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Osteoartrite: Definição, Epidemiologia e Características Clínicas

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REUMATOLOGIA Talita B. Valente 
ATM 2023A 
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OSTEOARTRITE 
 
DEFINIÇÃO: Perda gradual da cartilagem articular, combinado com 
o espessamento do osso subcondral, osteófitos marginais e 
inflamação sinovial não específica crônica. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
• Doença mais prevalente do sistema articular. 
• Idade: incomum antes dos 40 anos e mais frequente > 60 anos. 
 
 
 
 
 
ETIOPATOGENIA: 
• Não resulta de uma causa única 
• PRIMÁRIA: Fatores como idade, hereditariedade, fatores endócrinos e metabólicos, trauma e inflamação. 
• Parentes de 1º grau tem risco 2-3x maior 
• SECUNDÁRIA: Início a partir da própria cartilagem (origem genética), membrana sinovial (AR) ou do osso 
subcondral (Paget) 
o Desorganização da estrutura cartilaginosa: 
§ Genética: condrodisplasias 
§ Acúmulo de produtos bioquimicos ou sanguíneos: ocronose, hemocromatose, Wilson, 
hemofilia 
§ Distúrbios osteometabólicos: DM, acromegalia... 
§ Cristais: gota, pseudogota 
§ Sinovite inespecifica: trauma/corpo estranho/imunolog. 
§ Sinovite hiperplásica: AR 
§ Ação mecânica aguda ou crônica: Charcot/ trauma postural 
o Desestrutura óssea ou do alinhamento articular: 
§ Aumento da densidade do osso subcondral: Paget, osteopetrose, trauma 
§ Necrose óssea: necrose asséptica – começa com necrose colo de fêmur. 
§ Defeito do desenvolvimento: displasia congênita do quadril (legg calvet); epifisiólise da cabeça 
femoral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATORES DE RISCO: 
• Aumento da idade 
• Sexo feminino 
• Predisposição genética 
• Obesidade 
• Trauma antigo 
• Doença congênita óssea a articular 
• Artrite precedente 
• Doença encrinometabólica 
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CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• DOR – principal motivo e deformidades (causa estética) 
• Sem sinais sistêmicos – não afeta nenhum órgão quando a artrose é “sozinha” 
• Instalação insidiosa e progressiva para incapacidade mínima ou grave 
• Secundária: pode ser �mono ou oligoarticulares 
• Primária: podem ser �poliarticulares, OA generalizada, nodal, nodal erosiva, condromalácia de patela 
o Predileção no sexo feminino: mãos/joelhos; e no masculino: coxofemorais 
o Coluna cervical, lombar, joelhos e mãos, coxofemorais e pés são os locais + comuns 
o Mais raros: punhos (comum na artrite*), cotovelos, ombros e tornozelos 
 
PADRÃO DE DOENÇA E SUBDIVISÕES: 
• Presença ou não de uma causa óbvia -> OA 1ª ou 2ª 
• OA localizada X generalizada (distribuição e número de articulações) 
• OA hipertrófica X atrófica e presença ou não de DISH (vários osteófitos na coluna dorsal) 
• OA inflamatória 
• Condrocalcinose (artropatia por pirofosfato), artropatia associada a apatita (deposição de cristal de fosfato de 
Cálcio). 
• OA rapidamente progressiva 
• Artropatia neupática (articulação de Charcot) 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Artralgia que piora com atividade – coluna é um exemplo 
• Rigidez matinal breve e autolimitada (30min a 1h) 
• Crepitação (sensação de ranger ao movimento) 
• Aumento ósseo na margem articular 
• Sensibilidade à palpação sob articulação 
• Líquido sinovial não inflamatório 
• VSG normal para idade 
• Evidência radiográfica de osteoartrite 
• Teste sorológico – para FAN e FR constumam ser negativos na OA primária. 
 
Achados laboratoriais: 
• Hmg completo 
• Reagentes de fase aguda- OA inflamatória 
• Auto-anticorpos de triagem (FR, FAN) - se indicado 
 
Rx: 
• Redução do espaço articular = � diminuição da espessura da 
cartilagem progressiva 
• Esclerose óssea subcondral � = eburneação do osso 
subcondral nas áreas de destruição da cartilagem 
• Osteófitos = remodelagem óssea com hiperplasia marginal, 
formação de osteófitos e irregularidades nas superfícies 
articulares. 
• Pseudocistos �= rarefação óssea, com áreas “cisticas” 
 
Exames especiais: 
• Artrocentese: (coleta do líquido sinovial) 
o Leucócitos < 1000/m3, se acima de 1000/m3 
investigar artrite inflamatória 
o Útil para diagnóstico diferencial: cristais gotosos, 
pseudogota. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Artrite reumatóide 
• Artrite psoriásica 
• Gota 
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• Distúrbios secundários: doenças congênitas de quadril; transtornos inatos do tec. Conjuntivo (Sind. Ehlers 
Danlos, Marfan); traumática, dist. Metabólicos (hemocromatose, D. Wilson, Ocronose, história de 1 articulação 
séptica); pós-inflamatória (artrite reumatóide subjacente); 
• Osteoartrite generalizada 
 
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO 
• Objetivo: controle da dor, melhora da função, diminuição da incapacidade e o aumento da qualidade de vida 
saudável 
• Programa equilibrado de exercícios e repouso: atividades aeróbicas, exercícios de resistência e educação + 
dieta 
• Dispositivos de auxílio/órteses: bengala, palmilhas e calçados flexiveis, andador adequadamente utilizados; 
fitas adesivas ou joelheiras fenestradas 
• Reforço do quadríceps + aeróbica => joelho 
• Joelheira de neoprene: OA de joelhos, deformidade em varo e dor 
• Perda de peso: OA de joelhos e quadril 
 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
• Dores leves: 
o Dipirona 1g, 3-4 x ao dia 
o Paracetamol de 500/750/1000 mg 3-4x/dia 
• Dores moderadas a severas e sinais de inflamação: 
o AINE (COX-2 seletivo, ou não-seletivo) 
o Não existe diferença de eficácia entre os seletivos e os não-seletivos; 
o Uso de 2 ou + AINE apenas > toxicidade 
o Monitorizar efeitos colaterais (PA, hemograma, função renal e hepática, urianálise, sangue oculto nas 
fezes) a cada 4 – 6 meses 
o Risco de sangramento no TGI pode ser reduzido com COX-2 seletivos, porém devemos atentar para 
risco CV 
o O Guideline ACR 2000 recomenda uso de misoprostol ou inibidor da bomba de prótons + AINE nos 
pacientes com risco aumentado de afeito adverso no TGI 
o Associação com acetominofem pode ser mais efetiva 
• OA severa e dor refratária a analgesia não-narcótica e medidas não-farmacológica: 
o Medicação analgésica narcótica. 
o Tramadol (potência média) e codeína (potência fraca) 
o Usar menos dose possível e combinada com analgésicos comuns. 
 
Terapia farmacológica localizada: 
• Infiltração de corticóide pode reduzir a dor 
• Não pode ser repetida + 3 vezes no ano, na mesma articulação 
• Não deve ser considerada como a 1ª forma de terapia, mas em conjunto com trat. farmacológico e não-farmac. 
• Acido hialurônico intra-articular 
• Capsaicina tópica: algum alívio de dor em mãos e joelhos (3 – 4 x/dia) 
 
Outros fármacos anti-artrósicos: 
• Fármacos de ação lenta: Diacereína 
• Sulfato de glicosamina e condroitina (joelhos, coxofemoral e erosiva nas mãos), estratos não saponificados de 
soja e abacate (joelho e quadril), hidorxicloroquina (OA erosiva nas mãos), ranelato de estrôncio. 
• Doxiciclina - Inibe expressão de óxido nítrico. 
• Hidrolisados de colágeno - sem grau de evidência suficiente mas costuma-se prescrever pois alguns 
pacientes tem melhora. 
• PLP: plasma rico em plaquetas (estudo). (medicina esportiva) 
• Ação lenta na inflamação: HQN, SSZ, MTX 
• Duloxetina (OA de joelhos) 
 
CIRURGIA 
• OA avançada, com dor severa e redução funcional 
• Substituição é altamente efetiva, principalmente em joelhos e quadris 
• Evitado em jovens 
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• Osteotomia: ajuda a diminuir a tensão compartimental, em joelhos sem OA severa, prevenindo a progressão 
da doença 
• Achados recentes sugerem que a artroscopia meniscal para debridamento, não traz resultados na OA de 
joelhos 
 
COMPLICAÇÕES AGUDAS 
• Artropatia microcristalina(mãos e joelhos) 
• Gota; pseudogota 
• Osteonecrose espontânea de joelho 
• Ruptura de cisto de Baker 
• Bursite anserina, trocantérica 
• Ruptura sintomática do menisco

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