No caso do § 1o, fica DISPENSADA A PUBLICAÇÃO de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. Lei nº 8.666/93 (...) Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL e MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA, que pressupõe utilidade e interesse públicos. Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidosna negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. § 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade NÃO IMPLICA, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. § 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. § 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes específicos. § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse NÃO PODERÁ se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor público. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8666cons.htm#art61 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8666cons.htm#art61 9 § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. § 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração. Seção I Da Colaboração Premiada Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, REDUZIR em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade OU substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e VOLUNTARIAMENTE com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. COLABORAÇÃO PREMIADA NA LEI DE ORCRIM Requisitos (um ou mais) - Identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; - Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; - Prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; - Recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; - Localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. Colaboração - Voluntária Benefícios - Redução da pena em até 2/3; - Substituição da PPL p/ PRD; - Perdão Judicial. § 1o Em QUALQUER CASO, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. A CONCESSÃO DA COLABORAÇÃO PREMIADA LEVARÁ EM CONTA: - personalidade do colaborador - natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso e - eficácia da colaboração 10 § 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o MINISTÉRIO PÚBLICO, a qualquer tempo, e o DELEGADO DE POLÍCIA, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de PERDÃO JUDICIAL ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). § 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser SUSPENSO por até 6 (seis) meses, PRORROGÁVEIS por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, SUSPENDENDO-SE o respectivo prazo prescricional. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o MINISTÉRIO PÚBLICO poderá DEIXAR DE OFERECER DENÚNCIA se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: (ACORDO DE IMUNIDADE OU CLÁUSULA DE NÃO DENÚNCIA) I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. COLABORAÇÃO PREMIADA – AUMENTO DAS HIPÓTESES DE NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: - Transação Penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95) - chamado de princípio da discricionariedade regrada ou princípio da obrigatoriedade mitigada; - Colaboração Premiada na Lei de ORCRIM (art. 4º, § 4º, da Lei 12.850/13) - chamado de acordo de imunidade ou cláusula de não denúncia; - Acordo de Leniência (arts. 86 e 87, da Lei nº 12.529/11) - chamado de acordo de brandura ou doçura; - Termo de Ajustamento de Conduta - TAC; - Parcelamento do Débito Tributário (art. 83, § 2º, da Lei nº 9.430/96); - Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A, CP). #PAC § 5o Se a colaboração for POSTERIOR à sentença, a pena poderá ser REDUZIDA até a metade ou será admitida a progressão de regime AINDA QUE ausentes os requisitos objetivos. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art28 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art28 11 POSSÍVEIS BENEFÍCIOS: Colaboração Antes da Sentença: - Redução da pena em até 2/3; - Substituição da PPL p/ PRD; - Perdão Judicial. Colaboração Depois da Sentença: - Redução da pena até a metade; - Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos. Colaborador não é o líder e o primeiro a colaborar efetivamante e tratar-se de infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento: - MP pode deixar de oferecer denúncia. § 6o O juiz NÃO PARTICIPARÁdas negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. #INFO - Possibilidade de acordo de colaboração premiada ser celebrado por Delegado de Polícia. #IMPORTANTE O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, que preveem essa possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/06/18 (Info 907). #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, DEVENDO o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: I - regularidade e legalidade; II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto- Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: I - regularidade e legalidade; II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 12 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, EXCETO quando o acordo prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. § 7º-B. São NULAS de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória. § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que NÃO ATENDER aos requisitos legais, devolvendo- a às partes para as adequações necessárias. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. O juiz adequava As partes que adequam § 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador PODERÁ, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser OUVIDO pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. § 10. As partes podem RETRATAR-SE da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas EXCLUSIVAMENTE em seu desfavor. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. #INFO - Diversos aspectos relacionados com a homologação do acordo. - Natureza jurídica do acordo de colaboração premiada A colaboração premiada é um negócio jurídico processual entre o Ministério Público e o colaborador, sendo vedada a participação do magistrado na celebração do ajuste entre as partes. - Papel do Poder Judiciário no acordo de colaboração premiada A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição (não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilo bancário ou fiscal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm 13 Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador. O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a indispensável homologação. - Natureza da decisão que homologa o acordo de colaboração premiada A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores. A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se confirmaram com as provas produzidas será feita apenas nomomento do julgamento do processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. - Na decisão homologatória, magistrado examina se as cláusulas contratuais ofendem manifestamente o ordenamento jurídico No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. Ex.: o Relator poderá excluir ao acordo a cláusula que limite o acesso à justiça, por violar o art. 5º, XXXV, da CF/88. Neste momento, o Relator não realiza qualquer controle de mérito, limitando-se aos aspectos formais e legais do acordo. - Em caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do Relator? É atribuição do Relator homologar, monocraticamente, o acordo de colaboração premiada, analisando apenas a sua regularidade, legalidade e voluntariedade, nos termos do art. 4º, § 7º da Lei nº 12.850/2013: § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. Não há qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão monocrática. O art. 21, I e II, do RISTF confere ao Ministro Relator no STF poderes instrutórios para ordenar, de forma singular, a realização de quaisquer meios de obtenção de provas. - Em caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do órgão colegiado? Compete ao órgão colegiado, em decisão final de mérito, avaliar o cumprimento dos termos do acordo homologado e a sua eficácia, conforme previsto no art. 4º, § 11 da Lei nº 12.850/2013: § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. Assim, é possível que o órgão julgador, no momento da sentença ou acórdão, ou seja, após a conclusão da instrução probatória, avalie se os termos da colaboração foram cumpridos e se os resultados concretos foram atingidos, o que definirá a sua eficácia. - Acordo de colaboração homologado pelo Relator deve, em regra, produzir seus efeitos, salvo se presente hipótese de anulabilidade O acordo de colaboração devidamente homologado individualmente pelo relator deve, em regra, produzir seus efeitos diante do cumprimento dos deveres assumidos pelo colaborador. Vale ressaltar, no entanto, que o órgão colegiado detém a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou de conhecimento posterior que firam a legalidade do acordo, nos termos do § 4º do art. 966 do CPC/2015: § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. - Direitos do colaborador somente serão assegurados se ele cumprir seus deveres O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus deveres. Assim, o cumprimento dos deveres pelo colaborador é condição sine qua non para que ele possa gozar dos direitos decorrentes do acordo. 14 Por isso diz-se que o acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do negócio jurídico. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870). § 12. AINDA QUE beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador PODERÁ ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração DEVERÁ ser feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao colaborador. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. § 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao colaborador. #INFO - Forma de registro das declarações do colaborador premiado. Não existe obrigatoriedade legal absoluta de que as declarações do colaborador premiado sejam registradas em meio audiovisual. O § 13 do art. 4º da Lei 12.850/13 prevê que "sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações". Desse modo, existe sim uma recomendação da Lei no sentido de que as declarações sejam registradas em meio audiovisual, mas isso não é uma obrigação legal absoluta a ponto de gerar nulidade pelo simples fato de o registro não ter sido feito dessa forma. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 22/6/16 (Info 831). Obs.: Julgado anterior ao pacote anticrime. Tudo indica que esse julgado está superado. #CUIDADO § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador RENUNCIARÁ, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. § 15. Em TODOS OS ATOS de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador DEVERÁ estar assistido por defensor. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento APENAS nas declarações do colaborador: I - medidas cautelares reais ou pessoais; II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; III - sentença condenatória. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas declarações do colaborador: 15 I - medidas cautelares reais ou pessoais; II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; III - sentença condenatória. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 17. O acordo homologado poderá ser RESCINDIDO em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da colaboração. § 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de RESCISÃO. Art. 5o São DIREITOS do colaborador: I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19Art. 5º (...) VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. Art. 5º (...) VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada DEVERÁ ser feito por escrito e conter: I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. Art. 7o O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Prazo p/ juiz decidir sobre a COLABORAÇÃO Prazo p/ juiz decidir sobre a INFILTRAÇÃO 48h 24h § 2o O acesso aos autos será RESTRITO ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, DEVIDAMENTE PRECEDIDO DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, RESSALVADOS os referentes às diligências em andamento. 16 #INFO - O delatado tem o direito de acesso aos termos de colaboração premiada que mencionem seu nome, desde que já tenham sido juntados aos autos e não prejudiquem diligências em andamento. O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em andamento que possa ser prejudicada. STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/2/2020 (Info 965). - Negativa de que o réu tenha acesso a termos de declaração prestados por colaborador premiado e que não digam respeito aos fatos imputados ao acusado. Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, j. 16/2/16 (Info 814). #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa-crime, sendo VEDADO ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese. COLABORAÇÃO PREMIADA ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 § 3o O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5o. § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa- crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese. #INFO - O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê um limite máximo de duração do sigilo, sendo possível que ele seja retirado antes do recebimento da denúncia. O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia (art. 7º, § 3º da Lei 12.850/13). Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo. Para que o sigilo seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo. STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/9/17 (Info 877). Obs.: Julgado anterior ao pacote anticrime. Tudo indica que esse julgado está superado. #CUIDADO JURISPRUDÊNCIA SOBRE COLABORAÇÃO PREMIADA (OUTROS JULGADOS) - A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração da competência. Os elementos de informação trazidos pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam conexos ao objeto da investigação primária devem receber o mesmo tratamento conferido à descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de obtenção de prova, como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração da competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999). 17 - Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral aos termos dos colaboradores desde que estejam presentes os requisitos positivo e negativo. A SV 14 prevê: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral aos termos dos colaboradores para viabilizar, de forma plena e adequada, sua defesa, invocando a SV 14? SIM, desde que estejam presentes os requisitos positivo e negativo. a) Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato mencionado como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do requerente); e b) Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir a diligência em andamento (devem ser excluídos os atos investigativos e diligências que ainda se encontram em andamento e não foram consubstanciados e relatados no inquérito ou na ação penal em tramitação). STF. 2ª Turma. Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/5/2020 (Info 978). - O delatado tem o direito de acesso aos termos de colaboração premiada que mencionem seu nome, desde que já tenham sido juntados aos autos e não prejudiquem diligências em andamento. O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em andamento que possa ser prejudicada. STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/2/2020 (Info 965). - Negativa de que o réu tenha acesso a termos de declaração prestados por colaborador premiado e que não digam respeito aos fatos imputados ao acusado. Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, j. 16/2/16 (Info 814). - O advogado do réu delatado deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório docorréu delator. O advogado de um réu deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu que com ele responde o mesmo processo criminal? REGRA: Não. A presença da defesa técnica é imprescindível durante o interrogatório do réu por ela representado, não quanto aos demais. Assim, é obrigatória a presença do advogado no interrogatório do seu cliente. No interrogatório dos demais réus, essa presença é, em regra, facultativa. EXCEÇÃO: Se o interrogatório é de um corréu delator, a presença do advogado dos réus delatados é indispensável. Neste caso, deve-se exigir a presença dos advogados dos réus delatados, pois, na colaboração premiada, o delator adere à acusação em troca de um benefício acordado entre as partes e homologado pelo julgador natural. Normalmente, o delator presta contribuições à persecução penal incriminando eventuais corréus, razão pela qual seus advogados devem acompanhar o ato. Se o advogado do corréu não comparece ao interrogatório do réu delator, haverá nulidade? Depende: • Se o corréu foi delatado no interrogatório e seu advogado não compareceu: sim, haverá nulidade. • Se o corréu não foi delatado no interrogatório: não. Isso porque não houve prejuízo. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 955). - Em ação penal envolvendo réus colaborares e não colaboradores, o réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu que firmou acordo de colaboração premiada. O réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu delator. Os réus colaboradores não podem se manifestar por último (ou no mesmo prazo dos réus delatados) porque as informações trazidas por eles possuem uma carga acusatória. O direito fundamental ao contraditório e à ampla defesa deve permear todo o processo legal, garantindo-se sempre a possibilidade de a defesa se manifestar depois do agente acusador. Vale ressaltar que pouco importa a 18 qualificação jurídica do agente acusador: Ministério Público ou corréu colaborador. Se é um “agente acusador”, a defesa deve falar depois dele. Ao se permitir que os réus colaboradores falem por último (ou simultaneamente com os réus delatados), há uma inversão processual que ocasiona sério prejuízo ao delatado, tendo em vista que ele não terá oportunidade de repelir os argumentos eventualmente incriminatórios trazidos pelo réu delator ou para reforçar os favoráveis à sua defesa. Permitir o oferecimento de memoriais escritos de réus colaboradores, de forma simultânea ou depois da defesa – sobretudo no caso de utilização desse meio de prova para prolação da condenação –, compromete o pleno exercício do contraditório, que pressupõe o direito de a defesa falar por último, a fim de poder reagir às manifestações acusatórias. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949). - Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores. Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como na análise da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949). - Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de colaboração premiada. Não existe direito líquido e certo a compelir o Ministério Público à celebração do acordo de delação premiada, diante das características desse tipo de acordo e considerando a necessidade de distanciamento que o Estado-juiz deve manter durante o cenário investigado e a fase de negociação entre as partes do cenário investigativo. O acordo de colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui-se em um negócio jurídico processual personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à discricionariedade regrada do Ministério Público e não se submetem ao escrutínio do Estado-juiz. Em outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de imposição judicial. Vale ressaltar, no entanto, que o ato do membro do Ministério Público que se nega à realização do acordo deve ser devidamente motivado. Essa recusa pode ser objeto de controle por órgão superior no âmbito do Ministério Público (Procurador-Geral de Justiça ou Comissão de Coordenação e Revisão), por aplicação analógica do art. 28 do CPP (art. 62, IV, da LC 75/93). Mesmo sem ter assinado o acordo, o acusado pode colaborar fornecendo as informações e provas que possuir. Ao final, na sentença, o juiz irá analisar esse comportamento processual e poderá conceder benefício ao acusado mesmo sem que tenha havido a prévia celebração e homologação do acordo de colaboração premiada. Dito de outro modo, o acusado pode receber a sanção premial mesmo sem a celebração do acordo caso o magistrado entenda que sua colaboração foi eficaz. STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/5/2019 (Info 942). - Não há óbice ao compartilhamento de delação premiada, desde que haja delimitação dos fatos. É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no acordo de colaboração premiada, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação ao colaborador. Assim, por exemplo, se um indivíduo celebra acordo de colaboração premiada com o MP aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no acordo. STF. 2ª Turma. PET 7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922). Ainda que remetido a outros órgãos do Poder Judiciário para apuração dos fatos delatados, o juízo que homologou o acordo de colaboração premiada continua sendo competente para analisar os pedidos de compartilhamento dos termos de depoimentos prestados no âmbito da colaboração. STF. 2ª Turma. PET 7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922). 19 - Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa de função. Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex.: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex.: STJ), este acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895). - Análise da legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada. Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim, em regra, a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo possui algum vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. Esse entendimento, contudo, não se aplica em caso de homologaçãosem respeito à prerrogativa de foro. Desse modo, é possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será permitido que ele impugne essa homologação alegando usurpação de competência. Regra: delatado não tem legitimidade para impugnar acordo de colaboração premiada; Exceção: nas hipóteses em que tenha havido homologação da colaboração premiada sem respeito à prerrogativa de foro. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895). - Descumprimento de colaboração premiada não justifica, por si só, prisão preventiva. Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido acordo de colaboração premiada. Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. Por essa razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. STF. 1ª Turmá. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fáchin, julgádo em 25/4/2017 (Info 862). 20 COLABORAÇÃO PREMIADA PREVISÃO LEGAL COLABORAÇÃO REQUISITOS BENEFÍCIOS Assoc. Crim. p/ Hediondos e TTT (Lei 8.072/90 - art. 8°, p. ú.) Voluntária Desmantelamento da associação criminosa Redução da pena (1/3 a 2/3) Extorsão Mediante Sequestro (CP - art. 159, § 4°) Voluntária Libertação do sequestrado Redução da pena (1/3 a 2/3) Crimes contra o SFN (Lei 7.492/86 - art. 25, § 2°) Espontânea Revelação de toda trama delituosa Redução da pena (1/3 a 2/3) Crimes contra a ordem Tributária (Lei 8.137/90 - art. 16, p. ú.) Espontânea Revelação de toda trama delituosa Redução da pena (1/3 a 2/3) Crimes contra a ordem Econômica e demais crimes diretamente relacionados com a prática de Cartel (Lei 12.529/11 - arts. 86 e 87, p. ú.) Voluntária - Identificação dos demais envolvidos na infração; e - Obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. Acordo de Leniência, Brandura ou Doçura *Suspensão do prazo prescricional e *Impede o oferecimento da denúncia em relação ao agente beneficiário **cumprido o acordo, extingue a punibilidade) Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98 - art. 1°, § 5°) Espontânea - Apuração das infrações penais; - Identificação dos autores, coautores e partícipes; e - Localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. *Redução da pena (1/3 a 2/3) *Pena ser cumprida em regime aberto ou semiaberto *Perdão judicial *Substituição por restritiva de direitos Proteção de Vítimas e Testemunhas (Lei 9.807/99 - arts. 13 e 14) Voluntária - Identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; - Localização da vítima com a sua integridade física preservada; e - Recuperação total ou parcial do produto do crime. *Perdão judicial (primário e requisitos subjetivos do p. ú. do art. 13); *Redução da pena (1/3 a 2/3) (primário ou reincidente e sem requisitos subjetivos do p. ú. do art. 13) Lei de Drogas (Lei 11.343/06 - art. 41) Voluntária - Identificação dos demais coautores ou partícipes; e - Recuperação total ou parcial do produto do crime. Redução da pena (1/3 a 2/3) Organizações Criminosas (Lei 12.850/13 - art. 4°, caput e § 5°) Voluntária - Identificação dos demais coautores e partícipes da OC e das infrações penais por eles praticadas; - Revelação da estrutura hierárquica e divisão de tarefas da OC; Colaboração Antes da Sentença: *Redução da Pena (até 2/3) *Perdão Judicial *Substituição por restritiva de direitos 21 - Prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da OC; - Recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela OC; - Localização de eventual vítima com integridade física preservada. Colaboração Depois da Sentença: *Redução da pena (até a metade) *Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos Seção II Da Ação Controlada Obs.: Também conhecido como flagrante prorrogado, retardado, postergado, protelado, estratégico ou diferido. Art. 8o Consiste a AÇÃO CONTROLADA em retardar a intervenção POLICIAL ou ADMINISTRATIVA relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. § 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será PREVIAMENTE COMUNICADO ao juiz competente que, se for o caso, ESTABELECERÁ os seus limites e COMUNICARÁ ao Ministério Público. AÇÃO CONTROLADA – NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL Lei de Organizações Criminosas NÃO - apenas prévia comunicação (art. 8º, § 1º) Lei de Drogas SIM (art. 52, II) Lei de Lavagem de Dinheiro SIM (art. 4º-B) #INFO - Ação controlada do art. 8º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 exige apenas comunicação prévia (e não autorização judicial). A ação controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de autorização, bastando sua comunicação prévia à autoridade judicial. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677). § 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. § 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será RESTRITO ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. § 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa SOMENTE poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. 22 Seção III Da Infiltração de Agentes INFILTRAÇÃO DE AGENTES Lei de Drogas (art. 53, I) Lei de Organizações Criminosas (arts. 10 a 14) ECA (arts. 190-A a 190-E) Lei de Lavagem de Dinheiro (art. 1º, § 6º) #PAC • Crimes: Tráfico de drogas • Crimes: Organizações criminosas • Crimes: ECA: arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D; CP: arts. 154-A, 217- A, 218, 218-A e 218-B • Crimes: Lavagem de dinheiro • Não prevê prazo máximo • Prazo: 6 meses (podendo ser sucessivamente prorrogada) • Prazo: 90 dias (sendo permitidas renovações, mas o prazo total da infiltração não poderá exceder 720 dias) • Não prevê prazo máximo • Não disciplina procedimento a ser adotado • Só poderá ser adotada se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis (ultima ratio) • Só poderá ser adotada se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis (ultima ratio) • Não disciplina procedimento a ser adotado – É cabível a infração policial virtual (incluído pelo #PAC) • A infiltração de agentes ocorre apenas na internet – Art. 10. A INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA em tarefas de investigação, representada pelo DELEGADO DEPOLÍCIA ou requerida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, que estabelecerá seus limites. § 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, OUVIRÁ o Ministério Público. § 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1o e se a prova NÃO PUDER SER produzida por outros meios disponíveis. (ULTIMA RATIO) § 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade. AGENTE INFILTRADO – CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DURAÇÃO Light Cover Espécie de infiltração mais branda, que não demora mais de 6 (seis) meses, esta modalidade não demanda inserção contínua e permanente, nem tampouco mudança de identidade ou perda de contato significativo com a família, sendo que, a depender do caso concreto, pode se resumir a um único encontro para o recolhimento de elementos de informação acerca das atividades ilícitas desenvolvidas pela organização criminosa. Deep Cover Espécie de infiltrações mais longa, que se prolongam por mais de 6 (seis) meses, necessitando de uma imersão mais profunda e complexa no seio da organização criminosa. Por exigir um detalhamento mais abrangente, esta espécie de infiltração geralmente é feita com a mudança de identidade por parte do policial infiltrado, assim como perda significativa do contato com sua entidade familiar. 23 QUANTO À MANEIRA Preventiva O agente apenas se infiltra para acompanhar o que acontece, sem adotar nenhuma postura ativa, com a finalidade precípua de intervir no momento da ação policial global que for intentada para o desmantelamento da organização. Repressiva O agente atua efetivamente na organização, cometendo condutas ilícitas inerentes à organização de que momentaneamente faz parte. § 4o Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que IMEDIATAMENTE cientificará o Ministério Público. § 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) Art. 10-A. Será admitida a ação de AGENTES DE POLÍCIA INFILTRADOS VIRTUAIS, obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, QUANDO POSSÍVEL, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas. § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, CONSIDERAM-SE: I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. § 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, OUVIRÁ o Ministério Público. § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas NÃO PUDEREM SER produzidas por outros meios disponíveis. (ULTIMA RATIO) § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e apresentados ao juiz competente, que IMEDIATAMENTE cientificará o Ministério Público. § 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. § 7º É NULA a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será RESERVADO ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. 24 Art. 10-C. NÃO COMETE CRIME o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados. Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório circunstanciado. Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em AUTOS APARTADOS e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos envolvidos. INFILTRAÇÃO POLICIAL VIRTUAL ECA (Lei nº 8.069/90) ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (Lei nº 12/850/13) Crimes ECA: arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D; e CP: arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B Crimes de organização criminosas; e Crimes conexos Autorização Judicial Necessária Legitimados Delegado de Polícia Ministério Público Requisitos do Pedido a) Necessidade da medida; b) Alcances das tarefas dos policiais; c) Nome ou apelido das pessoas investigadas; e d) Quando possível, dados de conexão ou cadastrais que permitem a identificação dessas pessoas. Prova Subsidiária Ultima ratio Não será admitida se for possível a obtenção da prova por outro meio Prazo 90 dias (Prorrogáveis até o limite de 720 dias) 6 meses (Prorrogáveis até o limite de 720 dias) Excludente de Responsabilidade Penal Não comete crime o agente policial infiltrado. Obs.: se deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados. Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, QUANDO POSSÍVEL, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes na internet. 25 Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. § 1o As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia,
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