Buscar

APOSTILA JUIZADOS ESPECIAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIPAC 
Universidade Presidente Antônio Carlos 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL DE 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
E JUIZADOS ESPECIAIS 
Profa. Lívia Giacomini 
 
 
 
2020 
P á g i n a | 2 
 
 
 
 
PARTE 1: PROCEDIMENTOS 
ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P á g i n a | 3 
 
DO DIVÓRCIO E DA SEPARAÇÃO CONSENSUAIS, DA EXTINÇÃO CONSENSUAL DA UNIÃO ESTÁVEL E DA 
ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS DO MATRIMÔNIO 
 
Esta Seção é tratada nos arts. 731 a 734 do NCPC. 
O procedimento em questão é desprovido de caráter litigioso e ocorre quando há acordo entre as partes 
para a dissolução do matrimônio. 
Ressalta-se que o magistrado simplesmente homologará o pedido tendo como base o preenchimento dos 
requisitos elencados no art. 731: disposições relativas à descrição e partilha dos bens comuns, pensão 
alimentícia entre os cônjuges, acordo sobre a guarda dos filhos incapazes e valor da contribuição para estes. 
O NCPC não menciona a obrigatoriedade de ouvir os cônjuges ou em realizar uma AIJ. 
PARTILHA POSTERIOR 
Caso não ocorra acordo neste momento sobre a partilha dos bens do casal, esta poderá ser realizada 
posteriormente em ação apartada. 
UNIÃO ESTÁVEL 
Os mesmos procedimentos e requisitos propostos para a separação e divórcio consensuais, aproveita-se 
para a união estável. 
ESCRITURA PÚBLICA 
Quando não há a existência de filhos incapazes, a separação ou divórcio consensuais bem como a dissolução 
da união estável poderá ser realizada através de escritura pública e conforme o que preleciona o art. 733 
não se faz necessária a homologação judicial. 
Neste caso, a presença do advogado se faz obrigatória, devendo conter sua assinatura na escritura pública. 
ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS 
O art. 734 apresenta quais são os requisitos para que os cônjuges possam solicitar a alteração de seu regime 
de bens, devendo apresentar petição motivada assinada pelos dois e instruída pelos documentos 
necessários para a homologação do Juiz. Nesta situação, o MP deverá ser intimado e atuar como fiscal da 
Lei. 
 
TESTAMENTOS E CODICILOS 
Antes de iniciarmos as especificidades deste instituto se faz essencial analisarmos alguns conceitos: 
TESTAMENTO: ato pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens para depois de sua morte, ou faz declarações 
de última vontade. (Caio Mário) 
P á g i n a | 4 
 
CODICILO: documento datado e assinado por uma pessoa, com disposições acerca de seu funeral, pequenas 
esmolas e legados de roupas, móveis, jóias de pequeno valor de seu uso pessoal. 
OS TESTAMENTOS PODERÃO SER: público, cerrado, particular, marítimo, aeronáutico e militar. 
Os procedimentos elencados nos arts. 735 a 737 do NCPC destinam-se a efetivar as disposições de última 
vontade. Destinam-se a: 
1. Conhecer as disposições de última vontade do morto 
2. Analisar a regularidade formal dos atos e; 
3. Cumprir as disposições. 
 
TESTAMENTO CERRADO: 
Escrito pelo próprio testador e entregue ao tabelião na presença de 2 testemunhas. 
O Juiz verifica o lacre do testamento, realizando a abertura e determinando ao escrivão que realize sua 
leitura. 
Determinará a lavratura do auto de abertura, devidamente assinado pelo Juiz e pelo apresentante, 
mencionando a data e lugar da abertura, nome do apresentante, o modo pelo qual obteve o testamento, 
data e lugar do falecimento, bem como qualquer outra circunstância. 
Ouve-se o MP, estando em ordem o testamento, profere-se a sentença, mandando registrar, arquivar e 
cumprir. 
Intima-se o testamenteiro para que assine o termo de compromisso, após o que lhe será entregue o 
testamento para ser cumprida e para que proceda-se com o inventário e partilha de bens de acordo com o 
testamento. Se não houver testamenteiro nomeado,o Juiz designará na seguinte ordem: cônjuge, qualquer 
um dos herdeiros, ou estranho nomeado pelo Juiz. 
 
Observações: 
 
 
 
 
 
TESTAMENTO PÚBLICO 
 
P á g i n a | 5 
 
Realizado pelo tabelião em livro de notas. 
Qualquer interessado pode requerer seu cumprimento ao Juiz, apresentando a certidão do testamento. 
Ouve-se o MP, estando em ordem, profere-se a sentença determinando seu cumprimento. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 
 
 
 
 
 
 
 
TESTAMENTO PARTICULAR 
 
Não é registrado em cartório e necessita da confirmação em Juízo. 
Qualquer herdeiro, legatário ou testamenteiro apresentará e requererá a publicação do testamento 
particular em juízo. 
O Juiz designa audiência para ouvir as testemunhas do testamento, devendo-se intimar os herdeiros 
necessários, legatários e o MP. 
Inquiridas as testemunhas, abre-se o prazo de 5 dias para manifestação dos interessados. 
Havendo confirmação do testamento por ao menos uma das três testemunhas, convencendo-se o Juiz, o 
mesmo mandará, por sentença, cumpri-lo. 
OBSERVAÇÕES: 
 
 
 
P á g i n a | 6 
 
O PROCEDIMENTO PREVISTO PARA O TESTAMENTO PARTICULAR APLICA-SE TAMBÉM AOS TESTAMENTOS 
MARÍTIMOS, AERONÁUTICOS, MILITAR E CODICILOS. 
 
 
HERANÇA JACENTE (ARTS. 738 A 743) 
 
A herança jacente é constituída pelos bens deixados pelo finado, testado ou intestato, de quem não ficaram 
herdeiros conhecidos. 
Tendo alguém falecido sem deixar herdeiros ou se os herdeiros renunciarem à herança, estar-se diante de 
um caso de herança jacente. 
Depois de preenchidos certos requisitos, os bens do espólio se transmitirão ao Município onde os mesmos 
estiverem localizados. Estando localizados em territórios federais, passam a integrar o patrimônio da União. 
Quando esta é caracterizada, cabe ao Juiz além da sua declaração, a arrecadação dos bens do ausente e a 
nomeação de um curador que guardará, administrará e conservará o acervo. 
A remuneração do curador se dá conforme previsão dos arts. 159 a 161 do NCPC. 
O oficial de justiça, acompanhado do curador e do escrivão, deverá arrolar os bens e descrevê-los em auto. 
Após a realização da arrecadação, o Juiz ordena a expedição do edital para dar publicidade ao ato. O prazo 
para que esta seja considerada jacente é contada 1 ano após a publicação do edital. 
 
BENS DO AUSENTE (arts. 744 e 745 NCPC) 
 
Procedimento destinado a proceder a arrecadação dos bens da pessoa ausente, ou seja, aquela 
desaparecida, declarada como tal por ato judicial. 
Conforme preleciona o art. 22 do CC: desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se 
não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o Juiz, a 
requerimento de qualquer interessado ou do MP, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
Arrecadação → publicação de editais → findo o prazo (1 ano) → abertura da sucessão provisória → citação 
dos herdeiros e curador → conversão de provisória em definitiva. 
 
INTERDIÇÃO (ARTS. 747 A 758) 
 
P á g i n a | 7 
 
A legitimidade da interdição se dá: pelo cônjuge ou companheiro, parentes ou tutores, representante da 
entidade que abriga o interditando, pelo MP (somente em casos excepcionais elencados no art. 748). 
Este procedimento possui como finalidade a declaração total ou parcial da capacidade de determinada 
pessoa para a prática dos atos da vida civil, devendo ser nomeado um curador que representará ou assistirá 
o interditado. 
O art. 1767 do CC define aqueles que são passíveis de interdição: por enfermidade ou deficiência mental não 
tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil, aqueles que não puderem exprimir sua 
vontade, os deficientes mentais, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os excepcionais sem completo 
desenvolvimento mental, os pródigos. 
Deverá ser apresentado o laudo médico inicial ou a justificativa por sua ausência. 
O interditando deverá ser entrevistado → produção de prova pericial → sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P á g i n a | 8 
 
 
PARTE 2: 
JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS 
 
 
 Este material baseia-se na compilação e seleção de diversas obras jurídicas. Os doutrinadores aqui utilizados bem como 
suasreferências encontram-se listados na p.120. Ressalta-se que a apostila deve ser explorada como roteiro de estudo, 
sendo a análise das respectivas obras indispensáveis. 
 
 
P á g i n a | 9 
 
 
 
UNIDADE 01 – OS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ESTADUAIS 
Capítulo 1 - Introdução 
1.1 As ondas de acesso à Justiça e os Juizados Especiais 
 
Os Juizados Especiais são considerados como parte integrante do Poder Judiciário com destaque para sua 
atuação junto ao cidadão que espera a resolução de sua demanda judicial, sem a complexidade e 
morosidade dos meios advindos da justiça convencional. 
Grande é o estímulo por parte destes Juizados para que os litígios se resolvam em conciliação entre as partes 
envolvidas. 
 
A Ciência Processual alcança uma fase de mutações e evoluções, onde o cidadão espera a concretização de 
uma Justiça que apresente resultados. 
 
➔ Trilogia Estrutural: Ação, Jurisdição e Processo 
Diante desta trilogia novas perspectivas surgem ao seu entorno fazendo com que a instrumentalidade do 
Direito seja conduzida à urgência e rapidez na resolução das chamadas “pequenas causas”. 
Segundo Antônio Pereira Gaio Júnior “o Direito (aqui o processo) deve ser instrumento a tornar as pessoas 
mais felizes ou menos infelizes”. 
 Ainda segundo o referido autor, em um sentido mediato, a serventia da norma jurídica em sua dinâmica é o 
convívio social harmônico, no entanto há de vir esta acompanhada da perspectiva social do aludido convívio, 
de forma a viabilizar condições de melhoria nas relações socioeconômicas e estruturais nas mais variadas 
dimensões, seja cidadão-cidadão; cidadão-Estado; Estado-cidadão; Estado-Estado etc. 
 
No que tange às ondas de acesso à Justiça é importante citarmos aqui a noção sobre o termo “Justiça 
Coexistencial”. 
Na visão de Mauro Cappelletti, grande propagador deste termo tem-se, pois, uma justiça onde os litígios 
podem ser resolvidos pelas próprias partes envolvidas, estas utilizando-se de seus próprios valores e visando 
à resolução do caso e a preservação do bom relacionamento social. 
P á g i n a | 10 
 
Assim, com a aplicação da Justiça Coexistencial, contraposta à noção clássica e pura de justiça, desenvolvem-
se meios alternativos para a solução de litígios, visando à celeridade e manutenção do convívio social e 
estimulando-se uma conciliação. 
 
As Causas Cíveis de menor complexidade e os Juizados nos Estados e no Distrito Federal: 
É importante compreendermos, conforme nos afirma Chimenti que é a real complexidade probatória que 
afasta a competência dos Juizados Especiais dos Estados. Sabemos que os Juizados abrangem causas de 
pequena complexidade, a partir do momento que o litígio se afasta da conciliação, exigindo intricada prova, 
o processo deve ser extinto e as partes encaminhadas para a Justiça Comum, conforme art. 51, II da Lei. 
 
1.2 Principais objetivos dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: 
 
❖ Acessibilidade de Justiça a todos; 
❖ Eficácia e rapidez na resolução de litígios; (procedimento com audiência una e concentrada, 
evitando-se as decisões de cunho interlocutório) 
❖ Conciliação entre as partes; 
❖ Estímulo ao acordo e incentivo ao bom relacionamento social; 
❖ Simplicidade; 
❖ Oralidade; 
❖ Economia Processual. (aspectos procedimentais e pecuniários) 
 
1.3 Fundamentação Normativa 
 
Lei n. 9099/95 
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no 
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas 
causas de sua competência. 
 Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia 
processual e celeridade, buscando, sempre que possível a conciliação ou a transação. 
 
Art. 24 CF/88, X: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas. 
 
P á g i n a | 11 
 
Art. 98 CF/88. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o 
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a 
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 
 
OBS: Em nossa disciplina muito vamos falar em Juiz Leigo e Juiz Togado, você sabe a diferença? 
O Juiz leigo possui formação em Direito, porém não é Juiz de Direito aprovado em concurso para 
magistratura, ele deve possuir no mínimo 5 anos de experiência como advogado. Possui como funções, 
conciliar, instruir, arbitrar e conduzir o processo, enquanto o Juiz Togado homologa a sentença. 
(estudaremos com mais detalhes à frente na parte de conciliação e juízo arbitral) 
 
1.4 Princípios Informativos e Norteadores 
 
Analisemos o art. 2 da Lei 9099/95: 
“O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e 
celeridade, buscando sempre que possível a conciliação ou a transação”. 
Vejamos cada um desses princípios segundo a visão de Antônio Pereira Gaio. 
 
Princípio da oralidade: justificador da própria natureza dos atos e destinação dos fins de tal modalidade 
procedimental, dotada de perfil informal quanto à solicitação da prestação jurisdicional, tendo como 
conseqüência lógica e natural, portanto, a prevalência da forma oral. 
 
Princípio da economia processual: pautado na idéia de conceder às partes o máximo de resultado com o 
mínimo de esforço ou esmero formal nas formas processuais. 
 
Princípio da informalidade, simplicidade e celeridade: se mira em uma justiça voltada, sobretudo, à 
celeridade dos conflitos e destinada ao leigo a simplicidade no processamento e a informalidade dos atos, 
devendo estes inclusive, sobreporem a qualquer exigência de conotação formalista sem que se justifique. 
 
Algumas abreviaturas: 
JEC – Juizado Especial Cível 
JECrim – Juizado Especial Criminal 
JIC – Juizado Informal de Conciliação 
P á g i n a | 12 
 
RJE – Revista dos Juizados Especiais 
FONAJE – Fórum Nacional dos Juizados Especiais 
 
 
 
Capítulo 2 – Competência dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais 
 
Convivendo-se em sociedade é natural o surgimento de determinados conflitos e insatisfações sociais, 
causando certa desarmonia entre os indivíduos. 
É importante destacarmos que o Direito objetivo proporciona a estes indivíduos a solução desses conflitos. 
Direito Processual → instrumentaliza a materialização desses direitos. 
Assim, segundo Roberto Almeida, pode-se concluir que: o direito possui dupla dimensão; estabelece as 
normas de conduta (direito objetivo) e, ao mesmo tempo, serve como instrumento para a solução dos 
litígios existentes (direito processual). 
 
Denomina-se jurisdição uma das expressões do poder estatal, caracterizando-se este como a capacidade 
que o Estado tem, de decidir imperativamente e impor decisões. O que distingue a jurisdição das demais 
funções do Estado (legislação, administração) é precisamente, em primeiro plano, a finalidade 
pacificadora com que o Estado a exerce. 
 
Destaca-se a importância do papel do Estado no exercício da jurisdição: 
- Prevenir; 
- Compor litígios dentro da sociedade; 
- Evitar a banalização da autotutela. (Modalidade de solução dos litígios pela imposição da vontade 
individual do litigante mais forte ou mais astuto sobre o mais fraco) 
 
Competência: surge para exercer a jurisdição nos limites impostos pela lei. 
Juizados Especiais: Lei 9099/95 (Estaduais) e Lei 10259/01 (Federais). 
 
P á g i n a | 13 
 
Como já estudado em aula anterior, sabemos que os Juizados Especiais foram criados para dirimir causas 
que envolvam um menor valor e causas de menor complexidade viabilizandouma maior celeridade 
processual e zelando pelo devido processo legal. 
 
2.1 Quanto ao valor da causa 
 
A despeito da competência nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, cabe realizarmos uma leitura atenta do 
art. 3 da Lei 9099 de 95. A análise deste artigo deve ser feita por partes, vejamos: 
O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de 
menor complexidade, assim consideradas: 
 
I – as causas cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo; 
Este é o primeiro critério adotado (valor da causa) quando da competência dos juizados especiais cíveis, 
visto que a estes se destina causas consideradas de menor complexidade. 
 
Gaio a Júnior possui uma interessante opinião a despeito da existência de entendimentos que apontam, de 
forma genérica a possibilidade de dentro das causas definidas em abstrato como de menor complexidade, 
ocorrer hipóteses que demandem complexidade probatória tal que se não compatibiliza com a 
simplicidade e celeridade do Juizado Especial discordamos de tal caráter generalista. 
Ora, se o respeito à simplicidade e celeridade devem ser consideradas como se sagradas fossem, o 
declamado acesso ao judiciário pela via menos onerosa para o próprio cidadão comum e em procedimento 
informal, mas qualificador de melhor satisfação jurisdicional para sua pretensão devem também ser 
preservados, de modo que a razoabilidade do julgador diante do caso concreto, demonstrando viva 
experiência na contenda é inequivocadamente o porto seguro. 
 
Diante desse posicionamento do autor conclui-se que um dos parâmetros decisórios para que uma causa 
seja considerada de menor complexidade é sua simplicidade probatória. 
É importante fixar que nossa legislação não proíbe expressamente o ajuizamento de causas com provas 
complexas, porém é totalmente imprudente e incompatível com o real objetivo dos Juizados Especiais. 
Portanto, o conveniente é que quando há a ocorrência desses casos deve-se extinguir o feito sem a 
resolução de mérito para que o jurisdicionado dirija-se à Justiça Comum para a resolução de seu problema. 
Faz-se necessária a leitura do art. 6 da aludida lei: o juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais 
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum. 
P á g i n a | 14 
 
 
OBS: Causas com valor até 20 salários mínimos: sem o advogado. 
 Causas com valor até 40 salários mínimos: com o advogado. 
 
Há, porém, causas que a aferição do valor é de difícil obtenção, podendo o demandante fixá-lo livremente 
para posteriormente o juiz arbitrar de forma devida. 
Em certos casos por mais que o valor da causa seja correspondente ao valor-teto dos Juizados Especiais, a 
complexidade em sua resolução não é compatível com o seu ingresso nesses, tomando-se como exemplo: 
as causas que envolvam a falência, alimentos, interesses da Fazenda Pública, acidentes de trabalho, 
procedimentos especiais. 
 
2.2 Quanto à matéria 
 
Os incisos II e III da Lei tratam a competência dos Juizados Especiais Cíveis em razão da matéria, vejamos: 
II – as enumeradas no art. 275, inciso II do CPC; (ART. 1063 NCPC) 
São elas: 
• Arrendamento rural e parceria agrícola; 
• Cobrança de condomínio de quaisquer quantias devidas ao condomínio; 
• Ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
• Ressarcimento por danos causados em acidente de veículo via terrestre; 
• Cobrança de seguro, relativamente causados em acidente de veiculo, ressalvados os casos de 
processo de execução; 
• Cobrança de honorários dos profissionais liberais ressalvado o disposto em legislação especial; 
• Que versem sobre a revogação de doação; 
• Em demais casos previstos em lei 
 
O artigo supracitado (art. 3) define ainda como competência dos Juizados Especiais Cíveis: 
III – a ação de despejo para uso próprio; 
IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 
(interdito proibitório, reintegração e manutenção de posse) 
*O inciso IV é considerado como critério misto, pois se determina matéria e valor conjuntamente. 
 
Dando continuidade a análise do artigo: 
P á g i n a | 15 
 
 § 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: 
 I - dos seus julgados; 
 II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o 
disposto no § 1º do art. 8º desta Lei. (São títulos executivos extrajudiciais a escritura pública ou outro 
documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas 
testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou 
pelos advogados dos transatores) 
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, 
fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos (direito 
sucessório) e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. 
Para finalizar: 
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite 
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação. 
 
Muitas vezes o indivíduo visando a obtenção da resolução do seu litígio com maior celeridade ingressa nos 
Juizados Especiais com um objeto que ultrapassa o valor permitido. 
Quando isso ocorre tem-se um caso de renuncia dos valores excedentes pelo demandante. 
 
Para que essa renuncia repute-se perfeita faz-se necessária a homologação do juiz. 
Antes desta homologação o juiz deve orientar o demandante sobre esta questão de renunciar ao valor 
excedente. 
Chimenti destaca que nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais é possível a renúncia ao crédito superior a 40 
salários mínimos. Mas nas causas de valor superior a vinte salários mínimos é obrigatória a presença do 
advogado. 
 
Quanto ao Território – Foro competente 
 
A competência territorial afeita ao Juizado Especial é expressamente definida pelo art. 4 da sempre citada 
Lei n. 9099/95. 
A regra geral é da competência do foro do domicilio do réu. 
A critério do autor poderá a ação ser proposta também em um dos foros tidos como especiais: 
- foro do local onde o réu exerça atividades profissionais ou econômicas, ou mantenha estabelecimento, 
filial, agencia sucursal ou escritório. 
P á g i n a | 16 
 
- foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita. 
- foro do domicilio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para ressarcimento de danos de qualquer 
natureza. 
 
A escolha entre esses foros tidos como especiais é livre para o demandante, não havendo aí ordem de 
preferência entre os mesmos. 
 
Obs: a lei não traz qualquer regra especial quanto ao foro competente para as ações relativas a bens 
imóveis, tal como se observa no juízo comum, portanto deverá o autor, em tais casos, seguir a regra geral, 
ou seja, o domicilio do réu. 
- No âmbito dos Juizados Especiais a incompetência territorial levará o processo à sua extinção sem 
resolução de mérito. 
- Sumula 33 STJ: a incompetência deve ser suscitada pelo demandado, não podendo assim o juiz declará-la 
de ofício. 
 
 
 
 
Capítulo 3 – Sujeitos do processo nos Juizados Especiais Cíveis 
3.1 Composição dos Juizados Especiais 
 
Introdução: 
 
Segundo Gaio Júnior, a composição do Juizado Especial se faz por um juiz togado (Juiz de Direito), pelos 
serventuários da Justiça (escrivão, escrevente, oficiais de justiça, etc.) bem como por conciliadores e juízes 
leigos. (art. 7) 
De acordo com a lei 9099 para exercer a função de conciliador recomenda-se que a escolha recaia 
preferencialmente entre bacharéis em direito, devido a natureza da função a ser exercida e seu conteúdo. 
Já os juízes leigos possuem como requisito a necessária experiência temporal, ou seja, mais de 5 anos de 
advocacia. 
P á g i n a | 17 
 
Cabe à leilocal estabelecer o modelo que será empregado para escolha desses conciliadores e juízes leigos. 
É importante frisar que tais investiduras são temporárias, devendo ser estabelecido seu critério de 
remuneração ou gratuidade. 
 
OBS: no que tange aos juízes leigos, por serem advogados, a lei estabelece que estes estão impedidos de 
exercerem a advocacia perante os Juizados Especiais, nada que impedindo que a exerça em Justiça 
Ordinária. 
 
Órgão Judicante 
 
Caberá ao Juiz Togado, também chamado de órgão judicante, direcionar e julgar o processo em todas as 
suas fases. 
É permitido que estes possuam liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e 
para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica, não custando reafirmar aqui o papel do 
Estado (além das partes) como principal interessado na solução da controvérsia. 
 
Regras de Experiência: são valores que o juiz extrai da convivência profissional e social, não para redigir ou 
alterar a norma legal, mas para analisar o fato sobre o qual a regra abstrata irá incidir, para interpretá-lo 
segundo a explicação social, política e ideológica. 
 
Processo Civil tradicional → apenas para suprir lacunas 
Processo nos Juizados Especiais → rotina 
 
Destaca Humberto Theodoro Jr. que entre o juiz e as partes não se estabelece uma contraposição nem um 
clima de opressão. O que se deseja é o equilíbrio e, sobretudo, a colaboração. 
O Juiz deve utilizar a “equidade” em seu julgamento, ou seja, proceder a escolha de teses que mais se 
coadunem com a indispensável justiça no caso concreto. 
 
Juizes Leigos e Conciliadores: 
 
A Lei 9099 prevê em seu texto a presença de figuras auxiliares nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais com o 
fito de salvaguardar seus principais objetivos: conciliação e transação. 
P á g i n a | 18 
 
Ambos auxiliares participam dos conflitos, orientando e estimulando as partes, destacando as vantagens 
obtidas pela pacificação, apontando os riscos e as conseqüências dos litígios. 
Importante se faz destacarmos que a parte conciliatória é fundamentalmente papel do Juiz Togado, 
prevendo a LJE em seu art. 22 que a conciliação será conduzida por este magistrado diretamente ou pelo 
conciliador e juiz leigo sob sua orientação. 
 
Procedimentos: 
 
- Quando há a possibilidade de conciliação por qualquer um dos auxiliares da Justiça ou mesmo pelo Juiz 
Togado, obtido o sucesso desejado da mesma na composição do conflito será ela reduzida a termo, 
recebendo a exibida homologação do juiz togado mediante sentença dotada de força de titulo executivo. 
- Quando não há a possibilidade de conciliação encerrada se dá a fase conciliatória inicial e com ela, 
notadamente a tarefa do conciliador. Em fase posterior, a instrutória, destinada a regular instrução e 
julgamento da lide, poderá conduzi-la o juiz togado ou mesmo o juiz leigo, este desde que supervisionado 
por aquele. 
- Daí uma vez a fase instrutora sendo dirigido pelo magistrado togado, em respeito aos princípios da 
identidade física do juiz e da imediatidade, caberá a ele prolatar a sentença meritória da causa. 
- Sendo o juiz leigo aquele a quem coube a atividade dirigente relativa à instrução probatória da demanda, a 
ele incumbirá o ato de proferir a sentença, esta que tem de ser submetida à homologação imediata do juiz 
togado. (art. 40) 
 
São alternativas cabíveis ao Juiz Togado: 
a) Homologar a decisão proferida pelo Juiz Leigo; 
b) Proferir outra decisão em substituição àquela realizada pelo Juiz Leigo; 
c) Antes de qualquer manifestação acerca do ato decisório, determinar a realização de atos 
probatórios indispensáveis à demanda. 
 
3.2 As Partes 
 
A capacidade das partes é pressuposto processual de validade das ações que tramitam perante os Juizados 
Especiais Cíveis dos Estados. 
Analisando o art. 8 da Lei 9099 temos que nos Juizados dos Estados, não poderão ser partes (autor e réu): 
- O incapaz; 
- O preso; 
P á g i n a | 19 
 
- As pessoas jurídicas de Direito Público; 
- As empresas públicas da União; 
- A massa falida; 
- O insolvente civil. 
 
Observações: 
Espólio: apesar de não ser considerado pessoa física, vem sendo admitido tanto no pólo ativo como no 
passivo das ações de competência do Juizado. 
Condomínios: para Luiz Claudio Silva “Os condomínios devem ser admitidos a reclamar no Juizado Especial 
Cível, mesmo porque estão constantemente se defendendo nesse órgão jurisdicional em ações que lhe são 
propostas pelos próprios condôminos. A admissibilidade de o condomínio postular perante o órgão acima é 
em beneficio dos próprios condôminos, pois quando o condomínio necessita de reclamar em juízo, as 
despesas com advogado e custas processuais são rateadas entre os mesmos. 
Sociedades de economia mista: o Supremo Tribunal Federal, através da Súmula nº 556, fixou a competência 
da Justiça comum para julgar as causas em que figure como parte esse tipo de sociedade. Portanto, não há 
nenhum óbice para que sociedade de economia mista figure no pólo passivo das ações de competência do 
Juizado Especial Cível. 
 
O mesmo artigo faz uma alusão sobre quem pode propor ação nos Juizados Especiais Cíveis: 
 
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; 
 
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas 
de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; 
Nesse caso, é importante ressaltar que a microempresa deverá comprovar sua qualificação 
tributária atualizada. 
 
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, 
nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9790.htm
P á g i n a | 20 
 
Podem se qualificar como OSCIP, as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde 
que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias que atendam aos requisitos instituídos 
na Lei 9790/99. 
 
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 
de fevereiro de 2001. 
O microcrédito tem por finalidade prover recursos àqueles que normalmente não tem acesso às 
linhas de crédito do sistema financeiro convencional e criar e implantar uma política de 
desenvolvimento que possa contemplar a imensa massa de trabalhadores da economia informal, 
de modo a combater a exclusão e produzir riqueza. 
Em suma, a Lei 9099/95 está voltada aos jurisdicionados que não tem acesso habitual à justiça civil, 
seja pelo alto custo dos processos, seja pela demora na solução de litígios. Nesse diapasão, pode-se 
afirmar que a Lei dos Juizados Especiais tem identidade de propósitos com as outras duas normas 
aludidas (Lei nº9790/99 e Lei nº10194/01), haja vista que, ao facultar o microcrédito àqueles que 
não tem acesso ao sistema creditício formal, dirige-se exatamente para o mesmo público alvo e 
com objetivo de garantir um dos pressupostos do exercício da cidadania plena. 
 
 
 
Capítulo 4 – Atos Processuais 
 
4.1 Os atos processuais e sua forma 
A prática dos atos processuais nos Juizados Especiais, ganha especial atenção visto que possuem como 
objetivo preservar o sentido prático e sumaríssimo desejado por essa via jurisdicional. 
Algumas considerações devem ser assinaladas para um melhor entendimento desta fase: 
- São públicos todos os atos processuais praticados em tal juizado; 
- Em casos dispostos nas leis de organização judiciária serão permitidas atividades noturnas; 
- Deve-se observar atentamente aos princípios estudados no artigo 2 da LJE (oralidade, simplicidade, 
informalidade, economia processual e celeridade); 
- Os atos são considerados como válidos desde que preencham as finalidades para os quais foram realizados; 
- Não será pronunciada nenhuma nulidade processualsem que efetivamente tenha ocorrido o prejuízo. 
→ Destaque para o art. 13 da LJE 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
P á g i n a | 21 
 
Importante se faz ressaltarmos que o legislador ordinário possui especial atenção acerca da correta 
instrumentalidade das formas, escopo inerente ao processo civil de resultados, nada custando reafirmar a 
verdadeira virtude do processo, não como um fim em si mesmo, mas e muito mais, como instrumento hábil 
e efetivo na busca pela satisfação do direito subjetivo, de todo e qualquer modo inadimplido. 
 
OBS: A LJE, em muito adiante de seu tempo, logrou a liberdade na forma de comunicação dos atos 
processuais entre comarcas por qualquer meio (idôneo). 
Com isso, por exemplo, em casos de carta precatória é de conhecimento de todos, a necessidade de 
observar os preceitos formais estabelecidos pelo CPC, porém nos casos de cartas precatórias nos Juizados 
Especiais Cíveis pode-se utilizar qualquer meio idôneo de comunicação, ou seja, carta, telex, fax, telefone, 
telegrama e atualmente o email, visto que o Processo Judicial passa por um período de informatização, 
incluindo a utilização dos meios eletrônicos. 
 
Lei n. 11419/06: Art. 1o O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos 
e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei. 
§ 1o Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos 
juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição. 
§ 2o Para o disposto nesta Lei, considera-se: 
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais; 
II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, 
preferencialmente a rede mundial de computadores; 
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: 
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na 
forma de lei específica; 
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. 
 
 
Naqueles atos praticados no correr do processo (aqueles observados em audiência) a respectiva 
documentação dos mesmos, restará limitada apenas àqueles atos tidos como essenciais pelo juízo, 
resumidamente apresentados de forma manuscrita, datilografada, atendendo ao princípio da simplicidade. 
 
➔ Essencial se faz observarmos a importância do registro de conteúdo probante acostado aos autos. 
EX: a regular documentação das provas testemunhais, pois qualquer perda de informação ou fala, ainda que 
registrada de forma sucinta, decorrente dos próprios atos que formaram a convicção do juízo para posterior 
P á g i n a | 22 
 
decisão poderá vir a prejudicar a parte interessada quando de eventual recurso endereçado às turmas 
recursais. 
 
Analisemos, pois, a importância do art. 36 da LEJ: a prova oral não será reduzida a escrito, devendo a 
sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos. 
 
Aplicabilidade do art. 36: artigo aplicado apenas quando o depoimento for gravado, pois na hipótese de 
interposição de recurso verificar-se-á a sua digitação ou o encaminhamento da fita magnética ao Colégio 
Recursal. 
Os demais atos tidos como não essenciais, poderão ser registrados na forma de gravação e sua conservação 
se dá até o transito em julgado da decisão. 
Importante ressaltarmos que cabe às normas locais de organização judiciária a missão de dispor sobre a 
conservação das peças do processo e dos demais documentos que o instruem, permitindo aí de acordo com 
as necessidades, a adoção de uma variedade de métodos, inclusive os meios eletrônicos. 
 
4.2 Citações e Intimações 
 
Formas de citações: 
➔ As citações no âmbito dos Juizados Especiais serão realizadas pela via postal, na forma de 
correspondência, com aviso de recebimento em mão própria. 
➔ Pessoa jurídica ou firma individual: citação válida desde que a correspondência seja entregue ao 
funcionário destas, devidamente indicado no comprovante postal de recebimento. (encarregado da 
recepção) 
➔ Oficial de justiça: em caráter de real necessidade e diante de justificativa adequada. (há possibilidade 
de inclusive avançar nos limites da própria comarca) 
 
OBS: Com o advento da Lei 11419/06, o meio eletrônico se faz também hábil para realização da respectiva 
citação, desde que devidamente implantado pela comarca. 
Tal comunicação se faz através de Portal Próprio ou Diário da Justiça Eletrônico para aqueles que se 
cadastrarem, ou seja, se faz necessário um credenciamento prévio no Poder Judiciário. (assegurada a 
adequada identificação pessoal do interessado) 
Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação 
no Diário da Justiça eletrônico. 
Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação. 
P á g i n a | 23 
 
Ex: disponibilizada a comunicação, no dia 6, será considerada publicada no primeiro dia útil seguinte, dia 
7, e os prazos começaram a correr no posterior, se útil, dia 8. 
 
O artigo 18 apresenta algumas observações em seus parágrafos, vejamos: 
 
 § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência 
de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido 
julgamento, de plano. 
A própria LJE cuidou do conteúdo a ser acostado na citação pela Secretaria do Juizado. 
§ 2º Não se fará citação por edital. 
Diante do impedimento do ato citatório pela via editalícia, em não sendo possível a citação quer por correio 
ou oficial de justiça, deverá o processo ser extinto pela ausência de pressuposto processual objetivo, 
cabendo ao autor, por isso, o aforamento da demanda na justiça comum. 
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação. 
Deve-se garantir através da citação a plena igualdade de armas, oportunidades, demonstrando a necessária 
formação de um instrumento justo e de efetiva construção da verdade real, dentro de toda a razoabilidade 
que a cerca. 
 
Intimações 
O art. 19 da LEJ preceitua que serão utilizadas para as intimações nas mesmas formas previstas para as 
citações. 
Para aqueles atos realizados na audiência presume-se a ciência das partes. 
Havendo alteração de endereço do destinatário da intimação, a parte terá o dever de comunicar esta 
alteração ao respectivo juízo. Não sendo encontrado o destinatário, ter-se-á como válida e eficaz a intimação 
enviada ao local anteriormente informado. 
 
 
 ATIVIDADE EM SALA 
 
P á g i n a | 24 
 
 
 
 
Capítulo 5 – Procedimento Sumaríssimo 
 
Segundo Gaio Jr. a LJE estabeleceu de forma lógica e racional, uma serie de atos processuais tendo por 
objetivo a prestação jurisdicional bem como a efetividade do serviço público judicial ofertado pelo Estado. 
Destaca-se os seguintes momentos processuais no rito sumaríssimo: 
• Propositura da ação (arts. 14 a 17) 
• Audiência de conciliação e juízo arbitral (arts. 21 a 26) 
• Audiência de instrução e julgamento (arts. 27 a 29) 
• Resposta do réu (arts. 30 e 31) 
• Instrução da causa (arts. 32 a 37) 
• Sentença (arts. 38 a 40) 
• Recursos (arts. 41 a 50) 
• Execução (arts. 51 e 52) 
 
5.1) Propositura da ação 
 
Nesta fase inicial observa-se a importância dos princípios da oralidade e da simplicidade, visto que a LJE 
permite que o autor instaure o processo por via oral ou escrita junto à Secretaria do Juizado Especial. 
 
Formalizada oralmente a pretensão → a parte deve se dirigir à Secretaria do Juizado Especial que tomará 
por termo o pedido solicitado → pode-se utilizar fichas ou formulários impressos. 
Tanto no pedido oral ou escrito, são necessáriasas seguintes informações: 
 - Nome, qualificação e endereço das partes; 
 - os fatos e fundamentos (forma sucinta) 
 - objeto e seu valor (tendo dificuldade de se estabelecer o valor será permitida a solicitação de 
pedido genérico)* 
P á g i n a | 25 
 
 
*Pedido Genérico = 
 
 
PEDIDOS: podem ser formulados de forma alternativa ou cumulados. 
 
Cumulados → apenas se conexos 
Somados → não podem ultrapassar 40 salários mínimos 
 
1) Registra-se de imediato a ação pela Secretaria sendo designada desde já a sessão de conciliação no prazo 
de 15 dias. Tal designação é feita de imediato antes da autuação e distribuição. 
Procede-se, pois à citação do réu. 
2) As partes podem em conjunto procurar o Juizado. Nesses casos dispensa-se o registro prévio do pedido e 
citação, e a Secretaria instaurará a sessão de conciliação, sendo necessária a presença do juiz togado ou 
leigo ou mesmo o conciliador. 
3) Se ambos os litigantes formularem pedidos contrapostos dispensa-se a formalização da contestação e 
aprecia-se as pretensões na mesma sentença por tratar-se de pedidos conexos, evitando-se pois decisões 
contraditórias. 
 
5.2) Audiência de conciliação e Juízo arbitral 
 
No rito sumaríssimo a audiência é momento especial para a efetiva prestação jurisdicional, tendo como 
norte a tentativa conciliatória, sendo de fundamental importância a presença de ambas as partes. 
 
Não comparecendo o autor → extinção do processo sem julgamento de mérito. 
Não comparecendo o réu → determina-se a revelia, reputando-se como verdadeiros os fatos alegados na 
inicial, devendo o ato sentencial ser proferido na própria sentença. 
 
Quando o réu for pessoa jurídica ou titular de firma individual poderá ser representado por preposto 
credenciado, munido de carta de preposição, não necessário o vinculo laboral entre o representante e o 
representado. 
Estando então presentes as partes segue-se a audiência na tentativa de conciliação. 
O juiz togado ou leigo deve esclarecer às partes sobre as vantagens da conciliação apresentando seus riscos 
e conseqüências. 
P á g i n a | 26 
 
 
Diante disto tem-se dois caminhos: 
 
1) composição dos litigantes em solução conciliatória: obtida a conciliação lavra-se o termo específico 
sendo homologado pelo juiz togado através da sentença com força de titulo executivo. 
2) frustração da tentativa consensual de extinção do conflito: terão ainda as partes a possibilidade de 
tentar a solução do litígio por meio do juízo arbitral antes mesmo de se estabelecer o procedimento 
especificamente contencioso. 
 
OBS: Entre a audiência de conciliação e a instrução e julgamento da demanda, haverá a possibilidade de se 
instaurar endoprocessualmente, forma procedimental arbitral ou Juízo Arbitral, configurando-se em uma via 
resolutiva de conflitas ofertadas às partes. 
Em vez de passar para a fase instrutória e ao julgamento da demanda, a lei oportuniza aos litigantes optarem 
por um procedimento comumente usado em nível de relações jurídicas privadas, confiando a solução de um 
litígio a um árbitro. 
→ O árbitro poderá ser escolhido pelas partes dentre os Juizes Leigos do respectivo Juizado. 
 
 
Juízo arbitral: 
 
• Forma imediata (não depende de termo de compromisso); 
• O Magistrado togado designa a audiência de instrução e julgamento; 
• O comando se dá pelo juiz arbitral escolhido pelas partes; 
• Encerrada a instrução arbitral, (ou nos 5 dias seguintes) o árbitro apresenta o seu laudo; 
• Este laudo deverá ser homologado pelo juiz togado através de sentença de caráter irrecorrível. 
 
O magistrado não tem a obrigação de homologar o laudo do árbitro. Este não poderá rever o julgamento 
adotado pelo juízo arbitral, mas pode, por exemplo, recusar a homologar quando a matéria não consta de 
objeto em tela. 
 
5.3) Instrução e Julgamento 
 
Realizada quando não se lograr êxito na conciliação e não se concretizando a realização do juízo arbitral. 
 
P á g i n a | 27 
 
- Segue-se a audiência objetivando-se instrução e julgamento na mesma sessão; 
- Destaca-se então que a audiência de conciliação pode ser transformada em audiência de instrução e 
julgamento; 
- Não sendo possível esta conversão devido à necessidade de se colher provas o juiz marca nova data 
(dentro de 15 dias). 
Ler arts. 28 e 29 da LJE. 
 
5.4) Resposta do Réu 
 
- A contestação se dá no correr da própria audiência inaugural; 
- No entanto as partes podem se conciliar ou optarem pelo juízo arbitral; 
- Quando não se incide tais hipóteses segue-se a audiência; 
- O réu pode apresentar sua defesa na forma escrita ou oral; 
- A contestação deve conter toda a matéria de defesa admitida; 
- Não se admite reconvenção; 
 
 
"Recovenção é, na clássica definição de João Monteiro, "a ação do réu contra o autor, proposta no mesmo 
feito em que está sendo demandado". 
Ao contrário da contestação, que é simples resistência à pretensão do autor, a reconvenção é um contra-
ataque, uma verdadeira ação ajuizada pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo), nos mesmos 
autos. 
 
- Admite-se pedido contraposto fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia; 
- Quando solicitado o pedido contraposto por parte do réu, poderá o autor se manifestar respondendo na 
própria audiência ou requerer ao juízo a designação de nova data para apresentar sua resposta. 
- Não comparecendo o réu à sessão de conciliação ou audiência de instrução e julgamento configura-se a 
revelia. 
 
5.4) Instrução da causa 
 
- Na fase inicial, o autor ao ajuizar uma ação comunica uma serie de fatos que de acordo com sua avaliação, 
justifica o seu direito e necessidade de intervenção judicial; 
- Assim o faz o réu, justificando sua pretensão em relação ao direito do autor; 
P á g i n a | 28 
 
- A seguir na fase de instrução e julgamento, quando estabelecida a controvérsia, as partes devem produzir 
suas provas visando o convencimento do magistrado. 
 
OBS: Cabe às partes as produções de provas, porém o juiz pode utilizar de sua liberdade e reputar provas 
que ache conveniente para seu convencimento. (art. 5) 
Gaio Jr. destaca ainda que todas as provas deverão ser produzidas na audiência de instrução e julgamento, 
mesmo que não requeridas previamente, vista a necessária concentração dos atos processuais, em sintonia 
com os próprios princípios informadores do rito sumaríssimo. 
 
➔ Provas testemunhais: 
 
- no máximo 3 testemunhas para cada litigante; 
- levadas à audiência pela própria parte sem a necessidade de intimação; (caso esta ocorra deve ser 
previamente requerida) 
- o não comparecimento da testemunha intimada é motivo para determinar sua imediata condução 
podendo-se utilizar a força pública; 
- a prova oral não serão reduzidas por escrito devendo ser gravada em fitas magnéticas. 
 
➔ Provas periciais: 
 
- Admitem-se quando for necessária a apuração em melindres técnicos; 
- O Juiz pode inquirir técnicos de sua confiança; 
- A produção de provas deve ser realizada na audiência de instrução e julgamento, devendo o juiz analisar a 
necessidade de se produzir a prova pericial, podendo indicar um perito de sua confiança; 
- Caso as partes apresentem por si pareceres de assistentes técnicos na inicial ou na contestação, o juiz pode 
dispensar a produção de prova pericial; 
- A presença de prova pericial mais robusta nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais é criticada pela doutrina e 
mesmo pelo foro. 
 
➔ Inspeção Judicial 
 
- O magistrado pode adotar de ofício ou a requerimento das partes a realização de inspeção de pessoas ou 
coisas, ou ainda determinar que o faça pessoas de sua confiança, relatando-lhe então informalmente o que 
fora verificado; 
P á g i n a | 29 
 
- O juiz então reduz à termo ou na própria ata de audiência as informações prestadas pelo terceiro, de 
maneira sucinta e objetiva. 
- A instrução do processo não pode ser confiada ao conciliador, apenas por juízesleigos ou togados. 
 
5.5) Sentença 
 
- A sentença deve possuir redação simples com a necessária fundamentação; 
- Dispensa-se o relatório; 
- Tratando-se de sentença condenatória, deverá ela se firmar em quantia líquida, ainda que se tratar 
demanda pautada em pedido genérico, não devendo exceder a 40 salários mínimos. 
- Lembrem-se ainda do conceito de renúncia ao crédito excedente. 
 
 
Capítulo 5 – Procedimento Sumaríssimo 
 
5.6) Recursos 
Após a homologação da sentença que coloca fim ao processo, faz-se necessário estudarmos as vias recursais 
cabíveis. 
Antes de adentrarmos em suas especificidades, convém ressaltas que o Juízo ad quem dos Juizados Especiais 
representa-se por órgão recursal próprio denominado Turma Recursal, também conhecido como Colégios 
Recursais. 
Estes se compõem de 3 juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do 
Juizado. 
Com isso temos que Turmas Recursais dos Juizados Especiais são órgãos colegiados de segundo grau. 
Nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, são previstos pela lei nº 9.099/95 dois tipos de recursos: o 
inominado e embargos de declaração. Vejamos cada um deles: 
 
1) Inominado (arts. 41-46): tem por objeto a sentença, tendo efeito meramente devolutivo (salvo 
quando visa evitar dano irreparável para a parte). 
P á g i n a | 30 
 
De acordo com o art. 41 da LJE, o recurso cabível em sentença proferida no Juizado Especial Cível que não 
seja homologatória de conciliação ou laudo arbitral é denominado como inominado. 
 
Algumas características são essenciais: 
- Julgado por turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos 
na sede do Juizado. 
- As partes são obrigatoriamente representadas por advogado. 
 
Como se dá a interposição desse recurso? 
Através de petição escrita subscrita por advogado habilitado e dirigida ao juiz da causa. 
 
Requisitos: 
- fundamentos do fato e de direito; 
- pedido de nova decisão; 
- o preparo no Juizado Especial compreende, além da taxa sobre o valor da causa, todas as despesas do 
processo, que são dispensadas no primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária 
gratuita. 
 
OBS: Segundo Gaio Jr., quando o recorrente está obrigado a juntar comprovante do recolhimento de 
interposição é outorgado o prazo de 48hs ao recorrente no Juizado Especial, não dependendo de intimação 
para fazer o preparo. 
 
IMPORTANTE: a competência das Turmas Recursais decorre de a causa ter sido processada originariamente 
no Juizado Especial, inadmitida a declinação de competência para o Tribunal de Justiça por força da regra da 
perpetuação da jurisdição do art. 87 do CPC. 
Compete às Turmas Recursais dos Juizados dos Estados o julgamento dos recursos e correições parciais 
contra decisões proferidas pelos juízes que atuam nos Juizados Especiais. 
 
Prazo para interposição: 
 
Interpor e contra-arrazoar → 10 dias contados da data da leitura da sentença em audiência ou da intimação 
às partes quando a sentença não for em audiência. 
O defensor público possui prazo em dobro para recorrer. 
Será suspenso o prazo para interposição de recurso quando: 
P á g i n a | 31 
 
- Sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o 
curso do processo; 
- Pela interposição de embargos de declaração. 
 
Efeitos: 
- O recurso inominado possui regra geral, somente efeito devolutivo; 
- Mas atenção, a fim de evitar dano irreparável para a parte, pode o juiz conceder o poder de dar-lhe efeito 
suspensivo. 
 
 
 
Efeito Devolutivo → "devolve" ao Tribunal a apreciação da matéria julgada, para anular ou reformar a 
sentença (quem apela, obviamente, não quer vê-la confirmada, e seu recurso desprovido). 
EX: Caso a Turma ainda vá decidir sobre o assunto, o que o juiz decidiu anteriormente, não poderia ser 
executado. Digamos que ele tenha decidido que "Lívia" tem que pagar uma quantia a "Agenor", mas "Lívia" 
entrou com um recurso porque acha que a sentença foi injusta. Então "Agenor" não pode executar a 
sentença e receber o dinheiro porque a Turma ainda vai decidir de novo sobre aquilo. 
Se o juiz só recebeu a apelação com efeito devolutivo, significa que "Agenor" pode executar a sentença, ou 
obrigar "Lívia" a pagar. 
 
Efeito Suspensivo → "suspende" a vigência de seus termos e validade enquanto o recurso não for julgado. 
No exemplo acima, caso o efeito suspensivo for deferido, Agenor não poderá executar Lívia enquanto a 
Turma Recursal não tomar sua decisão. 
 
LEITURA DO ART. 43 
 
E se o Juiz não der efeito suspensivo em casos de dano irreparável à parte? 
Pode-se recorrer ao Mandado de Segurança para a Turma Recursal. O recorrente pode dirigir simples 
requerimento ao colegiado para obtenção do efeito suspensivo. 
P á g i n a | 32 
 
CURIOSIDADE: 
 
 
Procedimentos: 
- O recorrente faz o requerimento da transcrição das fitas magnéticas contendo os depoimentos das partes e 
testemunhas; 
- A secretaria aguardará o recolhimento do preparo; 
- Efetuado o recolhimento, o juiz determina a intimação do recorrido para apresentar as contra-razões; 
- Apresentadas ou não as contra-razões os autos são encaminhados para a Turma Recursal; 
- São analisados os requisitos de admissibilidade pelo Relator, incluindo o processo na pauta para 
julgamentos pela Turma, determinando a intimação das partes. 
 
Importante destacarmos que o FONAJE sustenta em seu Enunciado 63: Contra decisões das Turmas 
Recursais são cabíveis somente os embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário. 
Assim ratifica o STF na súmula 640: é cabível recurso extraordinário contra decisão proferida pelo juiz de 
primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível ou criminal. 
➔ Admite-se então interposição de Recurso Extraordinário para o STF uma vez que a decisão da 
Turma Recursal é final. 
 
O principal pressuposto para interposição do recurso extraordinário é a existência de questão 
constitucional, ou seja, divergência com relação à correta interpretação ou aplicação da Constituição 
Federal. Deve-se demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos 
termos da lei a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros. 
P á g i n a | 33 
 
Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contraria a súmula ou jurisprudência 
dominante do tribunal. 
 
Interposição de Recurso Extraordinário, como é realizada? 
- Mediante petição endereçada ao presidente, ou ao vice-presidente do Tribunal que proferiu a decisão, 
devendo conter: 
• Exposição do fato e do direito; 
• Demonstração do cabimento do recurso interposto; 
• Razoes do pedido de reforma da decisão recorrida 
• Repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. 
 
- Quando a decisão impugnada for de primeiro grau → petição endereçada ao juiz da causa, solicitando o 
encaminhamento para presidente ou vice do órgão de segundo grau para que este encaminhe ao STF. 
Se exigido pela legislação o recorrente deve comprovar o recolhimento do respectivo preparo. 
 
 
Recurso Extraordinário → impede o trânsito em julgado da decisão judicial e seu efeito é devolutivo. 
 
PRAZOS: tanto para interpor como para contra-arrazoar é de 15 dias da data da publicação da súmula do 
acórdão no órgão oficial. 
 
 
Passemos agora à análise dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
Formalização da interposição 
do recurso
Intimação do recorrido para 
apresentar contra-razões.
Prazo para contra-arrazoar 
esgotado → autos conclusos 
com o fito de declarar seu 
recebimento ou não em 
decisão fundamentada.
Se a decisão não admitir o 
recurso extraordinário → 10 
dias para interposição de 
agravo de instrumento no 
próprio Tribunal
Recurso admitido: autos 
remetidos ao STF.
P á g i n a| 34 
 
São cabíveis em face da sentença de primeiro grau ou de acórdão da Turma Julgadora dos Juizados Especiais. 
A interposição pode se dar por meio de petição escrita ou na forma oral. 
Sempre no prazo de 5 dias, podendo ser interposto até em audiência de instrução e julgamento quando se 
tratar de decisão final. 
 
Ler art. 50. 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 5 – Procedimento Sumaríssimo 
 
6) EXECUÇÃO 
Para finalizar nosso estudo acerca dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, analisemos os pontos principais da 
execução de sentença de seus julgados. 
Primeiramente é importante destacarmos algumas características básicas: 
- a execução da sentença é processada no próprio âmbito dos Juizados Especiais; 
- aplica-se a LJE e subsidiariamente o CPC, naquilo que for compatível com a LJE. 
 
6.1) Execução de Títulos Judiciais 
Sabemos que o titulo executivo judicial, decorre regra geral, de uma sentença condenatória proferida no 
processo civil ou de uma sentença homologatória de transação ou conciliação nos Juizados Cíveis ou 
Criminais. 
Alguns pontos são importantes para a fixação: 
1) As sentenças serão sempre liquidas nos Juizados Especiais; 
2) Não há necessidade da figura do contador; 
3) O artigo 52 da LJE enseja a incidência da correção monetária; 
P á g i n a | 35 
 
4) Demais cálculos como de honorários, multas e juros são calculadas por servidor da secretaria do JE. 
5) Os casos de processamento de atos em audiência bem como a devida intimação para obter-se o 
cumprimento da obrigação se faz imediatamente. (principio da celeridade) 
6) O condenado obriga-se a cumprir a obrigação desde logo a intimação na sentença, comunicação esta que 
preferencialmente deve ser realizada na própria audiência de instrução e julgamento. 
7) Não sendo cumprida voluntariamente a sentença e operado o trânsito em julgado da mesma, o vencedor 
deve solicitar expressa ou verbalmente que se proceda a execução dispensando-se nova citação. 
8) Nos casos de obrigação de entregar, fazer ou não fazer, o Juiz na sentença ou na fase de execução 
cominará multa diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do devedor. 
9) Não cumprida a obrigação o credor poderá requerer a elevação da multa ou a transformação da 
condenação em perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará , seguindo-se a execução por quantia certa 
incluída a multa vencida da obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor na execução do 
julgado. 
10) Na obrigação de fazer o Juiz pode determinar o cumprimento por outrem fixado o valor que o devedor 
deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária. (astreinte) 
11) Na alienação forçada de bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o credor, ou terceira pessoa idônea 
interessada a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a 
praça ou leilão. 
12) Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas para o devido aceite ou não. 
13) Se o pagamento não for à vista será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel ou 
hipotecado o bem imóvel. 
14) É dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de alienação de bens de pequeno 
valor. 
 Nesses casos a alienação deverá ser publicada no próprio átrio do fórum, devendo constar todos os 
elementos identificadores do bem exposto à alienação. 
 Uma vez aperfeiçoada a alienação em juízo, será elaborado o auto e expedida a respectiva carta de 
arrematação. 
15) O devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre: falta ou nulidade da 
citação no processo se ele correu à revelia, manifesto excesso de execução, erro de cálculo, causa 
impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação superveniente à sentença. 
 
Observem que uma vez condenado ao pagamento de quantia certa e não se admitindo em Juizados 
sentenças ilíquidas, à partir do momento em que o devedor não cumpre com suas obrigações e operando-se 
o trânsito em julgado da sentença condenatória, inicia-se o procedimento para satisfação do direito do 
P á g i n a | 36 
 
vencedor, expropriando-se bens do devedor que bastem para o pagamento do débito reconhecido por 
sentença. 
Destaca-se que não há necessidade de nova citação pois o devedor já conhece suas obrigações. 
 
Interessante também destacarmos que o valor da condenação somada com a multa poderá ultrapassar o 
valor de 40 salários mínimos estabelecido pela LJE, sem problemas, conforme enunciado n. 475-J do 
FONAJE. 
 
6.2) Execução de Títulos Extrajudiciais 
 
Pois bem, admite-se a execução de títulos executivos extrajudiciais em âmbito dos Juizados Especiais Cíveis 
Estaduais. 
É importantíssimo lembrar que a Lei 9099/95 terá aplicação subsidiária do CPC. 
Uma vez efetuada a penhora → o devedor é intimado a comparecer em audiência de conciliação podendo 
inclusive ofertar embargos à execução. 
Nesta audiência, o juiz leigo ou togado proporá dentre outras medidas, o pagamento do débito a prazo ou 
em prestações, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado. 
Não apresentados os embargos ou quando estes forem julgados improcedentes qualquer das partes poderá 
requerer ao juiz: concessão de prazo para pagamento, dação em pagamento ou adjudicação do bem 
penhorado. 
 
➔ Uma vez não encontrado o devedor ou mesmo inexistindo bens penhoráveis, o processo será 
imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao exeqüente. 
 
 
 
 
PROLEGIS 051 - ROTEIRO PRÁTICO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - LEI 9.099/95 
 
ROTEIRO PRÁTICO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL 
 - LEI 9.099/95 - 
P á g i n a | 37 
 
 
 
 
 COMPETÊNCIA 
 RELATIVA A MATÉRIA E AO VALOR 
• Conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: 
art. 3º 
I - cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo; 
II – as enumeradas no art. 275, II, do CPC; 
III – a ação de despejo para uso próprio; 
IV – as ações possessórias sobre bens imóveis até 40 SM; 
• promover a execução: 
I - dos seus julgados; § 1º 
II - de títulos executivos extrajudiciais, valor até 40 SM 
OBSERVAÇÕES 
1ª) ficam excluídas da competência do JEC, as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse 
da Fazenda Pública, acidentes de trabalho, estado e capacidade das pessoas. - § 2º 
2ª) no caso de opção pelo procedimento desta lei, há renúncia quanto ao crédito excedente, excetuada a 
hipótese de conciliação - § 3º. 
 COMPETÊNCIA TERRITORIAL 
• é competente o Juizado do foro: - art. 4º 
I – do domicílio do réu ou a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou 
econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; 
II – no lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; 
III – do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações de reparação de dano de qualquer natureza. 
Observação.: em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inc. I, deste artigo. § 
único 
DAS PARTES 
• Não podem ser partes: o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas 
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. 
• Pólo ativo: somente as pessoas físicas, podem propor ação; as microempresas estão equiparas à 
pessoa física, pelo estatuto da Micro Empresa. 
 
REPRESENTAÇÃO EM JUÍZO 
P á g i n a | 38 
 
• causas até o valor equivalente a 20 SM, é facultada a presença de advogado; - art. 9º 
• acima de 20 SM, a assistência é obrigatória; 
• possibilidade de nomeação de advogado dativo, se uma das partes estiver acompanhada de 
advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual. - § 1º 
• O mandato de procuração pode ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais - § 3º 
• O réu sendo pessoa jurídica ou firma individual, pode ser representado por preposto. - § 4º 
• para recorrer, independente do valor, a assistência do advogadoé obrigatória. Art. 41, § 2º 
 
 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
• não é admitida a intervenção de terceiros ou assistência, salvo o litisconsórcio – art. 10 
 
PEDIDO INICIAL 
• o pedido pode ser escrito ou oral, às Secretaria do Juizado, de forma simples e linguagem acessível, 
onde constarão: - art. 14 
I – o nome, a qualificação e o endereço das partes; 
II – os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; 
III – o objeto e seu valor. 
 
CUSTAS 
• No 1º grau de jurisdição o pedido é isento de custas, taxas ou despesas; - art. 54 
• Em grau de recurso, o preparo é obrigatório - § único. 
 
FORMAS DE CITAÇÃO 
• Por carta c/AR, em mão própria do réu – art. 18, I; 
• Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, 
obrigatoriamente identificado – art. 18, II; 
• Pessoal, através de oficial de justiça – art. 18, III 
• É vedada a citação por Edital – art. 18, § 2º 
 
DEFESA 
• através de contestação, escrita ou oral, na audiência de Instrução e Julgamento; art. 30 
• as exceções de impedimento e de suspeição do juiz, são processadas de acordo com o CPC; - art. 134 
e 135 
P á g i n a | 39 
 
• não admite-se reconvenção; pode o réu porém formular pedido contraposto, podendo ser 
redesignada a audiência, para manifestação sobre o pedido. – art. 31, § único. 
 
PRODUÇÃO DE PROVAS 
• são admitidos todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei – 
art. 32; 
• prova testemunhal: cada parte pode ouvir até três testemunhas, sem prévia intimação art. 34; 
• querendo que sejam intimadas, devem ser arroladas com 5 dias de antecedência - § 1º; 
• possibilidade de parecer técnico, não cabendo prova pericial, em princípio – art. 35. 
 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO 
• pode ser presidida por juiz togado ou leigo, ou por conciliador, sob sua orientação; - art. 2 – Lei 
9.307/96; 
• havendo acordo, toma-se por termo, e após será submetido à homologação ao Juiz togado, valendo 
como título executivo judicial; - § único 
• não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral; art. 24 
• Juízo Arbitral: as partes escolherão o árbitro, dentre os juizes leigos presentes; se não estiver 
presente, o juiz o convocará, designando-se de imediato a data da audiência de instrução; § 1e 2º 
• o árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do juiz, na forma dos arts. 5º e 6º; - art. 25 
• encerrada a instrução, ou nos 5 dias subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao juiz togado para 
homologação por sentença irrecorrível – art. 26; 
• não instituído o juízo arbitral, designar-se-á data para audiência de instrução e julgamento – art. 27; 
• se o réu não comparecer, desde que citado, poderá ser decretada a revelia – art. 20; 
• a ausência do autor, importa na extinção do processo – art. 51, I. 
 
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
• presidida por Juiz de Direito ou Juiz leigo; 
• na abertura, o Juiz deve tentar a conciliação; não ocorrendo, o réu deve apresentar defesa, oral ou 
escrita; 
• após, abre-se vista ao autor para se manifestar sobre a contestação e documentos, além do pedido 
contraposto, se oferecido. 
• início da instrução, com a oitiva das partes e testemunhas, se arroladas ou trazidas pelas partes. 
• decisão das questões incidentais 
 
P á g i n a | 40 
 
SENTENÇA 
• Deve mencionar os elementos de convicção do juiz, com breve resumo dos fatos relevantes 
ocorridos em audiência, sendo dispensado o relatório – art. 38; 
• sendo condenatória, deve ser líquida, ainda que genérico o pedido - § único; 
• é ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida na lei – art. 39; 
• quando prolatada por Juiz leigo, este a submeterá ao Juiz togado, para homologá-la, proferir outra 
em substituição, ou determinar a realização de atos probatórios. – art. 40; 
• não há condenação em verba de sucumbência, salvo litigância de má-fé; em 2º grau, havendo 
recurso, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, fixados entre 10 a 20% do valor 
da condenação ou valor da causa – art. 55; 
• não admite ação rescisória – art. 59 
 
RECURSOS 
• Recurso inominado, equivalente ao de apelação, contra Sentença desfavorável; - art. 41 
• julgamento por órgão colegiado composto por 3 juizes do próprio juizado - § 1º; 
• obrigatoriedade de advogado para interposição de recurso, independente do valor - § 2º; 
• prazo de 10 dias; requisitos: petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente – 
art. 42. 
• preparo do recurso, até 48 horas, após a interposição, incidindo inclusive as dispensadas em 1º grau. 
- § 1 – art. 54, § único; 
• resposta: contra-razões, no prazo de 10 dias – art 42, § 2. 
• terá somente efeito devolutivo, podendo o juiz atribuir-lhe efeito suspensivo para evitar dano 
irreparável a parte; - art. 43 
• admite-se recurso de embargos de declaração, no prazo de 5 dias, podendo ser escrito ou oral- art. 
48 a 50; 
• não admite recurso de agravo; as decisões interlocutórias não são atingidas pela preclusão até a 
Sentença – FPJC, Enunciado 15. 
 
EXECUÇÃO 
• a execução de sentença processar-se-á no próprio juizado, conforme disposições do CPC, e 
alterações da própria lei 9.099/95 – art. 52 
• nas obrigações de entregar, de fazer ou de não fazer, o juiz cominará multa diária, para o caso de 
inadimplemento; - inc. V 
P á g i n a | 41 
 
• na obrigação de fazer, o juiz pode determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que o 
devedor deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária – inc. VI; 
• idem quanto a execução de título executivo extrajudicial, no valor de até 40 SM – Art. 53. 
• o devedor pode oferecer embargos, nos autos da execução – art. 52, inc. IX, a, b, c. 
 
OBSERVAÇÕES 
• Casos de extinção do processo – art. 51, incisos; 
• Acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, 
independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial – art. 57; 
• Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes por instrumento escrito, 
referendado pelo órgão competente do Ministério Público - § único. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE 3: 
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS CÍVEIS 
 
 
 
 Este material baseia-se na compilação e seleção de diversas obras jurídicas. Os doutrinadores aqui 
utilizados bem como suas referências encontram-se listados na p.120. Ressalta-se que a apostila deve ser 
explorada como roteiro de estudo, sendo a análise das respectivas obras indispensáveis. 
 
P á g i n a | 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II – OS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS 
Queridos alunos, vamos estudar agora as características e especificidades dos Juizados Especiais Federais. 
Nesse momento analisaremos a aplicação da Lei n. 10259/01 que dispõe sobre a instituição dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Bons estudos! 
 
1) As causas cíveis de menor complexidade e os Juizados Especiais Federais Cíveis 
 
Temos como Base Legal – art. 98, CF (alterado pela EC 22/99) e Lei 10.259/2001 (LJEF). 
O art. 98 da CF destaca que Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça 
Federal. 
P á g i n a | 43 
 
Segundo Alexandre Câmara a emenda constitucional 22/99 acrescentou um parágrafo único ao art. 98 da CF, 
por força do qual lei federal deveria dispor sobre a criação de Juizados Especiais Federais. 
Posteriormente foi aprovada a Lei n. 10259/01 que rege os Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais. 
Qual seria então o principal objetivo na criação desses Juizados? 
Agilizar o exame dos processos que envolvem questões de pequena repercussão econômica e 
menor complexidade. 
Esses Juizados Federais buscam resolver um terrível problema: o da morosidade da Justiça Federal. Agora 
com seu funcionamento existe a possibilidadede se obter, com velocidade razoável, resultados eficientes, 
ampliando-se o acesso à Justiça. 
OBS: os processos que já estavam em curso antes da entrada em vigor da Lei n. 10259/01 e que seriam em 
tese de competência dos Juizados Especiais Cíveis Federais, continuam a tramitar no juízo comum, não se 
podendo remetê-lo aos Juizados Especiais. 
 
Aplicação subsidiária → logo no primeiro artigo da LJEF observamos que se tem a aplicação subsidiária da lei 
9099/95 nos casos em que não houver conflito. 
“LJEF, Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, 
no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.” 
- Aplicação “no que não conflitar com esta Lei”: esse cuidado se explica pelo fato de que a Lei 9.099/95 
disciplina os juizados estaduais, que resolvem lides entre particulares (vedada a propositura de feito contra 
Estado, Município ou entes públicos). Portanto, muitos preceitos não se ajustam à matéria tratada no JEF. 
 
Aplicação do CPC: acaso da aplicação da Lei 9.099/95 não se preencha adequadamente a lacuna legislativa, 
deve-se passar à analise da aplicação do CPC. 
 
 
Vocês observarão diversos pontos comuns entre as duas leis (Leis 9099/05 e 10259/01), porém, existem 
algumas diferenças entre elas que estudaremos aos poucos como por exemplo, a realização de 
procedimentos sem audiências nos JEF. (quando não há questões de fato a dirimir) 
P á g i n a | 44 
 
Vamos relembrar alguns pontos comuns? 
O processo do Juizado Especial é orientado pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, 
economia processual, celeridade, conciliação (Lei 9.099/95, art. 2º), publicidade (Lei 9.099/95, art. 12) e 
gratuidade no primeiro grau de jurisdição, sem prejuízo da condenação do litigante declarado de má-fé (Lei 
9.099/95, art. 55). 
 
A possibilidade de funcionamento em horário noturno (Lei 9.099/95, art. 12), atende ao princípio do acesso 
à Justiça. 
 
A regra de que não se pronunciará nulidade se não houver prejuízo (Lei 9.099/95, art. 13, caput e § 1º) 
vincula-se aos princípios da simplicidade, informalidade e economia processual. 
 
➔ Destaca-se que as hipóteses de causas com necessidade de perícia ou de oitiva de testemunhas não 
revelam complexidade que impeça seu processamento pelo Juizado Especial Federal. A Lei 10259, 
através de seu artigo 12 permite a produção de prova técnica de maneira simplificada. 
➔ Sem Juiz Leigo: optou-se por fazer com que os JEFs fossem titularizados pelos juízes federais e não 
por juizes leigos, como ocorre no Estado. 
2) A Competência dos Juizados Especiais Cíveis Federais 
• Valor da Causa 
• Territorial para propositura do feito 
 
COMPETÊNCIA PELO VALOR DA CAUSA 
• Causas com valor máximo de 60 salários mínimos, vigente quando da propositura do feito. 
 
• Tal parâmetro leva em consideração o valor do salário mínimo vigente quando da propositura do 
feito, momento que se verifica e se fixa a competência jurisdicional. 
 
• O valor da causa deve representar o conteúdo econômico do pedido, ou seja, o quantum está sendo 
pleiteado em benefício financeiro pela parte autora. 
P á g i n a | 45 
 
 
• A maior discussão surgida quanto ao limite do valor da causa diz com o preceito do parágrafo 2º do 
artigo 3º da Lei nº 10.259/01, ao dispor sobre as prestações vincendas. 
 
É importante ressaltarmos que algumas causas, mesmo que não ultrapassem o valor de 60 salários 
mínimos não poderão ser objeto dos JEFs, pois são consideradas de grande complexidade. 
 
Vejam o que nos aponta o 3º da LJEF: 
 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: 
 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de 
desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e 
as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; 
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; 
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o 
de lançamento fiscal; 
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de 
sanções disciplinares aplicadas a militares. 
 
RETOMAREMOS AINDA NESTE ASSUNTO. 
 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, 
a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3, caput. 
 
 
**Prestações Vencidas e Vincendas nos Juizados Especiais Federais Cíveis 
Questão bastante polêmica, vejamos. 
Para Chimenti tratando-se de causa em que se pretende valor certo ou exclusivamente de prestações 
vencidas, a questão não apresenta complexidade, bastando que se enquadre na alçada de 60 salários 
mínimos na data do ajuizamento. 
P á g i n a | 46 
 
O problema surge quando se está diante de situações em que se cobram parcelas vincendas ou vencidas e 
vincendas, o que ocorre nas denominadas prestações de trato sucessivo. De acordo com o art. 3 temos que 
quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a 
soma de doze parcelas não poderá exceder a 60 salários mínimos. 
Embora tente cercar com objetividade o artigo supracitado não se mostra suficiente para solucionar tal 
questão, instalando-se a polemica nas cinco Regiões da Justiça Federal. 
Para o autor, é praticamente inexistente a possibilidade de ação que verse somente sobre prestações 
vincendas. Normalmente, é necessário que haja pelo menos uma delas vencida e não paga para que exista 
interesse processual para agir. 
Em todos os Tribunais Regionais Federais há jurisprudência no sentido de que o valor da causa nos Juizados 
Especiais Federais deve corresponder à soma das parcelas vencidas acrescidas de doze vincendas. 
 
Analisemos, pois, algumas peculiaridades destes Juizados: 
- Controle de ofício do valor da causa: a jurisprudência tem entendido que pode o juiz, de ofício, controlar 
tal valor da causa, sobretudo quando possuir nos autos os elementos que necessitar para aferir a 
quantificação econômica da causa. Isso se deve ao fato de no JEF o valor da causa determinar competência 
absoluta. 
 
- Condenação em valor superior: o fato do valor da causa ser limitado a 60 SM não significa que as 
condenações não extrapolarão tal valor. 
 
- Competência absoluta: segundo a jurisprudência e a própria Lei 10.259/01 a competência dos JEFs é 
absoluta, inexistindo a possibilidade do autor optar pelo processamento perante o rito comum, se é caso de 
JEF. 
 
LJEF, art. 3°, § 3o “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.” 
 
- Opção pelo JEF: porém, o contrário é possível (optar pelo JEF, quando o valor da causa for superior a 60 
s.m.), desde que a parte renuncie ao valor que exceder 60 s.m. 
 
P á g i n a | 47 
 
- Renúncia ao valor que exceda 60 s.m.: parte da jurisprudência entendia que o mero ajuizamento do feito 
no âmbito dos JEFs já implicaria renúncia tácita ao valor eventualmente excedente a 60 s.m. quando do 
ajuizamento, ante os termos do § 3º do artigo 3º da Lei nº 9.099/95: 
 
“§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite 
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.” 
 
- Renúncia expressa: porém, acabou prevalecendo o entendimento de que a renúncia deve ser expressa na 
petição inicial, mesmo de forma genérica, possuindo o procurador poderes específicos para tanto. Veja a 
súm. 17 “Não há renúncia tácita no Juizado Especial Federal, para fins de competência” 
 
 A renúncia deve ser expressa na petição inicial, ainda que pelo genérico termo de que ‘renuncia ao 
excedente’, possuindo o procurador poderes específicos para

Outros materiais