Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 1 Clínicas V Exame neurológico Queixa Principal e doença atual A anamnese neurológica em inicio com os dados já conhecidos, mas acrescenta-se a lateralidade (destra ou sinistra). Anotar a queixa principal com as palavras do paciente Identifique o período exato de inicio dos sintomas e se estes são constantes ou intermitentes; se intermitentes, verifique o caráter, a duração, a frequência, a intensidade e a relação com fatores externos. Avalie o avanço ou a regressão de cada sintoma- se há alguma variação sazonal, diurna ou noturna- e a resposta ao tratamento. Em pacientes cuja principal queixa é a dor, verifique a localização; o caráter ou a qualidade; a intensidade; os sintomas associados e, se episódica, a frequência, a duração e os fatores específicos que a precipitam ou aliviam. Principais sintomas neurológicos: Cefaléia Na caracterização da cefaleia é necessário: O modo de inicio (súbita ou gradual) Localização da dor Presença ou não de irradiação Tipos de dor (pulsátil, lancinante, constitutiva ou queimação) A presença de periodicidade de ritmos Presença de sinais e sintomas associados (náuseas, vômitos, edema de papila, lacrimejamento, fotofobia,...) Fatores de piora (tosse, esforço físico, decúbito, movimento da cabeça, ...) Fatores de melhora (analgésicos, repouso, postura, ...) Na crise de enxaqueca a cefaleia costuma ser pulsátil, unilateral e acompanhada de manifestações neurovegetativas (vomito, náusea e palidez) 1. Cefaléia de hipertensão intracraniana: Ocorre pela manhã e vai melhorando, pode ser difusa ou localizada, apresentando evolução intermitente, costuma ser acompanhada de vômitos e edema de papila 2. Cefaléia Histaminica: Paroxistica, unilateral (costuma-se localizar na região ocular e temporal) e de grande intensidade. É uma crise breve que costuma ocorrer no período noturno e pode ser reproduzida pela injeção de histamina. 3. Na hipotensão intracraniana: Cefaleia na posição ortostática, intensa, contínua e não-pulsátil. Melhora com repouso quando o paciente assume o decúbito com a cabeça em níve mais baixo 4. Meninges purulentas e nas hemorragias meníngeas: cefaleia de grande intensidade acompanhada de sinais e sintomas meningorradiculares (rigidez na nuca, fotofobia, sinal de Kernig, Brudzinski, lasegue) 5. Cefaléias Miogênicas (tensão emocional, vícios de postura da cabeça,...): crônicas, dor superficial, de caráter opressivo ou constritivo, localizada principalmente na região occiptocervical ou região temporal e vértex. Dor Analise exaustiva de todos os seus elementos: localização, irradiação, intensidade, frequência, característica, duração, fatores de piora e melhora, medicamentos, etc Podemos distinguir 3 tipos fundamentais de dor: neurítico, radicular e central. 1. Dor neurítica: localiza-se no local de distribuição de um ou mais nervos periféricos. A dor pode se apresentar em queimação, descargas elétricas ou de forma semelhante as dores de tabes dorsalis. No território dos nervos cranianos podem ocorrer as chamadas neuralgias (trigêmeo, glossofaríngeo) que se traduzem por dor paroxística, de breve duração, do tipo lascinante. Na neuralgia herpética (herpes zoster) o paciente refere a dor em queimação no trajeto de um nervo Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 2 Clínicas V 2. Dor radicular: Provocada pela irritação das raízes sensitivas raquianas. 3. Dor central: difícil caratcterização Parestesias São sensações desagradáveis, mais ou menos permanentes, que traduzem irritação de nervos periféricos sensitivos ou de raízes anteriores. Costumam se traduzir principalmente por formigamento, picada, adormecimento, queimação na planta dos pés, ... Epilepsias e estados convulsivos Devem ser exaustivamente estudados em todos os seis pormenores: Caracterização da crise (grande mal, pequeno mal, crise focal) Presença ou não de aurea- fenomenologia que precede a perda de consciência e que pode ser motora (mioclonias), sensitiva (parestesia), psíquica, vegetativa (palpitações) Presença se manifestações pós- criticas (cefaleias, manesia, paresia, afasia) É importante, no interrogatório, determinados dados: Idade de inicio da crise Frequencia das crises Ritmo, Horário Presença de fatores precipitantes (tensão emocional, fadiga, excesso de bebidas) Relação com a menstruação Tratamentos já realizados Vertigem Percepção consciente de orientação desordenada do corpo no espaço. Manifestação mais frequente: Sensação rotatória (sensação de balanço do corpo, de deslocamento do solo sob os pés) **Vertigem subjetiva: caracteriza-se pela sensação. O indivíduo reconhece que os objetos dentro de seu campo visual estão imóveis; sua representação psíquica e interior que é instável. **Vertigem objetiva: o deslocamento do mundo exterior é percebido pelo paciente Intensidade do sintoma Direção do movimento ilusório Duração do sintoma Paresias e paralisisas Paralisia: Deficit motor completo Paresia: Deficit motor parcial As paralisias e/ou paresias podem ser de origem central (piramidais ou do primeiro neurônio motor) ou periféricas (flácidas ou do segundo neurônio motor) Origem central: Hipertonia muscular Origem periférica: Hipotonia ou atonia muscular Disturbio Visual Alterações do campo visual (escotomas, hemianopsias, quadrantonopsias) podem ser referidas Diplopia, que traduz uma paralisia ocular motora Disturbios paroxísticos, como alucinações visuais, podem constar nas queixas Disturbios do sono Alterações no SRAA podem provocar desordem no mecanismo sono e da vigília A letargia ou hipersônia é um estado de sono anormalmente prolongado (determinadas formas de encefalite) Narcolepsia: crises de sono profundo, de breve duração Insônia Disturbio dos esfíncteres Dois grandes tipos de distúrbio da micção podem ser observados: Retenção da urina: bexiga hipotônica ou atônica Micções involuntárias: bexiga hipertônica Antecedentes Pessoais Fisiológicos Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 3 Clínicas V Gestação: perdas sanguíneas frequentes nos primeiros meses, uso de medicamentos com efeitos teratogênicos, se houve ou não ocorrência de processos infecciosos (rubéola, toxoplasmose, varíola), tentativa de abortamento, traumatismos maternos, toxemia gravídica Parto: Termo ou prematuro, rápido ou demorado, apresentação fetal, traumatismos obstétricos, anoxia neonatal (circular de cordão, sofrimento fetal , fórceps) Recém nascido: cianose ou palidez, manobras de reanimação, choro precoce ou demorado, icterícia nos primeiros dias de vida e crises convulsivas Desenvolvimento neuropsiquicomotor: sustentação da cabeça (normal: 3 a 4 meses); sentou ( 6 e 7 meses); andou e falou (12 a 16 meses); rendimento escolar; hábitos e comportamentos, entre outros Patológicos Doenças da Infância (Varíola, Sarampo, Coqueluche, Catapora,...) Traumatismos Internamentos Cirurgias Transfusão sanguínea Alergias Antecedentes Familiares Heredodegenerações espinocerebelares Miopatias Doenças metabólicas Cosanguinidade dos pais Facies O primeiro contato com o paciente já permite observar a expressão emocional estampada na face: ansiedade (neurose de angustia ou tireotoxicose), tristeza (síndromes depressivas), euforia (esclerose em placas), indiferença (tumores frontais), labilidade emocional (arteriosclerose cerebral difusa), olhar inexpressivo (demência) Parkinson e síndromes Parkinsonianas Inexpresividade; Olhar fixo; Diminuição ou abolição da mímica; Boca entreaberta e com salivação abundante Facie Wilsoniana (Degeneração hepatolenticular) Boca entreaberta Hipersalivação Riso estereotipado Quadros pseudobulbares Facie imóvel e monótona Atetoses Caretas ou expressões grotescas no território inferior da face, com protusão frequente da língua *Atetose: movimentos contorcidos contínuos e involuntários Paralisia de Bell (Paralisia facial periférica) Assimetria da face Lagoftalmo (incapacidade total ou parcial da pálpebra fechar) Epifora (perda ou alteração na drenagem das lágrimas) Repuxamento da boca Diplegia Facial Facies Amimica ou hipomimica Fendas palpebrais aulmetadas (lagoftalmo bilateral) Imobilidade dos labios Hemiatrofia Facial Assimetria da Face por atrofia de toda a metade da mesma, incluindo pele, músculos e ossos Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 4 Clínicas V Fácies de Hutchinson (Miastenia Grave) Doença da placa mioneural Ptose palpebral acompanhada de Estrabismo que obriga a paciente a hiperestender a cabeça para poder enxergar um objeto situado Distrofia muscular progressiva Facie inexpressiva Oclusao palpebral completa Labios separados (sendo o superior saliente _labio de tapir- e o inferior evertido) Desaparecimento das rugas e dos sucos faciais Doença de Crouzon Nariz com a base alargada (bico de papagaio) Prognatismo do maxilar inferior Labio superior curto Gargulismo Facie grotesca , com hipertelorismo, nariz em sela e com a base alargada Labios grossos Macroglossia Orelhas grandes Pescoço curto Atitude O exame compreende desde a inspeção de um segmento corpóreo (atitude segmentar) até o aspecto geral do paciente (atitude geral) Observar inicialmente se tem alguma deformidade corpórea evidente: Cifose (mal de Pott) Pescoço curto (impressão basilar, síndrome de Klippel- Feil) Escoliose ou Cifoescoliose (Doença de Friedreich, distrofia muscular progressiva) Torcicolo Pé cavo com dedos em martelo (Doença de Charcot- Marie) Doenças musculares Distrofia muscular progressiva: Atrofia com distribuição proximal (cintura pélvica e escapular), escápula alada, abdome proeminente, lordose lombar,... Miopatia: O paciente com miopatia apresenta um modo característico de se levantar: Passa de decúbito dorsal para ventral; apoia mãos e pés no chão; depois eleva o tronco apoiando a mão, sucessivamente, nas pernas, joelho e coxas. Mioescrelores: atrofias acentuadas com retração fibrotendíneas, que acabam por fixar os membros numa atitude flexora Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 5 Clínicas V Hipotonia Muscular da Infância Compara-se a atitude desses pacientes a da boneca de trapo. Quando a criança é elevada do leito em decúbito dorsal, sua cabeça e membros pendem inertes A criança não consegue se manter sentada **Principalmente na doença de Werding-Hoffmann Neuropatias periféricas Lesões na ponte anterior da medula, dos plexos, das raízes ventrais ou dos nervos periféricos podem determinar atitudes características: Paralisia radial: mão pendula Paralisia do nervo mediano: mão simiesca Paralisia do nervo ulnar: Mão em garra Paralisia do nervo fibular: pé equino Síndromes meníngeas Pode ocorrer rigidez na nuca e mesmo opistotono (espasmo, típico do tétano, em que a coluna vertebral e as extremidades se curvam para diante do corpo, em arco) Lesões dos Cordões posteriores Nas ataxias sensitivas, os pacinetes se apresentam com a base de sustentação alargada, olhar fixo no chão **Ataxia (equilíbrio ou coorsenação motora prejudicados) Lesões do tronco Encefálico As lesões altas do tronco, poupando o sistema vestibuloespinal, podem determinar rigidez de descerebração: extensão e pronação dos membros superiores, extensão dos inferiores com adução e rotação interna dos pés Lesões Vestibulocerebelares Comuns os desvios laterais da cabeça, que costumam se fazer para o lado do labirinto hipoexcitável ou da estrutura cerebelar acometida Ataxias cerebelares: base de sustentação alargada e corpo oscilante Lesões Extrapiramidais Nos parkisonianos, a postura é rígida com a cabeça e o tronco ligeiramente fletidos, braços colados ao tronco com os antebraços e joelhos semifletidos, além de acinesia (atitude de estatua). Nas coréias, o paciente, quando em posição ereta, apresenta movimentos involuntários frequentes, de forma brusca e desordenada, em quase todos os seguimentos corpóreos Lesão Piramidal Nas hemiplegias espasticas é comum a atitude Wernicke-Mann, determinada pela hipertonia muscular eletiva, que fixa o membro superior numa postura flexora e o inferior numa postura extensora Equilibrio Manter o equilíbrio é uma funçã complexa que só é possível graças a integração de varias estruturas: sistema motor (força muscular, tono muscular, reflexo tonico de postura); as sensibilidades propioceptivas; o aparelho vestibular; aparelho de visão; o cerebelo. O estado de equilíbrio é investigado com o paciente em posição ereta (equilíbrio estático) e durante a marcha (equilíbrio dinâmico). Em pé o paciente pode apresentar oscilações e aumentar a base de sustentação pela separação dos pes (comprometimento cerebelar) ou apresentar instabilidade pela presença de hipercinesias ***Sinal de Romberg: ordena-se ao paciente para colocar um pé na frente do outro ou, então, para manter-se apoiado num pé só Nos distúrbios da esfera vestibular pode haver grande comprometimento do equilíbrio, sendo impossível ao paciente assumir a postura ereta ou sentada (labirintopatias) Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 6 Clínicas V Motricidade Voluntária A exploração do sistema motor deve começar pela motilidade voluntária, apreciando-se sucessivamente os movimentos ativos, a força muscular e as manobras deficitárias Movimentos Ativos Deverão ser analisadas, no decorrer do exame, a velocidade, habilidade, energia e amplitude de movimentos realizados. A pesquisa dos movimentos ativos deve ser realizada de maneira sistemática a fim de se testar os diferentes segmentos. Cabeça e pescoço Solicita-se que o paciente realize movimentos de flexão, extensão, rotação e inclinação para ambos os lados. Musculos óculomotores (III, IV e VI) Mastigação (V) Mímica (VII) Esternocleidomastoideo e trapézio (XI) Língua (XII) Membros superiores Dedos: Flexão, extensão, abdução, adução e oponência do polegar Mãos: Flexão, extenção, abdução, adução, pronação, supinação e rotação Antebraços: Flexão, extenção, supinação e pronação Braços: Flexão, extensão, abdução, adução e elevação Ombro: rotação, projeção para diante e para tras Tronco Flexão, extensão, rotação e inclinação para os lados Membros inferiores Artelhos: Flexão, extensão, separação e aproximação Pés: flexão, extensão, adução, abdução e rotação Pernas: Flexão e extensão Coxas: Flexão, extensão, adução, abdução e rotação Força Muscular Na prática, a força muscular poderá ser testada ao solicitar ao examinador que realize um movimento contra resistência oposta pelo examinador Pode-se utilizar a seguinte tabela: Provas contra-resistência Colocamos nossa força contra todos os movimentos articulares do paciente e medimos, subjetivamente a sua força Ex: Pedir para o paciente abduzir o braço contra uma resistência que o examinador faz, segurando os braços aduzidos contra o corpo Provas contra a força de gravidade Colocamos os membros superiores estendidos para frente, em ângulo de 90º com o tronco, com as mão supinadas e os dedos abduzidos e estendidos. Nessa posição o paciente deve permanecer por mais de um min. Havendo alterações nas posições dos braços, mesmo que seja apenas adução dos dedos ou a tendência a pronação das mãos, há diminuição da forca muscular Manobras deficitárias Manobra dosbraços estendidos Paciente, na posição sentada ou em pé, deve manter seus membros superiores na posição de juramento, com os dedos afastados um do outro Depois de alguns segundos ou de meio a um minuto, segundo o grau Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 7 Clínicas V de déficit motor, o membro apresenta oscilações e tende a abaixa-se lenta e progressivamente. A prova evidencia tanto déficits motores (lesão piramidal), como também distúrbios extrapiramidais , cerebelares, vestibulares e da sensibilidade profunda Manobra de Raimiste Paciente em decúbito dorsal, os antebraços são fletidos sobre os braços em ângulo reto, e as mãos são estendidas com os dedos separados. Em caso de déficit motor, a mão e o antebraço do lado comprometido caem sobre o tronco de modo rápido ou lento Manobra de mingazzini Paciente em decúbito dorsal com pernas fletidas em ângulo reto sobre a coxa e estas sobre a bacia Em caso de déficit, esta posição não se mantém por muito tempo Manobra de Barré (Barriga para baixo) Paciente em decúbito dorsal ventral, com as pernas fletidas formando ângulo reto com as coxas. Em caso de déficit surgem oscilações e/ou queda, imediata ou progressiva de uma ou ambas as pernas **Evidenciar déficit dos músculos flexores da perna sobre a coxa Prova da queda do membro inferior em Abdução Paciente me decúbito dorsal com as pernas fletidas sobre as coxas, mantendo-se o apoio plantar bilateral sobre o leito, de tal sorte que os membros inferiores formem com o tronco um ângulo reto. **Pode ser usada no paciente em coma ou vigília Tono Muscular É um estado de tensão permanente dos músculos. Estew wstado de tensão depende de vários fatores, sendo alguns de ordem física e outros nervosa Tono de repouso ou residual (Coers) Tono de Postura: Determina a manutenção de atitudes Tono de Ação: Durante a execução do movimento Mecanismo de Tono O estímulo adequado para a obtenção do reflexo é o estiramento muscular e, dependendo do modo de pesquisa, pode-se obter dois tipos de resposta: fásico ou tônico. A contração reflexa fásica caracteriza-se por ser brusca, clônica, de caráter cinético, isto é, capaz de promover deslocamento do segmento correspondente. Na prática são os reflexos profundos: reflexo patelar, aquileu, bicipital, etc. A contração reflexa tônica é prolongada, intensa e tem caráter predominantemente estático. Estes reflexos sustentam as atividades posturais e participam da regulação dos movimentos. Exploração do tono O todo muscular é explorado mediante a inspeção, palpação, percussão, movimentação passiva das articulações. Inspeção Permite observar naqueles casos de marcada diminuição do tono, músculos que se achatam flacidamente sobre o plano do leito. Nos casos de aumento do tono, os relevos podem ser mais evidentes. Palpação Permitira uma avaliação da consistência muscular. A consistência pode estar aumentada (hipertonia, rigidez, fibrose, contraturas) ou diminuída (neuropatias periféricas) Percussão Permite apreciar o fenômeno miotônico, que se caracteriza pela contração anormalmente prolongada Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 8 Clínicas V de um musculo pela sua precussão ou mesmo durante a movimentação espontânea Balanço Passivo Realizado aos níveis dos segmentos distais **Nos casos de hipotonia: Oscilações amplas das mãos ou dos pés. Nos casos de hipertonia: Oscilações de pequena amplitude ou ausentes Balança-se as duas mão solicitando do paciente que as relaxe o máximo possível, através do movimento de vai e vem rápido do antebraço Ex: Se na flexão do antebraço o punho alcançar o ombro, há hipotonia Fianlmente, a presença de reflexos pendulares (patelar, triciptal) pode denunciar ou comprovar a existência de hiperpassividade (cerebelopatia), assim como o exagero dos reflexos locais de postura sugere a presença de hipertonia (síndrome parkinsoniana) Alterações do tono Hipotonias Periféricas A interrupção do arco reflexo espinal determina a abolição do tono muscular, Na lesão radicular posterior (tabis dorsalis), em que há comprometimento da sensibilidade propioceptivas, a hipotonia é global e muito acentuada (flacidez, hiperextensibilidade e hiperpassividade) Hipotonias Centrais Os distúrbios do sistema vestibulocerebelar podem se acompanhar de hipotonia homolateral, por deficiência dos influxos facilitadores vestibuloespinais, Nas cerebelopatias predomina a hiperpassividade, e os reflexos profundos podem se apresentar em caráter pendula Hipertonia piramidal (espasticidade) Observa-se frequentemente na hemiplegia consequentes a acidentes vasculares cerebrais, na esclerose lateral amiotrofia É eletiva preponderando em certos grupos musculares (flexores MMSS e extensores nos MMII) É elástica, encontrando-se grande resistência muscular a movimentação passiva e que depois cede rápida e totalmente Acompanha-se, na maioria das vezes, de hiper- reflexia profunda, dos reflexos de automatismo, do sinal de babinski e de sincinesias Como testar: Estando o segmento estendido, na tentativa de fleti-lo (solicitando que o paciente fique relaxado) há uma resistência inicial e, vencida esta resistência inicial o movimento fica fácil, quase espontâneo até a flexão do mesmo (sinal de canivete) Hipertonia extrapiramidal Caracteriza-se por ser global e plástica. Nesta forma há exagero, sobretudo, do tono de repouso e postura A hipertonia interessa a todos os grupos musculares, apresentando, contudo, certa predileção para os músculos do tronco, pescoço e raízes dos membros. Pode-se apresentar de modo transitório ou permanente, em outros numerosos estados mórbidos Como testar: Estando o segmento fletido ou estendido, ao estende-lo ou fleti-lo há resistência periódica, como se fosse uma roda denteada. Este tipo de hipertonia poderá ser detectada supinando e pronando as mãos do paciente, ficando este, passivo, em relação ao movimento imprimido pelo examinador Sensibilidade Classificação Pode ser dividida em exteroceptiva, priprioceptica e enteroceptiva. A enteroceptiva ou visceroceptiva recolheriam estímulos originados dentro do próprio organismo. A exteroceptiva seria todos os estímulos somáticos externos ao organismo Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 9 Clínicas V Propioceptiviva se encarregaria da avaliação da posição do corpo, audição, ofação e gustação Do ponto de vista clínico podemos dividir em superficiais e profundas: Sensibilidade superficial: Tátil, térmica, dolorosa e discriminação tátil Sensibilidade profunda: compreendem as palestésica ou vibratória, a cinético-postural, a barestésica, a dolorosa profunda e a estereognóstica Vias de sensibilidade Corpúsculos de Krause (terminações encapsuladas esféricas): são os órgãos receptores para frio Corpúsculos de Ruffini (terminações encapsuladas alongadas): são os órgãos receptores para o calor Corpúsculos de Meissner (fibras espiraladas localizada numa capsula conjuntiva, ocupando as papilas dérmicas): são encarregadas de recolher os estímulos táteis Corpúsculos de Pacini e de Golgi-Mazzoni: Sensíveis a pressão As vias de sensibilidade são bi ou trineuronais. Em qualquer uma das formas, o primeiro neurônio está constituído pelas células ganglionares das raízes posteriores, que são bipolares com dendritos e axônios. Os dendritos participam da formação do nervo periférico, já os axônios encaminham-se para a medula e chegam ao corno posterior, dando origem as fibras ascendentes. Fibras A (mielinizadas): transmitem com maior velocidade impulsos táteis, térmicos, dolorosos imediatos e propioceptivos Fibras B (mielinizadas) responsável pelas aferências autônomas Fibras C (não-mielinizadas): Dor crônicaVia de sensibilidade Térmica (Frio e Calor) e dolorosa Constituido de fibras curtas que cruzam para o lado oposto na altura do mesmo segmento medular, onde penetram através da comissura cinzenta após ter efetuado sinapse nas células do corno posterior. Vão constituir o feixe espinotalâmico lateral Via de sensibilidade tátil Constituídas por fibras medias que após atingir a medula ascendem dois a três segmentos antes de cruzar a linha média e entrar na constituição do feixe espinotalâmico anterior. Os impulsos táteis não discriminativos são conduzidos por estas fibras Via de sensibilidade profunda consciente Esta constituída por fibras longas que, ao penetrarem na medula apresentam trajeto ascendente e direto até o bulbo Conduzem a sensibilidade profunda consciente e tátil discriminativa Via de sensibilidade profunda inconsciente As fibras que conduzem esta forma de sensibilidade nascem em comum com as da sensibilidade profunda consciente, e parte delas penetra no corno posterior terminando nas células da coluna de Clarke, onde começa o segundo neurônio Exploração O exame deve ser realizado em ambiente tranquilo, encontrando-se o paciente o mais relaxado possível. O exame devera ser repetido varias vezes, se alguma duvida persistir Sensibilidade Superficial ou exteroceptiva A sensibilidade tátil deve ser pesquisada utilizando-se um algodão ou pincel. A sensibilidade dolorosa é pesquisada por meio de agulha A sensibilidade térmica deve ser pesquisada utilizando um tube de ensaio com água gelada e outro com agua quente Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 10 Clínicas V Sensibilidade profunda Cinético-Postural: Colocar passivamente um determinado segmento de um membro numa dada posição e pedir para o paciente reproduzir com o segmento homólogo Outra manobra é ordenar que o paciente que apreenda com a mão oposta o seu polegar, cuja posição deve ser modificada em manobras sucessivas. Em todas as manobras empregadas para a pesquisa da sensibilidade cinética-postural, o paciente deve permanecer com os olhos fechados Vibratória ou Palestésica Aplicar o diapasão em nas saliências ósseas (artelhos, malelolos,...) devendo o paciente acusar ou não vibrações Barestésica (sensibilidade a pressão) Pode ser pesquisada exercendo pressão progressiva, com a polpa de um dedo ou objeto rombo Deve ser realizada em diversos pontos do corpo e o paciente acusar o ponto qu exerceu maior pressão Dolorosa a compressão profunda É pesquisada mediante a compressão das massas musculares, dos nervos e dos tendões Normalmente a compressão moderada dessas estruturas não causa dor, mas em condições patológicas pode causar Localização e discriminação táteis Paciente com olhos fechados deverá indicar exatamente o ponto em que foi praticada a excitação cutânea Reconhecimento de números e letras por meio de um objeto rombo, denominando-se grafoanestesia a incapacidade de reconhecimento Sensibilidade Estereognóstica A estereognosia é a capacidade que o individuo tem de reconhecer objetos pela palpação, estando com os olhos fechados A exploração é feita colocando-se em cada uma das mãos objetos comuns. **A abolição da sensibilidade esterognóstica recebe a designação de astereognsia ou agnosia tátil A agnosia táil pode ser caracterizada: Morfoagnosia, que é a perda da capacidade de distinguir a forma do objeto Hiloagnosia, que é a incapacidade de reconhecer a estrutura material do objeto (ex: foi feito de madeira, vidro,...) Assimbolia tátil, condição em que as qualidades elementares do objeto são reconhecidas, porém, o paciente é incapaz de reconhecer o objeto em sua mao Sensibilidade visceral Pesquisada mediante a compressão de determinadas estruturas ou órgãos (traqueia, mamas, testículos) **A sensibilidade da bexiga pode ser explorada mediante a introdução de líquido em seu interior Funções tróficas e Neurovegetativas Pele e anexos Pele Luzida Caracteriza-se pelo aspecto liso e adelgaçado da pele, que pode adquirir um brilho especial e tornar-se quebradiça Disturbios da pigmentação Placas de hipopigmentação ou com ausência de pigmentação (leucodermia) podem ser observadas na lepra e na sífilis. Na lepra as placas podem ser anestésicas A presença de áreas com pigmentação marrom pode sugerir neurofibromatose Presença de polineuropatia periférica associada a pigmentação cutânea de determinadas áreas pode sugerir pelagra Mal perfurante Plantar Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 11 Clínicas V Consiste em uma ulceração crônica, indolor, que costuma localizar-se em áreas de região plantar com déficit sensitivo e submetidos a pressão constante (hálux, dedo mínimo,...) Ocorre, principalmente, no chamado pe neurovascular de neuropatia diabética e alcoolica, na neuroleprose, etc As ulcerações tróficas indolores também podem se localizar nos membros superiores, compeometendo efetivamente a face palmar das mãos e dedos Escaras de decúbito Desenvolvem-se em áreas da pele submetidas a pressão continua Nas lesões medulares, acompanhadas de abolição da sensibilidade, existe particular tendencia a formação de escaras Ossos e articulações As osteartropatia neurogênica (juntas de charcot) apresentam a a seguinte característica: instalação súbita, importância das deformidades articulares e ausência de manifestação álgica. A mobilidade articular anormal pode ser apreciada durante os movimentos ativos; no joelo, por exemplo, por ocasião da marcha impossível, apesar da ausência de dor Do ponto de vista clinico-radiologico assume-se maior importância a osteosporose, cuja evolução pode dar origem a osteolise, neoformações ossesa Musculo O estado atrófico dos músculos deve ser explorado mediante inspeção, palpação e mensuração de segmentos corporais homólogos Inspeção: pode-se observar diminuição do calibre de determinados segmentos corporais Entre os distúrbios do trofismo muscular, pode-se observar: atrofia, hipertrofia, e pseudoipetrofia Funções neurovegetativas O sistema neurovegetativo compreende duas porções: a ortossimpatica (toracolombar) e parassimpática (craniana e sacra). Esse sistema é regido por centos medulares e encefálicos O sistema neurovegetativo esta constituído por uma rede ganglionar com disposição metamérica. As células desse gânglio estão em relação com fibras originadas do neuroeixo, emitindo, por sua vez, fibras destinadas as estruturas vegetativas (vísceras, músculos lisos, vasos sanguíneos, musculo cardíaco, glândulas, brônquios). Os músculos lisos exigem dois neurônios diferentes. O primeiro (pré-ganglionar) do simpático esta localizado no corno lateral da medula. Os axônios deste primeiro neurônio atingem a cadeia ganglionar paravertebral, estabelecendo sinapses com uma ou mais células ganglionares (segundo neurônio). A ação das fibras neurovegetativas no nível das sinapses ganglionares se faz através da acetilcolina. O nível de fibras pos ganglionares depende da ação: acetilcolina para o parassimpático e adrelanila ou noradrenalina para o simpático. O predominio do sistema simpático determina: midríase, taquicardia, broncodilatação, vasoconstrição, broncodilatação, diminuição do peristaltismo e das secreções O predomínio do parassimpático determina: miose, bradicardia, vasodilatação, aumento do peristaltismo e das secreções (vagotonia) Exame das funções Corticais Superiores De forma mais ampla, o exame das funções corticais superiores analisa a consciência, que pode ser definida como o estado em que o indivíduo é capaz de reconhecer a si próprio e interagir com o meio. Existem dois componentes a serem observados: 1. Nível de consciência: é o grau de alerta que pode variar de vigília a coma. Distúrbios do nível de consciênciarefletem alterações localizadas no tronco cerebral, que envolvem o sistema ativador reticular ascendente (SARA) ou no sistema tálamo-cortical bilateralmente. 2. Conteúdo de consciência: conjunto de todas as funções cognitivas e afetivas de um indivíduo (linguagem, humor, memória, crítica etc.) que Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 12 Clínicas V depende da integridade do córtex cerebral e dos principais núcleos subcorticais. A princípio, pergunte ao paciente o motivo da consulta (mesmo que ele não pareça capaz de compreender ou responder) e deixe-o falar, permitindo-o descrever o que ele apresenta. Em casos onde há comprometimento evidente, como em fases mais tardias das demências, faça a mesma pergunta ao acompanhante, que deve ser íntimo do paciente. Roteiro de perguntas relevantes em neurologia cognitiva e neuropsiquiatria Memória episódica Esquece fatos recentes do dia a dia? Dificuldade com recados? Repete perguntas? Dificuldade para lembrar- se de compromissos? Esquece onde guardou objetos? Esquece itens de compra? Dificuldade em manter-se atualizado(a)? Esquece de tomar seus remédios? Dificuldade com datas recentes? Funções executivas Dificuldade em tomar decisões? Dificuldade em resolver problemas cotidianos? Dificuldade em participar da vida financeira da família? Dificuldade em lidar com dinheiro? Dificuldade de atenção/concentração? Perda de iniciativa para tarefas? Dificuldade em planejar eventos, como almoço ou viagens? Julgamento inadequado de situações? Habilidades Visuespaciais e Praxias Dificuldade para se orientar na vizinhança ou em sua própria casa? Dificuldade em reconhecer o rosto das pessoas? Dificuldade em dirigir veículos ou estacioná- los? Dificuldade em perceber adequadamente distância ou profundidade? Dificuldade para se vestir? Dificuldade em pentear-se ou barbear-se? Dificuldade para usar objetos comuns, como chave, talheres? Linguagem Dificuldade para encontrar palavras? Dificuldade com nomes de pessoas? Dificuldade com nomes de objetos? Dificuldade para se fazer entender e explicar as coisas? Pouca objetividade, estende demasiadamente algo que pode ser dito em poucas palavras? Dificuldade para compreender palavras ou frases? Dificuldade para pronunciar algumas palavras? Dificuldade para leitura e escrita? Dificuldade para repetir o que lhe é dito? Troca sílabas de uma mesma palavra? Empobrecimento do vocabulário? Diminuição da fluência? Sintomas Neuropsiquiatricos Sintomas depressivos: Sente tristeza? Choro imotivado? Falta de ânimo? Alteração de sono? Ansiedade: Preocupa-se em excesso com coisas que deve fazer ou entes da família? Apatia: Parece menos ativo que o habitual? Desinibição: Faz comentários grosseiros que não fazia? Comportamento ou comentários sexuais inadequados? Mudança de personalidade? Comportamento motor aberrante: Anda esmo pela casa? Faz coisas repetidas como abrir/fechar armários ou gavetas? Irritabilidade: Tem acessos de raiva? Esta mais irritadiço? “Pavio curto” Delírios: É a alteração do juízo da realidade com crenças falsas. O paciente acredita que outros estão o perseguindo? Alucinação: É a percepção de um objeto sem que ele esteja presente. O paciente ouve vozes que não existem? Enxerga coisas que não existem? Ilusão: É a percepção deformada de objeto real e presente. Por exemplo, ver animais que não existem a partir de estímulos visuais vindos de um quadro na parede, que é real. Exame das funções cognitivas Atenção e negligência Estruturas subcorticais: Fibras da formação reticular do mesencéfalo no tronco cerebral e os núcleos intralaminares do tálamo. Quando ocorre lesão dessas regiões, o paciente pode ter desde distúrbios de atenção e até mesmo coma. Estruturas Corticais Área pré-frontal: responsável pelos planejamentos motor e comportamental. Pacientes com lesão desta área apresentam dificuldade de concentração. Área Temporoparietal Direita: Contém o lóbulo parietal inferior (formado pelos giros angular e supramarginal) que é essencial para a percepção espacial. Para testar a atenção de forma mais rápida, sugerem-se os itens de atenção do MoCA (Montreal Cognitive Assessment ), que inclui testes de extensão de dígitos nas ordens direta e indireta: considera-se normal se o paciente falar 7 dígitos 2 na Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 13 Clínicas V ordem direta. Na ordem indireta, consideram-se 5(1) e não deve ser maior que 2 números a menos que na ordem inversa;5cálculo seriado de 7; e vigilância (batida para determinada letra). É possível também pedir para que o paciente fale todos os meses na ordem inversa. Lesões na região parietal direita, mas também na junção temporoparietal e no córtex frontal inferior direito, levam à síndrome de heminegligência, quando o paciente tem um déficit de atenção do lado esquerdo que pode ser de 2 tipos: 1. Negligência do corpo: o paciente não reconhece a metade esquerda de seu corpo como sendo sua, assim ele pode não se barbear do lado esquerdo. 2. Negligência visuoespacial: o paciente não reconhece pessoas ou objetos do lado esquerdo e pode deixar, por exemplo, de comer a comida da metade esquerda de um prato. Ao solicitar que o paciente leia um texto, ele irá ler somente a metade direita do papel. Uma forma simples de testar é fazer uma linha horizontal em um papel e pedir ao paciente para marcar o meio da linha. Pacientes com heminegligência marcam o meio mais à direita do centro Memoria É a capacidade de assimilar informações ou atos, manter um aprendizado, acessá-lo e modificar um comportamento diante de um estímulo. Quando uma informação é adquirida ela passa por circuitos neuronais antes de ser armazenada como memória a longo prazo. Sistema límbico: formado pelo hipocampo, corpos mamilares, núcleo anterior do tálamo, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e amígdalas. A perda da memória é denominada amnésia e, de uma forma geral, podemos classifica-la, como: Amnésia anterógrada: o paciente é incapaz de adquirir novas informações após a instalação do processo mórbido (doença, trauma). Ex Alzheimer, TCE Amnésia retrógrada: o paciente não consegue lembrar-se de informações que foram armazenadas antes do dano cerebral. Este tipo de amnésia pode ocorrer após um TCE. Do ponto de vista clínico, o sistema mais comumente afetado é o da memória episódica, que pode ser definida como o ato consciente de se lembrar de experiências pessoais e concretas. Este tipo de memória, que envolve processos de retenção e consolidação de novas informações, está afetado em doenças que acometem o lobo temporal medial, em estruturas, como hipocampo, córtex entorrinal e giro para-hipocampal. É muito comum na doença de Alzheimer e na epilepsia de lobo temporal. As alterações de memória episódica são detectadas principalmente pela anamnese. No consultório, é comum que haja contradições entre a opinião do familiar e a do paciente com amnésia, que, em geral, não acha que tenha problemas (é frequente que “esqueça que esqueceu”). Em geral, esses testes têm três principais etapas: codificação da informação apresentada, com repetição dos itens que o examinador deseja que sejam memorizados; evocação tardia, em que o paciente deve-se lembrar da informação após alguns minutos (em geral, acima de 15 minutos), inicialmente sem pistas e, caso não se lembre, podem ser usadas pistas; e reconhecimento, em que o paciente deve distinguir se determinado item estava ou não presente na etapa de codificação. Linguagem Fala espontânea (Fluência) A fala é dita fluente, se o paciente mantiver volume de emissão, extensão da frase e melodia apropriados. Fluência verbal fonêmica: solicitar ao indivíduo que fale a maior quantidade de CarolinaLucchesi | Medicina UNIT 14 Clínicas V palavras iniciadas por uma dessas letras (“F”, “A”, “S”) em 1 minuto. Fluência verbal semântica: anotar quantos animais o paciente consegue falar em 1 minuto. Deve-se contar somente uma espécie por vez, ou seja, se o paciente citar o macho, a fêmea e o filhote, só vale um ponto, como, por exemplo: boi, vaca e bezerro Estereotipia verbal: é a repetição automática de um som, palavra ou expressão sem sentido comunicativo Aprosodia: consiste na falta de melodia, entonação. A fala fica monótona, dando a impressão de que o paciente está com depressão. Ocorre por causa da lesão no hemisfério direito (na região homóloga à área de Broca). Compreensão Oral Observar se há dificuldade para a compreensão de palavras ou frases de estruturas gramaticais simples até as mais complexas. Para testar, solicitar que o paciente obedeça a comandos verbais (“abra a boca”). Se não obedecer, verificar se ele consegue dizer sim e não com a cabeça e, então, lhe fazer perguntas absurdas (“um elefante pode voar?”). Deve-se excluir a possibilidade de hipoacusia. Nomeação A anomia, que é incapacidade de nomeação, é o achado mais encontrado nas afasias. É importante verificar se a anomia é fonológica (quando o paciente sabe o significado do objeto), semântica (quando o paciente não sabe o significado do objeto) ou se a dificuldade de nomear é consequência de uma agnosia visual (neste caso, um objeto não reconhecido pela visão, mas pode ser facilmente identificado pelo tato). Quando solicitado a dizer o nome de um objeto, o paciente pode dizer neologismos (criar palavras ou atribuir a elas um novo significado); circunlocuções (utilizar palavras para substituir uma palavra que não se recorda, em vez de dizer tesoura ele diz “usado para cortar”); e parafasias (substituição de fonemas, sílabas ou palavras). Existem 2 tipos de parafasias: 1. Parafasia fonêmica: o paciente comete um erro fonético, e a palavra dita é semelhante à correta. Por ex.: diz “láfis” em vez de “lápis” (lesão perissilviana anterior). 2. Parafasia semântica: se o paciente enunciar uma palavra que pertence à mesma categoria da palavra- alvo. Por exemplo, “caneta” no lugar de “lápis” ou “gato” em vez de “tigre” (lesão perissilviana posterior ou em polo temporal esquerdo). Leitura Deve-se testar a capacidade de compreensão dos símbolos da linguagem, pedindo que obedeça ordens escritas, como “mostre os dentes” ou solicitando que leia um texto em voz alta. Alexia: incapacidade de ler ou de compreender palavras escritas (síndrome de cegueira para palavras). Escrita Solicitar ao paciente que escreva uma frase que deve conter sujeito e predicado e fazer sentido, bem como que anote um ditado Agrafia (ou disgrafia): é usada para descrever um déficit adquirido para escrever. Pode ser de origem linguística, mas também de alterações práxicas e visuoespaciais. Alguns pacientes com alexia também têm agrafia. Repetição O paciente é instruído a repetir palavras e frases, inicialmente mais simples e progressivamente mais complexas. Pode haver ainda tendência a aumento de repetição, por exemplo, na ecolalia, quando o paciente repete o que é dito pelo interlocutor. Na palilalia, há uma repetição progressivamente mais rápida de sílabas, palavras ou frases curtas, imediatamente ditas. Afasia Afasia é um distúrbio adquirido de linguagens falada e escrita, secundário à doença cerebral, em que pode haver alteração da capacidade de produção, compreensão ou repetição. É um alteração simbólica, e o aparelho fonoarticulatório está normal (ausência de disartria). Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 15 Clínicas V Agnosia Agnosia é a alteração da percepção, ou seja, da capacidade de reconhecer e interpretar o significado de estímulos de determinada modalidade sensorial, porém com as vias sensitivas preservadas. Visual: Nas agnosias visuais, há alteração da capacidade de reconhecimento visual, apesar de a visão estar intacta (cegueira psíquica). o Agnosia Visual Aperceptiva: paciente é incapaz de reconhecer as formas dos objetos o Agnosia visual associativa: é caracterizada por incapacidade global de reconhecer objetos em decorrência de uma anormalidade da associação do objeto com memórias. o Agnosia Visual para Objetos: O paciente descreve o objeto, mas é incapaz de identifica- lo o Agnosia visual para cores: Incapacidade de nomear ou identificar cores o Prosopoagnosia: Incapacidade de reconhecer rostos familiares, porém o paciente consegue reconhecer as pessoas imediatamente pela voz o Agnosia Visual por categoria: Incapacidade de reconhecer determinadas categorias. Ex: animais o Simultagnosia: Incapacidade de reconhecer uma imagem completa paciente consegue perceber apenas um objeto de cada vez, por exemplo, “vê as árvores, mas não a floresta” Auditiva: o Do som ambiente: É a incapacidade de reconhecer sons. O paciente é incapaz de reconhecer, por exemplo, o som de uma campainha o Fonagnosia: É a incapacidade de reconhecer vozes familiares. O paciente não reconhece uma pessoa pela voz, mas sim pelo rosto. o Amusia: O paciente tem dificuldade em reconhecer sons musicais Somestésica: o Autotopagnosia: agnosia da imagem corporal, diminuição da capacidade de nomear e reconhecer partes do corpo. o Agnosia tátil: Astereognosia (estereoanestesia): incapacidade de identificar um objeto pelo tato. Lesão parietal contralateral, lesões anteriores do corpo caloso, lesão das radiações talâmicas. Agrafestesia: perda da capacidade de reconhecer números escritos na palma da mão ou nas pontas dos dedos do paciente (lesão no lobo parietal contralateral). Agnosia digital: diminuição da capacidade de reconhecer ou selecionar dedos específicos das próprias mãos ou das mãos do examinador Apraxia Incapacidade de executar uma função motora previamente aprendida na ausência de déficit sensitivo, motor primário ou de coordenação que justifique esta incapacidade. É necessário que a compreensão e a atenção estejam intactas. Apraxia ideomotora: O paciente é incapaz de imitar o uso de objetos através de mímica ou não consegue demonstrar gestos específicos (acenar, pentear-se). Ocorre em razão de uma desconexão entre a rede de linguagem ou visual e as áreas motoras, ou seja, entre a rede que compreende o comando e as áreas motoras que o executam. É quase sempre causada por lesões no hemisfério esquerdo e, portanto, comumente associada à afasia de Broca e à de condução. Apraxia ideatória: Dificuldade na manipulação de ferramentas ou outros objetos, associada a déficits conceituais do movimento. Não consegue realizar uma sequência correta de uma Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 16 Clínicas V ação, mas consegue executar cada etapa do ato motor complexo. Lesão da junção temporoparietal posterior esquerda, demências; Apraxia do vestir: Incapacidade de vestir uma camisa, dar um nó na gravata. Apraxia oculomotora: Dificuldade de mover os olhos horizontalmente de forma voluntária, com as vias primárias preservadas. Funções Executivas Conjunto de habilidades cognitivas associadas à supervisão de um objetivo. Relacionado com a organização dos pensamentos e comportamentos através do planejamento, execução e monitoramento desse objetivo. Para testar as funções executivas podem-se utilizar o teste de trilhas B, teste de Stroop e a sequência de Luria. A sequência de Luria avalia a organização dinâmica, que é a capacidade de executar movimentos repetidos e em sucessão. Nas lesões pré-motoras, há dificuldade de passar de um movimento a outro e de inibir movimentos que foram iniciados. O teste do desenho do relógio (TDR) é um instrumento rápido de ser aplicadoe utilizado para avaliar funções executivas. Pedir para desenhar um relógio com os números e ponteiros indicando um horário estabelecido. O paciente deve ter a habilidade de planejamento, sequência de respostas e monitoramento intactas.
Compartilhar