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Exame neurológico

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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
1 Clínicas V 
Exame neurológico 
Queixa Principal e doença atual 
A anamnese neurológica em inicio com os dados já 
conhecidos, mas acrescenta-se a lateralidade (destra ou 
sinistra). 
Anotar a queixa principal com as palavras do paciente 
Identifique o período exato de inicio dos sintomas e se 
estes são constantes ou intermitentes; se intermitentes, 
verifique o caráter, a duração, a frequência, a 
intensidade e a relação com fatores externos. Avalie o 
avanço ou a regressão de cada sintoma- se há alguma 
variação sazonal, diurna ou noturna- e a resposta ao 
tratamento. Em pacientes cuja principal queixa é a dor, 
verifique a localização; o caráter ou a qualidade; a 
intensidade; os sintomas associados e, se episódica, a 
frequência, a duração e os fatores específicos que a 
precipitam ou aliviam. 
 
Principais sintomas neurológicos: 
Cefaléia 
Na caracterização da cefaleia é necessário: 
 O modo de inicio (súbita ou gradual) 
 Localização da dor 
 Presença ou não de irradiação 
 Tipos de dor (pulsátil, lancinante, constitutiva 
ou queimação) 
 A presença de periodicidade de ritmos 
 Presença de sinais e sintomas associados 
(náuseas, vômitos, edema de papila, 
lacrimejamento, fotofobia,...) 
 Fatores de piora (tosse, esforço físico, 
decúbito, movimento da cabeça, ...) 
 Fatores de melhora (analgésicos, repouso, 
postura, ...) 
Na crise de enxaqueca a cefaleia costuma ser pulsátil, 
unilateral e acompanhada de manifestações 
neurovegetativas (vomito, náusea e palidez) 
1. Cefaléia de hipertensão intracraniana: Ocorre pela 
manhã e vai melhorando, pode ser difusa ou 
localizada, apresentando evolução intermitente, 
costuma ser acompanhada de vômitos e edema de 
papila 
2. Cefaléia Histaminica: Paroxistica, unilateral 
(costuma-se localizar na região ocular e temporal) 
e de grande intensidade. É uma crise breve que 
costuma ocorrer no período noturno e pode ser 
reproduzida pela injeção de histamina. 
3. Na hipotensão intracraniana: Cefaleia na posição 
ortostática, intensa, contínua e não-pulsátil. 
Melhora com repouso quando o paciente assume o 
decúbito com a cabeça em níve mais baixo 
4. Meninges purulentas e nas hemorragias 
meníngeas: cefaleia de grande intensidade 
acompanhada de sinais e sintomas 
meningorradiculares (rigidez na nuca, fotofobia, 
sinal de Kernig, Brudzinski, lasegue) 
5. Cefaléias Miogênicas (tensão emocional, vícios de 
postura da cabeça,...): crônicas, dor superficial, de 
caráter opressivo ou constritivo, localizada 
principalmente na região occiptocervical ou região 
temporal e vértex. 
Dor 
Analise exaustiva de todos os seus elementos: 
localização, irradiação, intensidade, frequência, 
característica, duração, fatores de piora e melhora, 
medicamentos, etc 
Podemos distinguir 3 tipos fundamentais de dor: 
neurítico, radicular e central. 
1. Dor neurítica: localiza-se no local de distribuição 
de um ou mais nervos periféricos. A dor pode se 
apresentar em queimação, descargas elétricas ou 
de forma semelhante as dores de tabes dorsalis. No 
território dos nervos cranianos podem ocorrer as 
chamadas neuralgias (trigêmeo, glossofaríngeo) 
que se traduzem por dor paroxística, de breve 
duração, do tipo lascinante. Na neuralgia herpética 
(herpes zoster) o paciente refere a dor em 
queimação no trajeto de um nervo 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
2 Clínicas V 
2. Dor radicular: Provocada pela irritação das raízes 
sensitivas raquianas. 
3. Dor central: difícil caratcterização 
Parestesias 
São sensações desagradáveis, mais ou menos 
permanentes, que traduzem irritação de nervos 
periféricos sensitivos ou de raízes anteriores. 
Costumam se traduzir principalmente por 
formigamento, picada, adormecimento, queimação na 
planta dos pés, ... 
Epilepsias e estados convulsivos 
Devem ser exaustivamente estudados em todos os seis 
pormenores: 
 Caracterização da crise (grande mal, pequeno 
mal, crise focal) 
 Presença ou não de aurea- fenomenologia que 
precede a perda de consciência e que pode ser 
motora (mioclonias), sensitiva (parestesia), 
psíquica, vegetativa (palpitações) 
 Presença se manifestações pós- criticas 
(cefaleias, manesia, paresia, afasia) 
É importante, no interrogatório, determinados dados: 
 Idade de inicio da crise 
 Frequencia das crises 
 Ritmo, Horário 
 Presença de fatores precipitantes (tensão 
emocional, fadiga, excesso de bebidas) 
 Relação com a menstruação 
 Tratamentos já realizados 
Vertigem 
Percepção consciente de orientação desordenada do 
corpo no espaço. 
Manifestação mais frequente: Sensação rotatória 
(sensação de balanço do corpo, de deslocamento do 
solo sob os pés) 
**Vertigem subjetiva: caracteriza-se pela sensação. O 
indivíduo reconhece que os objetos dentro de seu 
campo visual estão imóveis; sua representação 
psíquica e interior que é instável. 
**Vertigem objetiva: o deslocamento do mundo 
exterior é percebido pelo paciente 
 Intensidade do sintoma 
 Direção do movimento ilusório 
 Duração do sintoma 
Paresias e paralisisas 
Paralisia: Deficit motor completo 
Paresia: Deficit motor parcial 
As paralisias e/ou paresias podem ser de origem 
central (piramidais ou do primeiro neurônio motor) ou 
periféricas (flácidas ou do segundo neurônio motor) 
 Origem central: Hipertonia muscular 
 Origem periférica: Hipotonia ou atonia 
muscular 
Disturbio Visual 
Alterações do campo visual (escotomas, hemianopsias, 
quadrantonopsias) podem ser referidas 
Diplopia, que traduz uma paralisia ocular motora 
Disturbios paroxísticos, como alucinações visuais, 
podem constar nas queixas 
Disturbios do sono 
Alterações no SRAA podem provocar desordem no 
mecanismo sono e da vigília 
 A letargia ou hipersônia é um estado de sono 
anormalmente prolongado (determinadas 
formas de encefalite) 
 Narcolepsia: crises de sono profundo, de breve 
duração 
 Insônia 
Disturbio dos esfíncteres 
Dois grandes tipos de distúrbio da micção podem ser 
observados: 
 Retenção da urina: bexiga hipotônica ou 
atônica 
 Micções involuntárias: bexiga hipertônica 
 
Antecedentes Pessoais 
Fisiológicos 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
3 Clínicas V 
Gestação: perdas sanguíneas frequentes nos primeiros 
meses, uso de medicamentos com efeitos 
teratogênicos, se houve ou não ocorrência de processos 
infecciosos (rubéola, toxoplasmose, varíola), tentativa 
de abortamento, traumatismos maternos, toxemia 
gravídica 
Parto: Termo ou prematuro, rápido ou demorado, 
apresentação fetal, traumatismos obstétricos, anoxia 
neonatal (circular de cordão, sofrimento fetal , fórceps) 
Recém nascido: cianose ou palidez, manobras de 
reanimação, choro precoce ou demorado, icterícia nos 
primeiros dias de vida e crises convulsivas 
Desenvolvimento neuropsiquicomotor: sustentação da 
cabeça (normal: 3 a 4 meses); sentou ( 6 e 7 meses); 
andou e falou (12 a 16 meses); rendimento escolar; 
hábitos e comportamentos, entre outros 
Patológicos 
 Doenças da Infância (Varíola, Sarampo, 
Coqueluche, Catapora,...) 
 Traumatismos 
 Internamentos 
 Cirurgias 
 Transfusão sanguínea 
 Alergias 
 
Antecedentes Familiares 
 Heredodegenerações espinocerebelares 
 Miopatias 
 Doenças metabólicas 
 Cosanguinidade dos pais 
 
Facies 
O primeiro contato com o paciente já permite observar 
a expressão emocional estampada na face: ansiedade 
(neurose de angustia ou tireotoxicose), tristeza 
(síndromes depressivas), euforia (esclerose em placas), 
indiferença (tumores frontais), labilidade emocional 
(arteriosclerose cerebral difusa), olhar inexpressivo 
(demência) 
Parkinson e síndromes Parkinsonianas 
 Inexpresividade; 
 Olhar fixo; 
 Diminuição ou abolição 
da mímica; 
 Boca entreaberta e com 
salivação abundante 
Facie Wilsoniana (Degeneração 
hepatolenticular) 
 Boca entreaberta 
 Hipersalivação Riso estereotipado 
Quadros pseudobulbares 
Facie imóvel e monótona 
Atetoses 
Caretas ou expressões grotescas no território inferior 
da face, com protusão frequente da língua 
*Atetose: movimentos contorcidos contínuos e 
involuntários 
Paralisia de Bell (Paralisia 
facial periférica) 
 Assimetria da face 
 Lagoftalmo 
(incapacidade total ou 
parcial da pálpebra 
fechar) 
 Epifora (perda ou 
alteração na drenagem 
das lágrimas) 
 Repuxamento da boca 
Diplegia Facial 
 Facies Amimica ou hipomimica 
 Fendas palpebrais aulmetadas (lagoftalmo 
bilateral) 
 Imobilidade dos labios 
Hemiatrofia Facial 
Assimetria da Face por atrofia de toda a metade da 
mesma, incluindo pele, músculos e ossos 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
4 Clínicas V 
 
Fácies de Hutchinson (Miastenia Grave) 
Doença da placa mioneural 
Ptose palpebral acompanhada de 
Estrabismo que obriga a paciente 
a hiperestender a cabeça para 
poder enxergar um objeto situado 
Distrofia muscular progressiva 
 Facie inexpressiva 
 Oclusao palpebral completa 
 Labios separados (sendo o superior saliente 
_labio de tapir- e o inferior evertido) 
 Desaparecimento das rugas e dos sucos faciais 
Doença de Crouzon 
 Nariz com a base 
alargada (bico de 
papagaio) 
 Prognatismo do maxilar 
inferior 
 Labio superior curto 
Gargulismo 
 Facie grotesca , com hipertelorismo, nariz em 
sela e com a base alargada 
 Labios grossos 
 Macroglossia 
 Orelhas grandes 
 Pescoço curto 
 
 
Atitude 
O exame compreende desde a inspeção de um 
segmento corpóreo (atitude segmentar) até o aspecto 
geral do paciente (atitude geral) 
Observar inicialmente se tem alguma deformidade 
corpórea evidente: 
 Cifose (mal de Pott) 
 Pescoço curto (impressão basilar, síndrome de 
Klippel- Feil) 
 Escoliose ou Cifoescoliose (Doença de 
Friedreich, distrofia muscular progressiva) 
 Torcicolo 
 Pé cavo com dedos em martelo (Doença de 
Charcot- Marie) 
Doenças musculares 
Distrofia muscular progressiva: Atrofia com 
distribuição proximal (cintura pélvica e escapular), 
escápula alada, abdome proeminente, lordose 
lombar,... 
Miopatia: O paciente com 
miopatia apresenta um modo 
característico de se levantar: 
Passa de decúbito dorsal para 
ventral; apoia mãos e pés no 
chão; depois eleva o tronco 
apoiando a mão, 
sucessivamente, nas pernas, joelho e coxas. 
Mioescrelores: atrofias 
acentuadas com retração 
fibrotendíneas, que acabam por 
fixar os membros numa atitude 
flexora 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
5 Clínicas V 
Hipotonia Muscular da Infância 
Compara-se a atitude desses pacientes a da boneca de 
trapo. 
Quando a criança é elevada do leito em decúbito 
dorsal, sua cabeça e membros pendem inertes 
A criança não consegue se manter sentada 
**Principalmente na doença de Werding-Hoffmann 
Neuropatias periféricas 
Lesões na ponte anterior da medula, dos plexos, das 
raízes ventrais ou dos nervos periféricos podem 
determinar atitudes características: 
 Paralisia radial: mão pendula 
 Paralisia do nervo mediano: mão simiesca 
 Paralisia do nervo ulnar: Mão em garra 
 Paralisia do nervo fibular: pé equino 
Síndromes meníngeas 
Pode ocorrer rigidez na nuca e mesmo opistotono 
(espasmo, típico do tétano, em que a coluna vertebral e 
as extremidades se curvam para diante do corpo, em 
arco) 
Lesões dos Cordões posteriores 
 
 Nas ataxias sensitivas, os pacinetes se apresentam 
com a base de sustentação alargada, olhar fixo no chão 
**Ataxia (equilíbrio ou coorsenação motora 
prejudicados) 
Lesões do tronco Encefálico 
As lesões altas do tronco, 
poupando o sistema 
vestibuloespinal, podem 
determinar rigidez de 
descerebração: extensão e 
pronação dos membros 
superiores, extensão dos 
inferiores com adução e 
rotação interna dos pés 
Lesões Vestibulocerebelares 
Comuns os desvios laterais da cabeça, que costumam 
se fazer para o lado do labirinto hipoexcitável ou da 
estrutura cerebelar acometida 
Ataxias cerebelares: base de sustentação alargada e 
corpo oscilante 
Lesões Extrapiramidais 
Nos parkisonianos, a postura é rígida com a cabeça e o 
tronco ligeiramente fletidos, braços colados ao tronco 
com os antebraços e joelhos semifletidos, além de 
acinesia (atitude de estatua). 
Nas coréias, o paciente, quando em posição ereta, 
apresenta movimentos involuntários frequentes, de 
forma brusca e desordenada, em quase todos os 
seguimentos corpóreos 
Lesão Piramidal 
Nas hemiplegias espasticas é comum a atitude 
Wernicke-Mann, determinada pela hipertonia muscular 
eletiva, que fixa o membro superior numa postura 
flexora e o inferior numa postura extensora 
 
Equilibrio 
Manter o equilíbrio é uma funçã complexa que só é 
possível graças a integração de varias estruturas: 
sistema motor (força muscular, tono muscular, reflexo 
tonico de postura); as sensibilidades propioceptivas; o 
aparelho vestibular; aparelho de visão; o cerebelo. 
O estado de equilíbrio é investigado com o paciente 
em posição ereta (equilíbrio estático) e durante a 
marcha (equilíbrio dinâmico). 
Em pé o paciente pode apresentar oscilações e 
aumentar a base de sustentação pela separação dos pes 
(comprometimento cerebelar) ou apresentar 
instabilidade pela presença de hipercinesias 
***Sinal de Romberg: ordena-se ao paciente para 
colocar um pé na frente do outro ou, então, para 
manter-se apoiado num pé só 
Nos distúrbios da esfera vestibular pode haver grande 
comprometimento do equilíbrio, sendo impossível ao 
paciente assumir a postura ereta ou sentada 
(labirintopatias) 
 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
6 Clínicas V 
Motricidade Voluntária 
A exploração do sistema motor deve começar pela 
motilidade voluntária, apreciando-se sucessivamente 
os movimentos ativos, a força muscular e as manobras 
deficitárias 
Movimentos Ativos 
Deverão ser analisadas, no decorrer do exame, a 
velocidade, habilidade, energia e amplitude de 
movimentos realizados. 
A pesquisa dos movimentos ativos deve ser realizada 
de maneira sistemática a fim de se testar os diferentes 
segmentos. 
Cabeça e pescoço 
Solicita-se que o paciente realize movimentos de 
flexão, extensão, rotação e inclinação para ambos os 
lados. 
 Musculos óculomotores (III, IV e VI) 
 Mastigação (V) 
 Mímica (VII) 
 Esternocleidomastoideo e trapézio (XI) 
 Língua (XII) 
Membros superiores 
 Dedos: Flexão, extensão, abdução, adução e 
oponência do polegar 
 Mãos: Flexão, extenção, abdução, adução, 
pronação, supinação e rotação 
 Antebraços: Flexão, extenção, supinação e 
pronação 
 Braços: Flexão, extensão, abdução, adução e 
elevação 
 Ombro: rotação, projeção para diante e para tras 
Tronco 
Flexão, extensão, rotação e inclinação para os lados 
Membros inferiores 
 Artelhos: Flexão, extensão, separação e 
aproximação 
 Pés: flexão, extensão, adução, abdução e rotação 
 Pernas: Flexão e extensão 
 Coxas: Flexão, extensão, adução, abdução e 
rotação 
Força Muscular 
Na prática, a força muscular poderá ser testada ao 
solicitar ao examinador que realize um movimento 
contra resistência oposta pelo examinador 
Pode-se utilizar a seguinte tabela: 
 
 
Provas contra-resistência 
Colocamos nossa força contra todos os movimentos 
articulares do paciente e medimos, subjetivamente a 
sua força 
Ex: Pedir para o paciente abduzir o braço contra uma 
resistência que o examinador faz, segurando os braços 
aduzidos contra o corpo 
Provas contra a força de gravidade 
Colocamos os membros superiores estendidos para 
frente, em ângulo de 90º com o tronco, com as mão 
supinadas e os dedos abduzidos e estendidos. Nessa 
posição o paciente deve permanecer por mais de um 
min. Havendo alterações nas posições dos braços, 
mesmo que seja apenas adução dos dedos ou a 
tendência a pronação das mãos, há diminuição da forca 
muscular 
Manobras deficitárias 
Manobra dosbraços estendidos 
Paciente, na posição sentada ou 
em pé, deve manter seus membros 
superiores na posição de 
juramento, com os dedos 
afastados um do outro 
Depois de alguns segundos ou de 
meio a um minuto, segundo o grau 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
7 Clínicas V 
de déficit motor, o membro apresenta oscilações e 
tende a abaixa-se lenta e progressivamente. 
A prova evidencia tanto déficits motores (lesão 
piramidal), como também distúrbios extrapiramidais , 
cerebelares, vestibulares e da sensibilidade profunda 
Manobra de Raimiste 
Paciente em decúbito dorsal, os antebraços são fletidos 
sobre os braços em ângulo reto, e as mãos são 
estendidas com os dedos separados. 
Em caso de déficit motor, a mão e o antebraço do lado 
comprometido caem sobre o tronco de modo rápido ou 
lento 
Manobra de mingazzini 
Paciente em decúbito 
dorsal com pernas fletidas 
em ângulo reto sobre a 
coxa e estas sobre a bacia 
Em caso de déficit, esta posição não se mantém por 
muito tempo 
Manobra de Barré (Barriga para baixo) 
Paciente em decúbito dorsal 
ventral, com as pernas 
fletidas formando ângulo 
reto com as coxas. 
Em caso de déficit surgem 
oscilações e/ou queda, imediata ou progressiva de uma 
ou ambas as pernas 
**Evidenciar déficit dos músculos flexores da perna 
sobre a coxa 
Prova da queda do membro inferior em Abdução 
Paciente me decúbito dorsal 
com as pernas fletidas sobre as 
coxas, mantendo-se o apoio 
plantar bilateral sobre o leito, de 
tal sorte que os membros 
inferiores formem com o tronco 
um ângulo reto. 
**Pode ser usada no paciente em coma ou vigília 
 
Tono Muscular 
É um estado de tensão permanente dos músculos. 
Estew wstado de tensão depende de vários fatores, 
sendo alguns de ordem física e outros nervosa 
Tono de repouso ou residual (Coers) 
Tono de Postura: Determina a manutenção de atitudes 
Tono de Ação: Durante a execução do movimento 
Mecanismo de Tono 
O estímulo adequado para a obtenção do reflexo é o 
estiramento muscular e, dependendo do modo de 
pesquisa, pode-se obter dois tipos de resposta: fásico 
ou tônico. 
A contração reflexa fásica caracteriza-se por ser 
brusca, clônica, de caráter cinético, isto é, capaz de 
promover deslocamento do segmento correspondente. 
Na prática são os reflexos profundos: reflexo patelar, 
aquileu, bicipital, etc. 
A contração reflexa tônica é prolongada, intensa e tem 
caráter predominantemente estático. Estes reflexos 
sustentam as atividades posturais e participam da 
regulação dos movimentos. 
Exploração do tono 
O todo muscular é explorado mediante a inspeção, 
palpação, percussão, movimentação passiva das 
articulações. 
Inspeção 
Permite observar naqueles casos de marcada 
diminuição do tono, músculos que se achatam 
flacidamente sobre o plano do leito. Nos casos de 
aumento do tono, os relevos podem ser mais evidentes. 
Palpação 
Permitira uma avaliação da consistência muscular. A 
consistência pode estar aumentada (hipertonia, rigidez, 
fibrose, contraturas) ou diminuída (neuropatias 
periféricas) 
Percussão 
Permite apreciar o fenômeno miotônico, que se 
caracteriza pela contração anormalmente prolongada 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
8 Clínicas V 
de um musculo pela sua precussão ou mesmo durante a 
movimentação espontânea 
Balanço Passivo 
Realizado aos níveis dos segmentos distais 
**Nos casos de hipotonia: Oscilações amplas das mãos 
ou dos pés. Nos casos de hipertonia: Oscilações de 
pequena amplitude ou ausentes 
Balança-se as duas mão solicitando do paciente que as 
relaxe o máximo possível, através do movimento de 
vai e vem rápido do antebraço 
Ex: Se na flexão do antebraço o punho alcançar o 
ombro, há hipotonia 
Fianlmente, a presença de reflexos pendulares (patelar, 
triciptal) pode denunciar ou comprovar a existência de 
hiperpassividade (cerebelopatia), assim como o 
exagero dos reflexos locais de postura sugere a 
presença de hipertonia (síndrome parkinsoniana) 
Alterações do tono 
Hipotonias Periféricas 
A interrupção do arco reflexo espinal determina a 
abolição do tono muscular, 
Na lesão radicular posterior (tabis dorsalis), em que há 
comprometimento da sensibilidade propioceptivas, a 
hipotonia é global e muito acentuada (flacidez, 
hiperextensibilidade e hiperpassividade) 
Hipotonias Centrais 
Os distúrbios do sistema vestibulocerebelar podem se 
acompanhar de hipotonia homolateral, por deficiência 
dos influxos facilitadores vestibuloespinais, 
Nas cerebelopatias predomina a hiperpassividade, e os 
reflexos profundos podem se apresentar em caráter 
pendula 
Hipertonia piramidal (espasticidade) 
Observa-se frequentemente na hemiplegia 
consequentes a acidentes vasculares cerebrais, na 
esclerose lateral amiotrofia 
 É eletiva preponderando em certos grupos 
musculares (flexores MMSS e extensores nos 
MMII) 
 É elástica, encontrando-se grande resistência 
muscular a movimentação passiva e que 
depois cede rápida e totalmente 
 Acompanha-se, na maioria das vezes, de hiper-
reflexia profunda, dos reflexos de 
automatismo, do sinal de babinski e de 
sincinesias 
Como testar: Estando o segmento estendido, na 
tentativa de fleti-lo (solicitando que o paciente 
fique relaxado) há uma resistência inicial e, 
vencida esta resistência inicial o movimento fica 
fácil, quase espontâneo até a flexão do mesmo 
(sinal de canivete) 
Hipertonia extrapiramidal 
Caracteriza-se por ser global e plástica. 
Nesta forma há exagero, sobretudo, do tono de 
repouso e postura 
A hipertonia interessa a todos os grupos 
musculares, apresentando, contudo, certa 
predileção para os músculos do tronco, pescoço e 
raízes dos membros. 
Pode-se apresentar de modo transitório ou 
permanente, em outros numerosos estados 
mórbidos 
Como testar: Estando o segmento fletido ou 
estendido, ao estende-lo ou fleti-lo há resistência 
periódica, como se fosse uma roda denteada. Este 
tipo de hipertonia poderá ser detectada supinando e 
pronando as mãos do paciente, ficando este, 
passivo, em relação ao movimento imprimido pelo 
examinador 
 
Sensibilidade 
Classificação 
Pode ser dividida em exteroceptiva, priprioceptica e 
enteroceptiva. 
 A enteroceptiva ou visceroceptiva recolheriam 
estímulos originados dentro do próprio 
organismo. 
 A exteroceptiva seria todos os estímulos 
somáticos externos ao organismo 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
9 Clínicas V 
 Propioceptiviva se encarregaria da avaliação 
da posição do corpo, audição, ofação e 
gustação 
Do ponto de vista clínico podemos dividir em 
superficiais e profundas: 
 Sensibilidade superficial: Tátil, térmica, 
dolorosa e discriminação tátil 
 Sensibilidade profunda: compreendem as 
palestésica ou vibratória, a cinético-postural, a 
barestésica, a dolorosa profunda e a 
estereognóstica 
 
Vias de sensibilidade 
Corpúsculos de Krause (terminações encapsuladas 
esféricas): são os órgãos receptores para frio 
Corpúsculos de Ruffini (terminações encapsuladas 
alongadas): são os órgãos receptores para o calor 
Corpúsculos de Meissner (fibras espiraladas localizada 
numa capsula conjuntiva, ocupando as papilas 
dérmicas): são encarregadas de recolher os estímulos 
táteis 
Corpúsculos de Pacini e de Golgi-Mazzoni: Sensíveis 
a pressão 
As vias de sensibilidade são bi ou trineuronais. Em 
qualquer uma das formas, o primeiro neurônio está 
constituído pelas células ganglionares das raízes 
posteriores, que são bipolares com dendritos e axônios. 
Os dendritos participam da formação do nervo 
periférico, já os axônios encaminham-se para a 
medula e chegam ao corno posterior, dando origem as 
fibras ascendentes. 
 Fibras A (mielinizadas): transmitem com 
maior velocidade impulsos táteis, térmicos, 
dolorosos imediatos e propioceptivos 
 Fibras B (mielinizadas) responsável pelas 
aferências autônomas 
 Fibras C (não-mielinizadas): Dor crônicaVia de sensibilidade Térmica (Frio e Calor) e dolorosa 
Constituido de fibras curtas que cruzam para o lado 
oposto na altura do mesmo segmento medular, onde 
penetram através da comissura cinzenta após ter 
efetuado sinapse nas células do corno posterior. Vão 
constituir o feixe espinotalâmico lateral 
Via de sensibilidade tátil 
Constituídas por fibras medias que após atingir a 
medula ascendem dois a três segmentos antes de cruzar 
a linha média e entrar na constituição do feixe 
espinotalâmico anterior. 
Os impulsos táteis não discriminativos são conduzidos 
por estas fibras 
Via de sensibilidade profunda consciente 
Esta constituída por fibras longas que, ao penetrarem 
na medula apresentam trajeto ascendente e direto até o 
bulbo 
Conduzem a sensibilidade profunda consciente e tátil 
discriminativa 
Via de sensibilidade profunda inconsciente 
As fibras que conduzem esta forma de sensibilidade 
nascem em comum com as da sensibilidade profunda 
consciente, e parte delas penetra no corno posterior 
terminando nas células da coluna de Clarke, onde 
começa o segundo neurônio 
Exploração 
O exame deve ser realizado em ambiente tranquilo, 
encontrando-se o paciente o mais relaxado possível. 
O exame devera ser repetido varias vezes, se alguma 
duvida persistir 
Sensibilidade Superficial ou exteroceptiva 
A sensibilidade tátil deve ser pesquisada utilizando-se 
um algodão ou pincel. 
A sensibilidade dolorosa é pesquisada por meio de 
agulha 
A sensibilidade térmica deve ser pesquisada utilizando 
um tube de ensaio com água gelada e outro com agua 
quente 
 
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10 Clínicas V 
Sensibilidade profunda 
 Cinético-Postural: 
Colocar passivamente um determinado segmento de 
um membro numa dada posição e pedir para o paciente 
reproduzir com o segmento homólogo 
Outra manobra é ordenar que o paciente que apreenda 
com a mão oposta o seu polegar, cuja posição deve ser 
modificada em manobras sucessivas. 
Em todas as manobras empregadas para a pesquisa da 
sensibilidade cinética-postural, o paciente deve 
permanecer com os olhos fechados 
 Vibratória ou Palestésica 
Aplicar o diapasão em nas saliências ósseas (artelhos, 
malelolos,...) devendo o paciente acusar ou não 
vibrações 
 Barestésica (sensibilidade a pressão) 
Pode ser pesquisada exercendo pressão progressiva, 
com a polpa de um dedo ou objeto rombo 
Deve ser realizada em diversos pontos do corpo e o 
paciente acusar o ponto qu exerceu maior pressão 
 Dolorosa a compressão profunda 
É pesquisada mediante a compressão das massas 
musculares, dos nervos e dos tendões 
Normalmente a compressão moderada dessas 
estruturas não causa dor, mas em condições 
patológicas pode causar 
 Localização e discriminação táteis 
Paciente com olhos fechados deverá indicar 
exatamente o ponto em que foi praticada a excitação 
cutânea 
Reconhecimento de números e letras por meio de um 
objeto rombo, denominando-se grafoanestesia a 
incapacidade de reconhecimento 
Sensibilidade Estereognóstica 
A estereognosia é a capacidade que o individuo tem de 
reconhecer objetos pela palpação, estando com os 
olhos fechados 
A exploração é feita colocando-se em cada uma das 
mãos objetos comuns. 
**A abolição da sensibilidade esterognóstica recebe a 
designação de astereognsia ou agnosia tátil 
A agnosia táil pode ser caracterizada: 
 Morfoagnosia, que é a perda da capacidade de 
distinguir a forma do objeto 
 Hiloagnosia, que é a incapacidade de 
reconhecer a estrutura material do objeto (ex: 
foi feito de madeira, vidro,...) 
 Assimbolia tátil, condição em que as 
qualidades elementares do objeto são 
reconhecidas, porém, o paciente é incapaz de 
reconhecer o objeto em sua mao 
Sensibilidade visceral 
Pesquisada mediante a compressão de determinadas 
estruturas ou órgãos (traqueia, mamas, testículos) 
**A sensibilidade da bexiga pode ser explorada 
mediante a introdução de líquido em seu interior 
 
Funções tróficas e Neurovegetativas 
Pele e anexos 
Pele Luzida 
Caracteriza-se pelo aspecto liso e adelgaçado da pele, 
que pode adquirir um brilho especial e tornar-se 
quebradiça 
Disturbios da pigmentação 
Placas de hipopigmentação ou com ausência de 
pigmentação (leucodermia) podem ser observadas na 
lepra e na sífilis. Na lepra as placas podem ser 
anestésicas 
A presença de áreas com pigmentação marrom pode 
sugerir neurofibromatose 
Presença de polineuropatia periférica associada a 
pigmentação cutânea de determinadas áreas pode 
sugerir pelagra 
Mal perfurante Plantar 
 
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11 Clínicas V 
Consiste em uma ulceração crônica, indolor, que 
costuma localizar-se em áreas de região plantar com 
déficit sensitivo e submetidos a pressão constante 
(hálux, dedo mínimo,...) 
Ocorre, principalmente, no chamado pe neurovascular 
de neuropatia diabética e alcoolica, na neuroleprose, 
etc 
As ulcerações tróficas indolores também podem se 
localizar nos membros superiores, compeometendo 
efetivamente a face palmar das mãos e dedos 
Escaras de decúbito 
Desenvolvem-se em áreas da pele submetidas a 
pressão continua 
Nas lesões medulares, acompanhadas de abolição da 
sensibilidade, existe particular tendencia a formação de 
escaras 
Ossos e articulações 
As osteartropatia neurogênica (juntas de charcot) 
apresentam a a seguinte característica: instalação 
súbita, importância das deformidades articulares e 
ausência de manifestação álgica. 
A mobilidade articular anormal pode ser apreciada 
durante os movimentos ativos; no joelo, por exemplo, 
por ocasião da marcha impossível, apesar da ausência 
de dor 
Do ponto de vista clinico-radiologico assume-se maior 
importância a osteosporose, cuja evolução pode dar 
origem a osteolise, neoformações ossesa 
Musculo 
O estado atrófico dos músculos deve ser explorado 
mediante inspeção, palpação e mensuração de 
segmentos corporais homólogos 
Inspeção: pode-se observar diminuição do calibre de 
determinados segmentos corporais 
Entre os distúrbios do trofismo muscular, pode-se 
observar: atrofia, hipertrofia, e pseudoipetrofia 
Funções neurovegetativas 
O sistema neurovegetativo compreende duas porções: 
a ortossimpatica (toracolombar) e parassimpática 
(craniana e sacra). Esse sistema é regido por centos 
medulares e encefálicos 
O sistema neurovegetativo esta constituído por uma 
rede ganglionar com disposição metamérica. As 
células desse gânglio estão em relação com fibras 
originadas do neuroeixo, emitindo, por sua vez, fibras 
destinadas as estruturas vegetativas (vísceras, 
músculos lisos, vasos sanguíneos, musculo cardíaco, 
glândulas, brônquios). 
Os músculos lisos exigem dois neurônios diferentes. O 
primeiro (pré-ganglionar) do simpático esta localizado 
no corno lateral da medula. Os axônios deste primeiro 
neurônio atingem a cadeia ganglionar paravertebral, 
estabelecendo sinapses com uma ou mais células 
ganglionares (segundo neurônio). 
A ação das fibras neurovegetativas no nível das 
sinapses ganglionares se faz através da acetilcolina. O 
nível de fibras pos ganglionares depende da ação: 
acetilcolina para o parassimpático e adrelanila ou 
noradrenalina para o simpático. 
O predominio do sistema simpático determina: 
midríase, taquicardia, broncodilatação, vasoconstrição, 
broncodilatação, diminuição do peristaltismo e das 
secreções 
O predomínio do parassimpático determina: miose, 
bradicardia, vasodilatação, aumento do peristaltismo e 
das secreções (vagotonia) 
 
Exame das funções Corticais Superiores 
De forma mais ampla, o exame das funções corticais 
superiores analisa a consciência, que pode ser definida 
como o estado em que o indivíduo é capaz de 
reconhecer a si próprio e interagir com o meio. 
Existem dois componentes a serem observados: 
1. Nível de consciência: é o grau de alerta que 
pode variar de vigília a coma. Distúrbios do 
nível de consciênciarefletem alterações 
localizadas no tronco cerebral, que envolvem o 
sistema ativador reticular ascendente (SARA) 
ou no sistema tálamo-cortical bilateralmente. 
2. Conteúdo de consciência: conjunto de todas as 
funções cognitivas e afetivas de um indivíduo 
(linguagem, humor, memória, crítica etc.) que 
 
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12 Clínicas V 
depende da integridade do córtex cerebral e 
dos principais núcleos subcorticais. 
A princípio, pergunte ao paciente o motivo da consulta 
(mesmo que ele não pareça capaz de compreender ou 
responder) e deixe-o falar, permitindo-o descrever o 
que ele apresenta. Em casos onde há comprometimento 
evidente, como em fases mais tardias das demências, 
faça a mesma pergunta ao acompanhante, que deve ser 
íntimo do paciente. 
Roteiro de perguntas relevantes em neurologia 
cognitiva e neuropsiquiatria 
 Memória episódica 
Esquece fatos recentes do dia a dia? Dificuldade com 
recados? Repete perguntas? Dificuldade para lembrar-
se de compromissos? Esquece onde guardou objetos? 
Esquece itens de compra? Dificuldade em manter-se 
atualizado(a)? Esquece de tomar seus remédios? 
Dificuldade com datas recentes? 
 Funções executivas 
Dificuldade em tomar decisões? Dificuldade em 
resolver problemas cotidianos? Dificuldade em 
participar da vida financeira da família? Dificuldade 
em lidar com dinheiro? Dificuldade de 
atenção/concentração? Perda de iniciativa para tarefas? 
Dificuldade em planejar eventos, como almoço ou 
viagens? Julgamento inadequado de situações? 
 Habilidades Visuespaciais e Praxias 
Dificuldade para se orientar na vizinhança ou em sua 
própria casa? Dificuldade em reconhecer o rosto das 
pessoas? Dificuldade em dirigir veículos ou estacioná-
los? Dificuldade em perceber adequadamente distância 
ou profundidade? Dificuldade para se vestir? 
Dificuldade em pentear-se ou barbear-se? Dificuldade 
para usar objetos comuns, como chave, talheres? 
 Linguagem 
Dificuldade para encontrar palavras? Dificuldade com 
nomes de pessoas? Dificuldade com nomes de objetos? 
Dificuldade para se fazer entender e explicar as coisas? 
Pouca objetividade, estende demasiadamente algo que 
pode ser dito em poucas palavras? Dificuldade para 
compreender palavras ou frases? Dificuldade para 
pronunciar algumas palavras? Dificuldade para leitura 
e escrita? Dificuldade para repetir o que lhe é dito? 
Troca sílabas de uma mesma palavra? 
Empobrecimento do vocabulário? Diminuição da 
fluência? 
Sintomas Neuropsiquiatricos 
 Sintomas depressivos: Sente tristeza? Choro 
imotivado? Falta de ânimo? Alteração de sono? 
 Ansiedade: Preocupa-se em excesso com coisas 
que deve fazer ou entes da família? 
 Apatia: Parece menos ativo que o habitual? 
 Desinibição: Faz comentários grosseiros que não 
fazia? Comportamento ou comentários sexuais 
inadequados? Mudança de personalidade? 
 Comportamento motor aberrante: Anda esmo pela 
casa? Faz coisas repetidas como abrir/fechar 
armários ou gavetas? 
 Irritabilidade: Tem acessos de raiva? Esta mais 
irritadiço? “Pavio curto” 
 Delírios: É a alteração do juízo da realidade com 
crenças falsas. O paciente acredita que outros estão 
o perseguindo? 
 Alucinação: É a percepção de um objeto sem que 
ele esteja presente. O paciente ouve vozes que não 
existem? Enxerga coisas que não existem? 
 Ilusão: É a percepção deformada de objeto real e 
presente. Por exemplo, ver animais que não 
existem a partir de estímulos visuais vindos de um 
quadro na parede, que é real. 
Exame das funções cognitivas 
Atenção e negligência 
 Estruturas subcorticais: Fibras da formação 
reticular do mesencéfalo no tronco cerebral e 
os núcleos intralaminares do tálamo. Quando 
ocorre lesão dessas regiões, o paciente pode ter 
desde distúrbios de atenção e até mesmo coma. 
 Estruturas Corticais Área pré-frontal: 
responsável pelos planejamentos motor e 
comportamental. Pacientes com lesão desta 
área apresentam dificuldade de concentração. 
 Área Temporoparietal Direita: Contém o 
lóbulo parietal inferior (formado pelos giros 
angular e supramarginal) que é essencial para 
a percepção espacial. 
Para testar a atenção de forma mais rápida, sugerem-se 
os itens de atenção do MoCA (Montreal Cognitive 
Assessment ), que inclui testes de extensão de dígitos 
nas ordens direta e indireta: considera-se normal se o 
paciente falar 7 dígitos 2 na 
 
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13 Clínicas V 
ordem direta. Na ordem indireta, consideram-se 5(1) e 
não deve ser maior que 2 números a menos que na 
ordem inversa;5cálculo seriado de 7; e vigilância 
(batida para determinada letra). É possível também 
pedir para que o paciente fale todos os meses na ordem 
inversa. 
Lesões na região parietal direita, mas também na 
junção temporoparietal e no córtex frontal inferior 
direito, levam à síndrome de heminegligência, quando 
o paciente tem um déficit de atenção do lado esquerdo 
que pode ser de 2 tipos: 
1. Negligência do corpo: o paciente não 
reconhece a metade esquerda de seu corpo 
como sendo sua, assim ele pode não se barbear 
do lado esquerdo. 
2. Negligência visuoespacial: o paciente não 
reconhece pessoas ou objetos do lado esquerdo 
e pode deixar, por exemplo, de comer a 
comida da metade esquerda de um prato. Ao 
solicitar que o paciente leia um texto, ele irá 
ler somente a metade direita do papel. Uma 
forma simples de testar é fazer uma linha 
horizontal em um papel e pedir ao paciente 
para marcar o meio da linha. Pacientes com 
heminegligência marcam o meio mais à direita 
do centro 
Memoria 
É a capacidade de assimilar informações ou atos, 
manter um aprendizado, acessá-lo e modificar um 
comportamento diante de um estímulo. Quando uma 
informação é adquirida ela passa por circuitos 
neuronais antes de ser armazenada como memória a 
longo prazo. 
Sistema límbico: formado pelo hipocampo, corpos 
mamilares, núcleo anterior do tálamo, giro do cíngulo, 
giro para-hipocampal e amígdalas. 
A perda da memória é denominada amnésia e, de uma 
forma geral, podemos classifica-la, como: 
 Amnésia anterógrada: o paciente é incapaz de 
adquirir novas informações após a instalação 
do processo mórbido (doença, trauma). Ex 
Alzheimer, TCE 
 Amnésia retrógrada: o paciente não consegue 
lembrar-se de informações que foram 
armazenadas antes do dano cerebral. Este tipo 
de amnésia pode ocorrer após um TCE. 
Do ponto de vista clínico, o sistema mais comumente 
afetado é o da memória episódica, que pode ser 
definida como o ato consciente de se lembrar de 
experiências pessoais e concretas. Este tipo de 
memória, que envolve processos de retenção e 
consolidação de novas informações, está afetado em 
doenças que acometem o lobo temporal medial, em 
estruturas, como hipocampo, córtex entorrinal e giro 
para-hipocampal. É muito comum na doença de 
Alzheimer e na epilepsia de lobo temporal. 
As alterações de memória episódica são detectadas 
principalmente pela anamnese. No consultório, é 
comum que haja contradições entre a opinião do 
familiar e a do paciente com amnésia, que, em geral, 
não acha que tenha problemas (é frequente que 
“esqueça que esqueceu”). 
 
 
Em geral, esses testes têm três principais etapas: 
codificação da informação apresentada, com repetição 
dos itens que o examinador deseja que sejam 
memorizados; evocação tardia, em que o paciente 
deve-se lembrar da informação após alguns minutos 
(em geral, acima de 15 minutos), inicialmente sem 
pistas e, caso não se lembre, podem ser usadas pistas; e 
reconhecimento, em que o paciente deve distinguir se 
determinado item estava ou não presente na etapa de 
codificação. 
Linguagem 
Fala espontânea (Fluência) 
A fala é dita fluente, se o paciente mantiver volume de 
emissão, extensão da frase e melodia apropriados. 
 Fluência verbal fonêmica: solicitar ao 
indivíduo que fale a maior quantidade de 
 
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14 Clínicas V 
palavras iniciadas por uma dessas letras (“F”, 
“A”, “S”) em 1 minuto. 
 Fluência verbal semântica: anotar quantos 
animais o paciente consegue falar em 1 
minuto. Deve-se contar somente uma espécie 
por vez, ou seja, se o paciente citar o macho, a 
fêmea e o filhote, só vale um ponto, como, por 
exemplo: boi, vaca e bezerro 
 Estereotipia verbal: é a repetição automática 
de um som, palavra ou expressão sem sentido 
comunicativo 
 Aprosodia: consiste na falta de melodia, 
entonação. A fala fica monótona, dando a 
impressão de que o paciente está com 
depressão. Ocorre por causa da lesão no 
hemisfério direito (na região homóloga à área 
de Broca). 
Compreensão Oral 
Observar se há dificuldade para a compreensão de 
palavras ou frases de estruturas gramaticais simples até 
as mais complexas. Para testar, solicitar que o paciente 
obedeça a comandos verbais (“abra a boca”). Se não 
obedecer, verificar se ele consegue dizer sim e não 
com a cabeça e, então, lhe fazer perguntas absurdas 
(“um elefante pode voar?”). Deve-se excluir a 
possibilidade de hipoacusia. 
Nomeação 
A anomia, que é incapacidade de nomeação, é o 
achado mais encontrado nas afasias. É importante 
verificar se a anomia é fonológica (quando o paciente 
sabe o significado do objeto), semântica (quando o 
paciente não sabe o significado do objeto) ou se a 
dificuldade de nomear é consequência de uma agnosia 
visual (neste caso, um objeto não reconhecido pela 
visão, mas pode ser facilmente identificado pelo tato). 
Quando solicitado a dizer o nome de um objeto, o 
paciente pode dizer neologismos (criar palavras ou 
atribuir a elas um novo significado); circunlocuções 
(utilizar palavras para substituir uma palavra que não 
se recorda, em vez de dizer tesoura ele diz “usado para 
cortar”); e parafasias (substituição de fonemas, sílabas 
ou palavras). 
Existem 2 tipos de parafasias: 
1. Parafasia fonêmica: o paciente comete um erro 
fonético, e a palavra dita é semelhante à correta. Por 
ex.: diz “láfis” em vez de “lápis” (lesão perissilviana 
anterior). 
2. Parafasia semântica: se o paciente enunciar uma 
palavra que pertence à mesma categoria da palavra-
alvo. Por exemplo, “caneta” no lugar de “lápis” ou 
“gato” em vez de “tigre” (lesão perissilviana posterior 
ou em polo temporal esquerdo). 
Leitura 
Deve-se testar a capacidade de compreensão dos 
símbolos da linguagem, pedindo que obedeça ordens 
escritas, como “mostre os dentes” ou solicitando que 
leia um texto em voz alta. 
 Alexia: incapacidade de ler ou de compreender 
palavras escritas (síndrome de cegueira para 
palavras). 
Escrita 
Solicitar ao paciente que escreva uma frase que deve 
conter sujeito e predicado e fazer sentido, bem como 
que anote um ditado 
 Agrafia (ou disgrafia): é usada para descrever um 
déficit adquirido para escrever. Pode ser de origem 
linguística, mas também de alterações práxicas e 
visuoespaciais. Alguns pacientes com alexia 
também têm agrafia. 
Repetição 
O paciente é instruído a repetir palavras e frases, 
inicialmente mais simples e progressivamente mais 
complexas. Pode haver ainda tendência a aumento de 
repetição, por exemplo, na ecolalia, quando o paciente 
repete o que é dito pelo interlocutor. Na palilalia, há 
uma repetição progressivamente mais rápida de 
sílabas, palavras ou frases curtas, imediatamente ditas. 
Afasia 
Afasia é um distúrbio adquirido de linguagens falada e 
escrita, secundário à doença cerebral, em que pode 
haver alteração da capacidade de produção, 
compreensão ou repetição. É um alteração simbólica, e 
o aparelho fonoarticulatório está normal (ausência de 
disartria). 
 
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15 Clínicas V 
 
Agnosia 
Agnosia é a alteração da percepção, ou seja, da 
capacidade de reconhecer e interpretar o significado de 
estímulos de determinada modalidade sensorial, porém 
com as vias sensitivas preservadas. 
 Visual: Nas agnosias visuais, há alteração da 
capacidade de reconhecimento visual, apesar de a 
visão estar intacta (cegueira psíquica). 
o Agnosia Visual Aperceptiva: paciente é 
incapaz de reconhecer as formas dos objetos 
o Agnosia visual associativa: é caracterizada por 
incapacidade global de reconhecer objetos em 
decorrência de uma anormalidade da 
associação do objeto com memórias. 
o Agnosia Visual para Objetos: O paciente 
descreve o objeto, mas é incapaz de identifica-
lo 
o Agnosia visual para cores: Incapacidade de 
nomear ou identificar cores 
o Prosopoagnosia: Incapacidade de reconhecer 
rostos familiares, porém o paciente consegue 
reconhecer as pessoas imediatamente pela voz 
o Agnosia Visual por categoria: Incapacidade de 
reconhecer determinadas categorias. Ex: 
animais 
o Simultagnosia: Incapacidade de reconhecer 
uma imagem completa paciente consegue 
perceber apenas um objeto de cada vez, por 
exemplo, “vê as árvores, mas não a floresta” 
 Auditiva: 
o Do som ambiente: É a incapacidade de 
reconhecer sons. O paciente é incapaz de 
reconhecer, por exemplo, o som de uma 
campainha 
o Fonagnosia: É a incapacidade de reconhecer 
vozes familiares. O paciente não reconhece 
uma pessoa pela voz, mas sim pelo rosto. 
o Amusia: O paciente tem dificuldade em 
reconhecer sons musicais 
Somestésica: 
o Autotopagnosia: agnosia da imagem corporal, 
diminuição da capacidade de nomear e 
reconhecer partes do corpo. 
o Agnosia tátil: 
 Astereognosia (estereoanestesia): 
incapacidade de identificar um objeto 
pelo tato. Lesão parietal contralateral, 
lesões anteriores do corpo caloso, 
lesão das radiações talâmicas. 
 Agrafestesia: perda da capacidade de 
reconhecer números escritos na palma 
da mão ou nas pontas dos dedos do 
paciente (lesão no lobo parietal 
contralateral). 
 Agnosia digital: diminuição da 
capacidade de reconhecer ou 
selecionar dedos específicos das 
próprias mãos ou das mãos do 
examinador 
Apraxia 
Incapacidade de executar uma função motora 
previamente aprendida na ausência de déficit sensitivo, 
motor primário ou de coordenação que justifique esta 
incapacidade. É necessário que a compreensão e a 
atenção estejam intactas. 
 Apraxia ideomotora: 
O paciente é incapaz de imitar o uso de objetos através 
de mímica ou não consegue demonstrar gestos 
específicos (acenar, pentear-se). 
Ocorre em razão de uma desconexão entre a rede de 
linguagem ou visual e as áreas motoras, ou seja, entre a 
rede que compreende o comando e as áreas motoras 
que o executam. 
É quase sempre causada por lesões no hemisfério 
esquerdo e, portanto, comumente associada à afasia de 
Broca e à de condução. 
 Apraxia ideatória: 
Dificuldade na manipulação de ferramentas ou outros 
objetos, associada a déficits conceituais do movimento. 
Não consegue realizar uma sequência correta de uma 
 
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16 Clínicas V 
ação, mas consegue executar cada etapa do ato motor 
complexo. 
Lesão da junção temporoparietal posterior esquerda, 
demências; 
 Apraxia do vestir: 
Incapacidade de vestir uma camisa, dar um nó na 
gravata. 
 Apraxia oculomotora: 
Dificuldade de mover os olhos horizontalmente de 
forma voluntária, com as vias primárias preservadas. 
Funções Executivas 
Conjunto de habilidades cognitivas associadas à 
supervisão de um objetivo. 
Relacionado com a organização dos pensamentos e 
comportamentos através do planejamento, execução e 
monitoramento desse objetivo. 
Para testar as funções executivas podem-se utilizar o 
teste de trilhas B, teste de Stroop e a sequência de 
Luria. 
 A sequência de Luria avalia a organização 
dinâmica, que é a capacidade de executar 
movimentos repetidos e em sucessão. Nas lesões 
pré-motoras, há dificuldade de passar de um 
movimento a outro e de inibir movimentos que 
foram iniciados. 
 O teste do desenho do relógio (TDR) é um 
instrumento rápido de ser aplicadoe utilizado para 
avaliar funções executivas. Pedir para desenhar um 
relógio com os números e ponteiros indicando um 
horário estabelecido. O paciente deve ter a 
habilidade de planejamento, sequência de 
respostas e monitoramento intactas.

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